15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA DA
FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA-GO.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo
Promotor de Justiça que esta subscreve, titular da 15ª Promotoria de
Justiça da Capital, que integra o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente, com
endereço profissional no rodapé da presente, onde receberá,
pessoalmente, as comunicações processuais de estilo, com fulcro nos
artigos 129, inciso III , 225 , 182 e seguintes da Constituição Federal de
1988, nos artigos 147 da Constituição do Estado de Goiás de 1989, na Lei
Federal n º 7347/85, Lei Federal n º 6.766/79 e Decreto–Lei 58/37, vem à
ilustre presença de Vossa Excelência propor a presente
AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO
JURÍDICO, DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE REGISTRO PÚBLICO
E REINTEGRAÇÃO DE POSSE
em face de:
115ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
CLUBE DE REGATAS JAÓ, pessoa jurídica de direito privado,
sociedade recreativa, inscrita no CNJP sob nº. 01.571.066/0001-02, com
sede na Avenida Quitandinha n°. 600, setor Jaó, nesta Capital,
representada pelo seu sócio administrador Ubirajara Berocan Leite Filho,
portador do RG nº 244.790 – SSP/GO, inscrito no CPF sob o n°.
219.499.131-04, residente na Alameda Pampulha, quadra 63, lote 14,
setor Jaó, nesta Capital;
PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. - EPP, pessoa jurídica
de direito privado, inscrita no CNJP sob nº. 01.534.049/0001-97, com
sede na avenida Quitandinha n°. 600, setor Jaó, nesta Capital,
representada pelo seu sócio administrador: Ubirajara Berocan Leite
Filho, brasileiro, solteiro, empresário, portador do RG nº. 224.790 -
SSP/GO, inscrito no CPF sob o n°.219.499.131-04, residente e
domiciliado na Alameda Pampulha, qd. 63, lt. 14, setor Jaó, nesta
Capital;
SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA., cuja denominação social
anterior era ESSEBE AGROPECUÁRIA LTDA., pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNJP sob nº. 02.585.354/0001-70, com sede na
Alameda dos Buritis n°. 408, sala 1.103, setor Central, nesta Capital;
NÚCLEO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL BIOPARQUE JAÓ, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 05.965.237/0001-20,
com sede na Alameda Paraná, Chácara 3, Setor Jaó, nesta Capital,
representada por seu presidente Natércio Ferreira Brunes, residente e
domiciliado na Rua Henrique Peclat, quadra 07, lote 17, Setor Criméia
Leste, nesta capital;
INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ sob nº 17.177.460/0001-92, com sede na Rua 2
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Carijós, nº 244, sala 1405, Centro, Cep: 30670-565, Belo Horizonte –
MG;
MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, pessoa jurídica de direito público interno,
inscrita no CNPJ sob nº. 01.612.092/0001-23, com endereço
administrativo no Paço Municipal, Av. Cerrado, nº. 999, Park Lozandes,
nesta Capital, representada por seu Prefeito Municipal, Paulo de
Siqueira Garcia, a ser citado através do Procurador Geral do Município;
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – INTRODUÇÃO
A presente ação tem por finalidade precípua a restituição
para uso da coletividade de áreas de preservação ambiental, bens
ambientais de uso comum do povo, de domínio do Requerido Município de
Goiânia, desde a aprovação do loteamento do Setor Jaó, pelo Decreto n°.
97, de 09.03.1952, com modificações feitas pelos Decretos n°. 38, de
27.01.1966 e nº. 304, 19.06.1970; integrantes de áreas verdes e espaços
livres do referido loteamento, destinadas originariamente para a
implantação de uma Unidade de Conservação denominada Parque Jaó,
mas que foram, ao longo dos anos, indevidamente alienadas pela
Requerida INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., para os Requeridos CLUBE DE
REGATAS JAÓ, PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP e SÍTIO
BEROCAN SOCIEDADE LTDA., bem como encontrando-se, atualmente,
sendo utilizada privativamente por parte dos Requeridos CLUBE DE
REGATAS JAÓ e BIOPARQUE JAÓ.
Tem por finalidade fazer cessar o uso privado de áreas
públicas de preservação ambiental, obstar novas intervenções e
construções no referido local, bem como visa a desocupação e restauração
dos atributos ambientais da Unidade de Conservação.
315ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Busca, ainda, a anulação das indevidas alienações
realizadas pela empresa loteadora, a Requerida INTERESTADUAL
MERCANTIL S.A., e, de consequência, a anulação dos atos de registro
imobiliário que alteraram o domínio público municipal para domínio
particular.
A ação visa, finalmente, obter a reintegração de posse da
referida área à coletividade e a determinar ao Município de Goiânia a
implementação da Unidade de Conservação, haja vista que a área é um
espaço livre de uso comum do povo com esta destinação específica.
II - DOS FATOS:
Nos últimos anos, as Promotorias de Justiça de Meio
Ambiente e Urbanismo de Goiânia instauraram diversos procedimentos
investigatórios relativos a variadas questões ambientais e urbanísticas do
parcelamento urbano denominado Setor Jaó, nesta Capital. Dentre os
assuntos apurou-se notícias de degradação ambiental decorrente de
destruição de áreas de preservação permanente, ocupação de áreas
públicas institucionais destinadas ao uso coletivo e à proteção ambiental,
existência de nascentes em áreas parceladas, danos ambientais
decorrentes da ausência de implantação de unidades de conservação,
aterramento em áreas brejosas, etc.
Por meio do Procedimento Administrativo 128/2003,
posteriormente convertido no Inquérito Civil Público 214/2012, a 15ª
Promotoria de Justiça iniciou as investigações acerca exclusivamente de
ocupações e alienações de áreas públicas em todo o Setor Jaó.
Soma-se a isso, que a 81ª Promotoria de Justiça, em
dezembro de 2001, instaurou Procedimento Administrativo registrado sob
o R.A. nº. 078, no qual, além de outras notícias, visou apurar ocupações de
415ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
áreas de preservação permanente, áreas verdes e áreas públicas pelo
Clube Jaó, nesta Capital.
Do conjunto desses procedimentos investigatórios
levantou-se a irregularidade que é objeto da lide, qual seja, a alienação e
ocupação privada de áreas públicas e bens de uso comum de todos,
pertencentes ao Requerido MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, mais precisamente as
áreas verdes e espaços livres do Setor Jaó, localizadas entre a Rua Paraná
e a margem direita do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47 até
a Rua da Divisa, destinadas originariamente, no ato de aprovação do
loteamento, para a implantação de uma Unidade de Conservação, isto é
um Parque Ambiental, mas que, ao longo dos anos, foram indevidamente
alienadas pela Requerida INTERESTADUAL MERCANTIL S.A. aos Requeridos
CLUBE DE REGATAS JAÓ , PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP e
SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA.; bem como estando, atualmente, sendo
ocupadas e utilizadas privativamente por parte dos Requeridos CLUBE DE
REGATAS JAÓ e BIOPARQUE JAÓ.
Cumpre informar que os Requeridos CLUBE DE REGATAS
JAÓ e BIOPARQUE JAÓ fazem o uso privado da área pública para fins de
preservação ambiental, especialmente das áreas de preservação
permanente que garantem a qualidade da água do Córrego Jaó, com o fim
de garantir o abastecimento de atrações da entidade recreativa, com água
despoluída.
Todavia, apesar da destinação ambiental feita pelos
Requeridos, há a apropriação privada, por parte dos Requeridos, de terras
públicas de uso comum do povo, num verdadeiro esquema de grilagem de
terras.
Apurou-se também que diante dessa grilagem de terras
públicas ambientais, o Requerido MUNICÍPIO DE GOIÂNIA posta-se em
situação de inércia e descura-se no exercício de suas obrigações
constitucionais de proteção ao patrimônio público e de tutela ao meio
515ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
ambiente, uma vez que está sendo conivente com a usurpação e esbulho
do patrimônio público, pois não adota nenhuma medida para reaver os
ditos bens de uso comum que lhes foram confiados para a guarda; além
de deixar uma área reconhecida como de preservação ambiental
desguarnecida de qualquer medida protetiva, uma vez que deixou de
implementar a Unidade de Conservação denominada Parque Jaó, bem
como priva a toda a coletividade o direito de usufruir sustentavelmente de
uma área que é um espaço livre de uso comum do povo e com destinação
específica de ser uma área de preservação ambiental.
Cumpre, desde logo, esclarecer que não é a totalidade da
área ocupada pelos Requeridos CLUBE DE REGATAS JAÓ e BIOPARQUE JAÓ
que é o objeto da lide, mas somente a parte localizada entre a Rua Paraná
e a margem direita do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47 até
a Rua da Divisa, conforme delimitado na imagem abaixo.
615ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
A fim de melhor compreendermos o sistema de grilagem
de terras públicas, é necessário traçar um escorço histórico da aprovação
e implantação do Setor Jaó, bem como da instalação do Clube Jaó.
O Setor Jaó é um parcelamento urbano que foi aprovado,
sob a égide do Decreto-Lei 58/37, por meio do Decreto Municipal n°. 97,
de 09.03.1952, com modificações autorizadas pelos Decretos Municipais
n°. 38, de 27.01.1966 e nº. 304, 19.06.1970, cujo loteador foi a Requerida
INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., que parcelou três glebas de terras com
área total de cerca de 30 alqueires (aproximadamente 1,5 milhão de m2),
havidas de área maior, a Fazenda Retiro, transcritas sob os números
21.870, 21.871 e 21.872, todas de 16.10.1951, no C.R.I. da 3ª
Circunscrição local.
Em conformidade com as plantas originais do
parcelamento, constantes dos registros da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Urbano Sustentável – SEMDUS, do Requerido MUNICÍPIO
DE GOIÂNIA, cujas cópias integram a inicial, assim como as plantas
arquivadas no Registro Imobiliário, as áreas localizadas entre a Rua Paraná
e a margem direita do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47
até a área das nascentes do referido Córrego, foram definidas e instituídas
como áreas verdes e espaços livres com destinação específica para um
Parque Ambiental (fls. 170/172 do ICP), e tornaram-se de domínio público
municipal no ato de aprovação do loteamento, nos exatos termos da
legislação vigente à época do parcelamento, o Decreto-Lei 58/37.
Não obstante a clareza do domínio público sobre as áreas
verdes institucionais, em flagrante esquema de grilagem urbana, a
empresa loteadora, Requerida INTERESTADUAL MERCANTIL S.A. e os
Requeridos CLUBE DE REGATAS JAÓ, PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL
LTDA. – EPP e SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA., promoveram sistemáticas
apropriações de áreas públicas destinadas à unidade de conservação.
715ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Para a instalação do Requerido CLUBE DE REGATAS JAÓ, a
Requerida INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., em 15.05.1963, por meio de
escritura pública de doação lavrada no Tabelionato do 3º Ofício de Notas
desta Capital, transcrita sob os números 58.449 a 58.512, fls. 26 a 33,
livro 3 – AP, lhe fez a doação de todos os lotes das Quadras 70, 71, 72 e
73, bem como doou as Chácaras 5, 6 e 7, com área de 24.987,00 m2,
situadas abaixo da av. Quitandinha, na confluência com a R. J-38 esquina
com a Al. Pampulha até o Córrego Jaó, margeando-o, até a sua foz no Rio
Meia Ponte, decorrentes dos registros n°s. 21.780, 21.781 e 21.782, do CRI
– 3ª Circunscrição, que são os registros de aquisição das glebas rurais para
implantação do Setor Jaó.
Em que pese a inexistência de ato legislativo de
desafetação das áreas remanescentes e dos logradouros públicos, quais
sejam as ruas que traçavam as referidas quadras, por meio dos Decretos
Municipais n°. 38, de 27.01.1966 e nº. 304, 19.06.1970, foram aprovadas
modificações no projeto original do Setor Jaó, com a aprovação da nova
planta (fls. 269 do ICP), em que pode se observar o remembramento das
referidas quadras para abrigar o Requerido Clube Jaó. Tal situação, apesar
de formalmente incorreta, está consolidada há quase 05 décadas, o que,
dentro do princípio da razoabilidade, não justifica ser revertida.
Mais tarde, uma nova área foi integrada ao norte do
complexo do Requerido Clube Jaó, que é a composta pelas Chácaras 1, 2, 3
e 4, que conforme as plantas do loteamento encontram-se localizadas na
Avenida Paraná, entre a Avenida Quitandinha e a Rua J-47, bem como uma
área supostamente reservada compreendida entre a Chácara 1, Alameda
Paraná, Alameda Maracanã e o Córrego Jaó. Tal acréscimo se deu em
virtude de escritura de venda e compra lavrada em 09.02.1972, às fls.
73/74, do livro 548, do 1º Tabelionato de Notas de Goiânia, registrada sob
a matrícula 88.932, do CRI da 3ª Circunscrição de Goiânia, na qual a
Requerida Interestadual Mercantil S.A. vendeu referidas chácaras à
815ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP (fls. 282/283 do
ICP).
A partir dessas transações imobiliárias iniciam-se os atos
de grilagem da área pública municipal destinada ao Parque Ambiental do
Setor Jaó, como será demonstrado.
Em 28.08.80, conforme escritura de venda e compra
lavrada no livro 279, fls. 107/8v, do 5º Tabelionato de Notas de Goiânia, a
Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP revendeu estas
mesmas chácaras à empresa Essebe Agropecuária Ltda., que,
posteriormente sofreu alteração na sua razão social transformando-se na
Requerida SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA; estando dita área,
atualmente sob os domínios dos Requeridos Clube Jaó e BIOPARQUE JAÓ.
Conforme a folha 6, da Planta do Loteamento do Setor Jaó
(fls. 326 do ICP), arquivada junto ao órgão de ordenamento urbano do
Município, as Chácaras 1, 2, 3 e 4 encontram-se localizadas na Avenida
Paraná, entre a Avenida Quitandinha e a Rua J-47. O mesmo documento
claramente mostra que a área lindeira à Chácara 1 é expressamente uma
área verde institucional, vez que encontra-se expressamente grafada com
a palavra “PARQUE”.
Todavia, na primeira transação feita pela Requerida
Interestadual Mercantil, lavrada na escritura de Compra e Venda, de
09.02.1972, às fls. 73/74, do livro 548, do 1º Tabelionato de Notas de
Goiânia (fls. 282/283), estabeleceu-se como objeto da transação
imobiliária:
Uma área de terras com 24.529 metros quadrados, formada pelas chácaras números um (1), dois (2), três (3) e quatro (4) e bem assim a área reservada compreendida entre a chácara número um (1), Alameda Paraná, Alameda Maracanã e o Córrego Jaó, tudo no Setor Jaó, nesta Capital.
915ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Assim, tem-se que a Requerida Interestadual Mercantil, de
forma fraudulenta, utilizando-se da falsa informação de que se tratava de
área reservada, vendeu à Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL
LTDA. – EPP o espaço livre destinado a Parque, na planta e no memorial do
loteamento. Ou seja algo que não lhe pertencia, nos exatos termos do art.
3º, do Decreto-lei 58/37.
A fraude imobiliária foi reforçada na transação imobiliária
em que a Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP vendeu
a mesma área para a empresa Essebe Agropecuária Ltda., por meio da
escritura de venda e compra lavrada no livro 279, fls. 107/8v, do 5º
Tabelionato de Notas de Goiânia (fls. 289/291), na qual, no afã de
acobertar a irregularidade de alienação de um espaço livre do loteamento,
o montante total da área foi incorporado aos limites das Chácaras 1, 2, 3 e
4, sem fazer qualquer menção à origem da suposta área reservada.
Além disso, a fraude é grosseira e facilmente perceptível,
pois a escritura pública faz as descrições dos limites e confrontações das
chácaras de forma totalmente diferentes dos seus verdadeiros limites e
confrontações definidos, desde a aprovação do loteamento originário, nas
plantas oficiais do Setor Jaó.
Basta comparar a folha 6, da Planta do Loteamento do
Setor Jaó (fls. 326 do ICP), arquivada junto ao órgão de ordenamento
urbano do Município, que se percebe que as Chácaras estão numeradas
em forma decrescente no sentido Sul/Norte, sendo a Chácara 4 localizada
na confluência da Avenida Quitandinha e Alameda Paraná, limitando-se
com a Chácara 3, que por seu turno limita com a Chácara 2, sendo a
Chácara 1 a última lindeira, já na confluência da Rua J-47, com Alameda
Paraná.
Não obstante a clareza, a escritura pública do 5º
Tabelionato de Notas, no afã regularizar a negociata sobre um espaço livre
do loteamento e de dar ares de legalidade ao negócio jurídico nulo,
1015ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
descreveu áreas superiores à realmente existentes para as Chácaras 1 a 4
e, grosseiramente, alterou os limites e confrontações de cada uma delas,
dispondo de forma errada e totalmente diferente à Planta e ao memorial
descritivo do loteamento, descrevendo os seus limites de forma inversa no
sentido Sul/Norte, isto é em ordem crescente da Chácara 1 a 4.
Comprova-se a fraude também por uma simples medição
feita na Planta aprovada, que está numa escala 1:1000, que as áreas das
Chácaras totalizam aproximadamente 19.000 m², enquanto que a área
pública indevidamente negociada perfaz o montante faltante.
A grilagem de terras públicas continuou, pois em
30.06.1988, por meio da escritura pública de compra e venda lavrada no
Livro 897, fls. 59 do 4º Tabelionato de Notas de Goiânia (fls. 302/303), a
Requerida Interestadual Mercantil S.A., vendeu ao Requerido CLUBE DE
REGATAS JAÓ outra parte do espaço livre destinado a Parque, na planta e
no memorial do loteamento Setor Jaó, uma área pública destinada a
Unidade de Conservação, com 15.600,00 m2, situada entre a rua da
Divisa, Avenida Pedro Álvares Cabral e Alameda Cachoeira no Setor Jaó,
medindo e confrontando 81,38 metros para a Avenida Pedro Álvares
Cabral; 110 metros de fundo, dividindo com a Rua da Divisa; 180,73
metros pelo lado direito, dividindo com a Alameda Paraná; e 151,96
metros pelo lado esquerdo, dividindo com a Alameda Cachoeira. A referida
transação foi registrada sob a matrícula 18.096, do CRI da 3ª Circunscrição
de Goiânia.
Esta nova fraude imobiliária foi construída tendo como
fundamento o suposto registro originário do terreno na inscrição n°. 38 e
transcrições n°s. 21.870, 21.871 e 21.872 de ordem do Cartório de
Registro de Imóveis da 3ª Circunscrição de Goiânia (fls. 305/308 do ICP),
conforme se vê da referida escritura. Acontece que tais registros são em
realidade os registros das aquisições das três glebas rurais, que foram
transformadas no Setor Jaó, além do registro do próprio parcelamento
1115ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
aprovado pela Municipalidade. Ou seja, a Requerida Interestadual
Mercantil S.A., no ato do registro do loteamento, nos exatos termos do art.
3º, do Decreto-lei 58/37, deixou de ser proprietária dos espaços livres
constantes da planta e do memorial descritivo. Não obstante a isso,
entabulou negócio jurídico nulo com o Requerido CLUBE JAÓ sobre bem
que não mais lhe pertencia.
A conclusão da apropriação das áreas públicas de uso
comum se deu em 27.07.1988, por meio de nova escritura pública de
compra e venda, também lavrada no 4º Tabelionato de Notas de Goiânia,
agora no livro 899, fl. 88., a Requerida Interestadual Mercantil S.A., vendeu
ao Requerido CLUBE DE REGATAS JAÓ mais uma parte do espaço livre
destinado a Parque, na planta e no memorial do loteamento Setor Jaó,
agora uma área pública destinada a Unidade de Conservação, com
24.000,00 m2, situada entre as Avenidas Pedro Álvares Cabral, Maracanã e
Alameda Paraná, tendo o córrego Jaó como limite pelo lado direito.
Este último embuste foi construído tendo também como
fundamento o suposto registro originário do terreno nas transcrições n°s.
21.870, 21.871 e 21.872 de ordem do Cartório de Registro de Imóveis da
3ª Circunscrição de Goiânia (fls. 305/308 do ICP). Acontece que, como
escrito anteriormente, tais registros referem-se aos das aquisições das
três glebas rurais, que foram transformadas no Setor Jaó, conforme se vê
das respectivas certidões anexas. Ou seja, após tais transcrições ocorreu o
registro do loteamento, que foi feito sob a égide do Decreto-Lei 58/37,
portanto as transcrições 21.780, 21.781 e 21.782 não poderiam ter sido
utilizadas, vez que já existia o registro do loteamento, que alterou a
situação fática e jurídica dos imóveis, passando a ser o registro válido.
Outra situação que demonstra a má-fé das partes
contratantes é o fato de que as transcrições n°. 21.780, 21.781 e 21.782
referem-se a três glebas específicas com seus respectivos limites e
confrontações, totalizando uma área de aproximadamente 30 alqueires,
1215ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
que foram adquiridas em 1951, para a implantação do Setor Jaó. Desta
maneira não se trata de gleba única. Assim, as alienações fraudulentas
efetivadas perante o 4º Tabelionato de Notas de Goiânia deveriam
especificar de qual, ou quais, das três glebas originárias são as áreas
objetos das transações realizadas. Todavia isto não foi feito, porque, em
realidade, mais uma vez o embuste utilizou-se de encobrir a negociata
sobre um espaço livre do loteamento e de dar ares de legalidade a
negócios jurídicos nulos.
Além da clareza das irregularidades demonstradas nos
títulos aquisitivos descritos, tem-se também a corroborar a grilagem de
terras, as escrituras públicas realizadas para regularizar a posse sobre as
áreas públicas institucionais, nas quais destacamos:
• Escritura Pública de Declaração com Quitação, lavrada no Cartório
do 5º Ofício, em 29.08.84, no livro 339, fls. 47v./48v., no qual consta
o seguinte trecho: “Que reconhecem ser o Clube Jaó o responsável
pela respectiva área pública, como vigilante” (fls. 377/379).
• Escritura de Cessão de Direitos de Posse, lavrada no Cartório do 2º
Ofício, em 10.03.86, no livro 712, fls. 45v./46v., no qual consta o
seguinte trecho: “Que é senhora e legítima detentora, por ocupação
própria há mais de três anos, dos direitos de posse sobre as
benfeitorias constantes em uma área de terras com mais ou menos
2.800 metros quadrados, às margens do Córrego Jaó, frente para a
Rua Paraná, lado esquerdo dividindo com Anízio Pereira Dutra, pela
direita dividindo com área verde pertencente a Intermercantil S/A, nos
fundos dividindo com o córrego jaó e Ministério da Agricultura,
precisamente em frente da quadra 128, Setor Jaó, nesta Capital” (fls.
374/376).
Vale destacar ainda que, nos mapas e plantas do
loteamento Setor Jaó, as áreas verdes institucionais e destinadas a parque
são facilmente identificáveis pelos desenhos e legendas comuns à época 13
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
de sua confecção, conforme pode ser visto nos mapas e plantas que
acompanham a presente inicial (fls. 170/172 e 270).
Cumpre trazer a este R. Juízo, a informação de que a
Requerida Interestadual Mercantil é contumaz na prática de grilagem de
terras no Setor Jaó. Inclusive já houve provimento jurisdicional do Tribunal
de Justiça do Estado de Goiás, transitado em julgado, no sentido do
domínio público municipal sobre as áreas verdes e os espaços livres do
referido Setor, como ocorreu na área onde hoje encontra-se instalado o
Parque Municipal Beija-flor (fls. 209/216 do ICP).
III – DO DIREITO:
III.1 – Do Domínio Público das Áreas Verdes Institucionais
do Setor Jaó
O Setor Jaó é um parcelamento urbano que foi aprovado,
por meio do Decreto Municipal n°. 97, de 09.03.1952, com modificações
autorizadas pelos Decretos Municipais n°. 38, de 27.01.1966 e nº. 304,
19.06.1970, cujo loteador foi a Requerida INTERESTADUAL MERCANTIL S.A.,
que parcelou três glebas de terras com área total de cerca de 30 alqueires
(aproximadamente 1,5 milhão de m2), havidas de área maior, a Fazenda
Retiro, transcritas sob os números 21.870, 21.871 e 21.872, todas de
16.10.1951, no C.R.I. da 3ª Circunscrição local.
O Decreto Municipal de aprovação do loteamento Setor
Jaó foi registrado no Registro de Imóveis da 3ª Circunscrição da Comarca
de Goiânia, sob a inscrição nº. 38, no Livro Auxiliar 8-C, às fls. 314/315, em
25.08.2970, por determinação do Provimento nº 34/70, de 01/06/1970, da
Corregedoria Geral da Justiça.
Portanto os atos constitutivos de aprovação e registro do
loteamento foram feitos sob a égide do Decreto-lei nº 58, de 10 de
dezembro de 1937, que dispõe textualmente em seu artigo 3º:
1415ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
“A inscrição torna inalienáveis por qualquer título, as vias de comunicação e os espaços livres constantes do memorial e da planta”.
Bem como sob o pálio do Decreto-Lei nº 271, de
28/02/1967, que estipula expressamente no art. 4º:
“Desde a data da inscrição do loteamento passam a integrar o domínio público de Município as vias e praças e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo”.
O projeto e a planta, aprovados e registrados,
estabelecem que a área localizada entre a Rua Paraná e a margem direita
do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47 até a área das
nascentes do referido Córrego, foram definidas e instituídas como áreas
verdes e espaços livres com destinação específica para um Parque
Ambiental, objeto da presente lide.
O domínio público municipal sobre a área é inconteste e
iniciou-se a partir do ato administrativo do poder público municipal em
aceitar o parcelamento de um imóvel rural.
Nessa oportunidade o poder público municipal, visando
atender ao interesse da coletividade, aceitou a transformação de um
imóvel rural em lotes urbanos, desde que atendidos alguns requisitos
urbanísticos. Dentre estes requisitos, pode-se citar a destinação de
determinadas áreas para serem bens de uso comum do povo e os espaços
destinados a instalação dos equipamentos urbanísticos e prédios públicos.
Por outro lado, o loteador que visava parcelar seu imóvel
rural em lotes urbanos, em atendimento a função social da propriedade,
disponibilizou determinadas áreas ao Município, para os fins acima
expostos.
O ato de aprovação de um loteamento é o ato
administrativo constitutivo do direito dominial do poder público municipal
1515ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
sobre os espaços livres e áreas destinadas aos prédios e equipamentos
públicos.
Comentando o art. 3º, do Decreto-lei n.º 58/37, Waldemar
Loureiro teve ocasião de observar:
“Inscrito o loteamento, as vias de comunicação e os espaços livres constantes do memorial e da planta, tornam-se inalienáveis por qualquer título (art. 3º, Decreto-lei nº 58/37), vale dizer, tornam-se bens públicos, nos precisos termos dos arts. 66, I, II e 67, do C. Civil”1.
Wilson de Souza Campos Batalha reforçou o
posicionamento:
“Adquirindo o imóvel estado de propriedade loteada, opera-se uma novidade juridicamente relevante com definidas consequências... Passam a integrar o domínio público do município as vias e praças, bem como as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos constantes do projeto e do memorial descritivo.”2
“... o registro do loteamento transfere ao domínio público as vias e praças, bem como as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos constantes do projeto e do memorial. O art. 4º do Decreto-lei nº 271 já previa a incorporação ao domínio público dessas áreas.”3
Complementarmente, Walter Ceneviva ensina que :
“O registro do loteamento tem efeito constitutivo de direito em favor do município. Efeito que nasce com o registro na data deste. As vias, praças e espaços livres, áreas destinadas a edifícios públicos e equipamentos urbanos, constantes do projeto e do memorial descritivo, passam a pertencer ao domínio municipal, independentemente de outros assentos. O domínio público é uma das formas de exercício da soberania, nem confundível com a propriedade, nem a ela equiparável. Por isso não é sujeito ao registro imobiliário, destinado às modificações dos direitos reais sobre imóveis.” 4
1 LOUREIRO, Waldemar. Registro da Propriedade Imóvel. Revista Forense: Rio de Janeiro, 6ª edição, 1968, vol. II, pág. 41.2 BATALHA, Wilson de Souza Campos. Comentários à Lei dos Registros Públicos. Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1983, 2ª ed. P. 767.3 BATALHA, Wilson de Souza Campos. Promessa de Compra e Venda e Parcelamento do Solo Urbano, 3ª ed. Ed. RT, 1987, os. 54/55.4 CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. Ed. Saraiva. SP. 1994, 9ª ED. P. 166.
1615ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Ainda a respeito da inalienabilidade dos espaços livres
constantes do memorial e da planta, vale transcrever a lição do saudoso
Hely Lopes Meirelles, em parecer constante da RT 378/60-67:
“A inscrição do loteamento produz, de imediato, três consequências jurídicas; a subdivisão da área para efeito de alienação individual dos lotes; a imutabilidade da situação urbanística traçada na planta e descrita no memorial; a transferência das vias de comunicação (ruas) e dos espaços livres (praças e áreas reservadas para equipamentos urbanos) para o domínio público do Município do que decorre a inalienabilidade dessas áreas. Esta última consequência está expressamente consignada no art. 3º do Decreto-Lei nº. 58/37, embora em termos pouco técnicos, pois que o dispositivo legal toma o efeito (inalienabilidade) pela causa (transferência do domínio particular para o domínio público). O que ocorre, na realidade, com a inscrição do loteamento, é a transferência, por destinação, das vias e áreas livres, para o domínio público do Município, que é a entidade estatal titular dos bens urbanos de uso comum do povo e dos bens de uso especial da municipalidade. Isto é da tradição do nosso direito municipal e está repetido na lei de loteamentos, com visível imprecisão técnica, mas com perfeita adequação à realidade. Não há, portanto, necessidade de invocação da teoria francesa do ‘concurso voluntário’, para justificar uma transferência de domínio prevista em lei e tradicional em nosso direito, já tantas vezes aplicada pelos nossos tribunais (Rev. dos Tribunais, vols. 318/285, 254/178 e 228/248 – Rev. Forense, vol. 86/641)”.
A jurisprudência é uníssona em afirmar que a
transferência das áreas livres e institucionais para o domínio público se
opera com a aprovação pelo Município e registro do loteamento no CRI,
prescindindo de ato jurídico de doação pelo loteador em favor do
Município, nem mesmo necessitando registro específico no registro
imobiliário.
Da mesma forma, a jurisprudência tem interpretado não
haver mais espaço para discussão acerca de prescrição e usucapião sobre
espaços livres reservados em loteamentos, ou para indagações quanto a
destinação da área, senão vejamos:
1715ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
O Excelso Supremo Tribunal Federal assentou
entendimento que:
“Loteamento. Aprovado o arruamento, para urbanização de terrenos particulares, as áreas destinadas às vias e logradouros públicos passam automaticamente para o domínio do município, independentemente de título aquisitivo e transcrição, visto que o efeito jurídico do arruamento é, exatamente, o de transformar o domínio particular em domínio público, para uso comum do povo. Não tem o loteador infringente do Decreto-lei 58/37 mais direitos que o loteador a ele obediente. Inalterabilidade das plantas sem o consenso do município. Recurso extraordinário conhecido, porém não provido. (RE nº 84.327, in DJU 19.1.76, P. 10032).”
O Colendo Superior Tribunal de Justiça vem proclamando:
“LOTEAMENTO URBANO. INALIENABILIDADE DOS 'ESPAÇOS LIVRES’. Inscrito o loteamento, sob a vigência do Decreto-lei 58/37, tornam-se inalienáveis, a qualquer título, as vias de comunicação e os espaços livres constantes do memorial e da planta, dentre estes o espaço destinado à construção da igreja. Pela inalienabilidade, perdeu o loteador a posse e o domínio de tais áreas, transferidas ao poder público. Nula, destarte, posterior doação feita pelo loteador a uma determinada confissão religiosa, do espaço livre já de domínio do município. Lei municipal autorizando a desafetação de tal área e sua alienação a uma empresa particular, através de escritura pública, registrada no oficio imobiliário anteriormente ao registro da escritura da doação realizada pelo loteador. Invalidade da doação feita pelo loteador e, em consequência, improcedência da ação reivindicatória ajuizada pela igreja donatária. Recurso especial conhecido e provido.” (RESP nº 2.734, in RJM 87-88/49).
“Civil - Área Loteada - Vias e Logradouros - Domínio do Município. I - Jurisprudência predominante assentou entendimento no sentido de que a aprovação e o registro do projeto passam as áreas destinadas às vias e logradouros públicos, em terreno loteado, ao domínio público, independentemente de título aquisitivo e transcrição. II - Inviável reexaminar-se em sede de especial matéria de prova. III - Recurso não conhecido “. (RESP nº 10.703, in DJU nº 159/10994).
Prescindível, portanto, o registro de referidas áreas em
nome do ente público, posto que, com a aprovação do loteamento,
passam, automaticamente, na qualidade de áreas institucionais e
logradouros, a essa condição, sem necessidade de escrituração do
loteador ao Município, conforme entendimentos de outros Tribunais
Pátrios, na década de 50, que decidiram nesse sentido. Senão vejamos:
1815ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
“RDA, 87:218 – Executado o arruamento, se a Municipalidade aceita o plano, opera-se a transmissão do domínio particular para o domínio público (TJSP)”.
“JB – 25:205 – Os espaços livres do loteamento, na forma constante do projeto e do memorial descritivo aprovados, integram ex vi legis, e por sua destinação, o domínio público do Município, independentemente de qualquer assento no registro imobiliário (TJSP)”.
“RF 152:294 – Não pode o proprietário pretender que a Prefeitura lhe indenize os espaços livres destinados a ruas e praças. Esses espaços convertem-se em terrenos de uso comum, inalienáveis por qualquer título (Ap. cível 8.823. 9TJMG, ac. De15/06/1953)”.
Impende mais uma vez ressaltar, por oportuno, que o
Poder Judiciário de Goiás já analisou questão idêntica a dos presentes
autos, isto é, a alienação de áreas verdes e espaços livres no mesmo
Setor Jaó, por parte da Requerida Interestadual Mercantil , tendo, por meio
do então Juiz de Direito titular da 1ª Vara da Fazenda Pública Municipal da
capital, nos autos da Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público em
face de Município de Goiânia e Malkon Merzian, protocolada sob o nº
940314850 (Autos nº 926/94), assim decidido:
“O art. 3º do Decreto nº 58, de 10 de dezembro de 1937, assim preceitua:
'Art. 3º. A inscrição torna inalienável, por qualquer título, as vias de comunicação e os espaços livres constantes do memorial e da planta.'Ora, a primeira declaração desse dispositivo é precisa no sentido de se tornarem inalienáveis as vias de comunicação e os espaços livres constantes do Memorial e da Planta. Bem se vê que se refere à inscrição do loteamento – e não de alguns lotes.Há de se ater, ainda, à conclusão clara de que se torna prescindível a transmissão por meio de escritura, pois, com o respectivo registro do loteamento no C.R.I., opera-se essa transferência.De outra feita, o art. 4º, do Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967, instrui no sentido de que é prescindível a lavratura de escrituras em casos que tais. Eis o seu teor:'Art. 4º. Desde a data da inscrição do loteamento passam a integrar o domínio público do Município as vias e praças e as
1915ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos constantes do projeto e do memorial descritivo.'Muito bem. Disso resulta que a área destinada a Parque ora questionada então demonstrada na Planta passou ao domínio público do Município de Goiânia, visto que foi posta fora do comércio, segundo a previsão do art. 520, inc. III, do Código Civil.(...)Ora, está bem claro na certidão imobiliária de fls. 38, destes Autos, que consta da Planta do loteamento a área ora discutida, que é destinada a Parque, localizada entre a Av. Prof. Venerando de Freitas Borges, Alameda J-22, Alameda Pampulha e Alameda J-28.(...) Ora, como essa área é definida em projeto de loteamento como área verde ou institucional, não pode, em qualquer hipótese, ter sua destinação, fim e objetivos originariamente estabelecidos, alterados.(...)Desta sorte, ao teor do exposto e mais o que dos Autos consta, com fulcro nos dispositivos acima declinados, julgo procedente a presente Ação Civil Pública, e, de consequência, declaro a nulidade das escrituras de doação lavrada às fls. 149 vsº a 152, do Livro nº 172, do Cartório do 4º Ofício de Notas desta Capital; de doação lavrada às fls. 67/70, do Livro nº 113, do cartório do 6º Ofício, da Comarca de Goiânia-Go., e de compra e venda, lavrada às fls. 19/20, do livro nº 651, do Cartório do 7º Ofício de Notas, da Comarca de Goiânia-Go., e, como decorrência, cancelados os registros nº 83,432, do Livro nº 3-BC, e R-1 e R-2 na Matrícula nº 9,892, do Livro nº 2, todos do Cartório do Registro de Imóveis da 3ª Circunscrição da Comarca de Goiânia-Go.. Outrossim, fica proibido, tal a condenação, ao réu Malkon Merzian de construir qualquer obra ou exercer qualquer atividade junto a área discutida, sob pena de, em desobedecendo, pagar a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia, mesmo porque tenho por convalidada a decisão anterior nesse sentido. Ainda, condeno o Município de Goiânia e o réu Malkon Merzian a promoverem, solidariamente, o reflorestamento da área em questão, de modo a recuperar todos os danos causados, de acordo com as recomendações técnicas. De outra feita, condeno os réus ao pagamento das custas processuais. Por outro lado, em atenção ao princípio do duplo grau de jurisdição, tal a previsão do art. 475 do Cód. De Proc. Civil, com relação ao Município de Goiânia, com recurso voluntário ou não, recomendo se faça a remessa deste processo ao Egrégio Tribunal de Justiça para o reexame desta sentença.”
Referida decisão foi mantida pelo Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de Goiás, conforme se vê da ementa abaixo transcrita:20
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
EMENTA: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Legitimidade do Ministério Público. Ato lesivo ao patrimônio público municipal. Doação de área pública pelo loteador, após a aprovação do loteamento pelo Prefeito Municipal. Área inalienável, inicialmente, passando, posteriormente, ao domínio do Município. Aprovação de construção de casas, por particulares, em área de domínio público, com reflexos negativos no meio ambiente.I – O Ministério Público Estadual é parte legítima para propor ação civil pública para anular ato lesivo ao Patrimônio Público e que implicou na mudança de destinação de área de uso comum do povo.II – O loteador, uma vez aprovado o loteamento pelo chefe do Poder Executivo Municipal, perde o domínio sobre as áreas destinadas às vias de comunicação e espaços livres constantes do memorial e da planta.III – Nulo é o ato do Prefeito Municipal que aprova a construção de casas, por particular, em áreas de domínio público e com evidente degradação do meio ambiente. Apelações improvidas. (TJGO - Apelação Cível 3851-4/195, Relator: Dr. Roldão Oliveira de Carvalho)
No mesmo feito, ao decidir os Embargos Infringentes, o
colegiado das Câmaras Cíveis Reunidas ementou:
“Loteamento. Bens de domínio público. O efeito que torna as áreas reservadas ao bem comum em domínio público, opera-se de imediato ao se registrarem o memorial e a planta do loteamento, tornando as vias de comunicação e os espaços destinados ao uso da comunidade, imediatamente, inalienáveis a qualquer título e, a fortiori, fora do comércio, sendo vedado dar-se-lhes qualquer outra destinação, ad exemplum da doação. Embargos infringentes conhecidos e rejeitados, por maioria de votos.” (EI nº 697-8/196 (9700149269/196)
Cumpre esclarecer que o provimento jurisdicional citado,
após tentativas frustradas de reexame nos Tribunais Superiores, transitou
em julgado e, hoje, o espaço livre do loteamento foi restituído ao Município
de Goiânia, que ali fez implantar o Parque Municipal Beija-flor.
Além desse, há outros precedentes jurisprudenciais
similares no TJ-GO, que merecem a colação:
2115ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
“EMENTA. Usucapião extraordinário. Área destinada a templo religioso pelo loteador. Inalienabilidade e Imprescritibilidade. Inteligência do art. 3º, do Decreto-lei 58/37. Apelo provido e decretada a carência de ação. Nos termos do artigo 3º, do Decreto-lei 58/37, o registro do loteamento torna inalienável todo e qualquer espaço vazio, constante da planta e do memorial, ainda que destinado a equipamentos comunitários, razão pela qual não pode ser objeto de usucapião, porque a prescrição aquisitiva pressupõe a alienabilidade – alienabile ergo preascriptibile.” (TJGO. 3ª Câm. Cível. Rel. Des. Jamil Pereira de Macedo, DJ, de 15/06/93)
“EMENTA: Loteamento. Área reservada. Domínio do município. Desnecessidade de registro acerca de inalienabilidade. Inscrito o loteamento sob a vigência do Decreto-lei 58/37, tornaram-se inalienáveis, a qualquer título, as vias de comunicação e os espaços livres constantes do memorial e da planta, dentre estes, os espaços sem numeração. Remessa e apelo conhecidos e improvidos. Decisão Unânime.” TJGO 2ª Câm. Cível, Rel. Des. Fenelon Teodoro Reis. DJ nº 12.579, de 19.06.1997).
“EMENTA: AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE C/C CANCELAMENTO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO. LOTEAMENTO. ÁREA RESERVADA À CONSTRUÇÃO DE PRÉDIO PÚBLICO. DESNECESSIDADE DE REGISTRO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA. PRECLUSÃO. Inscrito o loteamento sob a vigência do Decreto-lei nº 58/37, tornaram-se inalienáveis, a qualquer título, as vias de comunicação, praças e as áreas destinadas a edifícios públicos e outros equipamentos urbanos constantes do projeto e do memorial descritivo, passando a integrar o domínio público, independentemente de transferência do registro... Recurso conhecido e desprovido”. (TJGO 4ª T. da 4ª Câm. Cível, Rel. Desª. Beatriz Figueiredo Franco. 21/06/2001)
In casu, é de uma evidência cristalina que a área em
questão foi transferida ao domínio público de forma automática, no
momento da aprovação do projeto e do registro da planta do loteamento.
E mais, o domínio público sobre a área continua até o
presente, vez que não houve qualquer ato do Município de Goiânia, com
ou sem autorização legislativa, alienando-a sob qualquer forma.
Sendo assim, os seguintes atos jurídicos de compra e
venda e respectivos registros do CRI da 3ª Circunscrição de Goiânia, são
nulos, haja vista que se basearam em atos jurídicos imperfeitos, que 22
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
foram realizados por parte ilegítima, ou seja, por quem nunca possuiu a
titularidade sobre a coisa, bem como versaram sobre objeto impossível,
dada a inalienabilidade das áreas públicas institucionais:
• Escritura de venda e compra lavrada em 09.02.1972, às fls. 73/74, do livro 548, do 1º Tabelionato de Notas de Goiânia, na qual a Requerida Interestadual Mercantil S.A. vendeu à Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP, além das Chácaras 1 a 4, a área pública reservada compreendida entre a chácara número um (1), Alameda Paraná, Alameda Maracanã e o Córrego Jaó, registrada sob a matrícula 88.932, do CRI da 3ª Circunscrição de Goiânia.
• Escritura pública de venda e compra lavrada em 28.08.1980, no livro 279, fls. 107/8v, do 5º Tabelionato de Notas de Goiânia, em que a Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP revendeu estas mesmas chácaras à empresa Essebe Agropecuária Ltda.
• Escritura pública de compra e venda lavrada em 30.06.1988, no Livro 897, fls. 59 do 4º Tabelionato de Notas de Goiânia, em que a Requerida Interestadual Mercantil S.A., vendeu ao Requerido CLUBE DE REGATAS JAÓ uma área pública destinada a Unidade de Conservação, com 15.600,00 m2, situada entre a rua da Divisa, Avenida Pedro Álvares Cabral e Alameda Cachoeira no Setor Jaó, medindo e confrontando 81,38 metros para a Avenida Pedro Álvares Cabral; 110 metros de fundo, dividindo com a Rua da Divisa; 180,73 metros pelo lado direito, dividindo com a Alameda Paraná; e 151,96 metros pelo lado esquerdo, dividindo com a Alameda Cachoeira, registrada sob a matrícula 18.096, do CRI da 3ª Circunscrição de Goiânia.
• Escritura Pública de Venda e Compra, lavrada, 27.07.1988, no 4º Tabelionato de Notas de Goiânia, no livro 899, fl. 88, em que a Requerida Interestadual Mercantil S.A., vendeu ao Requerido CLUBE DE REGATAS JAÓ a área pública, com 24.000,00 m2, situada entre as Avenidas Pedro Álvares Cabral, Maracanã e Alameda Paraná, tendo o córrego Jaó como limite pelo lado direito.
III.2 - Proteção da Ordem Urbanística e do Meio Ambiente -
Responsabilidade Civil do Município – Omissão Administrativa do Poder
Executivo Municipal
A Carta Magna estabelece o dever do Poder Público de
conservar o patrimônio público (art. 23, I) e de defender e preservar o
meio ambiente (sem distinção da espécie: urbano ou natural), bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (art. 225). 23
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
O artigo 182, caput, da Constituição Federal, que orienta a
política pública urbana em todo o País estabelece:
“A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público Municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.”
O artigo 225, da Constituição Federal, sustentáculo do
direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, dispõe,
in verbis:
“Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; [...]VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.[...]
§ 3º - As condutas e as atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”
O meio ambiente, erigido a direito fundamental pelo
poder constituinte de 1988, é constituído do espaço em que vivemos,
circundado e integrado por todas as formas de vida, numa perfeita
interação dos elementos naturais com os elementos artificiais e culturais
criados a partir da ação antrópica.
2415ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
O bem jurídico tutelado pela norma ambiental é bem
jurídico específico, que não possui um titular mediato corporificado. Ainda
que se possa identificar o titular do patrimônio ofendido, há uma parcela
desta propriedade que é de todos e de ninguém, razão pela qual, as
normas que regulamentam a proteção ao meio ambiente são, em grande
medida, normas que insculpem uma intenção política de proteção à
coletividade.
Ademais, a norma constitucional impõe ao Poder Público o
dever de proteção da fauna e da flora, além do dever de definir, em todas
as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
Soma-se a isso o dever de preservação e recuperação dos
espaços livres, praças, áreas verdes e institucionais, componentes do meio
ambiente urbano, bens do patrimônio público e social.
A Lei Federal nº 9.985/00 instituiu o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC) e serve de parâmetro legislativo tanto
no que se refere à competência comum dos entes da Federação para a
proteção do meio ambiente e preservação das florestas, definida no art.
23, incisos VI e VII; quanto no que tange aos limites da competência
concorrente para legislar sobre florestas e proteção ambiental, definidas
no art. 24, inciso VI, todos da Constituição Federal.
No âmbito do Estado de Goiás, a matéria foi regulada por
intermédio da Lei Estadual nº 14.247/02 e pelo Decreto Estadual nº
5.806/03, que instituíram, por seu turno o Sistema Estadual de Unidades
de Conservação (SEUC).
No Município de Goiânia, o Plano Diretor Municipal, Lei
Complementar 171/2007, regulamentou a matéria nos seguintes termos:
2515ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Art. 104. Constituem as Áreas de Patrimônio Natural, as Unidades de Conservação, de acordo com a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC. Parágrafo único. As Unidades de Conservação dividem-se em Unidades de Proteção Integral que tem caráter de proteção total constituídas pelas APP’s e Unidades de Uso Sustentável que tem caráter de utilização controlada, representada na FIG. 5 – Rede Hídrica Estrutural e Áreas Verdes.Art. 105. No Município de Goiânia, as Unidades de Proteção Integral tem objetivo de preservar a natureza, sendo admitido apenas uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos em lei e correspondem a todas as Áreas de Preservação Permanentes – APP’s existentes no território.Art. 106. Constituem as APP’s as Áreas de Preservação Permanente, correspondentes às Zonas de Preservação Permanente I - ZPAI e as Unidades de Conservação com caráter de proteção total e pelos sítios ecológicos de relevante importância ambiental.[...]§ 2º Consideram-se Unidades de Conservação com caráter de proteção total os sítios ecológicos de relevante importância cultural, criado pelo Poder Público, como:I – parques naturais municipais;II – estações ecológicas;III – reservas biológicas;IV– monumentos naturais;V – bosques e matas definidas nos projetos de parcelamento do solo urbano;VI – florestas, matas e bosques e as reservas legais localizadas no território municipal;VII – refúgio de vida silvestre.
Por unidade de conservação a norma federal definiu,
como sendo o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.
No SNUC há dois grupos definidos de unidades de
conservação: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso
Sustentável.
Nos termos da mencionada lei federal, o termo proteção
integral significa a manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos
seus atributos naturais.26
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
A unidade de conservação, objeto da lide e a qual se
busca implantar, foi criada no ato administrativo de aprovação e registro
do loteamento Setor Jaó, para ali ser implantado um Parque.
Assim, torna-se incontroverso que mesmo tendo sido
criada anteriormente à mencionada lei nacional balizadora, a unidade de
conservação in comento, por atender ao mandamento constitucional e ao
Plano Diretor do Município, bem como não contrariar o disposto na
legislação infraconstitucional, foi recepcionada e é considerada de
Unidade de Conservação de Proteção Integral.
A categoria de unidade de conservação do tipo parque,
nos termo do art. 11, da Lei Federal nº 9.985/00, tem como objetivo básico
a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e
beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o
desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de
recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
A comprovação da não observância aos deveres
constitucionais citados revela que o Requerido Município de Goiânia, por
negligência, consubstanciada na falta de implementação da política
pública ambiental específica de proteção da fauna, da flora e da
biodiversidade do Parque às margens do Córrego Jaó, descurou de sua
obrigação legal e constitucional de implantar a Unidade de Conservação
de Proteção Integral, colocando em risco a proteção dos atributos
ambientais, que justificaram a criação da referida unidade de
conservação, bem como privando o cumprimento dos objetivos básicos
estabelecidos em lei para esta categoria de espaço territorial
ambientalmente protegido.
No caso concreto, tem-se que a lei impõe ao Poder Público
o dever de preservação e recuperação dos espaços livres, praças, áreas
verdes e institucionais, componentes do meio ambiente urbano, bens do
patrimônio público e social. Assim a constatação da invasão e ocupação
2715ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
desses espaços revela que o Município, gestor dos bens públicos, descurou
de sua obrigação legal, permitindo, por negligência (falta de fiscalização
eficaz e mal funcionamento do serviço público), que a coletividade fosse
despojada da fruição do espaço livre, em prol de empresas de um grupo
familiar.
In casu, O Requerido Município de Goiânia,
injustificadamente, deixou de exercer, a tempo e modo, o poder de auto
executoriedade dos seus atos, já que "a utilização indevida de bens
públicos por particulares, notadamente a ocupação de imóveis, pode - e
deve - ser repelida por meios administrativos, independentemente de
ordem judicial, pois o ato de defesa do patrimônio público, pela
Administração, é auto executável, como o são, em regra, os atos de polícia
administrativa, que exigem execução imediata, amparada pela força
pública, quando isto for necessário"5
O Tribunal de Justiça de Goiás reconhece a ação civil
pública como instrumento adequado para a manutenção e conservação do
patrimônio público, que o Ministério Público é parte legítima ativa e que o
Município é responsável pela sua omissão no dever de fiscalização, não
sendo discricionária a proteção aos bens de uso comum do povo, mas,
sim, vinculada à lei e sujeita à apreciação judicial (Ap. 35.404-6/188, 1ª
Câm. e 3ª Turma, Rel. Des. Antônio Nery da Silva, j. 27/06/95, v.u. in RT
721/207-213).
As áreas destinadas a unidades de conservação e as áreas
verdes institucionais, desde a aprovação e registro do Loteamento Setor
Jaó, são de domínio do Poder Público Municipal, dessa maneira devem ser
revertidas à pessoa jurídica de direito público detentora da
responsabilidade de sua proteção, exigindo-se, ainda, a destinação
preservacionista com a implantação da respectiva Unidade de
Conservação, desatrelada dos objetivos ou interesses das pessoas físicas
5 MEIRELLES Hely Lopes, "Direito Administrativo Brasileiro", 20ª edição, Malheiros Editores, pág. 434.28
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
e jurídicas de direito privado, que figuram no polo passivo da presente
ação.
Portanto, espera-se que a ação do Poder Judiciário seja no
sentido de proteger o interesse difuso ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, restituindo ao domínio coletivo as áreas indevidamente
invadidas e determinando ao Poder Público Municipal a adoção de medidas
concretas para a efetiva implantação da Unidade de Conservação de
Proteção Integral, visando a proteção da fauna, da flora e da
biodiversidade local, para usufruto das presentes e futuras gerações.
IV - DA LIMINAR:
Para a plena efetividade da atividade jurisdicional em
matéria ambiental, é necessária, antes de tudo, a garantia da preservação
do bem jurídico tutelado ou, ainda, caso venha a ocorrer o efetivo dano
ambiental, sua restauração ao status quo ante.
Nos termos do artigo 12 da Lei nº. 7.347/85, que
contempla um procedimento especial, estabelece-se que é permitido ao
Juiz o poder de conceder, sem justificação prévia, MEDIDA LIMINAR, onde
lhe é permitido, ainda, cominar multa para o descumprimento (artigo 12, §
2º), para evitar dano irreparável ou ameaça de danos.
Trata-se de verdadeira medida antecipatória do
provimento do mérito, tal qual nas liminares de procedimento especial, e
não mera providência cautelar, perfeitamente possível, compatível e
autorizada por lei, podendo ser concedida nos próprios autos da ação civil
pública (cf. RTJ - JESP 113/312).
A medida liminar tem, assim, perfeita aplicabilidade ao
caso em questão, pois, a suspensão imediata de condutas lesivas
praticadas pelos Requeridos é a única forma real de se garantir a
preservação de bens ambientais de uso comum de toda a coletividade.29
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
Para tanto, bastam a presença do fumus boni juris e do
periculum in mora, além da caracterização de possíveis danos irreparáveis
ou de difícil reparação às pessoas ou que mereçam a imediata ação do
Poder Judiciário.
O fumus boni juris está materializado nos fundamentos de
direito expostos, que demonstram de forma inequívoca a nulidade e a
ilegalidade dos atos constitutivos da propriedade particular sobre as áreas
que são objeto da lide. Bem como demonstram, claramente, a ocupação
indevida de áreas destinadas às espaços livres, áreas verdes e unidade de
conservação, bens de uso comum do povo.
Já o periculum in mora, a despeito da época em que
ocorrem as ocupações e irregularidades, decorre do prolongamento da
continuidade da situação fática caracterizadora de ilegalidade, que fará
com que toda a coletividade fique indefinidamente privada de usufruir um
bem ambiental de uso comum do povo.
O risco da demora se perfaz também pelos próprios
atributos ambientais da área objeto da lide, que justificaram, há muitos
anos, a criação de uma unidade de conservação, dada às características
intrínsecas que exigem especial proteção por parte do Poder Público.
Ademais, é de conhecimento público que o Requerido
Clube Jaó, ao longo dos anos, fez diversas obras de ampliação de suas
instalações, sendo que, conforme pode se observar nas imagens aéreas,
não há mais espaço físico no restante de suas dependências para novas
construções, que por certo ocorrerão sobre a área verde institucional há
anos esbulhada.
O perigo da demora inverso, ou seja, em caso de não
concessão da medida liminar, equivale ao respaldo institucional à prática
ilegal de grilagem de terras públicas e à deterioração da sadia qualidade
de vida, além da permissão para que os Requeridos possam usar e dispor
livremente sobre bens ambientais de interesse coletivo em detrimento do
3015ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
direito de todos a usufruírem do meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Se a liminar não for concedida, certamente o provimento
jurisdicional final restará ineficaz, tendo em vista já terem ocorridos
graves danos à área verde originariamente destinada a implantação de
um Parque.
A relevância do fundamento da demanda se encontra na
franca e manifesta irreversibilidade do dano, como são, por excelência, os
de natureza ambiental.
A degradação ambiental, como regra, é irreversível.
Eventual responsabilidade civil, especialmente quando se trata de mera
indenização, é sempre insuficiente e de utilidade duvidosa.
Ademais, a defesa do meio ambiente é regida por
princípios próprios, dentre os quais encontra-se o princípio da precaução
ou também denominado de princípio da cautela, da prudência, o qual
exige, quando exista perigo grave ou irreversível ao meio ambiente, que
não se imponha a certeza instrumental como meio de se postergar a
adoção de medidas eficazes para o seu impedimento. A certeza exigida
pelo princípio da precaução dirige-se justamente para o lado oposto, isto
é, para a afirmação da inexistência de prejuízo ao meio ambiente, a fim de
que qualquer tipo de intervenção possa ser admitido.
Isso posto, conclui-se que a concessão da liminar ora
pleiteada encontra respaldo no efetivo perigo de dano que a demora
representaria para o meio ambiente e a ordem urbanística e ainda, se
funda em princípio do Direito Ambiental, que exige a cautela e a
prevenção a seu favor, toda vez que sua preservação esteja sendo
ameaçada.
Assim, o Ministério Público requer, nos termos do artigo
12 da Lei nº 7.347/85, initio litis, a concessão de MEDIDA LIMINAR, até
final julgamento da presente demanda, consubstanciada em:
3115ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
• Proibir aos Requeridos, imediatamente, de promoverem qualquer supressão de vegetação, construção ou intervenção nas áreas verdes e espaços livres do Setor Jaó, localizadas entre a Rua Paraná e a margem direita do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47 até a Rua da Divisa, imóvel objeto da lide;
• Proibir ao Requerido Município de Goiânia de licenciar, autorizar, conceder, ou permitir o uso para qualquer atividade de uso, supressão de vegetação, construção ou intervenção na área objeto da lide;
• Suspender qualquer licença, autorização, concessão, ou permissão de uso, porventura existentes, para qualquer atividade de uso, supressão de vegetação, construção ou intervenção na área objeto da lide;
• Oficiar à Agência Municipal de Meio Ambiente - AMMA, dando-lhes conhecimento dos termos da liminar concedida e determinando-lhes a realização de fiscalização do cumprimento da ordem judicial.
• Requer, por fim, em sede liminar, cominação de multa no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), por dia de descumprimento da liminar concedida, a ser revertida ao Fundo Estadual do Meio Ambiente.
V - DO PEDIDO:
Por todo o exposto, REQUER o Ministério Público:
A) Seja a presente ação recebida, autuada e processada
na forma e no rito preconizados;
B) Seja concedida, initio litis, a tutela antecipada dos
pedidos relacionados às obrigações de fazer e de não fazer formulados,
com fundamento no artigo 273 do Código de Processo Civil, observada a
regra do artigo 2º da Lei nº 8.437/92, especificamente, quanto ao prazo de
72 horas para a resposta preliminar.
3215ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
C) Em caráter sucessivo, observada a regra do artigo 2º
da Lei nº 8.437/92, especificamente, quanto ao prazo de 72 horas para a
resposta preliminar, a concessão initio litis da medida liminar, na forma
pleiteada.
D) A citação dos Requerido MUNICÍPIO DE GOIÂNIA, CLUBE
DE REGATAS JAÓ, INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., PROMINCO – GESTÃO
CONTRATUAL LTDA. – EPP, SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA. e BIOPARQUE
JAÓ, na forma e nos locais inicialmente indicados, para, querendo, virem
responder aos termos da presente ação no prazo legal, sob pena de
aplicação dos consectários jurídicos legais da revelia (artigo 319 do CPC),
o que desde já requer, produzindo as provas que porventura possuir,
acompanhando-a até final julgamento.
E) Seja autorizado ao Oficial de Justiça, para as
comunicações processuais, a permissão estampada no artigo 172, § 2°, do
Código de Processo Civil.
F) Quanto ao mérito requer:
F.1) Sejam declaradas de domínio público, desde o ato de
aprovação do loteamento, pelo Decreto Municipal n°. 97, de 09.03.1952; e
do seu registro de nº. 38, no Livro Auxiliar 8-C, às fls. 314/315, do Cartório
de Registro de Imóveis da 3ª Circunscrição da Comarca de Goiânia; todas
as áreas verdes e espaços livres constantes das plantas existentes nos
assentamentos da Prefeitura Municipal de Goiânia.
F.2) Sejam declarados nulos os seguintes atos jurídicos de
compra e venda e respectivos registros do CRI da 3ª Circunscrição de
Goiânia, que transferiram as áreas verdes e espaços livres do Setor Jaó,
localizadas entre a Rua Paraná e a margem direita do Córrego Jaó, iniciando
na confluência da Rua J-47 até a Rua da Divisa, para o domínio de
particulares, a saber:
3315ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
• F.2.1) Escritura de venda e compra lavrada em 09.02.1972, às fls. 73/74, do livro 548, do 1º Tabelionato de Notas de Goiânia, na qual a Requerida Interestadual Mercantil S.A. vendeu à Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP, além das Chácaras 1 a 4, a área pública reservada compreendida entre a chácara número um (1), Alameda Paraná, Alameda Maracanã e o Córrego Jaó, registrada sob a matrícula 88.932, do CRI da 3ª Circunscrição de Goiânia.
• F.2.2) Escritura pública de venda e compra lavrada em 28.08.1980, no livro 279, fls. 107/8v, do 5º Tabelionato de Notas de Goiânia, em que a Requerida PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP revendeu estas mesmas chácaras à empresa Essebe Agropecuária Ltda.
• F.2.3) Escritura pública de compra e venda lavrada em 30.06.1988, no Livro 897, fls. 59 do 4º Tabelionato de Notas de Goiânia, em que a Requerida Interestadual Mercantil S.A., vendeu ao Requerido CLUBE DE REGATAS JAÓ uma área pública destinada a Unidade de Conservação, com 15.600,00 m2, situada entre a rua da Divisa, Avenida Pedro Álvares Cabral e Alameda Cachoeira no Setor Jaó, medindo e confrontando 81,38 metros para a Avenida Pedro Álvares Cabral; 110 metros de fundo, dividindo com a Rua da Divisa; 180,73 metros pelo lado direito, dividindo com a Alameda Paraná; e 151,96 metros pelo lado esquerdo, dividindo com a Alameda Cachoeira, registrada sob a matrícula 18.096, do CRI da 3ª Circunscrição de Goiânia.
• F.2.4) Escritura Pública de Venda e Compra, lavrada, 27.07.1988, no 4º Tabelionato de Notas de Goiânia, no livro 899, fl. 88, em que a Requerida Interestadual Mercantil S.A., vendeu ao Requerido CLUBE DE REGATAS JAÓ a área pública, com 24.000,00 m2, situada entre as Avenidas Pedro Álvares Cabral, Maracanã e Alameda Paraná, tendo o córrego Jaó como limite pelo lado direito.
F.3) Sejam os Requeridos CLUBE DE REGATAS JAÓ,
INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA.
– EPP, SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA. e BIOPARQUE JAÓ condenados, na
obrigação de não fazer consubstanciada na proibição de promoverem
qualquer uso, supressão de vegetação ou construção nas áreas verdes e
espaços livres do Setor Jaó, localizadas entre a Rua Paraná e a margem
direita do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47 até a Rua da
Divisa, imóvel objeto da lide.
F.4) Sejam os Requeridos CLUBE DE REGATAS JAÓ,
PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA. – EPP, SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE
LTDA. e BIOPARQUE JAÓ condenados na obrigação de fazer
consubstanciada no dever de desocuparem e removerem todas as 34
15ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
edificações, inclusive aterramentos irregulares, das áreas verdes e
espaços livres do Setor Jaó, localizadas entre a Rua Paraná e a margem
direita do Córrego Jaó, iniciando na confluência da Rua J-47 até a Rua da
Divisa, e, de consequência, seja o Requerido Município de Goiânia
reintegrado na posse da referida área;
F.5) Sejam os Requeridos CLUBE DE REGATAS JAÓ,
INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA.
– EPP, SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA. e BIOPARQUE JAÓ condenados,
solidariamente, na obrigação de fazer consubstanciada no dever de
recuperar e revegetar as áreas verdes e espaços livres do Setor Jaó,
localizadas entre a Rua Paraná e a margem direita do Córrego Jaó, iniciando
na confluência da Rua J-47 até a Rua da Divisa, que foram ao longo dos
anos degradadas, mediante a elaboração, num prazo de 60 (sessenta)
dias, de Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD,
devidamente assinado por profissional habilitado, com a devida anotação
de responsabilidade técnica – ART, o qual deverá ser executado num prazo
máximo de 24 meses.
F.6) Sejam os Requeridos CLUBE DE REGATAS JAÓ,
INTERESTADUAL MERCANTIL S.A., PROMINCO – GESTÃO CONTRATUAL LTDA.
– EPP, SÍTIO BEROCAN SOCIEDADE LTDA. e BIOPARQUE JAÓ condenados,
solidariamente, a indenizar os danos morais causados à coletividade pela
ocupação indevida das áreas verdes e espaços livres do Setor Jaó,
localizadas entre a Rua Paraná e a margem direita do Córrego Jaó,
iniciando na confluência da Rua J-47 até a Rua da Divisa, em valor a ser
fixado por arbitramento, em patamar não inferior a R$ 5.000.000,00 (cinco
milhões de reais) a serem revertidos ao Fundo Municipal do Meio Ambiente,
com a destinação específica de implantar o Parque Municipal Jaó.
F.7) Seja o Requerido Requerido Município de Goiânia
condenado nas seguintes obrigações:
3515ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
F.7.1) Obrigação de fazer consubstanciada no dever de, no
prazo de 06 (seis) meses implantar a unidade de conservação Parque
Municipal Jaó, criado no ato de aprovação do Setor Jaó, obedecendo a
forma estipulada nos artigos 22 e seguintes da Lei Federal 9.985/00.
F.7.2) Obrigação de fazer consubstanciada no dever de, no
prazo de 06 (seis) meses, elaborar e apresentar em juízo os estudos
técnicos relativos à implantação da unidade de conservação Parque
Municipal Jaó, que contemplem: aspectos inerentes ao clima, solo,
recursos hídricos, levantamento arqueológico, inventário de fauna,
inventário de flora, definição de zona de amortecimento e outros aspectos
técnicos relevantes.
F.7.3) Obrigação de fazer consubstanciada no dever de, no
prazo de 06 (seis) meses, fazer a demarcação física e cercamento de todo
o perímetro da unidade de conservação Parque Municipal Jaó.
F.7.4) Obrigação de fazer consubstanciada no dever de, no
prazo de 06 (seis) meses, instituir e implantar o Conselho Consultivo da
unidade de conservação Parque Municipal Jaó, devendo, ainda, fazer prova
em juízo que o mesmo está em funcionamento.
F.7.5) Obrigação de fazer consubstanciada no dever de, no
prazo de 06 (seis) meses, elaborar e aprovar o Plano de Manejo da
unidade de conservação Parque Municipal Jaó, devendo, ainda, no prazo
de 01 ano, fazer prova em juízo de sua efetiva implantação.
F.7.6) Obrigação de fazer consubstanciada no dever de
inserir no orçamento do município o valor financeiro de R$ 5.000.000,00
(cinco milhões de reais), ou quantia suficiente, para custear as despesas
necessárias à implantação da unidade de conservação Parque Municipal
Jaó e demais pedidos da presente ação civil pública.
3615ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
G) A publicação de edital para dar conhecimento a
terceiros interessados e à coletividade, considerando o caráter erga
omnes da Ação Civil Pública.
H) Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova
em direito admitidos, pleiteando, desde já a juntada da documentação
anexa como meio de prova dos fatos expostos.
I) Protesta, ainda, por possível emenda ou retificação à
presente inicial, caso seja necessário.
J) Sejam os atos processuais comunicados pessoalmente à
parte Autora, nos termos do art. 236, parágrafo 2º do Código de Processo
Civil e do art. 41, inciso IV, da Lei nº 8.625/93.
K) Requer, ainda, a procedência in totum dos pedidos,
com atendimento dos objetivos elencados.
L) Requer, desde já, a produção de prova pericial, bem
como de todos os demais meios de prova permitidos em lei, além das já
produzidas nos autos do Inquérito Civil Público nº 201200357752, que
instrui a presente exordial.
M) Sejam os Requeridos condenados ao pagamento de
custas e demais cominações legais, em sendo o caso.
N) Requer, por fim, a imposição de multa diária, no valor
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), pelo descumprimento das obrigações de
fazer e não fazer impostas na sentença a ser prolatada, que poderá,
inclusive, incidir sobre as pessoas físicas dos administradores, ou
servidores públicos responsáveis, na hipótese de desobediência à ordem
judicial, a ser revertida ao Fundo Estadual do Meio Ambiente.
Conquanto de valor inestimável, dá-se à causa, para os
efeitos legais, o valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais),
3715ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIANÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
ressalvando, no entanto, que este é um valor estimativo e formal, não
impedindo o arbitramento de eventual indenização em nível superior.
Termos em que
Pede deferimento.
Goiânia, 25 de maio de 2015.
JULIANO DE BARROS ARAÚJOPromotor de Justiça
3815ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim Goiás
Edifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100
e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238