Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Omartian, Stormie
O poder transformador da oração / Stormie Omartian; traduzido porValéria Lamim Delgado Fernandes. – São Paulo: Mundo Cristão, 2005.
Título original: The prayer that changes everything.Bibliografia.ISBN 85-7325-408-4
1. Louvor de Deus 2. Oração 3. Vida cristã I. Título.
05-2663 CDD–248.32
Índice para catálogo sistemático:1. Oração: Poder transformador: Cristianismo 248.32
Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela:Associação Religiosa Editora Mundo CristãoRua Antônio Carlos Tacconi, 79 — CEP 04810-020 — São Paulo — SP — BrasilTelefone: (11) 5668-1700 — Home page: www.mundocristao.com.br
Editora associada a:• Associação Brasileira de Editores Cristãos• Câmara Brasileira do Livro• Evangelical Christian Publishers Association
A 1ª edição foi publicada em maio de 2005, com uma tiragem de 5.000 exemplares.
Printed in Brazil
Apoio e colaboração: Tyndale House Publishers
O PODER TRANSFORMADOR DA ORAÇÃO
CATEGORIA: ESPIRITUALIDADE / ORAÇÃO
Copyright © 2004 por Stormie Omartian
Publicado originalmente por Harvest House Publishers, Oregon, EUA
Título original: The prayer that changes everything
Coordenação editorial: Silvia Justino
Preparação de texto: Tereza Cristina Gouveia
Capa: Douglas Lucas
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed.(Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 05 06 07 08 09 10 11 12
DedicatóriaDedicatória
Este livro é dedicado a ti, Senhor.
Pois sem teu poder e graça, sei que eu não estaria onde estou hoje.
Tu poupaste minha vida tantas vezes quando, de outra maneira, eu
certamente teria morrido. Tu ainda me sustentas a cada dia. Estou
cada vez mais consciente do quanto não mereço as bênçãos que tu
me tens concedido. Tu me ensinaste a mostrar teu amor e compai-
xão pelos outros e a ter teu coração pelas bênçãos que eles recebem,
não obstante, em meio a isso, intervenho com meu egoísmo. Tu me
deste uma forte visão para as coisas maravilhosas que desejas fazer,
e até fazer por meu intermédio, mas a essa visão às vezes imponho
meus temores, que ameaçam arruiná-la. Tu me deste promessas às
quais posso me apegar, e elas me sustentam, por mais que eu deixe a
dúvida me dominar. Por que tu me toleras tanto, jamais entenderei.
Essa é a razão por que não posso compreender a profundidade de
teu amor. Como tu pudeste vir à terra para sofrer e morrer por mim
do modo como vieste é incompreensível, sobretudo quando não
estou certa de que eu poderia dispor-me a fazer o mesmo por ti. Eu
gostaria de pensar que poderia, mas, quando com freqüência oro
por meus preciosos irmãos e irmãs em Cristo espalhados por todo o
mundo que estão sendo torturados e até martirizados por causa da
obra que fazem para ti, não sei se poderia passar pelo que eles passam.
Fico admirada em saber que, ainda que eu nem sempre faça ou
diga a coisa certa, tu ainda me permites viver e servir-te. O fato de
que tu me concedeste o privilégio de escrever este livro é o que mais
me deixa prostrada. Embora eu não seja uma especialista em coisa
alguma, muito menos em louvor e adoração, a única coisa que sei é
que tu és digno de todo o louvor, tanto agora como para sempre.
Minha credibilidade está em minha experiência e em tudo o que tu
me tens ensinado. Só um maravilhoso Deus de amor poderia permi-
tir que os louvores de seu povo sejam para própria bênção dele.
Oro para que tu me dês a capacidade de expressar a grandeza de tua
pessoa e as razões por que tu mereces o louvor, e também para que
ajudes as pessoas a lembrar-se de louvar a ti em todas as situações
e em todo o tempo. Ajuda-me a revelar a amplitude das bênçãos
que tu tens para nós quando nos concentramos em ti em adoração
e louvor.
Porque tu me amaste primeiro, sou livre agora para te amar. E é
o que faço.
Tua serva fiel,
Stormie
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos especiais a:
• Christopher, Amanda, John, Rebecca, Stephanie, Derek,
Matt, Suzy e Louie. Obrigada por viverem. Sua simples exis-
tência dá-me alegria e força. Louvo a Deus por vocês a cada
dia de minha vida.
• Michael. Obrigada por ser um marido fiel e por nunca me
dar motivo algum para duvidar disso. Eu não poderia fazê-lo
sem seu apoio.
• Susan Martinez. Obrigada por suas orações e amor, sua dili-
gência e organização, sua capacidade de ir além do chama-
do do dever, sua bondade e generosidade para responder
aos telefonemas, cartas, e-mails, faxes e campainhas. Tudo
isso poderia ter enlouquecido uma pessoa impaciente há
muito tempo.
• Roz Thompson. Obrigada por ser minha amiga fiel e parceira
de oração por todos esses anos. Você tem sido uma força e uma
inspiração para mim muito mais do que eu possa expressar.
• Erik Sundin. Obrigada por toda a sua cuidadosa ajuda neste
projeto. Você é o melhor.
• Patti e Tom Brussat, Michael e Terry Harriton, Bob e Sally
Anderson, Donna e Bruce Sudano. Obrigada por suas ora-
ções. Não vejo vocês com muita freqüência, mas sinto suas
orações todos os dias.
• Meus pastores: Jack e Anna Hayford, Rice e Jody Broocks,
Tim e Le’Chelle Johnson, Stephen Mansfield, Dale e Joan
Evrist, Jim e Cathy Laffoon, John e Maretta Rohr, Ray e
Elizabeth McCollum. Sua excelência nas coisas de Deus enri-
queceu-me em meu espírito também. Não sei onde eu esta-
ria sem todas as coisas grandiosas do Senhor que vocês me
ensinaram e as inúmeras vezes que oraram por mim.
• Minhas maravilhosas irmãs em Cristo e grandes mulheres
de Deus: Joyce Meyer, Beth Moore, Lisa Bevere, Kay Arthur
e Florence Littauer. Obrigada por seu amor e bondade para
comigo, seu imenso conhecimento da Palavra de Deus e sua
obra pelo reino. É com grande humildade, além de amor e
respeito por vocês e por tudo o que fazem, que tenho como
um grande privilégio conhecê-las. Cada uma de vocês me
ensinou muito e foi uma inspiração e uma força para mim.
Vocês me deram incentivo além do que possam imaginar.
• Minha maravilhosa família em Harvest House: principal-
mente, Bob Hawkins Jr., Carolyn McCready, Julie McKinney,
Teresa Evenson, Terry Glaspey, John Constance, Mary
Cooper, LaRae Wiekert, Peggy Wright, Betty Fletcher e Kim
Moore. Obrigada por seu amor, paciência, bondade, gene-
rosidade, incansável trabalho e profissionalismo. Foram
vocês que fizeram tudo acontecer.
Qual é a oração que transforma tudo? 11
Parte 1: Quinze razões para louvar a Deus agora
Por que precisamos conhecer melhor a Deus 37
1. Porque ele é o meu criador 43
2. Porque ele é o meu Pai Celestial 53
3. Porque ele me ama 61
4. Porque ele entregou a sua vida por mim 70
5. Porque ele me perdoou 79
6. Porque ele me tem dado seu Santo Espírito 88
7. Porque ele me tem dado sua Palavra 99
8. Porque ele é um Deus bom 108
9. Porque ele é santo 117
10. Porque ele é Todo-Poderoso 127
11. Porque ele está comigo 138
12. Porque ele tem um propósito para a minha vida 147
13. Porque ele redime todas as coisas 157
14. Porque ele é a luz do mundo 166
15. Porque ele é 176
Parte 2: Quinze momentos em que o louvor é importante
Quando precisamos louvar mais a Deus 187
16. Quando estou angustiada com pensamentos e emoçõesnegativas 191
SumárioSumário
17. Quando tenho ansiedade, medo e desânimo 203
18. Quando estou doente, fraco ou ferido 213
19. Quando luto contra a dúvida 222
20. Quando não vejo respostas para as minhas orações 231
21. Quando tenho problemas em um relacionamento 241
22. Quando preciso perdoar 252
23. Quando vejo que as coisas não estão dando certo e eume sinto impotente 261
24. Quando desejo conhecer a vontade de Deus 272
25. Quando busco vitória, libertação ou transformação 281
26. Quando preciso da provisão e proteção de Deus 290
27. Quando pelejo contra a tentação de andar na carne 301
28. Quando sou atacado pelo inimigo 313
29. Quando sofro uma grande perda, frustração ou umgrande fracasso 323
30. Quando sinto que tudo está bem 337
transformaQual é a oração quetransforma tudo?
(...) a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas
para a sua maravilhosa luz.
1Pedro 2:9
Se você é como eu, não quer viver uma vida indiferente, me-
díocre, “sem muito sucesso”, triste, solitária, sem esperança, miserá-
vel, aterrorizada, frustrada, insatisfeita, sem sentido, ineficiente ou
improdutiva. Você não quer que suas circunstâncias o prendam nem
quer prender às suas limitações. Você deseja levar uma vida extraor-
dinária. Uma vida de paz, alegria, realização, esperança e propósi-
to. Uma vida em que todas as coisas são possíveis.
O tipo de vida que acabei de descrever só pode acontecer quando
você passa a ter um relacionamento íntimo com Deus.
Quero dizer um relacionamento realmente próximo.
Há muitas pessoas que acreditam em Deus. Algumas levam a vida
com uma percepção de Deus no subconsciente. Outras fazem coisas
religiosas para Deus. Há ainda outras que amam a Deus e lhe ser-
vem com toda a sua capacidade, mas elas desejam algo mais em seu
relacionamento com ele. Mas não são muitas as pessoas que real-
mente são próximas dele.
Você talvez esteja pensando: Como é ser exata e verdadeiramente
próximo dele?
O poder transformador da oração 12
É ser próximo o bastante para conhecê-lo profundamente, para
abrir-lhe sempre o coração, para poder desviar toda a atenção de si
mesmo e colocá-la totalmente nele. É ser próximo o bastante para
entender quem ele é de fato e então deixar que o conhecimento de
Deus defina quem você é realmente. É amá-lo de todo seu coração e
deixar que ele o ame da mesma forma.
Você sabe o que é isso quando está apaixonado. Aquela pessoa
especial ocupa todos os seus pensamentos, e é difícil concentrar-se
em outras coisas. Você experimenta uma constante fonte de alegria
fervendo em seu íntimo que é como se jamais pudesse secar. Você
deseja aquela pessoa quando não está com ela e mal pode esperar
para estar em sua presença outra vez. Estar perto dela é algo que tira
seu fôlego. Você a ama tanto que às vezes isso faz seu coração doer.
Você se fascina com tudo o que vê nela e procura saber tudo o que há
para saber sobre ela. Você tem vontade de envolvê-la em seus braços
o mais apertado possível e nunca mais soltá-la. Você deseja que sua
alma e a da pessoa se entrelacem até não poder mais dizer onde
termina a pessoa e começa você. E toda vez que vocês se abraçam,
uma nova força e satisfação fluem para seu ser. Você se sente como se
tivesse finalmente se amarrado para valer a alguém com quem sem-
pre sonhou. Vocês se completam. Seu coração encontrou um lar. O
mundo é cor-de-rosa. E tudo é maravilhoso.
É maravilhoso sentir-se desse modo. É assim também que Deus
quer que nos sintamos com relação a ele. O tempo todo.
Quando você está apaixonado, sua vontade é de se sentir assim
para sempre. Mas se fosse assim, seu coração ficaria ferido todos os
dias e você nunca conseguiria fazer nada. Para que a grande intensi-
dade de seu amor desfaleça — o que deveria acontecer ou jamais
sobreviveríamos a ele —, sua profundidade deve aumentar. Ele deve
ser regado, alimentado e cultivado, e tornar-se como um lindo car-
valho que não pode ser abalado porque criou raízes profundas.
13 Qual é a oração que transforma tudo?
É o que Deus quer que aconteça em seu relacionamento com
ele.
Não estou dizendo que seu primeiro amor por Deus precisa de-
saparecer. Estou dizendo que ele precisa crescer. Após essa agitação
inicial — aquele fervor espiritual do início —, seu relacionamento
com Deus precisa ser cultivado e aprofundado.
Mas como tudo isso acontece? Como você desenvolve este tipo de
amor por Deus? O que você deve fazer para que seu relacionamento
cresça cada vez mais? Como você passa a ser de fato próximo dele?
Uma das maneiras é ler a história de Deus. A Bíblia. Ela revela
quem ele é. Mostra como ele trabalha. Fala-nos de seus desejos e
planos para nossa vida. Fala de seu grande amor por nós.
Outra maneira é receber seu Filho, Jesus. E então passar todos os
dias, pelo resto de sua vida, tentando entender o amor tão grande
que o levou, de bom grado, a entregar sua vida, padecendo uma
tortura brutal e uma crucificação em uma cruz simplesmente para
que você pudesse sempre ser próximo de Deus.
Outra maneira é orar.
Minha definição de oração é simplesmente comunicar-se com
Deus. Em primeiro lugar, é um relacionamento de amor. Orar é
abrir sua alma para aquele que o amou antes mesmo de você o co-
nhecer e deixar que ele lhe fale ao coração.
Quase sempre a oração torna-se uma questão complexa para
as pessoas. Na realidade, parece haver tantos aspectos nela que
muitas pessoas ficam intimidadas. Elas receiam não poder orar o
suficiente ou de maneira suficientemente adequada, ou pelo tempo
suficiente ou de modo suficientemente eloqüente. Temem que suas
orações não sejam ouvidas porque elas mesmas não são boas, santas
nem inteligentes o bastante. Em todos os livros que escrevi, procurei
afastar esse tipo de temor e intimidação e mostrar que a oração é
acessível a todos.
O poder transformador da oração 14
Neste livro, eu gostaria de concentrar-me em uma forma muito
importante de oração — ou comunicação com Deus — e que se resu-
me em adoração e louvor. (Eu sei que se podem considerar adora-
ção e louvor duas formas distintas de honrar a Deus, mas ambos
estão tão interligados que vou referir-me a eles como uma única
expressão.) Adorar e louvar é a forma mais pura de oração, uma vez
que afasta por completo a mente e a alma de nós mesmos e as
concentra em Deus. O que essa expressão comunica é puro amor,
devoção, reverência, apreciação e gratidão a Deus. É exaltar a Deus
pela pessoa que ele é. É comunicar nosso anseio por ele. É aproxi-
mar-se dele simplesmente pelo fato de amar estar a seu lado. Quan-
do adoramos a Deus, estamos mais próximos dele do que jamais
estaremos. Essa é a razão por que o louvor acolhe sua presença
em nosso meio.
Uma das coisas mais maravilhosas sobre Deus é que ele habita em
nosso louvor. Ele habita nos louvores de seu povo. “Contudo, tu és
santo, entronizado entre os louvores de Israel”, diz a Bíblia (Sl 22:3).
Quando adoramos a Deus, não é como se adorássemos a uma divin-
dade fria e distante. Ele é um Deus amoroso que deseja estar conos-
co. E quando nós o adoramos, é isso que acontece.
Não é maravilhoso?
Que presente impressionante! Quando louvamos e adoramos a
Deus, sua presença vem habitar em nosso meio. E o mais surpreen-
dente é que, quando isso acontece, as coisas mudam. Sempre! Você
pode contar com isso. Corações se transformam, situações mudam,
vidas são transformadas, mentes e atitudes mudam.
Toda vez que você louva a Deus, algo muda em seu íntimo, em
suas circunstâncias ou nas pessoas ou situações a sua volta. Não
podemos ver tudo o que está sendo atingido, mas podemos confiar
que é o que está acontecendo, pois é impossível entrar na presença
de Deus sem que haja mudança. A razão para isso é que você está
15 Qual é a oração que transforma tudo?
entrando em contato com tudo o que Deus é, e isso afetará tudo o
que você é.
O louvor é a oração que transforma tudo.
Chega de falar de você. Vamos falar de mim
Quando vim para o Senhor, eu não entendia o poder que havia no
louvor a Deus. Pensava que o louvor fosse algo que fazíamos em
uma manhã de domingo na igreja enquanto esperávamos pelas
pessoas atrasadas. Era um prelúdio para o principal evento — a
pregação. Para isso estávamos ali, não? Era um pouco como servir
aperitivos em um jantar enquanto esperamos por todos os convida-
dos para servir o jantar.
Depois de aceitar Jesus em minha vida, entretanto, comecei a
freqüentar um novo tipo de igreja. Uma igreja onde a adoração e o
louvor eram prioridades. Eu nunca havia visto nada do tipo.
Quando criança, eu não era muito de ir à igreja. Só ia em ocasiões
como Natal, Páscoa, funerais e em uma visita prolongada à casa de
um parente, quando minha mãe deixou meu pai, em que a família ia
à igreja todas as semanas! Sem dúvida, eles tinham de ir, já que o
chefe da casa era o pastor. Afinal, era a atividade da família. Contu-
do, mesmo indo à igreja todas as semanas, nunca vi muita graça
nisso. Não me lembro de nenhum momento real de adoração, exceto
de um ou dois hinos. O coral cantava as músicas que haviam ali. Era
bonito, mas eu sempre estava com os adultos e não entendia muito
o que estava acontecendo ou sendo dito. Além disso, eu ficava com
minha mãe, e ela tinha uma visão totalmente distorcida sobre Deus,
igreja ou a Bíblia. Foi por isso que eu nunca quis ir além disso.
Minha mãe tinha problemas mentais. Ninguém entendia na épo-
ca ou sabia o que fazer sobre o assunto. E associado a esses proble-
mas havia um estigma social, de modo que, se alguém descobrisse
que você tinha um parente com uma doença mental — principal-
O poder transformador da oração 16
mente o pai ou a mãe —, você era suspeito a partir daquele momen-
to e socialmente excluído. Não que todos fôssemos socialmente acei-
tos, em primeiro lugar. Levávamos uma vida isolada. Entretanto, as
poucas pessoas que tinham algo a ver conosco teriam sido reduzidas
a nada ao primeiro sinal de algo do tipo. Por isso o problema de
minha mãe era encoberto.
Meu pai sempre amou minha mãe, a despeito do quanto ela era
mesquinha com ele. Ele não a teria internado em uma clínica, mes-
mo cedendo ao incentivo da própria família dela, pois sempre teve
esperança de que ela “algum dia se recuperasse”. Ele disse que a pri-
meira vez que percebeu algo de errado foi em sua lua-de-mel, quan-
do ela pensou que havia pessoas que os estavam seguindo e tentando
matá-la. Por causa disso, eles não puderam ir para o hotel em que
deveriam ficar. Tiveram de ir para três hotéis diferentes até que meu
pai bateu o pé e disse: “É este. Vamos ficar aqui!”.
Sem tratamento, a doença mental de minha mãe piorou ao lon-
go dos anos. O modo como ela me tratava quando criança era com
violência e abuso, e me deixava trancada em um armário por mui-
tas horas seguidas. Eu nunca sabia exatamente por que era colocada
ali, mas achava que devia ter feito algo de fato ruim. Então, em
outras vezes, ela parecia tão distante em seu próprio mundo que
nem tinha consciência de que existia. Assim a vida oscilava, sem
previsibilidade, de abuso físico a abandono.
Conseqüentemente, cresci com sérios sentimentos de rejeição,
medo, depressão, ansiedade, desesperança, dolorosa solidão e tris-
teza que sempre me deixavam com um nó na garganta. Era o tipo de
nó que se sente quando você tem uma constante dor no coração e
sempre tem de sufocar uma vida inteira de lágrimas contidas. Você
as reprimiu por tanto tempo que elas se transformaram em uma
torrente represada por uma barragem. Você aprende a impedir,
a qualquer preço, que essa barragem se rompa porque, se isso
17 Qual é a oração que transforma tudo?
acontecer, pode destruir tudo o que está em seu caminho. O tipo de
lágrimas de que estou falando só pode ser liberado na presença do
amor incondicional e da aceitação. E onde no mundo é possível
encontrar isso?
Que eu me lembre, meu pai nunca foi à igreja, exceto no dia de
seu funeral. Minha família e eu fizemos um culto simples para ele e o
sepultamos como ele havia pedido. Ele sempre dizia que seu pai
nunca havia ido à igreja, mas sua mãe o obrigava a ir duas vezes no
domingo e uma vez no meio da semana e ficar sentado por quatro
horas seguidas em bancos duros enquanto o pregador, aos gritos,
falava sobre ir para o inferno. Ele dizia que sabia que existia um
Deus e que acreditava em Jesus, mas que nunca mais colocaria os pés
em uma igreja enquanto vivesse. Que eu saiba, ele cumpriu sua pro-
messa.
Uma vez adulta e fora de casa, tentei de tudo para conseguir me
ver livre da dor emocional que tinha no íntimo. A dor era insupor-
tável. Peço desculpas àqueles que estão lendo este livro que me co-
nheceram durante aqueles anos, pois é bem provável que tenha
ocorrido momentos em que se perguntaram o que havia de errado
comigo. Eu podia parecer normal por um tempo, mas não conse-
guia sustentar essa aparência. E então eu tinha um surto, me retirava
de repente, me calava ou ficava distante. Tudo isso era para esconder
quem eu realmente era. Tudo isso era para conter as lágrimas.
Uma das maneiras que adotei para lidar com a situação foi con-
sumir muita bebida alcoólica. Eu bebia até ficar tonta, mas não
parava por aí. Precisava beber até ficar bêbada e desmaiar no sofá
de alguém. Consumi drogas a ponto de quase me matar por muitas
vezes. Parti para o ocultismo determinada a fazer contato com al-
gum tipo de ser espiritual que pudesse me ajudar, pois sabia que
nenhum ser humano poderia fazê-lo. Fiz contato com um ser espiri-
tual e, seja lá o que era, morri de medo. Meu medo e depressão
O poder transformador da oração 18
aumentavam cada vez mais. Explorei as religiões orientais, mas seus
deuses eram cruéis, distantes e frios. Se quisesse algo cruel, distante e
frio, eu poderia voltar a morar com minha mãe. Pelo menos, ela era
familiar e, naquele momento, eu sabia de onde ela vinha.
Aos vinte e poucos anos, eu já havia tido vários relacionamentos
com homens. Entretanto, aquele velho espírito de rejeição era quem
sempre dominava. Conseqüentemente, eu tratava de dispensá-los
antes que eles me dispensassem. Havia vários rapazes maravilhosos,
mas eles não conheciam meu verdadeiro “eu”. O “eu” destroçado, feri-
do, triste, ansioso, desesperado, suicida. E eu jamais poderia correr
o risco de deixá-los ver esse lado. Se eu quisesse lhes contar a verdade
sobre minha vida e meu estado emocional, a rejeição seria certa. Por
isso eu rompia o relacionamento enquanto tudo ainda estava bem.
Os rapazes ficavam confusos e se perguntavam por que eu os largava
sem dar nenhuma explicação. Era porque minha situação não tinha
explicação. Pelo menos eu não podia explicá-la.
Por causa de todos esses relacionamentos acabei por fazer dois
abortos. Um nos fundos de uma casa velha e em estado precário, em
Tijuana, onde o médico que o praticou me disse que, se eu morresse
durante a cirurgia, ele teria de jogar meu corpo no deserto. Ele já se
desculpou antes, caso isso acontecesse. O outro aborto foi no quar-
to de um hotel em Las Vegas, sem anestesia. Eu estava vedada e
amordaçada, e outro homem, o “assistente” do médico, se deitou
sobre meu corpo com todo o seu peso e pôs a mão em minha boca
para que eu não me mexesse ou gritasse. Foi pior que um pesadelo,
pois não havia esperança de que eu acordaria dele. Durante aqueles
dois momentos, a idéia de matar uma criança nunca havia passado
em minha mente. Continuar viva por mais uma semana era sempre
meu único objetivo.
Por fim, aos 28 anos, eu não podia mais manter essa fachada.
Nada em minha vida dava certo. Eu tinha uma carreira como can-
19 Qual é a oração que transforma tudo?
tora, dançarina e atriz de televisão, mas todos os espetáculos que
vinha fazendo haviam sido cancelados. Houve uma grande mudan-
ça nesse ramo em termos de diversidade musical e comédias. Isso
não me causou nenhum problema, pois eu já não tinha mais vonta-
de de cantar e nada mais tinha graça para mim.
Tive um breve casamento que, segundo minhas próprias expec-
tativas, não daria certo. E foi o que aconteceu. Minha saúde, mente
e emoções definharam junto com ele. Eu não podia mais manter as
aparências. Todas as minhas tentativas de encontrar uma saída para
a dor não davam em nada, e eu não podia mais lutar contra os
pensamentos suicidas que pugnavam todos os dias, até onde posso
me lembrar.
Planejei meu suicídio. Comecei a juntar soníferos e várias drogas
que pegava de amigos para fazer a coisa bem-feita. Não queria acor-
dar em um hospital, em algum lugar, depois de ter passado por
uma lavagem estomacal. Não queria mais acordar. Queria me li-
vrar da dor para sempre. Sabia que havia me tornado aquilo que
minha mãe muitas vezes havia dito — um verdadeiro fracasso que
nunca serviria para nada. Todas as imprecações degradantes que ela
usava para me descrever resumiam o modo como eu me sentia
com relação a mim mesma e à minha vida. E eu não podia mais
suportar isso.
Nessa época crítica, minha amiga Terry aproximou-se de mim e
me falou de Jesus. Ela já havia falado de Jesus antes de um modo
delicado, mas eu não ouvia. Ela foi mais insistente dessa vez porque
podia ver que eu não estava bem. Estávamos cantando juntas em
uma sessão de gravação quando ela me chamou durante um inter-
valo e falou comigo do modo mais direto possível. Ela disse que
vinha orando por mim durante os últimos quatro anos em que tra-
balhávamos juntas na televisão. Ela me ofereceu o amor de Deus
como o único meio de salvação e implorou para que eu fosse com ela
O poder transformador da oração 20
conhecer seu pastor. Não foi tanto o que ela me disse, mas o amor e
a preocupação que ela demonstrou enquanto falava que me con-
venceram a aceitar seu convite.
Nós nos encontramos com o pastor Jack Hayford em um conhe-
cido restaurante que ficava ali perto, e ele passou duas horas con-
versando comigo de um modo que me permitiu entender quem
realmente era Jesus. Suas palavras foram convincentes. E se o que ele
dizia era verdadeiro, eu queria a vida que Jesus havia prometido.
Ele me deu alguns livros para ler, dentre eles o Evangelho de João, e
pediu que voltássemos a nos encontrar com ele na semana seguinte.
Enquanto eu lia os livros durante aquela semana, meus olhos se
abriram para a verdade e a realidade do Senhor. Quando nós nos
encontramos com o pastor Jack novamente, ele me perguntou se eu
gostaria de receber Jesus e descobrir a vida que Deus tinha para
mim. Eu disse sim, cancelei meus planos de suicídio, e ele e Terry
oraram por mim. Eu não sabia ao certo em que estava me metendo,
mas podia sentir a paz de Deus nessas duas pessoas, e queria o que
elas tinham.
Imediatamente, minha vida começou a mudar. Comecei a fre-
qüentar a igreja do pastor Jack e, no momento em que entrei na
igreja, o amor de Deus foi tão forte que me levou às lágrimas. A
barragem começava a se romper. E isso não acontecia só comigo.
Todos sentiam o mesmo. Os comentários que circulavam naquela
época eram que você não deveria ir àquela igreja sem uma caixa de
lenços de papel e um rímel à prova de água.
A primeira coisa que aprendi na igreja foi a importância e o
poder da adoração e do louvor. O pastor Jack conduzia a adoração,
mas ele não só conduzia a música. Ele também nos ensinava a adorar
a Deus e por que Deus merecia todo o louvor que lhe rendíamos. Ele
nos falava sobre o quanto Deus nos amava, e de que modo pode-
ríamos retribuir esse amor por meio de nosso louvor e adoração.
21 Qual é a oração que transforma tudo?
A cada culto de que eu participava, a adoração transformava
minha vida. Ainda que nós todos estivéssemos ali para louvar a
Deus, nós éramos os únicos a ser abençoados, fortalecidos, enrique-
cidos, supridos e transformados. Toda vez que participava de um
culto de adoração, eu era transformada. Eu ia para adorar a Deus,
mas, durante o processo, Deus me transformava. Isso aconteceu há
anos, mas eu me lembro como se fosse ontem. Essa é razão por que
isso mudou completamente minha vida.
Freqüentei aquela igreja por vinte e três anos até minha família e
eu nos mudarmos para outro estado. Desde então, toda vez que
visito uma igreja, a primeira coisa que procuro é aquele tipo de
adoração que transforma a vida. O tipo de adoração que transfor-
ma tudo todas as vezes que você adora. O tipo de adoração que o
transforma, muda sua perspectiva. Transforma sua mente, sua vida
e suas condições.
Que poder se esconde no louvor a Deus?
Quer admitamos, quer não, ou até o reconheçamos em nós mes-
mos, todos seguimos, procuramos, idolatramos ou adoramos algo
ou alguém. E, seja o que for, o objeto de nossa adoração vai tornar-
se a principal motivação de nossa vida. Algumas pessoas adoram
celebridades. Outras adoram dinheiro ou bens materiais. Algu-
mas adoram seu emprego ou posição. Outras ainda adoram coisas
como natureza, beleza, comida, hobbies, sexo, música, amigos ou
diversão. Seja o que for, aquilo que adoramos influenciará nossa
vida.
A verdade é que nos tornamos o que ou quem adoramos (Sl 115.4-8).
Quando adoramos algo, isso afeta quem nos tornamos como
pessoa. Isso não significa que, se você adorar um astro do rock, vai
desenvolver uma voz estridente. Significa que você está adorando
algo que não tem o poder de salvá-lo de nada. Quando idolatramos
O poder transformador da oração 22
e procuramos outros deuses, eles não podem nos mudar, nos trans-
formar ou nos ajudar a encontrar nosso destino. Entretanto, quan-
do adoramos a Deus, ele pode fazer todas essas coisas e mais.
Quanto mais adoramos a Deus, mais semelhantes a ele nos tor-
namos.
Quem ou o que você adora afeta aquilo que flui de sua vida.
Quando buscamos o Senhor e o adoramos, então nós nos tornamos
tudo aquilo para o qual fomos criados.
Descobri que nós — a maioria das pessoas — não louvamos a
Deus como deveríamos ou poderíamos. E a razão disso é que real-
mente não sabemos o suficiente acerca da pessoa de Deus. Não en-
tendemos as muitas razões por que deveríamos adorá-lo. Além disso,
não podemos compreender o forte impacto que o louvor que ren-
demos a ele tem sobre nossa própria vida. Não reconhecemos a dá-
diva que o louvor é para nós e, portanto, não entendemos plenamente
o poder que podemos encontrar nele.
É como receber Jesus. Se as pessoas entendessem quem ele real-
mente é e tudo o que ele fez por elas, somente o coração mais insen-
sível hesitaria em recebê-lo em sua vida. Contudo, tantas mentiras
são ditas sobre ele, e há tantos conceitos errados sobre o que ele fez
e está fazendo hoje que as pessoas têm uma visão distorcida de Deus.
Se verdadeiramente entendêssemos quem é Deus, nosso louvor não
teria fim. Ele não poderia ser contido.
De fato não sabemos adorar a Deus a menos que passemos a
conhecê-lo. Podemos apreciar sua criação, mas isso não é a mesma
coisa que apreciá-lo. Na realidade, quando apreciamos mais sua
criação do que o próprio Deus, isso mostra que não o conhecemos.
Toda vez que louvamos e adoramos a Deus, recebemos uma nova
revelação de seu caráter. Entendemos mais sobre quem ele é. E
quando mais sabemos quem ele é, mais queremos demonstrar nos-
so amor e adoração.
23 Qual é a oração que transforma tudo?
Assim como Deus criou o homem e a mulher à sua
imagem, os deuses que escolhemos adorar manifestam
seus atributos no adorador. Por isso, ao decidir o que ou
quem adorar, você está tomando decisões na vida acerca
de seus valores, suas prioridades e o modo como levará a
vida.
JACK HAYFORD
Nascemos para adorar a Deus. Mas Deus não nos criou para que
fôssemos seres robóticos que lhe dizem quão maravilhoso ele é. Ele nos
criou para que estivéssemos em comunhão e parceria com ele. Toda
vez que louvamos a Deus pelo que ele é e por tudo o que ele tem feito,
nosso louvor libera seu poder capaz de transformar nossa vida. Sua
presença se manifesta para acalmar nosso coração para que ele pos-
sa ser moldado como ele bem entender. O louvor é o meio pelo qual
Deus transforma nossa vida e nos capacita para fazer sua vontade e
glorificá-lo.
Isso é o que há de mais surpreendente no louvor a Deus. Há um
dom oculto no louvor que parece fazer com que ele e a adoração a
Deus sejam tão grandes para nós quanto para ele. Duvido que Deus
precise ser lembrado de quem ele é, mas ele sabe que nós certamente
precisamos. Deus está seguro no conhecimento de sua grandeza,
perfeição e poder. Somos nós que esquecemos. Somos nós que preci-
samos mostrar-lhe que sabemos quem ele é. E quando estamos lou-
vando a Deus, demonstramos tudo isso para ele.
Adorar a Deus é o modo pelo qual ele pode desprender-nos de
nós mesmos e impedir-nos de apegar-nos ao mundo e, com isso,
começarmos a apegar-nos a ele. A intenção de Deus na adoração é
restaurar-nos, encher-nos, motivar-nos, abençoar-nos e satisfazer-nos
do modo que nunca imaginamos ser possível. Há certas bênçãos
O poder transformador da oração 24
que ele quer nos dar que só surgem em nossa vida quando nós o
adoramos.
Eu nunca soube o sentido da alegria até descobri-la na adoração.
Lembro-me de determinado dia em que muitas pessoas estavam
adorando juntas e pudemos sentir o poder do Espírito Santo en-
chendo o salão. De repente, Deus rompeu a dureza de meu coração.
Eu não imaginava que ele era duro até que a dureza se foi. E então
senti o maravilhoso amor de Deus e a alegria do Senhor. Nunca
havia conhecido isso antes. Esse sentimento existia plenamente sem
depender de circunstâncias, bens materiais ou aceitação do homem.
Estava ali simplesmente por causa da presença de Deus. Aquele foi o
dia de minha liberdade. O dia de minha independência pessoal. A
alegria não dependia de outra coisa senão de estar na presença de
Deus e permitir que sua presença me inundasse com seu amor. Rece-
bi tudo isso enquanto adorava a Deus.
Nossa maior bênção vem quando tiramos o foco de nós mesmos
e o colocamos inteiramente em Deus nos momentos de adoração e
louvor. Não é como se nosso maravilhoso Senhor fizesse algo que
tivesse tudo a ver com ele ser a coisa que mais nos abençoa quando a
fazemos?
O louvor torna-se o meio pelo qual Deus derrama de si mesmo
sobre nossa vida. Não é algo pelo qual podemos manipular Deus
para que faça. É um dom que ele dá àqueles que têm um verdadeiro
coração de amor e reverência por ele. Somente aqueles que colocam
Deus em primeiro lugar descobrem o poder secreto do louvor.
Fazendo do louvor uma prioridade
Recentemente passei pelos dois meses mais vazios, paralisantes e de-
primentes. Aparentemente, era como se eu não tivesse nada com
que me preocupar. Mas, por dentro, eu me sentia paralisada a pon-
to de não poder fazer muita coisa. E eu tinha tanta coisa para fazer.
25 Qual é a oração que transforma tudo?
Coisas boas. Coisas que sempre quis fazer. Contudo, não conseguia
fazer nada. Nunca me senti assim desde que me converti.
Orava incessantemente sobre esse problema, mas não conseguia
vencê-lo. Havia perdido a visão do futuro e tinha a impressão de
que não a recuperaria, independentemente do quanto me esforças-
se. Eu me sentia inútil, disparatada e sozinha, e, às vezes, até sem
esperança. Não conseguia enxergar outro dia e era uma batalha
vencer o dia-a-dia. Tinha problemas de concentração. Era impos-
sível ter um foco. Era como se eu estivesse sendo espremida em um
tornilho e então torcida como um trapo que se seca ao calor do dia.
Eu me sentia presa por minhas próprias bênçãos — pelas respostas
às minhas próprias orações. Queria estar em qualquer lugar menos
no lugar onde estava, se, com isso, conseguisse escapar do sofrimen-
to. E era difícil para mim estar neste lugar, pois eu tinha tantas res-
ponsabilidades e prazos que o fato de ir a algum lugar que não fosse
para meu laptop teria sido um crime. Para alguns mais rígidos, cer-
tamente seria passível de punição. Quanto mais eu tentava, menos
era capaz de fazer as coisas. É claro que eu orava a respeito com
meus parceiros de oração e alguns amigos e familiares, mas era em
vão. Nada mudava.
Certa noite, fiquei tão desesperada para pôr fim a essa dolorosa
indisposição que busquei a Deus mais uma vez do fundo do meu ser
e clamei: “Senhor, o que há de errado comigo? O que significa isso?
Estou fazendo alguma coisa errada? Dize-me o que eu deveria fazer
diferente. Não consigo fazer nada. Estou simplesmente acabada?
Será que trabalhei demais por muito tempo? Pensei que tu me havias
instruído a fazer as coisas que estava fazendo; mas eu me sinto incapaz
de fazer qualquer coisa neste exato momento. Será que me enganei
com relação à tua direção? Se foi isso que aconteceu, o que devo fazer?
Por favor, dize-me, Senhor. Ajuda-me a entender. Leva este fardo
para que eu possa respirar livremente e voltar a pensar com clareza”.
O poder transformador da oração 26
Por fim, tive uma nítida impressão em meu coração que, a meu
ver, era do Senhor. Era como o sol rompendo pelas nuvens após um
furacão. Tudo estava calmo e tranqüilo em contraste direto com a
intensidade dos momentos anteriores.
Ele disse: “Simplesmente me adore”.
Entendi que isso não deveria servir de prelúdio para qualquer
outra coisa, mas como um fim inteiramente em si mesmo. Não deve-
ria ser só para aquele momento ou até a manhã seguinte. Eu deveria
adorá-lo até que ele me dissesse o contrário.
Isso era muito difícil para alguém que gostava de orar por tudo,
cobrindo todas as bases e possíveis cenários. Contudo, Deus não
estava dizendo que eu não poderia orar por outras pessoas e situa-
ções, mas só que eu não deveria pedir nada para mim mesma naque-
le momento. Minha postura em meio à minha lamentável condição
deveria ser a de adoração e louvor na presença de Deus. Só isso.
“Simplesmente me adore”, ele disse.
Não que eu não soubesse adorar a Deus em meio às difíceis situa-
ções ou jamais tivesse feito isso. Eu já havia aprendido este poderoso
princípio muitos anos antes e havia feito do louvor e adoração a
Deus uma prioridade em minha vida. Eu sabia como fazê-lo. Sabia
por que eu o estava fazendo. Mas, desta vez, eu deveria fazê-lo como
o principal fim em si mesmo. Como se nada mais viesse em seguida.
“Deus, tu me estás preparando para a eternidade?”, perguntei.
“Esta sempre é uma verdade”, ele falou ao meu espírito outra vez.
“Mas não é chegada sua hora de morrer. Estou preparando seu co-
ração para realizar a obra que tenho para você, e preciso de toda a
sua atenção. Não me venha com suas listas neste momento, ainda
que as coisas de que você precisa sejam importantes para mim e eu
deseje que você supra em mim todas as suas necessidades. Logo
haverá novamente um momento para este tipo de oração, mas, nes-
te exato momento, você deve confiar que eu sei do que precisa. Neste
27 Qual é a oração que transforma tudo?
momento, quero que você simplesmente me adore. Exalte o meu nome
e louve-me por tudo o que eu sou. Deixe-me encher seu coração com
os meus pensamentos, e não com os seus.”
Foi o que fiz. Eu simplesmente o adorei.
Não foi fácil. Era como se eu estivesse no meio de uma terrível
tempestade e os ventos da tentação, da depressão, da dor e da tor-
menta me dilacerassem. Às vezes eu tinha a impressão de que não
sobreviveria. Temia que pudesse desabar e olhar para outro lugar, e
não para Deus, em busca de alívio. Não que eu não pudesse recorrer
a alguém para obter um aconselhamento pastoral ou um apoio de
oração. Eu estava bem cercada de tudo isso, e havia me valido dessas
opções muito mais do que, a meu ver, o tempo disponível da maio-
ria dessas pessoas generosas em sua agenda cheia. Mas eu sabia que
isso era entre mim e Deus. Ele estava fazendo algo que eu não pode-
ria entender ou explicar para outra pessoa no momento. E eu tinha
de passar por aquilo somente com ele.
Eu clamava a cada dia. Muitas vezes ao longo do dia. Na verdade,
clamar não é uma palavra forte o bastante. O que mais descrevia
meu estado eram os gemidos inexprimíveis. Eu era continuamente
ofuscada por rios de lágrimas sem fim. Mesmo quando não eram
visíveis no exterior, as lágrimas fluíam no interior. Sem nenhum
aviso, elas se apoderavam de mim em um instante e vinham à tona
tão copiosamente que eu tinha de me desculpar no lugar onde esta-
va ou ir para o acostamento da rua. Às vezes os soluços sufocavam
tanto meu íntimo que ficava difícil respirar. Não era simplesmente
algo emocional; era algo profundamente espiritual. E eu me sentia
como se estivesse em uma batalha. Uma batalha por minha alma.
Uma batalha por minha vida. Por minha existência. Uma batalha
por meu futuro. Não era uma batalha contra Deus, mas contra o
inimigo de minha alma. O inimigo que queria destruir-me e que já
havia tentado isso tantas vezes e com tanto esforço em meu passado.
O poder transformador da oração 28
Eu mantinha tudo isso em segredo. Não podia explicá-lo nem
queria tentar. Mais uma vez eu tinha de renunciar a todos os sonhos
que tinha. Havia feito isso no passado. Inúmeras vezes, na verdade.
Entregava meus sonhos para Deus e os deixava morrer. Então, ele
levava os sonhos que não eram dele e fazia reaparecer os que eram.
A diferença agora era que esses eram os sonhos que, em minha opi-
nião, Deus havia trazido de volta. Eram os sonhos que ele me dera,
e que eu achava que cabia a mim guardá-los. Era minha alegria
pensar nesses sonhos. E agora eu sofria terrivelmente para abrir
mão deles. Isso dilacerava a estrutura de meu ser. Mas eu tinha de
entregar tudo àquele que, por fim, determinaria se eu veria esses
sonhos concretizados ou não.
Resistir era inútil.
Em meio a tudo isso permaneci com meu coração prostrado aos
pés de meu Pai celestial, humilhada diante de seu trono e agarrada à
orla de suas vestes. Eu clamava toda vez que pensava nele. Na verda-
de, eu clamava a cada momento que pensava em qualquer coisa, mas
principalmente nele. E, sobretudo, quando pensava em tudo o que
ele havia feito por mim. No modo como ele havia enviado Jesus à
terra por mim. E enviado outras inúmeras pessoas também, sem
dúvida, mas esta não era a questão no momento. A questão era que
Deus queria que eu levasse nosso relacionamento de forma pessoal.
Eu pensava que estava fazendo isso, mas ele queria mais. O que ele
havia feito em minha vida até aquele momento iria ofuscar-se se
comparado ao que ele queria fazer em meu coração.
Deus queria reinar com tanta liberdade em meu coração a ponto
de eu o deixar quebrantá-lo, surrá-lo, esfregá-lo na areia e, então,
fazer algo novo. Essa é a razão por que ele queria fazer algo novo.
Enfim, não só para mim e para meu bem, mas para os outros também.
E eu estava disposta.
Eu estava disposta! Quando Deus toma você em suas mãos, é
melhor não resistir. É melhor aceitar o plano e levá-lo até o fim. A
29 Qual é a oração que transforma tudo?
vida jamais será a mesma se você agir assim. Algo maravilhoso sem-
pre estará faltando se você fizer o contrário.
Em meio a tudo isso, passei a ver muito mais como nosso Senhor
é tremendo e maravilhoso. Quão grande é a profundidade de seu
amor. Quão digno de nosso louvor e adoração ele é. Vemos tão pou-
co de sua grandeza com nossa mente finita. Somos praticamente
ingênuos em nossa abordagem com relação a Deus. Ele deseja muito
mais de nós porque ele tem muito mais para nós. E quando nós o
deixarmos agir, ele revelará mais de si mesmo para nós, até onde
pudermos agüentar.
Foram meses de todos os tipos de teste e tentação que você possa
imaginar para que, um dia, a tempestade cessasse. O tornilho par-
tiu-se. Os grilhões que estavam sobre minha vida finalmente se rom-
peram. Recuperei minha visão. Pude pensar no futuro outra vez. E
eu sabia que ele me estava preparando para algo. Quem sabe, para
escrever este livro. Isso ainda está para ser visto. Mas Deus definiti-
vamente queria que eu fizesse da adoração e do louvor uma priori-
dade maior em minha vida do que haviam sido antes.
Durante esse tempo, aprendi muito mais sobre o poder da
adoração e do louvor. Vejo que às vezes é isso tudo o que Deus
quer. Às vezes a adoração precisa ser nossa única arma, junto com a
Palavra de Deus, sem dúvida, pois ela lhe permite lutar o combate
por nós.
Deus sonda o coração de cada adorador. Ele sabe se ele é sincero,
verdadeiro, honesto e puro em sua motivação. Você sabe dizer sem-
pre quando alguém se aproxima de você agindo de modo agradá-
vel, mas será que essa pessoa tem motivos ocultos? Talvez faça meses
que ela tenha telefonado para você, mas agora ela quer algo de você
e tenta convencê-lo de que ela tem afeição por você para que possa
conseguir o que quer. Muitos pais já viram isso em seus filhos.
“Mãe, você está tão bonita. Posso comprar um videogame novo?”
O poder transformador da oração 30
“Pai, você é o melhor pai do mundo. Você me empresta o carro?”
Talvez seja assim que Deus se sente. Como um velhote rico ou um
caça-níqueis de sorte. Certamente ele deseja que seus filhos às vezes
simplesmente expressem sua afeição por ele e nada mais. Não estou
dizendo que não devemos orar pedindo coisas. Isso não é bíblico, e
certamente não é algo em que creio. Estou dizendo que, em nossa
oração, não podemos nos esquecer de fazer do louvor e da adoração
uma prioridade. Isso deveria fazer parte de toda oração.
Fomos criados para adorar a Deus. Trata-se de um estado em
que nossa alma encontra a verdadeira paz, descanso e propósito.
No entanto, esse estado deve tornar-se uma condição do coração,
um modo de vida, um padrão entrelaçado na estrutura do nosso
ser. A adoração deve passar a ser algo tão constante a ponto de não
mais ser uma decisão a ser tomada, pois a decisão já foi tomada. A
adoração deve tornar-se um estilo de vida.
Quando você fizer da adoração um estilo de vida, ela determinará a
imagem na qual você será formado e em que você se tornará.
Às vezes a única coisa que você fará em uma situação será louvar
e adorar. Você ficará em pé e louvará a Deus enquanto os furacões da
vida passam à sua volta, e verá Deus se mover em seu favor. E então
você entenderá o poder oculto do louvor. Quando você entender
esse conceito, ele transformará sua vida.
Não é que você dirá: “Entregarei tudo o que tenho e o
Senhor irá abençoá-lo”, mas, em vez disso, é o Senhor
que dirá: “Bendiga o meu nome, e eu irei dar-lhe tudo
o que tenho”. Esse é o poder que se esconde no louvor!
JACK HAYFORD
A adoração é uma escolha que fazemos. Quer adoremos, a Deus
ou não, sempre é um ato de nossa própria vontade. Nossa vontade
31 Qual é a oração que transforma tudo?
determina se fazemos de nossa adoração nossa primeira reação para
com as coisas que nos acontecem — ou não nos acontecem — ou um
último recurso. Se não fazemos de nossa adoração nossa primeira
reação, então não podemos fazer dela um estilo de vida. E se não
fizermos do louvor um estilo de vida, jamais experimentaremos tudo
o que Deus tem para nós.
Levando de forma pessoal
Uma das coisas mais importantes que você pode fazer em sua vida é
adorar com outros cristãos. Não posso enfatizar isso o bastante.
Esse tipo de louvor coletivo pode conduzi-lo e levá-lo a um lugar
onde você não poderia chegar sem ele. Algo acontece quando ado-
ramos a Deus junto com outros cristãos que não acontece com a
mesma intensidade quando estamos sozinhos. O louvor torna-se
uma força que incendeia a mudança no mundo à sua volta. Há uma
renovação, um reavivamento e um refrigério de nossa própria alma.
É surpreendentemente uma transformação de vida, e quando você
se deixar ser conduzido ao louvor, ele irá comover e transformar seu
coração. Mas se você sempre precisa recorrer a um grupo para ser
motivado, está lhe faltando um elemento importante em sua cami-
nhada pessoal com Deus. Seu próprio espírito e alma precisam
conectar-se com Deus de um modo que só é possível por meio de um
louvor e adoração freqüentes e constantes.
Não basta ler coisas sobre adoração, ouvir louvores de adora-
ção ou ouvir a adoração de outras pessoas; é você quem precisa de
fato adorar a Deus. É nos seus momentos pessoais de adoração que
você desenvolverá um relacionamento íntimo com ele. Se você já
está adorando a Deus sozinho e não sente sua presença íntima, con-
tinue a louvá-lo e a adorá-lo até que isso aconteça. Não é que você
tem de se esforçar para fazer com que Deus esteja perto de você. Ele
escolheu habitar em seu louvor. Mas você precisa dar-lhe tempo
O poder transformador da oração 32
para derrubar as barreiras em sua alma e adentrar as paredes de
seu coração para que ele possa derramar de si mesmo sobre sua
vida.
Deus sempre deve ser o único foco de sua adoração. Mas quando
você o adorar, dons e bênçãos serão derramados por ele sobre você.
Na adoração você perceberá por que foi criado. Você ouvirá Deus
falar a seu coração porque ele o abrandou e o fez menos resistente.
Na adoração você experimentará o amor de Deus. Ele transformará
suas emoções, atitudes e padrões de pensamento. Ele derramará seu
Espírito sobre você e deixará seu coração aberto para receber tudo
o que ele tem para você. Ele limpará sua mente para que você possa
entender melhor a Palavra dele. Ele o revigorará, renovará, enri-
quecerá, iluminará, curará, libertará e satisfará. Ele dará vida às
áreas mortas de sua existência. Ele o envolverá com seu poder e sua
alegria. Ele redimirá e transformará você e sua situação. Ele preen-
cherá seus vazios, irá libertá-lo da escravidão, levará seus medos e
dúvidas, aumentará sua fé e lhe dará paz. Ele quebrará as correntes
que o prendem e irá restaurá-lo por completo. Ele o colocará acima
de suas circunstâncias e limitações, e irá motivá-lo a ajudar os ou-
tros para que encontrem vida nele.
Preciso falar mais alguma coisa?
Nenhuma religião já foi maior do que a idéia que ela faz
de Deus.
A adoração é pura ou abjeta à medida que acolhe
pensamentos bons ou ruins acerca de Deus... Temos a
tendência, por uma lei secreta da alma, de seguir a imagem
mental que fazemos de Deus
JIM MAY
33 Qual é a oração que transforma tudo?
A adoração é de fato uma dádiva que Deus nos dá. É o meio pelo
qual encontramos nosso propósito na vida e então o vemos se cum-
prir de acordo com sua vontade. Na adoração não só reconhecemos
Deus e quem ele é, mas começamos a entender quem somos em rela-
ção a ele. É um modo de expressar nossa total dependência de Deus
e nossa submissão a ele. Contudo, para ver a concretização de tudo
isso, o louvor deve passar a ser um modo de vida. Como o ar que
respiramos. O rei Davi sempre falava do louvor a Deus. Ele disse:
“Bendirei o SENHOR em todo o tempo, o seu louvor estará sempre
nos meus lábios” (Sl 34:1).
O modo pelo qual sempre mantemos o louvor em nossos lábios é
permitindo que ele sempre esteja vivo em nosso coração por meio de
uma contínua atitude de adoração.
Deus procura verdadeiros adoradores pois, por meio deles,
ele pode realizar seus propósitos aqui na terra. “Vem a hora e já
chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espí-
rito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus
adoradores” (Jo 4:23). Ele quer revelar-se a si mesmo, sua glória e
seu poder para aqueles que olham para ele. “De lá, buscarás ao Se-
nhor, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu co-
ração e de toda a tua alma” (Dt 4:29). Somente quando buscarmos
a Deus na adoração é que encontraremos nosso verdadeiro propó-
sito na vida e começaremos a entender por que estamos aqui. E
somente então poderemos de fato começar a ver o cumprimento
desse propósito.
Quando aprendi a fazer do louvor e da adoração uma priorida-
de, isso transformou meu ser e minha situação. Quero que isso acon-
teça com você também. Quero que você realmente entenda o poder
oculto do louvor pois, quando você o fizer, ele se tornará a oração
que transformará tudo em sua vida.
O poder transformador da oração 34
O restante do livro
O restante do livro está dividido em duas seções principais:
• A primeira parte oferece quinze razões para louvar a Deus
agora. Essas são as coisas que sempre são verdadeiras acerca
de Deus. Elas nos lembram de quem ele é, independente-
mente do que esteja acontecendo em nossa vida. Sem dúvi-
da, há muitas outras razões, além dessas, para louvarmos a
Deus, mas essas são as razões importantes que temos a ten-
dência de esquecer.
• A segunda parte oferece quinze momentos em que o louvor
é importante. Essas são as situações em nossa vida durante
as quais muitas vezes nos esquecemos de louvar a Deus. Mais
uma vez, há muito mais do que quinze momentos, e estou
certa de que você pensará em alguns à medida que estiver
lendo este livro. Quando esses exemplos tiverem um lugar
de pleno entendimento em seu coração, eles mudarão seu
modo de relacionar-se com Deus, dia a dia, pelo resto de sua
vida.
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