UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
ADRIANA GRAFF CARVALHO
MONIQUE SANTOS BOTELHO
O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NO COTIDIANO DOS
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE:
Avaliando o impacto do Projeto de Extensão Bioverde
Biguaçu (SC)
2008
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ADRIANA GRAFF CARVALHO
MONIQUE SANTOS BOTELHO
O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NO COTIDIANO DOS
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE:
Avaliando o impacto do Projeto de Extensão Bioverde
Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Enfermeiro, na Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Biguaçu. Orientação: Enfª. Profª. Msc. Teresa Cristina Gaio.
Biguaçu (SC)
2008
3
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
ADRIANA GRAFF CARVALHO
MONIQUE SANTOS BOTELHO
O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NO COTIDIANO DOS
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE:
Avaliando o impacto do Projeto de Extensão Bioverde
Área de Concentração: Saúde Coletiva
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________
Profª. Msc. Teresa Cristina Gaio UNIVALI – Campus Biguaçu
Orientadora
_______________________________________
Profª. Msc. Maria Catarina da Rosa UNIVALI – Campus Biguaçu
Membro
_______________________________________
Profª. Msc. Maria Lígia dos Reis Bellaguarda UNIVALI – Campus Biguaçu
Membro
Biguaçu
2008
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos...
À Deus, por iluminar nossos caminhos e nos colocar frente à
enfermagem com a digna missão de desempenhar cuidados de saúde
com amor e valorização ao ser humano.
À nossa orientadora e amiga, Professora Teresa Gaio, por ter
nos apoiado, auxiliado e incentivado durante toda a realização da
pesquisa, e principalmente por ter acreditado em nossa capacidade.
Às professoras membros da banca, Maria Catarina e Maria Lígia,
que contribuíram significativamente à nossa formação e estão mais
uma vez presentes nesse processo de avaliação e apoio a valorização
desta pesquisa e da nossa carreira profissional.
Às Agentes Comunitárias de Saúde que foram atenciosas e
disponibilizaram seu tempo para contribuírem de forma significativa
na realização desta pesquisa.
Às Famílias que nos receberam em seus domicílios de forma
carinhosa e aconchegante, também contribuindo com a vitória de
mais uma etapa de nossa formação.
Aos nossos amigos Bruna, Carol, Cleidson e Raquel pela
amizade, companheirismo, carinho e incentivo, onde juntos
percorremos o caminho da vitória.
5
Eu Adriana, agradeço...
Aos meus filhos, por entenderem minha ausência nessa fase tão importante de suas
vidas e por me fortalecerem com a injeção do amor, incentivo e coragem, acreditando na
minha capacidade. Vocês são as estrelas que brilham e iluminam a minha vida!
Àqueles que me trouxeram ao mundo, por seus sábios conselhos, que mesmo à
distância me transmitiram energia para conseguir vencer mais uma etapa da minha vida.
Vocês são os exemplos para mim.
Às minhas irmãs, por todo o apoio e por entenderem minha ausência nos momentos
de encontro familiar.
À minha amiga Monique, companheira dessa árdua jornada, pela paciência, incentivo
e cumplicidade no desenvolvimento desta pesquisa. Espero que nossos caminhos se cruzem
no decorrer da vida profissional e pessoal.
Eu Monique, agradeço...
Aos meus pais, Sandra e Darcy, por todo amor, educação, carinho, dedicação, apoio
e por acreditarem que eu seria capaz.
A minha irmã, Grazieli, pelo companheirismo e amor.
Ao Leonardo meu namorado, amigo e companheiro, por todo
amor, carinho e incentivo. Por acreditar e me fazer acreditar, mesmo
nos momentos de aflição, que “no final tudo dá certo” e realmente
você estava certo.
À minha amiga Adriana, por toda amizade, carinho e pela
companhia nos momentos de alegria e dificuldades, a qual sempre
me apoiou e me divertiu.
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O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NO COTIDIANO DOS AGENTES
COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: Avaliando o impacto do Projeto de Extensão Bioverde
Autoras: Adriana Graff Carvalho
Monique Santos Botelho
Orientadora: Profª. Msc. Teresa Cristina Gaio
Defesa: Junho 2008
Resumo:
Esta pesquisa foi realizada no Município de Biguaçu, nas dependências da Universidade do Vale do Itajaí, onde é oferecido o Curso de Plantas Medicinais proposto pelo Projeto de Extensão Bioverde do Curso de Graduação em Enfermagem, e em domicílios das microáreas pertencentes à Clínica Integrada de Atenção Básica à Saúde - CIABS e a Unidade Central de Saúde - UCS, tendo como sujeitos de pesquisa 21 Agentes Comunitárias de Saúde - ACS, participantes do projeto e 21 famílias sob a orientação de cada um destes. O estudo caracterizou-se como quantitativo do tipo exploratório tendo como objetivo Avaliar o Impacto do Curso de Plantas Medicinais do Projeto de Extensão Bioverde na utilização das plantas medicinais no cotidiano das ACS. Quanto ao marco conceitual, optamos pela Teoria da Diversidade e Universalidade Cultural de Cuidado de Madeleine M. Leininger, por considerar que esta pode subsidiar nossos objetivos já que propõe como base a compreensão da cultura de cada povo, de suas crenças e valores. Utilizamos seus conceitos e outros inter-relacionados como os de Elsen e Travelbee. Para a coleta dos dados utilizamos um questionário semi-estruturado que foi aplicado durante as reuniões do curso com as ACS e em visitas domiciliares nas famílias das mesmas que aceitaram participar do estudo. A análise demonstrou que das 21 ACS, 13 (62%) atuam na CIABS e 8 (38%) na UCS. Observa-se o aumento de conhecimento sobre plantas medicinais, sendo que antes de freqüentarem o curso, as ACS relataram terem conhecimento de 23 plantas e relataram orientar 44 plantas para doenças às famílias após o curso, representando um aumento de 52% de seus conhecimentos. A análise das famílias demonstrou que das 21 representantes, 13 (62%) são integrantes da CIABS e 8 (38%) da UCS. Destes, 17 (81%) responderam que as ACS lhes passaram alguma informação sobre plantas medicinais e 4 (9%) responderam que não passaram. As famílias foram unânimes em responder que utilizavam plantas medicinais antes das orientações das ACS, representando 100%. Destes, 15 (71%) relataram que as orientações das ACS contribuíram para seus conhecimentos sobre plantas medicinais e 6 (29%) que não contribuíram. Conclui-se que houve um aumento dos conhecimentos das ACS, principalmente para as orientações sobre as plantas e o projeto contribuiu significativamente para o enriquecimento do conhecimento das famílias, já que estas seguem uma cultura do uso de plantas medicinais. Palavras-chave: Planta Medicinal. Agente Comunitário de Saúde. Enfermagem.
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MEDICINAL PLANTS USE IN THE COMMUNITY HEALTH AGENTS`
COTIDIAN: Valuing the “Bioverde” Extension Project`s Impact
Authors: Adriana Graff Carvalho
Monique Santos Botelho
Adviser: Profª. Msc. Teresa Cristina Gaio
Publication: June 2008
Abstract:
This research was conducted in Biguaçu city, in dependencies of “Universidade do Vale do Itajaí”, where the Medicinal Plants course is offered, proposed by the “Bioverde” (Green Bio) Extension Project in Nursing Graduation Course, and in residences at micro areas of the “Clínica Integrada de Atenção Básica à Saúde – CIABS” (Integrated Clinic of Health’s Basic Attention - ICHBA) and the “Unidade Central de Saúde –UCS” (Health’s Central Unit - HCU). The research had 21 Community Heatlh Agents (CHA) as survey`s subject, project participants and 21 families under the guidance of each one of these. The study was characterized as quantitative exploratory type, with the aim to Value the Medicinal Plants Course of the “Bioverde” (Green Bio) Extension Project in the Community Health Agents’ Cotidian. The Theory of Cultural Diversity and Universality Care, of Madeleine M. Leiniger was chosen as the conceptual mark, considering that it can subzidize our goals, since the it is based on understanding the culture of each people, their beliefs and values. We used its concepts and other inter-related such as Elsen and Travelbee. For data collection we used a semi-structured questionaire, which was implemented during the course meetings with the CHA and home visits of families that agrrd to participate in the study. The analysis showed that of the 21 CHA, 13 (62%) work in the ICHBA and 8 (38%) in the HCU. It was observed a increase of the knowledge about medicinal plants, before attending to the course, the CHA reported that they had knowledge about 23 medicinal plants, and they reported that advised about 44 plants for diseases to the families after the course, a 52% increase of their knowledge. The family analysis showed that 13 out of 21 representatives (62%) are ICHBA members and 8 of HCU (38%). Of these, 17 (81%) anwsered that the CHA gave some information on medicinal plants and 4 (9%) that did not recieve any. It was unanimous the awnser of the families that they used medicinal plants before the CHA advices, representing 100%. Of theses, 15 (71%) reported that the guidelines of the CHU contributed to their knowledge of medicinal plants and 6 (29%) reported that they did not contributed. The conclusion is that there was an increase in the CHA's knowledge, primarily for the orientation about the plants, the project contributed significantly to enhance the families' knowledge, since the use of medicinal plants is part of their culture Keyword: Medicinal Plants. Community Health Agent. Nursering.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................13
2 OBJETIVOS.........................................................................................................................16
2.1 Objetivo Geral.....................................................................................................................16
2.2 Objetivos Específicos..........................................................................................................16
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................17
3.1 História da Fitoterapia no Mundo.......................................................................................17
3.2 História da Fitoterapia no Brasil.........................................................................................19
3.3 Conjuntura das Políticas de Saúde sobre Fitoterapia..........................................................21
3.4 O Programa Saúde da Família e o Agente Comunitário de Saúde.....................................24
3.5 Projeto de Extensão Bioverde.............................................................................................26
3.6 Educação Continuada proporcionada pelo Projeto de Extensão Bioverde.........................27
4 MARCO CONCEITUAL....................................................................................................28
4.1 Pressuposições Básicas.......................................................................................................29
4.2 Conceitos.............................................................................................................................30
5 METODOLOGIA................................................................................................................33
5.1 Tipo de Estudo....................................................................................................................33
5.2 Descrição do Local de Estudo.............................................................................................33
5.3 Sujeitos do Estudo...............................................................................................................33
5.4 Coleta de Dados..................................................................................................................34
5.5 Aspectos Éticos...................................................................................................................34
6 ANÁLISE DE DADOS........................................................................................................36
6.1 Análise do questionário semi-estruturado aplicado às ACS...............................................36
6.2 Análise do questionário semi-estruturado aplicado às famílias..........................................56
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................67
REFERÊNCIAS......................................................................................................................70
9
APÊNDICES............................................................................................................................73
Apêndice A - Termo de Compromisso de Orientação..............................................................74
Apêndice B - Termo de Aceite da Instituição...........................................................................75
Apêndice C - Questionário Semi-Estruturado de Pesquisa aos ACS........................................76
Apêndice D - Questionário Semi-Estruturado de Pesquisa às Famílias...................................77
Apêndice E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante...........................78
Apêndice F-Termo de Compromisso para Utilização de Imagens dos Sujeitos da Pesquisa...79
ANEXOS..................................................................................................................................80
10
LISTA DAS TABELAS
Tabela 1: ACS que tinham conhecimento sobre plantas medicinais antes de participarem do
Projeto de Extensão Bioverde...................................................................................................42
Tabela 2: ACS que passaram a utilizar plantas medicinais após o curso................................44
Tabela 3: Contribuição do Projeto para enriquecimento das orientações das ACS para as
famílias......................................................................................................................................46
Tabela 4: Estatística da utilização das plantas medicinais após orientações das
ACS...........................................................................................................................................51
Tabela 5: Número de ACS que gostariam que fossem abordados outros temas no Projeto em
2008...........................................................................................................................................54
Tabela 6: Número de ACS que gostariam de participar do Projeto em 2008..........................56
Tabela 7: Porcentagem de ACS que passaram alguma informação sobre plantas medicinais às
famílias......................................................................................................................................61
Tabela 8: Utilização de plantas medicinais antes das orientações das ACS............................63
Tabela 9: Contribuição das orientações das ACS para o conhecimento das famílias sobre
plantas medicinais.....................................................................................................................65
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Unidade de Saúde dos ACS sujeitos de pesquisa...................................................37
Gráfico 2: Sexo dos ACS sujeitos de pesquisa........................................................................38
Gráfico 3: Idade das ACS sujeitos de pesquisa.......................................................................39
Gráfico 4: Escolaridade das ACS sujeitos de pesquisa............................................................40
Gráfico 5: Procedência das ACS sujeitos de pesquisa.............................................................40
Gráfico 6: Tempo de residência em Biguaçu das ACS sujeitos de pesquisa...........................41
Gráfico 7: Período de atuação das ACS sujeitos de pesquisa..................................................42
Gráfico 8: Principais plantas medicinais orientadas à comunidade pelas ACS antes da
participação no Projeto de Extensão Bioverde..........................................................................44
Gráfico 9: Plantas Medicinais utilizadas pelas ACS após freqüentarem o Projeto de Extensão
Bioverde....................................................................................................................................45
Gráfico 10: Contribuição do Projeto Extensão Bioverde no enriquecimento das orientações
sobre plantas medicinais repassadas pelas ACS às famílias.....................................................47
11
Gráfico 11: Principais doenças que as ACS orientaram plantas medicinais às famílias.........48
Gráfico 12: Plantas medicinais orientadas pelas ACS às famílias para as principais
doenças......................................................................................................................................49
Gráfico 13: Conhecimento adquirido pelas ACS após o curso do Projeto de Extensão
Bioverde....................................................................................................................................50
Gráfico 14: Utilização das plantas medicinais pelas famílias a partir das orientações das
ACS...........................................................................................................................................52
Gráfico 15: Modificação nos cuidados das famílias a partir das orientações das ACS sobre
plantas medicinais.....................................................................................................................53
Gráfico 16: Temas que as ACS gostariam que fossem abordados no Projeto de Extensão
Bioverde em 2008.....................................................................................................................55
Gráfico 17: Unidade de Saúde das famílias sujeitos de pesquisa............................................56
Gráfico 18: Sexo do representante das famílias sujeitos de pesquisa.....................................57
Gráfico 19: Idade do representante das famílias sujeitos de pesquisa....................................58
Gráfico 20: Escolaridade do representante das famílias sujeitos de pesquisa.........................58
Gráfico 21: Número de integrantes do grupo familiar que participaram da pesquisa do
TCC...........................................................................................................................................59
Gráfico 22: Procedência das famílias sujeitos de pesquisa......................................................60
Gráfico 23: Tempo de residência em Biguaçu das famílias sujeitos de pesquisa....................60
Gráfico 24: Plantas medicinais informadas pelas ACS às famílias sujeitos de pesquisa........63
Gráfico 25: Plantas medicinais utilizadas pelas famílias antes das orientações das ACS.......64
LISTA DE SIGLAS
ACS Agente Comunitário de Saúde
CIABS Clínica Integrada de Atenção Básica à Saúde
CNS Conferência Nacional de Saúde
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de Saúde
PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PNPIC Política Nacional de Práticas Integradas e Complementares
PSF Programa Saúde da Família
SUS Sistema Único de Saúde
12
UBSF Unidade Básica de Saúde da Família
UCS Unidade Central de Saúde
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí
VD Visita Domiciliar
13
1 INTRODUÇÃO
O tema abordado nesta pesquisa foi definido a partir da empatia de nós acadêmicas
pelas disciplinas de Fitoterapia do 3º período e da disciplina Saúde da Mulher, Criança,
Adolescente, Adulto e Idoso do 6º período, onde é abordado a Saúde da Família na
comunidade e a atuação do Agente Comunitário de Saúde - ACS, do Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
Nossa pretensão em atuar futuramente na área da Saúde Coletiva, onde a atuação do
ACS é importante na equipe de saúde, assim como o conhecimento empírico sobre o uso das
plantas medicinais pelas famílias, nos levou a questionar como o Curso de Plantas Medicinais
do Projeto de Extensão Bioverde ministrado aos ACS de Biguaçu desde 2007, contribui no
cotidiano de trabalho dos mesmos e na comunidade atendida.
Por ser um projeto desenvolvido na Universidade em que cursamos achamos
importante ter conhecimento sobre os benefícios proporcionados à comunidade, aos ACS e à
própria Universidade, através da avaliação do impacto que esse causa aos sujeitos envolvidos,
podendo contribuir para o fortalecimento e valorização da Fitoterapia.
Atualmente a prática do uso das plantas medicinais vem sendo utilizada com uma
freqüência cada vez maior, sendo esta terapêutica hoje nomeada como Fitoterapia. Esta prima
pelo resgate da sabedoria popular e tradições culturais como base para o trabalho na pesquisa
científica.
Destaca-se a grande importância do projeto proporcionar este envolvimento da
Universidade com a comunidade e seus ACS, pois estes têm importante participação nas
atividades assistenciais desenvolvidas pelos acadêmicos da UNIVALI no Município de
Biguaçu, assim contribuindo para um melhor inter-relacionamento.
A utilização de plantas medicinais é uma prática milenar onde o ser humano sempre
buscou o seu uso para lhe proporcionar a manutenção e recuperação de sua saúde. O
conhecimento sobre a utilização de plantas tornou-se uma sabedoria popular e tradição
cultural sendo repassada de geração a geração até os dias atuais.
As plantas medicinais foram muito utilizadas pelos chineses, uma das culturas que
mais valorizam até os dias atuais essa prática, e romanos e gregos, encontrando-se grandes
estudiosos sobre essa temática que desenvolveram pesquisas sobre as propriedades
terapêuticas ou tóxicas dessas ervas, sendo estes grandes contribuidores ao conhecimento
sobre a manipulação de plantas medicinais.
14
No Brasil a utilização de ervas medicinais originou-se nas tribos indígenas, seus
primeiros habitantes, para cura de doenças, ajuda em seus trabalhos manuais e rituais. Mais
tarde também influenciada pelas colonizações que aqui aportaram.
O Brasil possui uma flora riquíssima em espécies com princípios ativos prontos,
detendo 30% das florestas tropicais da Terra, embora este reúna a flora mais diversificada do
planeta, apenas 0,4% das espécies são conhecidas quimicamente. (JUNIOR, A., 2003). A
maioria das plantas medicinais ainda é utilizada a partir do conhecimento popular e cultural.
Ressalta-se que este possui grande potencial para o desenvolvimento da Fitoterapia,
como a maior diversidade vegetal do mundo, ampla sociodiversidade, uso de plantas
medicinais vinculado ao conhecimento tradicional e tecnologia para validar cientificamente
este conhecimento. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Do ponto de vista histórico a mulher-mãe tem assumido para si, o papel de cuidadora
principal, ao proporcionar um cuidado verdadeiro, atencioso e dedicado, para garantir a
família um estado de higidez, breve recuperação dos quadros nosológicos e reinserção sócio-
familiar na pós-modernidade. Estas mulheres-mães adotam um estilo de cuidar herdado
culturalmente de seus ancestrais, construídos a partir da leitura do mundo, da sua observação
sensível, e de uma certa dose de intuição. Nesse contexto aparecem as plantas medicinais,
como uma modalidade de atenção intermediada pela sabedoria da mulher-mãe e pelo
conhecimento técnico-científico da enfermeira-educadora. (WINNICOTT 1982; CABRAL &
TYRRELL 1995 apud MEDEIROS; CABRAL 2001).
As plantas medicinais têm tido papel cada vez mais importante dentro do contexto da
saúde, pois cresce a cada ano o número de profissionais e pacientes que procuram este recurso
para amenizar seus males. Isto explica o porquê do descrédito cada vez maior com os
medicamentos alopáticos, carregados de efeitos colaterais, e na maioria das vezes paliativos.
(FERRO, 2006).
Em dezembro de 2005, foi aprovada a Política Nacional de Práticas Integradas e
Complementares – PNPIC no Sistema Único de Saúde - SUS pelo Conselho Nacional de
Saúde. Esta política objetiva a implementação de experiências, dentre elas a Fitoterapia, que
vêm sendo desenvolvidas na rede pública de muitos municípios e estados brasileiros, visando
à ampliação de opções terapêuticas no SUS, garantindo o acesso a plantas medicinais,
fitoterápicos e serviços relacionados à Fitoterapia. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006;
RODRIGUES, 2006).
Em Biguaçu as Unidades Básicas de Saúde, Clínica Integrada de Atenção Básica à
Saúde - CIABS e Unidade Central de Saúde – UCS, trabalham com o Programa Saúde da
15
Família – PSF o qual se propõe a desenvolver ações de prevenção, promoção e recuperação à
saúde do indivíduo, da família e da comunidade, ao nível da atenção básica de forma integral
e contínua.
A CIABS e a UCS atuam com três equipes de PSF; cada equipe é composta por um
enfermeiro, um médico, um técnico de enfermagem e até dez ACS.
Desenvolvemos esta pesquisa com 21 Agentes Comunitários de Saúde, pertencentes às
unidades supracitadas, que participaram no ano de 2007 do Projeto de Extensão Bioverde
proposto pela Universidade do Vale do Itajaí, o qual proporciona aos ACS uma capacitação e
educação sobre o conhecimento da Fitoterapia, sabendo que a comunidade utiliza as plantas
medicinais no seu dia a dia.
Para enriquecimento da pesquisa também aplicamos um questionário semi-estruturado
aos ACS e a uma família sob a orientação de cada um destes participantes do curso. Através
dos dados coletados realizamos uma análise qualiquantitativa.
Este estudo se justifica perante a academia pela importância da aplicação do
conhecimento do uso da Fitoterapia, através dos ACS responsáveis por uma importante
ligação da comunidade com o serviço de saúde, a uma população que traz consigo
culturalmente a utilização de plantas medicinais. Destarte o custo para a busca de uma melhor
qualidade de vida torna-se menor, com baixos efeitos colaterais e valorização da cultura local.
Esta pesquisa buscou responder a pergunta norteadora do estudo: Qual o impacto do
Curso de Plantas Medicinais do Projeto de Extensão Bioverde na utilização das plantas
medicinais no cotidiano dos Agentes Comunitários de Saúde – ACS?
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:
• Avaliar o impacto do Curso de Plantas Medicinais do Projeto de Extensão Bioverde na
utilização das plantas medicinais no cotidiano dos Agentes Comunitários de Saúde.
2.2 Objetivos Específicos:
• Identificar o perfil dos ACS participantes do Projeto Bioverde;
• Levantar o conhecimento prévio dos ACS sobre o uso de plantas medicinais anterior a
sua participação no Projeto Bioverde;
• Identificar as plantas medicinais mais orientadas pelos ACS às famílias de sua micro-
área;
• Conhecer de que forma o Projeto Bioverde contribuiu no cotidiano dos ACS;
• Levantar a necessidade da continuidade da participação do ACS no Projeto Bioverde;
• Conhecer como as famílias orientadas pelos ACS utilizam as plantas medicinais;
• Avaliar o impacto da orientação dos ACS sobre o uso das plantas medicinais nas
famílias;
• Participar das atividades do Projeto Bioverde no primeiro semestre de 2008,
contribuindo com temas relevantes para o grupo;
• Apresentar aos ACS participantes do Curso do Projeto Bioverde os resultados da
pesquisa.
17
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desde a existência do ser humano, este busca na natureza recursos que lhe proporcione
e recupere sua qualidade de vida para aumentar sua vida cronológica com a melhoria de sua
saúde. Em todas as épocas e culturas, este aprendeu a tirar proveito dos recursos naturais,
utilizando plantas para busca dessa qualidade de vida.
3.1 História da Fitoterapia no Mundo
Toda a história da medicina encontra-se ligada às plantas medicinais associada a
práticas mágicas, místicas e ritualísticas, marcando a evolução da arte de curar, tornando-se
difícil delimitar com exatidão o seu princípio. As terapias alopáticas disponíveis na atualidade
não têm muito mais do que um centenário de idade. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA,
1996).
De acordo com Antônio Amaury Silva Junior (2003), a busca e o uso de plantas com
propriedades terapêuticas é uma prática multimilenar, atestada em vários tratados de
fitoterapia das grandes civilizações há muito desaparecidas.
Na Antigüidade acreditava-se que seres dotados de inteligência instintiva e de intenso poder sobre o plano material poderiam efetuar curas surpreendentes, sob o domínio da magia do reino vegetal baseando-se no conhecimento dos espíritos das plantas. Crença esta, retomada pelo alquimismo e sustentada pelo ocultismo. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996, p.09).
Ainda hoje, dentro da lógica da magia, tanto a medicina oriental como a ocidental,
mistura o conhecimento dos efeitos terapêuticos de certas plantas com invocações e rezas para
expulsar as doenças. Portanto, concebidas ou não como seres espirituais, as plantas
adquiriram fundamental importância na medicina popular por suas propriedades terapêuticas
ou tóxicas. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996).
Os chineses, desde 3000 a.C. dedicavam-se ao cultivo de plantas medicinais iniciado
por Sheu-ing, trazendo relatos de cura através de plantas. Destaca-se a obra do imperador
Cho-Chin-Kei, o “Hipócrates chinês”, que traz um estudo bem detalhado sobre o poder
terapêutico das plantas. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996).
Desde então surgiram vários tratados de ervas e plantas medicinais, chamados Pen-tsao. Atualmente, a China mantém laboratórios de pesquisa e grupos de cientistas trabalhando exclusivamente para desenvolver produtos farmacêuticos a partir das ervas medicinais da tradição popular. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996, p.10).
18
Desde 2300 a.C. os egípcios, assírios e hebreus cultivaram diversas ervas e plantas
medicinais úteis. A Índia era conhecida como o “Eldorado dos medicamentos ativos”, pela
riqueza de sua flora medicinal, desenvolvendo importantes pesquisas e criando substratos de
drogas como sândalo e canela. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996).
Na Antiga Grécia as plantas e o valor terapêutico ou tóxico eram bastante conhecidas. Hipócrates (460-377 a.C.), o “Pai da Medicina”, reuniu em sua obra “Corpus hippocraticum” a síntese dos conhecimentos médicos de seu /tempo, indicando, para cada enfermidade, o remédio vegetal e o tratamento adequado. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996, p.10).
Segundo Ferro (2006) Theophrastus (370-286 a.C.), botânico grego considerado o pai
da botânica, sistematizou o conhecimento sobre plantas medicinais no Tratado de Odores,
incluindo propriedades medicinais, preparações e usos. Foi sucessor de Aristóteles (384-322
a.C.) na direção da Escola de Atenas, realizando importantes trabalhos botânicos sobre as
drogas da época. Determinou peculiaridades e qualidades médicas das ervas, observando seus
aspectos farmacêuticos e farmacológicos. Seus trabalhos influenciam até os dias de hoje na
atividade farmacêutica.
No século I d.C. Dioscórides, médico grego, enumerou em seu tratado “De Materia Medica” mais de 500 drogas de origem vegetal, descrevendo o emprego terapêutico de muitas delas com seus nomes, descrição e qualidades medicinais. Nos tratados médicos gregos (mais do que nos botânicos) é que realmente se fizeram avanços sobre a identidade de plantas e suas propriedades terapêuticas. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996, p.10).
A obra de Dioscórides passa a ser usada como guia de ensino no mundo romano e no
árabe, continuando em vigor até finais da Idade Média. (FERRO, 2006).
Galeno, médico romano, escreveu mais de 200 obras e foi considerado o “Pai da
Farmacêutica” devido à maneira como elaborava os medicamentos. (CORDEIRO; NUNES;
ALMEIDA, 1996).
Galeno teve importância excepcional em virtude da sua influência que foi muito além
do tempo em que viveu. Tinha muito apreço pelas qualidades das plantas medicinais e, com
elas, enriqueceu o arsenal terapêutico da época. Dita ainda que, o romano Celso, importante
médico da Antigüidade, cujos trabalhos e obras praticamente assentaram as raízes da
homeopatia e exerceram influências sensíveis por inúmeros anos. (FERRO, 2006).
Na Idade Média (476-1453 d.C.) a medicina e o estudo das plantas medicinais
sofreram um longo período de estagnação. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, p.11).
De acordo com Ferro (2006), somente a Igreja tinha acesso ao conhecimento, foi um
período de privação do saber. Houve um retrocesso na evolução da Arte de Curar, sendo
restrito aos monges e sacerdotes o uso de plantas medicinais. A estagnação da terapêutica
19
quanto ao uso de novos fármacos durante a Idade Média foi de algum modo compensada
pelos árabes, que ao dominarem o comércio do oceano Índico e os caminhos das caravanas
provenientes da Índia e da África, tiveram acesso a muitas das plantas dessas regiões,
difundindo-as.
Teophrastus Bombastus von Hohenheim (1493), conhecido como Paracelso, foi um
dos principais responsáveis pelo avanço da terapêutica. Admitia que cada doença, resultante
do supérfluo do corpo, tinha seu antídoto na mistura elemental, de modo que, por intermédio
das plantas e dos minerais se poderia descobrir a origem das enfermidades. A tarefa do
médico seria a de estimular a resistência do corpo através dos remédios naturais, a fim de que
o organismo encontre em si próprio a cura. Preconizava que o poder curativo de uma planta
reside em seu espírito, reconhecendo a relação entre o corpo e a alma. (CORDEIRO; NUNES;
ALMEIDA, 1996).
Ferro (2006) relata que Paracelso considerava que uma doença se podia curar com
aquilo com que ela tivesse semelhança. Pensamento que não era original do médico suíço,
pois os índios da América do Sul e, possivelmente, de outros continentes tinham as mesmas
idéias sobre os sinais das plantas e suas relações com o valor curativo.
Em 1796, o médico Samuel Hahnemann lançou as bases da homeopatia, apresentando,
14 anos depois, um resumo completo da nova forma de tratamento, contrariando a medicina
alopata. (CORDEIRO; NUNES; ALMEIDA, 1996).
O conhecimento sobre as plantas tem sempre acompanhado a evolução do homem através dos tempos. As primitivas civilizações cedo se aperceberam da existência, ao lado das plantas comestíveis, de outras dotadas de maior ou menor toxicidade que, ao serem experimentadas no combate à doença, revelaram, embora empiricamente, o seu potencial curativo. Toda essa informação foi sendo, de início, transmitida oralmente às gerações posteriores, para depois, com o aparecimento da escrita, passar a ser compilada e guardada como um tesouro muito precioso. (FERRO, 2006, p.01).
Nos dias atuais, o estudo das plantas está muito difundido, e a cada dia apresentam-se
trabalhos científicos sobre as plantas, sua composição e a sua ação terapêutica, bem como a
melhor forma de apresentação e utilização.
3.2 História da Fitoterapia no Brasil
No Brasil, antes mesmo de seu descobrimento, os índios utilizavam plantas medicinais
para se curarem das doenças, fazerem corantes e ajudar na pesca, e muito do conhecimento
dessas plantas deve-se às informações e ao saber que essas populações passaram de geração a
geração. (BENTO; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2006, p.40).
20
Grande parte do conhecimento fitoterápico nacional deve-se ao legado das inúmeras
tribos indígenas brasileiras, da colonização européia e das populações africanas. (JUNIOR, A,
2003, p.29).
A primeira referência no Brasil sobre plantas medicinais foi feita por Pero Vaz de
Caminha, da esquadra de Pedro Álvares Cabral, em 1500, em sua carta ao rei D. Manuel,
quando descreve sobre a beleza da nossa flora e cita algumas propriedades medicinais. Em
1560, o jesuíta José de Anchieta também descreveu algo sobre plantas medicinais numa carta,
sendo considerado o primeiro farmacêutico a atuar no Brasil, com várias anotações sobre
plantas, seus usos e sua toxicidade. (FERRO, 2006).
A fitoterapia sobreviveu devido às raízes profundas na consciência popular que sempre reconheceu sua eficácia. Com o progresso da indústria farmacêutica as iniciativas populares sucumbiram, voltando na década de 80 com a onda verde dos naturalistas. Nesta época os fitoterápicos eram comercializados como produto natural, sem fiscalização e controle do Ministério da Saúde ou da Vigilância Sanitária. (HOFFMANN e ROSA 2005 apud BENTO; NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2006, p.42).
No caso de doenças comuns, o médico era o responsável pelo tratamento dos sintomas,
quando eles podiam ser contatados. No caso de impossibilidade, as famílias se cuidavam com
plantas medicinais ou recorriam a alguém que soubesse como usá-las. Os medicamentos eram
considerados como veículos de cura. (DUCATTI NETO 1979 apud GUIORZI, 2004).
A flora brasileira é riquíssima em espécies com princípios ativos prontos, esperando
apenas serem testados, a custos incomensuravelmente menores. Só na Amazônia, pelo menos
1.300 espécies de plantas são utilizadas com propósitos medicinais, narcóticos e biocidas.
(SCHULTES 1979 apud JUNIOR, A, 2003, p.28).
O Brasil, com cerca de 10% de toda flora mundial, é um país com muitas
potencialidades considerando-se serem menos de 1% as espécies vegetais brasileiras que
foram analisadas sob o ponto de vista químico e farmacológico. (FERRO, 2006).
De acordo com Pereira e Bertoni (2006), o Brasil com vários biomas (Mata Atlântica,
Cerrado, Pantanal, Amazônia e Caatinga), apresenta uma diversidade de solos e climas, assim
possuindo plantas medicinais que lhe são próprias à região e tradicionalmente usadas.
Portanto, cada comunidade, cada programa de saúde que deseje implantar a fitoterapia, deve
criar um receituário próprio, utilizando o máximo possível os recursos disponíveis na região
em que se encontra.
O número de plantas registradas na farmacopéia brasileira é considerado baixo se comparado a outros países de menor porte e/ou menor diversidade botânica. Os critérios adotados pela OMS para que a planta seja descrita como medicinal baseiam-se na farmacopéia nacional, no uso em pelo menos cinco países e que esteja disponível comercialmente. (PENSO 1978 apud JUNIOR, A, 2003, p.24).
21
Em atenção ao apelo da OMS (que os países membros realizassem o desenvolvimento
de pesquisas visando à utilização das plantas medicinais com o propósito terapêutico) vários
municípios brasileiros, entre eles Curitiba, Balneário Camboriú e muitos outros dos Estados
do Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul, possuem programas de tratamento fitoterápico
implantados no próprio serviço público, a preços bastante acessíveis à população. (JUNIOR,
A., 2003).
A medicina tradicional ainda continua sendo utilizada em grande escala nas zonas rural
e urbana periférica, onde a crença popular permanece e é passada de geração para geração.
(ALVES, 2006).
Os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais, via de regra, originam medicamentos em menor tempo, com custo muitas vezes inferior e, conseqüentemente, mais acessíveis à população em geral, já tão sobrecarregada com as despesas de cada dia. Por essas razões é que trabalhos de divulgação e resgate do conhecimento de plantas vêm-se difundindo cada vez mais nas áreas mais carentes. (ALVES, 2006, p.65).
Em todo o Brasil, multiplicam-se os programas de fitoterapia apoiados pelo serviço
público de saúde. De acordo com a OMS cerca de 80% da população mundial faz uso de
algum tipo de erva buscando alívio para sintomas dolorosos ou desagradáveis. (FERRO,
2006).
No Brasil 20% da população consome 63% dos medicamentos disponíveis e o restante
encontra-se nos produtos de origem natural, especialmente nas plantas, a única fonte de
recurso terapêutico. (FERRO, 2006).
3.3 Conjuntura das Políticas de Saúde sobre Fitoterapia
A OMS recomendou aos países membros o desenvolvimento de pesquisas visando à
utilização das plantas medicinais com o propósito terapêutico, e mantém um registro de
20.000 espécies de plantas medicinais, distribuídas em 73 países, sendo que no Brasil são 332
plantas medicinais. Para esses registros, é necessário que a planta seja descrita como
medicinal em pelo menos cinco países e que constem, pelo menos na farmacopéia nacional.
(FERRO, 2006).
Em dezembro de 2005 a Política de Práticas Integradas e Complementares – PNPIC no
Sistema Único de Saúde - SUS foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde. Para sua
implementação envolveram-se justificativas de natureza política, técnica, econômica e
cultural. Esta política visa implementar experiências que vêm sendo desenvolvidas na rede
pública de muitos municípios e estados, entre as quais destacam-se a Medicina Tradicional
22
Chinesa - Acupuntura, Homeopatia, Fitoterapia, Medicina Antroposófica e do Termalismo –
Crenoterapia. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Desde a Declaração de Alma-Ata, em 1978, a Organização Mundial de Saúde – OMS
tem expressado a sua posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização de plantas
medicinais no âmbito sanitário, tendo em conta que 80% da população mundial utiliza estas
plantas ou preparações destas no que se refere à atenção primária de saúde. (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2006, p.19).
Segundo o Ministério da Saúde (2006) os eventos e documentos que merecem
destaque na regulamentação e tentativas de construção da política são:
• 1986 – 8º Conferência Nacional de Saúde – CNS, deliberou em seu relatório
final pela “introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito
dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático de
escolher a terapêutica preferida”.
• 1988 – Resoluções da Comissão Interministerial de Planejamento e
Coordenação (Ciplan) – nº 4, 5, 6, 7 e 8/88, que fixaram normas e diretrizes
para o atendimento em Homeopatia, Acupuntura, Termalismo, Técnicas
Alternativas de Saúde Mental e Fitoterapia.
• 1995 – Instituição do grupo Assessor Técnico-Científico em Medicinas Não-
Convencionais, editada pela então Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde.
• 1996 – 10º CNS, que aprovou a “incorporação ao SUS, em todo país, de
práticas de saúde como a Fitoterapia, Acupuntura e Homeopatia, contemplando
as terapias alternativas e práticas populares”.
• 2000 – 11º CNS recomenda “incorporar na atenção básica: Rede PSF e PACS
práticas não convencionais de terapêutica como Acupuntura e Homeopatia”.
• 2001 – 1º Conferência Nacional de Vigilância Sanitária.
• 2003 – Relatório da 1º Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica, que
enfatiza a importância de ampliação do acesso aos medicamentos fitoterápicos
e homeopáticos no SUS.
• 2003 - Relatório final da 12º CNS deliberada para a efetiva inclusão da MNPC
(atual PNPIC) no SUS.
23
• 2004 – 2º Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovações em Saúde.
A MNPC (atual PNPIC) foi incluída como estratégia de pesquisa dentro da
Agenda Nacional de Prioridades em Pesquisa.
• 2005 – Decreto presidencial de 17/02/05 que cria o Grupo de Trabalho para
elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
• 2005 – Relatório final do Seminário “Águas Minerais do Brasil”, indica a
Constituição de Projeto Piloto de Termalismo Social no SUS.
O objetivo para a implementação de plantas medicinais e fitoterapia no SUS é ampliar
as opções terapêuticas no SUS, com garantia de acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e
serviços relacionados a fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da
integralidade da atenção à saúde. (RODRIGUES, 2006).
Alguns princípios nortearam a elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, dentre eles, a melhoria da atenção à saúde, o uso sustentável da biodiversidade brasileira e o fortalecimento da agricultura familiar, a geração de emprego e renda, o desenvolvimento industrial e tecnológico e a perspectiva de inclusão social e regional, além da participação popular e do controle social sobre todas as ações decorrentes dessa iniciativa. Além destes, ressalta-se ainda a necessidade de minimização da dependência tecnológica e do estabelecimento de uma posição de destaque do nosso país no cenário internacional. (RODRIGUES, 2006, p.69).
Segundo o Ministério da Saúde (2006, p.45) a implementação das diretrizes para
Plantas Medicinais e Fitoterapia, conforme a PNPIC, são:
• Elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional
de Fitoterápicos.
• Provimento do acesso a plantas medicinais e fitoterápicos aos usuários do
SUS.
• Formação e educação permanente dos profissionais de saúde em plantas
medicinais e fitoterapia.
• Acompanhamento e avaliação da inserção e implementação das plantas
medicinais e fitoterapia no SUS.
• Fortalecimento e ampliação da participação popular e do controle social.
• Estabelecimento de política de financiamento para o desenvolvimento de ações
voltadas à implantação das plantas medicinais e da fitoterapia no SUS.
• Incentivo a pesquisa e desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos,
priorizando a biodiversidade do país.
• Promoção do uso racional de plantas medicinais e dos fitoterápicos no SUS.
24
• Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos pelo Sistema
Nacional de Vigilância Sanitária.
Em fevereiro de 2006, o documento final da política, foi aprovado por unanimidade
pelo CNS e consolidou-se, assim, a PNPIC no SUS foi publicada na forma das Portarias
Ministeriais nº 971 em 03 de maio de 2006, a nº 1.600, de 17 de julho de 2006.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
3.4 O Programa Saúde da Família e o Agente Comunitário de Saúde
Em 1988 a Constituição da República Federativa do Brasil desencadeou a
reorganização do setor saúde modificando sua política nacional. Diante deste acontecimento
iniciou-se a implementação do SUS em 1990 com a Lei nº 8.080/90 e a Lei nº 8.142/90, que
dispõe sobre a participação comunitária na gestão do SUS. Surge em 1992 o Programa de
Agentes Comunitários de Saúde – PACS, composto por um enfermeiro e trinta Agentes
Comunitários de Saúde – ACS, com o objetivo de diminuir a mortalidade infantil no Nordeste
do país e controlar as doenças diarréicas e a desnutrição. (GAIO, 2000).
De acordo com autores estudados, concluímos que baseado no PACS surge o
Programa Saúde da Família – PSF lançado oficialmente pelo Ministério da Saúde – MS em
março de 1994, o qual se propõe a desenvolver ações de prevenção, promoção e recuperação à
saúde do indivíduo, da família e da comunidade, ao nível da atenção básica de forma integral
e contínua; atendendo a família e seu espaço social como núcleo básico da abordagem e não
mais o individuo isoladamente.
O principal propósito do PSF é o de reorganizar a prática da atenção à saúde em novas
bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com
isso, melhorar a qualidade de vida dos brasileiros. O atendimento é prestado na unidade
básica de saúde ou no domicílio pelos profissionais que compõem as equipes de Saúde da
Família, criando vínculos de co-responsabilidade entre estes e a população acompanhada, o
que facilita a identificação e o atendimento aos problemas de saúde da comunidade.
(JÚNIOR, K, 2003).
Segundo Klinger Fontinele Júnior (2003) e a Portaria nº 648 (2006b), a estratégia do
PSF incorpora e reafirma os princípios básicos do SUS – universalização, descentralização,
integralidade e participação da comunidade – e está estruturada a partir da Unidade Básica de
Saúde da Família - UBSF, a qual trabalha com base nos seguintes princípios:
25
• Caráter substitutivo: O PSF não significa criação de novas unidades de saúde,
exceto em áreas totalmente desprovidas das mesmas.
• Integralidade e hierarquização: A UBSF está inserida no primeiro nível de
ações e serviços do sistema local de assistência, de forma que se garanta a
atenção integral aos indivíduos e famílias e que sejam asseguradas a referência
e a contra-referência para clínica e serviços de maior complexidade.
• Territorialização e cadastramento da clientela: A UBSF trabalha com
território de abrangência definido e é responsável pelo cadastramento e
acompanhamento da população vinculada (adstrita) a esta área. Recomenda-se
que uma equipe seja responsável por, no máximo, 4.000 habitantes.
• Equipe Multiprofissional: Cada equipe do PSF é composta, no mínimo, por
um médico, um enfermeiro, um ou dois auxiliares ou técnicos de enfermagem e
até doze ACS. Cada ACS é responsável por uma população com um máximo
de 750 pessoas. Conforme a Portaria nº 154 (2008), assistentes sociais,
psicólogos, fisioterapeutas ou outros profissionais poderão ser incorporados às
equipes de acordo com as necessidades e possibilidades locais. A UBSF pode
atuar com uma ou mais equipes, dependendo da concentração de famílias no
território sob sua responsabilidade.
O ACS, como agente de mudanças e força de trabalho do SUS, tem contribuído para a valorização dos cuidados primários de saúde e a concretização do processo de municipalização da saúde. A Lei nº 10.507/2002 regulamentou a profissão do ACS, que deve exercer atividades de promoção da saúde e prevenção das doenças, desenvolvendo ações no domicilio e na comunidade, de caráter individual ou coletivo, com base nas diretrizes do SUS. Assim, espera-se que o ACS exerça a função de elo de ligação entre a comunidade e o serviço de saúde. (BRASIL 2002 apud SILVA et al, 2005, p.25).
O perfil para atuar como ACS é ser um sujeito social, que conheça a comunidade com,
possua espírito de liderança e solidariedade e tenha concluído o curso de qualificação básica e
o ensino fundamental. Este estará sob a responsabilidade do enfermeiro, o qual acompanha a
atuação do ACS e reorienta suas ações. (BRASIL 2002 apud SILVA et al, 2005).
O ACS deve desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças
e de agravos, e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas
individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, mantendo a equipe informada,
principalmente daquelas em situações de risco. (BRASIL, 2006b).
As atribuições do ACS compreendem em fazer a ligação entre as famílias e o serviço
de saúde, visitando cada domicílio pelo menos uma vez por mês; realizar o mapeamento de
26
cada área, o cadastramento das famílias e estimular a comunidade para práticas que
proporcionem melhores condições de saúde e de vida. (JÚNIOR, K., 2003).
3.5 Projeto de Extensão Bioverde
Segundo relatório do Projeto de Extensão Bioverde, este teve início no ano de 2007 e
tem como um dos objetivos a integração dos acadêmicos da UNIVALI - Campus Biguaçu do
Curso de Graduação em Enfermagem com a comunidade no resgate e valorização da cultura
popular, incentivando a pesquisa e vivência na área de educação e saúde, contribuindo para
melhoria das condições de saúde e vida da população. O Projeto de Extensão Bioverde
apresenta os objetivos de proporcionar a integração da comunidade com a Universidade numa
perspectiva de novos caminhos no ensino superior, através da integração dialética entre os
saberes científico e popular; universalizar o uso das plantas medicinais agregando o valor
econômico; e implementar novos projetos de pesquisa, desenvolvendo ciência e tecnologia.
Consta ainda que o Projeto de Extensão Bioverde é desenvolvido no espaço onde se
encontra a comunidade de interesse no uso de plantas medicinais à saúde. As atividades são
desenvolvidas nos espaços sócio-culturais existentes no município, Clínica Integrada de
Atenção Básica à Saúde e dependências da UNIVALI, especificamente atividades no horto
didático, atividades de preparo dos canteiros, preparo da terra, plantio, colheita, catalogação e
distribuição das plantas medicinais.
Segundo dados, o Projeto de Extensão Bioverde tem como participantes discentes e
docentes do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIVALI - Biguaçu, profissionais na
área da saúde do município (40 Agentes Comunitários de Saúde, divididos em dois grupos
que fazem parte da área de abrangência do Programa de Saúde da Família, da Clínica
Integrada de Atenção Básica à Saúde - CIABS e Unidade Central de Saúde - UCS) e
comunidades (grupos de idosos, asilos, sindicato rural do município, pastoral da saúde da
paróquia de Biguaçu).
Segundo relatório do projeto a metodologia de desenvolvimento consta de quatro
etapas: Socialização do Projeto Bioverde com os ACS; Socialização do Projeto Bioverde com
a comunidade; Socialização do Projeto Bioverde com a comunidade discente e a
Sustentabilidade do Projeto Bioverde. São realizados encontros por meio de oficinas com os
grupos afins em períodos pré-agendados, semanais e mensais para identificação e discussão
temática.
27
3.6 Educação Continuada proporcionada pelo Projeto de Extensão Bioverde
O Projeto de Extensão Bioverde proporciona aos ACS capacitação e educação sobre o
conhecimento da forma apropriada da utilização de plantas medicinais, mostrando-lhes a
indicação terapêutica para as patologias, a correta manipulação para o preparo e uso das
plantas medicinais e as dosagens que devem ser administradas, para que estes possam
repassar este conhecimento à comunidade; esta capacitação e educação é o processo pelo qual
chamamos de educação continuada.
O processo de capacitação e educação dos profissionais deve ser contínuo, atendendo
às necessidades que o dinamismo dos problemas traz às equipes. A educação continuada é um
mecanismo importante no desenvolvimento da própria concepção de equipe e da criação de
vínculos de responsabilidade com a população assistida. (JÚNIOR, K., 2003).
A OMS conceitua “educação continuada” como o processo que inclui as experiências
ao adestramento inicial, que ajudam o pessoal a apreender competências importantes para o
seu trabalho. (KURCGANT 1978; SILVA ? apud LEITE; PEREIRA, 1991).
O Projeto de Extensão Bioverde resgata e valoriza a cultura popular da região, que
utiliza grande quantidade de plantas medicinais para obter a melhoria de suas condições de
vida, buscando junto a UNIVALI a capacitação dos ACS da região em relação à Fitoterapia,
para que estes possam repassar para a comunidade seu conhecimento, respeitando suas
crenças e reformulando as que apresentarem informações errôneas.
O planejamento das ações educativas deve ser adequado às peculiaridades locais e
regionais, com utilização dos recursos técnicos disponíveis e capacitação de recursos
humanos e integrado com as universidades e instituições de ensino. (JÚNIOR, K., 2003).
28
4 MARCO CONCEITUAL
O elo teoria-prática-pesquisa se consolida na definição do marco teórico. Este, ao
mesmo tempo em que direciona a prática, proporciona fundamentação para pesquisa que por
sua vez aprimora ou reflete a teoria, fundamentando cada vez mais a prática. O marco
conceitual constituiu um referencial teórico que proporciona direção à pesquisa e fundamenta
a discussão de seus resultados. (NEVES; GONÇALVES 1984 apud HOFFMANN; ROSA,
2005).
Neste pensar, acreditando que o marco conceitual nos proporcionaria uma organização
do que seria vivenciado, optamos pela Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado
Transcultural de Madeleine M. Leininger, por considerar que esta pode subsidiar nossos
objetivos já que propõe como base, a compreensão da cultura de cada povo e de suas crenças
e valores, pois influenciam no modo de cuidar. Utilizamos os conceitos de cultura e de
enfermagem da Leininger e outros conceitos como saúde, fitoterapia, planta medicinal, ser
humano, educação, família e comunicação sendo estes inter-relacionados com vários autores
como Elsen e Travelbee.
Usamos a Teoria Transcultural e optamos em seguir os pressupostos da teórica
Leininger, destacando-se o cuidado, cuidado próprio, cuidado humanizado, valorização da
cultura e seus valores e o cuidar da saúde profissional e popular, por considerarmos que são
objetivos que o Projeto de Extensão Bioverde busca alcançar ao desenvolver suas atividades
com as ACS e a comunidade.
Madeleine M. Leininger recebeu sua educação básica em enfermagem na St.
Anthony’s School of Nursing em Denver, Colorado e graduou-se em 1948. Em 1950, obteve
o bacharelado em Ciências do Benedictine College, Atchison, Kansas; em 1953 fez mestrado
em ciência da enfermagem da Catholoie University, Washington, Seatle. Ela é membro da
American academy of Nursing e possui doutorado em ciências humanas do Benedictine
College. (GEORGE, 2002).
A Dra. Leininger é a fundadora do subcampo transcultural da Enfermagem, professora
de enfermagem, antropologia e pesquisa no atendimento humano, Colleges of Nursing and
Liberal Arts, Wayne State University. Assumiu postos, tanto no corpo docente quanto no
administrativo, no ensino de enfermagem sua publicação é externa. (GEORGE, 2002).
Leininger (1985) desenvolveu uma teoria de Enfermagem Transcultural, com base na
premissa de que os povos de cada cultura não apenas são capazes de conhecer e definir as
maneiras através das quais eles experimentam e percebem seu cuidado de enfermagem, mas
29
também são capazes de relacionar essas experiências e percepções às suas crenças e práticas
gerais de saúde. Com base nesta premissa, o cuidado de enfermagem deriva-se do contexto
cultural no qual ele deve ser propiciado e desenvolve-se a partir dele.
Deste modo a autora supracitada intitulou sua teoria como: “Teoria da Diversidade e
Universalidade Cultural de Cuidado”, que é representada pelo Modelo Sol Nascente. O
objetivo do modelo é auxiliar o estudo da maneira como os componentes da teoria
influenciam o estado de saúde dos indivíduos, das famílias, grupos e instituições, bem como o
cuidado oferecido a eles em uma cultura. Este modelo foi também desenvolvido para ajudar
as enfermeiras a definirem os principais conceitos e inter-relações da Teoria da Diversidade e
Universalidade do Cuidado Transcultural. (HOFFMANN; ROSA, 2005).
As diferenças e similaridades do cuidado cultural entre profissionais da saúde e clientes existem em qualquer cultura do mundo. Somente ocorrerão cuidados de Enfermagem culturalmente congruentes, quando os valores, expressões ou padrões dos indivíduos, grupos, famílias, comunidades ou cuidados culturais forem conhecidos e utilizados adequadamente e de maneira significativa pelos enfermeiros, na sua prática assistencial. (MONTICELLI; ALONSO; LEOPARDI, 1999, p. 96).
Desta maneira, os cuidados de Enfermagem culturalmente satisfatórios poderão
contribuir para o bem-estar dos indivíduos, famílias, grupos e comunidades, dentro do seu
contexto ambiental. (MONTICELLI; ALONSO; LEOPARDI, 1999).
4.1 Pressuposições Básicas
Madeleine M. Leininger (1985) desenvolveu sua teoria baseada nos seguintes
pressupostos:
a) Desde o surgimento da espécie humana, o cuidado tem sido essencial para o crescimento,
desenvolvendo a sobrevivência dos seres humanos.
b) O cuidado próprio e outros padrões de cuidado existem entre as culturas.
c) O cuidado humanizado é universal, existem diversos padrões de cuidado que podem ser
identificados, explicados e conhecidos entre as culturas.
d) O cuidado humanizado é a característica central, dominante e unificadora da enfermagem.
e) Pode não chegar a haver cura, mas pode haver cuidado mesmo sem ser para cura.
f) A razão da existência da enfermagem é que ela é uma profissão de cuidado, com
conhecimentos disciplinados sobre este assunto.
30
g) Os componentes do cuidado transcultural, as características das diferenças e semelhanças,
ainda devem ser identificadas, descritas e conhecidas, para sua caracterização estrutural e
funcional na enfermagem.
h) Os conceitos de práticas de cuidado do ser humano podem ser identificados em todas as
culturas.
i) As práticas de cuidar da saúde, profissional e popular, são derivadas da cultura e
influenciam as práticas e os sistemas de enfermagem.
4.2 Conceitos
Para que a teoria adotada seja melhor compreendida selecionamos alguns conceitos
norteadores, que estão inter-articulados, compondo uma referência-guia às análises de dados
que foram utilizados na fundamentação desta pesquisa. Os principais conceitos são:
Saúde: Como definida pela Organização Mundial de Saúde – OMS, saúde é o estado
completo de bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou
enfermidade. (HOAREAU; DASILVA 1999 apud AMARAL; RODRIGUES; SANTOS,
2006, p.09).
Nesta pesquisa, o conceito da saúde reflete a importância da Fitoterapia, sendo esta
passada de forma correta para a comunidade, para a busca de qualidade de vida.
Fitoterapia: Terapêutica caracterizada pela utilização de plantas medicinais em suas
diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de
origem vegetal. (JUNIOR 1998 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006, p.66).
Neste estudo, a Fitoterapia é a terapêutica utilizada pelo Projeto Bioverde onde o
conhecimento desta é proporcionado aos ACS, através da educação continuada, os quais irão
repassá-lo a comunidade local, resgatando e valorizando a cultura popular contribuindo para a
melhoria das condições de saúde e vida da população.
Planta Medicinal: É a planta utilizada para aliviar, prevenir e curar certas doenças ou
distúrbios fisiológicos. (NIERO et al., 2003, p.11).
Neste estudo, é a valor terapêutico das plantas medicinais que são citadas de forma
valorizada através da integração dialética entre os saberes científico e popular.
31
Cultura: Abrange valores, crenças, normas e práticas de vida, aprendidas, compartilhadas e
transmitidas em grupo específico, que direcionam seus pensamentos, decisões e ações em
formas padronizadas. (LEININGER apud MONTICELLI; ALONSO; LEOPARDI, 1999,
p.97).
Nesta pesquisa a cultura representa a utilização de plantas medicinais pela população,
sendo que o seu conhecimento é respeitado e readequado pelos ACS.
Enfermagem: É uma profissão científica e humanística, que é aprendida e focalizada no
fenômeno do cuidado humano e em atividades que propiciem assistência, suporte, facilitação
e capacitação a indivíduos ou grupos, para manter ou reaver o seu bem-estar, de uma forma
culturalmente significativa e satisfatória, ou para ajudá-los a enfrentar as dificuldades ou a
morte. (LEININGER apud MONTICELLI; ALONSO; LEOPARDI, 1999, p.97).
Ao adotarmos este conceito na referida pesquisa, considerando que a enfermagem
assume um dever profissional de abordar o ser humano holisticamente, respeitando de forma
ética o indivíduo, sua família e o contexto social em que ele está inserido.
Ser Humano: É um ser de necessidades múltiplas, interdependentes e que o ambiente onde
vive é o meio onde encontra as possibilidades de satisfazê-los ou não, resultando ou não numa
qualidade de vida saudável. (COLOMBO, 1996, p.23).
Neste estudo, o ser humano são os ACS e a comunidade local os quais irão adquirir o
conhecimento sobre a utilização de plantas medicinais para a busca de uma qualidade de vida.
Educação: É a maneira de passar conhecimento a outras pessoas, sem qualquer tipo de
preconceito, respeitando crenças ou valores e visando um único objetivo: o de ensinar. É
também, a transformação do conhecimento e do modo de ver e de pensar sobre o mundo.
(NISZEZAK; INÁCIO, 2005, p.16).
Nesta pesquisa, o conceito de educação é entendido como um processo de capacitação
dos profissionais sobre o conhecimento de Fitoterapia, a educação continuada, sendo que
estes irão adquirir o conhecimento necessário para repassá-lo a população, assim aplicando
novamente este conceito.
Família: É um sistema interpessoal formado por pessoas que interagem por variados motivos,
tais como afetividade e reprodução, dentro de um processo histórico de vida, mesmo sem
habitar o mesmo espaço físico. É uma relação social dinâmica que durante todo o seu
32
processo de desenvolvimento assume formas, tarefas e sentidos elaborados a partir de um
sistema de crenças, em outras influências e determinações do ambiente em que vivem,
incluindo os valores de outras culturas. (ELSEN 1984 apud NISZEZAK; INÁCIO, 2005,
p.17).
Nesta pesquisa, a família é representada como os indivíduos aos quais irão adquirir o
conhecimento de Fitoterapia repassado pelos ACS que participam do Projeto de Extensão
Bioverde.
Comunicação: É uma capacidade humana para estabelecimento de troca de informações e
significados sobre o mundo e sobre si mesmo. Pode permitir ao enfermeiro estabelecer uma
relação pessoa-pessoa. (TRAVELBEE 1971 apud LEOPARDI, 1999 p.87).
Entendemos que neste estudo o conceito de comunicação foi empregado pelas
enfermeiras do Projeto de Extensão Bioverde aos ACS e destes a população.
33
5 METODOLOGIA
5.1 Tipo de Estudo
O estudo caracterizou-se como quantitativo do tipo exploratório avaliando o impacto
do Projeto de Extensão Bioverde a partir da utilização das plantas medicinais no cotidiano dos
Agentes Comunitários de Saúde assim como nas famílias acompanhadas pelos mesmos.
Para a realização da coleta de dados com as ACS foi aplicado um questionário semi-
estruturado com as mesmas após seu consentimento (apêndice C) e para a realização da coleta
de dados nas famílias solicitamos às ACS que escolhessem uma família, pertencentes as suas
microáreas, as quais tinham repassado algum tipo de orientação referente a plantas
medicinais.
5.2 Descrição do Local de Estudo
O local da pesquisa foi no Município de Biguaçu, nas dependências da UNIVALI,
onde é realizado o curso proposto pelo Projeto de Extensão Bioverde oferecido pelo Curso de
Enfermagem, e em alguns domicílios das microáreas pertencentes às Unidades de Saúde
CIABS e UCS.
5.3 Sujeitos do Estudo
A população envolvida foi de 21 Agentes Comunitários de Saúde, participantes do
Projeto Bioverde que concordaram em participar da pesquisa e uma família sob a orientação
de cada um destes ACS.
Dos 26 ACS participantes do Curso do Projeto de Extensão Bioverde, 21 ACS (81%)
aceitaram participar da pesquisa no primeiro semestre de 2008, sendo que 13 (treze) ACS
atuam na CIABS representando 62% dos sujeitos pesquisados e 8 (oito) ACS na UCS
totalizando 38% dos sujeitos.
Algumas respostas obtidas dos entrevistados foram transcritas de forma ética
utilizando-se codinomes de plantas medicinais citadas na pesquisa para os ACS e codinomes
de numeração às famílias (Família 1, Família 2...) para a preservação de suas identidades.
34
5.4. Coleta de Dados
Foram apresentados os objetivos do estudo para a Coordenadora do Projeto de
Extensão Bioverde e equipe de enfermeiras, e solicitado Consentimento da Instituição para a
realização da pesquisa (Apêndice B), assim como o acesso e consentimento dos ACS durante
o Curso de Plantas Medicinais.
O instrumento utilizado foi um roteiro para entrevista semi-estruturada (Apêndice C e
D), elaborado pelas pesquisadoras.
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2008, após aprovação da Comissão
de Ética da UNIVALI, em entrevistas pré-agendadas no período da tarde, nas dependências da
UNIVALI - Campus A, onde é realizado o curso proposto pelo Projeto de Extensão Bioverde,
assim como, em visitas domiciliares nas famílias dos ACS que aceitaram participar do estudo,
assinando o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice E). Os sujeitos de pesquisa
também foram fotografados para a utilização de suas imagens nesta pesquisa, sendo que para
isso assinaram o Termo de Compromisso para a Utilização de Imagens dos Sujeitos da
Pesquisa (Apêndice F), respeitando a Resolução 196/96.
As entrevistas foram realizadas pela dupla de pesquisadoras com o objetivo de garantir
que os dados coletados fossem aproveitados com mais detalhes e de forma fidedigna. Cabe
salientar, que utilizamos também como registro das informações, o diário de campo, que de
acordo com Trentini e Paim (1999), nos reserva a possibilidade de registrar as experiências
incluindo idéias, dúvidas, sentimentos, reações, erros e acertos, problemas, dificuldades e
facilidades que pudessem surgir durante a coleta de informações. O registro é mais uma fonte
de informações de grande utilidade na interpretação e discussão dos resultados.
5.5 Aspectos Éticos
Para realização deste estudo, adotamos as recomendações da Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, como também respeitamos o Código de Ética de Enfermagem.
Como esta pesquisa envolveu a família e as ACS, a proposta contemplou a informação,
o reconhecimento e a concordância (ou não) deles, em negociações da pesquisa e de suas
implicações.
Dentre os principais aspectos éticos é necessário citar: o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido do Participante (Apêndice E) e o Termo de Compromisso para Utilização
de Imagens do Sujeito da Pesquisa (Apêndice F).
35
No Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante, quanto às medidas
de proteção, as questões éticas incluem o direito a privacidade, o anonimato e o sigilo de
informações à dignidade no relacionamento, à autodeterminação, ao bem estar e à
possibilidade de desengajar-se da pesquisa a qualquer momento.
Foram fotografadas imagens dos sujeitos da pesquisa, garantindo a confidencialidade
dos ACS e das famílias, segundo o Termo de Compromisso para Utilização de Imagens dos
Sujeitos da Pesquisa. Sendo que as imagens coletadas foram utilizadas única e exclusivamente
para execução do projeto acima descrito.
Considerando que “a proteção dos direitos do ser humano é o compromisso
fundamental da construção do projeto, o pesquisador assume liderança moral no
desenvolvimento dessa cobertura ético-legal”. (TRENTINI; PAIM, 1999, p. 116). O respeito
ético com a pesquisa torna-se importante também para fornecer apoio e segurança ao
pesquisador.
36
6 ANÁLISE DE DADOS
Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o impacto do Projeto de Extensão Bioverde
na utilização das plantas medicinais no cotidiano dos ACS, a partir de uma análise
quantitativa, coletada junto a um grupo de 21 ACS integrantes do projeto que aceitaram
participar da pesquisa, os quais desempenham suas funções na CIABS e UCS, e em visitas
domiciliares às famílias acompanhadas pelos ACS, que aceitaram participar do estudo. Foi
utilizado um questionário semi-estruturado contendo 10 (dez) questões para os ACS
(Apêndice C) e outro contendo 4 (quatro) questões para as famílias (Apêndice D).
Ao concluir a coleta de dados tornou-se possível realizar a explanação dos resultados
obtidos e suas respectivas análises, levando-se a uma discussão destes resultados e
correlacionando-os com o marco conceitual adotado. Os dados foram tabulados e utilizamos
para a apresentação desta análise, gráficos e tabelas sendo classificados em cores diferentes
para melhor entendimento e visualização do leitor. Estes dados foram representados em forma
de porcentagem, sendo que seus valores exatos foram transcritos ao decorrer da análise.
Primeiramente foram expostos dados coletados no questionário semi-estruturado
aplicado aos ACS contendo o perfil (nome, sexo, idade, grau de escolaridade, procedência,
tempo de residência em Biguaçu e tempo de atuação), o conhecimento sobre plantas
medicinais antes e após o curso, a contribuição para orientações às famílias, a utilização de
plantas e modificações das famílias após suas orientações, outros temas a serem abordados no
curso e a pretensão da permanência no projeto, que serão representados nas tabelas e gráficos
de cor azul.
Posteriormente, nos gráficos e tabelas destacados com a cor rosa, encontram-se os
dados coletados no questionário semi-estruturado aplicado às famílias contendo o perfil
(nome, sexo, idade, grau de escolaridade, número de integrantes do grupo familiar,
procedência e tempo de residência em Biguaçu), as informações repassadas pelos ACS, a
utilização de plantas antes das orientações e a contribuição para seus conhecimentos.
6.1 Análise do questionário semi-estruturado aplicado aos ACS
Conforme representação do gráfico 1 na página seguinte, os 21 (vinte e um) ACS
sujeitos de pesquisa, que responderam o questionário semi-estruturado (Apêndice C), estão
subdividos em duas categorias (de acordo com a Unidade de Saúde onde estão inseridos -
37
CIABS ou UCS), sendo assim 13 (treze) ACS atuam na CIABS representando 62% dos
sujeitos pesquisados e 8 (oito) ACS na UCS totalizando 38% dos sujeitos.
Observamos um número maior de participantes no curso proposto pelo Projeto de
Extensão Bioverde de ACS da CIABS do que da UCS, provavelmente porque os ACS da
CIABS têm um maior contato com grupos de acadêmicos da UNIVALI que fazem estágio
curricular nesta unidade, onde desenvolvem algumas atividades voltadas à Fitoterapia,
disciplina integrada na grade curricular do Curso de Enfermagem da Universidade. Este
contato dos acadêmicos com a Unidade de Saúde e a comunidade estimula os ACS a
buscarem mais conhecimentos a respeito deste assunto, além de que a comunidade local
preserva o costume do uso de plantas medicinais, percebendo-se a importância da validação
dos seus conhecimentos através do curso.
A CIABS e a UCS são compostas por três equipes do PSF cada, a CIABS constitui um
total de 18 (dezoito) ACS e a UCS 15 (quinze) ACS, sendo o número de Agentes
Comunitários de Saúde das duas unidades aproximadamente semelhante. Diante disto,
ratifica-se o interesse pelos ACS integrantes da CIABS pelo curso proposto pelo Projeto de
Extensão Bioverde.
Gráfico 1 – Unidade de Saúde dos ACS sujeitos de pesquisa
Unidade de Saúde dos ACS Sujeitos de Pesquisa
62%
38%
CIABS UCS
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado aos ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quanto ao sexo dos ACS, no gráfico 2 da página seguinte, está representado o gênero
(sexo feminino e masculino), sendo que os 21 (vinte e um) ACS sujeitos de pesquisa são do
gênero feminino, correspondendo a uma amostra significativa de 100%. Conclui-se que essa
38
predominância do gênero é devido ao fato da mulher participar mais ativamente no cuidado
familiar facilitando a entrada nos domicílios das famílias. Teoricamente, desde os primórdios,
o homem é visto como o chefe da família, consequentemente devendo receber uma
remuneração mensal razoável para o sustento de seu clã; como o salário de um ACS não é
suficiente para o sustento de uma família esta profissão tem a predominância feminina,
considerando que atualmente a mulher vem tendo uma importante participação na
contribuição da renda familiar.
A mulher tem assumido um papel de cuidadora fundamental ao proporcionar o
cuidado para garantir a família um estado saudável, breve recuperação dos quadros
nosológicos e reinserção sócio-familiar na pós-morbidade. O cuidar demanda dedicação,
experimentação e sabedoria, tomam parte no corpo de saber das pessoas de vida comum,
inseridos na concepção de mundo do senso comum. Nesse contexto aparecem as plantas
medicinais, como uma modalidade de atenção intermediada pela sabedoria da mulher.
(CABRAL & TYRRELL 1995 apud MEDEIROS; CABRAL 2001).
Gráfico 2 – Sexo dos ACS sujeitos de pesquisa
Sexo dos ACS Sujeitos de Pesquisa
100%
0%
Feminino Masculino
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado aos ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quanto a idade das ACS que participaram da pesquisa, observa-se no gráfico 3 da
página seguinte, que 6 (seis) encontram-se em idade entre 41 a 50 anos representando 29%, 6
(seis) entre 31 a 40 anos (28%), 4 (quatro) entre 20 a 30 anos (19%), 4 (quatro) entre 51 a 60
anos (19%), 1 (uma) entre 18 e 19 anos (5%) e nenhuma ACS idosa com idade acima de 60
anos. Observamos que a maioria das ACS possui faixa etária adulta (acima de 30 anos)
39
provavelmente mulheres que não possuíam outra profissão anterior, mas que com a sua
experiência de vida têm a capacidade e credibilidade de orientar e acompanhar as famílias sob
a sua responsabilidade, além da necessidade atual da mulher ajudar na renda familiar.
Gráfico 3 – Idade das ACS sujeitos de pesquisa
Idade das ACS Sujeitos de Pesquisa
5%
19%
28%
29%
19%0%
18 a 19 anos 20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos Mais de 60 anos
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quanto a escolaridade das ACS, observa-se no gráfico 4 da página seguinte, que 12
ACS, ou seja, 57% concluíram o ensino médio, 7 (sete) ACS, ou seja, 33% o ensino
fundamental e 2 (duas) ACS (10%) o ensino superior. Podemos perceber que a maioria das
ACS possui a escolaridade de nível médio, mas devido a dificuldade de emprego com maior
rentabilidade, as ACS com escolaridade maior, como nível superior, estão aceitando um
emprego com renda mínima.
A escolaridade é um dos requisitos para exercer a atividade de Agente Comunitário de
Saúde, este deve haver concluído o ensino fundamental. (BRASIL, 2006a).
40
Gráfico 4 - Escolaridade das ACS sujeitos de pesquisa
Escolaridade das ACS Sujeitos de Pesquisa
33%
57%
10%
Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quanto a procedência das ACS, o gráfico 5 abaixo, demonstra que 8 (oito) ACS têm
como procedência o Município de Biguaçu/SC, representando 37%, 2 (duas) Florianópolis/SC
representando 10%, 2 (duas) São Bonifácio/SC (10%), 2 (duas) do Estado do Rio Grande do
Sul representando 10%, o restante representando 33% são 1 (uma) de Balneário
Camboriú/SC, Joinville/SC, Chapecó/SC, Xaxim/SC, Urubici/SC, São Paulo/SP e de
Salvador/BA. Observamos que a maioria das ACS (67%) apesar de serem moradores do
município são provenientes de outros locais.
Gráfico 5 – Procedência das ACS sujeitos de pesquisa
Procedência das ACS Sujeitos de Pesquisa
37%
10%10%
10%
33%
Biguaçu/SC Florianópolis/SC São Bonifácio/SC Rio Grande do Sul Outras
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
41
Quando questionado sobre o tempo de moradia em Biguaçu às ACS, observamos no
gráfico 6 abaixo, que 11 (onze) ACS residem em Biguaçu/SC entre 10 a 20 anos
representando 53%, 4 (quatro) há menos de 10 anos representando 19%, 3 (três) desde que
nasceram representando 14% e 3 (três) há mais de 20 anos também representando 14%.
Observamos que a maioria das ACS mora há muitos anos no município de Biguaçu, este fato
é importante, pois faz com que estas conheçam bem a realidade local, possibilitando uma
interação e credibilidade no trabalho.
O conhecimento da área e de seus moradores é um dos requisitos para exercer a
atividade de Agente Comunitário de Saúde, ou seja, este deve residir na área da comunidade
em que atuar, desde a data da publicação do edital do processo seletivo público. (BRASIL,
2006a).
Gráfico 6 – Tempo de residência em Biguaçu das ACS sujeitos de pesquisa
Tempo de Residência das ACS em Biguaçu/SC
14%
19%
53%
14%
Desde que nasceu Menos de10 anos De 10 a 20 anos Mais de 20 anos
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quanto ao tempo de atuação como ACS no município, de acordo com o gráfico 7 na
página seguinte, verifica-se que 7 (sete) ACS atuam nessa profissão entre 1 a 2 anos
representando 33%, 6 (seis) atuam há mais de 4 anos (29%), 5 (cinco) entre 2 a 4 anos
representando 24%, 3 (três) de 6 meses a 1 ano (14%) e nenhuma há menos de 6 meses.
Percebemos que não há grande sazonalidade entre as ACS, isso melhora o cuidado, pois as
mesmas podem ser capacitadas e têm maior tempo de atuação com as famílias, já que estas
profissionais desenvolvem tarefas da área da saúde através de ações educativas de prevenção
de doenças e promoção da saúde.
42
Gráfico 7 – Período de atuação das ACS sujeitos de pesquisa
Período de Atuação como ACS
0% 14%
33%
24%
29%
Menos de 6 meses 6 meses a 1 ano 1 a 2 anos 2 a 4 anos Mais de 4 anos
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quando questionado às ACS sobre seu conhecimento prévio sobre as plantas
medicinais antes da participação no projeto Bioverde, de acordo com a tabela 1 abaixo, 11
(onze) ACS responderam que tinham conhecimento sobre plantas medicinais antes de
participarem do Projeto de Extensão Bioverde, representando 52% e 10 (dez) não tinham
conhecimento sobre o tema, representando 48%.
Podemos concluir que aproximadamente metade das ACS não possuía qualquer
informação sobre o uso de plantas medicinais para orientar as famílias de sua microárea.
Diante disto percebe-se a importância e necessidade da capacitação, conforme citação
supracitada referente ao gráfico 7, oferecida pelo Projeto de Extensão Bioverde, incluindo as
ACS em uma visão da sua realidade local, na qual a comunidade segue uma cultura do uso de
plantas medicinais, no intuito de potencializar os seus saberes.
Tabela 1 - ACS que tinham conhecimento sobre plantas medicinais antes de participarem do Projeto de Extensão Bioverde
ACS que tinham conhecimento sobre plantas medicinais antes de participarem do
Projeto de Extensão Bioverde
Sim 52%
Não 48%
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
43
O gráfico 8 na página seguinte, demonstra quais as principais plantas medicinais
orientadas à comunidade pelas ACS antes da participação no Projeto de Extensão Bioverde.
Foi realizado um levantamento estatístico (porcentagem) das plantas medicinais citadas 3
(três) ou mais vezes, sendo que as plantas que não atingiram este número foram somadas,
reunidas na categoria de “outras” e também referenciadas em porcentagem. Sabendo-se que
11 (onze) ACS sujeitos de pesquisa tinham conhecimento sobre plantas medicinais antes de
participarem do projeto, observa-se no gráfico 8 que 6 (seis) ACS orientaram às famílias da
comunidade a utilização das plantas medicinais malva e a hortelã representando 12% de cada
uma das plantas citadas, 5 (cinco) o guaco representando 10%, 4 (quatro) a melissa e a
camomila representando 8%, 3 (três) a alcachofra, o boldo e a erva doce representando 6%,
e 2 (duas) vezes o alecrim, a cavalinha, a erva cidreira, o funcho e o maracujá, 1 (uma)
vez foi citado o capim limão, a espinheira santa, o ginko biloba, a insulina, a mil em
rama, a penicilina, o picão preto, o poejo, o quebra pedra e o yacon, totalizando 32% das
plantas citadas menos de 3 (três) vezes.
Observa-se que mais de 50% das ACS tinham conhecimento sobre plantas medicinais
antes de participarem do Projeto de Extensão Bioverde, conforme descrito na tabela 1
supracitada. Este fato pode ser devido à maioria das ACS viverem há mais de 10 anos em
Biguaçu, sendo que algumas nasceram e permanecem até hoje no Município, conhecendo e
absorvendo a cultura local que segue o uso de plantas medicinais.
O uso dos "saberes populares", no que diz respeito às plantas medicinais, vem cada
vez mais sendo comprovado cientificamente, e com ele obtém-se a garantia de novas fontes
de sobrevivência e alternativas medicamentosas. (BASTOS; TEIXEIRA; MIRANDA, 2004).
44
Gráfico 8 – Principais plantas medicinais orientadas à comunidade pelas ACS antes da participação no Projeto de Extensão Bioverde
Principais Plantas Medicinais Orientadas à Comunidade pelas
ACS
6%6%
8%
6%
10%
12%12%
8%
32%
Alcachofra Boldo Camomila Erva Doce Guaco Hortelã Malva Melissa Outros
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quando questionado às ACS se estas passaram a utilizar plantas medicinais após o
curso do Projeto de Extensão Bioverde, de acordo com a tabela 2 abaixo, conclui-se que 20
ACS passaram a utilizar plantas após o curso, representando 95% e 1 (uma) ACS informou
que não, representando 5%. Podemos perceber que a grande maioria das ACS passou a
utilizar plantas medicinais e apenas uma referiu não fazer o uso de plantas, provavelmente por
não se encontrar inserida no contexto do hábito da utilização de plantas pela sua comunidade.
Tabela 2 - ACS que passaram a utilizar plantas medicinais após o curso
ACS que passaram a utilizar plantas medicinais após o curso
Sim 95%
Não 5%
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
O gráfico 9 na página seguinte, demonstra quais foram as plantas medicinais utilizadas
pelas ACS após freqüentarem o Projeto de Extensão Bioverde. Foi realizado um levantamento
estatístico (porcentagem) das plantas medicinais citadas 3 (três) ou mais vezes, sendo que as
plantas que não atingiram este número foram somadas, reunidas na categoria de “outras” e
também referenciadas em porcentagem. Como supracitado 20 (vinte) ACS passaram a utilizar
plantas medicinais após o curso proposto pelo Projeto Bioverde e observa-se no gráfico 9 que
destas, 7 (sete) começaram a utilizar a planta medicinal melissa, representando 11% das
plantas medicinais citadas, 6 (seis) a malva e a cavalinha, representando 9%, 5 (cinco)
45
começaram a utilizar a tansagem e o gengibre, representando 7%, 4 (quatro) o chá verde,
representando 6%, 3 (três) começaram a utilizar a hortelã, o boldo, o capim limão e a
alcachofra, representando 4%, 2 (duas) a babosa, a camomila, a capuchinha, a pata de
vaca e o quebra pedra, e 1 (uma) ACS passou a utilizar o alho, o alecrim, a arnica, a
carqueja, o cidró, a erva cidreira, o funcho, o ginko biloba, o guaco, o manjericão, a
mirra, o orégano, a insulina, o picão preto, a salvia, o sene, a sete sangria e o urucum,
totalizando 35% das plantas citadas menos de 3 (três) vezes.
O curso não somente tem como objetivo a capacitação das ACS para orientarem as
famílias sobre plantas medicinais, mas também tem a intenção de suscitar a reflexão sobre
como utilizar as plantas medicinais em seu cenário domiciliar.
Gráfico 9 – Plantas Medicinais utilizadas pelas ACS após freqüentarem o Projeto de Extensão Bioverde
Plantas Medicinais Utilizadas pelas ACS após Freqüentarem o
Projeto
4% 4% 4%
9%
6%
7%
4%9%11%
7%
35%
Alcachofra Boldo Capim Limão Cavalinha Chá Verde Gengibre
Hortelã Malva Melissa Tansagem Outros
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
A tabela 3 na página seguinte, corresponde a 100% de unanimidade na resposta
afirmativa, quando questionado às 21 (vinte e uma) ACS sobre a contribuição do Projeto
Bioverde para o enriquecimento nas orientações para as famílias de suas microáreas.
Efetivamente trabalhos educativos de saúde, ou seja, ações de prevenção de doenças e
promoção da saúde, realizados através dos ACS podem contribuir de forma eficaz na
manutenção da saúde da comunidade. Os saberes e práticas da população devem ser
fortalecidos para a prevenção, tratamento e controle de doenças. (BASTOS; TEIXEIRA;
MIRANDA, 2004).
46
Tabela 3 - Contribuição do Projeto para enriquecimento das orientações das ACS para as famílias
Contribuição do Projeto para enriquecimento das orientações das ACS para as
famílias
Sim 100%
Não 0%
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
No gráfico 10 da página seguinte, percebe-se que dentre as 21 (vinte e uma) ACS
sujeitos de pesquisa, 9 (nove) relataram que o projeto contribuiu para o enriquecimento nas
orientações sobre o conhecimento das plantas medicinais, representando 37% das orientações
repassadas, 8 (oito) na orientação sobre a utilização correta das plantas, representando 33%, 3
(três) na contribuição sobre a indicação do chá e sobre o método de preparo, representando
13% e 1 (uma) ACS sobre a validade do chá, representando 4% das orientações repassadas às
famílias.
Percebemos diante dos resultados obtidos que a maioria das ACS respondeu que o
projeto contribuiu para um melhor conhecimento das plantas medicinais e a sua utilização
correta, dessa forma, estando mais capacitadas para esclarecer hábitos errôneos da
comunidade na utilização de plantas medicinais. Fato este, que se concretiza através dos
seguintes comentários, citados abaixo, realizados pelas ACS:
“A orientação que a gente passa fica mais clara porque nós podemos falar de
algumas plantas com a certeza do que estamos orientando”.
(Capuchinha)
“Contribuiu muito, pois muitas pessoas usam as plantas medicinais de forma
incorreta”.
(Babosa)
“Orientando a forma correta de fazer o chá, o tempo de uso e a sua manipulação”.
(Tansagem)
“Esclarecendo nossas dúvidas e conhecendo o efeito de cada planta”.
(Melissa)
47
“Posso orientar com mais clareza como fazer o chá e que tipo de chá é bom para o
seu problema”.
(Insulina)
Gráfico 10 – Contribuição do Projeto de Extensão Bioverde no enriquecimento das orientações sobre plantas medicinais repassadas pelas ACS às famílias
Contribuição do Projeto no Enriquecimento das Orientações
sobre Plantas às Famílias
37%
33%
13%
13% 4%
Conhecimento das Plantas Informação da Utilização Correta
Indicação de Chá Método de Preparo
Validade do Chá
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
O gráfico 11 na página seguinte, demonstra para quais doenças as ACS começaram a
orientar as famílias sobre as plantas medicinais a partir dos conhecimentos adquiridos no
projeto. Foi realizado um levantamento estatístico (porcentagem) das doenças citadas mais de
3 (três) vezes, sendo que as doenças que não atingiram este número foram somadas, reunidas
na categoria de “outras” e também referenciadas em porcentagem. Observa-se no gráfico 11,
que das 21 (vinte e uma) ACS sujeitos de pesquisa, 16 (dezesseis) relataram que orientaram
plantas para hipertensão arterial sistêmica (HAS), representando 16% das doenças citadas,
14 (quatorze) ACS orientaram para diabetes mellitus (DM), representando 14%, 13 (treze)
ACS para cistite (13%), 8 (oito) para doenças do sistema nervoso como ansiedade,
nervosismo e depressão, representando 8%, 6 (seis) para colesterol alto (6%), 5 (cinco)
orientaram plantas para gripe e com ação antiinflamatória, representando 5%, 4 (quatro)
para cólica (4%), 3 (três) para tosse e resfriado, representando 3%, 2 (duas) orientaram
plantas com ação cicatrizante, antibiótica, plantas para o estômago, obesidade e
enxaqueca e 1 (uma) ACS orientou plantas para o sistema circulatório, para problemas
hepáticos, memória fraca, para o aumento do leite materno, para renite alérgica,
48
queimadura, insônia, feridas, para emese, edema, dores musculares, dor de garganta,
diarréia, doenças da pele, conjuntivite, cefaléia, câncer e azia, totalizando 23% das
doenças citadas.
Como descrito acima as doenças que mais se destacaram foram HAS e DM, podendo
concluir através dos dados obtidos, que estas são as doenças crônicas mais comuns
vivenciadas pelas comunidades.
Gráfico 11 – Principais doenças que as ACS orientaram plantas medicinais às famílias
Principais Doenças que as ACS Orientaram Plantas Medicinais
às Famílias 13%
4%6%
14%
5%16%
8%3%
3%5%
23%
Cistite Cólica
Colesterol Alto DM
Gripe HAS
Ansiedade, Nervosismo e Depressão Resfriado
Tosse Plantas com Ação Antiinflamatória
Outras
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
O gráfico 12 na página seguinte, demonstra quais foram as plantas medicinais mais
orientadas pelas ACS para as doenças descritas acima. Foi realizado um levantamento
estatístico (porcentagem) das plantas medicinais citadas 4 (quatro) vezes ou mais. As plantas
que não atingiram este número foram somadas, reunidas na categoria de “outras” e também
referenciadas em porcentagem. Dentre as 21 (vinte e uma) ACS sujeitos de pesquisa, 9 (nove)
relataram que orientaram a planta medicinal melissa para as famílias, representando 8% das
plantas medicinais citadas, 8 (oito) orientaram o capim limão e a cavalinha, representando
7%, 7 (sete) orientaram a malva e a sete sangria, representando 6%, 6 (seis) orientaram a
pata de vaca, a insulina, e a alcachofra, representando 5%, 5 (cinco) orientaram a
camomila (4%), 4 (quatro) orientaram a tansagem, a quebra pedra, o maracujá, o
gengibre e o guaco, representando 4%, 3 (três) orientaram a planta yacon, picão preto,
hortelã, erva doce, boldo, babosa e o alho, 2 (duas) orientaram o cabelo de milho e 1 (uma)
ACS orientou o urucum, a salvia, poejo, louro, joão bolão, gervão preto, folha de
49
chuchu, folha de pitangueira, folha de laranjeira, funcho, fáfia, eucalipto, erva cidreira,
chapéu de couro, chá verde, cana do brejo, calêndula, berinjela, arnica, alecrim, agrião
e alfavaca, totalizando 27% das plantas medicinais citadas.
De acordo com o gráfico 11 supracitado, as ACS orientaram plantas medicinais para
33 patologias, sendo que as plantas medicinais mais orientadas foram demonstradas no
gráfico 13 na página seguinte, totalizando 44 plantas. Conclui-se que, em alguns casos, foram
orientadas mais de uma planta para as doenças descritas acima.
Observamos que as plantas medicinais mais orientadas foram para HAS e DM,
doenças crônicas mais comuns nas comunidades como descrito anteriormente.
Conseqüentemente, também foram plantas orientadas pelo curso, o que se comprova a
necessidade das ACS participarem do curso de capacitação e qualificação do Projeto de
Extensão Bioverde.
O conhecimento das plantas medicinais e de sua arte curativa surge principalmente no
âmbito popular e, hoje, vem recebendo um grande foco de atenção por parte dos profissionais
de saúde formados nos moldes da ideologia científica. (BASTOS; TEIXEIRA; MIRANDA,
2004).
Gráfico 12 – Plantas medicinais orientadas pelas ACS às famílias para as principais doenças
Plantas Medicinais Orientadas pelas ACS para as Principais
Doenças
5% 4%7%
7%
4%4%
5%
6%8%4%5%4%6%
4%
27%
Alcachofra Camomila Cavalinha Capim Limão Guaco
Gengibre Insulina Malva Melissa Maracujá
Pata de Vaca Quebra Pedra Sete Sangria Tansagem Outras
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
O gráfico 13 na página seguinte, representa o conhecimento adquirido pelas ACS após
o curso do Projeto de Extensão Bioverde. Observa-se o aumento de conhecimento sobre
plantas medicinais, sendo que antes de freqüentarem o curso, as ACS relataram terem
50
conhecimento de 23 plantas, após o curso relataram orientar 44 plantas às famílias para as
doenças supracitadas, representando um aumento de 52% de seus conhecimentos.
Essa estatística demonstra que através do curso as ACS ampliaram seus
conhecimentos, podendo repassar informações sobre plantas medicinais às famílias sem terem
o receio de errar nas orientações.
Procura-se identificar os campos das duas culturas, científica e popular, sobre o uso
das plantas medicinais e discutir a aplicabilidade das plantas no cuidado com a problemática
da saúde, na perspectiva da aliança de saberes. Podemos inferir que um saber sobre o uso das
plantas medicinais formado da aliança dos dois saberes (popular e científico) não se anula,
mas se fundemb a partir das visões e concepções de mundo de cada participante do estudo.
(MEDEIROS; CABRAL 2001).
Gráfico 13 – Conhecimento adquirido pelas ACS após o curso do Projeto de Extensão Bioverde
23
33
44
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Plantas orientadas
antes do Curso
Plantas utilizadas após
o curso
Plantas orientadas
para as principais
patologias
Conhecimento adquirido pelas ACS após o curso
Plantas orientadas antes do Curso Plantas utilizadas após o curso
Plantas orientadas para as principais patologias
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
A tabela 4 demonstrada na página seguinte, corresponde à estatística referente à
indagação sobre a utilização das plantas medicinais pelas famílias após as orientações das
ACS. Dentre as 21 (vinte e uma) ACS sujeitos de pesquisa, 17 (dezessete) responderam que
as famílias utilizaram as plantas medicinais após suas orientações, representando 81%, 2
51
(duas) ACS responderam que não (9,5%) e outras 2 (duas) responderam que não sabiam
(9,5%).
A estatística de 9,5% onde os ACS relataram que as famílias não utilizaram plantas
medicinais após suas orientações, concretiza-se através do seguinte comentário realizado pela
ACS:
“Não, muitas falaram que não usaram e outras pessoas idosas já sabiam”.
(Malva)
A estatística de 9,5% onde os ACS relataram que não sabiam se as famílias utilizaram
plantas medicinais após suas orientações, concretiza-se através dos seguintes comentários
realizados pelas ACS:
“Não sei explicar, eu expliquei, mas não sei se usaram”.
(Melissa)
“Não sei responder, já que a gente orienta e eles falam que fazem, mas não tenho
certeza se eles utilizam como a gente orientou”.
(Chá Verde)
De acordo com os comentários citados acima concluímos que, as ACS que
responderam que não sabiam se as famílias haviam utilizado plantas medicinais após suas
orientações, talvez não tenham retornado às famílias para fazer o feedback.
Tabela 4 – Estatística da utilização das plantas medicinais após orientações das ACS Estatística da utilização das plantas medicinais após orientações das ACS
Sim 81%
Não 9,5%
Não Sabe 9,5%
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Conforme o gráfico 14 na página seguinte, conclui-se que das 17 (dezessete) ACS
sujeitos de pesquisa, 14 (quatorze) relataram que as famílias utilizaram as plantas medicinais
orientadas através de chá, representando 82%, 1 (uma) relatou que utilizaram as plantas na
alimentação, representando 6%, 1 (uma) relatou que utilizaram as plantas através de inalação,
52
representando 6% e 1 (uma) ACS relatou que as famílias utilizaram as plantas medicinais
através do uso tópico, representando 6%.
Para a área da saúde, o desafio da formação de um profissional cidadão que seja capaz
de transformar a realidade da saúde da população, depende de habilidades que vão muito além
da capacidade técnica, sem jamais prescindir dessa, porém incluindo o sistema público de
saúde e o compromisso social na sua formação. (MEDEIROS; SILVEIRA, 2007).
Gráfico 14 – Utilização das plantas medicinais pelas famílias a partir das orientações das ACS
Utilização das Plantas Medicinais pelas Famílias a partir das
Orientações das ACS
82%
6%6%
6%
Chás Plantas na Alimentação Inalação Uso Tópico
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quando perguntado às ACS sobre a provável modificação das famílias sobre os
cuidados com a utilização das plantas medicinais, o gráfico 15 na página seguinte, demonstra
que das 21 ACS sujeitos de pesquisa, 12 (doze) ACS responderam que as famílias adquiriram
mais conhecimentos, representando 56%, 3 (três) ACS responderam que não sabem se houve
modificações das famílias, representando 14%, 2 (duas) responderam que houve modificações
na melhora da saúde, representando 10%, 2 (duas) responderam que não houve modificações
das famílias, representando 10%, 1 (uma) ACS respondeu que houve pouca modificação, pela
descrença da família em relação ao uso das plantas medicinais, representando 5% e 1 (uma)
ACS respondeu que as famílias fizeram questionamentos sobre as plantas medicinais contra-
indicadas, representando 5%.
A ressignificação dos conceitos e valores que os sujeitos têm sobre os temas
envolvidos no processo saúde-doença é fundamental para gerar o compromisso coletivo com
53
a mudança. Para este fim o compartilhamento de experiências pode ser uma estratégia
legítima, sem o estabelecimento de superioridade entre os diferentes tipos de saberes, sejam
eles o científico e ou o popular, em adequação aos princípios da educação popular.
(MEDEIROS; SILVEIRA, 2007).
Gráfico 15 – Modificação nos cuidados das famílias a partir das orientações das ACS sobre plantas medicinais
Modificação nos Cuidados das Famílias a partir das
Orientações sobre Plantas Medicinais
10%5%
10%
56%
5%
14%
Não modificou Modificou pouco, pela descrença
Melhora na Saúde Mais Conhecimento
Questionamento sobre plantas contra-indicadas Não Sabe
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
A tabela 5 na página seguinte, demonstra a estatística referente às ACS que gostariam
que fossem abordados outros temas em 2008 além dos já apresentados no projeto, sendo que
das 21 ACS sujeitos de pesquisa, 17 (dezessete) responderam que sim, representando 81% e 4
(quatro) ACS responderam que não gostariam que fossem abordados outros temas,
representando 19%.
Observamos que a grande maioria das ACS demonstra interesse no aprendizado de
outros temas, além dos já abordados no projeto, podendo-se destacar a importância da
Unidade de Saúde em promover capacitações relacionadas a temas de interesse destas
profissionais e que contribuam com a comunidade.
54
Tabela 5 - Número de ACS que gostariam que fossem abordados outros temas no Projeto em 2008
Número de ACS que gostariam que fossem abordados outros temas no Projeto em
2008
Sim 81%
Não 19%
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
O gráfico 16 na página seguinte, demonstra quais temas as ACS gostariam que fossem
abordados no Projeto de Extensão Bioverde no ano de 2008. Foi realizado um levantamento
estatístico (porcentagem) sobre os temas citados 2 (duas) ou mais vezes. Os temas que não
atingiram este número foram somados, reunidos na categoria de “outros” e também
referenciados em porcentagem. Dentre as 21 ACS sujeitos de pesquisa, 3 (três) responderam
que gostariam de reforços sobre os temas já apresentados no ano anterior (HAS e DM),
osteoporose, obesidade, leucemia, doenças do sistema nervoso, representando 8% de cada
tema citado, 2 (duas) que fossem abordados temas referentes a trombose, geoterapia,
colesterol, alergias, representando 5% de cada tema e cada uma das ACS respondeu que
fossem abordados temas referentes a artrose, acidente vascular cerebral – AVC,
alzheimer, câncer, doenças cardíacas em crianças, doenças da pele, epilepsia,
hipotireoidismo, lupus, obesidade infantil, prevenção de doenças, óleos essenciais,
pesquisa sobre célula tronco e que fosse realizado curso com a comunidade, totalizando
40% dos temas. Percebemos que as ACS têm muitas dúvidas e curiosidades sobre uma
variedade de assuntos relacionados a problemas de saúde. Mesmo as ACS estando
diariamente em contato com as famílias, as mesmas não têm formação suficiente para realizar
orientações sobre muitas patologias. Apesar de não ser objetivo do curso de Plantas
Medicinais do Bioverde realizar formação sobre esses assuntos, fica explícita a necessidade
de formação continuada com toda a equipe de PSF incluindo as ACS. Sendo que muitos
temas destes citados acima não são de competência das ACS realizarem orientações, porém as
mesmas convivem diariamente com essas situações de saúde nas famílias orientadas.
Como descrito na tabela 5 supracitada, 81% das ACS sujeitos de pesquisa relataram
que gostariam que o projeto abordasse outros temas, sendo a maioria deles sobre doenças.
Apenas uma ACS relatou que o curso poderia ser oferecido também para a comunidade,
conforme descrito no gráfico 16, entretanto o Projeto de Extensão Bioverde já oportuniza este
curso para a comunidade.
55
Gráfico 16 – Temas que as ACS gostariam que fossem abordados no Projeto de Extensão Bioverde em 2008
Temas que as ACS Gostariam que Fossem Abordados no
Projeto em 2008
5% 5%8%
5%
8%
8%8%5%8%
40%
Alergia Colesterol Doenças do Sistema Nervoso
Geoterapia Leucemia Obesidade
Osteoporose Trombose Reforço sobre HAS e DM
Outros
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
Quando questionado às ACS se estas gostariam de continuar participando do Projeto
de Extensão Bioverde no ano de 2008, as 21 ACS sujeitos de pesquisa foram unânimes em
responder que gostariam de darem continuidade, representando um total de 100%, conforme a
tabela 6 descrita na página seguinte.
Percebemos o interesse das ACS em darem continuidade no Projeto de Extensão
Bioverde no ano de 2008, conforme tabela abaixo, concretizada através dos seguintes
comentários realizados pelas ACS:
“Sim. Gostaria de participar da pesquisa, pois aprendi bastante”.
(Hortelã)
“Sim. Não tenho a menor dúvida, o projeto só tem a nos acrescentar com as
informações tão importante não só para o nosso dia a dia como para a nossa profissão”.
(Tansagem)
“Se for possível sim, porque é muito importante para a nossa profissão e também
para passarmos para nossas famílias”.
(Erva Doce)
56
“Sim, pois estes conhecimentos são importantes tanto para o nosso trabalho como
também para a nossa família”.
(Erva Cidreira)
“Sim, gostaria de participar já que gosto de plantas medicinais”.
(Chá Verde)
Tabela 6 - Número de ACS que gostariam de participar do Projeto em 2008 Número de ACS que gostariam de participar do Projeto em 2008
Sim 100%
Não 0%
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às ACS coletados no Projeto de Extensão Bioverde
6.2 Análise do questionário semi-estruturado aplicado às famílias
Conforme já avaliado no gráfico 1 supracitado, das 21 ACS sujeitos de pesquisa (13
pertencentes à CIABS e 8 à UCS), foram escolhidos uma família de cada uma destas para
aplicação do segundo questionário semi-estruturado (apêndice D). O gráfico 17 abaixo,
demonstra a Unidade de Saúde das famílias sujeitos de pesquisa, sendo que 13 famílias são
integrantes da CIABS, representando 62% e 8 (oito) são da UCS, representando 38%.
O número de ACS suficiente para cobrir 100% da população cadastrada é no máximo
de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família. (BRASIL, 2006).
Gráfico 17 – Unidade de Saúde das famílias sujeitos de pesquisa
Unidade de Saúde das Famílias Sujeitos de Pesquisa
38%
62%
UCS
CIABS
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
57
Quanto ao sexo dos representantes das famílias, no gráfico 18 abaixo está representado
o gênero (sexo feminino e masculino), sendo que dos 21 representantes das famílias sujeitos
de pesquisa, 20 representantes são do gênero feminino correspondendo a 95% e apenas 1 (um)
representante é do gênero masculino, representando 5% .
Observamos que a grande maioria dos representantes das famílias era do sexo
feminino, já que no horário da aplicação da pesquisa os companheiros encontravam-se
ausentes, provavelmente no trabalho, porém percebemos durante a coleta de dados nas visitas
que algumas destas mulheres vivem sozinhas.
O representante do sexo masculino foi o que tinha mais variedades de plantas
medicinais cultivadas no quintal de sua residência e demonstrou ter mais conhecimentos sobre
plantas e as suas utilizações de forma correta.
Gráfico 18 – Sexo do representante das famílias sujeitos de pesquisa
Sexo do Representante da Família
5%
95%
Masculino Feminino
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
Quanto a idade dos representantes das famílias sujeitos de pesquisa, observa-se no
gráfico 19 demonstrado na página seguinte, que 13 (treze) representantes apresentam mais de
60 anos, correspondendo 61%, 5 (cinco) apresentam idade entre 51 a 60 anos, representando
24%, 2 (dois) com idade entre 31 a 40 anos, representando 10%, 1 (um) com idade entre 41 a
50 anos, representando 5% e nenhum com idade entre 20 a 30 anos.
Observamos, conforme descrito acima e talvez por ser uma amostra induzida, que a
maioria dos representantes das famílias sujeitos de pesquisa que responderam o questionário
eram idosos. Comprova-se assim a cultura do uso de plantas medicinais repassada de geração
58
a geração desde os primórdios e a importância da valorização do conhecimento dos
antepassados.
Gráfico 19 – Idade do representante das famílias sujeitos de pesquisa
Idade do Representante da Família
0% 10%5%
24%
61%
20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 51 a 60 anos Mais de 60 anos
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
No gráfico 20 abaixo, observa-se a escolaridade do representante da família sujeito de
pesquisa, sendo que dos 21 representantes das famílias, 16 concluíram o ensino fundamental,
representando 75%, 2 (dois) concluíram o ensino médio, representando 10%, 2 (dois) são
analfabetos, representando 10% e 1 (um) concluiu o ensino superior, totalizando 5%.
Gráfico 20 - Escolaridade do representante das famílias sujeitos de pesquisa
Escolaridade do Representante da Família
10%
75%
10%5%
Analfabeto Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
59
Observando o gráfico 21 abaixo, o qual demonstra o número de integrantes do grupo
familiar, 11 famílias sujeitos de pesquisa apresentam 2 a 4 integrantes, representando 52%, 6
(seis) pessoas vivem sozinhas, representando 29% e 4 (quatro) famílias apresentam mais de 4
integrantes no grupo familiar, representando 19%.
Gráfico 21 - Número de integrantes do grupo familiar sujeito de pesquisa
Número de Integrantes do Grupo Familiar
29%
52%
19%
Sozinho 2 a 4 Mais de 4
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
O gráfico 22 na página seguinte, demonstra a procedência dos representantes das
famílias sujeitos de pesquisa. Foi realizado um levantamento estatístico (porcentagem) sobre a
procedência dos representantes das famílias citadas mais de 2 (duas) vezes. As procedências
dos representantes que não atingiram este número foram somados, reunidos na categoria de
“outros” e também referenciados em porcentagem. Dentre os 21 sujeitos de pesquisa, 7 (sete)
representantes da família têm como procedência o Município de Biguaçu/SC, representando
37%, 2 (dois) Angelina/SC, representando 11%, 2 (dois) Antônio Carlos/SC, representando
11% e 1 (um) representante de Florianópolis/SC, 1 (um) de Governador Celso Ramos/SC, 1
(um) de Grão-Pará/SC, 1 (um) de Tijucas/SC, 1 (um) de Ituporanga/SC, 1 (um) de
Palhoça/SC, 1 (um) de São José/SC, 1 (um) de Santana do Livramento/RS, 1 (um) de São
Luiz Gonzaga/ RS e 1 (um) de Iguateí/CE, totalizando 41%.
60
Gráfico 22 – Procedência do representante das famílias sujeitos de pesquisa
Procedência do Representante da Família
11%
11%
37%
41%
Angelina/SC Antônio Carlos/SC Biguaçu/SC Outros
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
Quando questionado sobre o tempo de residência no Município de Biguaçu/SC aos
representantes das famílias sujeitos de pesquisa, observamos no gráfico 23 abaixo, que 6
(seis) 29%, residem em Biguaçu há mais de 20 anos, 6 (seis) 28%, residem em Biguaçu desde
que nasceram, 5 (cinco) 24% residem entre 10 a 20 anos e 4 (quatro) 19% há menos de 10
anos.
Gráfico 23 – Tempo de residência em Biguaçu das famílias sujeitos de pesquisa
Tempo de Residência em Biguaçu
28%
19%24%
29%
Desde que Nasceu Menos de 10 anos De 10 a 20 anos Mais de 20 anos
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
61
A tabela 7 abaixo, demonstra a estatística referente à porcentagem de ACS que
passaram alguma informação sobre plantas medicinais às famílias, sendo que dos 21
representantes das famílias sujeitos de pesquisa, 17 (dezessete) responderam que as ACS lhes
passaram alguma informação sobre plantas medicinais, representando 81% e 4 (quatro)
responderam que não lhes passaram nenhuma informação, representando 9%.
As famílias entrevistadas demonstraram ter um conhecimento generalizado, uma
sabedoria popular sobre a utilização de plantas medicinais. Durante as visitas para a aplicação
do questionário muitas ACS relataram que as famílias têm mais conhecimento sobre plantas
medicinais do que elas próprias, por isso 9% das famílias informaram repassar orientações
sobre plantas medicinais as ACS e não receberem nenhuma orientação destas. Seguem-se
abaixo comentários realizados pelas famílias concretizando o fato supracitado:
“Eu conheço várias plantas e o método correto de preparar o chá, por isso a ACS que
pega informação comigo”.
(Família 1)
“Eu que passo informações para a ACS porque conheço e uso muitas plantas
medicinais”.
(Família 2)
Tabela 7 - Porcentagem de ACS que passaram alguma informação sobre plantas medicinais às famílias
Porcentagem de ACS que passaram alguma informação sobre plantas medicinais às
famílias
Sim 81 %
Não 9 %
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
O gráfico 24 demonstrado na página 63, representa as plantas medicinais informadas
pelas ACS após darem início ao curso proposto pelo Projeto de Extensão Bioverde às famílias
sujeitos de pesquisa. Foi realizado um levantamento estatístico (porcentagem) sobre as plantas
medicinais informadas pelas ACS citadas 2 (duas) ou mais vezes. As plantas medicinais que
não atingiram este número foram somadas, reunidas na categoria de “outros” e também
referenciadas em porcentagem. O questionário semi-estruturado base para a realização deste
gráfico/análise questionava sobre as plantas informadas pelas ACS, porém durante a pesquisa
62
percebeu-se que além das plantas informadas também era orientado o método de preparo, o
armazenamento e a validade do chá, por isso estes dados também foram tabulados e
acrescentados na análise. Dentre os 21 sujeitos de pesquisa, 13 (treze) relataram que as ACS
lhes orientaram sobre o método de preparo, representando 33% das informações repassadas,
3 (três) a planta medicinal hortelã (8%), 2 (duas) as plantas malva, tansagem, erva cidreira e
cidró, representando 5% e 1 (uma) ACS recomendou a arnica, alcachofra, baguaçu, boldo,
capim limão, capuchinha, confrei, espinheira santa, guaco, melissa, menta, pata de vaca,
picão preto, sete sangrias, além de orientações sobre o armazenamento e a validade do
chá, totalizando 39% das informações repassadas.
Partindo da premissa de que o cidadão pode e deve participar ativamente na mudança
da realidade social, na busca constante do bem comum e de uma melhor qualidade de vida, a
educação em saúde passa a ser definida como processo de transformação que desenvolve a
consciência crítica das pessoas a respeito de seus problemas de saúde e estimula a busca de
soluções coletivas. (MEDEIROS; SILVEIRA, 2007).
As famílias envolvidas na pesquisa demonstraram ter conhecimento sobre plantas
medicinais, já que como citado anteriormente a comunidade de Biguaçu segue uma cultura de
uso de plantas medicinais repassado de geração a geração, porém a maioria apresentou um
conhecimento errôneo sobre o método de preparo, cozinhando por muito tempo as plantas,
perdendo assim seu princípio ativo, a validade do chá pronto, deixando o chá por mais de 24
horas armazenado e o armazenamento destas plantas, guardando em vasilhames e locais
impróprios. Em decorrência deste fato observamos a importância e a necessidade da educação
em saúde realizada pelas ACS, e profissionais da saúde em geral.
63
Gráfico 24 – Plantas medicinais informadas pelas ACS após o início ao curso do Projeto de Extensão Bioverde às famílias sujeitos de pesquisa
Plantas Informadas pelas ACS às Famílias
33%
8%
5%5%5%5%
39%
Modo de Preparo Hortelã Malva Tansagem Erva Cidreira Cidró Outros
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
A tabela 8 abaixo, corresponde à estatística referente à indagação às famílias sobre a
utilização de plantas medicinais antes das orientações das ACS. Os 21 sujeitos de pesquisa
foram unânimes em responder que utilizavam plantas medicinais antes das orientações das
ACS, representando 100%.
Tabela 8 - Utilização de plantas medicinais antes das orientações das ACS
Utilização de plantas medicinais antes das orientações das ACS
Sim 100 %
Não 0 %
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
O gráfico 25 na página seguinte, representa as plantas medicinais utilizadas pelas
famílias antes das orientações das ACS. Foi realizado um levantamento estatístico
(porcentagem) sobre as plantas medicinais utilizadas pelas famílias antes das orientações das
ACS citadas 3 (três) ou mais vezes. As plantas medicinais que não atingiram este número
foram somadas, reunidas na categoria de “outros” e também referenciadas em porcentagem.
Dentre os 21 sujeitos de pesquisa, 7 (sete) famílias utilizavam a melissa, hortelã e a erva
cidreira, representando 9% das plantas medicinais, 5 (cinco) a espinheira santa (6%), 4
(quatro) o capim limão e o boldo (5%), 3 (três) o alecrim, folha de laranjeira e a malva
(4%), 2 (duas) a alcachofra, babosa, chapéu de couro, erva doce, feijão andu, guaco e
64
macela e 1 (uma) família utilizava a arruda, cavalinha, carqueja, camomila, cidró, cipó
mil homem, eucalipto, figatil, fumara, funcho, folha de ameixa, folha de cana, folha de
jaca, guiné, limão, louro, penicilina, pulmonária, picão preto, quebra pedra, rabo de
gato, rosa verde, sabugueiro, saia de mulata, tansagem e o yacon, totalizando 45% das
plantas citadas.
Gráfico 25 – Plantas medicinais utilizadas pelas famílias antes das orientações das ACS
Plantas Medicinais Utilizadas pelas Famílias Antes das
Orientações das ACS
4% 5% 5%
9%
6%4%
9%4%9%
45%
Alecrim Boldo Capim Limão Erva Cidreira
Espinheira Santa Folha de Laranjeira Hortelã Malva
Melissa Outros
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
Comparando os gráficos 24 e 25 supracitados, os quais representam as plantas
medicinais utilizadas pelas famílias sujeitos de pesquisa antes das orientações das ACS e as
plantas informadas pelas ACS após o início ao curso do Projeto de Extensão Bioverde,
percebe-se que das 43 plantas medicinais já conhecidas e utilizadas pelas famílias 11 (onze)
foram orientadas pelas ACS após estas iniciarem o curso, sendo elas a alcachofra, boldo,
capim limão, cidró, erva cidreira, espinheira santa, guaco, hortelã, malva, melissa e
tansagem. Conclui-se que esta repetição se dá devido a estas plantas serem comuns e
conhecidas pela população em geral.
Analisando as plantas medicinais que as famílias não utilizavam, 7 (sete) outras
plantas e 3 (três) informações gerais sobre chá foram orientadas pelas ACS após o curso.
As famílias relataram outras 32 plantas já conhecidas e utilizadas, as quais não foram
orientadas pelas ACS, conseqüentemente, percebe-se que as famílias têm um maior
conhecimento sobre plantas medicinais, talvez porque a comunidade siga uma cultura de uso
de plantas repassadas de geração à geração.
65
Tabela 9 - Contribuição das orientações das ACS para o conhecimento das famílias sobre plantas medicinais
Contribuição das orientações das ACS para o conhecimento das famílias sobre
plantas medicinais
Sim 71 %
Não 29 %
Fonte: Dados do questionário semi-estruturado às famílias coletados em VD
A tabela 9 acima demonstra a estatística referente à porcentagem da contribuição das
orientações das ACS para o conhecimento das famílias sobre plantas medicinais, sendo que
dos 21 representantes das famílias sujeitos de pesquisa, 15 relataram que as orientações das
ACS contribuíram para seus conhecimentos sobre plantas medicinais, representando 71% e 6
(seis) que não contribuíram, representando 29%.
Percebemos que a maioria das famílias relatou que as ACS contribuíram para o seu
conhecimento sobre plantas medicinais, como demonstra a tabela acima. Eis alguns relatos
ratificando a frase descrita:
“Ela me orientou sobre algumas plantas e a forma de preparo do chá, me dando
segurança para usar as plantas medicinais”.
(Família 3)
“A agente comunitária me ensinou como fazer o chá e que eu não devo colocar na
vasilha de alumínio”.
(Família 4)
“Contribuiu, porque eu passei a preparar o chá do jeito certo”.
(Família 5)
“Acho que contribuiu, porque eu misturava muitas plantas no preparo do chá”.
(Família 6)
“Contribuiu, porque quando eu preciso consigo usar as plantas para as doenças mais
comuns”.
(Família 7)
66
Algumas das famílias relataram que as orientações das ACS não contribuíram para
seus conhecimentos sobre plantas medicinais devido à dificuldade de aceitarem as orientações
sobre o método correto do preparo do chá, pois as mesmas cultivam informações repassadas
pelos seus ancestrais. Ressalta-se que muitas vezes as informações repassadas de geração a
geração são errôneas e indivíduos mais antigos que sempre conviveram com suas crenças
encontram dificuldades para mudarem seus conceitos.
Como citado pela teórica Leininger, a cultura abrange valores, crenças, normas e
práticas de vida, aprendidas, compartilhadas e transmitidas em grupo específico, que
direcionam seus pensamentos, decisões e ações em formas padronizadas. (MONTICELLI;
ALONSO; LEOPARDI, 1999).
Percebemos que, apesar de as próprias ACS terem escolhido as famílias para serem
entrevistadas, algumas negaram orientações repassadas por essas. Seguem-se abaixo
comentários realizados pelas famílias concretizando o fato supracitado:
“Não contribuiu, fui orientada sobre o método de preparo (infusão), porém acho que
devo ferver o chá”.
(Família 8)
“Acho que não contribuiu, porque a agente falou que eu não devo ferver o chá, mas
aprendi com a minha mãe a fazer assim e acho que ferver é o método certo”.
(Família 9)
67
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolver esta pesquisa foi de suma importância, tivemos a oportunidade de manter
um contato mais próximo com as Agentes Comunitárias de Saúde e as Famílias, sob o
enfoque de trabalhar com o uso popular das plantas medicinais e de visualizar o valor do
Projeto de Extensão Bioverde, o qual proporciona a capacitação sobre Fitoterapia a estas
profissionais de saúde.
Paralelamente, a pesquisa realizada foi importante para auxiliar a Equipe do Projeto
Bioverde, eis que, pelos dados demonstrados, haverá possivelmente uma reformulação do
mesmo neste segundo ano de atividade, o que fortalecerá seu objetivo, submetendo a equipe a
realizar estratégias inovadoras e satisfatórias.
Escolhemos a teórica Leininger porque a partir do momento em que se faz contato
com a família, esta tem a necessidade de questionar.
Nesse sentido, a teórica aponta que os povos de cada cultura são capazes de conhecer e
definir as maneiras através das quais irão experimentar e perceber seus cuidados, relacionando
suas experiências e percepções às suas crenças e práticas gerais de saúde.
Desse modo, ressaltamos a importância do profissional de saúde em valorizar a cultura
das famílias, para que estas possam perpetuar suas crenças e evolucionar sua sabedoria a
partir do conhecimento científico repassado pelos profissionais.
No segundo momento da coleta de dados, a ser realizada com as famílias, encontramos
certa dificuldade no agendamento das visitas domiciliares – VD com algumas ACS da
CIABS, pois houve resistência destas em agendarem as visitas. Acreditamos que a dificuldade
encontrada inicialmente ocorreu por conta do receio das ACS, já que o Projeto Bioverde
estava passando por um processo de avaliação e consequentemente seus integrantes.
Em todas as VD fomos bem recebidas pelas famílias, nenhuma delas negou nos
receber e participaram integralmente da coleta de dados. Houve questionamentos em relação à
saúde e doença, onde pudemos dar orientações às famílias a respeito.
Assim, obtivemos a experiência de que é possível realizar pesquisa e oferecer
assistência ao usuário, dentro da estratégia de saúde da família, respeitando a cultura da
família, visando cumprir um dos princípios do SUS: a integralidade.
O projeto capacitou as ACS a realizarem educação em saúde sobre plantas medicinais
às famílias e a ampliarem seus conhecimentos, objetivando uma integração do conhecimento
popular e científico. Como vimos, esse saber popular vem da prática de vida de cada
comunidade e não pode ser negado pelo saber científico, pois adota uma sistemática própria
68
assentada na observação empírica do seu universo cultural, ocorrendo, portanto, uma troca de
conhecimentos entre o saber comum e o saber acadêmico-científico.
Resultante desta aliança de saberes há a valorização da própria Fitoterapia, que
indubitavelmente iniciou com o saber popular e cada vez mais vem sendo explorada
cientificamente.
A pesquisa comprovou essa premissa, porquanto demonstrou através dos dados
obtidos que as ACS além de repassarem seus conhecimentos, adquirem em contrapartida o
conhecimento das famílias acerca da utilização das plantas medicinais.
Relacionando as intervenções educativas e sociais realizadas pelo projeto, observamos
que as ACS também tiveram uma contribuição importante no repasse do seu conhecimento
popular infundindo-o com o conhecimento científico, conseqüentemente o projeto contribuiu
para que estas profissionais adotassem a Fitoterapia em seu cotidiano, tanto profissional como
pessoal, contribuindo na avaliação do impacto que o Projeto Bioverde causou neste primeiro
ano de existência.
Planejamos alguns objetivos a serem realizados durante o desenvolvimento da
pesquisa, todavia o objetivo “participar das atividades do Projeto Bioverde no primeiro
semestre de 2008, contribuindo com temas relevantes para o grupo” não pôde ser realizado,
pois as atividades do Bioverde coincidem com nosso horário de Estágio Curricular do 8º
período da Graduação de Enfermagem.
De acordo com os dados obtidos na pesquisa ressaltamos algumas sugestões que
podem ser adotadas pelo Projeto de Extensão Bioverde:
• Disponibilizar o curso à outros profissionais de saúde, já que estes também têm
sua importância na realização da educação em saúde e reforçaria as orientações
repassadas pelas ACS. Destacamos também que seria um incentivo para que a
população conseguisse maior aderência ao uso da Fitoterapia, onde esta comunidade
possa esclarecer suas dúvidas na própria unidade e/ou em visita domiciliar;
• Elaborar um manual de bolso sobre as plantas medicinais mais utilizadas pela
comunidade de Biguaçu, abordando a planta medicinal, indicação, contra-indicação,
método de preparo e uso, para que os profissionais da saúde possam ter um acesso
fácil a informações de Fitoterapia, pois percebemos durante o desenvolvimento da
pesquisa que havia muitos questionamentos sobre este assunto e esse manual seria
uma forma facilitadora para o esclarecimento de dúvidas;
• Realizar estratégias para incentivar a comunidade a participar do curso
proposto pelo projeto, visto que este oportuniza a população à participação das
69
atividades propostas. Tais estratégias poderiam ser realizadas através de maior
divulgação na Unidade de Saúde e através das ACS em visitas domiciliares;
• Implantar o acompanhamento dos acadêmicos-bolsistas participantes do
projeto durante as visitas domiciliares às famílias juntamente com as ACS, para
visualizarem e avaliarem o conhecimento adquirido por estas.
O Projeto de Extensão Bioverde continuará suas atividades no ano de 2008 e
almejamos que nossa pesquisa e sugestões contribuam de forma significativa para um
processo de reavaliação e readequação, procurando fortalecer ainda mais as atividades
propostas e seus objetivos e buscando aumentar o impacto que este projeto pode proporcionar
para a comunidade de Biguaçu.
70
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAMPUS BIGUAÇU
Apêndice A - Termo de Compromisso de Orientação
Msc. Teresa Gaio, Professora da disciplina de Saúde do Adulto e Idoso e Fitoterapia,
do Curso de Graduação em Enfermagem, concordo em orientar a Monografia de Conclusão
de Curso das alunas: Adriana Graff Carvalho e Monique Santos Botelho. No decorrer do
desenvolvimento da pesquisa tendo como tema: O uso das Plantas Medicinais no cotidiano
dos Agentes Comunitários de Saúde: avaliando o impacto do projeto de extensão
bioverde.
As orientandas estão cientes das Normas para Elaboração do Trabalho Monográfico de
Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, da UNIVALI, bem como do Calendário
de Atividades proposto.
Biguaçu, ______/______/_______
_______________________ _______________________
Adriana Graff Carvalho Monique Santos Botelho
_______________________
Prof. Msc. orientadora
Teresa Gaio
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAMPUS BIGUAÇU
Apêndice B - Termo de Aceite da Instituição
Declaro para os devidos fins, que autorizo a realização do Projeto de Monografia: O
uso das Plantas Medicinais no cotidiano dos Agentes Comunitários de Saúde: avaliando
o impacto do projeto de extensão bioverde, a ser realizado com a colaboração e permissão
do Projeto de Extensão Bioverde no segundo semestre de 2007.
O estudo será realizado pelas acadêmicas Adriana Graff Carvalho e Monique Santos
Botelho, do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI, sob a orientação da professora Msc. Teresa Gaio.
Biguaçu, ______/______/_______
_____________________________
Assinatura e carimbo do responsável
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAMPUS BIGUAÇU
Apêndice C - Questionário Semi-Estruturado de Pesquisa aos ACS
1. Perfil do ACS:
Nome:...................................................................................................... Sexo: ( ) M ( ) F
Idade: ..........anos. Grau de Escolaridade: ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior
Procedência: ........................................ Mora em Biguaçu há .......anos
Há quanto tempo você trabalha como Agente Comunitário de Saúde?
( ) menos 6 meses ( ) 6 m. a 1 ano ( ) 1 a 2 anos ( ) 2 a 4 anos ( ) + de 4 anos.
2. Você tinha algum conhecimento sobre Plantas Medicinais antes de participar do
Projeto de Extensão Bioverde? ( ) Sim ( ) Não
Na resposta afirmativa acima, cite 5 plantas principais que você orientava à comunidade
antes de participar do Projeto Bioverde?
3. Após iniciar o Curso de Plantas Medicinais no projeto Bioverde você passou a utilizar
plantas medicinais? ( ) Sim ( ) Não
Quais?................................................................................................................................
4. O projeto Bioverde contribuiu para enriquecer as orientações para as famílias
acompanhadas na sua micro-área? ( ) Sim ( ) Não
Como contribuiu?..............................................................................................................
5. A partir do conhecimento adquirido no curso, para quais doenças você começou a
orientar plantas medicinais? (cite as doenças)
6. Quais as plantas medicinais foram mais orientadas para essas doenças?
7. As famílias utilizaram as plantas medicinais a partir das suas orientações?
( ) Sim ( ) Não. Como?.......................................................................................
8. O que modificou nas famílias, a partir de sua orientação, no cuidado com plantas
medicinais?
9. Existe mais algum tema que você gostaria de abordar além dos apresentados pelo
projeto neste ano?
10. Gostaria de continuar participando do Projeto de Extensão Bioverde no ano de 2008?
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAMPUS BIGUAÇU
Apêndice D - Questionário Semi-Estruturado de Pesquisa às Famílias
1. Perfil da família:
Nome:...................................................................................................... Sexo: ( ) M ( ) F
Idade: ..........anos. Grau de Escolaridade: ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior
Número de integrantes do seu grupo familiar: ....................
Procedência: ........................................ Mora em Biguaçu há .......anos
2. Os agentes comunitários de saúde lhe passaram alguma informação sobre plantas
medicinais? ( ) sim ( ) não
Quais plantas?.........................................................................................................................
3. Você já utilizava alguma planta medicinal antes da orientação dos agentes
comunitários de saúde? ( ) sim ( ) não
Quais plantas?.........................................................................................................................
4. A informação transmitida pelos agentes comunitários de saúde contribuiu para o seu
conhecimento sobre plantas medicinais? ( ) sim ( ) não
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAMPUS BIGUAÇU Apêndice E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Participante
Nome:............................................................................................................................................
Idade..................... Sexo....................... Naturalidade...................................................................
Domiciliado em.............................................................................................................................
Profissão..................................................................... RG............................................................
foi informado detalhadamente sobre a pesquisa intitulada O USO DAS PLANTAS
MEDICINAIS NO COTIDIANO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE:
AVALIANDO O IMPACTO DO PROJETO DE EXTENSÃO BIOVERDE.
O(a) sr(a) foi plenamente esclarecido de que ao responder as questões que compõem esta
pesquisa estará participando de um estudo de cunho acadêmico, que tem como objetivo
avaliar o impacto do projeto Bioverde a partir da utilização das plantas medicinais no
cotidiano dos agentes comunitários de saúde – ACS.
Embora o(a) sr(a) venha a aceitar a participação nesta pesquisa, está garantido que o (a) sr(a)
poderá desistir a qualquer momento, inclusive sem nenhum motivo, bastando para isso,
informar sua decisão de desistência, de maneira mais conveniente. Foi esclarecido ainda que,
por ser uma participação voluntária e sem interesse financeiro, o (a) sr(a) não terá direito a
nenhuma remuneração. A participação na pesquisa não incorrerá em riscos ou prejuízos de
qualquer natureza.
Os dados referentes ao sr(a) serão sigilosos e privados, sendo que o(a) sr(a) poderá solicitar
informações durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma.
A coleta de dados para a pesquisa será desenvolvida através de entrevistas individuais,
garantindo-se privacidade e a confidência das informações e será realizada pelos acadêmicos
Adriana Graff Carvalho (Fone: 96285759) e Monique Santos Botelho (Fone: 96235645), sob
a supervisão da Profª Teresa Gaio (Fone: 91049299).
Biguaçu (SC)___________________________ de_________________de 2008.
___________________________________________________________
Participante da Pesquisa
79
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR
CAMPUS BIGUAÇU
Apêndice F - Termo de Compromisso para Utilização de Imagens dos Sujeitos da Pesquisa
Título do Projeto: O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NO COTIDIANO DOS
AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: AVALIANDO O IMPACTO DO PROJETO DE
EXTENSÃO BIOVERDE.
Os pesquisadores abaixo se comprometem a garantir e preservar as imagens dos sujeitos da
pesquisa, garantindo a confidencialidade dos ACS e das famílias. Sendo que as imagens
coletadas serão utilizadas única e exclusivamente para execução do projeto acima descrito.
Telefone para contato: Profª Teresa Gaio – 9104-9299; Acadêmicas: Adriana Graff Carvalho
9628-5759 e Monique Santos Botelho - 9623-5645.
Eu, ...................................................................................................., autorizo a divulgação das
imagens em coleta única e exclusivamente para execução do projeto acima descrito.
Biguaçu (SC)___________________________ de_________________de 2008.
___________________________________________________________
Assinatura
80
ANEXOS
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Imagem 01: Agente Comunitária de Saúde em companhia da representante da Família em Visita Domiciliar
Imagem 02: Agente Comunitária de Saúde em companhia da representante da Família em Visita Domiciliar
82
Imagem 03: Representante da Família em Visita Domiciliar
Imagem 04: Agente Comunitária de Saúde em companhia da representante da Família em Visita Domiciliar
83
Imagem 05: Agente Comunitária de Saúde em companhia da representante da Família em Visita Domiciliar
Imagem 06: Agente Comunitária de Saúde em companhia da representante da Família em Visita Domiciliar
84
Imagem 07: Agente Comunitária de Saúde em companhia da representante da Família em Visita Domiciliar
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