1 INTRODUÇÃO
Considerando a bioquímica das células, lipídios são designados como biomoléculas
orgânicas insolúveis em água que podem ser extraídas das células e tecidos por solventes
apolares. Dentro da família dos lipídios estão incluídos os conceitos de óleos e gorduras, que
diferem quanto ao seu aspecto físico à temperatura ambiente. (LEHNINGER, 2002, p. 190).
Segundo a legislação vigente, a Resolução número 270, de 22 de setembro de 2005, que
aprova o Regulamente Técnico para óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Cremes Vegetais, óleos
e gorduras vegetais são os produtos constituídos principalmente de glicerídeos de ácidos graxos
de espécies vegetais, podendo conter pequenas quantidades de outros lipídeos como
fosfolipídeos, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres naturalmente presentes no óleo
ou na gordura. (BRASIL, 2005).
Os óleos e as gorduras podem então ser definidos como substâncias insolúveis em água
(hidrofóbicas), de origem animal, vegetal ou microbiana, formadas predominantemente de
produtos de condensação entre glicerol e ácidos graxos chamados triglicerídeos. A diferença
entre óleos (líquidos) e gorduras (sólidas), à temperatura ambiente (25 ºC), reside na proporção
de grupos acila saturados e insaturados presentes nos triglicerídeos, já que os ácidos graxos
correspondentes representam mais de 95% do peso molecular dos seus triacilgliceróis.
(MORETTO, 1998, p. 1).
Os óleos e gorduras apresentam como componentes substâncias que podem ser reunidas
em duas grandes categorias: glicerídeos e não-glicerídeos. Os ácidos graxos livres, componentes
naturais das gorduras, ocorrem em quantidades geralmente pequenas. No entanto, eles têm uma
participação tão importante na constituição das moléculas dos glicerídeos e de certos não-
glicerídeos, que chegam a representar até 96% do peso total dessas moléculas e, assim,
contribuem nas propriedades mais características dos diferentes óleos e gorduras. (MORETTO,
1998, p. 1).
Os lipídios são um dos principais e essenciais componentes da dieta humana, junto com
os carboidratos e as proteínas. Constituem uma fonte energética de primeira ordem, já que
1
proporcionam em torno de 9 kcal/g, sendo que as proteínas e carboidratos rendem apenas 4
kcal/g. Assim, em situações de deficiência calórica, os lipídeos e os carboidratos evitam a perda
protéica e melhoram a taxa de crescimento. Alguns alimentos ricos em triglicerídeos (lipídeos)
são fontes de vitaminas lipossolúveis (vitamina A, D E e K), e a ingestão de triglicerídeos
melhora a absorção dessas vitaminas independentemente de sua origem. Na indústria de
alimentos, os óleos e gorduras são tecnologicamente indispensáveis pois exercem ação
lubrificante, contribuem na ação de leveza pelo aprisionamento de ar em massa e sorvetes, atuam
como agente transportador de calor nas frituras, contribuem no paladar e na saciedade e garantem
a rapidez em processamentos de alimentos (JUKI, Lyenne Assis, 2004).
As gorduras, como as proteínas e os carboidratos, são constituintes essenciais de todas as
formas vivas, mas, contudo, o fator “disponibilidade” prevalece. Assim, para ser industrialmente
aproveitada, a matéria-prima deve apresentar um conteúdo de óleo superior a 12 ou 15%, além de
ser abundante. As fontes de óleos e gorduras são:
Vegetais: algumas sementes, polpas de certos frutos e germens de alguns cereais.
Animais terrestres: dentre as fontes comerciais mais importantes estão os suínos, os bovinos
e os ovinos.
Animais aquáticos: os chamados óleos marinhos mais importantes provêm das sardinhas,
dos arenques e das baleias.
Microrganismos: embora não seja ainda uma fonte comercial, tem-se reconhecido que
certos fungos e leveduras podem produzir uma biomassa com 40-70% de gordura
(HARTMAN, 1982).
Atualmente, existem opiniões generalizadas de que há uma ligação entre o modo de
alimentação e o aumento vertiginoso das doenças de coração e das vias circulatórias. A
quantidade e principalmente a qualidade do tipo de gorduras consumidas têm uma importância
real. O consumo de gorduras saturadas existentes na natureza como a de coco, da manteiga ou
dos óleos industrialmente endurecidos, isto é, transformados do estado líquido em semi-sólido
através do processo de hidrogenação – podem aumentar o nível de colesterol do sangue de acordo
com a opinião de muitos especialistas e promover a arteriosclerose dos vasos sanguíneos.
Contrariamente os óleos contendo alta porcentagem de ácidos graxos poliinsaturados, como óleos
2
de soja, de arroz, de girassol, de milho, e de algumas margarinas especialmente preparadas com
alto teor de ácidos graxos poliinsaturados, reduzem o nível de colesterol ruim (LDL) do sangue
exercendo uma influência benéfica nas alterações vasculares.
Certas reações químicas dos triglicerídeos e dos ácidos graxos são de particular
importância, pois nelas se baseiam muitos métodos analíticos aplicáveis à óleos e gorduras. As
determinações feitas na análise dessas substâncias são geralmente as dos chamados “índices” e
não as percentagens de seus constituintes. São estes índices que servem para identificação e
avaliação da maioria dos óleos e gorduras, sendo o resultado da análise baseado no conjunto de
dados. (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).
Índice de Acidez (IA): É definido como o número de miligramas de KOH requerido
para neutralizar os ácidos graxos livres em 1 g de amostra. Indica o grau de rancidez hidrolítica
(hidrolise da ligação éster por lipase e umidade) nos alimentos. A decomposição das gorduras
através da enzima lipase é acelerada pela luz e calor, com formação de ácidos graxos livres que
causam um sabor-odor desagradável, principalmente em gorduras como a manteiga, que possui
grande quantidade de ácidos graxos de baixo peso molecular. Porém, em gorduras com ácidos
graxos não-voláteis, o sabor-odor característico não aparece juntamente com a deterioração.
Neste caso, é muito importante a medida quantitativa dos ácidos graxos livres para se determinar
o grau de deterioração. Assim, o IA revela o estado de conservação da amostra. (CECCHI, 2007,
p. 94).
Índice de Peróxido (IP): Determina em miliequivalentes de peróxido por 1000 g de
amostra todas as substâncias que oxidam o KI. Indica o grau de oxidação ou rancidez oxidativa
(autoxidação dos acilgliceróis com ácidos graxos instaurados por oxigênio atmosférico) em óleos
e gorduras, que pode causar a destruição de vitaminas lipossolúveis e dos ácidos graxos
essenciais, além da formação de subprodutos com sabor-odor forte e desagradável. Como os
peróxidos são os primeiros compostos formados quando uma gordura deteriora, toda gordura
oxidada dá resultado positivo nos testes de peróxidos. Devido a sua ação fortemente oxidante, os
peróxidos orgânicos formados no início da rancificação, atuam sobre o iodeto de potássio,
liberando iodo que será titulado com Na2S2O3. Contudo, a quantidade de peróxido não constitui
3
um índice infalível das características de conservação, porém indica até que ponto a oxidação
progrediu. (CECCHI, 2007, p. 94)
Índice de Saponificação (IS): É definido como o número de miligramas de hidróxido
de potássio necessário para neutralizar os ácidos graxos resultantes da hidrólise completa de 1 g
de amostra. O IS é uma indicação da quantidade relativa de ácidos graxos de alto e baixo peso
molecular. Os ésteres de ácidos graxos de baixo peso molecular requerem mais álcalis para a
saponificação, portanto o IS é inversamente proporcional ao peso molecular dos ácidos graxos
presentes nos triglicerídeos. O IS não serve para identificar o óleo, pois muitos óleos possuem
esses índices muito semelhantes. Essa determinação é útil para demonstrar a presença de óleos ou
gorduras de alta proporção de ácidos graxos de baixo peso molecular, em mistura com outros
óleos e gorduras. (CECCHI, 2007, p. 93).
Frente à necessidade de caracterizar o estado e a conservação de alimentos, este relatório
tem como objetivo apresentar os índices de acidez, peróxido e saponificação de duas amostras de
óleos de soja, de marca Soya, sendo que uma amostra está dentro do prazo de validade e a outra
está fora da validade, comparando os resultados obtidos com a Resolução RDC nº 270, de 22 de
setembro de 2005, que aprova o Regulamento Técnico para Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e
Creme Vegetal, e com a Resolução já revogada, a RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999, que
aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras
Vegetais.
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2 PARTE EXPERIMENTAL
2.1 AMOSTRA
- óleo de soja Soya – Bunge Alimentos; embalagem contendo 900 mL. Óleo fabricado em maio
de 2008 e válido até maio de 2009 (amostra de óleo no prazo de validade) e óleo com vencimento
em junho de 2008 (amostra de óleo fora do prazo de validade).
2.2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
2.2.1 ÍNDICE DE ACIDEZ
- m1 = 5,0068 g (óleo novo);
- m2 = 5,1842 g (óleo novo);
- m3 = 5,1972 g (óleo novo);
- m4 = 5,1724 g (óleo velho);
- m5 = 5,1868 g (óleo velho);
- erlenmeyer de 250 mL;
- 75 mL álcool etílico 95% neutro quente;
- 2 mL fenolftaleína;
- Hidróxido de Sódio 0,09919 N
- bureta;
- pipetas;
- seringas ou pêras;
- balança analítica.
2.2.2 ÍNDICE DE PERÓXIDO
- m1 = 5,0828 g (óleo novo);
5
- m2 = 5,0260 g (óleo novo);
- m3 = 5,0547 g (óleo novo);
- m4 = 5,0372 g (óleo velho);
- m5 = 5,0357 g (óleo velho);
- erlenmeyer de 250 mL com tampa esmerilhada;
- 30 mL mistura ácido acético e clorofórmio (3:1);
- 0,5 mL iodeto de potássio;
- 30 mL água destilada;
- Tiossulfato de Sódio 0,01051 N;
- 0,5 mL solução de amido 1%;
- bureta;
- pipetas;
- seringas ou pêras;
- balança analítica.
2.2.3 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
- m = 2,0572 g (óleo novo);
- balão volumétrico de 250 mL;
- 20 mL solução alcoólica de hidróxido de potássio 4%;
- tubo de refluxo;
- manta de aquecimento;
- 2 gotas fenolftaleína;
- Ácido Clorídrico 0,5107 N;
- bureta;
- pipetas;
- seringas ou pêras;
- balança analítica.
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2.3 MÉTODOS
2.3.1 ÍNDICE DE ACIDEZ
O método empregado foi o Método Oficial AOCS Ca 5a-40. Pesou-se na balança analítica
cerca de 5 g de amostra em um erlenmeyer de 250 mL. Adicionou-se 75 mL de álcool etílico
95% neutro e quente e 2 mL do indicador fenoltaleína. Titulou-se com hidróxido de sódio
0,09919 N, agitando vigorosamente até a obtenção da coloração rosada.
2.3.2 ÍNDICE DE PERÓXIDO
O método empregado foi o Método Oficial AOCS Cd 8-63. Pesou-se em balança
analítica cerca de 5 g de amostra em um erlenmeyer de 250 mL com tampa esmerilhada.
Adicionou-se 30 mL de uma mistura de ácido acético e clorofórmio (3:2) e agitou-se até a
dissolução da amostra. Após, foi adicionado 0,5 mL de solução saturada de iodeto de potássio,
tampou-se o erlenmeyer e esperou-se por 1 minuto com agitação ocasional. Então, adicionou-se
30 mL de água destilada e, finalmente, titulou-se com tiossulfato de sódio 0,01051 N. No óleo
dentro da validade, foi adicionado no início da titulação 0,5 mL de solução de amido 1% e
prosseguiu-se a titulação até o desaparecimento da cor azul. No óleo fora da validade, foi
adicionado no decorrer da titulação 0,5 mL de solução de amido 1% até a coloração levemente
alaranjada. Finalmente, foi feito um ensaio em branco, repetindo-se todas as operações sem a
amostra.
2.3.3 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
O método empregado foi o Método Oficial Instituto Adolfo Lutz. Pesou-se em balança
analítica cerca de 2 g de amostra em um balão de vidro de 250 mL. Adicionou-se, com o auxílio
de uma bureta, 20 mL de solução alcoólica de hidróxido de potássio 4%. Foi adaptado o tubo de
refluxo e deixou-se ferver por 30 minutos (a partir do momento em que se iniciou a ebulição).
7
Após, deixou-se esfriar por 5 minutos e adicionou-se 2 gotas do indicador fenolftaleína. Então,
titulou-se com ácido clorídrico 0,5107 N até o desaparecimento da coloração rósea. Finalmente,
foi feito um ensaio em branco, repetindo-se todas as operações sem a amostra.
2.4 TABELA NUTRICIONAL
Abaixo, a Tabela 1 representa parte da tabela apresentada na embalagem do produto
contendo as informações nutricionais do mesmo:
TABELA 1: INFORMAÇÃO NUTRICIONAL DO ÓLEO DE SOJA SOYA
Porção13 mL (1 colher de
sopa)100 mL
Valor Energético 108 Kcal = 454 KJ 830,77 Kcal = 3492,3 KJ
Carboidratos 0 g 0 g
Proteínas 0 g 0 g
Gorduras Totais 12 g 92,3 g
Gorduras Saturadas 2 g 15,38 g
Gorduras Trans Não contém Não contém
Gorduras
Monoinsaturadas3 g 23 g
Gorduras
Poliinsaturadas7 g 53,85 g
Colesterol 0 mg 0 mg
Fibra Alimentar 0 g 0 g
Sódio 0 mg 0 mg
Vitamina E 2,8 mg 21,54 mg
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após realizadas as análises, que em conjunto têm o objetivo de identificar e avaliar óleos
e gorduras, podendo indicar ainda possíveis alterações nestes produtos, foram feitos os cálculos
para comparar as características do óleo novo e do óleo velho com os requisitos da legislação
vigente. Foram feitas médias dos resultados obtidos em cada grupo de alunos para a expressão
dos resultados finais, contidos nas tabelas a seguir.
3.1 RESULTADOS E CÁLCULOS
3.1.1 ÍNDICE DE ACIDEZ
A análise do Índice de Acidez foi feita em triplicata para o óleo novo e em duplicata para
o óleo velho. Os resultados foram expressos da seguinte maneira:
IA = VNaOH . NNaOH . 56,1 / massa amostra
Normalidade NaOH = 0,09919 N
Óleo Novo
m1 = 5,0068 g
V1 (volume titulado de NaOH) = 0,23 mL
IA1 = 0,2556 mg KOH / g amostra
m2 = 5,1842 g
V2 = 0,3 mL
IA2 = 0,322 mg KOH / g amostra
9
m3 = 5,1972 g
V3 = 0,26 mL
IA3 = 0,2784 mg KOH / g amostra
Óleo Velho
m4 = 5,1724 g
V4 = 0,31 mL
IA4 = 0,3335 mg KOH / g amostra
m5 = 5,1868 g
V5 = 0,32 mL
IA5 = 0,3433 mg KOH / g amostra
Na Tabela 2 constam os resultados obtidos por cada grupo para o Índice de Acidez para o
óleo novo e velho, bem como a sua média e desvio padrão.
TABELA 2: RESULTADOS PARA O ÍNDICE DE ACIDEZ
Óleo no prazo de validade (mg
KOH / g amostra)
Óleo fora do prazo de validade (mg
KOH / g amostra)
0,4925 0,6472
0,4946 0,7210
0,4941 0,3335
0,2770 0,3433
0,2770 0,3284
0,2190 0,2748
0,2556 0,2619
0,3220 0,3207
0,2784
1
0,2778
0,2754
0,3329
0,5526
0,3881
0,4411
Média = 0,3585 Média = 0,4038
σ = 0,1087 σ = 0,1764
Assim, o resultado do Índice de Acidez do óleo analisado dentro da validade foi de 0,3585
mg KOH / g e do óleo analisado fora da validade é de 0,4038 mg KOH / g.
3.1.2 ÍNDICE DE PERÓXIDO
A análise do Índice de Peróxido foi feita em triplicata para o óleo novo e em duplicata
para o óleo velho. Na determinação do índice de peróxido, foi possível expressar os resultados da
análise da seguinte maneira:
IP = (VNa2S2O3 – Vbranco) . NNa2S2O3 . 1000 / massa amostra
Normalidade Na2S2O3 = 0,01051N
Branco (volume titulado): 0,0 mL
Óleo Novo
m1 = 5,0828 g (óleo novo);
V1 = 0,65 mL
IP1 = 1,3440 mEq-g peróxido / kg
1
m2 = 5,0260 g
V2 = 0,55 mL
IP2 = 1,1501 mEq-g peróxido / kg
m3 = 5,0547 g
V3 = 0,6 mL
IP3 = 1,2475 mEq-g peróxido / kg
Óleo Velho
m4 = 5,0372 g (óleo velho);
V4 = 1,95 mL
IP4 = 4,0686 mEq-g peróxido / kg
m5 = 5,0357 g
V5 = 2,05 mL
IP5 = 4,2786 mEq-g peróxido / kg
Na Tabela 3 constam os resultados obtidos por cada grupo para o Índice de Peróxido para
o óleo novo e velho, bem como a sua média e desvio padrão.
TABELA 3: RESULTADOS PARA O ÍNDICE DE PERÓXIDOS
Óleo no prazo de validade (mEq-
g peróxidos / kg)
Óleo fora da validade (mEq-g
peróxidos / kg)
1,3550 3,1405
1,1530 3,5380
1,0443 3,1872
1,3662 3,1662
1,0400 4,0686
1,2138 4,2786
1
1,3440 2,9167
1,1501 3,9326
1,2475 3,1108
2,1121 3,5211
2,2647
2,2664
2,0138
2,1131
2,0018
Média = 1,5790 Média = 3,4860
σ = 0,4792 σ = 0,4651
Assim, o resultado do Índice de Peróxido do óleo analisado dentro da validade é de
1,5790 mEq peróxido / kg e do óleo analisado fora da validade é de 3,4860 mEq peróxido / kg.
3.1.3 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
Foi realizada apenas uma análise do óleo novo na determinação do Índice de
Saponificação. Na determinação do índice de saponificação, foi possível expressar os resultados
da análise da seguinte maneira:
IS = (Vbranco - VHCl ) . NHCl . mEq-g KOH . 1000 / massa amostra
Normalidade HCl = 0,5107 N
V branco = 22,27mL
mEq-g KOH = 0,0561
1
Óleo Novo
m = 2,0572 g
V = 8,1 mL
IS = 197,34 mg KOH / g de gordura
Na Tabela 4 constam os resultados obtidos por cada grupo para o Índice de Saponificação
para o óleo novo e velho, bem como a sua média e desvio padrão.
TABELA 4: RESULTADOS PARA O ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
Óleo no prazo de validade
(mg KOH / g de gordura)
Óleo fora do prazo de validade
(mg KOH / g gordura)
198,29 200,42
197,34 197,10
201,54
Média = 199,05 Média = 198,76
σ = 2,2 σ = 2,34
Assim, o resultado do Índice de Saponificação do óleo analisado dentro da validade é de
199,05 mg KOH / g e do óleo analisado fora da validade é de 198,76 mg KOH / g .
3.2 DISCUSSÕES
3.2.1 ÍNDICE DE ACIDEZ
Conforme os requisitos estabelecidos pela legislação vigente, a RDC nº 270, de 22 de
setembro de 2005, o limite máximo de acidez para óleos refinados deve ser de 0,6 mg KOH/g.
1
Na determinação do índice de acidez para o óleo dentro do prazo de validade obteve-se um grau
de 0,3585 mg KOH / g de amostra e do óleo fora da validade obteve-se um grau de 0,4038 mg
KOH / g de amostra. Assim, ambos estão dentro dos limites estabelecidos pela legislação e a
divergência do índice de acidez encontrado nos óleo novo e no óleo velho em relação ao valor
máximo estabelecido pela legislação vigente é de 40,25 e 32,7%, respectivamente. Este resultado
é um indicador da qualidade dos óleos, ou seja, ambos são provenientes de sementes de boa
qualidade e as condições de manuseio, armazenamento e processo de extração e refino foi
satisfatório.
3.2.2 ÍNDICE DE PERÓXIDOS
Conforme os requisitos especificados na legislação vigente para óleos e gorduras já
revogada, a RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999, o limite máximo para o índice de peróxidos
em óleo de soja deve ser 10 mEq-g peróxido / kg. Na determinação do índice de peróxidos para o
óleo de soja dentro do prazo de validade obteve-se um grau de 1,5790 mEq-g peróxidos / kg e
para o óleo fora do prazo de validade obteve-se um grau de 3,4860 mEq-g peróxidos / kg. Assim,
tanto o óleo no prazo de validade quanto o óleo fora do prazo de validade estão em conformidade
com os requisitos estabelecidos pela legislação vigente e a divergência do índice de peróxidos
encontrado no óleo novo e no óleo velho em relação ao limite máximo estabelecido pela
legislação vigente é de 84,21% e 65,14%, respectivamente . O maior grau no índice de peróxidos
do óleo velho em relação ao óleo novo indica que o processo de rancidez oxidaditiva já está
iniciado devido ao prazo de validade, entretanto o óleo ainda se encontra apto para o consumo.
3.2.3 ÍNDICE DE SAPONIFICAÇÃO
Conforme os requisitos estabelecidos pela legislação vigente já revogada, a RDC nº 482,
de 23 de setembro de 1999, o índice de saponificação para óleo de soja deve estar entre 189 a 195
mg KOH / g de gordura. Na determinação do índice de saponificação para o óleo dentro do prazo
de validade obteve-se um grau de 199,05 mg KOH/ g de gordura e para o óleo fora do prazo de
1
validade obteve-se um grau de 198,76 mg KOH / g de gordura. A divergência do índice de
saponificação para o óleo novo e para o óleo velho em relação ao limite máximo estabelecido
pela legislação vigente está na ordem de 2% e 1,93%, respectivamente. Os valores encontrados
estão acima do limite máximo estabelecido pela legislação, o que indica que ambos os óleos
podem não estar em conformidade com os requisitos estabelecidos na legislação vigente. Esses
valores indicam uma possível fraude dos produtos analisados, com adição de outros óleos de
menor peso molecular.
1
4 CONCLUSÃO
Mediante aos resultados obtidos, é possível concluir que tanto a amostra de óleo de soja
Soya dentro do prazo de validade quanto a amostra de óleo de soja Soya fora do prazo de
validade estão de acordo com a legislação vigente, a Resolução RDC nº 270, na determinação de
índice de acidez (0,3585 mg KOH / g de amostra e 0,4038 mg KOH / g de amostra,
respectivamente) e, com a Resolução RDC n° 482, já revogada, para o índice de peróxidos
(1,5790 mEq-g peróxidos / kg e 3,4860 mEq-g peróxidos / kg, respectivamente). Para o índice de
saponificação, houve indícios de que tanto o óleo dentro do prazo de validade quanto o óleo fora
do prazo de validade não estão em conformidade com a legislação vigente revogada, a RDC nº
482 (199,05 mg KOH/ g de gordura e 198,76 mg KOH / g de gordura, respectivamente). Porém,
para resultados mais precisos, sugere-se uma maior repetibilidade das análises.
1
5 REFERÊNCIAS
BRASIL. Resolução – RDC nº 270, de 22 de setembro de 2005. Aprova o Regulamento Técnico para Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e Creme Vegetal. Diário Oficial da União. Brasília, 23 de setembro de 2005. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18829&word>. Acesso em: 05 nov. 2008.
BRASIL. Resolução – RDC nº 482, de 23 de setembro de 1999. Aprova o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade de Óleos e Gorduras Vegetais. Diário Oficial da União. Brasília, 13 de outubro de 1999. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=135>. Acesso em: 05 nov. 2008.
CECCHI, Heloísa Máscia. Fundamentos Teóricos e Práticos em Análise de Alimentos. 2. ed. Campinas: Unicamp, 2003. p. 93 - 95.
HARTMAN, Leopold. Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais. 1. ed. São Paulo: Sec. Ind.
Com. Cienc. Tecnol., 1982. p. 2 – 9.
JUKI, Lyenne Assis. Utilização de Gordura de Palma na Elaboração de Batata Chips.
Goiânia, jun. 2004. Disponível em
<agata.ucg.br/formularios/site_docente/maf/lauro/TCCs/pdf/TCC-Lyenne.pdf>. Acesso em: 05
nov. 2008.
LEHNINGER, Albert L. Bioquímica. 2. ed. São Paulo: Edgar Blüchner, 2002. v. 1. p. 190 - 191.
MORETTO, Eliane; FETT, Roseane. Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais na Indústria
de Alimentos. São Paulo: Varela, 1998. p. 1 – 45.
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