OPORTUNIDADES E MECANISMOS DE
FINANCIAMENTO AO INVESTIMENTO
NOS PAÍSES DA CPLP
Maio de 2014
Parceiro estratégico:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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Índice
1. Oportunidades, avaliação e caraterização dos mecanismos de financiamento de apoio ao investimento ............... 15
2. O Mercado Internacional para o Desenvolvimento ................................................................................................... 18
2.1. Introdução ........................................................................................................................................................... 18
2.2. Modalidades de apoio da APD ............................................................................................................................ 20
2.3. Oportunidades para as empresas no mercado da APD ...................................................................................... 21
2.3.1. Os concursos públicos internacionais de APD ................................................................................... 21
2.3.2. Subsídios (grants) .............................................................................................................................. 23
2.3.3. Financiamento à internacionalização para os países em desenvolvimento ....................................... 24
2.4. Ajuda condicionada ............................................................................................................................................. 24
2.5. Estratégia e objetivos das entidades doadoras ................................................................................................... 25
2.5.1. Instrumentos internacionais que definem a estratégia da APD .......................................................... 25
2.6. Instituições e entidades doadoras ....................................................................................................................... 26
2.6.1. Entidades com maior intervenção na APD dos países da CPLP ....................................................... 28
2.7. Oportunidades para as empresas durante o ciclo da APD ................................................................................. 30
3. Caracterização do Mercado para o Desenvolvimento .............................................................................................. 36
3.1. Instituições Financeiras Internacionais de desenvolvimento ............................................................................... 37
3.2. Caracterização das IFI ........................................................................................................................................ 38
3.2.1. Principais IFI’s das quais são membros países da CPLP .................................................................. 40
3.3. Instituições Financeiras Multilaterais ................................................................................................................... 40
3.3.1. Caracterização sectorial dos apoios concedidos pelas IFM na CPLP ................................................ 42
3.3.1.1. BEI ..................................................................................................................................................... 42
3.3.1.2. Corporacion Andina de Fomento ....................................................................................................... 43
3.4. Agências de desenvolvimento bilaterais ............................................................................................................. 44
3.4.1. Camões – Instituto da Cooperação e da Língua ................................................................................ 44
3.5. União Europeia ................................................................................................................................................... 47
3.5.1. Enquadramento – Instrumentos de financiamento da cooperação para o desenvolvimento ............. 47
3.5.2. União Europeia e a APD .................................................................................................................... 47
3.5.2.1. Os programas regionais ..................................................................................................................... 48
3.5.2.1. África, Caraíbas e Pacífico ................................................................................................................. 49
3.5.2.2. Perspetivas futuras do próximo quadro de apoio ao abrigo do Acordo de Cotonu ............................ 53
3.5.2.3. Os Acordos de Parceria Económica (APE/EPA), a integração regional e os acordos de comércio
livre ........................................................................................................................................................... 54
3.5.2.4. Cooperação com um país beneficiário ............................................................................................... 56
3.5.2.5. A estratégia comum entre a UE e os países da CPLP ....................................................................... 58
3.5.2.5.1. UE e Angola - “O Documento de Estratégia para Angola (2008-2013)” ............................................. 58
3.5.2.5.2. UE e Cabo Verde - “Parceria especial UE/Cabo Verde (2008-2013)” ................................................ 59
3.5.2.5.3. UE e Moçambique - “O Documento de Estratégia Nacional UE- Moçambique (2008-2013)” ............ 60
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
3
3.5.2.5.4. UE e São Tomé e Príncipe ................................................................................................................. 60
3.5.2.5.5. UE e Timor-Leste ............................................................................................................................... 61
3.5.2.6. América Latina ................................................................................................................................... 61
3.5.2.6.1. UE e Brasil ......................................................................................................................................... 61
3.5.3. Ásia e Ásia Central ............................................................................................................................. 62
3.5.4. Ciclo do projeto – Oportunidades no procurement da UE .................................................................. 62
3.6. Banco Mundial .................................................................................................................................................... 63
3.6.1. Angola ................................................................................................................................................ 65
3.6.2. Brasil .................................................................................................................................................. 66
3.6.3. Cabo Verde ........................................................................................................................................ 68
3.6.4. Guiné-Bissau ...................................................................................................................................... 68
3.6.5. Moçambique ....................................................................................................................................... 69
3.6.6. São Tomé e Príncipe .......................................................................................................................... 71
3.6.7. Timor-Leste ........................................................................................................................................ 72
3.7. Banco Africano de Desenvolvimento .................................................................................................................. 72
3.8. O Banco Nacional do Desenvolvimento Brasileiro - BNDES............................................................................... 74
3.9. Banco Nacional de Desenvolvimento de Angola ................................................................................................. 76
3.10. Cooperação e desenvolvimento Fundo de China-Países de Língua Portuguesa ............................................... 76
4. Guia de procurement ................................................................................................................................................ 79
4.1. Enquadramento ................................................................................................................................................... 79
4.2. Identificação de Oportunidades ........................................................................................................................... 80
4.3. Elementos de propostas...................................................................................................................................... 83
5. Financiamento direto às empresas por entidades que operam na APD ................................................................... 90
5.1. Enquadramento ................................................................................................................................................... 90
5.1.1. As Instituições Financeiras de Desenvolvimento ............................................................................... 91
5.1.1. Instituições Financeiras Internacionais de Desenvolvimento ............................................................. 92
5.1.1.1. A IFC .................................................................................................................................................. 92
5.1.1.1.1. Programas específicos da IFC – O Global Trade Finance Program .................................................. 94
5.1.1.1. MIGA – Multilateral Investment Guarantee Agency.......................................................................... 100
5.1.2. Instituições Financeiras Europeias para o Desenvolvimento ........................................................... 103
5.1.3. As EDFI - European Development Finance Institutions ................................................................... 104
5.1.3.1. SOFID .............................................................................................................................................. 109
5.1.3.1.1. Outros mecanismos de financiamento da SOFID: ........................................................................... 110
5.1.3.2. PROPARCO ..................................................................................................................................... 112
5.1.3.3. FMO - Netherlands Development Finance Company ....................................................................... 113
5.1.3.4. DEG - Deutsche Investitions - und Entwicklungsgesellschaft mbH (KfW – Group) .......................... 114
5.1.3.5. OeEB ................................................................................................................................................ 116
5.1.3.6. BIO ................................................................................................................................................... 116
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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5.1.3.7. Norfund ............................................................................................................................................ 117
5.1.3.8. SWEDFUND..................................................................................................................................... 118
5.1.4. Fundos que apoiam investimento..................................................................................................... 119
5.1.4.1. European Financing Partners ........................................................................................................... 119
5.1.4.2. Interact Climate Change Facility (ICCF) ........................................................................................... 121
5.2. Como elaborar uma candidatura a um dos instrumentos financeiros de uma EDFI ......................................... 121
6. Acesso ao financiamento local nos países da CPLP .............................................................................................. 128
6.1. Angola ............................................................................................................................................................... 128
6.1.1. Bancarização da população ............................................................................................................. 129
6.1.2. Taxas de juro de empréstimo ........................................................................................................... 130
6.1.3. Bolsa de valores ............................................................................................................................... 130
6.2. Brasil ................................................................................................................................................................. 131
6.2.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 131
6.2.2. Bancarização da população ............................................................................................................. 131
6.2.3. Taxa de juros de empréstimos ......................................................................................................... 132
6.2.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................... 133
6.3. Cabo Verde ....................................................................................................................................................... 134
6.3.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 134
6.3.2. Bancarização da população ............................................................................................................. 134
6.3.3. Bolsa de valores ............................................................................................................................... 136
6.4. Guiné-Bissau ..................................................................................................................................................... 137
6.4.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 137
6.4.2. Bancarização da população ............................................................................................................. 137
6.4.3. Taxas de juro de empréstimo ........................................................................................................... 137
6.4.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................... 138
6.5. Moçambique ...................................................................................................................................................... 138
6.5.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 138
6.5.2. Bancarização da população ............................................................................................................. 139
6.5.3. Taxas de juro de empréstimo ........................................................................................................... 139
6.5.4. Bolsa de valores ............................................................................................................................... 140
6.6. RAE de Macau .................................................................................................................................................. 141
6.6.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 141
6.6.1. Bancarização da população ............................................................................................................. 142
6.6.2. Taxas de juro.................................................................................................................................... 143
Bolsa de valores ..................................................................................................................................................... 143
6.7. São Tomé e Príncipe ........................................................................................................................................ 144
6.7.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 144
6.7.2. Bancarização da população ............................................................................................................. 144
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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6.7.3. Microcrédito ...................................................................................................................................... 146
6.7.4. Taxas de juro de empréstimos ......................................................................................................... 147
6.8. Timor-Leste ....................................................................................................................................................... 148
6.8.1. Principais bancos presentes ............................................................................................................ 148
6.8.2. Bancarização da população ............................................................................................................. 149
6.8.3. Bolsa de valores ............................................................................................................................... 150
7. Incentivos comunitários à internacionalização ........................................................................................................ 152
8. Incentivos fiscais à internacionalização .................................................................................................................. 157
8.1. Medidas previstas na Reforma do IRC.............................................................................................................. 157
8.2. O Centro Internacional de Negócios da Madeira .............................................................................................. 158
9. Linhas de crédito à internacionalização apoiadas pelo Estado português .............................................................. 160
9.1. Créditos ao Importador para Apoio à Exportação Portuguesa / CGD, S.A. ...................................................... 160
9.2. Linhas de Crédito PME Investe e Export Investe .............................................................................................. 161
9.2.1. Linhas de Crédito PME Investe ........................................................................................................ 161
9.2.2. Export Investe .................................................................................................................................. 161
9.3. Linha de Crédito PME Crescimento 2014 ......................................................................................................... 164
9.4. Linha de Crédito Investe QREN ........................................................................................................................ 166
10. Seguros e resseguros às exportações e ao investimento....................................................................................... 170
11. Trade Finance – Programas de facilitação do comércio externo ............................................................................ 175
Anexo I ......................................................................................................................................................................... 180
Anexo II ........................................................................................................................................................................ 182
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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Acrónimos e abreviaturas de termos utilizados
AAP – Programas de ação anuais detalhados - Detailed Annual Action Programmes
ACP – Países de África, Caraíbas e Pacífico
AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal
ADT – Acordo de Dupla Tributação
APD / ODA - Ajuda Pública ao Desenvolvimento (Official Development Assistance)
APE – Acordos de Parceria Económica (Economic Partnership Agreement)
ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático (Association of Southeast Asian Nations)
ASEM – Reunião Ásia-Europa (Asia-Europe Meeting)
AT – Autoridade Tributária e Aduaneira
ATS Brasil – American Trading System
BafD - Banco Africano de Desenvolvimento
BAsD – Banco Asiático de Desenvolvimento
BCSTP - Banco Central de São Tomé e Príncipe
BDA – Agências de Desenvolvimento Bilaterais (Bilateral Development Agencies)
BEI - Banco Europeu de Investimento
BERD - Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento
BIO – Belgian Investment Company for Developing Countries
BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
BISTP - Banco Internacional de São Tomé e Príncipe
BM - Banco Mundial (World Bank)
BMD – Bancos Multilaterais de Desenvolvimento
BNDES - O Banco Nacional do Desenvolvimento Brasileiro
BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China
BSTDB - Banco do Comércio e Desenvolvimento do Mar Negro
BVC – Bolsa de Valores de Cabo Verde
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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CAD – Comité de Ajuda ao Desenvolvimento (Development Assistance Committee)
CAE – Classificação portuguesa de atividades económicas
CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina
CAS – Estratégia de Assistência ao País (Country Assistance Strategy)
CEDEAO – Comunidade Económica da África Ocidental
CEEAC – Comunidade Económica dos Estados de África Central (Economic Community of Central African States)
CEMAC – Comunidade Económica e Monetária da África Central
CII - Corporação Interamericana de Investimentos
CINM – Centro Internacional de Negócios da Madeira
CIRC – Central de Informação de Risco de Crédito
COI - Comissão do Oceano Índico
COMESA – Mercado Comum da África Oriental e Austral
COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A.
CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
DCI - Instrumento de financiamento da Cooperação para o Desenvolvimento (Development Cooperation Instrument)
DEG – Deutsche Investitions- und Entwicklungsgesellschaft mbH (KfW - Group)
DEP / CSP – Documentos de Estratégia por País (Country Strategy Papers)
DER / DSP – Documentos de Estratégia Regional (Regional Strategy Papers)
Dfid – Department for International Development
DMIF - Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros
EAC – Comunidade do Leste Africano
EAIF – FrontierMarkets
EDFI - European Development Finance Institutions
EFP – European Financing Partners
ELO – Associação Portuguesa de para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação
EM – Estados Membros
ENPI – Instrumento Europeu de Vizinhança e Parceria (European Neighbourhood and Partnership Instrument)
EoIs – Expressão de interesse (Expression of Interest)
EUA – Estados Unidos da América
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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FAfD – Fundo de Desenvolvimento Africano
FCGM – Fundo de Contragarantia Mútuo
FDA - Fundo de Desenvolvimento Africano
FED - Fundo Europeu de Desenvolvimento (European Development Fund)
FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
FFN - Fundo Fiduciário da Nigéria
FG – Fundo Global de Luta contra a Sida Tuberculose e Malária
FIDA – Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
FINOVA – Fundo de Apoio ao Financiamento e à Inovação
FIPA – Fundo de Investimento Privado Angola
FMI – Fundo Monetário Internacional
FMO – Netherlands Development Finance Company
FND - Fundo Nacional de Desenvolvimento
FUMIN - Fundo Multilateral de Investimentos
GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio
GEF - Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environment Facility)
GPN – Anúncio de concurso (General Procurement Notice)
GTFP - Global Trade Finance Program
IBRD - Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento
ICSID – Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre Investimentos
IDA - Associação Internacional de Desenvolvimento – International Development Association
IDE - Investimento Direto Estrangeiro
IFC – Sociedade Financeira Internacional (International Finance Corporation)
IFD - Instituições Financeiras de Desenvolvimento – Development Financial Institutions
IFDR – Instituto Financeiro para Desenvolvimento Regional
IFI- Instituições Financeiras Internacionais
IFM - Instituições Financeiras Multilaterais
IGAD – Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento
Instituto Camões – Camões Instituto de Cooperação e da Língua
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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InvestimoZ - Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique
IsDB -Banco Islâmico de Desenvolvimento
ITF - EU/Africa Infrastructure Trust Fund
KfW - Banco Alemão de Desenvolvimento
LAIF - Latin America Investment Facility
MIF – Multilateral Investment Fund
MIGA - Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (Multilateral Investment Guarantee Agency)
MOS – Resumo das operações mensais (Monthly Operational Summary)
NEPAD – Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (New Partnership for Africa's Development (NEPAD)
NIB - Nordic Investment Bank
NIF - Neighbourhood Investment Facility
OAS - Organização dos Estados Americanos
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
OeEB – The Development Bank of Austria
OFID - Fundo da OPEP para o Desenvolvimento Internacional
OMC – Organização Mundial do Comércio
ONGD - Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento
ONU – Organização das Nações Unidas
OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PADs – Documentos de avaliação (Project Appraisal Documents)
PALOP – Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
PAPED – Programa de Desenvolvimento APE
PCG – Garantia parcial de crédito (Partial Credit Guarantee)
PGF - Project Financiers Group
PIB – Produto Interno Bruto
PIDS - Documentos de informação sobre o projeto (Project Information Documents)
PIF – Fórum das Ilhas do Pacífico
PIN / NIP – Programas Indicativos Nacionais (National Indicative Programmes)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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PIR – RIP – Programas Indicativos Regionais (Regional Indicative Programmes)
PME – Pequenas e médias empresas
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
POFC - Programas Operacionais Fatores de Competitividade
PRSP – Documento de Estratégia de Redução da Pobreza (Poverty Reduction Strategy Papers)
PTU – Territórios ultramarinos de EM europeus
QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional
RAE Macau – Região Administrativa Especial de Macau
SADC – África Austral
SGM – Sociedade de Garantia Mútua
SI Qualificação PME - Sistema de Incentivos à Qualificação e Internacionalização de PME
SIAC - Sistema de Apoio a Ações Coletivas
SIP – Programa de Pequenos Investimentos
SOFID - Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento. Notamos que as referências a esta entidade devem
lidas como SOFID ou futuro banco de fomento.
SPN – Anúncios específicos de propostas (Specific Procurement Notices)
SRFP – Standard Request for Proposals
TI – Tecnologias de Informação
ToR – Termos de referência
UE – União Europeia
UEMOA – Comunidade Económica do Oeste Africano
UNCTAD – Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (United Nations Conference on
Trade and Development)
UNECA – Comissão Económica da ONU para África (United Nations Economic Commission for Africa)
UNOPS – Gabinete da ONU de Serviços de Apoio a Projectos (United Nations Office for Project Services)
UNTAET – Administração transitória da ONU em Timor Leste (United Nations Transitional Administration in East
Timor)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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Expressões comuns
Poverty Reduction Strategy Papers (PRSPs) - Documentos Estratégicos para a Redução da Pobreza
Country Assistance Strategies (CAS) - Estratégia de Assistência ao País
Economic and Sector Work - Estudos sobre as Estratégias Económicas e Setoriais
Monthly Operational Summary (MOS) – Resumo das operações mensais
Project Information Documents (PIDS) – Documentos de informação sobre o projeto
Project Appraisal Documents (PADs) – Documentos de avaliação
General Procurement Notice (GPN) – Anúncio de concurso
International Competitive Bidding – Anúncio de concurso internacional
National Competitive Bidding - Anúncio de concurso nacional
International Shoping – Pedido de proposta internacional
Quality and Cost Based Selection (QCBS) – Seleção com base na qualidade e preço
Economic Partnership Agreement – Acordos de Parceria Económica
General Procurement Notice – GPN - Avisos Gerais de Licitação
Specific Porcurement Notice - Avisos Específicos de Licitação
Expression of interest (EoIs) - Expressão de interesse
Terms of Reference – Termos de Referência
Request for Formal Proposals (RFP) - Pedido Formal de Proposta
Request for Expresion of Interest - Pedido de apresentação de Expressão de Interesse
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
12
Nota prévia
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
13
Nota prévia
O presente documento constitui resultado de um trabalho de pesquisa e análise que decorreu entre 1 de julho e 31 de Dezembro de 2013, ao abrigo de contrato celebrado entre a AIP – Associação Industrial Portuguesa (“AIP”) e a PricewaterhouseCoopers&Associados – Sociedade de Revisores Oficiais de Contas, Lda. ( “PwC”).
Os elementos estatísticos, dados e informação constantes do presente documento e que serviram de base à análise e conclusões obtidas, têm por base informação pública disponível, como referenciado ao longo do documento, as quais foram alvo de apreciação quanto à sua materialidade e aplicabilidade à análise, tendo presente critérios de razoabilidade e aderência às realidades locais e regionais, e que sejam do nosso conhecimento. Foram integrados alguns dados e elementos adicionais que foram publicados após a fase de pesquisa e análise dada a sua relevância para o estudo.
Esta comunicação é de natureza geral e meramente informativa, não se destinando a qualquer entidade ou situação particular, e não substitui aconselhamento profissional adequado ao caso concreto.
As conclusões obtidas e os cálculos efetuados estão dependentes da qualidade da informação obtida em todos os aspetos materialmente relevantes, sendo que a informação recolhida foi considerada como adequada, não tendo sido realizada qualquer forma de auditoria ou certificação, para além do referido, que não as de consistência com fontes concorrentes ou complementares, salvo indicação expressa em contrário.
Os valores e as conclusões apresentados só terão sustentabilidade caso se verifiquem os pressupostos considerados, não podendo este estudo ser entendido como uma garantia ou confirmação de que esses pressupostos se verificarão. Desta forma, as nossas conclusões devem ser analisadas em função das limitações referidas. A PwC e a AIP, não se responsabilizarão por qualquer dano ou prejuízo emergente de decisão tomada com base na informação aqui descrita.
Em nenhuma circunstância, assumiremos qualquer responsabilidade relativamente a terceiros que
tenham acesso ao presente documento.
Projeto Co-Financiado:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
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1. Oportunidades, avaliação e
caraterização dos mecanismos
de financiamento de apoio ao
investimento
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
15
1.Oportunidades, avaliação e caraterização
dos mecanismos de financiamento de
apoio ao investimento
O financiamento do processo de internacionalização das empresas é crítico para o sucesso das iniciativas
e para sustentar o crescimento. Com o presente guia procura-se, entre outros aspetos, identificar as
oportunidades que resultam da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) para os países da CPLP
(Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), nomeadamente, identificar os principais mecanismos de
financiamento direto às empresas que resultam da APD e as oportunidades de negócio que poderão
resultar dos concursos internacionais da APD. Adicionalmente pretende-se aferir as fontes do
financiamento comercial nos países da CPLP, os principais incentivos comunitários e fiscais de apoio à
internacionalização, bem como as formas de mitigação dos riscos de internacionalização ou exportação
de bens ou serviços.
A APD dispõe de um conjunto de mecanismos de financiamento direto de que as empresas podem
beneficiar. Compreender os mecanismos de apoio existentes e como as empresas portuguesas poderão
deles beneficiar constitui uma oportunidade para as empresas portuguesas iniciarem ou alargarem a sua
atividade nos países da CPLP e destes para os mercados regionais onde estes se inserem.
Adicionalmente há um conjunto variado de oportunidades que resultam de concursos internacionais para
o desenvolvimento por parte dos países beneficiários de projetos em setores considerados essenciais
para o desenvolvimento, como sucede com as infraestruturas, água e energia, que são financiados por
entidades internacionais que obrigam os países beneficiários a cumprir com rigorosas regras de
contratação, tais como o Banco Mundial, Banco de Desenvolvimento Africano entre outros.
Este será um primeiro ponto de análise do presente guia. Identificar e caraterizar os sistemas de apoio
disponíveis em cada país da CPLP, descrever as condições de acesso, explicar os processos de
instrução de candidaturas junto das autoridades competentes e conhecer os setores que são alvo de
apoio.
O conhecimento prospetivo sobre as áreas e setores de investimento futuro e que oportunidades poderão
surgir para as empresas a curto e médio prazo é crítico, bem como compreender, através da comparação
com projetos já em curso e devidamente caracterizados, quais os investimentos realizados, os incentivos
potenciais, os riscos envolvidos e as suas formas de mitigação.
Após a caracterização das entidades que financiam projetos nos países da CPLP, e conhecida a sua
estratégia e objetivos, realizou-se um guia de procurement1 (contratação) para que as empresas possam
organizar toda a sua informação, bem como reunirem os certificados necessários para poderem num curto
espaço de tempo aceder a concursos internacionais, obter credenciações e estabelecer parcerias que
facilitem consórcios e outras modalidades de cooperação para a candidatura a esses concursos.
Para facilitar o acesso das empresas aos instrumentos de financiamento disponibilizados por estas
entidades apresentamos um formulário tipo para facilitação do acesso das empresas às várias
modalidades dos sistemas de incentivos e um guia de candidatura geral aos instrumentos de
financiamento disponibilizados pelas instituições financeiras europeias para o desenvolvimento.
Além das fontes de financiamento suprarregionais ou governamentais, as empresas poderão obter
financiamento à sua internacionalização através das alternativas tradicionais que resultam da banca
1 Designa-se por procurement a aquisição de bens, obras e serviços através de concursos lançados no âmbito de financiamentos,
concessões e / ou créditos feitos por qualquer entidade financeira multilateral a entidades públicas dos países beneficiários. O
procurement é regido por um conjunto de princípios (designados genericamente por guidelines ou diretrizes) que devem ser
seguidos pelos participantes nos referidos concursos (Fonte: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal - AICEP).
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
16
comercial de cada um dos países alvo. Nesse sentido procedeu-se à caraterização do sistema bancário e
formas de acesso ao financiamento em cada um dos países da CPLP e na Região Administrativa Especial
de Macau (RAE).
O facto de Portugal se encontrar inserido na UE, abre oportunidades de acesso a um conjunto de
incentivos comunitários que poderão ser utilizados pelas empresas, apesar de, à data da redação do
presente guia, ainda se encontrarem por definir os novos fundos no âmbito do quadro comunitário de
2014-2020. Para o efeito apresentamos um guia do ciclo do projeto com os principais elementos
característicos de um projeto de candidatura a um incentivo comunitário à internacionalização e a
caraterização dos sistemas atualmente existentes quanto ao seu âmbito, condições de acesso,
elegibilidade de despesas, natureza e valor potencial do incentivo, com descrição dos mecanismos de
apresentação de candidaturas.
Por outro lado identificam-se e caracterizam-se as vantagens fiscais para as empresas que se procurem
internacionalizar, as linhas de crédito às exportações e internacionalização das empresas apoiadas pelo
Estado português.
Finalmente identificam-se as formas de mitigação do risco da internacionalização, através da APD ou das
entidades públicas ou privadas que realizem seguros e resseguros às exportações e ao investimento.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
17
2. O Mercado
Internacional para o
Desenvolvimento
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
18
2. O Mercado Internacional para o
Desenvolvimento
2.1. Introdução
O mercado internacional para o desenvolvimento que resulta do apoio internacional concedido aos países
em desenvolvimento através da APD é um dos veículos que as empresas podem utilizar para se
internacionalizarem.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que o "Mercado
Internacional para o Desenvolvimento" em 2012 atingiu um valor total de cerca de US$ 183 mil milhões,
dos quais US$ 141 mil milhões corresponderam a empréstimos e subsídios para os países em
desenvolvimento através dos países e entidades doadoras.
Gráfico 1 - Evolução mundial da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD/ODA)
A maior percentagem deste montante, cerca de US$ 36,5 mil milhões, resulta do apoio concedido pelos
Bancos Multilaterais de Desenvolvimento como o Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento
(BAfD), o Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), o Banco Europeu para a Reconstrução e
Desenvolvimento (BERD) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A maior parte do saldo
restante é financiado por outras agências, como as Instituições Financeiras Multilaterais (IFM) e Agências
de Desenvolvimento Bilaterais.
Deste montante global, de acordo com a OCDE, os Estados Membros (EM) da CPLP receberam da APD
um total de US$ 2,9 mil milhões, em 2011.
Para se compreender a extensão e importância da APD em termos de fluxos externos totais para os
países em desenvolvimento, nomeadamente em África, de acordo com o relatório anual “Perspetivas
Fonte: OCDE, International Development Statistics, setembro de 2013
80,110 USD
106,366 USD
134,834 USD 140,293 USD
164,329 USD 171,217 USD
182,886 USD
62,030 USD
80,121 USD
107,339 USD
127,917 USD 131,686 USD 141,197 USD
- USD
20,000 USD
40,000 USD
60,000 USD
80,000 USD
100,000 USD
120,000 USD
140,000 USD
160,000 USD
180,000 USD
200,000 USD
2002 2003 20042005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Milh
ões d
e U
S$
Ajuda Pública ao Desenvolvimento - APD (ODA)
ODA Total
Países em desenvolvimento
CPLP
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
19
Económicas para África”2, a APD o é uma das principais fontes de financiamento dos países africanos a
par do fluxo de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e das remessas dos emigrantes.
Gráfico 2 - Fluxos financeiros externos em África 2001-2013
Fonte: Dados da OCDE/CAD, Banco Mundial, FMI e Perspectivas Económicas em África.
Todos países que integram a CPLP, com exceção de Portugal, são beneficiários de APD. A análise da
ajuda pública aos países da CPLP apresenta a seguinte evolução nos últimos anos:
Gráfico 3 - Evolução da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD/ODA) para os países da CPLP
Fonte: OCDE, International Development Statistics, setembro de 2013
Moçambique tem vindo a destacar-se dos restantes países da CPLP pelo crescimento exponencial da
APD e o Brasil apresenta um crescimento significativo em 2011, ainda que relativo face ao seu Produto
Interno Bruto (PIB). Quanto aos restantes países verifica-se uma regularidade dos montantes financiados
nos últimos anos.
Atendendo às ligações económicas entre Portugal e os restantes países da CPLP em que a experiência
nestes países é um fator de ponderação relevante, há um potencial que se encontra por explorar em
2 BAfD, OCDE, PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), EAC, UNECA (Comissão Económica
da ONU para África) (2012), Perspetivas Económicas em África, OECD Publishing, Paris.
0
50
100
150
200
250
2010 2011 2012 2013
Investimento directo estrangeiro
Carteira de investimento
Ajuda pública ao desenvolvimento
Remessas de emigrantes
Fluxos externos totais
826 USD
2,071 USD
- USD
500 USD
1,000 USD
1,500 USD
2,000 USD
2,500 USD
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Va
lor
em
milh
õe
s U
S$
Ajuda Pública ao Desenvolvimento para os países da CPLP
Angola
Brasil
Cabo Verde
Guiné Bissau
Moçambique
São Tomé & Príncipe
Timor-Leste
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
20
oportunidades de negócio e investimento que poderão permitir a consolidação internacional de grandes
empresas e o acesso a novos mercados às Pequenas e Médias Empresas (PME).
Um outro fator importante que resulta desta ligação é o facto de muitos dos concursos internacionais que resultam da APD para os países da CPLP serem publicados em português e exigirem, muitas vezes, que as comunicações, os projetos e os membros da equipa do trabalho tenham um elevado grau de compreensão da língua portuguesa ou mesmo como idioma nativo o português.
Gráfico 4 - Principais idiomas de publicação dos concursos públicos internacionais de APD
Fonte: DevBusiness.Com, setembro 2013
2.2. Modalidades de apoio da APD
Atendendo a que há um conjunto de países da CPLP em que a APD representa uma importante
componente da entrada de divisas e, em alguns casos, do seu orçamento nacional, compreender os
mecanismos e os projetos que estão a ser desenvolvidos permitirá ganhar uma importante mais-valia
concorrencial no mercado da APD.
Pretende-se com este guia abranger as diversas componentes que poderão gerar oportunidades de
negócio, financiamento ou apoio a projetos específicos, sendo que no âmbito da APD, as oportunidades
de negócio podem ser geradas por diversas vias:
Projetos de desenvolvimento - Os beneficiários do financiamento são entidades soberanas dos
países beneficiários, que por sua vez geram as referidas oportunidades de fornecimento de bens,
obras e serviços.
o Neste âmbito é importante compreender as diferentes entidades que operam nos países
beneficiários de APD, identificar as oportunidades e as diferentes fases dos processos,
para que as empresas possam apresentar uma proposta adequada e competitiva.
Subsídios – Apoios a fundo perdido, concedidos a terceiros no domínio da ajuda externa. Regra
geral, esta modalidade de apoio é orientada para entidades sem fins lucrativos.
Financiamento direto ao sector privado - Os beneficiários do financiamento são as empresas
interessadas e onde há um relacionamento direto entre as entidades financeiras multilaterais ou
de ajuda ao desenvolvimento e a própria empresa interessada.
Assim tem-se:
53%
29%
13%
5%
Idiomas de publicação
Inglês
Castelhano
Francês
Português
Para se compreender da importância do idioma como fator diferenciador e exigente deste tipo de procedimento, de acordo com informação do site oficial de publicação dos anúncios dos concursos das Nações Unidas, o português é um dos quatro idiomas com maior publicação.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
21
Figura 1 - Diagrama síntese das modalidades de apoio da APD e oportunidades para as empresas
2.3. Oportunidades para as empresas no mercado da APD
As diferentes modalidades de apoio da APD podem resultar em diferentes oportunidades para as
empresas através de concursos internacionais e do financiamento de apoio à internacionalização.
Os subsídios, apesar de representarem uma modalidade da APD, são orientados para Organizações Não
Governamentais de Desenvolvimento (ONGD) ou para outras entidades sem fins lucrativos, como por
exemplo fundações, ou cujo projeto não tenha como finalidade o lucro, como sucede, por exemplo, com o
apoio a programas e iniciativas de divulgação de boas práticas de saúde nos países em desenvolvimento.
O presente guia pretende focar-se nas duas áreas de oportunidades orientadas para as empresas e
contribuir para a capacitação dos empresários de modo a que possam responder às oportunidades
internacionais ou que identifiquem instrumentos de financiamento para os processos de
internacionalização das suas empresas para os países alvo.
2.3.1. Os concursos públicos internacionais de APD
Há um conjunto de oportunidades que resultam dos concursos internacionais e que poderão ser
importantes para as empresas.
Nesta matéria é importante ter em consideração que as regras dos concursos internacionais resultam da
relação entre os três níveis de entidades que participam neste mercado, as entidades doadoras, as
entidades beneficiárias e as entidades que fornecem bens e serviços.
Oportunidades para as empresas
Modalidades de apoio
Entidades doadoras Multilaterais Financeiras e demais entidades e organismos de APD
Apoio a entidades soberanas dos
países recetores
As empresas poderão concorrer a concursos nas suas áreas de
atividade
Subsídios a projetos
As entidades poderão apresentar
projetos para receberem subsídios
Apoio financeiro às empresas
Diversas modalidades de
financiamento de apoio à
internacionalização
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
22
Ao participar nos concursos públicos internacionais de APD as empresas poderão expandir os seus
negócios através da apresentação de propostas para:
Serviços de consultoria e engenharia – Inclui preparação de projetos, através de estudos técnicos
e financeiros, socioeconómicos e de avaliação ambiental, a monotorização de projetos e a sua
avaliação;
Fornecimento de bens – Como sucede, entre muitas outras, com aquisição de veículos de
transporte hospitalar, computadores, equipamento de escritório, equipamento escolar,
equipamento médico, equipamento laboratorial, sistemas de drenagem de águas, mobiliário,
material de construção, etc.
Construção de infraestruturas, ambientais, rodoviárias, ferroviárias, portuárias, tratamento de
águas residuais, do setor energético, escolas, entre outros.
Identificar, perseguir e licitar contratos num ambiente altamente competitivo de desenvolvimento
internacional exige uma compreensão da complexidade dos procedimentos de contratação internacional
associados às entidades doadoras.
Nesta matéria, é importante compreender a perspetiva das entidades doadoras de APD relativas aos
desafios dos seus processos de aquisição e que condicionam as entidades beneficiárias, que são:
Identificação e avaliação de necessidades da procura e oferta em termos de:
o Preço, qualidade e quantidade;
o Inspeção pré e pós-embarque;
o Transporte, seguro e procedimentos locais de importação;
o Entrega, instalação;
Especificação: Redação das especificações técnicas em conjunto com os beneficiários locais;
Anúncios (Tenders): Redação e publicação dos anúncios dos procedimentos de aquisição;
Avaliação de propostas: Capacidade de avaliação de propostas técnicas e financeiras;
Redação de contratos e de documentação;
Gestão financeira e contabilidade: A gestão e contabilização das faturas dos projetos de
fornecimento de bens e serviços e gestão conjunta e controlo das contas bancárias criadas para a
implementação dos programas;
Logística: Inspeções, instalações e montagem, comissionamento, formação dos agentes e
entrega ao beneficiário.
Há um conjunto de desafios e regras que as entidades doadoras impõem para assegurar que o objetivo
do projeto seja cumprido. Estas regras e desafios acabam por ter reflexo nos concursos e nas regras que
as entidades concorrentes têm de cumprir.
A dimensão das propostas, a dificuldade de cumprir com os requisitos dos projetos, (tais como, entre
outros, a exigência crescente de uma multiplicidade de valências e a experiência comprovada em projetos
semelhantes), resulta numa dificuldade acrescida para as empresas e afasta a generalidade das PME
destas oportunidades.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
23
Há, no entanto, um conjunto de soluções, como a apresentação de propostas em consórcio, em parceria
ou em subcontratação que poderão criar sinergias e complementaridades e permitir às empresas ganhar
projetos de considerável dimensão.
Em termos de risco, é um mercado onde os mesmos estão bastante mitigados, em comparação com
investimentos diretos nos mercados dos países beneficiários de APD, dado o perfil das entidades
doadoras bem como o elevado grau experiência, de transparência e concorrência dos procedimentos de
aquisição a que estas entidades estão obrigadas.
Conforme já anteriormente se indicou e se reafirma, importa ter em consideração que as entidades
doadoras, para conseguirem manter elevados índices de transparência e concorrência, criaram um vasto
e complexo conjunto de regras que as empresas têm de cumprir. Assim todo o processo de planeamento,
de apresentação e desenvolvimento de uma proposta é exigente e exige uma preparação prévia das
empresas.
Compreendendo a realidade dos países da CPLP e das instituições que se encontram a desenvolver
projetos nestes países, ir-se-á focar a presente análise no apoio e oportunidades que as empresas
poderão ter neste mercado em 4 fases:
Figura 2 - Ciclo do conhecimento de capacitação para os concursos internacionais de APD
2.3.2. Subsídios (grants)
Uma outra modalidade de APD que poderá gerar oportunidades para a internacionalização resulta da
contribuição, regra geral, a fundo perdido, a projetos apresentados por organizações sem fins lucrativos
desde que as suas atividades concorram para os objetivos das políticas da entidade doadora.
As entidades beneficiárias dos subsídios são, entre outras, ONGD, instituições educativas, cooperativas e
fundações.
O processo de atribuição dos subsídios varia consoante a entidade doadora, e poderá implicar a
realização de um estudo de viabilidade financeira do projeto e de um cofinanciamento por parte da
entidade recetora. A concessão de um subsídio implica a submissão de um pedido formal da entidade
beneficiária à entidade doadora, seja por iniciativa própria seja mediante a resposta a um anúncio
internacional (tender).
Os subsídios são atribuídos de forma direta e consideradas doações a essas entidades que ficam com o
dever de cumprir com a finalidade do projeto proposto, que será avaliado através de alguns deveres de
reporte a que ficam vinculadas.
O pagamento do subsídio implica que a entidade beneficiária cumpra com os objetivos de ajuda ao
desenvolvimento fixados no seu processo de candidatura.
Mediante a informação disponibilizada pelas as agências de financiamento de projetos e compreensão dos processos utilizados por essas agências para a programação nacional, sectorial e dos projetos.
Compreensão do processo
Identificar os principais instrumentos de divulgação das compras e orientações de candidatura de projetos, oportunidades futuras licitações e avisos e outras informações importantes.
Identificação de oportunidades
Exemplificação quantificada de investimentos e incentivos potenciais, com referência aos principais riscos envolvidos e formas de mitigação.
Avaliação
Preparação e estratégias de apresentação de propostas.
Propostas e licitação
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
24
2.3.3. Financiamento à internacionalização para os países em desenvolvimento
Não é só no âmbito dos concursos internacionais e dos subsídios que existem oportunidades passíveis de
serem exploradas pelas empresas. O apoio à internacionalização das empresas e a dinamização do IDE
para os países em desenvolvimento é também um dos objetivos da APD.
Assim, paralelamente às oportunidades que surgem através de concursos internacionais nas áreas dos
bens, obras e serviços existe igualmente um conjunto de operações de financiamento que permitem
apoiar projetos de investimento privados nos países beneficiários, como sejam:
• Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado; • Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados; • Participações de capital; • Financiamento “mezzanine”; • Garantias; • Donativos destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor
rendimento; • Produtos de gestão de risco; • Apoio à realização de estudos de sustentabilidade do projeto.
As entidades financeiras que apoiam o desenvolvimento de atividades empresariais em países em
desenvolvimento e beneficiários de APD, disponibilizam instrumentos com a finalidade de mitigar riscos
políticos, cambiais e de mercado dos investimentos realizados em países com grau de risco mais elevado.
Deste modo procuram apoiar as entidades privadas nos seus processos de internacionalização que
produzam impactos económicos e sociais relevantes nos setores considerados como prioritários para o
seu desenvolvimento.
2.4. Ajuda condicionada
De acordo com a OCDE, APD são os fluxos a favor de países e territórios em desenvolvimento ou de
instituições multilaterais que apoiem estes países e que obedeçam às seguintes condições:
Provenham de entidades oficiais, incluindo as administrações regionais e locais, ou das suas
agências de apoio ao desenvolvimento;
Tenham por objetivo principal a promoção do desenvolvimento económico e do bem-estar dos
países beneficiários;
Tenham um carácter concessional, isto é, comportem um elemento de perdão implícito de pelo
menos 25% (calculado com base numa taxa de atualização anual fixa de 10%).
Há no entanto que distinguir entre a APD e a ajuda condicionada (“tied aid”), tanto mais que a mesma tem implicações nas oportunidades a que as empresas podem concorrer. Na ajuda condicionada as oportunidades de concursos que derivem deste apoio são restritas a empresas ou entidades do país ou países doadores e do país beneficiário. Os empréstimos de ajuda condicionada, créditos e de financiamento misto (crédito e participação no capital) estão sujeitos a regras específicas a cumprir pelos países beneficiários, e ao impacto no seu desenvolvimento, de forma a evitar a utilização de financiamentos de APD em projetos que seriam comercialmente viáveis. É assim determinante orientar o foco das oportunidades, para as entidades que, reúnam as condições de elegibilidade necessárias para a concorrerem a estes projetos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
25
2.5. Estratégia e objetivos das entidades doadoras
Compreender os processos de adjudicação de contratos públicos internacionais é um elemento essencial
para as empresas conseguirem ganhar contratos que resultem de projetos de APD. No entanto, a APD
não promove a atividade económica em todos os sectores.
Compreender a estratégia e os objetivos das várias entidades de APD que concedem apoios é crucial
para que as empresas alinhem a sua estratégia e os seus projetos para poderem beneficiar do respetivo
apoio. Assim, a título exemplificativo, as entidades que pretendam beneficiar de apoio financeiro sob a
forma de dívida ou de capital, de instituições financeiras de APD, deverão referir na apresentação dos
seus projetos em que medida os mesmos poderão contribuir para o crescimento económico do país
beneficiário e o seu alinhamento com os objetivos e instrumentos internacionais que definem a estratégia
da APD.
Há um conjunto de instrumentos internacionais, regionais e nacionais que permitem a identificação dos
objetivos e da respetiva estratégia dos financiamentos orientados para a APD. Dada a importância central
que a identificação destes objetivos assume para que as empresas consigam atingir os objetivos a que se
propõem, ir-se-á de seguida proceder à identificação e caraterização das entidades mais relevantes.
2.5.1. Instrumentos internacionais que definem a estratégia da APD
Várias iniciativas importantes têm evoluído nos últimos anos com o objetivo global de melhorar a eficácia
da ajuda, a sua eficiência e a sua coordenação e permitir uma maior apropriação pelo país. Há assim um
conjunto de elementos que deverão ser tidos em consideração nas propostas, nomeadamente:
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU – Os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
(ODM), estabelecem um conjunto de metas para reduzir a pobreza, a fome, a doença, o
analfabetismo, a degradação ambiental e a discriminação contra as mulheres até 2015. Todos os
191 países-membros das Nações Unidas acordaram na criação de várias metas de
desenvolvimento a alcançar até 2015. Esses objetivos foram adotados pelas agências de
desenvolvimento multilaterais e bilaterais como prioritários para a sua programação de projetos;
Estratégia de Redução da Pobreza – Em países de baixo rendimento, as prioridades de
assistência ao desenvolvimento são baseados no “Documento de Estratégia de Redução da
Pobreza” (PRSP), que descreve o plano do governo beneficiário. A PRSP é a expressão de um
consenso sobre as prioridades de desenvolvimento do país para reduzir a pobreza e, portanto, o
fundamento para o país “prosperidade”. A maioria dos doadores vai aderir à PRSP e determinar
as suas prioridades em coordenação com os outros para evitar duplicações. O documento da
PRSP está disponível no site do Banco Mundial;
Estratégias regionais de apoio ao desenvolvimento – A União Europeia (EU) dispõe de um
conjunto de instrumentos que definiram a ajuda externa até 2013. A ajuda externa baseia-se
principalmente em três instrumentos "geográficos"/regionais: Fundo Europeu de Desenvolvimento
(FED) – Acordo de Cotonu; Instrumento de financiamento da cooperação para o desenvolvimento
(ICD) e o Instrumento Europeu de Vizinhança e Parceria;
Estratégias de Assistência ao País – A maioria dos países doadores também prepara as suas próprias Estratégias de Assistência ao País (CAS), que estabelecem áreas específicas de atuação. A estratégia de cada dum dos países é determinante para identificar as prioridades dos investimentos e se a ajuda será entregue através de apoio direto ao orçamento do país beneficiário ou para o financiamento de projetos específicos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
26
2.6. Instituições e entidades doadoras
A APD é realizada regra geral, através de três canais principais:
• Governo e respetivas agências de desenvolvimento, que disponibilizam subsídios (e alguns
empréstimos) para ajuda ao desenvolvimento;
• Multilaterais financeiras, como o Banco Mundial, que são instrumentos centrais da APD,
disponibilizando empréstimos para o desenvolvimento e alguns subsídios para o setor público e,
por vezes, a empresas estatais;
• IFD Bilaterais que são instrumentos orientados para o setor privado oferecendo produtos
financeiros e de assessoria relacionados com serviços para o desenvolvimento dos países.
Os três canais de desenvolvimento são complementares e integram uma estratégia conjunta de apoio ao
crescimento económico.
Os Programas de Ajuda e os apoios concedidos pelas multilaterais financeiras contribuem para o reforço
de muitas instituições públicas e são essenciais para o clima de investimento do setor privado nos países
em desenvolvimento.
Além dos programas de ajuda e das multilaterais financeiras, as IFD completam o modelo de apoio, num
terceiro canal, através do apoio ao investimento privado orientado para os setores estratégicos com
impacto socioeconómico.
Figura 3 - EDFI/Dalberg Report, 7 de julho de 2010
Do vasto conjunto de entidades internacionais que têm iniciativas na APD, identificadas no Anexo I, há um
conjunto de entidades que se destacam, por serem participadas pelo Estado português, por beneficiarem
de fundos comunitários em que Portugal participa, por terem objetivos e atividades em países da CPLP ou
pela sua forte implementação internacional.
Programas de Ajuda
• Doações ao setor público e à sociedade civil;
• Ajuda humanitária e apoio ao desenvolvimento.
Multilaterais Financeiras
• Empréstimos, subsídios e garantias ao financiamento;
• Orientado para projetos do setor público.
Instituições Financeiras de Desenvolvimento Bilaterais
• Empréstimos de longo prazo;
• Participações de capital e equiparáveis;
• Garantias;
• Cofinanciamento com outras Instituições Financeiras Internacionais (IFIs).
Estratégias complementares da APD
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
27
Tabela 1 - Principais instituições e entidades doadoras internacionais – listagem / classificação
Multilaterais financeiras
Instituições Financeiras de
Desenvolvimento (Bilaterais) Fundos
Agências de
Desenvolvimento
Bilaterais e outras
entidades de APD
Instituições
financeiras
Internacionais
Instituições
Financeiras
Multilaterais
Banco Mundial
Corporação
Andina de
Fomento
KfW - Banco Alemão de
Desenvolvimento
Fundo para o
Ambiente
Global
Instituto Camões
Banco
Interamericano de
Desenvolvimento
Banco Europeu
de Investimento
Belgian Investment Company for
Developing Countries
Fundo Global de
Luta contra a Sida
Tuberculose e
Malária
Europe Aid
Banco Africano de
Desenvolvimento CDC –CDC Group
Fundo Comum dos
Produtos
de Base
USA – Millenium
Challenge Corporation
Banco Europeu para
a Reconstrução e o
Desenvolvimento
(BERD)
COFIDES - Compañía Española
de Financiación del Desarrollo
Fundo
Internacional de
Desenvolvimento
Agrícola
USAID
Banco Asiático de
Desenvolvimento
(BAsD)
FINNFUND- Finnish Fund for
Industrial Cooperation Ltd
Department for
International
Development (UK)
Banco de
Desenvolvimento
das Caraíbas
FMO- Netherlands Development
Finance Company
German Agency for
Tech Coop’n (GTZ)
Banco Nórdico de
Investimento
IFU/IØ - The Investment Fund
for Developing Countries
Netherlands
Development
Cooperation
Black Sea Trade and
Development Bank
(BSTDB)
NORFUND - Norwegian
Investment Fund for Developing
Countries
Swedish International
Development Agency
Banco de
Desenvolvimento da
América Latina
(CAF)
OeEB- The Development Bank
of Austria
Norwegian Agency for
Development
Cooperation
International Finance
Corporation (IFC)
PROPARCO - Société de
Promotion et de Participation
pour la Coopération
Economique
Danish International
Development Agency
Islamic Corporation
for Development of
the Private Sector
(ICD)
SBI-BMI – Belgian Corporation
for
International Investment
Lux Development
Multilateral
Investment Fund
(MIF)
SIFEM – Swiss Investment Fund
for Emerging Markets
Swiss Agency for
Development &
Cooperation
Multilateral
Investment
Guarantee Agency
(MIGA)
SIMEST- Società Italiana per le
Imprese all'Estero
Agence Française de
Développement
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
28
Multilaterais financeiras
Instituições Financeiras de
Desenvolvimento (Bilaterais) Fundos
Agências de
Desenvolvimento
Bilaterais e outras
entidades de APD
Instituições
financeiras
Internacionais
Instituições
Financeiras
Multilaterais
OPEC Fund for
International
Development (OFID)
SOFID- Sociedade para o
Financiamento do
Desenvolvimento
Japanese Official
Development
Assistance
SWEDFUND- Swedfund
International
Saudi Fund for
Development
Kuwait Fund for Arab
Economic
A classificação das instituições financeiras está subdividida entre entidades multilaterais e bilaterais,
atendendo à composição do seu capital social e definição dos objetivos, de acordo com o critério da
OCDE.3
Os fundos indicados resultam de acordos ou de organismos internacionais (fundos verticais) e a indicação
das agências de desenvolvimento da sua relação institucional com o estado soberano que a financia.
Além das presentes entidades, existe um vasto conjunto de agências das Nações Unidas que
prosseguem atividades nos países da CPLP e que concedem apoio ao desenvolvimento através dos seus
projetos específicos.
O sistema de APD da Organização das Nações Unidas (ONU) é composto por mais de 50 entidades
(agências, organizações, comissões, programas, fundos, etc.), que disponibilizam mais de 7.000 milhões
dólares4 anualmente para a aquisição de bens e serviços de apoio ao desenvolvimento e ajuda
humanitária para mais de cem países. As empresas portuguesas são elegíveis para apresentar propostas
a todos os contratos financiados pela ONU.
O sistema de financiamento da ONU realiza-se essencialmente sob a forma de subsídios e de assistência
técnica aos programas e projetos de pequena escala.
Os maiores projetos são frequentemente implementados pelo Gabinete da ONU de Serviços de Apoio a
Projetos (United Nations Office for Project Services – UNOPS).
2.6.1. Entidades com maior intervenção na APD dos países da CPLP
Para se compreender quais as entidades mais representativas procede-se à análise dos concursos e
subsídios publicados por 110 entidades doadoras dos EM da CPLP, com exceção do Brasil5, constante do
Anexo I, desde janeiro de 2012, num total de mais de 560 oportunidades.
Conforme se poderá verificar no quadro seguinte, das 110 entidades analisadas, 33 têm projetos na
CPLP, sendo a seguinte a sua percentagem de relevância:
3 Relatório da OCDE “International Finance Institutions and Development Through the Private Sector”, A joint report of
31 multilateral and bilateral development finance institutions, OCDE, 2011. 4 Relatório ONU sobre APD, ONU, junho de 2012.
5 Não inclui Brasil por este representar um número similar de oportunidades ao total da CPLP potenciando uma
análise distorcida, consequentemente foi retirado da avaliação e será analisado separadamente.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
29
Gráfico 5 - Percentagem por entidade que abriu concursos e subsídios para países da CPLP
Fonte: DEVEX, análise PwC de janeiro de 2012 a setembro de 2013
Porém, ao analisar-se as principais entidades que, obedecendo a este critério, financiaram projetos de valor superior a € 10 milhões verifica-se a existência de apenas 8 entidades, com a seguinte ordenação:
Gráfico 6 - Percentagem de entidades com projetos acima de € 10 milhões
Fonte: DEVEX, análise PwC de janeiro de 2012 a setembro de 2013
* Exceto Brasil, dado o volume de investimento desvirtuaria a análise
Em termos do número de projetos de valor superior a € 10 milhões, o Banco Mundial tem cerca de 41%,
as entidades europeias 36%, o BAfD tem 21% e as entidades e apoio ao desenvolvimento dos EUA cerca
de 3%.
A análise dos elementos recolhidos permitiu determinar quais as entidades com projetos mais relevantes e as entidades com maior atividade nos países da CPLP*:
35%
13% 9%
6%
2%
0%
11% 1%
1%
3%
2% 17%
Anúncios internacionais CPLP
World Bank
USA-MCC
AfDB
Europe Aid
European Union
Dfid
UN System
EIBD
KfW
Lux-Development
AFD
Outros
41%
3%
20% 3%
15%
3% 5%
10%
Entidades com projetos acima de € 10 milhões - CPLP* Banco Mundial
USA-Millennium Challenge Corporation
Banco Africano de Desenvolvimento
EuropeAid
União Europeia
Departamento para o Desenvolvimento Int -UK
Banco Europeu de Investimento
Lux-Development - Luxemburgo
As principais entidades a operar nos países da CPLP, com estes critérios de emissão de procurement internacional, são o Banco Mundial, com cerca de 35% das oportunidades, as entidades europeias que, através dos seus mecanismos e EM somam cerca de 16% (Europe Aid, Orçamento da UE, KfW, Agência Francesa para o Desenvolvimento, Lux–Development), as entidades e apoio ao desenvolvimento dos Estados Unidos da América - EUA (entre outras o USA-AID e o MCC) com 13%, o UN System das Nações Unidas com 11% e o African Development Bank com 9%.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
30
Gráfico 7 - Comparativo valor dos projetos por entidade
Fonte: DEVEX, análise PwC de janeiro de 2012 a setembro de 2013
* Exceto Brasil, dado o volume de investimento desvirtuaria a análise
O financiamento é assim realizado, ou através de IFI’s, cujos acionistas maioritários são estados, como
sucede com o Banco Mundial, ou bancos de desenvolvimento regional como o BAfD ou o Banco Europeu
de Desenvolvimento, ou através dos instrumentos e mecanismos de financiamento criados pela UE e
pelos seus EM ou pelos EUA.
Sendo estas as principais entidades a intervir nos mercados alvo importa avaliar as oportunidades que poderão surgir através de uma cuidada ponderação dos seus processos de aquisição internacionais.
2.7. Oportunidades para as empresas durante o ciclo da APD
As oportunidades para as empresas que decidam participar nos concursos internacionais promovidos
pelas entidades da APD surgem por via indireta durante todo o ciclo de financiamento ao país beneficiário.
Ou seja, desde o
primeiro momento
do projeto de
financiamento até à
sua conclusão
surgem
oportunidades para
as mais diversas
empresas, que
deverão
compreender a fase
em que poderão
participar.
35%
13%
9%
6%
2% 1%
3%
Banco Mundial
USA-MCC
BafD
EuropeAid
União Europeia
Dfid - UK
Banco Europeu de Investimento
Lux-Development
Os principais financiadores
internacionais dos países da
CPLP* são:
Banco Mundial;
BAfD;
UE e os seus EMs;
EUA (USA AID e MCC).
Figura 4 - Ciclo do projeto
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
31
O momento de financiamento até ao encerramento do projeto é denominado por “ciclo do projeto” e está
dividido em várias fases.
Assim durante a fase de identificação, preparação e avaliação do projeto as oportunidades de negócio
estão relacionadas com serviços de consultoria. Esta necessidade de serviços de consultoria continua
durante as restantes fases do ciclo do projeto.
Na fase de negociação, implementação e avaliação surgem oportunidades relacionadas com a entrega de
bens, a construção de infraestruturas e realização de obras. Geralmente a duração do ciclo do projeto é
de 4 anos. Apesar do projeto estar relacionado com o financiamento a um Estado soberano, denominado
por financiamento direto, dada a obrigatoriedade deste cumprir com as regras de procurement, as
oportunidades de negócio podem ocorrer em todas as fases do ciclo.
Conhecer as fases do projeto e acompanhar o seu desenvolvimento aumenta, em grande medida, as
probabilidades da obtenção de um contrato.
O ciclo do projeto assenta numa matriz comum desenvolvida pelo Banco Mundial, que posteriormente foi
adaptado, regra geral, pelas demais instituições de financiamento ao desenvolvimento.
Compreender o ciclo do projeto do Banco Mundial permitirá compreender o ciclo das demais entidades,
que o terão ajustado às suas próprias especificidades. O ciclo do projeto do Banco Mundial tem as
seguintes fases:
Fase inicial (fase prévia ao ciclo do projeto e à identificação)
Antes de iniciar um projeto, o Banco Mundial efetua um conjunto de estudos para o desenvolvimento de
temas sobre um determinado país e setor.
Estes estudos são comummente referidos como estudos económicos e setoriais. Documentos
estratégicos que são desenvolvidos na fase inicial incluem os Documentos Estratégicos para a Redução
da Pobreza, CAS e Estudos sobre as Estratégias Económicas e Setoriais.
o Os Documentos Estratégicos para a Redução da Pobreza, ou Poverty Reduction Strategy
Papers (PRSPs), permitem às empresas terem um maior conhecimento das prioridades
dos países beneficiários de APD;
o A Estratégia de Assistência ao País, ou Country Assistance Strategies (CAS), permite às
empresas terem informação prévia sobre o possível financiamento de um projeto pelo
Banco Mundial e sobre as possíveis oportunidades de negócio.
o Estudos sobre as Estratégias Económicas e Setoriais, ou Economic and Sector Work, são
estudos que permitem às empresas conhecer a estratégia do Banco Mundial para os
diferentes setores, países e desafios para o desenvolvimento.
Identificação
Com base na estratégia económica e de assistência ao país, o Banco Mundial e os países doadores
identificam projetos que possam contribuir para que sejam atingidos os objetivos de desenvolvimento do
país.
Nesta fase os projetos são geralmente geridos entre o Banco Mundial e o Ministério do setor que pretende
o financiamento. A título exemplificativo, um projeto no setor da saúde será implementado em conjugação
com o Ministro da Saúde.
A fase de identificação pode demorar cerca de 1 ano e meio. Durante este período são determinados os
pressupostos base do projeto que terminam na concessão do financiamento e é publicada informação
sobre o decorrer dos trabalhos do Banco Mundial, através de dois elementos que permitem compreender
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
32
melhor os seus objetivos: através do Monthly Operational Summary (MOS), documento mensal sobre o
decorrer dos trabalhos e dos Project Information Documents (PIDS) que contêm toda a informação do
projeto, nomeadamente, os elementos, os objetivos, o financiamento e os riscos. Este último é um
elemento a ter em consideração na redação de propostas ao projeto.
Preparação
O país beneficiário é responsável pela preparação do projeto. Durante esta fase, que só poderá durar dois
anos, o país beneficiário irá realizar novos estudos de modo a realizar uma melhor adequação do projeto,
dos seus objetivos, componentes, programação, responsabilidade institucional e a implementação do
plano do projeto.
Avaliação
A avaliação do projeto é da responsabilidade do Banco Mundial, que irá avaliar todos os estudos
realizados nas fases antecedentes, incluindo o plano de procurement do projeto, que identifica os tipos e
quantidades de equipamentos, bens, valor de empreitadas projetadas e serviços que serão adquiridos
durante o projeto.
Os documentos que resultam desta avaliação, os Project Appraisal Documents (PADs) são os elementos
mais detalhados sobre os projetos do Banco Mundial. Este documento é publicado após o financiamento
ser aprovado e é possível aceder ao mesmo por via da base de dados pública do Banco Mundial.
Negociação e aprovação
Na fase de negociações são acordados os termos de aprovação do financiamento ao projeto. Regra geral
esta fase dura entre 1 a 2 meses. Após as negociações, o PAD é remetido com a restante informação das
negociações para aprovação e, em certas situações, o país beneficiário emite uma notificação designada
por General Procurement Notice (GPN).
Esta notificação pode ser publicada na fase de avaliação ou de negociação, e permite a identificação do
tipo equipamentos, bens, valor de empreitadas projetadas e serviços que serão adquiridos durante o
projeto. Qualquer projeto acima dos US$ 200.000 terá de respeitar as regras de procurement do Banco
Mundial, ou seja, as aquisições terão de ser realizadas através de procedimentos regulados pelo
Procedimento de Licitação Internacional - International Competetive Bidding6, o que implica a publicação
do GPN num jornal nacional do país beneficiário e no site United Nations Development Business. As
aquisições acima de US$ 50.000 obrigam à publicação do pedido de proposta.
Implementação e supervisão
Depois do financiamento ser aprovado, o país beneficiário pode utilizar os fundos de modo a cumprir com
os objetivos fixados. A responsabilidade pela implementação do projeto é do país beneficiário. Durante
esta fase que pode durar vários anos, o papel do Banco Mundial é monitorizar a implementação do
projeto, verificando se os objetivos e as regras de procurement estão a ser cumpridos.
Os pedidos de apresentação de proposta, - Request for Expressions of Interest (EIOs) – os anúncios
específicos de propostas - Specific Procurement Notices (SPNs) - e os GPNs são publicados, regra geral,
nesta fase.
Avaliação posterior
Após a implementação do projeto segue-se uma fase de auditoria ao projeto, em que os resultados
obtidos são medidos e comparados com os objetivos inicialmente definidos.
6 Adiante melhor identificado no capítulo de Procurement.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
33
A tabela seguinte procura identificar as oportunidades de negócio durante o ciclo do projeto:
Tabela 2 - Oportunidades durante o ciclo do projeto
Fase Tipo de oportunidade Entidade
adquirente
Fontes de informação
Fase inicial
Consultoria de curta
duração
≤ US$ 100.000
Banco Mundial
PRSP, CAS
Pedido de apresentação de
proposta é publicada para todos os
contratos de valor estimado
superior a US$ 50.000
Identificação Consultoria de curta
duração Banco Mundial
MOS e pedido de apresentação de
proposta é publicada para todos os
contratos de valor superior a
US$ 50.000
Preparação
Consultoria de curta
duração País beneficiário
MOS
Consultoria de média
duração País beneficiário
Avaliação Consultoria de curta
duração Banco Mundial
MOS
Pedido de apresentação de
proposta é publicada para todos os
contratos de valor superior a
US$ 50.000
Negociação e aprovação N/A N/A GPN
Implementação
Consultoria, equipamentos,
bens e obras/empreitadas
do projeto
País beneficiário
PAD, GPN, pedido de apresentação
de proposta, SPN Supervisão Consultoria de curta
duração Banco Mundial
Avaliação posterior
Consultoria de curta
duração
Banco Mundial
Fonte: World Bank Procurement Rules e Doing Business 7with International Development Organisations, Contract Opportunities from
Public Procurement, Marja Nissinen, UE, HAMK – University of Applied Sciences, março de 2013.
As regras de aquisição – procurement – variam de acordo com a natureza do produto ou serviço que se
pretende adquirir.
Estes fatores, em conjunto com o valor do serviço ou do bem a adquirir, o potencial de propostas em
vender ou prestar o serviço, o tempo e o custo do processo de aquisição determinam, regra geral, o
modelo de aquisição.
Existem, regra geral, dois modelos guia que descrevem as regras de procurement e que servem de
modelo às restantes instituições financeiras para o desenvolvimento:
As aquisições de bens, equipamentos, obras/empreitadas e serviços que não incluam consultoria
(como por exemplo serviços de desembarque de mercadorias) seguem as diretrizes do Banco
Mundial do “Procurement of Goods, Works, and Non-Consulting Services under IBRD Loans and
IDA Credits & Grants”, de janeiro de 2011.
7 O Doing Business é uma publicação do Banco Mundial e da Sociedade Financeira Internacional que compara a
regulamentação existente para fazer negócios e a sua implementação, em 183 países.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
34
o Para estas aquisições, atendendo às recomendações do Banco Mundial, o método de
aquisição é, regra geral, o International Competitive Bidding, procedimento semelhante a
um concurso público internacional em que o valor da proposta é o elemento essencial que
determina a adjudicação.
o Outros métodos que o Banco Mundial permite que sejam usados nestas aquisições
incluem:
National Competitive Bidding, semelhante a um concurso público mas por, entre
outras, razões de natureza do serviço, valor do contrato ou produto é expectável
que não existam propostas internacionais.
International Shopping, semelhante a um ajuste direto com obrigatoriedade de
pedido de proposta a, pelo menos, três entidades diferentes. É um método
apropriado para a aquisição de quantidades limitadas de produtos facilmente
acessíveis e de valor facilmente determinável, de mercadorias de baixo valor, ou
obras/empreitadas simples de pequeno valor.
As aquisições de serviços de consultoria, seguem as diretrizes do Banco Mundial do “Selection
and Employment of Consultants under IBRD Loans & IDA Credits & Grants by World Bank
Borrowers”, de janeiro de 2011.
o Para a aquisição de serviços de consultoria, atendendo às recomendações do Banco
Mundial, o método de aquisição é, regra geral, Quality and Cost Based Selection (QCBS).
Semelhante a um concurso limitado por prévia qualificação, o modelo de avaliação das
propostas inclui a avaliação dos méritos técnicos e financeiros da proposta de acordo com
os fatores pré-estabelecidos.
o Outros métodos que o Banco Mundial permite que sejam usados nestas aquisições
incluem:
Quality Based Selection – Aplicável nas situações em que seja difícil a definição
dos termos essenciais à apresentação de proposta, em que são necessários
especialistas de elevado reconhecimento técnico e cuja implementação poderá
ser realizada de formas diferentes que não admitem comparação.
Least Cost Selection - Aplicável nas situações de serviços rotineiros, como
sucede com serviços de contabilidade ou de auditoria. É um processo simplificado
com apresentação de propostas em dois envelopes em que basta a indicação da
qualificação da empresa num envelope e a identificação do valor proposto no
outro. Sendo qualificada é adjudicada a proposta de menor preço.
As aquisições são realizadas de acordo com modelos de aquisição disponibilizadas pelo Banco Mundial,
nomeadamente a Standard Bidding Documents (SBD) e Standard Request for Proposals (SRFP).
As diretrizes supra indicadas são seguidas, regra geral, pelas demais IFIs para o desenvolvimento, com
as devidas adaptações, no seguimento aliás, da iniciativa do Banco Mundial para a harmonização do
procurement internacional.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
35
3. Caracterização do
Mercado para o
Desenvolvimento
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
36
3. Caracterização do Mercado para o
Desenvolvimento
Para uma melhor compreensão das oportunidades que resultem
da APD ir-se-á de seguida proceder à caracterização das
principais Instituições Financeiras para o Desenvolvimento
(IFD), das agências de desenvolvimento bilaterais, dos
mecanismos de apoio da UE.
A caracterização da estratégia das entidades doadoras é um
elemento importante para compreender quais os setores e
projetos que irão beneficiar de APD, os países que poderão
beneficiar desta ajuda, e as modalidades, setores e projetos que
irão ser apoiados.
É, assim, um importante elemento auxiliar e guia na preparação
da estratégia de posicionamento nos mercados e de apoio à
elaboração de propostas.
Saber quais as principais entidades com projetos em regiões
económicas que integram os países da CPLP, quais são as
entidades a que as empresas portuguesas poderão apresentar
propostas, quais os produtos financeiros que se encontram
disponíveis para apoiar a internacionalização para os países da
CPLP é um elemento fundamental da APD.
Ir-se-á igualmente identificar em cada uma das entidades
doadoras onde poderão encontrar as oportunidades e as regras
para a preparação das respetivas propostas.
Exemplos de Bancos Multilaterais de
Desenvolvimento e Instituições Financeiras
com operações com o Setor Privado,
(ainda que, em alguns casos,
indiretamente por via de bancos
comerciais):
• Banco Africano de Desenvolvimento
(BAfD)
• Banco Asiático de Desenvolvimento
(BAsD)
• Banco do Comércio e Desenvolvimento
do Mar Negro (BSTDB)
• Banco de Desenvolvimento da América
Latina (CAF)
• Banco Europeu para a Reconstrução e o
Desenvolvimento (BERD)
• Banco Europeu de Investimento (BEI)
• Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID)
• Corporação Interamericana de
Investimentos (CII)
• International Finance Corporation (IFC)
• Fundo Multilateral de Investimentos
(FUMIN)
• Agência Multilateral de Garantia de
Investimentos (MIGA)
• Nordic Investment Bank (NIB)
• Fundo da OPEP para o Desenvolvimento
Internacional (OFID)
Fonte: Relatório “International Finance Institutions and Development Through the Private Sector”, 2011
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
37
3.1. Instituições Financeiras Internacionais de desenvolvimento
As IFI de desenvolvimento, onde se incluem os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento8 (BMD),
fornecem subsídios e empréstimos aos países para uma grande multiplicidade de projetos de desenvolvimento. Esses projetos têm como objetivo o desenvolvimento social e económico e são implementados por agências executoras (normalmente departamentos governamentais) que são responsáveis pela aquisição de bens e serviços relacionados com as orientações da respetiva instituição financeira. Por regra, só as empresas de países que são membros dos BMD são elegíveis para contratos decorrentes de financiamento de projetos dos BMD. Portugal é membro de cinco das principais IFI: a) Grupo do Banco Mundial (BM), desde 1961, composto por:
a.1. Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (IBRD); a.2. Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA); a.3. Sociedade Financeira Internacional; a.4. Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA); a.5. Centro Internacional para a Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (ICSID).
A análise do Grupo do Banco Mundial encontra-se realizada em capítulo autónomo.
b) Grupo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), desde 1979;
b.1. Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
Apoia o desenvolvimento socioeconómico e a integração regional da América Latina e do Caribe, principalmente mediante empréstimos a instituições públicas, com garantia soberana. Financia projetos no setor privado, especialmente em infraestruturas e desenvolvimento de mercados de capitais. As grandes áreas prioritárias apoiadas pelo BID incluem as que promovem igualdade social e a redução da pobreza, a reforma económica e modernização do Estado, e a integração regional.
b.2. Corporação Interamericana de Investimentos (CII) Tem por objetivo promover o desenvolvimento económico da América Latina e do Caribe estimulando o estabelecimento, a ampliação e a modernização das empresas privadas, particularmente das PMEs. Atua por meio da concessão de empréstimos e da participação acionista;
b.3. Fundo Multilateral de Investimentos (FUMIN)
Fundo autónomo administrado pelo BID que tem por missão contribuir para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas.
8 De acordo com a classificação do Banco de Portugal integram a classificação de Bancos Multilaterais, o IBRD,
(Banco Mundial), a Sociedade Financeira Internacional, o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, o BID, o BAsD, o BAfD, o Fundo de Desenvolvimento Social do Conselho da Europa, o NIB, o Banco de Desenvolvimento das Caraíbas, o FEI, a Sociedade Interamericana de Investimento e a Agência Multilateral de Garantia dos Investimentos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
38
c) Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento, desde 1983;
c.1. BAfD; c.2. Fundo de Desenvolvimento Africano (FAfD). A análise do Banco Africano de Desenvolvimento encontra-se realizada em capítulo autónomo.
d) Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD), desde 1991; e) Banco Asiático de Desenvolvimento (BAsD), desde 2002;
e.1. Banco Asiático de Desenvolvimento propriamente dito (BAsD); e.2. Fundo Asiático de Desenvolvimento (FAsD).
A participação de Portugal nas IFI enquadra-se nos objetivos de natureza política e económica definidos
pela estratégia portuguesa de cooperação multilateral, aprovada em 2007, nos quais se destacam:
garantir a defesa dos interesses estratégicos da política externa, de internacionalização e de
cooperação portuguesa
aumentar a visibilidade e influência nacional nas IFI e promover vantagens mútuas de cooperação
económica; e,
facilitar o acesso das empresas e consultores nacionais ao denominado mercado das multilaterais
financeiras.
3.2. Caracterização das IFI
A seguinte tabela sintetiza as principais características das Instituições Financeiras Multilaterais de
Desenvolvimento que atuam no espaço da CPLP, ou aquelas das quais Portugal é membro. A ligação
entre as IFI e o estado Português é realizada diretamente, através de contacto junto do representante de
Portugal, ou através da AICEP que poderá atuar enquanto elo de ligação.
As IFI indicadas na referida tabela dispõem diretamente, indiretamente ou em entidades do seu grupo financeiro de um vasto conjunto de modalidades de financiamento, entre as quais:
• Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros de mercado; • Empréstimos de longo prazo, com taxas a juros bonificados; • Participações de capital; • Garantias; • Financiamento “mezzanine”; • Subsídios destinados ao financiamento de atividades específicas nos países de menor
rendimento; • Produtos de financiamento estruturado e gestão de risco; • Programas de facilitação do comércio internacional; • Fundos de cooperação técnica (Trust Funds), bilaterais ou multilaterais, constituídos por doadores
para financiamento específico de determinadas áreas de projetos de consultadoria e assistência técnica;
• Financiamento para Assistência Técnica (AT) – apoio prestado pelo Governo e por outras agências para apoiar estudos e capacitação dos agentes locais sobre o desenvolvimento económico, ambiental, social e político dos países em desenvolvimento. É um apoio estruturado, que visa a consolidação e a capacitação de estruturas, entidades nacionais e agentes públicos e privados;
• Serviços de consultoria ou preparação do projeto.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
39
Tabela 3 - Características das IFI e roteiro de oportunidades
Banco
Mundial BID BAfD BAsD BERD
Sigla/Acronym BM/WB BID/IADB BAfD BAsD BERD
Portugal
é membro S S S S S
Elegibilidade das
empresas
portuguesas
S S S S S
Projetos na CPLP
nos últimos 3
anos (nº países)
S S S S N
7 1 5 1 0
Países da CPLP
integram a sua
estratégia futura
7 1 5 1 0
Propostas de
procurement
em português
S S S N N
Oportunidades de
negócio
http://go.worl
dbank.org/KT
PE1WKU20
http://tinyurl.com/B
IDOportunidades
http://tinyurl.com/Af
DBOportunidades
http://tinyurl.com/A
DBOportunidades
http://tinyurl.com/B
ERDOportunidades
Regras de
procurement
http://go.worl
dbank.org/1K
KD1KNT40
http://tinyurl.com/B
IDRegras
http://tinyurl.com/Af
DBRegras
http://tinyurl.com/A
DBRegras
http://tinyurl.com/B
ERDRegras
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
40
3.2.1. Principais IFI’s das quais são membros países da CPLP
O estatuto de membro de uma IFI é um importante indicador sobre as entidades que financiam projetos
nos seus países. Na CPLP os países membros de IFI’s são os seguintes:
Tabela 4 - Estatuto dos membros da CPLP nas IFI
BAsD BafD FDA GEF BID IBRD IDA IFAD IsDB OAS
Angola
X
X
X X X X
Brasil
X X X X X X X
X
Cabo Verde
X
X
X X X
Guiné-Bissau
X
X
X X X X
Moçambique
X
X
X X X X
Portugal X X X X X X X X
São Tomé e
Príncipe
X X
X X X
Timor-Leste X
X
X X X
BAsD - Banco Asiático de Desenvolvimento; BafD - Banco Africano de Desenvolvimento;
FDA - Fundo de Desenvolvimento Africano; GEF - Fundo Global para o Meio Ambiente; BID
- Banco Interamericano de Desenvolvimento; IBRD - Banco Internacional para a
Reconstrução e o Desenvolvimento; IDA - Associação Internacional de Desenvolvimento;
IFAD - Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola; IsDB - Banco Islâmico de
Desenvolvimento; OAS -Organização dos Estados Americanos
3.3. Instituições Financeiras Multilaterais
Vários outros bancos e fundos que disponibilizam financiamento para os países em desenvolvimento
também são identificados como Instituições Multilaterais de Desenvolvimento (IMD), e são muitas vezes
referidos como Instituições Financeiras Multilaterais (IFM).
Eles são distintos dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (BMD), atendendo à sua estrutura
participativa e por se concentrarem em setores ou atividades especiais.
Os mecanismos de financiamento disponíveis incluem, entre outros, juros bonificados, créditos e garantias
e subsídios não reembolsáveis que são possíveis de serem obtidos ou diretamente ou indiretamente por
via de bancos comerciais.
Por outro lado, do financiamento atribuído por estas instituições a estados beneficiários surgem
igualmente oportunidades em termos de procurement.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
41
A elegibilidade nacional que permite que empresas de vários países possam apresentar propostas em
contratos financiados pelas IFM depende das normas de cada instituição.
Com o aumento da "desvinculação" da ajuda ao desenvolvimento, ou seja com a diminuição da ajuda
condicionada, a elegibilidade das empresas portuguesas é maior.
Tabela 5 - Características das IFM e roteiro de oportunidades
Corporação Andina de Fomento
Banco Europeu de Investimento*
Sigla CAF BEI
Portugal é membro
S S
Elegibilidade das empresas portuguesas
S S
Principais modalidades de financiamento e apoio
Empréstimos de curto, médio e longo prazo;
Financiamento;
Assessoria financeira;
Garantias e avais;
Participações acionistas; Serviços de tesouraria; Assistência técnica;
Empréstimos para grandes investimentos e intermediados; Financiamento estruturado; Garantias; Project bonds; Capitais e fundo de investimento; Capital de risco; Microfinanças; Assistência técnica: Partilha de riscos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (RSFF); Energia sustentável (ELENA); Apoio demonstração verde-tech (NER300); Consultoria em projetos de Infra-estrutura para os novos membros da UE (JASPERS); Desenvolvimento urbano (JESSICA); Garantias de cash-flow (LGTT); Otimização de parceria público-privada (EPEC); Financiamento flexível às PME (Jeremie)
Projetos na CPLP nos últimos 3 anos
S S
1 País (Brasil) 6 (incluindo Portugal)
Países da CPLP integram a sua estratégia futura
1 7
Propostas de procurement em português
NA S
Oportunidades de negócio NA http://www.eib.org/about/procurement/index.htm
Regras de procurement NA http://www.eib.org/attachments/thematic/guide_procurement_services_en.pdf
*As modalidades de apoio ao financiamento do BEI variam de acordo com os quadros comunitários de apoio sendo expectável novas modalidades de apoio com o novo quadro comunitário 2014-2020.
As IFM das quais Portugal é membro são: 1. CAF, desde 2009; 2. BEI, desde 1986.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
42
3.3.1. Caracterização sectorial dos apoios concedidos pelas IFM na CPLP
3.3.1.1. BEI
O BEI tem por missão promover os objetivos da UE, fazendo financiamento de longo prazo disponível
para investimentos com forte impacto económico.
Estes financiamentos são concedidos através de
intermediários, tais como bancos comerciais, e deverão
cumprir com os critérios definidos para a sua concessão que
incluem, entre outras, o reforço da competitividade das
indústrias e das PMEs europeias e o apoio a políticas de
desenvolvimento e de cooperação da UE nos países
parceiros.
Eles são direcionados para investimentos corpóreos ou
incorpóreos por parte das PME.
Os empréstimos do BEI também podem contribuir para uma
estabilidade do capital das PME, assim, também podem ser
elegíveis para o financiamento do BEI as necessidades de
financiamento das PME a longo prazo.
Gráfico 8 - Análise do investimento setorial realizado entre 2010-2013 pelo BEI nos projetos regionais em África, no Brasil e em Portugal
Fonte: http://www.eib.org/projects/loans/list/index.htm
O investimento setorial realizado nos últimos 3 anos pelo BEI em países da CPLP é diferenciado,
revelador dos diferentes estágios de maturidade das respetivas economias.
0 200,000,000 400,000,000 600,000,000 800,000,000 1,000,000,000 1,200,000,000
Serviços
Infra-estruturas urbanas
Agricultura, Pesca e Florestas
Infra-estruturas rodoviárias
Energia
Telecomunicações
Indústria
Linhas de crédito
Educação e Saúde
Investimento setorial BEI - 2010/13 - US$
África - regional Brasil Portugal
Exemplos de projetos do BEI
“A UNICER beneficiou em 2012 de um empréstimo
de € 60 milhões do BEI para aumentar a eficiência
operacional, energia e meio ambiente.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
solicitou a 24 de Julho de 2013 um empréstimo de
€ 200 milhões ao BEI, que se encontra em
avaliação, no seguimento de um projeto de valor
global de € 865 milhões, para aquisição de vagões
de passageiros para operarem linhas regionais de
São Paulo operadas pela CPTM.”
Fonte: Ficha técnica de apoio do BEI, Unicer -
2012 e CPTM – 2013.
Univers
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
43
Assim, verifica-se que em Portugal o financiamento é orientado principalmente para linhas de crédito a
bancos comerciais portugueses, num total de € 520 milhões9. Os bancos comerciais que se financiem
com base nestas linhas de crédito financiadas pelo BEI estão obrigados a orientar este financiamento
para as PME.
O financiamento a PME é realizado através das instituições financeiras parceiras do BEI, sendo que em
Portugal as instituições parceiras, indicadas pelo BEI (a 16 de setembro de 2013), são o Banco Espírito
Santo, a Caixa Geral de Depósitos, o Millennium BCP, o Banco BPI, o Banco Popular Portugal, a Caixa
Económica Montepio Geral.
O BEI tem igualmente concedido financiamento para investimentos no setor da energia no Brasil, através
da concessão de crédito ao Banco de Desenvolvimento do Brasil, orientado para projetos em energia
renováveis. Por outro lado tem concedido financiamento a entidades financeiras africanas para o
desenvolvimento de projetos regionais africanos orientados para o setor dos serviços e infraestruturas.
Além do financiamento, a área dos concursos internacionais promovidos por projetos financiados pelo BEI
pode ser particularmente interessante, atendendo às regras de transparência e concorrência a que os
mesmos estão obrigados.
3.3.1.2. Corporacion Andina de Fomento
A CAF, com sede na Venezuela, é uma IFM que apoia, entre outras, atividades relacionadas com o
crescimento económico e a integração regional.
Portugal integra desde 2010 a Corporação Andina de Fomento
(CAF) que financia projetos na região da América Latina.
A relação entre Portugal e o CAF tem-se focado em três áreas
específicas, apoio institucional, político e de promoção.
A CAF disponibiliza um conjunto de instrumentos financeiros
para os países e empresas que operam na sua região de
intervenção, como sejam os empréstimos de curto, médios e
longo prazo, financiamento estruturado, empréstimos em
consórcios bancários, assessoria financeira, garantias e avais,
garantias parciais, participações acionistas (equity), serviços de
tesouraria e assistência técnica.
A CAF apoia projetos nas áreas das infraestruturas, tais como rodovias, transporte, telecomunicações,
produção e distribuição de energia, e ainda, projetos de desenvolvimento social, meio ambiente, políticas
públicas e pesquisa e setor corporativo e financeiro assim como os que propiciam o desenvolvimento
fronteiriço e a integração regional entre os países acionistas.
Dado que Portugal é acionista da CAF, as empresas portuguesas são elegíveis para concorrer aos
concursos internacionais de projetos financiados pelo CAF.
9 De acordo com os dados públicos disponibilizados pelas fichas técnicas de apoios do BEI, até 1 de outubro de 2013.
A CAF concedeu um financiamento de
cerca de US$ 120 milhões ao Estado
do Rio de Janeiro para o projeto de
reforma e adequação do Estádio do
Maracanã para o Mundial de Futebol
em 2014. Do total de montante
aprovado já foram disponibilizados
cerca de US$ 114 milhões.
Fonte: Ficha de Projeto da CAF,
novembro de 2012
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
44
3.4. Agências de desenvolvimento bilaterais
As Agências de Desenvolvimento Bilaterais (BDA) são importantes mecanismos de cooperação e auxílio
ao desenvolvimento, financiando os projetos que contribuem para o desenvolvimento económico e social
dos países beneficiários. As agências bilaterais representam unicamente um país, e muitas vezes são
parte da estrutura administrativa de um Ministério do governo.
As BDA, tal como o organismo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (Instituto Camões), anterior
IPAD, concedem apoio ao desenvolvimento através de vários mecanismos de financiamento, incluindo
através da contratação direta de bens e serviços, subsídios e contribuições para os governos e agências
internacionais.
Regra geral, as BDA dispõem de programas específicos por país orientados para projetos mais
específicos e detalhados permitindo um maior nível de controlo de cada país doador.
A ajuda prestada pode ser concedida de forma condicionada (tied aid), em que o país beneficiário deverá
adquirir os bens e serviços necessários ao país que fornece a ajuda.
A maioria das agências listadas indicadas tem políticas de ajuda sem condicionalismos, exceto os que
resultarem do próprio concurso público internacional (como seja, por exemplo, a existência de instalações
fixas no país beneficiário da ajuda), pelo que as empresas e entidades portuguesas poderão ser elegíveis
para concorrer em qualquer uma das propostas oferecidas por essas organizações.
Regra geral os pedidos de propostas internacionais (request for proposals – RFPs) estão abertos a
empresas e entidades não lucrativas (entre outras, ONG, Universidades, Fundações).
As mesmas regras são aplicáveis a empresas e outras entidades registadas no espaço da CPLP.
3.4.1. Camões – Instituto da Cooperação e da Língua
Em Portugal o Instituto Camões é o organismo responsável pela coordenação da APD e pela promoção
da língua portuguesa nas suas várias vertentes, inclusive na promoção da língua como valor económico.
A evolução dos apoios globais ao desenvolvimento concedidos por Portugal nos últimos 10 anos foi:
Gráfico 9 - Evolução dos apoios de Portugal da APD (APD/ODA)
Fonte: OCDE, International Development Statistics, setembro de 2013
319.60 USD
1,031.05 USD
396.35 USD
620.15 USD 648.96 USD 567.17 USD
137.14 USD 158.82 USD 200.37 USD
252.88 USD 181.69 USD
- USD
200.00 USD
400.00 USD
600.00 USD
800.00 USD
1,000.00 USD
1,200.00 USD
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
mil
hõ
es U
S$
Portugal - Apoios a Ajuda Pública ao Desenvolvimento
Apoio ao Desenvolvimento -ODA(total)
Apoio ao Desenvolvimentopor via das Multilaterais (incluisubscrição de capital)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
45
O valor de 2004 encontra-se desajustado em virtude de uma particularidade estatística do sistema
desenhado pelo CAD da OCDE, que assume o reescalonamento da dívida de Angola a um perdão de
dívida, fazendo incidir a totalidade do montante no ano de 2004. O montante real (descontando a
operação da dívida angolana) situa-se em 0,21 % do Rendimento Nacional Bruto (RNB), que é o
montante mais baixo desde1996. Com o início do pagamento da dívida de Angola segundo o sistema
estatístico do CAD os montantes envolvidos contarão como APD negativa, isto é, abatendo contra a soma
de APD em cada ano subsequente.
Apesar da diminuição do financiamento nos últimos 2 anos, consequência da contração económica e da
necessidade de diminuição da despesa do Estado, Portugal tem apresentado um crescimento linear no
apoio ao desenvolvimento nos últimos anos.
o A estratégia portuguesa de cooperação multilateral foi aprovada em 2005, pela RCM n.º196/2005,
de 22 de dezembro, e está centrada na prossecução dos ODM, a Visão Estratégica da
Cooperação Portuguesa para o Desenvolvimento.
o Ao nível da UE, foram formalizados compromissos concretos relativamente ao aumento da APD.
Os compromissos assumidos pela UE para os valores de APD são de 0,7% do RNB até 201510
.
Como objetivo coletivo intermédio foi estabelecido para 2010 o valor de 0,56%. Este inclui
objetivos individuais de 0,51% para os EM mais antigos, no grupo dos quais Portugal se insere, e
uma meta de 0,17% para os novos EM.
o De acordo com o documento que define a estratégia de cooperação “Portugal já destina
atualmente cerca de três quintos da sua APD bilateral a África — uma proporção que é
internacionalmente muito elevada — e tenciona manter esse compromisso com África.”
o Identifica como espaços multilaterais prioritários as seguintes IFI’s: Banco Mundial, Fundo
Monetário Internacional e Bancos Regionais de Desenvolvimento - BAfD, BAsD e BID;
Gráfico 10 - Posição de Portugal face aos objetivos de Paris
Nota: O valor de 2004 foi ajustado ao valor real descontado o efeito do reescalonamento do pagamento da dívida de Angola.
10
Os esforços de aumentar os recursos e racionalizar a sua aplicação têm-se refletido também na criação de
instituições financeiras, instrumentos e mecanismos financeiros com vocação específica para o desenvolvimento,
como, por exemplo, a facilidade de investimento do Acordo de Cotonu, a facilidade de investimento da Nova Parceria
para o Desenvolvimento de África (NEPAD) ou as EDFI, que já existem em muitos países da UE.
0.22 0.21 0.21 0.21 0.22
0.27 0.23
0.29 0.31
0.27
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Portugal - Posição face aos objetivos da Declaração de Paris (2005)
APD % RNB
Objetivos da EU
A Declaração de Paris
(2005) tinha como
objetivos, no que respeita
ao aumento progressivo
do nível da APD, um
volume correspondente a
0,51% do RNB em 2010 e
0,7% do RNB em 2015.
Fonte: OCDE, International Development Statistics, setembro de 2013
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
46
Os objetivos pretendidos dificilmente serão alcançados em 2015, conforme se pretende na “Visão
Estratégica para a Economia Portuguesa”. O aparente aumento nos últimos anos da percentagem dos
apoios concedidos resulta da manutenção dos apoios já estabelecidos e a consequente redução do RNB
de Portugal. O valor dos apoios a conceder para atingir os fins pretendidos pela UE são particularmente
elevados, atingindo quase o dobro dos valores atualmente disponíveis anualmente.
Já hoje a cooperação portuguesa dedica quase metade do volume total de APD à cooperação multilateral
e este montante resulta do apoio concedido por todas as entidades públicas que desenvolvam projetos
que poderão ser enquadráveis no conceito de APD.
O Instituto Camões, como organismo coordenador, atua num amplo conjunto de áreas da cooperação, na
promoção externa da cultura e da língua portuguesa, no âmbito da educação pré-escolar e dos ensinos
básico e secundário do ensino português no estrangeiro.
Os projetos de colaboração lançados pelo Instituto Camões são desenvolvidos em cooperação com os
países em desenvolvimento e são implementados, regra geral, por meio de processos concorrenciais.
O Instituto Camões não disponibiliza apoios financeiros diretos para as empresas, decorrendo as
oportunidades da sua atividade corrente, dinamizando, no entanto, o apoio direto às ONGD que procurem
desenvolver a sua atividade em países que beneficiam de APD.
O Instituto Camões dispõe de linhas de subsídios a projetos promovidos pelas ONGD, normalmente linhas
de duração bianual. Para as ONGD poderem beneficiar do respetivo apoio deverão cumprir com os
critérios e requisitos solicitados no respetivo regulamento de concessão de apoio que, entre outros,
requisitos determina que sejam cumpridos critérios de elegibilidade, de capacidade e de cumprimento de
objetivos.
O Instituto Camões tem igualmente apoiado a candidatura de projetos de fundações portuguesas a
subsídios internacionais.
Atendendo à característica dos projetos o Instituto poderá dinamizar o acesso a fundos comunitários de
empresas ou entidades no âmbito do programa destinado aos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) que compõe o FED.
Portugal participa igualmente em Fundos e Mecanismos financeiros verticais coordenados pelo Instituto
Camões como sucede com:
o Fundo Global de Luta contra a Sida, Tuberculose e Malária (FG);
o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
O FIDA é uma agência especializada das Nações Unidas que tem como finalidade a mobilização de
recursos financeiros adicionais para o incremento da produção agrícola dos países em desenvolvimento.
O Fundo apoia prioritariamente os seguintes setores: desenvolvimento agrícola, serviços financeiros,
infraestrutura rural, pecuária, pesca, formação e capacitação institucional, logística de armazenamento,
processamento e venda de alimentos, desenvolvimento de micro e pequenas empresas.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
47
3.5. União Europeia
3.5.1. Enquadramento – Instrumentos de financiamento da cooperação para o desenvolvimento
Os principais objetivos da política de ação externa da UE encontram-se definidos no Tratado de Lisboa e
no Tratado sobre o Funcionamento da UE e são a cooperação para o desenvolvimento da UE e a redução
da pobreza, e, a prazo, sua erradicação.
Neste contexto, a UE articula os seus objetivos com os objetivos aprovados no âmbito das Nações Unidas
e de outras organizações internacionais.
Em matéria de cooperação para o desenvolvimento, definiu um quadro geral de ação da UE e dos MB
designado por "Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento". Paralelamente, a UE tem orientado a sua
ação para a realização dos ODM das Nações Unidas, tendo criado diferentes instrumentos que servem
para reforçar o impacto da sua ação.
Existem duas grandes áreas que serão analisadas em termos de apoios concedidos pela UE que se
cruzam e que poderão potenciar a internacionalização das empresas:
• Os apoios concedidos por via da ajuda externa a países que não sejam EM da UE, através do
Orçamento Comunitário ou de entidades financeiras europeias a quem atribui competências
próprias para o efeito, como sucede com o BEI ou com o BERD.
• Os apoios prestados à internacionalização das empresas. E nesta área analisar-se-ão os apoios
prestados por entidades ou estruturas europeias criadas especificamente para apoiar as
empresas europeias na sua internacionalização e os apoios prestados por via dos fundos
comunitários aos EM que, posteriormente, serão responsáveis pela sua gestão e atribuição.
3.5.2. União Europeia e a APD
A Direção-Geral do Desenvolvimento e Cooperação – EuropeAid é a entidade responsável pela conceção
da política de desenvolvimento da UE e pela prestação de ajuda em todo o mundo através de programas
e projetos.
A EuropeAid é a entidade responsável pela gestão dos instrumentos de financiamento para a assistência
externa da UE no quadro das perspetivas financeiras 2007-2013 e, previsivelmente, no futuro quadro de
apoio que se encontra em discussão para o período 2014-2020, ao abrigo do qual será dada continuidade
a alguns programas e proceder-se-á, naturalmente, à elaboração de novos mecanismos de apoio.
O objetivo geral destes instrumentos é a erradicação da pobreza nos países e regiões parceiros no
contexto do desenvolvimento sustentável, objetivo que será mantido no quadro de apoio 2014-2020.
O financiamento da UE é disponibilizado com base nos documentos de estratégia aprovados e nos
programas de ação anuais, através de apoio orçamental, subsídios e contratos.
Conhecer e compreender a programação da UE e, adicionalmente, a estratégia de apoio aos países não
membros permite às empresas adequar o seu posicionamento no mercado, encontrar as parcerias e
condições necessárias a preencher os requisitos que permitam licitar e ganhar contratos internacionais
nas áreas e países alvo de interesse.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
48
A programação é um processo de tomada de decisão essencial que visa definir a estratégia, o orçamento
e as prioridades da Comissão Europeia para disponibilizar a ajuda em países não membros.
As prioridades de assistência da UE encontram-se nos seguintes documentos:
Documentos de Estratégia geral, abrangendo o período 2007-2013, nomeadamente Documentos
de Estratégia por País (DEP) – Country Strategy Papers (CSP) - Documentos de Estratégia
Regional (DER) – Regional Strategy Papers - como sucede, por exemplo, com os DER para os 79
países de África, Caríbas e Pacífico (ACP).
Programas Indicativos detalhados de 2010-2013, por exemplo: Programas Indicativos Nacionais
(PIN) - National Indicative Programmes (NIP) - Programas Indicativos Regionais (PIR) - Regional
Indicative Programmes (RIP).
Programas de ação anuais detalhados (AAP) - Detailed Annual Action Programmes (AAP) - para
cada ano do período de programação.
Durante o período de 2007-2013, a UE adotou um conjunto de novos instrumentos para a implementação
da ajuda externa. A ação externa baseia-se fundamentalmente em três instrumentos de âmbito regional:
• FED - European Development Fund – que procede à implementação das medidas previstas no
Acordo de Cotonu;
• ICD - Development Cooperation Instrument;
• Instrumento Europeu de Vizinhança e Parceria – European Neighbourhood and Partnership Instrument (ENPI).
3.5.2.1. Os programas regionais
Os programas regionais são o instrumento privilegiado para a cooperação. Com base num diálogo com os
países parceiros, a Comissão Europeia elabora documentos de estratégia em função das necessidades
dos países e desempenho das regiões.
Esses documentos de estratégia definem as áreas prioritárias e as dotações financeiras e servem como
base para a programação da ajuda ao desenvolvimento, e desta cooperação surgem oportunidades para
as empresas.
Os programas regionais abrangem 5 regiões específicas:
África, Caraíbas e Pacífico;
Ásia e Ásia Central;
América Latina;
Região do Golfo;
Países abrangidos pela política de vizinhança da UE e da Rússia.
A título exemplificativo, durante o período de 2007 a 2013 os programas regionais de APD foram os que
constam da tabela seguinte.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
49
Tabela 6 - Instrumentos de APD de âmbito regional (geográficos) In
str
um
en
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de
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an
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Zo
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do
de
20
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-202
0
Instrumento Europeu de
Vizinhança e Parceria
Argélia, Arménia,
Azerbaijão, Bielorrússia,
Egito, Geórgia, Israel,
Jordânia, Líbano, Líbia,
Moldávia, Marrocos,
Autoridade Palestina,
Rússia, Síria, Tunísia e
Ucrânia.
17 €1,6 mil
milhões
€ 11,1 mil
milhões
€ 15,4 mil
milhões
Fundo Europeu de
Desenvolvimento
África, Caraíbas e Pacífico
e regiões ultraperiféricas. 79
€3,7 mil
milhões
€ 22,7 mil
milhões
€ 31,5 mil
milhões
Instrumento de
financiamento da
cooperação para o
desenvolvimento
América Latina, Ásia,
Região do Golfo e Sul da
África.
47 €1,4 mil
milhões
€ 10 mil
milhões
€ 19,6 mil
milhões
Fonte: EuropeAiD
De seguida analisar-se-ão os programas regionais onde se integram países da CPLP e onde podem
surgir oportunidades para as empresas portuguesas.
3.5.2.1. África, Caraíbas e Pacífico
No que diz respeito à cooperação da UE com os estados ACP, o quadro jurídico e de política da UE fixado
pelo Tratado de Lisboa é complementado pelo Acordo de Cotonu, concluído entre os estados ACP, por
um lado, e a UE e os seus EM, por outro. Este acordo tem regulado desde 2000 o quadro das relações da
UE com os estados ACP.
O Acordo de Cotonu foi assinado em 23 de junho de 2000, entrou em vigor a 1 de março de 2000, e
termina a sua vigência em fevereiro de 2020 (vigência de 20
anos). O acordo irá regulamentar a relação entre ACP-UE pelo
menos até 2020 e sucede à Convenção de Lomé.
O Acordo de Cotonu foi concebido de forma a estabelecer uma
parceria abrangente, baseada em três pilares complementares: a
cooperação para o desenvolvimento, a cooperação económica e
comercial e a dimensão política.
O FED previsto inicialmente em 1957
no Tratado de Roma é um fundo
criado por um período de 5 anos
estando em aplicação o fundo 2014-
2020, sendo de sublinhar as
alterações introduzidas nos seus
objetivos em 2000 através do Acordo
de Cotonu.
Dos € 31.5 milhões previstos para assistência financeira
para o período 2014-2020, € 4.134 milhões serão
atribuídos por via do programa de “Facilidade Financeira”,
e cerca de € 634 milhões atribuídos a um fundo que
poderá financiar projetos de empresas nos países ACP
sob a forma de bonificações de juros e assistência
técnica relacionada com projetos
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
50
O Acordo de Cotonu abrange tanto o diálogo político como
também a cooperação financeira a nível nacional e sub-regional
tendo como instrumento financeiro FED - exceto para a África
do Sul, que é coberto pelo ICD - Instrumento de financiamento
da cooperação para o desenvolvimento.
A parceria ACP-UE está centrada no objetivo de redução da
pobreza e, a prazo, da sua erradicação, em consonância com os
objetivos de desenvolvimento sustentável e de integração
progressiva dos Estados ACP na economia mundial (artigo 1.°
do Acordo de Cotonu).
A Comissão Europeia financia a maioria dos seus programas de desenvolvimento para os países de
África, Caraíbas e Pacífico (ACP) e países parceiros, através do FED. O montante disponível neste fundo
é também disponibilizado para os territórios ultramarinos de estados membros europeus (PTU).
O FED é o principal instrumento para a prestação de assistência da UE em matéria de cooperação para o
desenvolvimento, no âmbito do Acordo de Cotonu com os estados ACP, e de financiamento da
cooperação da UE com os PTU, no âmbito da Decisão de Associação Ultramarina.
O FED não está enquadrado pelo orçamento da UE e é financiado diretamente pelos seus EM com base
numa chave de contribuição específica. Cada FED é celebrado por um período plurianual.
O Acordo de Cotonu contém uma cláusula de revisão que estabelece que o acordo deve ser revisto de
cinco em cinco anos, devendo ser conjugado com essa revisão uma redefinição dos montantes
financeiros disponibilizados aos países ACP. A segunda revisão foi realizada em junho de 2010 pelo
Conselho de Ministros ACP-UE e tem sido aplicada, a título provisório (até à sua ratificação pelos EM),
desde novembro de 2010.
O Acordo de Cotonu tem por objetivo promover e acelerar o desenvolvimento económico, cultural e social
dos estados ACP, a fim de contribuírem para a paz e a segurança e promoverem um contexto político
estável e democrático.
O Acordo de Cotonu estabelece um protocolo financeiro de apoio aos países ACP sendo financiado pelo
FED e pelo BEI:
No período entre 2008 e 2013, o valor global de assistência financeira aos países ACP foi fixado em €
23.996 milhões dos quais € 21.966 são financiados pelo FED, para as várias iniciativas e programas.
Foram igualmente disponibilizados € 2.000 milhões pelo BEI para apoiar ao abrigo do programa
Facilidade de Investimento (conforme Anexo II do Acordo de Cotonu);
Dos € 23.966 milhões de dotação global atribuída para o período entre 2008 e 2013, fixado pelo anexo Ib)
do Acordo, cerca de € 1.500 milhões encontram-se destinados ao instrumento de “Facilidade de
Investimento”, sendo que grande parte do montante remanescente de € 17.766 milhões estão alocados ao
financiamento dos programas indicativos nacionais e regionais.
As bases das relações de instrumentos de financiamento e cooperação entre a UE e Angola,
Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe estão estabelecidas no Acordo de
Cotonu, sendo este o mais abrangente acordo entre os países em desenvolvimento e a UE.
A Convenção de Lomé, assinada em
1975, foi o acordo de cooperação mais
abrangente nas relações entre os
países europeus e países terceiros
combinando um regime de comércio
de acesso preferencial ao mercado
europeu dos produtos oriundos dos
países de África, Caraíbas e Pacífico
(ACP) com um pacote de ajuda
financeira e técnica.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
51
Em termos de comércio entre a UE e os estados do ACP,
pretende-se criar um novo quadro institucional através de
uma progressiva liberalização do comércio a estabelecer
através dos Acordos de Parceria Económica.
No âmbito do Acordo de Cotonu, o FED e os recursos
próprios do BEI e, sempre que adequado, os recursos
provenientes do orçamento da Comunidade Europeia,
devem ser utilizados para financiar projetos, programas e
outras formas de ação que contribuam para a
concretização dos seus objetivos.
O Acordo de Cotonu prevê, entre os vários mecanismos
estabelecidos, apoio financeiro a projetos nos países ACP
atribuídos aos estados, que possam gerar oportunidades
para as empresas em termos de procurement e, por outro
lado, apoio direto às empresas através de mecanismos
próprios criados para o efeito.
O Acordo de Cotonu tem igualmente por objetivo a criação
de um novo regime comercial compatível com as regras da
Organização Mundial do Comércio (OMC), bem como
apoiar a integração regional dos países ACP e propiciar a
integração harmoniosa e gradual desses países na
economia mundial.
Assim, o Acordo de Cotonu prevê a criação de
mecanismos de apoio às empresas para:
Promoção do investimento;
Apoio e financiamento dos investimentos nos
países ACP através de subsídios para
assistência financeira e técnica, serviços de assessoria e consultoria, capitais de risco para
participações no capital ou operações assimiláveis, garantias de apoio a investimentos privados,
nacionais e estrangeiros, bem como empréstimos e linhas de crédito, empréstimos a partir dos
recursos próprios do BEI;
Promoção da internacionalização através da disponibilização de garantias de investimento e
utilização crescente de, entre outros:
Seguros de risco, enquanto mecanismo de diminuição do risco, no intuito de aumentar a
confiança dos investidores nos estados ACP;
Fundos de garantia para cobrir os riscos associados a investimentos elegíveis, em especial,
regimes de resseguros destinados a cobrir o IDE realizado por investidores elegíveis. Proteção
dos investimentos, a promoção de acordos de promoção e de proteção dos investimentos que
possam igualmente constituir a base de sistemas de seguro e de garantia.
Os orçamentos do FED para os países ACP têm procurado, em termos regionais, promover a integração
regional, dinamizar o crescimento económico e contribuir para a
redução da pobreza.
Têm sido, assim, apoiados projetos referentes ao comércio e à
integração regional, de melhoria da gestão dos recursos naturais e
de melhoria da paz e segurança implementados pelas
organizações regionais ACP, organizações como a SADC (África
Atendendo a que o Acordo de Cotonu
permite a livre entrada dos produtos no
mercado europeu sem subsequente
reciprocidade nos países ACP a
Organização Mundial do Comércio
(OMC-WTO) entendeu que os estados
deveriam negociar novos acordos
compatíveis com as regras da OMC e o
acordo GATT (Acordo Geral de Tarifas e
Comércio) o que poderá significar uma
maior facilitação na entrada dos produtos
dos EM da UE nestes países.
Decorreu até 2007 um período
preparatório em que vigorou um regime
preferencial, não recíproco,
consubstanciado na isenção total de
direitos aduaneiros e de restrições
quantitativas na exportação para a UE da
quase totalidade dos produtos de origem
ACP, com exceção para alguns produtos
agrícolas.
Até este limite temporal estes países
tiveram de se organizar em blocos
regionais que facilitem a negociação de
acordos de comércio livre com a UE
Depois dessa data contar-se-ão 12 anos
para aplicação progressiva desses
acordos até à liberalização total do
comércio.
No âmbito do 10º FED foram
disponibilizados € 165 milhões
para a África Central. Deste
montante 15 milhões foram
reservados para a Comunidade
Económica dos Países dos
Grandes Lagos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
52
Austral), a COMESA (Mercado Comum da África Oriental e Austral), IGAD (Autoridade
Intergovernamental para o Desenvolvimento), EAC (Comunidade do Leste Africano), CEEAC
(Comunidade Económica dos Estados da África Central), CEMAC (Comunidade Económica e Monetária
da África Central) e PALOP.
É importante ter em consideração que a política de APD da UE tem vindo a caminhar no sentido de que,
após o período de 2014-2020, seja estabelecido um reforço da colaboração entre as entidades regionais
dos países ACP e a UE, sendo estas os veículos de implementação direta dos fundos colocados à sua
disposição, potenciando, deste modo, o aumento da integração regional.
África Austral e Oriental - Oceano Índico (ESA -IO)
As prioridades do 10º FED que foram dinamizadas pelas
organizações regionais dos estados supra, na região geográfica da
África Austral e Oriental – Oceano Índico, foram o reforço do
comércio e a promoção de uma gestão sustentável dos recursos
naturais da região.
Quatro organizações regionais foram envolvidas na implementação
do programa, em cooperação com as delegações da UE:
COMESA – Através da delegação da UE para a Zâmbia e COMESA;
A IGAD – Através da delegação da UE no Djibouti e IGAD.
A Comissão do Oceano Índico (COI) – Através da delegação da UE para as Maurícias e do COI.
EAC - Delegação da UE para a Tanzânia e EAC.
África Austral (SADC)
O comércio e a integração regional foram o foco principal do
financiamento regional atribuído à região da África Austral,
paralelamente com o apoio à cooperação política regional e a
capacitação do secretariado da comunidade SADC. O programa foi
implementado pela SADC em colaboração com a Delegação da UE no Botswana e da SADC.
África Central
A UE, no âmbito do 10º FED, financiou um conjunto de projetos com a CEMAC para superar obstáculos à
diversificação da economia, impulsionar o comércio intra-regional, impulsionar o crescimento económico e
promover a redução da pobreza.
A UE também colaborou, no âmbito do 10º FED, com a CEEAC, a fim de melhorar a gestão dos recursos
naturais, como por exemplo no caso da floresta da bacia do Congo, contendo a maior concentração de
diversidade na África, bem como medidas de apoio à promoção da paz e segurança em toda a região.
África Ocidental
Constituem o primeiro pilar de apoio da UE à África Ocidental, no
âmbito do 10º FED, o apoio à integração regional, o apoio à
construção de infraestruturas para aumentar a competitividade
regional, proceder às negociações dos Acordos de Parceria
Económica - APE, a energia e a segurança alimentar.
No âmbito do 10º FED foram
disponibilizados € 619 milhões
para a região geográfica da
África Austral e Oriental –
Oceano Índico
No âmbito do 10º FED foram
disponibilizados € 116 milhões
para a África Austral (SADC)
No âmbito do 10º FED foram
disponibilizados € 571 milhões
para a África Ocidental
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
53
O segundo pilar visou a consolidação da estabilidade regional, a paz e a segurança e promover boas
ações de governança em favor do meio ambiente.
Os projetos implementados foram desenvolvidos por duas organizações regionais:
Comunidade Económica do Oeste Africano (UEMOA);
Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO) e seus EM (15 países), bem como a
Mauritânia.
Pacífico
A integração económica regional na região geográfica do Pacífico
está a ser impulsionada por 14 países membros ACP, pelo Fórum das
Ilhas do Pacífico (PIF) e Timor-Leste.
O financiamento dos projetos apoiados pelo 10º FED foi orientado
para o incentivo de uma menor dependência das exportações de commodities e indústrias de
dinamização de serviços mais fortes.
A gestão sustentável dos recursos naturais - sob a ameaça da mudança climática - é outra prioridade. A
preservação da biodiversidade em toda a região é vital para a agricultura, a pesca e o turismo.
PALOP
A cooperação com os cinco países que formam o grupo de Países
Africanos de Língua Portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-
Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) que, juntamente com
Timor-Leste, beneficiaram de um financiamento do 10º FED em
grande parte para iniciativas de governança.
3.5.2.2. Perspetivas futuras do próximo quadro de apoio ao abrigo do Acordo de Cotonu
A 8 de fevereiro de 2013, a UE e os seus EM acordaram no mecanismo de financiamento do 11.º Fundo
Europeu de Desenvolvimento para o período entre 2014-2020.
A 7 de junho de 2013 foi publicada a Decisão 1/2013 do Conselho de Ministros da ACP-UE com o
respetivo acordo de parceria ACP-UE que institui o 11.º FED que entrará em vigor, através de Acordo
Interno, após a ratificação de todos os EM, o que poderá levar até 18 meses ou mais em conformidade
com os requisitos constitucionais nacionais (uma vez que o FED ainda não faz parte do orçamento geral
da UE).
Portugal contribuirá de acordo com a proposta da Comissão com € 410,17 milhões para o respetivo
Fundo, correspondendo a uma chave de contribuição de 1,2% do valor global.
Dos países que mais contribuem para o Fundo destacam-se a Alemanha com 20,54%, a França com
17,83%, o Reino Unido com 14,33% e a Itália com 12,62%.
O atual projeto de decisão do Conselho de Ministros da UE prevê um financiamento de € 31.589 milhões
para assistência financeira aos países ACP, durante o período de 2014-2020.
No âmbito do 10º FED foram
disponibilizados € 95 milhões para
o Pacífico e Timor-Leste.
No âmbito do 10º FED foram
disponibilizados € 10 milhões para os
PALOP
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
54
Deste montante, € 29.089 serão atribuídos a título do 11.º FED e € 2.500 milhões serão atribuídos por via
do BEI, sob a forma de empréstimos a partir de recursos próprios.
Os valores indicados irão criar novas oportunidades para as empresas poderem apresentar propostas a
concursos internacionais bem como garantir o financiamento europeu a fundos que apoiam diretamente o
investimento das empresas em países ACP.
3.5.2.3. Os Acordos de Parceria Económica (APE/EPA), a integração regional e os acordos de comércio livre
Os Acordos de Parceria Económica (APE ou EPA, na sigla inglesa de “Economic Partnership Agreement”)
são acordos comerciais e de desenvolvimento que a UE está a negociar com cada um dos seis
agrupamentos em que se organizaram os países ACP (África Ocidental, África Central, África Oriental e
África Austral, Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral - SADC - e Pacífico) e que irão
substituir os capítulos relativos ao comércio do Acordo de Cotonu.
Previstos no artigo 36.º do Acordo de Cotonu, os APE pretendem dinamizar a integração regional e a
diversificação das economias nas regiões ACP, em antecipação a uma maior abertura que fomente trocas
comerciais equilibradas e sustentáveis entre estas duas regiões do mundo.
Desde o momento da assinatura do Acordo de Cotonu que o estabelecimento de APE têm sofrido várias
vicissitudes, resultantes da complexidade das negociações e dos atrasos nas ratificações por parte de
inúmeros estados.
Os APE têm por finalidade construir uma parceria comercial para o desenvolvimento, e assistir os países
ACP a integrar-se na economia mundial e beneficiar das oportunidades oferecidas pela globalização.
Os APE são:
Específicos para se poderem adaptar às particularidades regionais dos parceiros;
Mais ambiciosos e abrangentes que os acordos de comércio livre tradicionais, porque se
focalizam no desenvolvimento dos países ACP. Integram as suas especificidades
socioeconómicas e incluem cooperação e assistência aos países ACP para que estes possam
implementar os acordos nas melhores condições;
Abrem os mercados da UE completa e imediatamente (a UE abriu unilateralmente os seus
mercados desde 1 de janeiro de 2008) ao mesmo tempo que estabelecem um prazo mínimo de
15 a 25 anos para os países ACP permitirem livre acesso às importações da UE, prevendo a
proteção para 20% das importações de produtos considerados sensíveis;
Oferecem oportunidades para uma cooperação comercial ampla em áreas como os serviços e
convergência normativa. Podem prestar assistência no domínio de reformas internas dos países
ACP, apoiar a boa governação económica, o que pode atrair mais IDE;
Oferecem um quadro de relacionamento compatível com as exigências da OMC.
Para negociar os acordos, os países ACP agruparam-se em sete regiões: cinco em África, uma no
Pacífico e outra nas Caraíbas, o que traz benefícios acrescentados. Ao aproximar economias, criam-se
maiores mercados, e ao reforçar as relações comerciais entre si, os países ACP estarão em condições de
atrair mais investimento, e adquirir mais poder de negociação nos mercados globais.
Além dos acordos regionais APE, existem um conjunto de acordos realizados diretamente entre a UE e os
países ACP, que são designados por Acordos APE Interinos.
Em setembro de 2013 os APE regionais em África negociados pela UE estavam nas seguintes fases:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
55
Tabela 7 - Ponto de situação dos APE regionais em negociação pela UE
Região/Zona
Geográfica
Estado atual Próximos passos
África Ocidental
A Àfrica Ocidental, Costa do Marfim e Gana, iniciaram
negociações bilaterais do acordo interino ou APE interino
com a UE no final de 2007. O APE provisório com a Costa
do Marfim foi assinado em 26 de novembro de 2008.
O APE provisório com o Gana não foi assinado.
O acordo não foi ratificado.
Quando a UE e os negociadores da África Ocidental
reuniram em Bruxelas de 17 a 20 de abril de 2012, para
negociar o caminho a seguir no APE, foram realizados
alguns progressos, em especial, no texto do acordo.
O trabalho continua em questões como oferta de acesso ao
mercado da África Ocidental e do Programa de
Desenvolvimento EPA (PAPED).
O acordo regional negociado cobrirá
bens e desenvolvimento de
cooperação e inclui cláusulas de
verificação de serviços e capítulos
de regras.
África Central
Os Camarões foram o único país que assinou o APE
provisório para a África Central em 15 de janeiro de 2009.
O acordo não foi ratificado.
Negociadores europeus e da África Central reuniram-se em
Bangui (República Centro-Africana) entre 26 e 30 de
setembro de 2011 para continuar as negociações em nível
técnico.
Grupos de negociação têm discutido acesso ao mercado,
serviços, a cooperação cultural e acompanhamento das
medidas. Também houve avanços no texto do acordo.
Negociações regionais estão
concentradas em acesso a
mercados, regras de origem,
serviços e investimentos, culturais e
cooperação, medidas de
acompanhamento (desenvolvimento
cooperação) e o impacto fiscal.
Acesso ao mercado e ajuda ao
desenvolvimento, em particular,
necessitam de mais discussão.
África Oriental e
Austral
Em 2009, as Ilhas Maurícias, as Seychelles, o Zimbabwe e
Madagáscar assinaram o APE interino.
O acordo é provisoriamente aplicado desde 14 de maio de
2012. O Parlamento Europeu deu o seu consentimento em
17 de janeiro de 2013.
As negociações para a APE regional
global vão concentrar-se nas
disposições institucionais, solução
de controvérsias, agricultura e
regras de origem.
Nenhuma data foi definida para o
próximo Comité EPA em 2014.
Comunidade Leste
Africana
Burundi, Ruanda, Tanzânia, Quénia e Uganda rubricaram
um quadro APE (lidando principalmente com o comércio de
bens) em 28 de novembro de 2007, e agora estão
negociação de um APE regional global.
O acordo ainda não foi assinado ou ratificado.
E existem um conjunto muito alargado de questões sem
acordo.
Atraso considerável nas
negociações técnicas têm
impossibilitado uma base comum de
acordo.
Comunidade para o
Desenvolvimento da
África Austral
(SADC)
Um APE provisório foi assinado pela UE e pelo Botswana,
Lesoto e Suazilândia no dia 4 de junho de 2009.
Moçambique assinou o acordo em 15 de junho de 2009.
A Namíbia indicou que não está pronta para assinar. O
acordo não foi ratificado.
A proposta de acordo abrange uma multiplicidade de
assuntos: acesso ao mercado, questões textuais não
resolvidas, regras de origem, e questões relacionadas com
comércio.
As negociações estão concentradas
em alcançar um amplo acordo com
todo o grupo APE SADC, incluindo
África do Sul.
Acesso ao mercado agrícola é uma
questão fundamental.
Fonte: Comissão Europeia – Overview of EPA negotiations
Todas as negociações dos APE têm por base a Decisão do Conselho, em 17 de junho de 2002 que
estabelece os princípios a respeitar em termos das normas da OMC e acordos, cobrindo
"substancialmente todo o comércio" de mercadorias (pelo menos 80%) e serviços, investimento em regras
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
56
relacionadas com o comércio, com vista a promover integração dos países ACP na economia mundial,
assim como a promoção do seu desenvolvimento sustentável.
Atendendo ao impacto que a assinatura dos APE poderá ter na abertura dos mercados regionais africanos
e a ligação entre Portugal e os PALOP, Portugal e as empresas portuguesas poderão ser veículos de
proximidade e ligação comercial junto dos respetivos mercados, e destes para o mercado europeu.
Além de abordagens regionais, os países beneficiários da ajuda ao desenvolvimento, a cooperação
europeia também se realiza através de programas temáticos que têm uma abrangência alargada.
3.5.2.4. Cooperação com um país beneficiário
Além da cooperação regional a UE desenvolve programas anuais de cooperação com países beneficiários
de ajuda ao desenvolvimento. Estes programas anuais resultam de uma estratégia comum definida e
acordada entre ambos e que vigora, regra geral, por um período de 5 anos. Conhecer a estratégia comum
que consta dos DEP (Country Strategy Paper) permitirá ao investidor identificar as áreas onde a médio
prazo irão surgir oportunidades de trabalho.
Conhecer os programas anuais dos países sob a mira do investidor permitirá identificar de forma mais
aprofundada os projetos que serão lançados durante o ano e os seus valores indicativos.
Ora, como o apoio financeiro concedido para a implementação dos programas de cooperação determina
que as agências, entidades ou países que os implementam cumpram com as regras de procurement
internacional, assim como sucede com instituições financeiras multilaterais analisadas (vide o ciclo do
projeto do Banco Mundial, analisado no ponto 3.6), do cumprimento das regras de procurement surgem
oportunidades para as empresas portuguesas.
A título exemplificativo, veja-se os quadros seguintes que refletem alguns investimentos disponibilizados
para Moçambique e Angola no âmbito dos seus
respetivos programas de ação anual.
Moçambique – Programa de Ação Anual
Atividades do FED
Infraestruturas € 2.100.000
Estudo e supervisão € 250.000
Suporte institucional € 280.000
Auditoria e avaliação € 60.000
Promoção € 10.000
Contingências € 300.000
Total: € 3.000.000
Fonte: Programa de Ação Anual, UE Moçambique, 2013
11
UNCTAD - Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
Angola – Programa de Ação Anual
Atividades do FED
Train for Trade (II)
(Contribution
Agreement with
UNCTAD)11
€ 5.500.000
Component 2 –
Institutional Support
€ 5.500.000
Contingências € 500.000
Promoção € 100.000
Monitorização,
Avaliação e Auditoria
€ 400.000
Total € 12.000.000
Fonte: Programa de Ação Anual, UE Angola, 2013
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
57
Da análise do exemplo de Moçambique e do seu programa de ação verifica-se que há um conjunto de
oportunidades na área da consultoria e no setor de construção.
No programa de ação anual de Angola com a UE, além de outras atividades que serão promovidas e que
constam do programa, o projeto identificado, no valor de € 12 milhões, é orientado para formação e
consultoria. As atividades identificadas consistem nos seguintes trabalhos:
Train for Trade (II) (Contribution Agreement with UNCTAD) – Capacitação, serviços de
consultoria, intercâmbio de experiências com outros países, criação de plataforma de
conhecimento e estudos sobre áreas de comércio selecionados. O programa será executado pela
UNCTAD através de um acordo de contribuição.
Component 2 – Institutional Support mainly to the Ministry of Trade – Prestação de assistência
técnica, de modo a melhorar a sua capacidade institucional, bem como a experiência de curto
prazo para a elaboração de estudos específicos.
Os planos anuais indicam não só as componentes do projeto, os seus objetivos, os montantes envolvidos,
as entidades financiadoras, as áreas os setores e os trabalhos que deverão ser realizados, como também
indicam a entidade que irá promover a contratação do respetivo trabalho.
Ou seja, após a publicação dos respetivos planos anuais, os empresários ficarão a conhecer as áreas
onde poderão surgir as oportunidades e estruturar o seu plano de ação.
Para se compreender melhor o valor financeiro que está associado a um plano nacional de investimento,
partindo do exemplo do plano nacional de Angola para o ano de 2013, verificamos que para além da
supra identificada atividade há ainda um conjunto de outros projetos que foram lançados, a saber:
Projeto de apoio ao Governo de Angola para definição e implementação de uma política eficaz de
Proteção e Solidariedade Social, no montante de € 32 milhões;
Projeto de apoio ao Governo de Angola para digitalização dos registos de nascimento e criação
de uma base de dados para o registo civil e a publicitação da necessidade de atualização de
dados, bem como o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas na área da justiça dos
menores, o que inclui, entre outras, a informatização dos tribunais e promoção de medidas de
consciencialização e de proteção de menores. O valor do projeto é de € 17 milhões.
Apoio à criação do Centro de Formação Profissional para o Sector das Água. Projeto no montante
de € 11,8 milhões. Tomando como exemplo este investimento, fica-se a saber que para a sua
implementação serão contratados um conjunto de serviços, entrega de bens e realização de
empreitadas, a saber:
o Instalações (escritórios, equipamentos, outros);
o Construção de grandes infraestruturas e complementares (edifícios, interiores e
exteriores, rede técnica, paisagismo, construção civil para apoiar a instalação de
equipamentos, etc. ... );
o Supervisão das obras;
o Fornecimento e instalação de equipamentos e mobiliário;
o Apoio legal ao estabelecimento do centro, de acordo com as leis angolanas;
o Promoção para a sua credibilidade técnica e institucional;
o Definição do modelo organizacional;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
58
o Regulamentação da operação;
o Ferramentas de monitorização da atividade pedagógica e de apoio a outras atividades;
o Criação de modelo de uma rede de centros de formação complementar;
o Ambiente de trabalho e equipa em diversas áreas (serviços de apoio à gestão, formação e
administrativos) e formação específica dos gestores;
o Formação pedagógica de formadores internos e construção de um banco de dados para
formadores externos;
o Sensibilização de entidades e funcionários para a aprendizagem ao longo da vida;
o Oferta formativa divulgação aos potenciais interessados (público e privado);
o Gestão de aplicações;
o Início da formação.
A aquisição destes elementos será realizada em respeito pelas regras de procurement da UE, que estão
disponíveis em: http://ec.europa.eu/europeaid/prag/document.do?chapterId=1.&id=41.
3.5.2.5. A estratégia comum entre a UE e os países da CPLP
3.5.2.5.1. UE e Angola - “O Documento de Estratégia para Angola (2008-2013)”
No âmbito do Acordo de Cotonu e da iniciativa da UE “Tudo Menos Armas”, a grande maioria dos
produtos angolanos poderão obter livre acesso a mercados da UE, com exceção de alguns produtos
agrícolas.
O Acordo entre a UE e Angola, designado por “O Documento de Estratégia para Angola (2008-2013)”,
assinado em novembro de 2008, inclui um protocolo financeiro válido por períodos de cinco anos,
indicando os recursos financeiros do FED disponíveis para os países ACP para o período em questão.
O montante global disponibilizado a Angola, durante o período de 2008 a 2013, foi de cerca € 228
milhões.
Deste montante, cerca de 214 milhões destinaram-se ao financiamento do apoio macroeconómico, às
políticas setoriais, aos programas e projetos previstos nos sectores focais e não focais de Assistência
Comunitária, e cerca de 14 milhões para necessidades imprevistas.
A cooperação entre a República de Angola e a UE compreende, assim, duas vertentes:
a) A disponibilização de fundos no montante de € 214 milhões para três áreas:
Governação (20% do total);
Desenvolvimento Social e Humano (32%);
Desenvolvimento Rural, Agricultura e Segurança Alimentar (32%).
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
59
Pressupõe igualmente o apoio a áreas não focais (restantes 16%): Água e saneamento; Apoio
à Integração Regional; Apoio ao sector privado; Apoio aos players não estatais; Facilidade de
cooperação técnica, Administração da biodiversidade; e Iniciativa de Governação PALOP;
b) Um apoio financeiro com um montante provisional de € 13,9 milhões, para fazer face a situações
imprevistas, nomeadamente assistência necessária em situações de emergência.
Além do Acordo de Cotonu existem um conjunto de outras convenções e compromissos políticos
assinados entre a UE e Angola.
Entres estes contam-se a Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda, de 2 de março de 2005, e
instrumentos subsequentes, a Parceria Estratégica África-UE de 2007, o Documento de Estratégia por
País e o Programa Indicativo Nacional para o período 2008-2013, bem como documentos estratégicos
angolanos, em especial a Estratégia Nacional de Desenvolvimento a Longo Prazo “Visão 2025”, os Planos
Nacionais e documentos complementares aprovados pelo Governo Angolano.
O "Caminho Conjunto UE-Angola Forward" assinado em julho de 2012, visa elevar para um novo patamar
o relacionamento entre ambos, através do aprofundamento do diálogo político e da cooperação em áreas
de interesse comum, reconhecendo o papel crescente de Angola a níveis regional e internacional, bem
como o potencial para o desenvolvimento da relação bilateral entre Angola e a UE.
3.5.2.5.2. UE e Cabo Verde - “Parceria especial UE/Cabo Verde (2008-2013)”
A UE é o principal parceiro comercial de Cabo Verde, sendo que aproximadamente 86% dos fundos
disponibilizados no âmbito da APD para Cabo Verde estão canalizados para apoio ao orçamento de
Estado e alocados a projetos que visam promover a redução da pobreza e o crescimento económico
sustentável, assim como para a promoção da Parceria Especial entre a UE e Cabo Verde.
Os fundos remanescentes encontram-se alocados ao sector de água e saneamento e projetos
específicos.
Como decorre de todos os países da CPLP em África e Timor-Leste, a parceria especial entre a UE e
Cabo Verde está inserida no contexto da aplicação do Acordo de Cotonu e procura explorar todos os
aspetos do Acordo que permitem definir um novo modelo de cooperação UE/Cabo Verde.
A parceria especial é fundada em seis pilares que servem de
base à estratégia de ajuda ao desenvolvimento da UE para
Cabo Verde e ao financiamento dos respetivos projetos:
Boa governação;
Segurança/estabilidade;
Integração regional, em 2 eixos:
Ao nível das regiões ultraperiféricas da UE
a integração de Cabo Verde no espaço da
Macronésia, que integra as regiões
autónomas dos Açores e da Madeira, das
Canárias, com o objetivo de melhorar a
competitividade das regiões
ultraperiféricas da UE, em consonância
com a política da "vizinhança alargada'';
O comissário da União Europeia (UE)
para o Desenvolvimento oficializou 55
milhões de euros de apoio a Cabo
Verde para o período 2014/20,
destinados ao crescimento económico
e projetos de energia, sobretudo
renovável.
Sobre o apoio ao setor energético em
Cabo Verde, o comissário europeu, de
nacionalidade letã, indicou que a UE,
através do Banco Europeu de
Investimentos (BEI), pretende elevar
dos atuais 87% para 100% a taxa de
penetração de energia elétrica à
população de Cabo Verde (cerca de
530 mil habitantes).
Fonte: Agência Lusa, 14-02-2014
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
60
Ao nível da África Ocidental, acompanhar a integração de Cabo Verde na África
Ocidental, nomeadamente na CEDEAO.
Convergência técnica e normativa;
Sociedade do conhecimento;
Desenvolvimento e luta contra a pobreza.
3.5.2.5.3. UE e Moçambique - “O Documento de Estratégia Nacional UE- Moçambique (2008-2013)”
De acordo com a OCDE, a Comissão Europeia e os EM da UE fazem parte do grupo dos principais
doadores de APD a Moçambique, sendo no total responsáveis por cerca de 70% dos fundos doados.
O Documento de Estratégia Nacional UE-Moçambique para 2008-2013 assinado em dezembro de 2007,
tem um orçamento total de € 622 milhões para ajuda programável tendo, posteriormente, sido aumentado
em € 12,11 milhões para a atribuição de novos recursos para necessidades imprevistas, em resposta ao
forte aumento dos preços e aos efeitos macroeconómicos e sociais daí resultantes.
As áreas prioritárias de apoio a Moçambique são:
Manutenção da estabilidade macroeconómica - Apoio ao programa de reforma macroeconómica
de Moçambique através do apoio geral ao orçamento;
Melhoria das infraestruturas de transportes e a integração económica regional - Aposta na
melhoria e expansão da rede rodoviária e ligações regionais;
Agricultura e Desenvolvimento rural - Aumento da segurança alimentar e dos rendimentos;
Sector da saúde - Apoiar o orçamento para o combate ao VIH/SIDA.
Para além do Acordo de Cotonu que regula as relações entre Moçambique e a UE, há um conjunto de
outros instrumentos de APD que permitiram o reforço das relações, a saber:
APE interino, assinado em junho de 2009, com Moçambique, Botsuana, o Lesoto e a Suazilândia
na configuração SADC-EU;
O APE interino UE confere um regime de isenção de direitos e sem limite de contingentes a bens
provenientes de Moçambique e que estejam abrangidos pelo acordo. Do lado de Moçambique,
uma vez ratificado, o acordo vai permitir a liberalização de 80,5% dos bens. Os restantes –
principalmente produtos agrícolas incluindo lacticínios, produtos à base de carne e produtos à
base de peixe, produtos de madeira, bem como alguns produtos químicos e minerais – estão
excluídos da liberalização.
3.5.2.5.4. UE e São Tomé e Príncipe
A Comissão Europeia é representada em São Tomé e Príncipe pela sua delegação em Libreville (Gabão).
O país está a beneficiar do Programa Indicativo Nacional (2008-13) do FED com um orçamento de € 17,1
milhões. As prioridades dos projetos de investimento são:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
61
Apoiar o sector infraestruturas rodoviárias – no montante de € 13,3 milhões orientado para a
capacidade institucional, infraestruturas, manutenção e planeamento do uso da terra;
Fortalecimento das finanças públicas e de apoio para o Acordo de Parceria Económica e
integração regional.
São Tomé e Príncipe é também parte das negociações do Acordo de APE com a CEMAC e da República
Democrática do Congo.
3.5.2.5.5. UE e Timor-Leste
A UE tem apoiado Timor-Leste durante todo o período de transição e transformação após a sua
constituição como Estado independente.
O Apoio multilateral da UE para Timor-Leste é realizado através da delegação de Díli da UE, em estreita
cooperação com o Ministério das Finanças e os outros ministérios ou entidades estatais envolvidos, e em
consulta aos EM da UE representados em Timor-Leste.
Existem dois tipos de programas de apoio da UE em Timor-Leste:
As intervenções financiadas pelo FED, com base no Documento de Estratégia País (CSP) e o
Programa Indicativo Nacional (PIN), acordado e assinado entre a UE e o Governo de Timor-
Leste, sendo que este último é representado pelo Ministro das Finanças, que assume o papel do
gestor orçamental nacional (NAO);
As intervenções financiadas por rubricas orçamentais temáticas.
3.5.2.6. América Latina
Os programas de cooperação regional abrangem o conjunto da América Latina. As áreas abrangidas
pelos programas são a educação, o desenvolvimento das PME's, governo local e autárquico, das
tecnologias da informação (TI) e a coesão social. Estes programas destinam-se a reforçar as relações
com a UE através do intercâmbio de experiências e a criação de redes.
Os programas regionais para a cooperação com a América Latina são o Euroclima, Copolad, ALFA,
Alban, AL-INVEST, @LIS, URB-AL, Euro-Solar e EurosociAL.
3.5.2.6.1. UE e Brasil
As relações económicas entre a UE e o Brasil remontam a 1960 com a troca de missões diplomáticas
formais, ainda com anterior estrutura da UE. A UE e o Brasil são parceiros estratégicos desde 2007, ano
da criação formal da Parceria Estratégica UE-Brasil.
As relações são regidas no âmbito do Acordo-Quadro de Cooperação CE-Brasil (1992), o Acordo-Quadro
de Cooperação UE-Mercosul (1995) e o Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica (2004).
A cooperação técnica e financeira assenta no Documento de Estratégia Brasil-UE, que oferece um quadro
estratégico para a cooperação da UE com o Brasil durante o período de 2007-2013.
A UE disponibilizou, durante este período, um total de € 61 milhões para melhorar as relações bilaterais e
promover a dimensão ambiental e o desenvolvimento sustentável.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
62
3.5.3. Ásia e Ásia Central
A Ásia tem sido um parceiro fundamental para a UE, económica e culturalmente. A região é responsável
por mais de metade da população mundial, um quarto da riqueza económica criada em cada ano, e é o lar
de quatro das dez maiores economias do mundo (Japão, China, Índia e Coreia do Sul) mas também de
países como Bangladesh, Camboja, Laos, Mongólia, Birmânia / Mianmar que continuam entre os países
mais pobres.
Muitas regiões ainda são propensas a graves desastres naturais, e vários países estão lidando com
conflitos internos, que são frequentemente associados com sociedades fragmentadas, tornando-as
vulneráveis e abertas a abusos dos direitos humanos.
Os programas comunitários para a região visam complementar os programas de assistência nacionais de
cooperação regional.
O Documento de Estratégia Regional para a UE-Ásia Cooperação (2007-2013) e os programas indicativos
plurianuais relacionados definem as principais áreas de cooperação com os países asiáticos a nível
regional identificando três prioridades de intervenção:
Apoio à integração regional, através da Asia-Europe Meeting (ASEM), Associação Asiática para a Cooperação Regional (SAARC) e a ASEAN Associação das Nações do Sudeste Asiático (Association of Southeast Asian Nations).
Cooperação para o conhecimento - incluindo o ambiente, a energia e as mudanças climáticas, o
ensino superior e apoio a institutos de pesquisa e cooperação transfronteiriça na saúde humana e
animal.
Apoio às populações desenraizadas - em particular, apoiar a reconstrução e reabilitação das
pessoas deslocadas por crises.
Timor-Leste, apesar de inserido geograficamente na Ásia beneficia do fundo de EDF e está classificado
como país ACP.
3.5.4. Ciclo do projeto – Oportunidades no procurement da UE
O apoio concedido aos países beneficiários de APD pela UE tem,
como se viu no exemplo de Angola e Moçambique, um ciclo de
projeto próprio semelhante ao do Banco Mundial, durante o qual
vão surgindo oportunidades para as empresas.
O ciclo do projeto é o termo usado para descrever as atividades de gestão e procedimentos de tomada de
decisão utilizados durante o ciclo de um projeto (incluindo as principais tarefas, funções e
responsabilidades, documentos fundamentais e as opções de decisão).
O ciclo do projeto engloba um conjunto de atividades, com objetivos claramente definidos a implementar
num período de tempo específico e com um orçamento definido.
Compreender o ciclo de projeto permite às empresas identificarem as oportunidades e quais as entidades
que irão lançar concursos para adquirir produtos, bens e serviços.
Um projeto tem a indicação:
De um total de € 775 milhões, cerca de
16% do financiamento foi
especificamente destinado ao apoio a
nível regional.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
63
o Das partes interessadas, incluindo o principal grupo-alvo e os beneficiários finais;
o Dos acordos de coordenação, gestão e financiamento claramente definidos;
o Da monitorização e avaliação do sistema de apoio à gestão de desempenho;
o Do nível adequado de análise económica e financeira, indicando os benefícios do projeto
e os seus custos;
A existência de um ciclo de projeto com regras comuns ajuda a garantir que os projetos são realizados de
acordo com os objetivos da Comissão Europeia e dos parceiros de desenvolvimento, que são relevantes
para uma estratégia comum e que visam resolver os problemas reais dos grupos-alvo/beneficiários, que
são viáveis e que podem gerar benefícios sustentáveis.
O Ciclo do projeto tem cinco fases principais, identificadas na figura que se segue:
Figura 5 - As cinco fases principais do ciclo de projeto
Ao comparar-se com o modelo guia do Banco Mundial, apresentado anteriormente, verifica-se que,
durantes as várias fases do ciclo de projeto este pode apresentar diferentes oportunidades para as
empresas.
As oportunidades irão surgir durante as 5 fases, sendo que na fase de programação, identificação e
elaboração do projeto estas serão orientadas para serviços de consultoria e na fase de implementação
alargado à realização de obras, fornecimento de bens.
Na fase de avaliação e auditoria, regra geral, surgem oportunidades de prestação de serviços.
3.6. Banco Mundial
O Banco Mundial é um grupo composto por cinco instituições internacionais que disponibilizam
financiamento para os países pobres. O Banco Mundial é o maior e mais importante banco de
desenvolvimento do mundo. O banco tem sede em Washington, DC e disponibilizou em 2012 cerca de
US$ 30 mil milhões em empréstimos e assistência aos países em desenvolvimento. O Grupo do Banco
Mundial é composto por:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
64
BIRD
O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) concede empréstimos a
governos de países de rendimentos baixos e médios.
IDA
A Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) concede empréstimos sem juros aos
governos dos países menos desenvolvidos.
IFC
A International Finance Corporation (IFC) é a maior instituição de desenvolvimento global focada
exclusivamente no setor privado e que será devidamente analisada adiante.
MIGA
A Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (MIGA) tem como objetivo promover o IDE
nos países em desenvolvimento, apoiar o crescimento económico, reduzir a pobreza e melhorar a
vida das populações. A MIGA cumpre este mandato oferecendo um seguro de risco político
(garantias) aos investidores e credores.
ICSID
O Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (ICSID) oferece
mecanismos internacionais de conciliação e arbitragem de conflitos de investimento.
As atividades da IFC e da MIGA incluem a disponibilização de financiamento e de garantias ao setor
privado. A caraterização da atividade destas duas instituições encontra-se devidamente analisada no
capítulo respeitante ao financiamento.
A utilização da designação de Banco Mundial é comummente referida para a atividade desenvolvida pelo
BIRD e pela IDA. A atividade destas duas entidades concentra-se nos países em desenvolvimento em
áreas como:
Desenvolvimento das condições sociais e humanas, apoiando, por exemplo, projetos nacionais de
desenvolvimento e implementação de planos de educação e de saúde;
Desenvolvimento agrícola e rural, apoiando, por exemplo, projetos nacionais de desenvolvimento
e construção de estruturas de irrigação;
Desenvolvimento de infraestruturas, apoiando, por exemplo, projetos nacionais de
desenvolvimento e construção de estradas, requalificação urbana e redes elétricas;
Apoio à governação, apoiando, por exemplo, iniciativas nacionais de combate à corrupção, de
consolidação de estruturas judiciais e de instituições locais para o desenvolvimento.
No ano de 2011, o Banco Mundial disponibilizou cerca US$ 46,9 mil milhões para 303 projetos de redução
de pobreza nos países em desenvolvimento. Os projetos apoiados pelo Banco Mundial são diversificados
e vão desde à divulgação de medidas para radicação da SIDA em África, exemplo do projeto na Guiné-
Bissau, ao apoio prestado para a reconstrução de Timor-Leste após a independência.
Considerando o importante apoio que o Banco Mundial presta aos países em desenvolvimento e as
oportunidades geradas pela APD, é importante compreender e analisar os setores, os compromissos
financeiros assumidos e os projetos aprovados que poderão gerar oportunidades em termos de
procurement internacional.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
65
A análise do Banco Mundial serve de modelo e guia para a identificação de oportunidades nas restantes
instituições financeiras de desenvolvimento.
No âmbito dos países da CPLP, a atividade do Banco Mundial em termos atuais e prospetivos é a
seguinte:
3.6.1. Angola12
A evolução dos projetos do Banco Mundial e dos compromissos de financiamento assumidos entre 2010 e
2014 em Angola permite percecionar os setores onde poderão surgir oportunidades e os valores que
estas poderão gerar.
Gráfico 11 - Projetos do BM e Compromissos de financiamento
Desde 2010 foram aprovados 4 projetos do Banco Mundial para Angola no montante total de US$ 347,5
milhões. O valor dos compromissos em Angola tem vindo a diminuir, sendo expetável que com a
aprovação dos novos projetos o mesmo se reflita no ano de 2014 no montante de US$ 100 milhões.
Recentemente o Banco Mundial admitiu a possibilidade de Angola se qualificar para novo apoio financeiro
do Banco Mundial a partir de 2014 com a graduação de país de rendimento médio.
Os projetos ativos em Angola em 2013 eram 6 num total de investimento de US$ 434, 5 milhões, a saber:
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante US$ milhões
Aprovação
Angola Learning for All Project 75 Set-13
Water Sector Institutional Development 120 Jun-10
Municipal Health Service Strengthening (revitalização) 70,8 Jun-10
Local Development Project 81,7 Mar-10
Market Oriented Smallholder Agriculture Project 30 Jul-08
Water Sector Institutional Development 57 Jul-08
Total: 434,5
12
Os dados indicados resultam da análise das fichas de projetos para cada um dos em da CPLP publicadas pelo Banco Mundial até 1 de outubro de 2013.
Pro
jeto
s
Ano Fiscal
Com
pro
mis
sosU
S$
milh
ões
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
66
3.6.2. Brasil
O Brasil tem obtido um forte apoio do Banco Mundial com valores médios de compromissos de
financiamento assumidos nos últimos 3 anos superiores a US$ 3 mil milhões.
Gráfico 12 - Projetos do BM e compromissos de financiamento
Desde 2010 foram aprovados 56 projetos do Banco Mundial para o Brasil no montante total de US$ 11,86
mil milhões. Os projetos ativos em 2013 aprovados após 2010 eram 43, num total de investimento de US$
7,35 mil milhões, a saber:
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante
US$ milhões
Aprovado
Rio Grande do Norte: Regional Development and Governance 360 Jun-13
Belo Horizonte Urban Development Policy Loan 200 Jun-13
Rio de Janeiro Strengthening Public Sector Management Technical Assistance Project
16,2 Jun-13
Sao Paulo State Sustainable Transport Project 300 Jun-13
Swap for Parana Multi-sector Development Project 350 Nov-13
Additional Financing - Rio de Janeiro Sustainable Rural Development 100 Nov-13
Tocantins Integrated Sustainable Regional Development 300 Jul-12
Bahia Inclusion and Economic Development DPL 700 Jun-12
Recife Swap Education and Public Management 130 Mai-12
Rio Grande do Sul swap 480 Mai-12
Ceara Rural Sustainable Development and Competitiveness 100 Abr-12
Sao Bernardo Integrated Water Management in Sao Paulo Program 20,82 Mar-12
Pernambuco Rural Economic Inclusion 100 Mar-12
Amazon Region Protected Areas Program Phase II (GEF) 15,89 Fev-12
Pro
jeto
s
Ano Fiscal
Com
pro
mis
sos
US
$ m
ilhões
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
67
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante
US$ milhões
Aprovado
BR Sergipe Water 70,28 Jan-12
Upgrading and Greening the Rio de Janeiro Urban Rail System Additional Financing 600 Jan-12
Preparation Grant for Brazil Forest Investment Plan for FIP 0,25 Jan-12
Energy and Mineral Sector Strengthening 49,6 Dez-11
Caixa Solid Waste Mgt 30 Dez-11
BR Fostering Short Sea Shipping 0,3 Set-11
Plantar Green Pig Iron Project 12,3 Ago-11
BR Federal Integrated Water - Interaguas 107,33 Jul-11
Public Procurement Strengthening in Public Works 0,4 Nov-11
Integrated Health and Water Management Project (swap) 60 Nov-10
Integrated Solid Waste Management and Carbon Finance Project 50 Nov-10
Reforestation with Native Species around AES-Tiete Reservoirs 4,9 Set-10
Sao Paulo Trains and Signaling Additional Financing 112,91 Set-10
Second Bolsa Famália 200 Set-10
Santa Catarina Rural Competitiveness 90 Set-10
Rio de Janeiro Public Sector Modernization 18,67 Ago-10
Sao Paulo State Feeder Roads Additional Financing 326,78 Ago-10
Brazil Solid Waste Picker Social Inclusion Initiative 2,73 Jun-10
ELETROBRAS Distribution Rehabilitation 495 Jun-10
Sao Paulo Sustainable Rural Development and Access to Markets 78 Mai-10
AIDS-SUS (National AIDS Program - National Health Service) 67 Mai-10
Sustainable Cerrado Initiative: Goias Sustainable Cerrado & ICMBIO Cerrado biodiversity protection project
6 Mai-10
Sao Paulo METRO LINE 4 (PHASE 2) 130 Mai-10
BR Sao Paulo Water Recovery Project - REAGUA 64,5 Mai-10
Mato Grosso do Sul State Road Transport Project 300 Mai-10
Sao Paulo Metro Line 5 Project 650,4 Abr-10
Minas Gerais Partnership II swap AF 461 Abr-10
Sustainable Cerrado Initiative 7 Mar-10
BR Pernambuco Sustainable Water 190 Jan-10
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
68
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante
US$ milhões
Aprovado
Total: 7,358.26
3.6.3. Cabo Verde
Gráfico 13 - Projetos do BM e compromissos de financiamento
Cabo Verde tem obtido apoio do Banco Mundial com valores médios de compromissos de financiamento
assumidos nos últimos 3 anos de US$ 18 milhões.
Desde 2010 foram aprovados 6 projetos do Banco Mundial para Cabo Verde, no montante total de US$
109 milhões.
Os projetos ativos em 2013 aprovados eram 3, num total de investimento de US$ 77 milhões, a saber:
3.6.4. Guiné-Bissau
A Guiné-Bissau tem obtido apoio do Banco Mundial com valores médios de compromissos de
financiamento assumidos nos últimos 3 anos de US$ 3 milhões.
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante
US$ milhões
Aprovado
Cape Verde - Transport Sector Reform Project 19 Junho-13
CAPE VERDE - Recovery and Reform of the Electricity Sector Project 53,5 Janeiro-11
CV-SME Capacity Building and Economic Governance 4,5 Abril-10
Total: 77
Pro
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Com
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S$
milh
ões
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
69
Gráfico 14 - Projetos do BM e compromissos de financiamento
Desde 2010 foram aprovados 9 projetos do Banco Mundial para a Guiné-Bissau, no montante total de
US$ 37,85 milhões.
Os projetos ativos em 2013 aprovados eram 6, num total de investimento de US$ 21 milhões, a saber:
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante
US$ milhões
Aprovado
Guinea-Bissau: Extractive Industries Sectors TA 3,2 Out-11
Emergency Electricity and Water Rehabilitation Project - Additional Financing 2,2 Mai-11
Guinea-Bissau biodiversity Conservation Project 1,95 Mar-11
Guinea-Bissau biodiversity Conservation Trust Fund Project 0,95 Fev-11
Guinea-Bissau: Emergency Electricity and Water Rehabilitation Project 12,7 Jul-10
BEIA-Promotion of Social biofuels in Guinea-Bissau 0,15 Abr-10
Total: 21,15
3.6.5. Moçambique
Moçambique, assim como o Brasil, tem obtido um forte apoio do Banco Mundial com valores médios de
compromissos de financiamento assumidos nos últimos 3 anos superiores a US$ 300 milhões.
Gráfico 15 - Projetos do BM e compromissos de financiamento
Pro
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Ano Fiscal
Com
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ões
Pro
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Ano Fiscal
Com
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milh
ões
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
70
Desde 2010 foram aprovados 39 projetos do Banco Mundial para Moçambique no montante total de US$
1.621,95 milhões.
Os projetos ativos em Moçambique em 2013 foram 33 num total de investimento de US$ 1374,02 milhões,
a saber:
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante
US$ milhões Aprovação
Water Resources Development Flood Response Additional Financing 32 Set-13
Greater Maputo Water Supply Expansion Project 178 Jul-13
MZ Extractive Industries Transparency Initiative Post Compliance I 0,35 Jul-13
Ninth Poverty Reduction Support Credit (PRSC 9) 110 Jul-13
Mozambique - Integrated Growth Poles Project 100 Abr-13
MZ First Agriculture Development Policy Operation AgDPO-1 50 Abr-13
Climate Resilience: Transforming Hydro-Meteorological Services 15 Abr-13
MZ-Social Protection project 50 Mar-13
Mozambique Mining and Gas Technical Assistance Project 50 Mar-13
Mozambique Nutrition Additional Financing 37 Jan-13
Mozambique Climate Change Technical Assistance Project 2 Jun-13
MZ- AF to Education Sector Support Project 40 Mai-12
Cities and Climate Change 120 Abr-12
AFSF - Africa - Mozambique - Banco Oportunidade - BOM 0,05 Nov-11
Support for upgrading the Chamanculo C Neighbourhood in accordance with the
Global Strategy for URIS in Maputo Municipality 0,55 Set-11
Water Resources Development 70 Set-11
Mozambique Phase II: EITI Implementation 0,35 Jul-11
Additional Financing for Technical and Vocational Education and Training 37 Jul-11
MZ-Education Sector Support Program 71 Abr-11
Roads and Bridges Management and Maintenance Program - Phase II Additional
Financing 41 Abr-11
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
71
Com
pro
mis
sosU
S$
milh
ões
Mozambique PPCR - Phase 1 1,5 Abr-11
Mozambique-Programmatic Support to Disaster Risk Management Phase I 1,4 Mar-11
AFR3 Implementation of a business incubator in Mozambique 0,27 Mar-11
MZ PROIRRI Sustainable Irrigation Development 70 Mar-11
Extending Mobile Applications in Africa (Mozambique - Mobile Monday) 0,04 Nov-10
Maputo Municipal Development Program II (MMDP II) 50 Set-10
Additional Financing - Water Services and Institutional Support (WASIS) Project 37 Set-10
Health Commodity Security Project 39 Set-10
MZ - Spatial Development Planning Technical Assistance Project 20 Set-10
Providing access, affordability and awareness for hybrid biomass cook stoves 0,11 Abr-10
National Decentralized Planning and Finance Program 30,4 Mar-10
Higher Education Science and Technology 40 Fev-10
MZ-Energy Development and Access Project (APL-2) 80 Fev-10
Total 1374,02
3.6.6. São Tomé e Príncipe
São Tomé e Príncipe tem obtido apoio do Banco Mundial com valores médios de compromissos de
financiamento assumidos nos últimos 3 anos de cerca de US$ 5 milhões.
Gráfico 14 - Projetos do BM e compromissos de financiamento
Desde 2010 foram aprovados 6 projetos do Banco Mundial para São Tomé e Príncipe, no montante total
de cerca US$ 20 milhões. Em 2013 existia um único projeto ativo em São Tomé e Príncipe no valor de
US$ 4,15 milhões, a saber:
Pro
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s
Ano Fiscal
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
72
Com
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S$
milh
ões
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante US$ milhões
Aprovado
Sao Tome - Adaptation to Climate Change 4,15 Mai-11
3.6.7. Timor-Leste
Timor-Leste tem obtido apoio do Banco Mundial com valores médios de compromissos de financiamento
assumidos nos últimos 3 anos de cerca de US$ 10 milhões.
Gráfico 17 - Projetos do BM e compromissos de financiamento
Desde 2010 foram aprovados 7 projetos do Banco Mundial para Timor-Leste no montante total de US$
55,47 milhões. Os projetos ativos em Timor-Leste em 2013 eram 6 num total de investimento de US$
50,47 milhões, a saber:
Nome do projeto (Classificação do Banco Mundial) Montante US$ milhões
Aprovado
Health Sector Strategic Plan Support Additional Financing 17,7 Fev-12
GPE Management Strengthening Project 2,8 Jun-12
TP-Education Sector Support Project (ESSP) Additional Financing II 2,97 Mai-12
Timor Leste Social Protection Administration Project 2 Mai-11
Timor Leste Road Climate Resilience Project 20 Mai-11
Timor-Leste Second Chance Education Project 5 Dez-10
Total: 50,47
3.7. Banco Africano de Desenvolvimento
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD) é uma instituição financeira multilateral que se dedica a
promover o desenvolvimento económico e social sustentável e a redução da pobreza nos países
membros regionais em África.
São objetivos do BAfD para atingir estes objetivos:
Pro
jeto
s
Ano Fiscal
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
73
i) A mobilização e afetação de recursos para investimentos nos países membros regionais;
ii) A prestação de consultoria política e assistência técnica a fim de apoiar os esforços de
desenvolvimento dos referidos países.
Com sede provisória em Tunis, o Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento é constituído pelas
seguintes instituições:
Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD), que financia
projetos e programas de desenvolvimento através do:
Financiamento ao sector público (incluindo financiamento para a implementação de
políticas), financiamento ao sector privado e investimentos de capital;
Prestação de assistência técnica a projetos e programas de apoio institucionais;
Investimento de capitais privados e públicos;
Assistência na coordenação das políticas e planos de desenvolvimento dos países
membros regionais;
Subsídios, com um valor máximo de US$ 1 milhão, até duas operações por país, por ano.
O BAfD dá prioridade a projetos que promovam a integração económica regional.
O BAfD concede financiamento aos seus clientes em termos não concessionais sendo os
prazos de:
Até 20 anos, incluindo um período de carência até 5 anos, para financiamento ao
sector público;
Até 14 anos, com um período de carência até 4 anos, para linhas de crédito com
garantia pública;
Entre 5 e 20 anos, incluindo um período de carência entre 1 a 3 anos, para
financiamento ao sector privado.
Fundo Africano de Desenvolvimento (FAfD): tem por objetivo principal reduzir a pobreza nos
países membros regionais, mediante a concessão de financiamentos concessionais e de
subsídios para projetos e programas aos membros regionais de baixo rendimento e prestar apoio
mediante a concessão de assistência técnica para estudos e actividades de capacitação. Os
recursos do FAfD provêm, de uma forma geral, de reconstituições de recursos providenciados
pelos países doadores, que se efetuam numa base trienal;
O Fundo Fiduciário da Nigéria (FFN): é um fundo especial do BAfD que tem por objetivo ajudar os esforços de desenvolvimento de países membros regionais do BAfD com um baixo rendimento do PIB, cujas condições económicas e sociais requerem financiamento concessional.
O BAfD dá prioridade a projetos
que promovam a integração
económica regional
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
74
3.8. O Banco Nacional do Desenvolvimento Brasileiro - BNDES
O Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) é uma empresa pública federal
brasileira e o principal instrumento de financiamento de longo prazo para a realização de investimentos
em todos os segmentos da economia, com uma política de dimensões social, regional e ambiental no
Brasil.
O apoio do BNDES é realizado por meio de financiamento a projetos de investimento, aquisição de
equipamentos e exportação de bens e serviços.
O BNDES atua no reforço do capital das empresas privadas e destina financiamentos não reembolsáveis
a projetos que contribuam para o desenvolvimento social, cultural e tecnológico.
O BNDES disponibiliza fundos para os seguintes setores:
agropecuária; comércio, serviços e turismo; cultura;
desenvolvimento social e urbano; desporto; exportação e
internacionalização; indústria; infraestruturas; inovação; meio
ambiente e mercado de capitais.
O BNDES apoia e financia empresas brasileiras e tem nos
últimos anos procurado apoiar a internacionalização de
empresas brasileiras através do financiamento conjunto com
entidades financeiras multilaterais, como o KfW, o Japan Bank
for International Cooperation – JBIC e o BEI.
O BNDES tem várias modalidades (programas) de apoio a investidores no Brasil. As três principais
modalidades de apoio ao financiamento são:
FINAME: A maior parte dos financiamentos entre 2009 e 2013, cerca de 48,6%13
concentra-se
nesta modalidade, onde estão concentradas as operações de produção e comercialização de
máquinas e equipamentos novos, de fabrico brasileiro. Esta modalidade caracteriza-se pelo apoio
indireto a empresas através das instituições financeiras credenciadas.
FINEM: Modalidade orientada para o apoio direto do BNDES aos grandes projetos de
investimento com valor de financiamento superior a R$ 10 milhões, para investimentos de
“implantação, expansão e modernização, incluída a aquisição de máquinas e equipamentos
novos, de fabricação nacional e capital de giro associado”.
EXIM: O BNDES tem produtos específicos de apoio à exportação de bens e serviços nacionais
que podem financiar projetos na fase “pré-embarque” como na fase “pós-embarque”, por meio dos
seguintes subprodutos:
o BNDES PSI - Exportação Pré-embarque: Modalidade de financiamento, na fase pré-
embarque, a produção de bens de capital destinados à exportação. É um apoio concedido
de forma indireta14
a empresas exportadoras constituídas sob as leis brasileiras e que
tenham sede e direção efetiva no Brasil. A taxa de juro, a março de 2014, era de 8% e o
prazo de carência poderá chegar aos 3 anos. A participação do BNDES pode ser de
13
De acordo com o relatório de recursos financeiros do 4º trimestre de 2013, 14
Como o BNDES não tem agências, atua em parceria com uma rede de instituições financeiras credenciadas. As operações realizadas por meio dessas instituições são chamadas de indiretas. Nas operações indiretas, a análise do financiamento é realizada pela instituição financeira credenciada, que assume o risco de não pagamento da operação. A instituição é livre de aceitar ou não o pedido de crédito e também negoceia com o cliente as condições do financiamento, como prazo de pagamento e garantias exigidas, respeitando algumas regras e limites definidos pelo BNDES.
Entre os vários projetos financiados
pelo BNDES, o banco tem vindo a
apoiar o plano de negócios 2012-2016
da Petrobras que tem como objetivo
colocar esta empresa em 2020 como
uma das cinco maiores empresas
integradas de energia do mundo. O
plano contempla investimentos da
ordem de US$ 236,5 mil milhões.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
75
100% no caso de micro, pequenas e médias empresas e de 80% para grandes empresas.
O limite do financiamento é de R$50 milhões.
o PRÉ-EMBARQUE: Modalidade de operação de crédito que financia a produção para
exportação. Esta modalidade caracteriza-se pelo financiamento, na fase pré-embarque, à
produção para exportação de bens e/ou serviços aprovados pelo BNDES. Os produtos e
serviços passíveis de serem financiados ao abrigo desta modalidade encontram-se numa
lista que é anualmente atualizada. A última atualização ocorreu a 18 de março de 201415
.
Esta modalidade compreende vários subprogramas de financiamento:
BNDES Exim Pré-embarque – Linha de financiamento à produção para
exportação de bens e serviços que podem ser apoiados pelo BNDES. O acesso a
esta linha pode ser solicitado por empresas exportadoras, para um determinado
grupo de produtos e serviços16
, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham
sede e administração no País.
BNDES Exim Pré-embarque Empresa Âncora – Linha de financiamento à
exportação indireta de bens e serviços que podem ser apoiados pelo BNDES,
efetuada por intermédio de “Empresa Âncora”. Podem ser enquadradas nesta
linha como empresas âncoras, de acordo com o critério do BNDES, trading
companies, empresas comerciais exportadoras ou demais empresas
exportadoras que participem da cadeia produtiva e que adquiram a produção de
outras empresas visando à sua exportação.
o PÓS-EMBARQUE - O BNDES apoia diretamente a comercialização, no exterior, de bens
e serviços brasileiros por meio dos seguintes produtos
BNDES Exim Pós-embarque, que dispõe de duas modalidades:
Supplier’s credit: o apoio financeiro consiste no refinanciamento ao exportador e ocorre por meio da apresentação ao BNDES de títulos ou documentos do principal e juros do financiamento concedido pelo exportador ao importador. Esses títulos são descontados pelo BNDES, sendo o resultado do desconto disponibilizado à empresa exportadora;
Buyer’s credit: nestas operações, os contratos de financiamento são estabelecidos diretamente entre o BNDES e a empresa importadora, com intervenção do exportador. As operações são analisadas caso a caso, com estruturas específicas de garantia e reembolso. Por terem condições diferenciadas e envolverem diretamente o importador possuem custos mais elevados que a modalidade supplier’s credit, além de possuírem prazo de análise mais longo.
BNDES Exim Automático, consiste na abertura de linha de crédito a
instituições financeiras no exterior, formalizada por meio de duas estruturas operacionais:
o Celebração de contrato de financiamento entre o BNDES e a instituição financeira devedora no exterior; ou,
o Desconto de letras de crédito emitidas ou confirmadas por instituição financeira devedora no exterior.
15
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/produtos/download/Circ004_14_AEX.pdf 16
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/Produtos/BNDES_Exim/exim_pre.html
Em Março de 2014 o BNDES lançou um novo programa de R$ 3 mil milhões para criação de novos fundos de investimento e apoio ao mercado de acesso a PMEs
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
76
3.9. Banco Nacional de Desenvolvimento de Angola
O Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) é uma instituição financeira pública que tem por objetivo
apoiar o crescimento económico sustentado do país.
O BDA está orientado para o desenvolvimento de Angola e constitui um instrumento de financiamento no
âmbito do Programa de Desenvolvimento Económico e Social do Governo e da Estratégia Nacional de
Desenvolvimento de Longo Prazo.
O BDA desenvolve preferencialmente as suas atividades com o objetivo de estimular a iniciativa privada
em Angola, visando nomeadamente a dotação de bens e equipamentos, a capacitação e o acesso a
novas tecnologias necessárias para a atividade produtiva das pequenas, médias e grandes empresas.
O BDA é o banco responsável pela gestão do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), que é
alimentado por receitas provenientes do Orçamento Geral do Estado, com as seguintes percentagens:
5% das receitas globais anuais provenientes da tributação sobre a atividade petrolífera;
2% das receitas globais anuais provenientes da tributação sobre a atividade diamantífera.
Os setores de investimento do BDA são a Indústria e Agro Indústria, o Comércio e a Distribuição,
Prestação de Serviços e o Ambiente.
3.10. Cooperação e desenvolvimento Fundo de China-Países de Língua Portuguesa
O Fundo de Cooperação China-CPLP tem entre os seus objetivos principais promover o investimento
Sino-Português, apoiando as empresas chinesas, incluindo as da RAE Macau, na cooperação com as
empresas dos países de língua portuguesa em termos de investimento.
O fundo tem um valor total de US$ 1.000 milhões, sendo o valor inicial de constituição de US$ 125
milhões, uma duração estimada de 10 anos, incluindo um período de investimento de 5 anos. O projeto
resulta de uma recomendação do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os
Países de Língua Oficial Portuguesa.
O financiamento do fundo é assegurado pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de
Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau.
O financiamento concedido é realizado com base nas características e circunstâncias individuais das
empresas e dos projetos de investimento, o fundo pode ser flexível nos instrumentos financeiros a
conceder e nas respetivas abordagens de investimento, designadamente de investimento de capital ou
quase-capital (como por exemplo, ações preferenciais, híbridos de capital e obrigações convertíveis).
Os critérios para aceder ao fundo são:
Desenvolver atividade legal nos países membros;
Utilizar tecnologia industrial avançada e experiência relevante no setor;
Demonstrar boa capacidade de investimento;
Apresentar uma equipa de gestão experiente;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
77
Apresentar um plano de negócio adequado;
Os projetos devem realizar-se nos países-membros, China (incluindo RAE Macau), Angola, Brasil,
Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor-Leste.
Apresentar prospeção de mercado positiva com potencial de crescimento;
Identificação dos elementos de desenvolvimento económico do país alvo do investimento.
O processo de investimento tem um conjunto alargado de fases, nomeadamente: desenvolvimento do
projeto, seleção do projeto, definição de intenções, análise e investigação, negociações comerciais,
aprovação do investimento e assinatura dos documentos legais.
O prazo de investimento, regra geral, é de 4 a 6 anos, e o montante de investimento poderá variar, para
um único projeto, entre US$ 5 a 20 milhões.
Banco de Desenvolvimento da China
(CDB)
- Segundo maior emissor da China,
com crédito quase soberano;
- Elevados recursos;
- O CDB é o maior banco
cooperativo de investimento e
financiamento estrangeiro, com
uma perspetiva estratégica global
e uma estrutura internacional
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
78
4. Guia de procurement
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
79
4.Guia de procurement
4.1. Enquadramento
Conforme atrás se indicou, os montantes de APD podem constituir importantes oportunidades de negócio
e uma porta aberta à internacionalização das empresas, quer seja através da criação de condições
financeiras mais favoráveis às entidades que pretendam investir nos países em desenvolvimento, quer
seja através dos concursos internacionais promovidos pelas entidades beneficiárias.
Concursos internacionais que, conforme se indicou, deverão
obedecer a rigorosas regras de contratação/procurement e
de transparência e que poderão constituir importantes
oportunidades.
Compreender as regras e diretivas de contratação e o
processo de apresentação de propostas é um dos maiores
desafios com que se deparam as empresas.
Nesse sentido, a diferença nos procedimentos de contratação
tem sido apontada pelo Banco Mundial como um dos
principais obstáculos a uma maior participação de empresas
nos processos de aquisição promovidos pelas entidades
multilaterais financeiras.
Para ultrapassar esta dificuldade foi criado em 1999, pelo
Banco Mundial, o “Fórum para a Harmonização das
Aquisições” com o objetivo de padronizar as aquisições dos
BMD, das IFIs e dos demais parceiros fundamentais para o
desenvolvimento.
A harmonização dos princípios e orientações base para os
contratos promovidos pelos BMD resultou num conjunto de
modelos de contratação, desenvolvidos pelo Banco
Mundial17
, para serem utilizados pelas entidades beneficiárias
nos processos de aquisição de bens, obras, pequenas obras,
de projetos de conceção e construção, e a pedido do
consultor para apresentação de propostas.
Para além do desenvolvimento de modelos comuns de
contratação, que sirvam de base aos procedimentos
aquisitivos, os BMD estão, a desenvolver plataformas
eletrónicas de contratação facilitando o acesso às peças do
procedimento e aos respetivos anúncios.
São cinco os diferentes tipos de procedimentos aquisitivos
propostos pelo Banco Mundial e que servem de referência
aos demais BMD, diferenciados consoante o respetivo
procedimento de aquisição respeita a:
17
Banco Mundial, índice de documentação, http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/PROJECTS/PROCUREMENT/0,,contentMDK:20062006~menuPK:84284~pagePK:84269~piPK:60001558~theSitePK:84266,00.html
Momentos essenciais:
Passo 1: Conhecer e identificar os
diferentes tipos de oportunidades
existentes.
Passo 2: Conhecer a instituição e
obter informação sobre a sua
estratégia e orientação.
Passo 3: Seleção dos países e setores
onde pode concentrar os esforços.
Passo 4: Analisar procedimentos em
que pode participar e verificar os
requisitos típicos solicitados em termos
de experiência e conhecimento do
mercado e as empresas concorrentes
vencedoras.
Passo 5: Caso não preencha os
requisitos típicos, avaliar a
possibilidade de apresentação de
proposta em consórcio/conjunta.
Passo 6: Identificar os projetos e os
especialistas responsáveis de modo a
obter informação direta.
Passo 7: Desenvolver capacidade de
apresentação de proposta, em língua
estrangeira, com a informação e todos
os elementos solicitados e a
capacidade de análise de risco do
projeto.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
80
Consultoria;
Documento de Pré-Qualificação;
Contratação de obras;
Aquisição de pequenas obras;
Aquisição de Bens.
Estas oportunidades resultam da relação e do cumprimento dos objetivos fixados entre a entidade
doadora e o país beneficiário durante o período que comummente se designa por ciclo do projeto.
O ciclo do projeto
Fundamental para o processo de procura de oportunidades de contratos financiados é o conhecimento do
ciclo do projeto, conforme podemos verificar na análise realizada no ponto 2.7.
O ciclo do projeto é um conceito que está originalmente ligado aos projetos do Banco Mundial e que,
conforme se viu atrás, permite uma compreensão abrangente das várias oportunidades que poderão
surgir para as empresas durante as várias fases de relação entre a entidade financiadora da APD e o país
beneficiário.
Analisar-se-á de seguida, de forma detalhada, cada uma das componentes que deverão ser consideradas
pelas empresas ao decidirem concorrer aos respetivos procedimentos de aquisição.
4.2. Identificação de Oportunidades
A busca estratégica de contratos em projetos atuais e futuros e propostas relacionados financiados por
agências internacionais de desenvolvimento bilateral implica uma identificação sistemática de projetos e
propostas nos seus países e sectores de interesse, oportunidades nesses projetos de qualificação, e
acompanhá-los numa base contínua.
Há uma crescente variedade de fontes de informação e bases de dados, a maioria online, de
oportunidades de licitação de contratos relacionados com projetos que resultam de IFM, bem como para
outras instituições de desenvolvimento multilaterais e bilaterais.
Existem inúmeras fontes de informação sobre os projetos dos BMD e de "pipelines" de outras entidades
de APD, e uma crescente variedade de métodos para controlar, desenvolver e obter informações
adicionais sobre os projetos-alvo.
O processo em curso de investigação, identificação, qualificação e acompanhamento de oportunidades
internacionais de contrato no mercado de desenvolvimento é muito facilitada pela variedade de fontes on-
line de Projetos e Informação Pública.
Para as entidades que pretendam pesquisar e identificar oportunidades no mercado internacional para o
desenvolvimento é essencial a consulta das diferentes fontes de informação de projetos e de pedidos de
propostas.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
81
Tabela 8 - Caracterização e roteiro com identificação de endereços eletrónicos de oportunidades de negócio
Instituições Procurement Acesso livre Descrição
Banco Mundial, BAsD,, AusAID, BOAD - West African Development Bank, EBRD, Banco Interamericano de Desenvolvimento e outros
UN DevBusiness
http://www.devbusiness.com/
Não
Subscrição anual
550US$
Até há pouco tempo, a fonte mais abrangente era o serviço online oficial da ONU, Business Development da ONU, que contém listagens
pesquisáveis de projetos de uma grande maioria de BMD, bem como os anúncios de Avisos Gerais de Licitação (General Procurement Notice - GPN) e Avisos Específicos de Licitação (Specific Porcurement Notice - SPN), que constituem os anúncios públicos formais e pedidos de manifestação de interesse e/ou propostas.
Banco Mundial, o Banco Africano de Desenvolvimento, o BAsD, Europe Aid, BERD, BEI, os EM da UE e outros
DgMarket
http://licitacoes.dgmarket.com/
Não
Subscrição anual
550US$
Fonte fundamental para a divulgação dos projetos e concursos é o mercado online Development Gateway Market (dgMarket),que fornece informações sobre o BMD, IFM, doadores bilaterais e propostas financiadas pelo governo.
Todas as Instituições Europeias, incluindo financeiras BEI, BERD
TED EU
http://ted.europa.eu/TED/main/Home
Page.do
Sim
TED (Tenders Electronic Daily) é uma versão online do "Suplemento do Jornal Oficial da UE"
dedicado aos concursos públicos europeus. É orientada para o mercado comunitário da UE e apresenta os pedidos de propostas das instituições europeias e dos EM.
É uma ferramenta privada agregadora de oportunidades de cerca 200 entidades
Devex
https://www.devex
.com/en/
Não
Permite inscrição gratuita com
conteúdo e alertas
Subscrição anual US$ 758
É uma fonte online agregadora, de uma entidade
privada que permite a visualização das oportunidades bem como a identificação das entidades promotoras. Permite a identificação de projetos que se encontram em análise ou que foram recentemente aprovados e que poderão resultar em oportunidades futuras.
É uma ferramenta de oportunidades criada pelo Centro de Informação Europeia Jacques Delors
Oportunidades de negócio
Países Língua Oficial
Portuguesa
http://dossiers.eurocid.pt/lusofonia
Sim
É uma importante fonte online que agrega
oportunidades das instituições europeias nos Países de Língua Portuguesa que agrega as oportunidades da UE e inclui as oportunidades que resultam das delegações locais da UE nos países de língua portuguesa e que não aparecem no TED por serem anúncios de valor inferior a € 60.000. Procuram igualmente publicitar concursos de entidades europeias que são unicamente publicitados em jornais locais dos PLP, com exceção do Brasil e Portugal.
É uma ferramenta de divulgação de oportunidades das agências de desenvolvimento bilaterais
OCDE
Untied official Development Assistance
http://www.oecd.org/dac/
Sim
Tem poucas funcionalidades de divulgação de oportunidades e de projetos que se encontram em avaliação e que poderão resultar em futuros pedidos de propostas.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
82
Notas:
Às instituições beneficiárias de APD também é exigida, em algumas situações, a publicação de anúncios de aquisição e de avisos específicos de licitação em jornais locais e em alguns casos revistas internacionais;
O acesso livre consiste na possibilidade das empresas ou interessados em poderem recolher a informação integral do respetivo site. Há sites que só permitem obter informação parcial da oportunidade;
O acesso e a inscrição no site não permite, regra geral, uma interoperabilidade com a entidade promotora tendo a entidade interessada que solicitar diretamente os Termos de Referência à entidade promotora;
A informação recolhida resulta das indicações e de testes realizados nas respetivas plataformas informáticas à data da realização do guia.
Conhecer a estratégia de APD das diferentes entidades e os setores que apoiam permite opções
estratégicas que se irão refletir num melhor foco e dispêndio de tempo e recursos no esforço de
identificação das principais fontes de propostas.
Algumas recomendações que poderão permitir uma identificação mais eficaz de oportunidades:
Escolher um país de pesquisa por projetos em avaliação e por projetos em fase de
implementação. Dá assim um primeiro passo para estabelecer uma lista inicial de todos os
projetos de potencial interesse.
Isolar projetos com temas ou componentes pertinentes. As descrições de projetos normalmente
indicam o principal setor e áreas funcionais. Tenha em consideração, no entanto, que os projetos
em avaliação ainda se encontram numa fase de estágio e as descrições podem ser vagas.
Identificar os principais contatos. Estes estão disponíveis em cada descrição do projeto e/ou
documentos de projeto, e procure obter informação adicional diretamente junto das entidades
promotoras ou indiretamente através da delegação da Agência para o Investimento e Comércio
Externo de Portugal (AICEP) ou da delegação da UE.
Analisar os documentos do projeto. Em muitas descrições dos projetos será indicado um link para
documentos do projeto. As empresas devem rever as secções relevantes desses documentos
para encontrar informação mais detalhada (tempo, orçamentos, entre outros) sobre os
componentes pertinentes. Tenha em consideração que quanto mais avançado estiver o projeto na
estratégia de apoio da entidade doadora, mais informações estarão disponíveis nos documentos
do projeto.
Procurar informação adicional. Quanto mais souber sobre as prioridades do país e sobre os
objetivos da entidade doadora mais fácil será adequar a proposta e ganhar o concurso.
Além das fontes de oportunidades indicadas, que agregam milhares de propostas de centenas de
entidades, regra geral, as entidades também publicam nos seus próprios sites as propostas e indicam as
respetivas regras de contratação, conforme anteriormente indicado no capítulo de caracterização das
entidades de APD.
Este esforço poderá ser igualmente direcionado para alertas que algumas entidades publicam de futuros
projetos que se encontram em análise e que poderão resultar em oportunidades para as empresas.
Apesar de nem todas as entidades publicitarem os projetos em análise, ainda assim há várias entidades
que procedem à referida publicação nos seus sites e que constam também das fontes atrás indicadas.
A informação obtida a partir destas fontes é apenas uma parte do processo. Proceder à identificação de
projetos nas fases iniciais, acompanhar o seu desenvolvimento, as suas perspetivas de qualificação e de
licitação implica também informações informais e recolha de informação junto dos agentes e funcionários
da respetiva agência de desenvolvimento, e de outras entidades-chave.
É importante procurar informação sobre futuros projetos diretamente junto dos representantes das
entidades que se encontram nos países beneficiários de APD ou nas delegações destas entidades que
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
83
gerem os projetos regionais. Um encontro de apresentação da empresa e de obtenção de informação
poderá ser um importante instrumento para a definição da estratégia a adotar.
4.3. Elementos de propostas
É igualmente importante ter uma conhecimento completo das Guidelines de aquisições dos Bancos
Multilaterais de Desenvolvimento e outras agências internacionais que constituem essencialmente as
"regras do jogo" para a licitação.
Os contratos de serviços de maior valor são adjudicados após um concurso internacional designado por
“international competetive bidding”, composto, regra geral, por um processo de dois estágios de pré-
qualificação seguido de um momento de avaliação das propostas apresentadas pelas empresas que
fazem parte da lista de empresas/consórcios qualificados.
Conforme anteriormente indicado, o primeiro passo que as empresas deverão adotar é determinar as
fontes de rastreio das oportunidades e avisos on-line.
Dado que as notificações são publicadas diariamente, é aconselhável verificar se há avisos nas áreas de
interesse pelo menos 2-3 vezes por semana.
A apresentação de proposta deve ser complementada, quando possível por um processo prévio
devidamente adequado de apresentação da empresa e da sua capacidade técnica. Deve ter-se em
atenção que há processos de aquisição em que está vedado o diálogo entre a entidade promotora e a
entidade concorrente de forma a assegurar a correta transparência do procedimento.
Tipo de anúncio de
procurement
Documentos a
apresentar
Elementos da proposta
General Procurement Notice
(GPN)
Aviso geral de licitação
General Letter of
Interest
Carta a manifestar
interesse
Apesar de não ser um requisito obrigatório é
recomendável que se remeta uma “Carta de Interesse”
com os seguintes requisitos:
Breve carta de uma ou duas páginas;
Expressa o interesse no projeto e apresenta a
empresa/consórcio;
Solicitar que seja informado de quaisquer
esclarecimentos ou informação relativa ao projeto;
Material promocional da empresa, como folhetos ou
brochuras da sua atividade ou projetos.
Antes de decidir avançar com uma proposta a empresa deverá fazer uma avaliação cuidada do meios
necessários alocar ao projeto e dos recursos necessários à sua execução, bem como, caso entendam que terão
de subcontratar parte do projeto, avaliar se o mesmo é possível nos Termos de Referência (Terms of Reference –
ToR).
Muitas vezes, atendendo à complexidade do projeto, é necessária a criação de um consórcio ou do meio legal
próprio que permita a apresentação de uma proposta conjunta que reúna todos os elementos solicitados nos
ToR.
Dado que o prazo mais comum estipulado para a apresentação de propostas é de 30 dias, quanto mais cedo as
entidades identificarem a oportunidade, mais rapidamente conseguirão preparar toda a documentação e todos os
elementos que a proposta poderá necessitar.
Specific
Procurement Notice (SPN)
Request for Expression of
Interest
Expression of
interest (EoIs)
Os elementos obrigatórios a apresentar vêm indicados
na documentação da expressão de interesse como
Termos de Referência (Terms of Reference – ToR), que
deverão ser solicitados à entidade promotora do projeto
(entidade adjudicatária). Regra geral os elementos são:
Carta de apresentação;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
84
Pedido de apresentação de
Expressão de Interesse
Expressão de
interesse
Manifestação de interesse e conhecimento do
projeto e questões associadas à sua
implementação;
Identificação das vantagens da empresa
concorrente e porque deverá ser qualificada para a
lista restrita;
Intenção de incorporar na equipa peritos locais ou
referenciados (quando exigido ou como mais-valia
competitiva);
Solicitação para passar à lista restrita;
Declaração de pré-qualificação;
Descrição da empresa e biografia dos elementos
da equipa e Curricula Vitae, quando exigidos. Ter
em consideração os CV solicitados e a sua
valorização em termos de avaliação da proposta.
CV com indicação, entre outros elementos, da
experiência relevante para o objeto da proposta e
grau de conhecimento dos idiomas exigidos, bem
como assinatura a atestar da veracidade dos dados
indicados;
Deverá ser dada particular atenção aos Currícula
Vitae e à experiência dos Key Personnel e do
Team Leader;
A capacidade técnica da empresa deve ser
cuidadosamente sublinhada e justificada;
Experiência relevante em projetos semelhantes. A
experiência deverá ser apresentada de acordo com
o modelo e requisitos que permitam a avaliação e
valorização da proposta no âmbito do projeto.
Exemplo: Nome do projeto, valor aproximado do
contrato, duração do projeto, número de elementos
da equipa, data do projeto, nome dos elementos
que participaram no projeto, breve descrição do
projeto, assegurando devidamente questões de
eventual confidencialidade / divulgação de dados
de projetos anteriores;
Indicação e demonstração da capacidade
financeira para a execução do projeto de acordo
com o modelo definido pela entidade promotora;
Documentos comprovativos da capacidade
financeira, devidamente legalizados (quando
exigido), nomeadamente tradução devidamente
apostilhada do Balanço e Relatório e Contas e da
Demonstração de Resultados ou o Relatório da
Dun&Bradstreet 18
(quando exigidos), certificado do
registo comercial, certidão de inexistência de
dívidas à Segurança Social e à Administração
Tributária (quando exigido);
Preparação das declarações exigidas (por vezes é
solicitada a declaração unilateral de inexistência de
trabalho infantil, de condenação por práticas de
tráfico de armas, bem como outras declarações
que asseguram a honorabilidade da entidade
concorrente);
18
Disponibilza informação de marketing, económica, financeira sobre empresas nacionais e internacionais.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
85
Indicação de sites, brochuras, estudos ou outros
documentos promocionais dos trabalhos realizados
que valorizem a experiência e a proposta;
Durante a preparação da EOIs, as empresas
devem pesquisar todos os documentos do projeto
disponíveis nos sites das agências de
financiamento para a informação contextual bem
como possíveis indicações de orçamento. Quando
possível, antes da submissão formal de uma
manifestação de interesse, as empresas devem
considerar visitar a agência promotora e identificar
um parceiro local;
Em caso de apresentação conjunta ou consórcio,
deverão avaliar a documentação legal que deverão
apresentar em conjunto bem como as regras locais
do consórcio ou de associação conjunta.
Critérios essenciais
da avaliação na
fase de pré-
qualificação
Preenchimento de todos os requisitos formais;
Qualificações da empresa (ou do consórcio);
Experiência anterior em projetos semelhantes;
Experiência anterior no país onde o projeto se irá
desenvolver ou países com características
semelhantes;
Grau de conhecimento dos idiomas exigidos;
A integração de agentes locais na execução do
projeto (quando solicitado como fator preferencial ou
exigido).
Caso as empresas consigam a sua qualificação passam a configurar numa lista restrita seguindo-se uma fase de
apresentação formal de propostas. A fase de apresentação de propostas corresponderá, em algumas situações, a
uma segunda fase de um processo de qualificação, noutros casos, corresponderá a um processo autónomo e direto
de contração sem fase de pré-qualificação.
Request for Formal Proposals
(RFP)
Pedido Formal de Proposta
Regra geral dirigido só a
empresas pré-qualificadas que
façam parte da lista restrita após
a apresentação da expressão de
interesse e, ocasionalmente,
através de anúncios gerais ao
público
Elementos a
receber pelas
entidades
qualificadas das
entidades
promotoras
Quando a empresa se qualificar será notificada pela
entidade promotora, por e-mail ou por correio, dos
seguintes elementos:
Carta convite (letter of invitation);
Lista de todas as empresas/consórcios qualificados;
Indicação do critério de adjudicação da proposta, se
através da proposta com o preço mais baixo (Quality
Cost Based Selection) ou da proposta
economicamente mais vantajosa (Quality Based
Selection), ou outra;
Ficha de elementos/dados;
Estimativa do n.º de pessoas /mês por tarefa a
realizar;
Critério de avaliação;
Formato exigido na proposta (varia consoante a
entidade promotora);
ToR detalhados com descrição pormenorizada do
âmbito e tempo de execução;
Proposta de contrato;
Proposta técnica e
financeira
detalhada
Com base nos elementos remetidos e nos ToR
detalhados, proceder à análise da concorrência, margem,
custo, risco e decidir "ir " ou "não ir".
Criação de uma tabela de controlo dos elementos a
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
86
entregar e dos prazos de entrega prazo da proposta,
dos pedidos de esclarecimentos e de apresentação de
erros e omissões (quando permitido);
Preparação de um orçamento realista para todos os
elementos da equipa para a execução do projeto:
custos com a equipa pelo período total de execução
do projeto, entre outros, custos de estadia,
deslocação e seguros;
Avaliar o custo da garantia bancária (quando exigida);
Proceder a uma avaliação dos custos de oportunidade
e de alocação da equipa ao projeto;
Obter mais elementos sobre o projeto e proceder à
sua cuidadosa avaliação (avaliação semelhante à
realizada anteriormente no momento de apresentação
da Manifestação de Interesse mas agora em função
dos elementos adicionais com os novos elementos
remetidos pela entidade promotora);
Confirmação da disponibilidade da equipa do projeto e
garantir o recrutamento (quando possível) dos
elementos ou parceiros indicados que não façam
parte da estrutura da empresa, bem como dos
fornecedores externos necessários à sua execução;
Proceder à indicação na proposta de tarefas e
responsabilidades dos elementos da equipa em
resposta aos ToR;
Proceder à adequação dos Curricula Vitae às
especificações indicadas;
Elaboração de proposta, tendo particular foco na
metodologia e no plano de trabalho, tendo em
consideração os prazos e os deliverables (reporte de
resultados) exigidos;
Elaboração da proposta técnica e revisão com os
parceiros (quando existam);
Preparação da proposta financeira, tendo em
consideração as especificações indicadas nos Termos
de Referência (muitas vezes é solicitada a indicação
desagregada dos valores por fase do projeto e dos
custos por elemento da equipa);
Confirmar a moeda em que deverá ser apresentada a
proposta financeira e avaliar o risco de câmbio;
Assegurar a preparação de todas as declarações
exigidas;
Assegurar a produção e entrega do número
necessário de cópias no formato exigido, antes do
prazo final.
Avaliações das propostas
Após a entrega da proposta, as entidades promotoras do projeto irão avaliar formalmente as propostas técnicas,
utilizando os critérios definidos no Pedido Formal de Proposta (RFP) e as respetivas grelhas de avaliação.
Tipicamente, os critérios de avaliação utilizados e a sua ponderação relativa podem ser aproximadamente os
seguintes:
Qualificações / experiência individual de cada um dos membros da equipa (CV) 40pts
Abordagem e metodologia 40pts
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
87
Grau de conhecimento dos idiomas exigidos 10 pts
Utilização de consultores locais 10 pts
É comum que estes critérios considerem subcritérios de avaliação.
Negociação do contrato
Quando permitida, a negociação do contrato é geralmente um processo simples com base em modelos de contratos
pré-existentes que variam consoante a natureza do seu objeto.
As empresas devem focar as negociações do contrato num calendário realista para as entregas (deliverables)
propostas, condições justas de pagamento e um cronograma adequado de forma a garantir clareza quanto às
expectativas para os resultados. Deverá também ser dada atenção à possibilidade, quando exista, de incluir no
contrato honorários adicionais para a continuação e acompanhamento de serviços.
A ter em consideração – Checklist de requisitos
Na apresentação das propostas há que ter em conta um conjunto de requisitos eliminatórios:
Apresentação das propostas fora de prazo ou sem a apresentação exigida (exemplo, separação da proposta
técnica e da proposta financeira);
O prazo de validade das propostas e a respetiva declaração de aceitação, quando exigida;
Os documentos requeridos nos Termos de Referência;
Apresentar os ToR;
Obrigatoriedade de apresentar a declaração de conflitos de interesse;
Respeitar a proporção de consultores locais-internacionais mencionada nos Termos de Referência;
Clareza na exposição da proposta, da sequência lógica da apresentação e o âmbito e qualidade da metodologia
proposta;
Dar particular atenção à necessidade, em alguns casos, dos consultores referenciados deverem ser da
nacionalidade de um país acionista do Banco;
Seguir de forma rígida os requisitos quanto à formatação (a título exemplificativo, número máximo de páginas
para os curriculum vitae dos consultores);
Dedicar mais tempo à seleção dos curricula vitae dos consultores do que à metodologia proposta;
Apresentar uma distribuição clara do plano de trabalhos, incluindo para o efeito a respetiva distribuição de tarefas
e planificação;
Apresentar soluções inovadoras mas que respeitem os ToR;
Apresentar a distribuição cronológica das tarefas por consultor;
Atribuir aos consultores com maior experiência aquelas posições com maior peso na avaliação, tendo em
consideração que, na atribuição da nota final, os peritos principais e, sobretudo, o líder da equipa apresentam
uma maior ponderação na nota final;
No caso de associações entre várias empresas para concorrer à licitação, deverá ter-se em atenção que, regra
geral, todos os parceiros devem respeitar os critérios de elegibilidade e que deve ser anexado à proposta uma
cópia do acordo de distribuição de responsabilidades entre os associados.
A proibição de incluir membros do governo/entidades públicas locais na equipa da proposta técnica da empresa,
quando eliminatória. Há no entanto que distinguir entre membros de entidades públicas locais de membros de
entidades públicas de outros países que possam integrar equipas ou consórcios em alguns concursos;
Quando exigido, não apresentar o Acordo de Consórcio;
A ausência de registo da empresa na base de dados da instituição, em caso de obrigatoriedade;
O tipo, valor e prazo da garantia bancária da proposta que é solicitada, quando aplicável;
O preço dos cadernos de encargos e respetivos portes, quando aplicáveis.
Fonte: Análise PwC suportada por Procurement Guide, WorldBank, 2013; Guia prático: Oportunidades de Negócio, Mercado das Multilaterais, AICEP, 2013; Guia prático de acesso ao mercado das multilaterais financeiras, AICEP, 2013.
Consultoria
O método mais habitual de seleção de propostas a projetos de consultadoria é o denominado “método de
seleção baseado na qualidade e no custo” (MSQC) que, regra geral, assenta em vários momentos
distintos:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
88
Inicia-se com EOI;
Passagem à lista reduzida “short-list” da pré-qualificação;
Solicitação de apresentação de proposta “request for proposal”;
Apresentação simultânea, da Propostas técnica e da Proposta financeira (regra geral em cartas
separadas devidamente fechadas/seladas);
Avaliação das propostas técnicas;
Abertura pública das propostas financeiras para aquelas propostas que ultrapassaram a nota
mínima na avaliação da proposta;
Avaliação das propostas financeiras.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
89
5. Financiamento direto
às empresas por
entidades que operam na
APD
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
90
5.Financiamento direto às empresas por
entidades que operam na APD
5.1. Enquadramento
Ao longo dos últimos anos o Banco Mundial tem realizado um vasto conjunto de pesquisas sobre os
principais obstáculos para as empresas, como resulta dos “World Bank Enterprise Surveys from 2006-
1019
”.
Os resultados das pesquisas indicam que os obstáculos principais para as empresas dos países em
desenvolvimento incluem problemas como o acesso ao financiamento, infraestruturas, ambiente de
investimento e qualificação dos trabalhadores.
Estes tipos de obstáculos para as empresas também têm sido relatados noutros tipos de estudos, como o
exame de restrições de ligação para o crescimento da empresa. Por exemplo, a falta de financiamento
tem sido frequentemente identificada como um dos principais entraves à atividade empresarial nos países
em desenvolvimento e um obstáculo ao crescimento das empresas.
Os obstáculos tendem a ter maior impacto nos países mais pobres e para as empresas mais pequenas.
A falta de financiamento pode resultar de uma série de diferentes causas. Problemas no acesso ao
financiamento podem, por exemplo, resultar da falta de capacidade e adequação na preparação de
projetos financiáveis, da falta de competências das PME junto dos bancos, de exigência de garantias
excessivas em virtude da multiplicidade de riscos, da falta de instituições financeiras especializadas,
inexistência de mercados de capitais, fraco setor financeiro em geral, a falta de capital, falta de registos de
garantias e agências de crédito ou sistemas de pagamento inadequadas.
As PME, em particular, sofrem de problemas de dimensão, de falta de informação e de um sistema
financeiro com produtos desadequados às suas necessidades.
19
Inquéritos do Banco Mundial às empresas para o período 2006-2010.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
91
5.1.1. As Instituições Financeiras de Desenvolvimento
As IFD são uma categoria mista de entidades que contribuem para a APD que conjuga os interesses dos
países beneficiários da ajuda, com o interesse dos países doadores e das empresas em
internacionalizarem-se.
Estas entidades, não obstante atuarem como fundos de investimento de capital de risco estatal,
relacionam-se diretamente com empresas e têm um mandato dos estados que, regra geral, compõem o
seu capital, para, na avaliação dos projetos que lhes forem apresentados, avaliarem o impacto destes na
promoção e no desenvolvimento dos países beneficiários do investimento, que deverão ser países
beneficiários de APD.
O seu papel na cooperação para o desenvolvimento é investir em negócios sustentáveis e rentáveis nos
países em desenvolvimento. Os investimentos aprovados por estas entidades para o setor privado têm
um duplo objetivo, que é por um lado estimular o desenvolvimento dos países em desenvolvimento e, por
outro lado, contribuir para a sua viabilidade financeira através de projetos sustentáveis.
Os três segmentos do setor privado - grandes empresas, pequenas e médias empresas (PME), e
microempresas, têm diferentes graus de acesso ao financiamento. Regra geral, as grandes empresas
conseguem acesso aos grandes bancos.
Uma das dificuldades com que as PME se deparam resultam das ofertas disponibilizadas pelos bancos
comerciais serem muitas vezes incompatíveis com as suas necessidades. Por exemplo, empréstimos a
taxas de juro elevadas e por prazos curtos, falta de opções de financiamento de longo prazo e capital, em
particular.
Consequentemente, a falta de financiamento orientado para as PME é um forte constrangimento ao seu
crescimento e um dos objetivos principais das IFD que, alinhando com o objetivo de APD, apoiam e
incentivam a sua internacionalização.
As IFD estão na interface entre o setor público e o privado, com uma perspetiva e missão única que lhes
permite ter um papel central na dinamização dos projetos para os países em desenvolvimento, através de:
Fornecimento de produtos financeiros para empresas privadas que não têm acesso suficiente a
fontes privadas de capital.
Disponibilização de conhecimento especializado, através de assistência técnica, essencial para
investimentos efetivos e que permitam:
- Reforçar o desempenho do projeto e o impacto;
- Facilitar a privatização e a partilha de riscos adequada;
- Melhorar a eficácia da gestão ambiental, social e empresarial.
Diminuição do grau de risco do investimento em economias difíceis, facilitando meios de
financiamento adequados ou apoiando na procura de outros investidores.
Mitigação de riscos dos riscos sociais do país, relacionados com o risco de desvalorização do
câmbio da moeda, de quebra de contrato, de expropriação, ou outros eventos não comerciais que
ameaçam as operações da empresa.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
92
Mitigação dos riscos de projeto através de due diligence20
e da avaliação que as IFD fazem do
projeto, do investidor e da organização da empresa.
Avaliação e demonstração da viabilidade de soluções privadas em economias de difícil acesso;
Dinamização da rede de contactos de negócios “Networking”, ajudando as empresas a conhecer outras empresas, bancos, IFI e similares. As IFD trabalham em mercados em que o financiamento é escasso mas nos quais projetos devidamente estruturados podem ser rentáveis.
5.1.1. Instituições Financeiras Internacionais de Desenvolvimento
5.1.1.1. A IFC
A IFC é uma instituição que integra o Grupo do Banco Mundial e é a maior instituição de desenvolvimento
global orientada para o apoio ao setor privado nos países em desenvolvimento.
A IFC é uma instituição que conta na sua estrutura acionista com 184 estados soberanos, entre os quais,
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Financia projetos em mais de 100 países em desenvolvimento ajudando as empresas e instituições
financeiras em mercados emergentes a criar empregos, a gerar receitas tributárias, a melhorar a gestão
corporativa e o desempenho ambiental, além de contribuir para o desenvolvimento da economia das suas
comunidades locais.
A IFC presta serviços em três áreas que se complementam entre si:
i) Serviços de investimento – Através de um conjunto de produtos e serviços financeiros –
incluindo empréstimos, capital, financiamento do comércio, financiamento estruturado
destinados a promover o desenvolvimento nas economias emergentes e ajudar a reduzir a
pobreza;
ii) Serviços de consultoria – Assessoria técnica e estratégica, capacitação e formação;
iii) Gestão de ativos – Mobiliza e gere fundos de terceiros para investimento em mercados em
desenvolvimento e regionais.
20 Due diligence – procedimento de análise à informação da empresa com vista a identificar potenciais riscos / contingências para o investidor / entidade adquirente. Podem ser de natureza fiscal, legal, técnica, etc.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
93
Tabela 9 - Quadro dos principais instrumentos de financiamento e caraterísticas da IFC
Instrumentos de
financiamento Características
Empréstimos
Empréstimos de taxa fixa e variável;
Empréstimos em moeda local ou moeda nacional do mutuário;
Maturidade do vencimento até 12 anos (regra geral);
Períodos de carência e vencimento fixados de acordo com as necessidades;
Opera numa base comercial, investe em projetos com fins lucrativos e cobra taxas de
mercado;
As linhas de crédito são, regra geral, orientadas para PME e para setores específicos;
Empréstimos variam entre:
o Novos projetos: 25% do custo total do projeto ou 35% para projetos de valor
reduzido;
o Expansão de investimentos existentes: até 50% do custo do projeto, desde que
não ultrapasse 25% dos seus capitais próprios.
Variam entre US$ 1 milhão e US$ 100 milhões.
A IFC promove e lidera sindicatos de empréstimos, orientado para grandes investimentos,
dividindo entre os credores os mesmos direitos e obrigações (pro rata21
).
Financiamento de capital
Participações em empresas do setor privado e em outras entidades, tais como instituições
financeiras, carteira e fundos de investimentos;
Regra geral mantém investimentos de capital entre 8 a 15 anos;
Entra diretamente com capital ou via fundos de capital privado ficando com participações
minoritárias de valores que variam entre 5% a 20% do capital de um projeto;
Não assume um papel ativo na gestão da empresa;
Investe capital próprio e não aceita garantias governamentais.
Financiamento
estruturado
Garantia parcial de crédito (PCG) - é uma promessa de pagamento atempado do serviço
total da dívida até um valor pré-determinado. Normalmente, a soma que a IFC paga sob a
garantia cobre a dívida dos credores, independentemente do motivo da falta de pagamento.
O valor da garantia pode variar ao longo da vida da operação;
“Single asset risk share” – Semelhante ao anterior mas com intervenção de um credor que
garante o crédito;
“Portfolio Risk sharing Facilities - Permite que um cliente venda uma parte do risco
associado a um conjunto de ativos. Os ativos normalmente permanecem no balanço do
cliente e a transferência de risco decorre de uma garantia parcial emitida pelo IFC;
Securitizações - Estruturas de securitização são as mais adequadas para uma empresa que
procure obter financiamento mas é incapaz de obter o financiamento necessário para o
investimento desejado por causa do risco do seu passivo financeiro.
Produtos de gestão de
risco
Dispõe de produtos de cobertura de risco para clientes em mercados emergentes;
Permite às empresas do setor privado melhorar sua rentabilidade nos mercados
emergentes, ao disponibilizar produtos de cobertura de risco cambial, das taxas de juro ou
de exposição dos preços das commodities;
Preenche a lacuna de crédito entre os seus clientes e o mercado, disponibilizando-lhes o
acesso a crédito nos países em que, devido ao risco de crédito dos país, a banca comercial
não disponibiliza este tipo de produto;
Atua geralmente nos mercados emergentes como um intermediário entre o mercado e as
empresas privadas.
21
Pro rata - proporcionalmente
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
94
Instrumentos de
financiamento Características
Financiamento em
moeda nacional
Disponibiliza financiamento de dívida em moeda local através de três produtos:
Empréstimos da IFC em moeda local;
Swaps de gestão de risco, que permitem aos clientes cobrirem riscos de câmbio;
Operações de finanças estruturadas que permitem que os clientes recebam
empréstimos em moeda local a partir de outras fontes.
Fonte: International Finance Corporation, 2013
Qualificar um projeto para obter financiamento:
Há um conjunto de requisitos cumulativos que devem ser observados para que um projeto possa
qualificar-se para o financiamento da IFC, nomeadamente:
Localizar-se num país em desenvolvimento que seja membro da IFC;
Pertencer ao setor privado;
Ser financeiramente sólido;
Ter boas perspetivas de rentabilidade;
Beneficiar a economia local;
Ser ambiental e socialmente equilibrado, atendendo aos padrões sociais e ambientais da IFC,
bem como aos padrões do país anfitrião.
A IFC não concede empréstimos diretamente às micro, PMEs ou a empresários individuais. Com efeito,
muitos dos seus clientes de investimento são intermediários financeiros que concedem empréstimos a
empresas menores. A IFC pode conceder diretamente empréstimos a grandes empresas.
Na CPLP o IFC tem financiado projetos em 4 países: Angola, Brasil, Cabo Verde, e Moçambique. O país
que teve mais projetos aprovados e maior volume de financiamento entre 2012 e 2013 é o Brasil.
5.1.1.1.1. Programas específicos da IFC – O Global Trade Finance Program
A IFC tem vários programas de apoio, entre os quais se destacam o Global Trade Finance Program.
Global Trade Finance Program22
O Global Trade Finance Program (GTFP) é um programa da IFC, no montante de US$ 5 mil milhões, que
visa aumentar e complementar a capacidade dos bancos de disponibilizarem Trade Finance
(financiamento ao comércio) através da mitigação de riscos em novos mercados onde as linhas de crédito
podem ser limitadas.
22
Fonte: IFC
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
95
O GTFP disponibiliza aos bancos locais garantias parciais ou totais para cobertura do risco de pagamento
dos bancos sobre as transações comerciais com os mercados emergentes. Estas garantias destinam-se a
cobrir expressamente transações comerciais e aplicam-se a:
créditos documentários23
;
livranças e letras expressamente relacionadas com as trocas comerciais;
bid24
e performance bonds25
;
garantias de pagamento antecipado;
crédito de fornecedores para a importação de bens de investimento.
Estas garantias poderão ser prestadas relativamente a todas as transações comerciais do setor privado
que cumpram os requisitos de elegibilidade da IFC. Poderão ser disponibilizados incentivos de preços ou
serem aplicáveis prazos mais longos no caso de equipamentos e de projetos que tenham definido
claramente benefícios em termos de alterações climáticas nos termos da Climate Smart Trade initiatives
da IFC, ou que apoiem a sustentabilidade de cadeias de valor mundiais com Sustainable Shipment Letter
of Credit (iniciativa resultante de uma parceria entre a IFC e a Banking Environment Initiative26
.
Adicionalmente a IFC disponibiliza fundos aos bancos para exportações de curto prazo em pré-
financiamento.
O programa combina um alcance mundial com a máxima flexibilidade para apoiar negócios de
financiamento ao comércio:
através da disponibilização de soluções comerciais através de uma rede mundial de bancos
participantes;
cobrindo um grande número de grandes e pequenas transações em países de difícil acesso ao
crédito;
utilizando master agreements (acordos-quadro), que melhoram a capacidade de resposta;
através de uma unidade de financiamento ao comércio para responder às necessidades do
negócio;
disponibilizando um tarifário comercial sem comissão de reserva / autorização;
apoiando todas as transações comerciais do setor provado que cumpram os requisitos da IFC;
cobrindo até 100% do valor da transação;
disponibilizando prazos até 3 anos para apoiar a importação de bens de investimento.
Vantagens para os bancos
i) Para os bancos emitentes:
O GTFP apoia os bancos emitentes ao:
disponibilizar acesso à rede mundial de bancos confirmadores;
facilitar as transações através de linhas de crédito dedicadas;
promover o financiamento competitivo e serviços com maior capacidade de resposta;
reduzir as necessidades de garantias em dinheiro;
disponibilizar assistência técnica;
23
Crédito documentário – consiste no compromisso de pagamento pelo banco / instituição financeira contra a apresentação, pelo beneficiário, dos documentos exigidos (confirmação dos termos das cartas de crédito). 24
Bid bonds – “cauções de apresentação de propostas a concursos públicos e privados” (COSEC). 25
Performance bonds – “cauções de boa execução das obrigações contratuais” (COSEC). 26
Iniciativa através da qual um grupo de bancos trabalha com os seus clientes para canalizar capital para o desenvolvimento económico ambiental e socialmente sustentável, para desenvolverem uma nova solução de financiamento para expandir o comércio mundial de commodities de fonte sustentável, e para estimular o desenvolvimento de cadeias de abastecimento globais sustentáveis.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
96
disponibilizar a oportunidade de estabelecer uma relação com a IFC e com os bancos correspondentes.
ii) Para os bancos confirmadores:
Para os bancos confirmadores o GTFP:
aumenta a cobertura geográfica do financiamento às exportações;
disponibiliza cobertura de risco para transações comerciais complexas;
disponibiliza condições competitivas para clientes (exportadores) que façam negócios em
mercados emergentes;
estabelece relações entre bancos correspondentes e novas instituições, com risco baixo.
Pedido de financiamento e elementos essenciais para apresentação de projeto:
Não há um formulário padrão ou standard para o pedido de financiamento à IFC, como aliás é comum
entre as instituições financeiras para o desenvolvimento.
As propostas podem ser apresentadas aos departamentos setoriais/da indústria, nos departamentos
regionais, incluindo o escritório regional da IFC em Moçambique (em Maputo, que presta ainda apoio a
Angola), na sede da IFC em Washington, D.C., ou na representação regional do Banco Mundial mais
próxima ao local do projeto.
Identificar os elementos que serão solicitados com o pedido de financiamento, conhecer alguns exemplos
práticos dos investimentos aprovados e quais os fatores que contribuíram para essa aprovação são
fatores importantes para a construção do modelo de financiamento.
Os projetos financiados pela IFC são orientados para grandes empresas mas conhecer antecipadamente
onde os investimentos vão ocorrer e de que forma as PME poderão beneficiar desse investimento
constituem oportunidades a analisar.
No âmbito do pedido de financiamento à IFC deve ser entregue informação detalhada sobre o projeto, nos
seguintes termos:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
97
Breve apresentação do projeto
• Sumário executivo do projeto
Promotor do projeto (empresa), gestão e assistência técnica
• Histórico e atividades comerciais dos promotores, inclusive informação financeira;
• Gestão do projeto, nomes e currícula vitae dos gestores.
• Descrição técnica e de assistência (gestão, produção, marketing, finanças, etc.).
Estratégia de vendas
• Orientação básica de mercado: local, nacional, regional ou de exportação;
• Volumes de produção projetados, preços unitários, objetivos de venda e quota de mercado do projeto;
• Consumidores potenciais dos produtos e canais de distribuição a serem usados;
• Fontes atuais de fornecimento de produtos;
• Futura concorrência e possibilidade de que o mercado esteja satisfeito com produtos substitutos;
• Proteção tarifária ou restrições a importações que afetem os produtos;
• Fatores críticos que determinam o potencial do mercado.
Viabilidade técnica, força de trabalho, recursos de matéria-prima e meio ambiente.
• Breve descrição do processo de fabricação;
• Comentários sobre complexidades técnicas especiais e necessidade de know-how e aptidões especiais.
• Possíveis fornecedores de equipamento;.
• Disponibilidade de mão-de-obra e de instalações de infra-estruturas (transporte e comunicações, energia, água, etc.);
• Discriminação dos custos operacionais do projeto em categorias principais de despesas;
• Fonte, custo e qualidade do fornecimento de matéria-prima e relações com as indústrias de apoio;
• Restrições às importações sobre as matérias-primas requeridas;
• Quando aplicável, local proposto para a fábrica com relação dos fornecedores, mercados, infra-estrutura e mão-de-obra;
• Quando aplicável, área proposta para a fábrica em comparação com as de outras fábricas conhecidas;
• Questões ambientais potenciais e como são abordadas.
Requisitos de investimento, financiamento de projetos e retornos
• Estimativa do custo total do projeto, discriminado por terreno, construção, equipamento básico e ativo circulante, indicando o componente de financiamento em moeda local e em moeda internacional;
• Demonstrações financeiras pro-forma, informação sobre lucratividade e retorno do investimento;
• Fatores críticos que determinam a rentabilidade.
Apoio governamental
• O projeto no contexto do programa governamental de desenvolvimento e investimento económico;
• Incentivos governamentais específicos e apoios disponíveis para o projeto;
• Contribuição prevista do projeto para o desenvolvimento económico;
• Descrição das regulamentações governamentais sobre controlos de câmbio e condições de entrada e repatriação de capital.
Cronograma para a preparação e conclusão do projeto
Gráfico 15 Guia para solicitar financiamento junto do IFC.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
98
Exemplos de financiamentos da IFC a projetos na CPLP:
Angola - Secil
O IFC anunciou em 2008 a disponibilização de um
empréstimo de US$ 30 milhões à Secil para a construção
de uma fábrica de cimento no Lobito.
O custo total estimado do projecto foi de US$ 130
milhões e o montante e natureza do financiamento
disponibilizado pelo IFC consistiu num empréstimo com
uma maturidade a 10 anos.
Dos elementos tornados públicos de que determinaram a
aprovação do financiamento destacamos:
- Contribuição para a melhoria do ambiente económico:
“Produtos de cimento de alta qualidade para a
comunidade local que vão ajudar a sustentar a indústria
da construção civil local, desenvolver empreendimentos
comerciais , aumentar a oferta de habitação e acelerar o
processo de reconstrução e rejuvenescimento da região.
Isso permitirá ao Lobito tirar maior proveito de algumas
das suas vantagens naturais como um hub potencial
comercial na região sul de Angola.”
- Criação de emprego:
“O projeto vai criar novos postos de trabalho, direta e
indiretamente, por meio da criação de 130 novos postos
de trabalho e a criação de novas oportunidades de
emprego indireto (principalmente em transporte e outras
indústrias relacionadas). As oportunidades de emprego
direto vão criar uma força de trabalho especializada.”
- Melhoria da prevenção de incêndios:
“A adesão às políticas de prevenção de incêndios do IFC
vai permitir melhorar as práticas do grupo e,
consequentemente, melhorar a segurança para os
trabalhadores da fábrica, e por efeito de arrastamento,
para outros projetos de desenvolvimento em larga escala
em Angola.”
Fonte: IFC, Summary of Proposed Investment, Angola, 2008
Moçambique – P&O Maritime
O IFC anunciou em 2013 a disponibilização de um
financiamento de US$ 5,75 milhões para a aquisição de
quatro navios recém-construídos, 2 rebocadores, um
barco-piloto e um barco-amarração para P&O Maritime
FZE, Emirados Árabes Unidos.
O custo do projeto está estimado em US$ 18,3 milhões.
O empréstimo será garantido pelo P&O Maputo.
Os novos navios serão implantados no Porto de Maputo
onde a P&O celebrou um contrato de 10 anos com a
Companhia de Desenvolvimento do Porto de Maputo
(CDPM) para fornecer serviços marítimos em regime de
exclusividade.
Dos elementos tornados públicos de que determinaram a
aprovação do financiamento destacamos:
“Apoiar o desenvolvimento das operações do Porto de
Maputo, com a aquisição de novos ativos e formação
adequada.”
“Aumentar o apoio em termos de eficiência num
importante porto de tráfego congestionado para
Moçambique, Botswana, Zimbabwe, Suazilândia e África
do Sul.”
“Ajudar a P&O Maritime desenvolver as suas operações
em Moçambique usando a alavancagem razoável.”
“Incentivar o investimento privado em Moçambique.”
A IFC estima que o projeto tenha os seguintes impactos
externos:
“Promover a participação de investimentos de uma base
mais ampla de credores comerciais
- Orientar a P&O na implementação local de uma política
ambiental e social adequada.
Fonte: IFC, Summary of Proposed Investment, Moçambique, 2013
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
99
Brasil - Minerva
Aprovado em 2013, o projeto de financiamento para a
Minerva SA (Minerva), a terceira maior transformadora de
carne no Brasil e apoiará a implementação de um
programa de expansão regional.
O objetivo é apoiar o plano de investimento para os
próximos quatro anos, para:
(i) Ampliar o processamento e operações de abate
na América do Sul, mais especificamente no
Brasil, Uruguai e Paraguai;
(ii) Potencialmente construir uma fábrica de abate,
na Colômbia;
(iii) Construção, aquisição e / ou arrendamento de
seis centros de distribuição em todo o Brasil;
(iv) Ampliação da capacidade de processamento da
Minerva Dawn Farms fábrica do Brasil.
Para apoiar a implementação do programa de
investimentos, o IFC disponibilizou financiamento até
US$ 85 milhões dólares, sob a forma de empréstimo
(US$ 60 milhões) e de capital em ações (US$ 25
milhões).
Dos elementos públicos de avaliação do projeto do IFC,
os critérios de desenvolvimento económico que
determinaram a aprovação do financiamento foram:
“i ) E & S Padrões: O projeto apoiará a implementação de
um plano de ação ambiental e social para enfrentar os
impactos ambientais da indústria do gado no Brasil,
Colômbia, Paraguai.”
“ii ) Os produtores de gado ( fazendeiros ):Prevê
aumentar a sua base de fornecimento através de
fazendeiros em cerca de 30%.”
“( iii ) Emprego : A expansão criará importantes
oportunidades de emprego que se estima irão ultrapassar
4.000 novos postos de trabalho no total, especialmente
nas áreas rurais, que necessitam de oportunidades
económicas não-agrícolas .”
“( iv ) Sul-Sul Investimento: O Projeto também apoiará a
expansão Sul-Sul de uma das empresas mais eficientes
do setor e apoiará a melhoria do ambiente institucional na
Colômbia e no Paraguai.”
Brasil – Sul América SA
Aprovado em 2013, o objetivo do projeto é:
( i) Apoiar a Sul América SA, durante um importante
período de transição para o setor de seguros no Brasil;
( ii ) Apoiar o desinvestimento programado do
Internationale Netherlanden Groep (ING) da participação
acionista direta realizada por sua subsidiária ING
Insurance International BV .
O investimento do IFC consiste num investimento de
capital de aproximadamente US$ 197 milhões através da
compra de unidades do ING , o que representa
aproximadamente 7,9 % do capital social total em
circulação da Companhia.
Dos elementos públicos de avaliação do projeto do IFC,
os critérios de desenvolvimento económico que
determinaram a aprovação do financiamento foram:
“i) Inclusão financeira : Há uma necessidade significativa
no Brasil de seguros de saúde. Com uma penetração de
25% do total da população, juntamente com as atuais
tendências demográficas, o país precisa de aumentar o
acesso aos seguros de saúde a curto e médio prazo.
Esta situação é particularmente premente nas regiões
menos desenvolvidas do país , como o Norte e Nordeste,
onde os níveis de penetração são 50% dos que estão no
sul do país . A Companhia tem vindo a aumentar a
disponibilização de seguros aos indivíduos através das
PME, o segmento de mais rápido crescimento no seu
negócio de seguro de saúde. O plano de Sul América
para fazer crescer o seu negócio de saúde e
odontológico deverá contribuir para resolver a falta de
seguros de saúde no Brasil e, consequentemente,
contribuindo positivamente para o desenvolvimento do
país.”
“ii ) Melhoria do setor de seguros”. Neste contexto, o
plano de crescimento da empresa prevê um aumento dos
seus prémios de seguros de saúde em cerca de 13% ao
longo dos próximos cinco anos, que “contribuirá para a
evolução adequada do setor e a apoiar os esforços do
governo em enfrentar esses desafios.”
“iii ) Melhorar as práticas de mercado : A Companhia
pretende melhorar ainda mais o seu processo de
tratamento de reclamações”
Fonte: IFC, Summary of Proposed Investment, Brazil, 2013 Fonte: IFC, Summary of Proposed Investment, Brazil, 2013
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
100
5.1.1.1. MIGA – Multilateral Investment Guarantee Agency
Tal como referido anteriormente, a MIGA é uma entidade membro do Grupo Banco Mundial cuja missão é
promover o IDE nos países em desenvolvimento, de modo a apoiar o crescimento económico, reduzir a
pobreza e melhorar a vida das populações. A MIGA cumpre esta missão disponibilizando um seguro de
risco político (garantias) aos investidores e credores.
Os projetos apoiados pelas garantias da MIGA criam empregos; fornecem água, eletricidade e outras
infraestruturas básicas; fortalecem sistemas financeiros; geram receitas tributárias; transferem
competências e know-how tecnológico e ajudam os países a aproveitar os seus recursos naturais de
forma ambientalmente sustentável.
Em consonância com o objetivo da MIGA de promover o crescimento económico e o desenvolvimento, os projetos apoiados devem ser financeira e economicamente viáveis, ambientalmente seguros e coerentes com os padrões de trabalho e objetivos de desenvolvimento do país. Estratégia
A estratégia operacional da MIGA passa por atrair investidores e seguradoras do setor privado para
ambientes operacionais difíceis. O foco da MIGA consiste em segurar investimentos nos países menos
desenvolvidos ou com maiores dificuldades económicas, nomeadamente:
Países que se qualificaram para receberem assistência do Fundo do Banco Mundial para os Mais
Pobres (IDA);
Ambientes afetados por conflitos;
Negócios complexos em infraestruturas e indústrias extrativas, especialmente aqueles que
preveem o financiamento de projetos;
Investimentos Sul-Sul (investimentos entre países em desenvolvimento).
Produtos
A MIGA pode prestar garantias de seguro de risco político para os investidores e os credores do setor
privado. As garantias prestadas protegem os investimentos contra riscos não-comerciais e podem facilitar
o acesso dos investidores a fontes de financiamento com melhores condições.
Desde a sua criação em 1988, a MIGA disponibilizou mais de US$ 28 mil milhões em seguros de risco
político para projetos numa ampla variedade de setores, abrangendo todas as regiões do mundo.
A MIGA disponibiliza seguros a projetos contra perdas relacionadas com:
Inconversibilidade da moeda e restrição de transferências;
Expropriação;
Guerra e distúrbios civis, incluindo terrorismo;
Violação de contrato;
Não pagamento/incumprimento de obrigações financeiras soberanas.
A MIGA disponibiliza seguros para IDE efetuado por investidores provenientes de um país membro da
MIGA para um país em desenvolvimento.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
101
Os seguros da MIGA podem cobrir investimentos de capital, empréstimos de acionistas e garantias de
empréstimos de acionistas, desde que tais empréstimos tenham vencimento mínimo superior a um ano.
Empréstimos concedidas a entidades externas (não sócios) podem também ser cobertos, desde que se
relacionem com um investimento ou projeto específicos nos quais esteja presente alguma outra forma de
investimento direto. Outras formas de investimento, tais como assistência técnica e contratos de gestão,
securitização de ativos, emissão de títulos nos mercados de capital, leasing, serviços e acordos de
franquia e licenciamento podem também qualificar-se para cobertura.
Apoio a PME27
A MIGA tem um programa específico para as PME designado por “Programa de Pequenos Investimentos”
(SIP) que se destina a apoiar o investimento em projetos relativamente pequenos que possam ter um
grande impacto sobre o crescimento e desenvolvimento. No caso de investimentos inferiores a US$ 10
milhões, o SIP oferece um pacote padrão de coberturas de riscos que inclui inconversibilidade da moeda
e restrição de transferências, expropriação, guerra e distúrbios civis.
Os investimentos qualificam para a cobertura nos termos do SIP se estiverem relacionados com o
estabelecimento de uma PME ou se forem feitos a uma PME existente num país-membro em
desenvolvimento. Para qualificar-se como PME, a empresa do projeto deve verificar os seguintes critérios:
Ter no máximo 300 empregados.
Dispor de ativos totais em montante inferior a US$ 15 milhões.
Ter um total anual de vendas inferior a US$ 15 milhões.
O Programa de Pequenos Investimentos disponibiliza:
Cobertura não superior a US$ 10 milhões (o investimento pode ser superior);
Pacote de garantia cobrindo restrições à transferência de capitais, expropriação e ocorrências de
guerra, terrorismo e distúrbio civil.
Isenção de taxa de avaliação;
Processo simplificado de aprovação.
Características dos seguros emitidos pela MIGA
Solução de disputas — Os países membros da MIGA também são seus acionistas, pelo que a
MIGA fica numa posição central para apoiar na resolução de disputas.
Seguro de boa cobrança de crédito a exportadores;
Acesso a fundos — As garantias prestadas ajudam os investidores a obter financiamento de
bancos em condições favoráveis para os seus projetos e ajudam os fundos de investimentos a
obter capital de risco.
Prazos longos — A MIGA pode fornecer cobertura de seguros até 15 anos e, em alguns casos, a
20 anos.
27
Fonte: Guia para garantia de investimentos, Multilateral Investment Guarantee Agency World Bank Group, 2012
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
102
Redução de custos dos empréstimos — Os empréstimos garantidos pela MIGA podem ajudar a
reduzir as exigências legais de constituição de provisões pelos bancos, levando assim a diminuir
os custos de empréstimos.
Melhoria das transações de mercados de capital — As garantias da MIGA melhoram as
classificações de crédito para a emissão de títulos mobiliários, permitindo atrair um conjunto mais
amplo de potenciais investidores.
Mobilização da capacidade de resseguro — A MIGA pode disponibilizar apoio de garantia para
projetos de qualquer dimensão.
Angola – Hidroelétrica de Cambambe
Em 28 de junho de 2013 a MIGA emitiu uma garantia de
US$ 511,8 milhões para o HSBC Bank Plc sobre um
empréstimo não acionista para o Ministério das Finanças
de Angola para a expansão da fábrica hidroelétrica de
Cambambe. A cobertura é para um período de 13 anos
contra o risco de não honrar compromissos financeiros
soberanos.
O projeto envolve a construção de uma segunda fábrica
com quatro turbinas geradoras adicionais, com uma
capacidade adicional total de 700 megawatts .
O projeto faz parte de um programa de reabilitação da
capacidade elétrica do país realizado pelo governo de
Angola, em que a capacidade de geração do país deverá
aumentar de cerca de 1.500 megawatts para mais de 5.000
megawatts.
Depois de décadas de falta de investimento no setor de
energia, Angola sofre de escassez crónica de energia
elétrica que impede o desenvolvimento económico do país.
Um documento recente de política do governo "Política e
Estratégia Nacional de Segurança Energética" estima que
apenas 30 por cento da população tenha acesso à rede de
distribuição de energia.
Reconstruir e melhorar a infraestrutura energética é um dos
pilares da estratégia do Banco Mundial para o
desenvolvimento de Angola. O projeto também está
alinhado com as prioridades estratégicas da MIGA de
apoiar investimentos em projetos de infraestruturas
complexos, em países afetados por conflitos.
Fonte: MIGA Projects, Cambambe Hydroelectric Project-Phase II, 2013
Moçambique – Comzatel Mozambique
A MIGA apoiou um investimento de € 9.500.000 (cerca de
12,4 milhões dólares americanos) à Comzatel International
GmbH da Alemanha, na Comzatel Mozambique. O
investidor pediu uma garantia da MIGA no valor do
investimento por um período de até cinco anos contra os
riscos de restrição de transferência de capitais,
expropriação, guerra e perturbação da ordem pública.
Comzatel Mozambique é um pequeno fornecedor de
serviços de internet, prestação de serviços de internet e
dados para empresas e indivíduos. O aumento do
investimento de capital da Comzatel International GmbH irá
permitir expandir a rede existente, aumentando a sua
distribuição geográfica, melhorando sua densidade, e a
aquisição de novas tecnologias.
O projeto deverá ampliar as informações de Moçambique,
comunicações e telecomunicações, fornecendo serviços de
internet de banda larga na maioria das regiões do país. O
fornecimento de ligação de alta velocidade e o aumento da
concorrência no setor já está resultando em tarifas mais
baixas de internet, maior confiabilidade e melhor serviço.
Além disso, o investimento em novas tecnologias, como
WiMAX, também vai criar um efeito de imitação para outros
operadores levando-os a investir em nova capacidade,
permitindo um melhor conhecimento e as capacidades e
aumento da produtividade do setor privado. Está também
alinhado com a Estratégia de Parceria do Grupo Banco
Mundial para Moçambique, que assinala uma necessidade
para o desenvolvimento do mercado de internet do país.
Ele também está alinhado com a prioridade de apoiar
investimentos em países elegíveis para empréstimos
concessionais da Associação Internacional de
Desenvolvimento da MIGA.
Fonte: MIGA Projects, Comzatel Mozambique, 2013
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
103
5.1.2. Instituições Financeiras Europeias para o Desenvolvimento
Na UE os apoios às empresas que pretendam internacionalizar-se para mercados onde os projetos
possam ter impacto económico e ser classificados como APD podem ser concedidos através de
instituições financeiras bilaterais designadas por Instituições Financeiras de Desenvolvimento
(Develoment Finance Institutions).
Regra geral, estas são financiadas parcialmente pelos respetivos governos e pela UE, que procuram
apoiar projetos de internacionalização de empresas que
promovam a economia dos países em desenvolvimento, que
reduzam a pobreza e que contribuam para o cumprimento dos
ODM.
São objetivos gerais das IFD investir em projetos sustentáveis
do setor privado, por forma a maximizar os impactos sobre o
desenvolvimento dos países beneficiários, contribuindo para a
sua viabilidade financeira a longo prazo e mobilizar o capital
do setor privado.
Muitas IFD são participadas apenas pelo setor público, como
por exemplo sucede com a CDC, DEG (Deutsche Investitions-
und Entwicklungsgesellschaft mbH (KfW - Group), Sweden’s
Swedfund, Norway’s Norfund, the US Overseas Private
Investment Corporation (OPIC).
Outras entidades têm uma estrutura societária mista (pública e
privada) como a France’s Promotion and Participation for
Economic Cooperation (PROPARCO), the Netherlands
Development Finance Company (FMO), the Spanish
Development Finance Company (COFIDES) and the Italian
Financial Institution for Companies Abroad (SIMEST).
O Swiss Investment Fund for Emerging Markets (SIFEM) é
privado.
As IFD disponibilizam financiamentos (empréstimos,
garantias, investimentos de capital) para o setor público (maior parte das instituições financeiras
multilaterais de desenvolvimento, como os bancos multilaterais de desenvolvimento, como seja o Banco
Africano de Desenvolvimento) ou para o setor privado (por exemplo, IFC; CDC e DEG).
O facto de os estados participarem no capital social das IFDs e garantirem o pagamento da dívida no caso
destas não cumprirem com os seus compromissos permite – regra geral - uma capacidade de liquidez
adicional quando comparado com os instrumentos tradicionais de APDs.
Muitas IFD têm um rating de crédito igual ao do país que detém a maioria do capital o que permite captar
com maior facilidade fundos no mercado de capitais a taxas mais competitivas do que o setor financeiro
comercial28
.
As 15 instituições financeiras bilaterais europeias atualmente existentes estão associadas numa entidade
designada por European Development Finance Institutions – EDFI.
28
A título exemplificativo, a PROPARCO - Agence Française de Developpement (AFD) foi avaliada em AA+ pela Standard &Poor’s que, no relatório de dezembro de 2012, descreve: “Os ratings da AFD são equiparados aos ratings de crédito soberano não solicitadas à República Francesa (notações não solicitadas, AA + / Negative/A-1 +), refletindo a opinião da Standard & Poor’s de que existe uma "quase certa probabilidade "de que o governo francês irá fornecer apoio extraordinário oportuno e suficiente para AFD em caso de dificuldades financeiras).”. http://www.afd.fr/webdav/shared/ELEMENTS_COMMUNS/AFD/Finances/AFD-standard-poors-dec-2012.pdf
As IFD dinamizam regras comuns em áreas
específicas e valorizam propostas que as
identifiquem, quando aplicável. Assim, promovem
standards:
Ambientais e sociais;
Governação corporativa;
Saúde e segurança;
Responsabilidade social corporativa;
Integridade nos negócios;
Centros financeiros offshore;
Trabalho e direitos humanos;
Empréstimos hipotecários;
Transparência;
Turismo;
International Financial Reporting Standards;
Private equity internacional e diretrizes de
valorização de capital de risco;
Listas de exclusão de investimento (por
exemplo, álcool, tabaco, armas e substâncias
perigosas).
Fonte: Relatório “International Finance Institutions and Development Through the Private Sector”, IFC, 2011
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
104
Geograficamente, as IFD europeias investem principalmente em países que estão classificados como
países em desenvolvimento no âmbito da CAD da OCDE, dando prioridade a investimentos em países
menos desenvolvidos, muitas vezes considerados de alto risco.
Face à multiplicidade de entidades, um dos primeiros problemas com que as empresas que se pretendem
internacionalizar são confrontadas é a dificuldade em identificar as principais entidades com projetos nos
países beneficiários. Neste caso, identificar as principais entidades com projetos efetivos nos países da
CPLP, compreender os próximos projetos que estas irão desenvolver, as modalidades de apoio de que
dispõem e as regras dos procedimentos de aquisição representa uma acréscimo de competitividade que
poderá resultar em mais trabalhos neste mercado.
Portugal, como adiante se identifica, é membro de um conjunto de entidades com projetos nos países da
CPLP, mas limitar a nossa análise a estas entidades seria redutor na medida em que outras entidades
permitem que empresas portuguesas, e em vários casos que empresas do espaço CPLP, sejam elegíveis
para efeitos de apresentação de propostas.
A estas entidades acresce um conjunto de entidades financeiras e organismos que, apesar de não terem
ligação a Portugal, ainda assim, as empresas podem apresentar propostas a estas entidades ou
beneficiar das condições financeiras que apoiam a sua internacionalização.
5.1.3. As EDFI - European Development Finance Institutions
A European Development Finance Institutions (EDFI) é a associação que reúne as 15 Instituições
Financeiras de Desenvolvimento Europeias, que no final do ano de 2012, em conjunto, detinham um
portfolio de 4.705 projetos num total de cerca de € 26 mil milhões, sendo que só no ano de 2012 foram
aprovados € 4,7 mil milhões em 714 novos projetos29
.
Fonte: Relatório Anual EDFI 2012
A principal contribuição das IFD para os países em desenvolvimento é realizada através do financiamento
para segmentos do setor privado desses países que não têm instrumentos próprios.
29
De acordo com o Relatório Anual EDFI 2012, acessível: http://www.edfi.be/component/downloads/downloads/92.html
51% 46%
3%
Modalidades de financiamento EDFI - 2012
Participações de capital e equiparáveis
Empréstimos
Subvenções
Gráfico 19 – Percentagem dos projetos (valor) por modalidade de financiamento e setores de atividade
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Setores de atividade
Financeiro
Infraestruturas
Indústria
Agroindústria
Outros
Modalidades de financiamento EDFI -
2012
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
105
Atenta a crescente experiência de cada uma das IFD, os seus investimentos têm tido como alvo setores
com um elevado impacto de desenvolvimento, seja através de intermediários financeiros e fundos de
private equity, seja através da prestação de garantias ou assistência técnica. As IFD têm apoiado as
pequenas, médias e microempresas.
As EDFI podem atuar sozinhas ou em cofinanciamento com outras IFD, permitindo uma partilha de risco e de experiência, conferindo a um projeto maior credibilidade e alavancando recursos financeiros adicionais.
Os projetos de investimento na área das infraestruturas, da indústria e da agroindústria são aqueles que, potencialmente terão uma maior recetividade por parte das IFD. Da segregação dos dois setores mais relevantes poder-se-á ficar com uma maior perceção da elegibilidade de um projeto junto destas entidades.
Fonte: Relatório Anual EDFI 2012
Como se pode verificar, o financiamento das EDFI no ano de 2012 ao subsetor das infraestruturas
destinou-se maioritariamente a projetos na área da energia, estradas, portos e aeroportos e
telecomunicações.
Para melhor compreendermos quais EDFI é que poderão disponibilizar instrumentos financeiros para as
empresas portuguesas, os instrumentos de financiamento, as principais modalidades de financiamento e
os países da CPLP onde operam, procedeu-se a um levantamento das respetivas características, o que
constitui um roteiro de oportunidades de financiamento.
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13%
12%
4%
3% 2%
5%
Financiamento ao subsetor das infraestruturas
Energia
Estradas, Portos eAeroportos
Telecomunicações
Hotéis
Água
Extração de minérios
Outros
Gráfico 20 – Percentagem do financiamento ao subsetor das infraestruturas
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
106
Tabela 10 - Características das IFD e roteiro de oportunidades de financiamento
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Fonte: Relatório e contas de 2012 das respetivas IFD e relatório EDFIs de 2013
De modo a que as empresas portuguesas compreendam os setores e os mecanismos financeiros que se
encontram à sua disposição ir-se-á de seguida proceder à respetiva caracterização de cada uma das
Instituições Financeiras de Desenvolvimento que fazem parte da EDFI e que admitem a sua elegibilidade
para obtenção de financiamento.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
109
5.1.3.1. SOFID30
Caracterização
A SOFID é a IFD portuguesa e tem como objetivo contribuir para o crescimento económico de países
emergentes e em vias de desenvolvimento, articulando com os objetivos e a estratégia do Estado
português em matéria de economia, cooperação e APD.
A missão da SOFID é promover o investimento e apoiar o investimento das empresas portuguesas nos
países em desenvolvimento, com especial foco nos países de língua oficial portuguesa, beneficiários de
APD, seja através de investimento individual de uma empresa, ou através de parcerias com investidores
locais.
A SOFID é uma sociedade de responsabilidade limitada, detida maioritariamente pelo Estado português
(59,99%). Os restantes acionistas são os quatro principais bancos portugueses: Banco Espírito Santo,
Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos e MillenniumBCP, que detêm 10% cada um e a ELO - Associação
Portuguesa de para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação que detém 0,01%.
Estratégia
A função da SOFID é disponibilizar às empresas um conjunto alargado de produtos financeiros para
promover investimentos e negócios em países em desenvolvimento e contribuir para o desenvolvimento
sustentável desses países. A SOFID está mandatada para concentrar a sua atividade nos países de
língua oficial portuguesa beneficiários de APD, assim temos Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e S. Tomé e Príncipe, mas também a Argélia, Marrocos e Tunísia e ainda, o Brasil, a China,
a Índia, Timor-Leste e a África do Sul.
A SOFID investe em projetos estruturados, com capitais próprios adequados e que sejam promovidos por
empresas experientes nas suas áreas, com solidez para dar o passo que representa a
internacionalização.
Mecanismos de financiamento
A SOFID disponibiliza:
Empréstimos;
Participações de Capital;
Garantias Bancárias;
Acesso ao Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique (InvestimoZ);
Acesso EU/Africa Infrastructure Trust Fund (ITF);
O ITF tem por objetivo captar e mobilizar recursos financeiros e competências técnicas para
apoiar o investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países da
África Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP;
Acesso Neighbourhood Investment Facility (NIF);
Acesso Latin America Investment Facility (LAIF);
30
Fonte: Informação disponibilizada pela SOFID diretamente e através de informação pública, consultada a 1 de outubro de 2013. Nota: As referências a esta entidade devem lidas como SOFID ou como futuro banco de fomento.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
110
A LAIF é um instrumento criado pela Comissão Europeia que visa mobilizar financiamentos
adicionais para apoiar investimentos na América Latina.
A SOFID apresenta condições de financiamento específicas de apoio a projetos de internacionalização de
empresas portuguesas orientadas para os PALOP, nomeadamente:
Montante mínimo por promotor do projeto de investimento de € 250 mil e máximo de € 2,5 milhões
(com possibilidade de vir a ser alargado no futuro caso haja aumento de capital da SOFID);
Prazo: até 10 anos;
Carência: até 3 anos;
Reembolso: em prestações trimestrais, semestrais ou anuais;
Taxa de Juro: variável indexada à Euribor, de acordo com o preçário da SOFID aplicável à data,
podendo ocorrer eventuais bonificações associadas à mobilização de fundos nacionais ou
internacionais disponíveis para ajuda ao desenvolvimento, como sejam o ITF, o NIF e o LAIF;
Moeda: Euro, com possibilidade de outras divisas com curso internacional;
Garantias dos promotores: garantia internacional ou local, receitas do projeto, hipoteca ou penhor
sobre ativos do projeto, garantias pessoais ou outras cauções;
Utilização: total ou por tranches (em função da natureza do projeto e sua evolução);
Comissões de acordo com o preçário em vigor.
Além do financiamento, a SOFID facilita a concessão de garantias bancárias:
Garantias bancárias que substituam crédito ou garantias bancárias financeiras: operações pelas
quais a SOFID se constitui garante para com terceiros da execução de obrigações assumidas
pelos seus clientes, permitindo a substituição uma obrigação monetária e partilhando o risco com
outros bancos;
Segmento alvo: empresas;
Montante garantido: até um máximo de € 2,5 milhões;
Prazo: até 10 anos;
Comissão de garantia: variável, de acordo com
o preçário da SOFID em vigor à data, liquidada e paga
antecipadamente ao trimestre ou à fração;
Contra garantias: garantias reais ou pessoais e outras.
5.1.3.1.1. Outros mecanismos de financiamento da SOFID:
Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique (InvestimoZ)
O InvestimoZ é um fundo de capital de risco que tem por objetivo participar no financiamento de projetos
de investimento de iniciativa pública ou privada em Moçambique, a efetuar através de empresas
portuguesas ou de parcerias com empresas locais.
A Frulact South Africa é uma empresa
de direito sul-africano, detida pelo
Grupo português Frulact e por um
parceiro local, cuja atividade principal
é a produção e comercialização de
preparados de fruta.
A SOFID apoiou este projeto através
do financiamento de € 2 milhões à
empresa portuguesa, tendo em vista a
realização de suprimentos na sua
participada sul-africana.
SOFID, Atividade, África do Sul
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
111
O InvestimoZ privilegia setores económicos estruturais, como a energia, o ambiente, as infraestruturas e o
turismo. Consideram-se elegíveis a participação no seu capital pelo fundo as sociedades que tenham
sede em Moçambique e reúnam cumulativamente as seguintes condições:
i. Participação de capitais portugueses superior a 33%, incluindo para esse efeito os capitais
disponibilizados pelo Fundo;
ii. Participação de capitais portugueses e moçambicanos que no conjunto representem percentagem
superior ou igual a 51%.
UE-Africa Infrastructure Trust Fund /Fundo Fiduciário UE-África para as Infraestruturas (ITF)
O ITF, fundo gerido pelo BEI e financiado pela Comissão Europeia e pelas EDFI, detinha, a 30 de
setembro de 2013, um montante de € 764 milhões afeto a projetos.
O ITF tem por objetivo captar e mobilizar recursos financeiros e competências técnicas para apoiar o
investimento em infraestruturas transfronteiriças com impacto regional, em 47 países da África
Subsariana, neles se incluindo todos os PALOP, contribuindo assim para reduzir a pobreza e alargar o
acesso aos serviços de transportes e comunicações, água e energia.
Ou seja, a condição base para as empresas poderem beneficiar deste fundo é o projeto de infraestruturas
que irão desenvolver ter impacto regional.
O ITF combina subvenções da Comissão Europeia e dos EM doadores, com empréstimos de longo prazo
concedidos por instituições financeiras.
O apoio prestado pelo ITF pode consistir em:
Bonificações de juros de empréstimos para projetos a médio/longo prazo;
Assistência técnica, incluindo estudos de viabilidade e reforço das capacidades no âmbito dos
projetos;
Subvenções de investimento/subvenções diretas para reduzir os custos globais de investimento
ou para financiar a componente social ou ambiental de um projeto;
Instrumentos Financeiros, prémios de seguro e instrumentos de partilha de riscos.
Na estrutura de gestão do ITF existe um organismo que centraliza a análise e avaliação dos projetos,
verifica a sua elegibilidade e apresenta os pedidos de apoio aos órgãos de decisão, o Project Financiers
Group (PGF).
Por designação do Estado português, a SOFID integra o PGF e, nessa qualidade, funciona em Portugal
como entidade intermediária dos promotores de projetos, transferindo para estes as condições do Fundo.
The Neighbourhood Investment Facility/Facilidade de Investimento para a Vizinhança (NIF)
A NIF é um mecanismo financeiro da Comissão Europeia, que visa mobilizar fundos adicionais de apoio a
projetos de infraestruturas nas regiões vizinhas da UE, tanto a sul (países do Magrebe) como a leste
(região dos Balcãs).
A NIF é gerida pelo BEI e promove a combinação entre empréstimos a serem concedidos por instituições
financeiras europeias e doações concedidas pela UE, bem como contribuições diretas dos EM, de forma a
gerar um efeito de alavanca.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
112
Por decisão do Estado português, a SOFID integra o Financiers Group, sendo a instituição financeira
intermediária elegível em Portugal para apresentar projetos de promotores portugueses aos órgãos de
decisão da Facilidade.
Latin America Investment Facility/Facilidade de Investimento para a América Latina (LAIF)
A LAIF é um instrumento criado pela Comissão Europeia que visa mobilizar financiamentos adicionais
para apoiar investimentos na América Latina, incluindo Brasil, nos setores das infraestruturas, no domínio
da energia e dos transportes, incluindo eficiência energética, sistemas de energia renovável,
sustentabilidade dos meios de transporte e redes de comunicação.
As contribuições do LAIF podem ser realizadas de várias formas, através de doações, de subsídios para o
custo de garantias, subsídios de taxas de juro, assistência técnica e operações de capital de risco.
A SOFID atua como veículo intermediário de apresentação de projetos de promotores portugueses.
As contribuições do LAIF podem assumir as formas de subsídios a taxas de juro, subsídios para o custo
de garantias e subsídios para assistência técnica.
5.1.3.2. PROPARCO
Caracterização
PROPARCO é uma instituição financeira de desenvolvimento, detida em conjunto pela Agence Française
de Développement (AFD) e a sua estrutura acionista é detida em cerca de 58% por entidades públicas, e
o restante capital por acionistas privados.
É uma entidade financeira que faz parte do grupo AFD do qual fazem parte outras entidades além da
AFD, como o Centro de Estudos Económicos, Financeiros e Bancários - CEFEB, o Fundo Francês para o
Ambiente Global – FFEM e outros Bancos associados.
A PROPARCO além da sua sede dispõe de 13 escritórios regionais, sendo o escritório de Joanesburgo,
na África do Sul responsável pela coordenação da análise dos investimentos em Angola e Moçambique.
A PROPARCO dispõe de acordos de colaboração com outras Instituições, como a DEG (IFD Alemã), a
FMO (IFD Holandesa) e a FrontierMarkets (EAIF), tendo acesso a fundos europeus de apoio ao
desenvolvimento como o European Financing Partner (instrumento de apoio financeiro orientado para os
países ACP) ou o Interact Climate Change Facility (instrumento de apoio a projetos que visam combater
as alterações climáticas).
A PROPARCO coopera com parceiros da área das multilaterais financeiras, como a IFC, BID e o BEI.
Estratégia
A PROPARCO tem como missão catalisar o investimento privado em países emergentes e países em
desenvolvimento, com o objetivo de dinamizar o crescimento sustentável e em linha com os ODM.
A PROPARCO oferece financiamento em quatro continentes, abrangendo os principais países
emergentes e os países mais pobres, especialmente em África. Os setores abrangidos pela sua atividade
incluem todos os setores de produção, infraestruturas e serviços, incluindo serviços financeiros, através
de produtos financeiros de longo prazo.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
113
A PROPARCO incentiva o desenvolvimento de
negócios sustentáveis com alto nível de exigência em
termos de responsabilidade social e ambiental.
Mecanismos de financiamento
A elegibilidade dos projetos baseia-se no país alvo das operações financiadas que estão a ocorrer, e não na nacionalidade do próprio patrocinador. Produtos financeiros:
Crédito privilegiado (senior debt);
Garantias, cofinanciamentos ou empréstimos com os bancos comerciais;
Investimentos de capital: minoritários, participações (10-20%);
Financiamento de acordo com os preços das matérias-primas ou para os resultados operacionais de um projeto;
Financiamentos de longo prazo: o Empréstimos e garantias: de 5 a 20 anos, com períodos de carência flexíveis; o Investimentos de capital e financiamento “mezzanine”: 4 a 10 anos;
Empréstimos e garantias: € 2 a € 30M por projeto, até € 100 milhões em infraestrutura. Quantias e divisas disponibilizadas
Investimentos de capital e financiamento “mezzanine”: € 2 a € 20 M;
Divisas fortes (US$, €), bem como as divisas locais (através de swaps, garantias).
5.1.3.3. FMO - Netherlands Development Finance Company
Caracterização
A FMO foi criada em 1970 e atua como o banco de desenvolvimento empresarial da Holanda. A FMO está comprometida com o crescimento de um setor privado saudável nos países em desenvolvimento. A FMO é uma empresa privada detida em 51% pelo governo holandês e 49% por particulares. As operações de financiamento da FMO não estão vinculadas a interesses nacionais holandeses.
Com uma carteira de investimentos de € 6,2 mil milhões, a FMO é um dos maiores bancos de
desenvolvimento bilateral do setor privado em todo o mundo. Graças em parte à sua relação com o
estado holandês, a FMO é capaz de assumir riscos que financiadores comerciais (ainda) não estão
preparados para assumir.
Estratégia
A missão da FMO é contribuir para um setor privado próspero através da disponibilização de produtos
financeiros de capital, da partilha de conhecimentos e da criação de parcerias. A FMO só investe em
países classificados pelo Banco Mundial como países de baixo rendimento ou de rendimento médio.
A estratégia da FMO para o período 2013-2020 passa por desenvolver novos projetos junto de instituições
financeiras com especial foco nos setores da energia e agroindústria, alimentação e água, essenciais para
o desenvolvimento económico. Pretende igualmente reforçar o seu papel catalisador dw desenvolvimento
através de gestão de fundos de terceiros e empréstimos subordinados, a fim de maximizar o impacto do
desenvolvimento dos projetos.
A PROPARCO financiou a reabilitação do
Hotel Polana em Maputo com a DEG -
instituição financeira alemã através de um
empréstimo de crédito privilegiado (senior
debt) e participação minoritária.
O financiamento da PROPARCO chegou a
50% do custo do total do projeto, com um
empréstimo de longo prazo de US$ 9M e
uma participação acionista de US$ 3,2 M.
In PROPARCO, project file Mozambique
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
114
Mecanismos de financiamento
Empréstimos: Uma parte significativa do portfólio da FMO consiste em empréstimos feitos diretamente às empresas e projetos do setor privado, através de financiamento direto e empréstimos subordinados de longo prazo a taxas de juro fixas e variáveis. Os empréstimos da FMO são caraterizados por:
Maturidade de vencimento de empréstimos entre 3 a 12 anos, após a assinatura;
Possibilidade de período de carência;
Empréstimos em moeda local sempre que possível;
Possibilidade de opção de empréstimos em € ou US$; Regra geral os empréstimos da FMO estão limitados a 25% do resultado líquido do exercício ou 25% do total dos custos de investimento estimados do projeto. Ainda assim, os projetos financiados pela FMO poderão contar com o apoio de outras instituições financeiras.
Financiamento em moeda local: Se a receita de uma empresa está exposta a risco cambial, o financiamento em moeda local é uma solução que poderá diminuir esse mesmo risco. A FMO, assim como outras IFD, disponibiliza produtos financeiros que financiam as empresas em moeda local.
Garantias: A FMO oferece garantias de crédito, principalmente para os seguintes produtos financeiros:
Transações comerciais;
Operações de mercado de capitais (emissão de obrigações, securitizações);
Outros.
Financiamento “mezzanine”: Outro instrumento de financiamento orientado para as empresas é o designado financiamento mezzanine que apresenta características de dívida e capital próprio. O financiamento mezzanine estabelece uma ponte entre dois tipos principais de financiamento: empréstimos subordinados e o financiamento de capital. Este financiamento permite uma maior flexibilidade, desde que devidamente adequado às necessidades de financiamento específicas do projeto.
Capital
A FMO pode responder às necessidades de capital através de:
investimento em capital ou fundos mezzanine;
coinvestimentos com fundos de investimento da FMO;
os investimentos diretos de capital em instituições financeiras, empresas de energia e projetos.
5.1.3.4. DEG - Deutsche Investitions - und Entwicklungsgesellschaft mbH (KfW – Group)
Caracterização
A DEG é uma entidade financeira subsidiária do KfW Group e uma das maiores instituições financeiras de desenvolvimento. Durante mais de 50 anos, o DEG tem vindo a financiar e estruturar os investimentos de empresas em países em desenvolvimento, a fim de contribuir para o seu progresso sustentável.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
115
A DEG investe em projetos rentáveis de entidades privadas que contribuam para o desenvolvimento sustentável em todos os setores da economia, desde a agricultura às infraestruturas e produção de serviços. Destacam-se igualmente os investimentos no setor financeiro, a fim de facilitar o acesso das empresas locais a capital. Durante toda a sua existência a DEG trabalhou com mais de 1.700 empresas, tendo em 2012 celebrado novos contratos no montante de cerca de € 1,3 mil milhões que contribuíram para facilitar investimentos empresariais com um volume total de cerca de € 12 mil milhões.
Estratégia
A DEG investe em diferentes setores da economia, principalmente na agroindústria, infraestruturas, na indústria e no setor financeiro, em todos os países em desenvolvimento. O setor financeiro e a disponibilização de fundos a bancos locais é um aspeto central nas atividades de investimento da DEG, uma vez que constitui a base para outras atividades económicas, e destes beneficiam indiretamente as empresas que investem nos países em desenvolvimento através do acesso ao financiamento local. A DEG dispõe também de um conjunto de produtos financeiros orientado para a internacionalização das empresas e para o financiamento de projetos nos países em desenvolvimento em setores que considera estratégicos. Assim, um dos setores que poderá ser objeto de financiamento é o da indústria de transformação. Neste setor a DEG tem vindo a apoiar empresas de diferentes ramos, tais como empresas de materiais de construção, indústrias de componentes de automóveis, turismo ou empresas de serviços de TI. A DEG financia também projetos de infraestruturas, quando desenvolvidos por empresas do setor privado, nomeadamente, projetos no setores de energia, telecomunicações, transportes, saúde e educação. Uma das áreas de especial foco de investimento da DEG são os projetos de proteção do clima, pelo que assumem particular prioridade projetos que promovam utilização de energias renováveis e procurem melhorar a eficiência energética, incluindo projetos de parques eólicos e centrais fotovoltaicas. A DEG também financia projetos no setor agrícola através de investimentos na produção e transformação de produtos agrícolas.
Mecanismos de financiamento
Empréstimos da DEG são, regra geral, caraterizados por:
Financiamento de longo prazo, preferencialmente ativo fixo, em menor parte ativo circulante ou refinanciamento da dívida existente;
Valores a partir de € 5 milhões (moeda € ou US$);
Taxa de juro: fixa ou variável;
Prazo 4 - 15 anos, podendo ter períodos de carência de 1 a 3 anos ou prazos mais longos para projetos de infraestrutura;
Garantias sobre ativos fixos, e em alguns casos também sobre ativo circulante;
Financiamento “mezzanine”
Financiamento a longo prazo combinando elementos de um empréstimo com os elementos de
uma participação no capital próprio;
Valores: até € 15 milhões;
Subordinação aos senior lenders;
Prazo 4 - 10 anos;
Garantias de 2° grau;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
116
Opção de conversão;
Retorno adequado ao risco (cash interest, equity-kicker, warrants).
Participação de capital
Private Equity (empresas, indústrias e serviços da economia tradicional):
Participação de 5-25% no capital social, € 5 a € 15 milhões, normalmente o investimento é realizado através de aumento de capital;
Apoio à participação no conselho de administração e proteção de direitos minoritários;
Prazo de intervenção de 4 a 8 anos com definição de estratégia de saída através da venda a terceiros, oferta pública, put option com acionista maioritário, ou outras soluções a definir no contrato de participação.
5.1.3.5. OeEB
Caracterização
OeEB é uma sociedade anónima constituída de acordo com as leis da República Federal da Áustria e tem
a sua sede em Viena. OeEB é detida em 100% pelo Oesterreichische Kontrollbank AG, de Viena.
Estratégia
A OeEB apoia projetos sustentáveis localizados nos países em desenvolvimento. A OeEB financia
projetos nos setores da indústria de transformação, serviços, indústria e agropecuária. Além disso,
financia projetos de infraestruturas. O principal produto financeiro que disponibiliza são empréstimos a
médio e longo prazo.
Mecanismos de financiamento
Podem financiar projetos a empresas portuguesas, mas privilegiam projetos que tenham ligações com a
Áustria. Assim, terão financiamento privilegiado os projetos que tenham promotores austríacos ou
fornecedores austríacos. A OeEB encontra-se particularmente focada em apoiar a internalização das
empresas austríacas no setor da energia hidroelétrica estando aberto a parcerias com empresas
portuguesas para investir em África neste setor.
A OeEB pode participar no projeto como sócio de capital, disponibilizar produtos financeiros
“mezzanine”/estruturados, disponibilizar empréstimos de longo prazo, linhas de refinanciamento para as
instituições financeiras e participar em fundos ou instituições financeiras.
Apesar de ser um banco privado, os riscos políticos e comerciais envolvidos nos projetos financiadores
pelo OeEB são cobertos por garantias soberanas emitidas pelo Governo da Áustria.
5.1.3.6. BIO
Caracterização
A BIO é uma instituição criada no âmbito da Cooperação para o Desenvolvimento Belga para apoiar o
crescimento do setor privado nos países em desenvolvimento e emergentes.
BIO apoia instituições financeiras locais, fundos de investimento, empresas e projetos privados de
infraestruturas.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
117
Estratégia
De acordo com seus princípios a BIO pode operar em países menos desenvolvidos, países de baixo
rendimento e países de rendimento médio baixo, como definido pelo CAD da OCDE, com foco nos países
menos desenvolvidos e países parceiros da Cooperação para o Desenvolvimento Belga.
A estratégia da BIO está baseada em torno de três pilares: (1) o apoio ao setor financeiro, incluindo as
instituições de microfinanças, bancos comerciais, instituições financeiras não bancárias e fundos, (2) o
investimento em PME nos países em vias de desenvolvimento, (3) o investimento em projetos privados de
infraestruturas com foco na energia, setor da água, telecomunicações e transporte.
Mecanismos de financiamento
Com um capital na ordem dos € 581 milhões, a BIO disponibiliza produtos financeiros de longo prazo de
acordo com as necessidades de investimento, seja de capital, produtos “mezzanine” e prestação de
garantias, diretamente ou através de estruturas intermediárias. A BIO também financia programas de
assistência técnica para empresas clientes, bem como estudos de viabilidade.
Financiamento de capital e equiparáveis
A BIO pode apoiar financeiramente empresas que queiram expandir as suas atividades sob a forma de
participação acionista. Neste modelo de financiamento a BIO fica sempre com uma participação
minoritária na empresa, geralmente associado à nomeação de um elemento no Conselho de
Administração, estabelecendo-se desde o início um plano de venda da respetiva participação a outros
acionistas ou para venda a terceiros no mercado financeiro, assim que a empresa atinja um nível de
maturidade financeira sustentável.
A BIO também pode financiar empresas através de financiamento “mezzanine”, empréstimos
subordinados e empréstimos convertíveis em ações.
Empréstimos de longo prazo
A BIO oferece uma ampla gama de empréstimos de médio e longo prazo, com taxas fixas e variáveis. O
prazo de financiamento pode variar entre 3 e 10 anos, com um período máximo de carência de 3 anos.
Financiamento em moeda local
A BIO pode financiar projetos em moeda local, a fim de reduzir os riscos associados às taxas de câmbio e
taxas de juro para os seus clientes.
5.1.3.7. Norfund
Caracterização
O Norfund - Fundo de Investimento Norueguês para Países em Desenvolvimento - investe na criação e no
desenvolvimento de empresas rentáveis e sustentáveis nos países em desenvolvimento.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
118
Estratégia
O Norfund investe sempre com parceiros, sejam
noruegueses ou estrangeiros, com foco no setor das
energias renováveis, da agroindústria e em instituições
financeiras. As principais zonas regionais de investimento
são a África Oriental e Austral, tendo o Norfund escritórios
regionais localizados em Joanesburgo, Nairobi e Maputo.
O Norfund investe igualmente em países selecionados do
sul e sudeste da Ásia e da América Central, tendo
escritórios regionais em San José e Banguequoque. No ano
2012 o Norfund tinha uma carteira de investimentos de
cerca de € 1,1 mil milhões.
O Norfund tem concentrado os seus investimentos num
número limitado de países de forma a obter um maior
conhecimento dos mercados onde investe.
Mecanismos de financiamento
O Norfund disponibiliza instrumentos de financiamento sob a
forma capital, empréstimo e produtos “mezzanine”.
- Capital
O Norfund investe sempre em conjunto com parceiros com
conhecimento do setor de atividade. O horizonte de
investimento é de 5-10 anos. O investimento é realizado
preferencialmente em capital podendo o Norfund ficar a
deter até com 35% do capital das empresas.
- Empréstimos
O Norfund disponibiliza vários tipos de empréstimos com diferentes perfis de risco a acordar diretamente
com o investidor.
5.1.3.8. SWEDFUND
Caracterização
A Swedfund é uma instituição financeira sueca que investe nos mercados emergentes em África, Ásia,
América Latina e Europa Oriental com o objetivo de promover o desenvolvimento e reforçar as posições
de empresas suecas nos mercados emergentes. A Swedfund é totalmente detida pelo Estado sueco.
Estratégia
A estratégia da Swedfund é a de contribuir para o desenvolvimento de empresas rentáveis e, assim,
estimular o desenvolvimento económico sustentável nos países em que investe. A Swedfund pode apoiar
projetos em África, Ásia, América Latina e Europa Oriental quando elegíveis para financiamento oficial de
assistência ao desenvolvimento. Dentro deste grupo, a Swedfund dá prioridade aos países menos
desenvolvidos e aos investimentos onde o impacto do desenvolvimento é considerado alto. As prioridades
de investimento para a Swedfund incluem: tecnologia ambiental e de energia, os empresários imigrantes,
e os ambientes de investimento pós-conflito.
Angola Capital Partners é uma
empresa que administra o Fundo de
Investimento Privado - Angola (FIPA).
O Norfund detém 50 por cento da
empresa, enquanto os restantes 50
por cento são detidos pelo Banco
Africano de Investimento (BAI).
In Norfund, projects, South África
O Norfund disponibilizou financiamento
sob a forma de capital, empréstimos e
garantias ao projeto Matanuska em
Moçambique.
Matanuska é uma plantação de banana
a norte de Moçambique, criada em
colaboração com os agricultores da
África Oriental.
A plantação emprega cerca de 2.600
pessoas. O projeto prevê a exportação
de mais de 150 contentores de banana
por semana destinados ao Oriente
Médio, Ásia e Europa.
Norfund, projects, South África
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
119
Mecanismos de financiamento
Os principais produtos financeiros da Swedfund estão orientados para o financiamento de capital e empréstimos, cooperando com parceiros estratégicos que procuram iniciar ou expandir os seus negócios em mercados emergentes. Para se obter financiamento da Swedfund é necessário que os projetos das empresas:
Sejam orientados para os mercados emergentes na África, Ásia, América Latina e Europa Oriental;
Tenham recursos económicos para investir no mínimo o mesmo montante que a Swedfund;
Tenham uma equipa de gestão que demonstre capacidade e experiência para operar no país alvo.
No financiamento de capital a Swedfund fica como acionista minoritário participando, no entanto, no Conselho de Administração da empresa através da nomeação de um representante. Regra geral, a participação não ultrapassa um terço do investimento total e varia entre € 2,3 milhões a € 11,5 milhões. A duração da participação pode variar entre cinco a dez anos, dependendo do estágio em que a empresa se encontra quando o financiamento é aprovado.
5.1.4. Fundos que apoiam investimento
As EDFIS podem associar-se para recorrer a apoios de fundos comunitários e das instituições financeiras europeias de APD por forma a alavancarem o investimento concedido aos empresários europeus, dois dos instrumentos que permitem o investimento nos países em desenvolvimento são o “European Financing Partnes", e o “Interact Climate Change Facility”.
5.1.4.1. European Financing Partners
European Financing Partners (EFP) é um instrumento de coinvestimento detido pelo BEI e por 12
instituições membros da EDFI, a BIO, CDC, COFIDES, DEG, FINNFUND, FMO, IFU, NORFUND, OeEB,
PROPARCO, SIFEM e SWEDFUND.
A estrutura de funcionamento operacional do EFP é a seguinte:
Figura 6- Estrutura de funcionamento operacional do EFP
Fonte: EBI/2012 Investment Facility – 2012 Annual Report
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
120
O EFP foi concebido como um veículo financeiro para o cofinanciamento de empresas do setor privado
para os países da África, do Caribe e da região do Pacífico (ACP).
O EFP é essencialmente um mecanismo de partilha de riscos fornecendo até 75% do financiamento
destinado a projetos nos países ACP proposto por qualquer um dos 14 membros enquanto parceiros,
sendo da responsabilidade dos investidores privados os restantes 25%.
O parceiro promotor - qualquer um dos treze membros EDFI acionistas - pode apresentar propostas de
financiamento para projetos localizados nos estados ACP a uma comissão de avaliação dos investimentos
que analisa a sua viabilidade.
Os principais produtos financeiros disponibilizados pelo EFP são empréstimos subordinados,
financiamento “mezzanine”, financiamento de capital e a prestação de garantias. O financiamento mínimo
do EFP é € 1 milhão, e o máximo é de € 25 milhões por projeto.
A comissão de avaliação dos investimentos avalia as propostas de projetos e procede à aprovação do
financiamento num processo de duas etapas, sendo a primeira a autorização, seguida em princípio pela
segunda etapa, a aprovação final.
A estrutura operacional do EFP é única entre os investidores
institucionais e caracterizada por um processo de avaliação
de pedido de financiamento célere, eficiente, e com custos
administrativos reduzidos.
Uma vez aprovado, a comissão de avaliação delega no
parceiro promotor EDFI a realização de uma due diligence
ao projeto, a celebração dos respetivos contratos legais e a
monitorização do projeto em nome do EFP.
A estrutura de financiamento do projeto é a seguinte:
Figura 7 - Estrutura de financiamento de um projeto pelo EFP
Desde a sua criação em 2004, o EFP
já foi financiado por quatro vezes,
tendo último financiamento ocorrido
em dezembro de 2010 com €
230milhões (€ 100 milhões do BEI e €
130 milhões de 10 membros EDFI)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
121
A SOFID, EDFI portuguesa, não é acionista do fundo em virtude do constrangimento que resulta dos
limites prudenciais de crédito determinados pelo Banco de Portugal, que só permitem que a SOFID
financie ou invista um máximo de 25% do seu capital por cliente, ou seja, € 2,5 milhões, sendo que para
ser acionista do EFP teria que participar com um montante mínimo de € 5 milhões no seu capital.
Apesar da SOFID, EDFI portuguesa, não ser acionista do EFP, e nessa medida não poder atuar enquanto
parceiro promotor, existem várias EDFI que admitem a elegibilidade de projetos de empresas portuguesas
e que são acionistas do EFP, como sucede com a BIO, DEG, FMO, NORFUND, OeEB, PROPARCO e o
SWEDFUND.
5.1.4.2. Interact Climate Change Facility (ICCF)
Interact Climate Change Facility (ICCF) é um instrumento de coinvestimento, envolvendo as instituições
europeias Financeiras de Desenvolvimento (EDFI) que permite financiar a empresas projetos de eficiência
energética e energia renovável nos países em desenvolvimento e nos mercados emergentes.
A capacidade de financiamento da ICCF é assegurada pela Agência Francesa de Desenvolvimento, o BEI
e pelos seguintes 11 membros EDFI: BIO (Bélgica), CDC (Reino Unido), COFIDES (Espanha), DEG
(Alemanha), FINNFUND (Finlândia), FMO (Países Baixos), NORFUND (Noruega), OeEB (Áustria),
PROPARCO (França), SIFEM (Suíça) e SWEDFUND (Suécia).
A estrutura operacional e de aprovação de projetos na ICCF é semelhante à dos European Financing
Partners.
Assim, dependendo do parceiro promotor, que poderá ser qualquer um dos onze membros EDFI
acionistas, as empresas podem apresentar propostas de financiamento para projetos localizados em
países elegíveis.
Os produtos financeiros utilizados são os empréstimos subordinados e o financiamento “mezzanine”. O
ICCF pode financiar com o parceiro promotor até 75% do financiamento total do projeto. O financiamento
do ICCF pode variar entre € 10 milhões até € 45 milhões, por projeto.
As propostas são avaliadas pela comissão de investimento num processo semelhante ao dos European
Financing Partners e, após aprovação, a comissão delega no parceiro promotor a responsabilidade de
realizar a due diligence, celebrar os contratos legais e acompanhar a execução do projeto em nome do
ICCF. O fundo foi criado com o montante total de € 500 milhões.
5.2. Como elaborar uma candidatura a um dos instrumentos financeiros de uma EDFI
As IFD, como anteriormente foram identificadas, atuam como fundos de investimento de capital de risco
estatal, relacionando-se diretamente com as empresas. O processo não difere de forma substancial de um
processo normal de pedido de financiamento junto de uma entidade financeira comercial.
As EDFI trabalham essencialmente em projetos orientados para médias e grandes empresas que
pretendam internacionalizar-se para os mercados-alvo do seu apoio.
Como são instituições financiadas por estados contribuem com soluções e produtos financeiros, que
doutro modo não existiriam ou seriam de muito difícil acesso, considerando os mercados-alvo do
investimento.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
122
A grande diferença entre a entidade financeira comercial e uma instituição financeira para o
desenvolvimento, para além da fonte do financiamento, resulta da restrição destes financiamentos a
determinados países, projetos ou setores e a necessidade de demonstração que o projeto terá um
impacto económico positivo contribuindo para o desenvolvimento económico e social dos países
beneficiários do investimento.
As características dos instrumentos de financiamento que as EDFI disponibilizam e as obrigações que
estas entidades têm para com os Estados que as financiam obrigam a que o processo de avaliação dos
projetos de investimento em mercados emergentes esteja sujeito a um conjunto de fatores de
ponderação.
A informação financeira da empresa, a sua liquidez financeira, a situação dos seus capitais próprios, a
capacidade de apresentar garantias, o plano de negócio que se pretende implementar, os resultados que
se esperam alcançar são fatores que serão avaliados pelas EDFI.
Regra geral, as EDFI, colaboram por vezes não só na definição do melhor instrumento de apoio financeiro
para a internacionalização das empresas como também podem prestar apoio na assistência técnica ao
projeto.
O ciclo de apresentação de propostas a estas entidades é composto por várias fases, a saber:
i) Avaliação de recursos e riscos
A internacionalização das empresas, especialmente as PME, para os países em
desenvolvimento apresenta um conjunto de desafios e riscos que deverão ser
devidamente ponderados pelos investidores.
A disponibilidade de capitais próprios da empresa e a apresentação de garantias é, regra
geral, condição de acesso a produtos financeiros como sucede, por exemplo, com os
empréstimos subordinados.
Recorrer a uma EDFI como fonte alternativa ao financiamento tradicional é uma opção
que deverá ser avaliada em conjunto com os instrumentos financeiros disponibilizados
pela banca comercial do país de origem e do país do investimento.
ii) Procura de informação e apoio técnico para o país alvo do investimento
As entidades financeiras de apoio ao desenvolvimento procuram determinar o grau de
conhecimento do mercado alvo por parte dos investidores que, posteriormente, é
analisado em termos de risco. Quanto maior for o grau de conhecimento do mercado
demonstrado, do potencial da região económica onde se encontra e do impacto
económico e social do projeto, maior a probabilidade do projeto ser considerado elegível.
É igualmente essencial verificar a adequação do projeto à estratégia da EDFI para o
mercado alvo.
O apoio técnico especializado na operação confere igualmente um maior grau de
confiança e certeza junto das entidades financiadoras.
As parcerias locais ou regionais são normalmente valorizadas.
Todos estes elementos deverão integrar o projeto de investimento. Há EDFIs que também
prestam apoio técnico à elaboração dos projetos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
123
iii) Avaliação da disponibilidade de fundos próprios para a realização do investimento
A avaliação dos fundos disponíveis e do impacto económico são critérios prévios que
deverão ser considerados na abordagem às potenciais EDFI que poderão conceder o
financiamento.
Neste ponto deverá verificar-se quais as EDFI que consideram a empresa elegível para o
financiamento do projeto. No caso das empresas portuguesas o quadro elaborado no
ponto anterior poderá servir de referência sobre os setores que poderão ser financiados e
os instrumentos disponibilizados e que melhor salvaguardam o interesse do projeto e a
sua rentabilidade.
iv) Apresentação do plano de negócios 31
Regra geral, qualquer pedido de financiamento deve ser acompanhado de um plano de negócios que
permita uma avaliação inicial do projeto.
Um contacto preliminar com as EDFI selecionadas é um importante ponto de partida para avaliar a
viabilidade de financiamento. Sendo Portugal o ponto de partida do investimento, deverá ser realizada
previamente uma análise junto da SOFID e das EDFI que operem nos mercados alvos para os setores
onde se pretenda investir.
Na sequência desse contacto é recorrente ser solicitado um conjunto de elementos para ponderação da
possibilidade de concessão de financiamento.
Dos elementos a incluir poderão constar:
A identificação dos elementos da empresa:
o Nome, setor, designação social, forma jurídica, capital social, n.º de empregados,
contactos e outras informações que considere relevantes, tais como, certificações,
dimensão local ou internacional e mercados onde opera;
o Breve apresentação da empresa e da sua atividade;
o Identificação dos sócios e percentagens de participação;
o Apresentação de produtos, clientes, concorrentes, fornecedores e equipa de gestão.
Breve descrição do plano de negócio:
o País alvo do investimento, região onde se insere, valor global de investimento, prazo
global de investimento;
o Descrição do projeto, custo estimado total do projeto (incluindo fases do projeto e
fases do investimento, custos de desenvolvimento do projeto, custo dos terrenos,
máquinas, engenharia, construção, entre outros).
o Fatores externos que podem ser um obstáculo para a realização do projeto
(quadro jurídico do país de acolhimento, educação, propriedade da terra,
concessões, as instalações de infraestrutura - como transportes, comunicações,
água, energia, etc.);
o Situação de licenças e autorizações necessárias ao investimento, quando
aplicável;
31
Os elementos a apresentar foram recolhidos juntos das respetivas EDFI e são meramente indicativos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
124
o Indicação de desenvolvimento de uma indústria inexistente, caso aplicável;
o Tecnologia aplicada;
o Criação de postos de trabalho diretos;
o Formação/qualificação de recursos humanos;
o Impacto noutras empresas e setores da região onde o projeto se insere;
o Outros contributos que façam parte da estratégia da EDFI.
Financiamento:
A descrição do financiamento pretendido varia de acordo com os instrumentos disponíveis pela EDFI,
sendo os instrumentos típicos: empréstimo, garantia ou participação de capital. Neste ponto há um
conjunto de elementos a identificar:
o Plano de investimentos e plano de financiamento preliminar, com custo estimado
para o investimento e respetiva cobertura financeira;
o Aplicações: Imobilizado corpóreo, imobilizado incorpóreo, existências, outras.
o Capitais próprios: capital social, prestações suplementares, outros;
o As EDFI têm regras específicas e diferenciadas quanto ao valor mínimo de
capitais próprios, anteriormente identificados, regra geral, os capitais próprios
deverão corresponder a um mínimo de 30% do total do financiamento do
investimento;
o Capitais alheios: suprimentos, financiamento a médio e longo prazo,
financiamento a curto prazo, outros passivos;
o Montante pretendido e moeda (quando aplicável);
Projeções de rentabilidade;
Garantias previstas do promotor;
o Garantias reais (hipoteca de imóveis, penhor de quotas, outras);
o Garantias pessoais (aval dos sócios/acionistas, fiança, outras);
o Dados financeiros da empresa por um período mínimo de três anos:
Há um conjunto de dados financeiros que deverão ser
disponibilizados, como seja o volume de negócios, o EBITDA, o
resultado líquido, o ativo total liquido, capitais próprios, o
endividamento de médio e longa duração e o endividamento de curta
duração.
o Quando envolva empresas locais no país beneficiário do investimento:
Identificação da empresa estrangeira local, quando exista;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
125
Identificação dos sócios/acionistas da empresa local;
o Quando se trate de um consórcio a informação deverá conter os elementos de
cada uma das entidades bem como indicação das respetivas participações.
Aspetos de apoio ao desenvolvimento
o Identificação dos principais contributos para o desenvolvimento económico e
social do país alvo (a título exemplificativo, contribuindo para a melhoria da
educação, tecnologia e know-how, criação de postos de trabalho, contribuição
para as políticas que promovam a igualdade de género, outros).
o Garantia da sustentabilidade social, económica e ambiental do projeto
Outras informações relevantes
Regra geral, a avaliação do pedido de financiamento é realizado por uma comissão de avaliação do
projeto sendo devido um montante pela análise do projeto. Antes de se avançar para qualquer pagamento
ou para a apresentação do pedido de avaliação, é importante realizar contactos exploratórios com a
entidade financiadora, de modo a ter uma melhor perceção sobre os seus critérios de avaliação e quais os
fatores que mais valoriza.
v) Avaliação da elegibilidade do projeto face aos critérios de financiamento da EDFI
As várias EDFIs têm critérios distintos para avaliar a elegibilidade do projeto, critérios estes que se
encontram identificados na caracterização de cada uma das diversas instituições financeiras para o
desenvolvimento. Além dos critérios gerais de elegibilidade, após os contactos iniciais, poderão ser
solicitados critérios específicos relacionados com o âmbito do projeto e que serão solicitados.
vi) Análise das várias soluções alternativas de financiamento e dos diversos mecanismos de
apoio colocadas à disposição dos investidores pelas EDFI
As várias EDFI apresentam diferentes soluções de financiamento, consoante o projeto, que vão desde o
financiamento através de empréstimos, à entrada de capital e à concessão de garantias. Atendendo à
especificidade de cada um dos projetos e às várias soluções de financiamento existentes, deverão ser
procuradas e analisadas junto das várias EDFIs as soluções alternativas, de forma a identificar a que
melhor se adequa ao projeto.
vii) Ponderação de parcerias
As EDFIs constituem um poderoso instrumento para a dinamização do investimento nos países em
desenvolvimento. Em virtude dos rigorosos critérios de elegibilidade das empresas e dos respetivos
projetos a criação de parcerias locais ou internacionais poderá ser uma forma de verificar esses mesmos
critérios de elegibilidade e obter o financiamento.
Assim, as empresas portuguesas que procurem obter financiamento diretamente das EDFI que as
considerem elegíveis poderão criar parcerias com empresas que preencham os requisitos nas demais
EDFI e deste modo alavancar o financiamento.
Assim, a título exemplificativo, a COFIDES, a EDFI espanhola, financia projetos desde que o mesmo
tenha como parceiro uma empresa espanhola que detenha pelo menos 51% do projeto, podendo o
mesmo ser financiado na proporção dessa participação.
Por outro lado, uma parceria com uma empresa portuguesa poderá permitir a empresas de outros países
alavancar o investimento junto de uma das EDFI onde as empresas portuguesas sejam elegíveis.
viii) Apresentação do plano de negócio
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
126
Por último, deverá ser preparada uma apresentação do plano de negócio que seja apelativa e objetiva
focada nos resultados do projeto, na sua adequação à estratégia da EDFI e ao impacto local em termos
de desenvolvimento económico.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
127
6. Acesso ao financiamento local
nos países da CPLP
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
128
6.Acesso ao financiamento local nos
países da CPLP
Neste capítulo aborda-se a evolução do setor financeiro nos países da CPLP potencialmente destinatários
de investimento numa perspetiva individual e comparativa (país, região), identificam-se as expetativas
futuras e principais bancos a operarem no respetivo território, caracteriza-se o nível de bancarização da
população, informando ainda sobre as taxas de juros e sobre o status das bolsas de valores nacionais.
6.1. Angola
Do ponto de vista financeiro, Angola tem tido
um crescimento notável, tendo atualmente o
terceiro maior setor bancário da África
Subsariana, atrás da África do Sul e da
Nigéria. Angola possui cerca de 23
instituições bancárias32
autorizadas pelo
Banco Nacional de Angola (BNA), das quais 3
são detidas pelo Estado angolano.
De facto, no contexto da SADC, Angola é dos
poucos países que goza de uma sistema
financeiro plural, no que toca às estruturas
acionistas predominantes no sistema
financeiro, convivendo agentes internacionais,
privados e Estado no mercado, ao contrário
do que se verifica na África do Sul em que o
sistema financeiro é dominado
fundamentalmente por players locais.
De referir ainda que o sistema financeiro
angolano possui fortes ligações (comerciais
e/ou acionistas) com os grupos bancários
portugueses, nomeadamente com o Banco
BPI, CGD, BES e Millennium BCP e, mais
recentemente, mas de forma inversa, o BIC
em Portugal.
32
Banco Angola de Investimentos, S.A. (BAI), Banco Angolano de Negócios e Comércio, S.A. (BANC), Banco BAI
Micro Finanças, S.A. (BMF), Banco BIC, S.A. (BIC), Banco Caixa Geral Totta de Angola, S.A. (BCGTA), Banco
Comercial Angolano, S.A. (BCA), Banco Comercial do Huambo, S.A. (BCH), Banco de Comércio e Indústria, S.A.
(BCI), Banco de Desenvolvimento de Angola, S.A. (BDA), Banco de Fomento Angola, S.A. (BFA), Banco de Negócios
Internacional, S.A. (BNI), Banco de Poupança e Crédito, S.A. (BPC), Banco de Poupança e Promoção Habitacional,
S.A. (BPPH), Banco Espírito Santo Angola, S.A (BESA), Banco Keve, S.A. (KEVE), Banco Kwanza, S.A (BKI), Banco
Millennium Angola, S.A (BMA), Banco Privado Atlântico, S.A. (BPA), Banco Sol, S.A. (BSOL), Banco Valor, S.A.
(BVB), Banco VTB África, S.A. (VTB), Finibanco Angola, S.A. (FNB), Standard Bank de Angola (SBA).
Predominantemente local
Equilibrada
Estrangeira e Governo
Predominantemente estrangeira
Predominantemente Governo
Excluído
(Fonte: World Bank Staff Estimates, 2007)
Estrutura acionista bancáriaFigura 8 - Estrutura acionista bancária em África
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
129
No mercado bancário angolano destacam-se como os cinco maiores bancos, o Banco Angolano de
Investimento (BAI), o Banco Espírito Santo Angola (BESA), o Banco de Fomento Angola (BFA), o Banco
de Investimento Comercial (BIC) e o Banco de Poupança e Crédito (BPC), que no seu conjunto controlam
mais de 80% do total dos ativos bancários, depósitos e empréstimos.
6.1.1. Bancarização da população33
O nível de bancarização de Angola no seio da
SADC é apenas suplantado pela África do Sul e
por Moçambique onde mais de 40% da população
dispõe de conta bancária. À data de realização do
presente estudo, é provável que Angola também
já tenha ultrapassado esta barreira, visto o nível
de bancarização estar a crescer
exponencialmente).
As principais instituições bancárias angolanas
encontram-se presentes nas 18 províncias
nacionais, o que tem permitido um crescente nível
de bancarização do país. O Banco que se tem
destacado como sendo o maior banco em Angola
é o BAI.
Em face das desigualdades existentes em Angola
e da necessidade de combate à pobreza, foi
implementado um instrumento, o microcrédito,
cuja concessão tem como principais destinatários
desempregados, microempresas, imigrantes,
recém-licenciados e pequenas comunidades
agrícolas e piscatórias. Atualmente, existem três
instituições de microcrédito autorizadas pelo BNA
com sede em Luanda, que são a KIXICRÉDITO
(Angola), S.A., a FACILCRED, S.A. e a
SOMICRE, S.A.
33
Bes Research 2012; www.bna.ao
< 10%
Entre 10% e 20%
Entre 20% e 30%
Entre 30% and 40%
> 40%
Não disponível
(Fonte: World Bank, Global Financial Inclusion Database, 2011)
Contas bancárias (% +15anos)
Figura 9 - Contas bancárias (% +15 anos) em África
A curto e médio prazos o setor dos serviços financeiros deverá continuar a crescer em toda a África, impulsionado pelo crescimento da economia africana, a atração de IDE e a crescente urbanização dos países. Os níveis de competitividade e barreiras à entrada necessariamente aumentarão, criando, no entanto, oportunidades para as instituições financeiras de países desenvolvidos que introduzam uma oferta diferenciadora na região, respondendo igualmente aos desafios de inovação tecnológica, mobilidade e maior bancarização e sofisticação da população.
Ao nível da regulação do setor financeiro, é também expetável que se continuem a verificar progressos, em particular ao nível do controlo e gestão de risco e compliance (verificação do cumprimento dos requisitos), numa aproximação aos standards internacionais.
Estas 2 grandes tendências impõem grandes desafios aos países africanos, nomeadamente ao nível da disponibilidade de pessoal qualificado e com as competências adequadas. Os países enquadrados em acordos regionais e com laços geopolíticos e de comércio sólidos, poderão constituir-se parceiros na resolução desta lacuna que a prazo será sentida com maior intensidade.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
130
6.1.2. Taxas de juro de empréstimo
No que toca aos empréstimos concedidos, tem havido uma crescente preocupação por parte do Governo
de Angola no sentido de melhorar o setor de regulação do crédito, nomeadamente no que diz respeito ao
direito à informação, tendo, neste âmbito, sido criada em 2010 a Central de Informação de Risco de
Crédito (CIRC), com o principal objetivo de incrementar a eficiência na avaliação e gestão do risco de
crédito.
O BNA, relativamente a empréstimos concedidos, procedeu à introdução de uma taxa de juro de
referência no ano de 2011 sendo que a taxa de juro de referência aplicada no final do mês de julho de
2012 era de 10,25%. Importa referir que a taxa de juro de referência é revista mensalmente por forma a
refletir a média das taxas de juro das operações bancárias.
6.1.3. Bolsa de valores34
Atualmente, Angola ainda não possui mercado acionista, embora se preveja que o arranque da bolsa de
valores de Angola irá ter início no ano de 2016.
34
Fontes: African Development Bank; BNA
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
131
6.2. Brasil
6.2.1. Principais bancos presentes
O sistema financeiro brasileiro é dividido em 4 grupos, e um adicional considerado não-bancário. Em
setembro de 2013, o Banco Central do Brasil (BCB) tinha registado um total de 1330 instituições
consideradas bancárias e ainda 270 instituições consideradas não-bancárias. Os principais bancos do
país são (de acordo com o total de ativos) o Banco do Brasil, o Itaú, a Caixa Económica Federal, o
Bradesco, o Santander e o HSBC, que controlam perto de 70% do total de ativos do setor bancário e não
bancário no Brasil, que ascende a 6.350 mil milhões de Reais.
Tanto o Banco do Brasil como a Caixa Económica Federal são controlados pelo Estado brasileiro, o Itaú e
o Bradesco são bancos privados mas controlados por capitais brasileiros e o Santander e o HSBC são
bancos privados controlados por capitais estrangeiros.
O sistema bancário brasileiro é bastante rentável, com elevados rácios de capital e pouco expostos a
problemas cambiais ou de financiamento externo. Comparativamente com outros países emergentes, e
até mesmo com economias desenvolvidas, o sistema bancário brasileiro pode ser considerado como de
alto nível de capitalização, rentabilidade e liquidez. O rácio de empréstimos não rentáveis (NPL) caiu para
cerca de 3,5% do total de empréstimos. Com rácios de adequação global dos fundos (CAR) em 17%,
12,8% de capitais em tier 1 (de nível 1), o sistema bancário brasileiro demonstra a sua força e resiliência.
6.2.2. Bancarização da população
Figura 10 – Quantidade de agências por 1.000 km2, em 2010
Fonte: Relatório de Inclusão Financeira – Banco Central do Brasil
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
132
Com o desenvolvimento do Brasil e o incremento substancial no número de pessoas pertencentes à
classe média, o sistema financeiro pode desenvolver-se. Assim, o desenvolvimento dos indicadores de
bancarização da população brasileira evoluiu, ao mesmo tempo que evoluiu o PIB per-capita e que a taxa
de desemprego diminuiu. No entanto, tal como pode ser observado no mapa acima, a bancarização da
população não está alheia a constrangimentos geográficos e sociais, pelo que existe uma menor
penetração do sistema bancário na região norte e no interior da região nordeste.
O número de depositantes aumentou substancialmente ao longo dos últimos anos, mesmo com a crise
financeira internacional, tendo o mesmo acontecido com o número de mutuários. Por outro lado, o número
de sucursais de bancos comerciais e o número de caixas automáticas aumentou a um ritmo mais contido,
também reflexo dos tempos de maior contenção financeira internacional.
Tabela 11 – Acesso ao sector bancário
Indicadores 2008 2009 2010 2011
Depositantes em bancos comerciais (por 1,000 adultos) 473,71 483,09 541,23 635,43
Sucursais de bancos comerciais (por 100,000 adultos) 43,11 43,91 44,03 46,15
Mutuários de bancos comerciais (por 1,000 adultos) n/a
151,851 207,14 241,33
Caixas automáticas (ATM) (por 100,000 adultos) 112,25 115,61 119,09 119,63
Fonte: Banco Mundial
Tabela 12 – Obtenção de crédito
Indicador Brasil América Latina e Caraíbas OCDE
Índice de eficiência dos direitos legais (0-10) 3 6 7
Índice de detalhe das informações de crédito (0-6) 5 3 5
Cobertura de órgãos de registo públicos (% de adultos) 46,8 11,1 10,2
Cobertura de órgãos de registo privados (% de adultos) 62,2 33,8 67,4
Fonte: Relatório Doing Business – Banco Mundial e Sociedade Financeira internacional.
6.2.3. Taxa de juros de empréstimos
Tabela 13 – Taxas de juro de referência
Indicador 2008 2009 2010 2011 2012
Taxa de juros nos depósitos (%) 11,66 9,28 8,87 10,99 7,91
Taxa de juros dos empréstimos (%) 47,25 44,65 39,99 43,88 36,64
Taxa de juros real (%) 35,92 34,95 29,35 34,51 29,70
Fonte: Banco Mundial
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
133
As taxas de juro no Brasil são consideradas historicamente elevadas. Considerando ainda os
desequilíbrios existentes na economia brasileira, o BCB mantém a taxa básica de referência (SELIC)
elevada, de forma a controlar a inflação. No entanto, nota-se que a tendência da SELIC tem sido
maioritariamente decrescente.
Gráfico 16 - Taxa de inflação, variação anual em percentagem
As pressões inflacionistas vividas no
Brasil impedem que o BCB reduza a
taxa de juro de referência, o que se
reflete diretamente nas taxas de juro
que consumidores finais e empresas
suportam. Desta forma, com a
evolução das condições económicas
(nomeadamente das infraestruturas)
que possam reduzir as pressões
inflacionistas, o Brasil poderá
incentivar ainda mais o seu mercado
interno, tanto por via do consumo
como por via da produção.
Fonte: Banco Mundial
6.2.4. Bolsa de valores35
Atualmente, o Brasil apenas possui uma bolsa de valores, a BM&FBOVESPA, S.A. – Bolsa de Valores,
Mercadorias e Futuros, sendo esta a maior da América Latina. A BM&FBOVESPA encontra-se sediada na
cidade de São Paulo e possui ainda escritório de representação nos EUA (Nova York), no Reino Unido
(Londres) e na China (Xangai), de modo a conceder “suporte aos participantes daqueles mercados nas
atividades com os clientes estrangeiros e no relacionamento com os órgãos reguladores, além de divulgar
seus produtos de governança e a potenciais investidores”.
Em março de 2013 BM&FBOVESPA tinha 364 empresas cotadas, com uma capitalização bolsista de BRL
2.400 mil milhões, com um volume médio de transações de BRL 7,2 mil milhões em dezembro de 2012.
O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) é o principal índice brasileiro, tendo crescido 7,4%
em 2012 e atingido 60.952 pontos.
35
BMF&FBOVESPA, S.A. – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
5.66%
4.89% 5.04%
6.64%
5.40%
0.00%
1.00%
2.00%
3.00%
4.00%
5.00%
6.00%
7.00%
2008 2009 2010 2011 2012
America Trading System Brasil (ATS Brasil)
Uma joint-venture entre a America Trading Group (ATG) e a NYSE Euronext pretende lançar uma nova
bolsa de valores no Brasil, estando previsto o seu lançamento em 2014, enquanto a empresa aguarda a
autorização da Comissão de Valores Mobiliários. A empresa pretende operar a partir do Rio de Janeiro,
com uma bolsa de valores “inicialmente focada na negociação de ações, com o potencial para expandir
futuramente para outros produtos”.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
134
6.3. Cabo Verde
6.3.1. Principais bancos presentes36
O papel dominante do sistema bancário cabo-verdiano no financiamento da economia do país é crítico.
No segmento onshore, o setor comportava oito instituições de crédito (Banco Comercial do Atlântico,
Caixa Económica de Cabo Verde, Banco Interatlântico, Banco Cabo-Verdiano de Negócios, Banco
Angolano de Investimentos, Novo Banco, Ecobank - Cabo Verde e Banco Espírito Santo – Cabo Verde).
Na vertente parabancária encontravam-se autorizadas, em 2012, dez instituições: uma sociedade gestora
de capital de risco, três agências de câmbio, uma sociedade emissora de cartões de crédito e de
intermediação bancária do sistema de pagamentos, três sociedades gestoras de fundos mobiliários e uma
agência de transferência de dinheiro.
No mercado offshore, operam nove instituições licenciadas: oito em atividades bancárias (Banco
Fiduciário Internacional, Banco Sul Atlântico, Banco Português de Negócios, Banco Montepio Geral,
Banco Espírito Santo, Banco Privado Internacional, Caixa de Crédito Agrícola Mútua e Atlantic
International Bank) e uma atuando como sociedade gestora de fundos (CA Finance, SA).
A rede de cobertura de serviços bancários viu-se reforçada, entretanto, com a criação de mais quatro
novas agências, sendo três do Banco Comercial do Atlântico e uma da Caixa Económica de Cabo Verde.
A preocupação em criar balcões de atendimento mais personalizados nasceu em 2007, com o BCA a abrir
a primeira agência deste tipo, seguido de outras instituições de crédito nos anos seguintes. Em finais de
2012, o mercado continuava a contar com 8 balcões com essa configuração (7,2% do total dos balcões),
sendo que nem todas as Instituições de Crédito disponibilizam esse serviço através de balcões próprios,
mas sim de segmentos dentro das agências já existentes.
Tabela 14 – Estrutura do sistema bancário cabo-verdiano
Balcões Contas à ordem
Nº Taxa de crescimento Nº Taxa de crescimento
2012 111 1,8% 572.698 9%
2011 109 3,8% 525.486 7,4%
2010 105 15,4% 489.189 7%
2009 91 18,2% 457.326 10,3%
6.3.2. Bancarização da população37
No final de 2012, o grau de bancarização da população cabo-verdiana atingiu 93,8%, o que corresponde a
um ligeiro acréscimo de 0,2% comparativamente ao período homólogo. No entanto, este rácio continua a
refletir um certo enviesamento, justificado particularmente pela abertura de mais do que uma conta por
cidadão.
A nível do rácio de balcões e da distribuição da cobertura geográfica da rede por região, destaca-se a
zona sul do país, que participa com 57,7% (64 balcões) distribuídos por 13 dos 14 concelhos da região, o
que revela uma taxa de cobertura de 92,9%, continuando com apenas um concelho sem cobertura. Por
36
BES Research Julho 2013 / Banco de Cabo Verde - Relatório Anual de 2012 37
Sistema de Pagamentos – Relatório BCV 2012
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
135
seu turno, a zona norte contribui com 42,3% (47 balcões) apresentando uma cobertura de 100%. No país,
a cobertura é de 95,5% (21 concelhos).
Ainda no quadro da análise individual do rácio dos balcões, o concelho da Praia apresenta-se com o
maior número de agências/balcões, somando 37 agências/balcões em 2012, representativas de cerca de
33,3% do número total de balcões a nível nacional e 69,8% das sedeadas na ilha de Santiago.
Como reflexo da crescente penetração das agências/balcões pelas várias localizações no país, a
evolução da média da cobertura da população nos últimos cinco anos tem-se revelado positiva, com cada
vez menos habitantes por agência/balcão, tendo a média em 2012 sido de, aproximadamente, um balcão
por 4.853 habitantes (2011 era de 4.983 habitantes), de acordo com as projeções demográficas do INE.
Em termos de concentração da banca, continua a sobressair o domínio da ilha de Santiago, com um total
de 53 balcões (47,7%).
Para as outras ilhas, o número de agências/balcões manteve-se inalterado face ao ano transato,
evidenciando, porém, ligeiras perdas de peso em termos da distribuição geográfica da banca. São Vicente
destaca-se, assim, com 13 agências, com um peso de 11,7%, seguida das ilhas do Sal e Santo Antão,
ambas com 10,8% do total das agências, com 12 agências cada. A ilha do Fogo comparticipa com 5,4%
do total de balcões, seguida da Boa Vista e São Nicolau, ambas com 4,5%, Maio com 2,7% e Brava com
1,8 % .
A configuração do setor bancário em termos de presença dos bancos pelo país mantém-se, com o Banco
Comercial do Atlântico e o Banco Cabo-verdiano de Negócios presentes em todas as ilhas habitadas,
distribuídos por 20 e 16 dos concelhos, respetivamente. A Caixa Económica de Cabo Verde continua
presente em 8 ilhas (18 concelhos) e presta serviços bancários ao público através dos Correios de Cabo
Verde, nos concelhos onde não possui estrutura própria.
6,540
5,640
5,068 4,983 4,853
4,000
4,500
5,000
5,500
6,000
6,500
7,000
2008 2009 2010 2011 2012
Habitantes por agência
Gráfico 17 – Evolução do número de habitantes por agências 2008-2012
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
136
Gráfico 18 – Distribuição geográfica da banca 2012
A rede vinti4 é a única rede partilhada de caixas automáticos e terminais de pagamentos automáticos
existente no país, com grande potencial de desenvolvimento, e que abrange um número cada vez maior
de serviços. A oferta de terminais tem vindo a crescer progressivamente, tendo registado, no final de
2012, um total de 3.152 terminais instalados no país. Em termos de média, nos últimos cinco anos, o
número de caixas automáticas e terminais de pagamento automáticos cresceu 13,4% e 33,3%,
respetivamente.
A rede de caixas automáticos assegura uma cobertura a todas as ilhas e municípios do país, com uma média de 18 terminais por ilha e 8 por concelho e disponibiliza, através dos seus terminais, uma alargada e diversificada gama de serviços e funcionalidades aos seus utilizadores, nomeadamente, levantamento de numerário, transferências bancárias, pagamento de serviços, consulta de saldos e de movimentos, carregamento móvel, consulta do NIB/IBAN, entre outros
6.3.3. Bolsa de valores38
A Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVC) foi inaugurada, em instalações próprias, em Março de 1999. O
processo de desenvolvimento da BVC começou a passar por dificuldades a partir de 2001, e só conseguiu
ultrapassá-las em finais de 2005, altura em que, num contexto macroeconómico mais favorável, se
procedeu à dinamização da BVC. A retoma foi acompanhada pelo Banco de Cabo Verde (BCV) enquanto
entidade responsável pela supervisão do Mercado de Valores Mobiliários (MVM), que operacionalizou a
Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários (AGMVM), serviço do BCV encarregue da supervisão
do MVM. Paralelamente, deu-se início a um processo de aprofundamento e reforma da regulamentação
relevante.
O MVM cabo-verdiano tem vindo a crescer nos últimos anos, designadamente a partir de 2005, ano em
que foram efetuadas as primeiras ofertas públicas de títulos com admissão à cotação em mercado
regulamentado. Esta dinâmica continuou nos anos seguintes, e a 31 de dezembro de 2010 o total da
capitalização bolsista atingia ECV 24,9 mil milhões, equivalente a pouco mais de 20% do PIB. Estes
indicadores colocam Cabo Verde a par de outros países do seu nível de rendimento.
As ofertas públicas têm registado um acolhimento muito positivo por parte dos investidores, com a procura
de títulos excedendo a oferta, com rácios procura/oferta elevados em muitos casos.
Atualmente, encontram-se presentes no mercado de valores mobiliários a ELECTRA, TECNICIL, BCA,
SCT, BAICV, SOGEI, entre outras.
38
Oportunidades e riscos emergentes no mercado de valores mobiliários cabo-verdiano
48%
12%
11%
11%
5%
5%
5% 2%
Santiago São Vicente Santo Antão Sal Fogo Boa Vista São Nicolau Maio Brava
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
137
Refira-se ainda o crescente peso relativo do MVM dentro do sistema financeiro nacional. De 2005 a 2010,
o volume anual de recursos mobilizado pelo MVM evoluiu de cerca de 14% para cerca de 67% do volume
total do crédito interno líquido concedido pelo setor bancário.
6.4. Guiné-Bissau
6.4.1. Principais bancos presentes
O setor financeiro guineense é composto apenas por 4 bancos, 2 seguradoras e 18 instituições de
serviços financeiros descentralizados oficialmente registadas.
Os 4 bancos presentes no país, que geram um produto bancário superior a 6,6 mil milhões de francos
CFA, são:
Banco de África Ocidental, que detém cerca de 50% do mercado, e possui atualmente 10
agências, das 21 presentes no país, detendo 50% das caixas automáticas instaladas no mercado,
bem como a totalidade dos TPA's /POS – “Point of Sale”;
Banco da União, criado em 2004, com vista ao estabelecimento de uma instituição bancária no
país que fosse capaz de responder às necessidades dos particulares e empresas na Guiné-
Bissau;
Ecobank Transnational Inc. (é um conglomerado pan-africano, com operações em 33 países
africanos, sendo o grupo independente bancário regional líder na África Ocidental e Central);
Banco Regional de Solidariedade, criado em 2001 pelos Chefes de Estado da UEMAO, tendo
como principal objetivo combater a pobreza na região, concedendo crédito direto às populações
mais vulneráveis, segundo critérios de elegibilidade.
6.4.2. Bancarização da população39
Apesar do setor bancário ter vindo a ganhar um maior relevo no país durante os últimos anos, a
bancarização ainda é baixa (rondando 4%).
No entanto, os esforços envidados pelo banco central, conjugados com medidas recentes – i.e.
pagamento de salários superiores a 50.000 francos CFA através de contas bancárias – devem vir a
melhorar o nível de bancarização.
6.4.3. Taxas de juro de empréstimo
Os bancos no país têm poucas oportunidades para conceder crédito devido à falta de instrução da
população, bem como à incapacidade das instituições em fornecerem os dados necessários para o efeito.
Assim, o setor bancário não tem conseguido desempenhar o seu papel no setor privado.
Não existem dados disponíveis sobre as taxas de juro aplicáveis no país quanto a empréstimos a longo
prazo, sabendo-se apenas que o Banco Central dos Estados da África Ocidental fixou, em junho de 2013,
a taxa de juro de cedência de liquidez em 3,75%.
39
Sistema de Pagamentos – Relatório BCV 2012
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
138
6.4.4. Bolsa de valores
A Guiné-Bissau não dispõe de uma bolsa de valores a nível nacional. No entanto, e sendo EM da
UEMOA, o país integra a bolsa de valores da União, que transaciona direitos, ações e obrigações.
Encontram-se atualmente cotadas 37 empresas nesta bolsa regional, não tendo no entanto a Guiné-
Bissau qualquer empresa nacional cotada na bolsa, nem obrigações emitidas.
6.5. Moçambique
6.5.1. Principais bancos presentes
Moçambique tem atualmente dezoito bancos licenciados e a operarem no seu sistema financeiro,
nomeadamente: Banco Internacional de Moçambique, Barclays Bank Moçambique, Standard Bank, Banco
Comercial e de Investimentos, (BCI) Internacional Comercial Bank (Moçambique), The Mauritius
Commercial Bank Moçambique, African Banking Corporation (Moçambique), FNB Moçambique, Socremo
Banco de Microfinanças, Banco Mercantil e de Investimentos, Banco ProCredit, Banco Oportunidade de
Moçambique, Banco Terra, Moza Banco, Banco Tchuma, Banco Nacional de Investimento, Banco Único e
United Bank for Africa Moçambique.
Ao nível da banca comercial, os quatro maiores bancos concentram entre si mais de 80% do volume de
negócios. O Millennium BIM (Banco Internacional de Moçambique), detido pelo grupo português BCP e
pelo Tesouro moçambicano, mantém-se como maior banco do país, com a maior quota de mercado em
volume de negócios (cerca de 40%) e maior banco em termo da expansão da rede de balcões.
Seguem-se, na lista dos maiores bancos moçambicanos, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), do
grupo CGD (51%) e BPI (30%), e do grupo Moçambicano Insitec, ambos com uma quota em volume de
negócios acima de 15%. O grupo BES, aumentou recentemente a sua participação no Moza Banco para
44% através da sua participada BES Africa, enquanto a Moçambique Capitais, grupo de investimentos
moçambicanos, com 50,4%, mantém-se acionista maioritária deste banco, após o recente reforço da sua
participação em 18,9% através da compra da participação da Geocapital - Gestão de Participações na
instituição.
No ano de 2011 verificaram-se algumas movimentações importantes no sistema financeiro moçambicano
com a entrada no mercado de um novo player, o Banco Único pertencente aos grupos portugueses
Visabeira e Amorim que atualmente detêm uma participação de 36,4% da instituição após a venda
ocorrida em maio de 2013 de metade da sua participação ao banco sul-africano NedBank.
Por outro lado, o Banco Nacional de Investimentos (BNI) que contava também com uma participação de
49,5% da Caixa Geral de Depósitos em representação do Estado por português, viu em dezembro de
2012 essa posição ser adquirida pelo Estado Moçambicano, que passou a assumir a totalidade do capital
do banco, transformando-o num banco de Fomento.
O sistema bancário é sólido e, até, setembro de 2012, 19,1% dos bancos apresentavam um adequado
rácio de fundos próprio, ao mesmo tempo que 8% respeitavam o rácio mínimo regulamentar. A taxa de
rentabilidade dos capitais próprios dos três principais bancos é de 35%, uma taxa elevada, enquanto o
crédito mal parado (vencido) diminuiu para menos de 4% em 2012. A 1 de janeiro de 2013 foram
implementados os regulamentos bancários recomendados nos Acordos de Basileia I e II40
, e está prevista
a implementação dos regulamentos de Basileia III em 2014.
40
Acordos de supervisão bancária que estabelecem valores mínimos de capital.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
139
6.5.2. Bancarização da população
O governo de Moçambique, através do banco central, tem desenvolvido esforços criando políticas
comerciais para incentivar e promover a abertura de mais instituições financeiras juntos dos distritos
localizadas nas zonas interiores do país. Todas as capitais provinciais, 12, têm instituições bancárias
abertas.
A expansão da rede bancária para os distritos em Moçambique continua a ser uma prioridade do Banco
central de Moçambique, tendo subido o número de distritos com agências bancárias de 27 para 63, entre
2007 e 2013. Atualmente encontram-se em funcionamento 502 balcões, estando autorizados 522.
No entanto, 42 distritos mantêm-se em situação de exclusão financeira sem qualquer instituição
financeira. As províncias de Sofala, Inhambane e Tete foram as que observaram maiores taxas de
crescimento do Índice de Inclusão financeira (IIF) nos últimos sete anos.
Para além dos bancos comerciais, o sistema financeiro Moçambicano é dotado de outras instituições
financeiras tais como sete cooperativas de crédito, nomeadamente: Cooperativa de Poupança e Crédito,
UGC-CPC - Cooperativa de Poupança e Crédito, Cooperativa de Crédito dos Microempresários de
Angónia, Cooperativa de Crédito dos Produtores do Limpopo, Caixa Cooperativa de Crédito, Sociedade
Cooperativa de Crédito das Mulheres de Nampula, Caixa das Mulheres de Nacala e Cooperativa de
Crédito, uma sociedade de investimento, a Sociedade de Gestão e Financiamento para a Promoção de
Pequenos Projetos de Investimentos, uma sociedade de locação financeira: African Leasing Company
(Moçambique) e oito micro bancos: AC MicroBanco, Caixa Financeira de Catandica, Caixa de Poupança
Postal de Moçambique, Microbanco NGR, Yingwe Microbanco, The First Microbank, Caixa Financeira de
Caia e Letshego Financial Services Mozambique.
Tabela 26 - Número de balcões e máquinas automáticas existentes por província
Províncias Balcões em funcionamento (2013)
Total ATM (2013)
Cidade de Maputo 186 356
Província Maputo 51 88
Nampula 50 92
Sofala 46 84
Tete 34 61
Gaza 31 58
Inhambane 30 63
Manica 24 36
Zambézia 24 54
Cabo Delgado 16 43
Niassa 10 26
Fonte: Relatório anual banco de Moçambique
6.5.3. Taxas de juro de empréstimo
As taxas de juro tanto das operações ativas, como das operações passivas, tiveram ao longo do período
em análise uma tendência decrescente. O Banco de Moçambique relaxou a política monetária tendo
baixado a taxa de desconto 8 vezes desde 2011. No entanto o movimento de descida não se alastrou na
mesma proporção à globalidade dos agentes económicos.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
140
6.5.4. Bolsa de valores
A Bolsa de Valores de Moçambique, denominada BVM, foi constituída pelo decreto n° 49/98, de 22 de
setembro, em resultado do cumprimento de um dos objetivos da política económica e financeira do
Governo moçambicano.
A criação da bolsa de valores tinha como principais objetivos: promover a poupança e a sua conversão
em investimento produtivo e diversificar as alternativas de financiamento para o estado e para as
empresas.
Empresas admitidas na BVM
As obrigações do Estado e os títulos das empresas cotados na BVM representam 3% do PIB. O
desenvolvimento do mercado interno de ações e obrigações faz parte dos objetivos da nova estratégia de
gestão da dívida de médio prazo.
Os principais títulos cotados são: Cervejas de Moçambique (CDM), Empresa Nacional de Hidrocarbonetos
(ENH), e a CETA Construções e Serviços SA, bem como obrigações do Tesouro de Moçambique.
Os títulos admitidos à cotação na BVM aumentaram de 25 em 2011 para 32 em 2012.
Em Moçambique, a BVM tem servido como uma das principais fontes de financiamento do Orçamento do
Estado e das empresas públicas e privadas, tendo sido admitidos à cotação desde o início 54 valores
mobiliários, no valor conjunto de 24.500 milhões de meticais (cerca de 816 milhões de US$).
A BVM admite também as negociações de Unidades de Participação detidas em Fundos de Investimento,
porém apenas quando estes sejam fechados.
A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) e as vantagens oferecidas:
Os títulos negociados em bolsa beneficiam de 50% de isenção do Imposto sobre o Rendimento (IRPC/IRPS), o que obviamente aumenta os ganhos que daí advêm;
No ato de emissão e na realização de transações, os valores mobiliários beneficiam de isenção do imposto de selo;
O custo de financiamento é reduzido em relação ao crédito bancário (emissão de ações, obrigações, papel comercial, entre outros);
É um meio de acesso a financiamentos internacionais através da mobilização de investidores internacionais;
Permite o conhecimento do valor das empresas através do estabelecimento de um preço de mercado.
O Estado tem utilizado a bolsa de valores para:
Empréstimos obrigacionistas (emissão de obrigações do tesouro); Privatizações (venda de participações do Estado nas empresas).
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
141
6.6. RAE de Macau
6.6.1. Principais bancos presentes41
No âmbito do princípio constitucional estabelecido à data da reunificação da China (“um país, dois
sistemas”) Macau continuará a preservar o seu sistema económico até, pelo menos, 2049.
O setor financeiro macaense tem uma dimensão relativamente grande, em especial quando comparado
com a dimensão da sua economia. De notar que lhe foi atribuída uma notação Aa3 pela agência de
notação de crédito Moody’s.
Os ativos do setor bancário representam mais de 90% da totalidade dos ativos do setor financeiro,
constatando-se assim a sua importância na economia de Macau. Em 2012, existiam 29 instituições de
crédito na região, das quais mais de 50% eram sucursais de bancos com sede no estrangeiro.
A China continental tem vindo a dominar o setor bancário, representando aproximadamente 50% do
mercado. Os bancos a operar na região continuam dependentes das atividades bancárias tradicionais –
angariando depósitos, concedendo empréstimos, e gerindo liquidez excedentária. A maioria garante o seu
financiamento através de depósitos domésticos, sendo que as sucursais de bancos sediados no
estrangeiro podem ver aumentada a sua liquidez através dos seus bancos-mãe.
Nas tabelas abaixo elencam-se os bancos a operar em Macau.
Tabela 15 – Bancos constituídos em Macau42
Tabela 16 – Sucursais de bancos estrangeiros43
Banco
Tai Fung Bank Ltd.
Wing Hang Bank Ltd.
Delta Asia Bank Ltd.
China Construction Bank (Macau) Corporation Ltd.
Industrial and Commercial Bank of China (Macau) Ltd.
Luso International Banking Ltd.
Banco Comercial de Macau, S.A.
The Macau Chinese Bank Ltd.
Banco Espírito Santo Asia Ltd.
Banco Nacional Ultramarino, S.A.
Banco
The HongKong & Shanghai Banking Corp. Ltd.
DBS Bank (Hong Kong) Ltd.
Bank of China Ltd.
Citibank
Standard Chartered Bank
China Guangfa Bank Co., Ltd., Macau Branch
Bank SinoPac Company Ltd.
Chong Hing Bank Ltd.
The Bank of East Asia Ltd.
Hang Seng Bank Ltd.
China CITIC Bank International Ltd.
Bank of Communications Co., Ltd.
Banco Comercial Português, S.A.
First Commercial Bank, Ltd.
Wing Lung Bank, Ltd.
Hua Nan Commercial Bank, Ltd.
Os bancos em Macau são, no geral, lucrativos e bem capitalizados, tendo sentido poucos – ou nenhuns –
efeitos diretos da crise financeira global, uma vez que a maioria se financia através de depósitos
domésticos, e não tem exposição significativa às classes de ativos mais afetados pela crise. Em 2011,
aliás, os bancos a operar na região obtiveram resultados históricos com lucros de 575 milhões de dólares,
um aumento de 31% face aos resultados de 2010.
41
FMI, 2011; Autoridade Monetária de Macau (AMCM) 42
Autoridade Monetária de Macau, outubro 2013 43
Autoridade Monetária de Macau (AMCM), outubro 2013
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
142
Cumpre referir que o rácio empréstimo/depósito continua baixo, refletindo oportunidades de empréstimo
limitadas. No entanto, este rácio denota um forte crescimento dos depósitos devido, em grande medida,
ao ambiente económico favorável.
Para além do setor bancário, o sistema financeiro macaense é ainda composto por instituições não-
creditícias, principalmente seguradoras, na sua maioria, sucursais ou subsidiárias de entidades
estrangeiras.
Entre as instituições não-creditícias da região, contam-se ainda corretoras de valores (sucursais de
empresas estabelecidas em Hong Kong), agências de câmbio, balcões de câmbio (a operar nos casinos),
e empresas remetentes de dinheiro para o estrangeiro.
A Autoridade Monetária de Macau (AMCM), constituída em 1989, tem a seu cargo funções semelhantes
às de um banco central, competindo-lhe supervisionar o sistema financeiro de Macau.
Das atribuições da AMCM destacam-se:
A supervisão dos sistemas financeiro e monetário;
O aconselhamento do Governo, em matéria de definição de políticas conducentes à estabilidade e
desenvolvimento do setor financeiro a longo prazo;
A elaboração de propostas de regulamentação jurídica;
A adoção de práticas internacionais adequadas, com vista ao aprofundamento do
desenvolvimento de um centro financeiro na região;
A gestão das reservas cambiais do território.
Uma característica peculiar do sistema financeiro de Macau é a utilização generalizada, em transações e
para efeitos de armazenamento de mercadorias, do dólar de Hong Kong (HK$).
O HK$, além de representar cerca de 50% da total dos ativos bancários (mais de 60% dos empréstimos
bancários) e dos depósitos, dispõe também, a par da Pataca (MOP), a moeda local, de elevada circulação
monetária na região.
O BNU – Banco Nacional Ultramarino, um dos maiores bancos do território é um banco detido pelo Grupo
Caixa Geral de Depósitos tendo sido o primeiro banco comercial a operar em Macau sendo um dos
Bancos emissores de moeda Patacas para o Governo da Região Especial Administrativa de Macau.
6.6.1. Bancarização da população
O crescimento contínuo da economia do país ao longo dos últimos anos tem impulsionado um
crescimento correspondente no setor bancário, tendo sido registado um crescimento nas sucursais dos
bancos comerciais, e das caixas automáticas. Nos gráficos abaixo apresentados, pode constatar-se esta
evolução.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
143
Gráfico 19 – Sucursais de bancos comerciais por 100,000 adultos e caixas automáticas por 100,000 adultos
44
6.6.2. Taxas de juro
Gráfico 20 – Valor das taxas de juro em Macau para o período de 2008-201245
Relativamente à taxa de juro real negativa refletida no gráfico, cumpre referir que o HK$ tem vindo a
assumir um papel proeminente na história monetária de Macau (apesar do uso da MOP ser promovido
pela AMCM), dando-se assim um processo de substituição da moeda na região.
Bolsa de valores
Macau não dispõe, à data, de bolsa de valores. No entanto, as empresas macaenses podem estar
cotadas na bolsa de Hong Kong. Cumpre notar que o estabelecimento de uma bolsa de valores na região
é uma questão que vem sendo discutida desde 1989, quando Macau estava ainda sob a égide da
administração portuguesa, sendo um projeto passível de ser implementado a longo prazo.
44
Financial Access Survey, FMI 45
World Bank
35.9 35.9
35.8
36.3
37.0
35
35.2
35.4
35.6
35.8
36
36.2
36.4
36.6
36.8
37
37.2
2008 2009 2010 2011 2012
Sucusais de bancos comerciais : 100 000 adultos
112.9 130.0
138.2
152.1
178.8
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
2008 2009 2010 2011 2012
Caixas automáticas (ATM) : 100 000 adultos
-4.01
-4.6
0.6
-1.4 -1.9
5.4 5.3 5.3 5.3 5.3
1.1
0 0 0.1 0.1
-6
-4
-2
0
2
4
6
2008 2009 2010 2011 2012
Taxa de Juro Real
Taxa de Juro Empréstimos
Taxa de Juro de Depósitos
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
144
6.7. São Tomé e Príncipe
6.7.1. Principais bancos presentes
O sistema bancário de STP expandiu-se significativamente nos últimos anos, e atualmente operam oito bancos no país. O Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BISTP), uma subsidiária da CGD é o maior e mais antigo banco comercial, tendo beneficiado do estatuto de monopólio até à revisão da Lei Bancária, em 2003. O Estado é o maior acionista do BISTP, detendo 48% do capital, estando o restante capital repartido entre a CGD (Portugal) (27%) e o Banco Africano de Investimentos, de Angola (25%). O BISTP, que atualmente detém cerca de metade dos ativos bancários, foi o único banco comercial do país até 2003. De acordo com o mais recente relatório anual do Banco Central de São Tomé e Príncipe (Relatório BCSTP, 2010), os três principais bancos de STP, nomeadamente o BISTP, o Afriland First Bank e o Banco Ecuador, totalizam mais de 75% dos ativos bancários. O BISTP continua a contar com a maioria das empresas entre os seus clientes, em particular as empresas públicas mais importantes, para além de mais de 50% das grandes e médias empresas do país. No que respeita às pequenas e microempresas, estas recorrem mais a outros bancos secundários. Figura 11 – Repartição dos ativos bancários em STP
Fonte: Relatório BCSTP, 2010
6.7.2. Bancarização da população
Tabela 17 – Instituições de crédito46
Indicadores 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2012
Bancos Comerciais de Investimento (Nº) 2 4 6 6 7 8 n.a.
Nº de Agências (inclui sede) 2 6 8 8 13 15 26
Seguradoras 1 1 1 1 1 1 n.a.
46
BCSTP (2008)
BISTP 49%
Afriland 15%
BE 11%
Ecobank 8%
Island 7%
Oceanic 6%
Cobstp 4%
"Os bancos investem, criam emprego, introduzem novas tecnologias, concorrem entre si, o que faz do setor bancário santomense um dos mais inovadores e dinâmicos da economia." Maria do Carmo Silveira, Governadora do Banco Central de São Tomé e Príncipe (BCSTP)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
145
17 18
21
2 2 2 1 1 1 1 1 1
0 0 1
-
5
10
15
20
25
2010 2011 2012
Água Grande R.A. Príncipe Lembá Me - Zochi Cantagalo
26 Agências bancárias em STP (2012)
Indicadores 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2012
Nº de casas de câmbio 5 5 5 5 5 5 n.a.
Em 2008, de acordo com o BCSTP, os bancos tinham um total de 15 agências. Em 2012, existiam já 26 agências, na sua maioria localizadas na capital ou na sua periferia. O distrito de Água Grande conta com a maioria das sucursais.
A maior parte da população é servida pelas instituições que se encontram localizadas nas principais zonas urbanas do país. Estão direcionadas, preferencialmente, para as populações de rendimento médio e alto, excluindo por isso as populações de baixo rendimento.
Após o aumento significativo da taxa de bancarização entre 2009 e 2010, registou-se um crescimento menos acentuado nos anos subsequentes.
“O sistema financeiro nacional tem registado avanços significativos no decorrer das últimas décadas, em particular, registou-se uma melhoria no número de instituições bancárias”
BCSTP
Figura 12- Distribuição geográfica dos pontos de acesso – Agências Bancárias
Gráfico 21 – Concentração do mercado bancário em São Tomé e Príncipe (Índice de GINI) 1
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
146
Gráfico 22 – Inclusão Financeira – situação atual47
Cerca de 30% da população adulta, na sua maioria de baixo rendimento, não tem acesso a crédito, a poupanças ou a outros serviços financeiros. Existem ainda alguns outros obstáculos que dificultam o acesso à abertura ou manutenção de uma conta bancária por parte da população, nomeadamente:
Custos inerentes à abertura e manutenção de uma conta bancária;
Localização geográfica;
Documentação necessária.
Para potenciar a eficácia das políticas de inclusão financeira, é importante desenvolver ações de literacia financeira, divulgando as vantagens inerentes à utilização de produtos e serviços financeiros básicos, e promovendo a utilização responsável e eficiente destes produtos. O BCSTP criou em 2011 o Gabinete de Apoio ao Consumidor, e tem vindo a desenvolver a área de apoio à população e supervisão comportamental. Os principais desafios do setor começam pela garantia dos serviços mínimos bancários, que apenas chegam a uma parte da população. É fundamental, para que o setor financeiro se desenvolva, estabelecer o direito de acesso, a um custo relativamente reduzido, a serviços bancários considerados essenciais.
6.7.3. Microcrédito48
A existência de programas de microcrédito em São Tomé e Príncipe é muito limitada. Desde 2003, existiram apenas dois projetos, que beneficiaram um total de 112 famílias: o Projeto Micondó (2003-06) e o Projeto de Caué (2004-09). Estes projetos resultaram em prejuízos para a agência promotora, o PNUD, porque as ONGs responsáveis pela sua implementação não estavam suficientemente capacitadas para garantir o nível de acompanhamento necessário aos projetos financiados.
47
BCSTP (2013) 48
Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa, 2012
157,847.00 160,820.00 163,783.00 166,728.00
188,098.00
34,005.00 37,971.00
57,316.00 66,334.00
75,112.00
52,595.00 53,003.00 52,147.00
60,496.00 68,775.00
21.5 23.6
35
39.8 40.6
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
-
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
140,000
160,000
180,000
200,000
2008 2009 2010 2011 2012
População Nº Clientes Nº de Contas MN Grau de Bancarização
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
147
6.7.4. Taxas de juro de empréstimos
A política cambial adotada na última década (taxa flutuante), aliada a uma política monetária expansionista (propiciada pelo fluxo de IDE em 2006-2009), num contexto de subida dos preços dos hidrocarbonetos e dos produtos alimentares, contribuiu para atenuar a inflação. Depois de um a taxa de 27,6% em 2007, a inflação desceu para 16% em 2009, 12,9% em 2010, e 11,9% em 2011. Um dos efeitos desta política foi a forte depreciação da moeda nacional (a dobra) na ordem dos 210%, entre 2000-2009
49.
Gráfico 23 – Taxa de Inflação (t.v. homóloga anual) 50
49
Ambiente do investimento privado em São Tomé e Príncipe – Banco Africano de Desenvolvimento 2012 50
Banco de Portugal
27.6
24.8
16.1
12.9
16.6
11.9 11.6
-
5
10
15
20
25
30
2007 (Dez) 2008 (Dez) 2009 (Dez) 2010 (Dez) 2011 (Jun) 2011 (Dez) 2012 (Jul)
Taxas de Juro | Taxas anuais, em %
2007
(Dez)
2008
(Dez)
2009
(Dez)
2010
(Dez)
2011
(Jun)
2011
(Dez)
2012
(Jul)
Taxa de referência do BCSTP
28 28 16 15 15 15 14
Taxas ativas1
Créditos de 91 a 180
dias 34,3 31,2 31,2 26,8 26 26 26
Créditos de 181 dias a
1 ano 32,1 28,7 28,7 27 26 26 26
Créditos de mais de
um ano 30,8 28 28 26,7 26,5 26,5 26,5
Taxas passivas1
Depósitos até 90 dias 12,3 10,2 10,2 11,6 12,2 12,2 12,2
Depósitos de 91 dias a
1 ano 13,2 11,3 11,3 13,2 13,7 13,7 13,7
Depósitos a mais de
um ano Neg.* Neg.* Neg.*l 13,9 12,8 12,8 12,8
1Taxas de juro ativas são as cobradas aos clientes pelas instituições de créditos. Taxas de juro passivas, são as taxas pagas pelas instituições de crédito aos depositantes. A diferença entre ambas denomina-se margem financeira. (*) Negociável
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
148
6.8. Timor-Leste
6.8.1. Principais bancos presentes51
O sistema bancário em Timor-Leste encontra-se em fase de desenvolvimento, dispondo, à data, em três
sucursais de bancos comerciais estrangeiros, que recebem depósitos, prestam serviços de câmbio
externo e efetuam transferências internacionais.
O sistema bancário do país é ainda composto por uma instituição especializada em microcrédito – o
Instituto de Microfinanças. Estabelecido em 2001 pela UNTAET (“United Nations Transitional
Administration in East Timor”), fundado pelo BAsD, o seu estabelecimento tinha em vista a redução da
pobreza no país, através da concessão de empréstimos de valor reduzido à população mais carenciada.
Com o desenvolvimento do país, o Instituto de Microfinanças desviou-se do seu objetivo inicial, tendo o
BAsD, em 2008, recomendado que o Instituto de Microfinanças passasse a operar enquanto banco
comercial, para tanto tornando-se necessária a sua transformação numa sociedade anónima de capitais
exclusivamente públicos – as ações do Instituto de Microfinanças foram, nesse mesmo ano, transferidas
na sua totalidade, para o Governo.
Gráfico 24 – Rácio sucursais de bancos comerciais: 100.000 adultos52
Os bancos a operar no país prestam serviços limitados fora de Díli, assegurando um valor mínimo em
empréstimos comerciais, tendo esta situação resultado numa procura – sem resposta – de financiamento
a longo prazo e a taxas acessíveis. Estima-se que esta procura corresponda, aproximadamente, a US$ 50
milhões, tornando-se necessário para o crescimento económico do país e o desenvolvimento do setor
privado que haja um maior acesso ao crédito.
Assim, o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste para o período entre 2011 e 2030,
perspetiva a criação de um banco nacional de desenvolvimento cujo – único – objetivo será o de conceder
crédito a longo prazo ao setor privado timorense. O banco, que irá ser maioritariamente detido pelo
Estado, concederá empréstimos que terão por base critérios comerciais normais, a taxas de juro
competitivas (e não concessionais).
Cabe ao Banco Central de Timor-Leste (BCTL), supervisionar as instituições bancárias do país:
Caixa Geral de Depósitos, SA (sucursal de banco português);
Australia and New Zealand Banking Group, Ltd (sucursal de banco australiano);
Bank Mandiri (sucursal de banco indonésio).
51
Asian Development Bank, 2013; Plano Estratégico de Desenvolvimento, 2011-2030 52
World Bank
1.9 1.9 1.8
4.1
0
1
2
3
4
5
2008 2009 2010 2011
Número sucursais de bancoscomerciais (por 100.000adultos)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
149
O BCTL, formalmente criado a 13 de setembro de 2011, tem como objetivo central o alcance e a respetiva
manutenção de um sistema financeiro e monetário sustentável, visando, consequentemente, o
desenvolvimento económico do país.
O BCTL assegura ainda que os meios e sistemas de pagamentos são eficientes e eficazes, promovendo a
segurança e credibilidade do setor.
Cumpre referir que em agosto de 2013 e, refletindo os avanços bancários no país, o BCTL anunciou o
lançamento de um concurso internacional para a aquisição de um sistema de pagamento automático. Este
sistema deverá ser implementado em 2015, passando a possibilitar transferências imediatas entre as
entidades bancárias presentes em Timor-Leste.
6.8.2. Bancarização da população53
Apesar do setor bancário em Timor-Leste estar ainda numa fase embrionária, o crescimento contínuo da
economia do país ao longo dos últimos anos tem impulsionado um crescimento nos depósitos bancários –
10,5% ao ano54
. Nas tabelas seguintes, constata-se esta evolução.
Tabela 18 – Depósitos bancários em 2012 (em US$ milhões)
55
Mês Total
depósitos
janeiro 338,76
fevereiro 328,86
março 344,46
abril 354,94
maio 338,86
junho 359,21
julho 379,33
agosto 385,65
setembro 384,04
outubro 380,17
novembro 394,78
dezembro 414,62
Tabela 19 – Depósitos bancários em 2013 (em US$ milhões)
56
Mês
Total depósitos
janeiro 433,98
fevereiro 412,74
março 398,55
abril 397,46
maio 397,82
junho 396,65
julho 398,05
agosto 404,53
Por outro lado, a concessão de crédito também tem vindo a aumentar. O crescimento do crédito ao setor
privado foi 10,3% mais alto em junho de 2013 do que no ano anterior, tendo atingido um máximo de US$
165,6 milhões.
Em 2013, os dados disponíveis apontam para um crescimento do crédito a particulares de 13,1%, face a
um aumento de 25,2% do crédito a empresas comerciais e financeiras, no primeiro semestre.
53
Asian Development Bank, 2013 54
Estimativa BCTL para 2013 55
BCTL 56
Banco Central de Timor-Leste
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
150
6.8.3. Bolsa de valores57
Timor-Leste não tem – ainda – bolsa de valores. No entanto, cumpre referir que vários EM da ASEAN se
juntaram para criar um conjunto de bolsas de valores (ASEAN Exchanges), cuja capitalização bolsista
ronda os US$ 2 mil milhões, oferecendo, coletivamente, mais de 3.000 empresas onde investir. Esta
colaboração inclui as bolsas de valores da Malásia, do Vietname, da Indonésia, das Filipinas, da
Tailândia, e de Singapura.
Ao atrair mais oportunidades de investimento a um maior número de (potenciais) investidores, a ASEAN
Exchanges tem em vista a promoção do mercado de capitais da região, bem como o aumento dos níveis
de liquidez aos EM participantes.
Note-se ainda que a “ASEAN Exchanges” visa implementar medidas que racionalizem o acesso à região,
introduzir mecanismos transfronteiriços de harmonização, e criar produtos centrados na região, o que
poderá acabar por vir a beneficiar Timor-Leste (ainda que, por enquanto, o país não seja um EM efetivo
da região, nem participe nesta colaboração).
57
Banco Central de Timor-Leste; http://www.aseanexchanges.org
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
151
7. Incentivos comunitários à
internacionalização
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
152
7. Incentivos comunitários à
internacionalização
No âmbito comunitário existem, essencialmente, quatro grandes tipos de instrumentos de financiamento
dos quais as empresas poderão beneficiar:
i. Financiamento temático
Financiamento orientado para objetivos e domínios específicos, como sejam o ambiente, a investigação
ou a educação, criados e implementados pela UE. As empresas podem candidatar-se diretamente aos
programas desde que sejam sustentáveis, de valor acrescentado e supranacionais.
O apoio da UE materializa-se, muitas vezes, em subvenções que abrangem apenas parte dos custos.
ii. Fundos estruturais
Os fundos estruturais são os principais instrumentos de financiamento comunitário destinados às
empresas. Os beneficiários dos fundos estruturais recebem uma contribuição direta para financiar os seus
projetos.
iii. Instrumentos financeiros
Os instrumentos financeiros da UE estão, regra geral, orientados para financiamento a países ou a
projetos promovidos por países, existindo ainda instrumentos financeiros de apoio direto e indireto às
empresas, seja através da IFD ou de IFM Europeias para o desenvolvimento, como se viu anteriormente.
iv. Incentivos à internacionalização
Encontrando-se em discussão os programas de incentivos para o quadro comunitário 2014-2020,
relativamente aos incentivos prestados à internacionalização das empresas portuguesas, durante o
período 2007-2013, os mesmos, enquadraram-se no Sistema de Incentivos à Qualificação e
Internacionalização de PME (SI Qualificação PME).
A título exemplificativo o SI Qualificação PME teve por objetivo promover a competitividade das empresas,
através do aumento da produtividade, da flexibilidade, da capacidade de resposta e da presença ativa das
PME no mercado global, e abrangeu as seguintes modalidades de projetos:
Projeto Modalidades de projeto Incentivo
Projeto individual Apresentado, a título individual, por uma PME
€ 400.000 Projeto cooperação
(mínimo de 3 empresas)
Apresentado por uma PME ou por um consórcio liderado por
PME, que resulte de uma ação de cooperação interempresarial
Projeto conjunto
Apresentado por uma ou mais entidades públicas com
competências específicas em políticas públicas dirigidas às
PME, por uma Associação Empresarial ou por uma entidade
do Sistema Cientifico e Tecnológico , tendo em vista
desenvolver um programa estruturado de intervenção num
conjunto maioritariamente composto por PME
€ 180.000 (x n.º
empresas)
Projeto simplificado
(vale inovação, vale
energia ou ambiente, vale
internacionalização)
Apresentado por uma PME para aquisição de serviços de
consultoria e de apoio à inovação a entidades do SCT,
qualificadas para o efeito.
€ 25.000
(ou € 200.000, como
limite no prazo de 3
anos, no caso de ser
cumulável com Vale
ID&T)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
153
O incentivo SI qualificação abrangeu o apoio a:
i. Ações de prospeção e presença em mercados externos, através da prospeção de mercados,
participação em concursos internacionais, participação em certames internacionais nos mercados
externos e ações de promoção e contacto direto com a procura internacional; e,
ii. Ações de promoção e marketing internacional, nomeadamente conceção e elaboração de material
promocional e informativo e execução de programas de marketing internacional.
A importância destes incentivos reflete-se no número de candidaturas que o incentivo obteve. Assim, a
título exemplificativo, no final de 201258
o SI Qualificação e Internacionalização de PME teve 2.277
candidaturas, num total de mais de € 1,1 mil milhões de investimento, representando cerca de 20% do
total das candidaturas e 36% do investimento do SI Qualificação PME, um instrumento orientado
sobretudo para as micro e pequenas empresas e operacionalizado essencialmente através dos PO
Regionais.
No final de 2012 encontravam-se aprovados 1.209 projetos, com um investimento elegível de € 458
milhões e um incentivo de € 213 milhões. Os projetos conjuntos, com um investimento médio de € 1,7
milhões, assumiram maior relevância a nível do incentivo atribuído. Assumiram particular destaque em
torno das diferentes cadeias de valor, salientam-se as fileiras da moda, casa (14%) e alimentar e vinhos
(10%), bem como os projetos multissetoriais (24%).
Outro dado relevante para compreender a intenção das empresas em termos de prospeção de mercados
resulta da avaliação da participação das empresas por mercados-alvo nos projetos encerrados. Aqui, não
obstante a relevância dos parceiros comunitários (53% das participações), o seu peso é inferior ao
verificado nas exportações nacionais (cerca de 68% em 2012), o que aponta para um esforço de
diversificação dos mercados, designadamente em direção aos PALOP e Brasil, Rússia, Índia e China
(BRIC).
Para além do SI Qualificação PME, foram promovidos outros incentivos à internacionalização através do
Sistema de Incentivos à Inovação que visou promover a inovação no tecido empresarial, pela via da
produção de novos bens, serviços e processos que suportem a sua progressão na cadeia de valor e o
reforço da sua orientação para os mercados internacionais, bem como pela introdução de melhorias
tecnológicas, criação de unidades de produção e estímulo ao empreendedorismo qualificado e ao
investimento estruturante em novas áreas com potencial crescimento.
Este incentivo que consistia num incentivo financeiro reembolsável59
a 6 anos, com período de carência
de 3 anos sem pagamento de juros ou outros encargos e, regra geral, com um montante de despesa
mínima elegível por projeto de € 150.000, e convertível em incentivo não reembolsável, em função da
avaliação do desempenho do projeto, até ao montante máximo de 75% do incentivo reembolsável
concedido. Abrangeu o apoio a:
i. Ações de prospeção e presença em mercados externos, designadamente prospeção de
mercados, participação em concursos internacionais, participação em feiras internacionais nos
mercados externos e ações de promoção e contacto direto com a procura internacional;
ii. Ações de promoção e marketing internacional, nomeadamente conceção e elaboração de material
promocional e informativo e execução de programas de marketing internacional.
Compreender a tipologia dos incentivos e o ciclo de candidatura dos incentivos é um importante fator para
os empresários poderem beneficiar dos mecanismos comunitários de apoio à internacionalização.
Assim, no quadro comunitário 2014-2020, para os empresários poderem beneficiar dos incentivos
comunitários para a internacionalização, deverão adotar um conjunto de medidas para a adequação da
empresa à preparação de processos de candidatura aos fundos comunitários.
58
Relatório de Execução Compete, 2012. 59
Com exceção de formação.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
154
Identificação do incentivo
•Obtenção de informação sobre os incentivos existentes;
• Identificação do incentivo pretendido;
•Consulta regular às fontes públicas - anúncios
•Análise dos objetivos do incentivo;
•Obtenção de informação sobre o incentivo e os restantes passos do processo de candidatura.
Avaliação das condições de acesso
• Identificação dos beneficiários;
•Avaliação dos setores de atividade abrangidos pelos incentivos;
•Avaliação das condições gerais e e específicas de elegibilidade do promotor do projeto;
•Avaliação das condições gerais de elegibilidade do projeto;
•Avaliação das regiões abrangidas pelo incentivo;
• Identificação do referêncial de mérito do projeto de modo a planear a candidatura.
Preparação da candidatura
•Caraterização do promotor;
•Dados do projeto comuns:
•Caraterização simplificada do projeto;
•Responsável pelo projeto;
•Atividade económica do promotor do projeto;
•Descrição da empresa e principais clientes;
• Indicadores da situação ecónomica financeira da empresa para avaliação da sustentabilidade do projeto.
•Caraterização do projeto:
•Caraterização dos resultados esperados bem como outros benefícios e impactos diretos e/ou induzidos do projeto na atividade da empresa;
•Demonstração da aderência do projeto à Atividade económica do promotor e do caráter único e não recorrente da atividade contratada;
•Evidenciar os impactos do projeto;
•Quantificação dos impactos.
Avaliação dos montantes do incentivo
•Avaliação dos valores máximos de apoio (taxa máxima) e percentagem de co-financiamento;
• Identificação de majoração;
• Identificação cuidada das despesas elegíveis;
• Identificação das obrigações das entidades beneficiárias;
•Ponderação do risco de incumprimento dos objetivos e das obrigações de reembolso.
Incentivos à internacionalização
Ciclo de candidatura
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
155
Além dos programas de fundos comunitários dirigidos aos EM, que resultam em novos incentivos ao
abrigo do quadro comunitário de 2014-2020, existem outros programas financiados pela UE no domínio
da internacionalização que procuram ajudar as PME a aceder a mercados internacionais.
i. Programa “GateWay UE”
O objetivo deste programa, que decorre entre 2008-2015, é promover a introdução de produtos europeus
no mercado japonês e sul-coreano, complementando e conferindo um valor acrescentado às atividades de
promoção das exportações empreendidas pelos diferentes EM da UE em setores industriais comunitários
considerados de elevado potencial no Japão ou na Coreia (serviços de saúde e tecnologias médicas,
tecnologias de construção, tecnologia de comunicação e informação, tecnologias ambientais e
relacionadas com o ambiente, decoração de interiores, moda).
As PME participantes obtêm apoio indireto através da organização de missões comerciais a fim de facilitar
a cooperação, assim como apoio financeiro e assistência logística específica.
ii. Programas do Centro de Cooperação Industrial UE-Japão
São programas anuais abertos a empresas de todas dimensões, incluindo as PME. É concedido apoio
indireto através da organização de programas de formação no Japão, que são gratuitos e incluem uma
bolsa de estudo para os participantes de PME.
iii. Programa “Compreender a China”
Um programa de formação organizado pela Eurochambres60
e outros parceiros e cofinanciado pela
Comissão Europeia. O programa visa formar as associações empresariais que, por sua vez, ajudarão as
empresas europeias a conhecer melhor a economia chinesa e a aumentar a sua competitividade nesse
mercado.
iv. Programa UE-China de intercâmbio e formação de gestores
O programa proporciona a gestores europeus e chineses ações de formação em línguas, bem como sobre
a cultura empresarial e as práticas de cada um dos continentes.
v. Apoio não financeiro do BERD: Programas TAM (Recuperação de Empresas) e BAS (Serviços de
Aconselhamento às Empresas)
Através dos programas TAM e BAS, o BERD ajuda as empresas privadas a adaptarem-se às exigências
da economia de mercado, contribuindo para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas.
vi. Empréstimos do BEI às PME nos países parceiros mediterrânicos
A Facilidade Euro-Mediterrânica de Investimento e Parceria (FEMIP) concede empréstimos a pequenas
empresas no Mediterrâneo (Argélia, Egito, Gaza/Cisjordânia, Israel, Jordânia, Líbano, Marrocos, Síria e
Tunísia), principalmente através de intermediários locais, para projetos que impulsionem as infraestruturas
económicas da zona.
60
Eurochambres – Associação Europeia das Câmaras de Comércio e Indústria (Association of European Chambers of Commerce and Industry)
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
156
8. Incentivos fiscais à
internacionalização
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
157
8.Incentivos fiscais à internacionalização
A fiscalidade em geral, e em particular o nível de tributação a que as empresas estão sujeitas numa
determinada jurisdição, continuam a ter um peso determinante nos processos de tomada de decisão
sobre estratégias empresariais de internacionalização.
O Governo português elegeu a redefinição da política fiscal internacional como um dos principais objetivos
da recente Reforma do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), procurando com as
medidas adotadas melhorar significativamente o nível de competitividade / atratividade do sistema de
tributação dos rendimentos empresariais.
8.1. Medidas previstas na Reforma do IRC
A Reforma do IRC, em vigor desde 1 de janeiro de 2014 pretende, tal como referido no Despacho do
Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais sobre esta matéria, contribuir:
eficazmente para a internacionalização das empresas portuguesas; e,
para a atração de IDE, privilegiando um reposicionamento de Portugal como país exportador de capitais, designadamente em mercados internacionais considerados prioritários para o investimento português.
Entre as várias medidas adotadas com vista a alcançar os dois objetivos acima previstos, destacamos as
seguintes:
a. Participation exemption61
Passam a beneficiar do regime de participation exemption os dividendos e mais / menos-valias, quando cumpridas cumulativamente, entre outras, as seguintes condições:
a participação na subsidiária seja igual ou superior a 5% do capital social ou dos direitos de voto da entidade que distribui os lucros;
a participação seja detida, de modo ininterrupto durante 24 meses (ou venha a ser detida por esse prazo, no caso de dividendos);
a entidade que distribui os lucros esteja sujeita e não isenta de IRC, ou a um dos impostos referidos na Diretiva Mães-Filhas, ou a um imposto de natureza idêntica ou similar e a taxa de IRC aplicável não seja inferior a 60%da taxa nominal de IRC.
Este regime não é aplicável:
a lucros e reservas que constituam gastos dedutíveis na entidade que os distribui;
à transmissão de partes sociais quando o valor dos bens imóveis represente mais de 50% do ativo.
De notar que uma vez que o novo regime de participation exemption é mais atrativo, foram revogados
os regimes fiscais seguintes:
das sociedades gestoras de participações sociais (SGPS) que previa a isenção das mais-valias na transmissão de participações sociais;
e, o regime dos dividendos de subsidiárias de empresas portuguesas nos PALOPs e em Timor-Leste, que previa a exclusão de tributação dos dividendos recebidos
61
Participation exemption – um regime de isenção dos dividendos e mais-valias relativos a participações qualificadas.
A eliminação ou redução significativa da tributação aplicável aos dividendos recebidos por entidades aqui sediadas representa uma efetiva redução de custos para as empresas portuguesas
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
158
b. Lucros e prejuízos de estabelecimento estável
É criado um regime opcional de não concorrência, para a determinação do lucro tributável do sujeito
passivo, dos lucros e prejuízos fiscais imputáveis a um estabelecimento estável situado fora do
território português, desde que estejam verificados alguns requisitos.
c. Crédito de imposto
Por dupla tributação internacional
Foi criado um crédito por dupla tributação económica internacional, aplicável por opção do
sujeito passivo que receba lucros ou reservas aos quais não seja aplicável o regime da
participation exemption (mediante a verificação de condições).
Por dupla tributação internacional
O prazo de utilização do crédito de imposto por dupla tributação jurídica internacional é
alargado para cinco exercícios.
Vale ainda a pena referir que a Reforma do IRC também consagra a simplificação de algumas obrigações
declarativas, o que se traduz numa redução significativa do tempo e custos necessários para o
cumprimento das obrigações fiscais.
As medidas acima referidas, oferecem às empresas portuguesas as condições necessárias para estas se
internacionalizarem diretamente a partir de Portugal, evitando a necessidade de estruturação do
investimento no estrangeiro através a sociedades residentes em outros EM da UE com regimes fiscais
mais favoráveis (através das quais eram registadas sucursais nos países alvo de investimento).
Inversamente, ao alargar o âmbito de aplicação do regime de participation exemption a países com os
quais celebrou um Acordo de Dupla Tributação - ADT (até 2013 o regime de isenção era só aplicável a
dividendos pagos a entidades residentes na UE ou no EEE62
), Portugal assume-se como uma plataforma
de entrada de investimento estrangeiro no mercado da EU.
8.2. O Centro Internacional de Negócios da Madeira
Adicionalmente vale a pena referir que o Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) contínua a
oferecer às entidades aí licenciadas, um regime fiscal mais favorável, aplicável até o ano de 2020.
Com efeito, as entidades licenciadas até 30/06/2014 para operarem no CINM são tributadas em IRC à
taxa reduzida de 5%, – esta taxa aplica-se a plafonds de matéria coletável, variáveis de acordo com o
número de postos de trabalho criado.
Pela relevância que a fiscalidade assume em estruturas internacionais, e por forma a evitar eventuais
ineficiências fiscais bem como riscos de incumprimento, é recomendável que as empresas obtenham
previamente a qualquer decisão de internacionalização, aconselhamento especializado que poderá
consistir em: estruturação do investimento, informação sobre os regimes de tributação das jurisdições
envolvidas, apoio na implementação da estrutura, e acompanhamento das obrigações declarativas.
62
EEE – Espaço económico europeu.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
159
9. Linhas de crédito à
internacionalização
apoiadas pelo Estado
português
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
160
9.Linhas de crédito à internacionalização
apoiadas pelo Estado português
O Estado português protocolizou, com diversas instituições financeiras, linhas de crédito de apoio à
internacionalização das empresas.
Ainda que estes não sejam os únicos mecanismos de apoio à internacionalização, atendendo a que as
instituições bancárias disponibilizam as suas próprias linhas de financiamento às PME, bem como
soluções de tesouraria para as empresas, estas linhas apoiadas pelo estado português dispõem de
elementos distintivos, que em alguns dos casos passam por prestação de garantia pública, bonificação da
comissão de garantia e taxa de juro cobrada ajustada ao financiamento do BEI e do mercado.
São quatro as linhas de crédito de apoio à internacionalização das PME:
i) Créditos ao Importador para Apoio à Exportação Portuguesa/CGD;
ii) Linhas de Crédito PME Investe e Export Investe;
iii) Linha de Crédito PME Crescimento 2014;
iv) Linha de Crédito Investe QREN.
De seguida analisar-se-ão as características de cada uma das referidas linhas de modo a
compreendermos as vantagens e os respetivos requisitos de elegibilidade.
9.1. Créditos ao Importador para Apoio à Exportação Portuguesa / CGD, S.A.
Esta linha de crédito protocolizada entre o Estado português e a CGD consiste na atribuição de
financiamento de crédito de médio e/ou longo prazo aos importadores ou bancos locais, na aquisição de
bens de equipamento e/ou serviços de origem portuguesa.
É um apoio que é concedido diretamente pela CGD e consiste na garantia de pagamento do seu crédito
por uma exportação de bem ou serviço e de que esse pagamento será efetuado diretamente na sua conta
na CGD, em Portugal.
Os mercados alvo desta linha de financiamento são os BRIC, bem como os países em vias de
desenvolvimento, que serão analisados casuisticamente.
O financiamento poderá atingir até 85% do valor do contrato comercial a celebrar entre o exportador
(empresa portuguesa) e o importador, acrescido do valor do prémio de seguro da COSEC (Companhia de
Seguro de Créditos, S.A.). O montante a financiar será avaliado caso a caso, mas de acordo com
informação pública da CGD deverá ser superior a € 2 ou € 3 milhões, podendo ser disponibilizado em US$
ou em €.
O prazo de concessão de crédito poderá variar de 3 a 10 anos, dependendo do tipo de exportação e do
risco de crédito e risco do país envolvido.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
161
A concessão de crédito obriga à contratação de uma apólice de seguro da COSEC de um mínimo de 95%
do valor do financiamento para cobertura do risco do país importador e garantias complementares, como
por exemplo, garantias soberanas dos Estados importadoras ou outras adequadas.
A disponibilização do montante do crédito é realizada diretamente ao exportador português e creditados
na sua conta na CGD, contra entrega à CGD dos documentos previstos para este efeito, nomeadamente
faturas emitidas pelo exportador e visadas pelo importador/mutuário, acompanhadas do respetivo pedido
de utilização do financiamento.
A taxa de juro é definida de acordo com a Euribor/Libor acrescida do spread a definir caso a caso,
variando em função dos prazos e dos mercados em causa.
Há um conjunto de requisitos que deverão ser cumpridos no contrato de fornecimento e/ou de prestação
de serviços, nomeadamente a realização de um pagamento antecipado de 15% do valor do contrato por
parte do importador, o pagamento da comissão de montagem, o compromisso da emissão da apólice da
COSEC em condições aceitáveis pela CGD e o pagamento do imposto de selo relativo ao prémio de
seguro.
9.2. Linhas de Crédito PME Investe e Export Investe
9.2.1. Linhas de Crédito PME Investe
As linhas de Crédito PME Investe visaram criar condições para que as empresas, em particular as PME,
possam aceder a crédito bancário em condições mais favoráveis, nomeadamente através da bonificação
de taxas de juro e da redução do risco das operações bancárias através do recurso aos mecanismos de
garantia do Sistema Nacional de Garantia Mútua.
As linhas de crédito PME Investe, criadas inicialmente em 2008, têm sido renovadas tendo existido entre
2008 e 2010, seis linhas de crédito que totalizaram um montante total de € 9.092 milhões.
Apesar de atualmente o financiamento estar encerrado, o prazo para pagamento do financiamento
concedido às empresas tem vindo a ser anualmente alargado sendo o último alargamento concedido, sob
determinadas condições, até 31 de dezembro de 2013, podendo este prazo ser extensível por mais seis
meses.
Dado o âmbito interno desta linha de crédito o presente estudo focar-se-á na linha de crédito criada
especificamente para apoiar as exportações.
9.2.2. Export Investe
A linha de crédito Export Investe, foi criada especificamente para a exportação, com uma dotação inicial
de € 75 milhões, para apoiar exclusivamente o financiamento da produção de bens de equipamento ou
produtos com longos períodos de fabricação para a exportação, entre 3 a 18 meses, após receção por
parte da empresa beneficiária da ordem de encomenda do bem de equipamento cujo processo de
fabricação irá iniciar.
A linha resulta de um protocolo celebrado entre várias instituições financeiras portuguesas com o IAPMEI
MEI - Agência para a Competitividade e Inovação, I.P, PME Investimentos e as sociedades de garantia
mútua SPGM, Garval, Lisgarante e Norgarante.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
162
É uma linha especialmente orientada para PME, sendo comum as entidades de crédito fazerem depender
a avaliação da elegibilidade da empresa de apresentação de comprovativo da ordem de encomenda do
bem cujo processo irá iniciar.
Os contratos podem ser formalizados através de financiamento de médio e longo prazo ou locação
financeira de equipamentos.
O limite máximo é de € 2 milhões por empresa, sendo o montante máximo por operação de crédito de €
500 mil, podendo cada empresa aceder simultaneamente até 4 operações de crédito, desde que
associadas a encomendas distintas.
O prazo máximo de financiamento é de 5 anos, incluindo um período de carência até 18 meses, que pode
ser igual ao período de fabricação destes bens de equipamento/produtos.
Os juros são da responsabilidade da empresa beneficiária, sendo determinados com base na taxa Euribor
a 3 meses acrescida de spread com o limite máximo variável fixado de acordo com a seguinte tabela
(valores a Dezembro de 2013):
Tabela 20 - Limite máximo variável do spread
O limite de garantia do estado para estas operações pode ascender até 50% do financiamento a
conceder. A garantia pública será atribuída através do Fundo de Contragarantia Mútuo (FCGM).
A amortização do capital poderá estar indexada ao plano de pagamento do importador, incluir obrigação
de reembolso parcial/integral antecipado sempre que ocorra algum pagamento por parte do importador,
independentemente do serviço de dívida contratado, sem penalidades para as empresas, em alternativa,
ou na impossibilidade/ausência de um plano de pagamento indexado ao plano de pagamento do
importador/empresa de comercialização (trading), poder-se-ão seguir os critérios utilizados na linha de
crédito PME Investe VI, ou seja, em pagamentos constantes, trimestrais e postecipados e pagamentos de
juros, de forma regular à taxa de juro acordada e com pagamento de comissão de garantia à Sociedade
de Garantia Mútua (SGM).
Este apoio poderá ou não estar associado para as mesmas operações, com a linha de seguros de Crédito
OCDE III.
O processo de candidatura é simples sendo que para empresas qualificadas como PME Líder, e desde
que cumpram cumulativamente as condições mínimas de acesso ao escalão B previstos na tabela infra. A
aprovação da garantia é automática, salvo se no prazo de 3 dias úteis após a receção dos elementos
necessários à análise das operações, a SGM comunicar ao banco a existência de moras ou situações
contenciosas:
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
163
Tabela 21 - Condições mínimas de acesso
Classificação das PME
Net Debt/EBIDTA
(1)
(em n.º anos)
Autonomia Financeira Ajustada (2)
Geral Comércio e Serviços
PME Líder
PME Não Líder
A <=3 >=30% >=20%
B 3 a 5 20% a 30% 15% a 20%
C >5 <20% <15%
Nota: (1) Empresas sem um ano completo de atividade são classificadas como de escalão C; Empresas com EBITDA negativo, que não sejam PME Líder, são enquadráveis como escalão C;
Empresas com Net Debt negativo são classificadas no escalão resultante da aplicação do rácio de autonomia financeira. (2) Inclui em capitais próprios suprimentos consolidados e prestações acessórias de capital; Empresas com Autonomia Financeira Ajustada negativa são classificadas como escalão C.
Os rácios são calculados da seguinte forma:
Net Debt = Empréstimos Obtidos (23) + Fornecedores Imobilizado (261) - Disponibilidades (1);
EBIDTA = Resultados Operacionais (81) + Amortizações do Exercício (66) + Provisões do Exercício (67) -
Reversão de Amortizações e Ajustamentos (77).
(2) Autonomia Financeira Ajustada
(1) = Capital Próprio / Ativo Líquido, em que:
Capital Próprio = Capital Próprio (incluindo suprimentos consolidados e prestações acessórias de
capital) - Reservas de Avaliação não Fiscais (56) + Interesses Minoritários + Empréstimos de Sócios MLP
passivos (25) - Empréstimos a Sócios ativos (25).
Ativo Líquido = Ativo Total Líquido - Empréstimos a Sócios ativos (25) - Subscritores de Capital Ativo
(264) - Reservas de Avaliação não Fiscais (56).
Autonomia Financeira Ajustada inclui nos capitais próprios suprimentos consolidados e prestações
acessórias de capital.
As instituições de crédito que disponibilizam este instrumento são: Banco BIC Português SA, Banco BPI,
SA, Banco Comercial Português, S.A., Banco de Investimento Global, S.A., Banco Espírito Santo dos
Açores, S.A., Banco Espírito Santo, S.A., Banco Finibanco, S.A., Banco Internacional do Funchal, S.A.,
Banco Popular Portugal, S.A., Banco Santander Totta, S.A., Barclays Bank PLC, Caixa Central de Crédito
Agrícola Mútuo, CRL, Caixa de Aforros de Vigo, Ourense e Pontevedra – Caixa Nova, Caixa de Crédito
Agrícola Mútuo de Leiria, CRL, Caixa Económica Montepio Geral, CGD, S.A. e Deutsche Bank (Portugal),
S.A.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
164
9.3. Linha de Crédito PME Crescimento 2014
A linha de Crédito PME Crescimento 2014 é uma linha de crédito especial para PME, com garantia mútua,
criada no âmbito do protocolo celebrado entre instituições de crédito portuguesas e as Sociedades de
Garantia Mútua – Garval, Lisgarante, Norgarante e Agrogarante, o IAPMEI e a PME Investimentos, com o
objetivo de melhorar as condições de acesso ao financiamento das PME portuguesas.
A Linha PME Crescimento 2014 dispõe de um montante global de € 2.000 milhões, e engloba três linhas
específicas: i) Linha Geral de € 1.000 milhões, subdividida linha de dotação de fundo de maneio de € 500
milhões, e uma linha de dotação de investimentos de € 500 milhões; ii) Linha de específica para apoio às
Micro e Pequenas Empresas de € 500 milhões; iii) Linha para empresas exportadoras no montante de €
500 milhões, destinada ao financiamento de tesouraria de empresas exportadoras, relativamente a
operações comerciais que impliquem necessidades temporárias de acréscimo de fundo de maneio.
Cada linha de crédito tem condições específicas de acesso, sendo que no âmbito da dotação específica
para empresas exportadoras de € 500 milhões, em que as condições são as seguintes:
Micro, PME, certificadas por Declaração Eletrónica do IAPMEI válida, ou Grandes Empresas (sem
certificação do IAPMEI);
Empresas industriais, comerciais ou de serviços que não integrem grupos empresariais, com um
volume de negócios inferior ou igual a € 125 milhões;
Exportação de pelo menos 10% do volume de negócios da empresa ou um valor superior a €
150.000, sendo consideradas como exportação as vendas destinadas a empresas exportadoras;
No caso de empresas comerciais, os bens ou serviços exportados, correspondentes aos limites
fixados, devem ser produzidos em Portugal;
Situação líquida positiva no último exercício.
As operações elegíveis ao abrigo desta linha de crédito são:
Operações destinadas exclusivamente ao financiamento das necessidades de tesouraria
relativamente a operações comerciais que implique necessidades temporárias de acréscimo de
fundo de maneio.
O montante máximo do crédito concedido poderá ascender a € 1 milhão, com limite de ¼ do volume de
negócios para o exterior no ano anterior.
O prazo máximo de empréstimo é de 3 anos.
A taxa de juro global a suportar pela empresa será indexada à Euribor a 3 meses acrescido de spread que
varia de acordo com o escalão da empresa entre PME líder de 3.7%, escalão A 3.8%, escalão B 4.4% e
escalão C de 4.7%. Estes valores deverão ser confirmados junto das respetivas entidades financeiras.
A amortização de capital deverá ser realizada de acordo com o plano de pagamento estabelecido por
prestações constantes, iguais, trimestrais e postecipadas.
A bonificação prevista estabelece o pagamento integral da comissão de garantia mútua por parte da
entidade gestora da linha, ajustada, quando necessária, ao regime comunitário de auxílio de minimis. Esta
avaliação será realizada em conjunto com a instituição de crédito.
As operações ao abrigo da linha para empresas exportadoras estão isentas de comissões e taxas
habitualmente praticadas pelo banco, bem como de outras similares praticadas pelo SGM, sem prejuízo
de serem suportados pela empresa todos os custos e encargos, associados à contratação do
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
165
financiamento, designadamente os associados a avaliação de imóveis, registos e escrituras, impostos ou
taxas, e outras despesas similares.
Para as empresas poderem beneficiar das condições de acesso da linha de crédito deverão:
Ter localização (sede social) em território português, mesmo se detidas por acionistas/ sócios
estrangeiros;
Desenvolver atividade enquadrada na lista de CAEs elegíveis definida pela Entidade Gestora da
Linha de crédito;
Não ter incidentes não justificados junto da Banca (à data da emissão de contratação) e/ou
dívidas à AT e à Segurança Social (à data da contratação do financiamento);
Não se encontrar em situação de insolvência, nos termos do Código de Insolvência e de
Recuperação de Empresas;
Não ter dívidas perante o IAPMEI, a PME Investimentos, a FINOVA e as SGM;
Não se encontrar em situação de dificuldade, caracterizada nos seguintes termos:
o Sociedade de responsabilidade limitada: (i) possuir Capitais Próprios inferiores a metade
do Capital Social e (ii) ter perdido mais de um quarto do Capital Social nesse exercício
económico (Resultado Líquido negativo e superior em termos absolutos a um quarto do
Capital Social); condições aplicáveis a empresas que tenham iniciado atividade há mais
de 3 anos;
o Sociedade em que pelo menos alguns dos sócios têm responsabilidade ilimitada
relativamente às dívidas da empresa (nomeadamente Empresário em Nome Individual e
Sociedade em Nome Coletivo): (i) possuir Capitais Próprios inferiores a metade dos
Capitais Próprios do ano anterior e (ii) ter perdido mais de um quarto do Capital Próprio
nesse exercício económico (Resultado Líquido negativo e superior em termos absolutos a
um quarto do Capital Próprio do ano anterior); condições aplicáveis a empresas que
tenham iniciado atividade há mais de 3 anos.
o Estar habilitada a transacionar ações não negociadas em Mercado Regulamentado, para
efeitos da DMIF (Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros);
Cumprir com os seguintes rácios:
Classificação das PME
Net Debt/EBIDTA
(1)
(em n.º anos)
Autonomia Financeira Ajustada (2)
Geral Comércio e Serviços
PME Líder Metodologia própria
PME Não Líder
A <=3 >=30% >=20%
B 3 a 5 20% a 30% 15% a 20%
C >5 <20% <15%
Notas:
1. Empresas sem um ano completo de atividade são classificadas como de escalão C; empresas com EBITDA negativo, que não sejam PME Líder, são enquadráveis como escalão C;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
166
empresas com Net Debt negativo são classificadas no escalão resultante da aplicação do rácio de autonomia financeira.
2. Inclui em capitais próprios suprimentos consolidados e prestações acessórias de capital; empresas
com Autonomia Financeira Ajustada negativa são classificadas como escalão C.
Os rácios dos escalões são calculados nos mesmos termos dos indicados na linha Export Investe.
A entidade gestora da linha de crédito, designada pelo IAPMEI, foi a Sociedade PME Investimentos –
Sociedade de Investimento, S.A., representante do FINOVA.
9.4. Linha de Crédito Investe QREN
A linha de crédito “Investe QREN”, que previsivelmente será substituída por instrumento semelhante no
programa comunitário de apoio 2014-2020, visa apoiar as empresas a concretizar projetos de
investimento aprovados no âmbito do Sistema de Incentivos do Quadro de Referência Estratégico
Nacional (QREN) e do Sistema de Apoio a Ações Coletivas (SIAC), que não estejam concluídos.
Esta linha de crédito é orientada para as PMEs e conta com uma dotação global de € 1.000 milhões para
projetos de investimento até € 4 milhões que cumpram as condições de acesso.
Este montante encontra-se subdividido em linhas específicas de acordo com a procura.
As operações elegíveis são as que resultam da aprovação de projetos no âmbito dos sistemas de
incentivos do QREN ou SIAC e cofinanciadas pelo FEDER, e visam assegurar:
Contrapartida nacional privada, associada à realização do projeto de investimento;
Os custos não elegíveis a cofinanciamento, associados à realização do projeto de investimento
(aplicável unicamente às empresas com projetos aprovados no âmbito do sistema de incentivos
QREN);
O fundo de maneio necessário à realização do projeto de investimento (aplicável unicamente às
empresas com projetos aprovados no âmbito do sistema de incentivos QREN, até ao valor
máximo correspondente a um mês médio de vendas no primeiro ano do projeto).
O montante máximo por empresa é de € 4 milhões financiando em montantes iguais entre a instituição de
crédito e o BEI.
Os tipos de operações são empréstimos de médio e longo prazo, locação financeira imobiliária e locação
financeira de equipamentos destinados ao financiamento dos investimentos aprovados no âmbito dos
sistemas de incentivos QREN e do SIAC.
O prazo máximo de crédito é de 8 anos, com 3 possibilidades fixas de 6, 7 e 8 anos. A contagem do prazo
inicia-se com o primeiro desembolso de capital.
A linha permite uma carência de pagamento de capital até 2 anos, iniciando-se a contagem na data da
contratação da operação.
Para o acesso à linha de crédito é exigida a prestação de garantias que diferem consoante o beneficiário
seja uma PME ou não, ou sejam empresas associadas a projetos SIAC, assim:
i) Para operações cujos beneficiários sejam PME’s:
Garantia mútua com cobertura de 50% de cada componente do financiamento;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
167
O banco pode solicitar outras garantias às empresas, de acordo com análise de risco.
Estas garantias adicionais serão constituídas a favor da SGM e do Instituto Financeiro para
Desenvolvimento Regional (IFDR).
ii) Para operações cujos beneficiários sejam não PME’s ou associadas a projetos SIAC:
Não inclui a comparticipação da garantia mútua por impedimento de utilização de fundos
comunitários;
Garantias a definir pelo banco em função da análise efetuada, constituídas a favor do IFDR.
A comissão de garantia mútua de operações contratadas com PME é bonificada pelos Programas
Operacionais Fatores de Competitividade (POFC).
As operações ao abrigo da presente linha estão isentas de comissões e taxas cobradas pela instituição de
crédito, bem como de outras similares praticadas pelo SGM, sem prejuízo de serem suportados pela
empresa beneficiária todos os custos e encargos, associados à contratação do financiamento,
designadamente os associados a avaliação de imóveis, registos e escrituras, impostos ou taxas, e outras
despesas similares.
A comissão de garantia e taxa de juro aplicável será de:
Os rácios dos escalões são calculados nos mesmos termos dos indicados na linha Export Investe.
Podem apresentar candidaturas à Linha Investe QREN:
Empresas beneficiárias dos sistemas de incentivos QREN;
Entidades beneficiárias de projetos conjuntos do SI Qualificação PME;
Entidades beneficiárias do SIAC, designadamente empresas públicas com competências
específicas em políticas públicas no domínio empresarial, associações que com aquelas primeiras
tenham estabelecido parcerias para a prossecução de políticas públicas, associações
empresariais e centros tecnológicos.
Para poderem apresentar candidaturas as empresas deverão ter:
Operações aprovadas no âmbito destes sistemas, não concluídas, ou com uma execução inferior
a 40% à data de dezembro de 2011;
Não se encontrem em situação de dificuldades, entendendo-se por isso possuírem capitais
próprios inferiores a metade do capital social, terem perdido mais de um quarto do capital social
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
168
nos últimos 12 meses (aplicável para empresas que tenham iniciado atividade há mais de 3 anos)
ou reunirem as condições para serem objeto de um processo de insolvência;
Não tenham incidentes não justificados ou incumprimentos junto da banca e das SGM ou
registando incidentes os mesmos deverão estar justificados ou regularizados na data da
aprovação da garantia mútua e na data de emissão dos contratos;
Situação regularizada junto da AT e da Segurança Social à data da contratação do financiamento;
Não sejam objeto de processos de recuperação de montantes indevidamente pagos no âmbito do
QREN, em situação de incumprimento;
Reúnam as condições de acesso ao Investe QREN, tendo previamente obtido o certificado de
elegibilidade eletrónico.
As instituições de crédito que disponibilizam este instrumento são: Banco BPI, SA, Banco Comercial
Português, S.A. Banco Espírito Santo dos Açores, S.A., Banco Espírito Santo, S.A., Banco Invest, S.A.,
BANIF - Banco Internacional do Funchal, S.A., Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, CRL, Caixa
Económica Montepio Geral, Caixa Geral de Depósitos, S.A. e Deutsche Bank (Portugal), S.A.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
169
10. Seguros e
resseguros às
exportações e ao
investimento
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
170
10. Seguros e resseguros às exportações e ao investimento
Os seguros de crédito à exportação são importantes instrumentos na promoção e sucesso das
exportações.
A concessão, ou não, dos seguros e o seu preço são, por vezes, entraves à atividade exportadora e à
concretização de oportunidades de negócio.
Os seguros de crédito possibilitam aumentar a confiança nos negócios com os agentes compradores,
incentivando assim as transações, diminuindo o risco de incumprimento em matéria de pagamento das
mercadorias exportadas.
A concessão de seguro às empresas exportadoras materializa-se com operações de empréstimo às
empresas, logo dependentes dos plafonds que as empresas têm no sistema financeiro e sujeitas a taxas
indexadas ao risco que o seu perfil determina.
São dois os principais riscos cobertos pelos seguros de exportação:
Risco comercial: Como por exemplo o risco de falência ou insolvência do devedor; atraso de
pagamento (mora); insuficiência de meios; concordata ou moratória;
Risco Político: Como por exemplo o risco da ocorrência de atos como nacionalizações, guerras,
revoluções, motins, anexações e riscos derivados (confisco de bens, dificuldades de
transferência/conversão, etc.).
O Estado tem procurado reduzir os custos dos seguros de crédito através da minimização do risco das
entidades seguradoras, ou seja, substituindo-se em parte ao devedor.
Este objetivo é conseguido através da criação de linhas de seguro de crédito com garantia do Estado.
Esta garantia pode ser concedida diretamente ou indiretamente através do financiamento público de SGM.
Atualmente a segunda opção é a mais utilizada.
O Estado tem protocolizado com a COSEC essa função, que disponibiliza um conjunto de seguros à
exportação.
COSEC
o Seguro de crédito à exportação
Modalidade de seguro que tem por finalidade cobrir os riscos de não pagamento
nas vendas a crédito de bens e/ou na prestação de serviços, efetuadas no
estrangeiro;
O apoio consiste na emissão de uma apólice de seguro de créditos, mediante a
qual o exportador português poderá cobrir os riscos associados à empresa
importadora (riscos comerciais) ou ao país de importação (riscos políticos ou
outros identificados), seja na fase de preparação da encomenda ou após a sua
expedição. Os créditos abrangidos podem ser de curto, médio ou longo prazo;
Para além do risco de mora do devedor, poderão ser previstos os riscos de
falência judicial, concordata ou moratória, insuficiência de meios do devedor
comprovada judicialmente ou reconhecida pela COSEC (por exemplo, cessação
de atividade, inexistência de património do devedor, etc.) e, ainda, a recusa
arbitrária do devedor em aceitar os bens ou serviços encomendados;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
171
A percentagem de cobertura pode chegar até 90% do crédito garantido no
mercado externo e varia de acordo com o país;
A taxa de prémio depende da aplicação de vários critérios após avaliação da
entidade seguradora.
o Seguro de crédito à exportação com garantia do estado
Seguro pode cobrir, em operação individualizada de exportação de bens ou
serviços, com condições de crédito de curto/médio/longo prazo, o incumprimento
do importador público ou privado estabelecido em país considerado de risco
político, causado por atos ou decisão do Governo ou de entidade pública do país
do importador, expropriação, nacionalização, confisco e medidas de efeito
equivalente dificuldades de transferência ou de conversão e moratória geral;
guerras (ainda que não declaradas), revoluções, motins, anexações ou factos de
efeitos análogos e eventos catastróficos (terramotos, maremotos, erupções
vulcânicas, tufões, ciclones ou inundações);
O âmbito de créditos seguros é definido por análise caso a caso, abrangendo
capital e juros remuneratórios;
A percentagem de cobertura varia consoante sejam mercados prioritários e o
prazo das operações;
Da classificação de tabela classificativa de risco de 1 a 7 publicada pela COSEC,
sendo 7 o nível mais alto de risco, de junho de 2013, o Brasil e RAE de Macau
estão no Grupo 2, Angola no Grupo 5, Cabo Verde e Moçambique no Grupo 6,
São Tomé e Príncipe no Grupo 7. Guiné-Bissau encontra-se fora de cobertura.
o Seguro de créditos financeiros com garantia do Estado
Seguro destinado a instituições de crédito que financiam a exportação de bens e
serviços nacionais;
Este seguro também designado por Garantia Financeira, cobre diretamente o
incumprimento no reembolso dos financiamentos à exportação, causado por fatos
de natureza política, monetária ou catastrófica, podendo incluir também o risco
comercial;
São qualificáveis como créditos seguráveis aqueles decorrentes dos
financiamentos ao importador (operações individuais ou linhas de crédito) ou ao
exportador (pré-financiamentos).
o Seguro caução com garantia do Estado
Seguro que garante o bom cumprimento de obrigações contratuais assumidas na
ordem externa, normalmente em países de risco político, por uma empresa
(tomador de seguro) perante o beneficiário da caução (segurado);
Pode cobrir:
(i) Cauções de apresentação de propostas a concursos públicos e privados
(bid bond);
(ii) Cauções de reembolsos de adiantamento em contratos de construção
civil e obras públicas (advance payment bonds);
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
172
(iii) Cauções de boa execução das obrigações contratuais (performance
bond);
O seguro caução é equivalente a garantias prestadas por instituições
financeiras.
o Seguro de investimento português no estrangeiro
Seguro que cobre os riscos do investimento português no estrangeiro com
garantia do Estado. Se a empresa tem um projeto de investimento num país de
risco político, o Estado Português pode cobrir os riscos extraordinários de
natureza política e monetária. O banco que financia o projeto pode, também,
beneficiar deste tipo de seguro;
Este produto destina-se às pessoas coletivas com sede em Portugal, a pessoas
singulares de nacionalidade portuguesa associadas a pessoas coletivas e às
Instituições de Crédito com sede em Portugal, que pretendam iniciar
investimentos em países de risco político, com caráter de continuidade e com
enquadramento legal adequado no país de destino. Estes requisitos são
igualmente aplicáveis a empréstimos bancários associados ao investimento;
Os riscos seguráveis por este produto são: perda parcial ou total de direitos;
perda do controlo da empresa estrangeira; impossibilidade de operar o projeto no
todo ou em parte; destruição total ou parcial, desaparecimento de ativos
corpóreos da empresa estrangeira; impossibilidade de exercício de atividade da
empresa estrangeira ou incumprimento de obrigações do empréstimo;
impossibilidade de transferir ou repatriar rendimentos ou de obter conversão, ao
câmbio de referência definido na apólice, de quantias em moeda local, para
repatriar rendimentos;
A taxa de prémio varia entre 0,14% e 2,06% ao ano, em função dos riscos
cobertos, do tipo de investimento seguro, do país de destino, da natureza do
projeto e da existência ou não de Acordo de Promoção e Proteção Recíproca de
Investimentos celebrado entre Portugal e o país de destino do investimento.
o Convenção Portugal-Angola (Seguro), com garantia do Estado
Seguro de cobertura de riscos de crédito inerentes à exportação de bens de
equipamento e serviços de origem portuguesa destinados a Angola que garante,
em contrapartida, o bom pagamento e a transferência dos montantes relativos às
exportações efetuadas ao abrigo da “Convenção Relativa à Cobertura dos Riscos
de Crédito à Exportação”;
São enquadráveis neste âmbito as operações de exportação de bens de
equipamento e serviços portugueses de médio e longo prazo, com cobertura da
COSEC, a qual pode assumir a forma de seguro dos créditos dos exportadores
sobre os importadores angolanos (crédito fornecedor) ou garantia dos
financiamentos concedidos por instituições de crédito ao BNA, a outras
instituições de crédito angolanas ou a importadores angolanos (crédito
comprador);
Os créditos cobertos são avalizados pelo Estado angolano que se compromete a
garantir, através do seu Ministério das Finanças, o bom pagamento e a
transferência dos montantes relativos às exportações efetuadas ao abrigo da
Convenção acima referida;
As operações são previamente priorizadas pelo Governo angolano;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
173
São elegíveis bens de equipamento e serviços, designadamente: máquinas e
equipamentos, construção e reparações navais e aeronáuticas, empreitadas de
construção civil e obras públicas, empreendimentos na modalidade “chave na
mão”, estudos, consultoria de projetos e assistência técnica;
A taxa de juro aplicável é a taxa Euribor acrescida de spread a definir caso a
caso;
As empresas portuguesas podem beneficiar de um seguro de crédito às operações de
exportação em condições preferenciais dadas pela COSEC:
percentagem de cobertura – 95% do valor do financiamento; prazo
constitutivo do sinistro – 3 meses; prazo para pagamento da indemnização –
30 dias; âmbito da cobertura – 85% do capital mais o prémio de seguro,
acrescido dos juros remuneratórios, com um limite a estabelecer
casuisticamente. Acrescido da Garantia da República de Angola (através do
seu Ministério das Finanças).
Além de entidades nacionais, a MIGA, como se viu atrás, pode emitir garantias de seguro de risco político
para os investidores e os credores do setor privado. As garantias emitidas protegem os investimentos
contra riscos não-comerciais e podem ajudar os investidores a ter acesso a fontes de financiamento com
melhores condições financeiras.
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
174
11. Trade Finance –
Programas de
facilitação do comércio
externo
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
175
11. Trade Finance – Programas de facilitação do comércio externo
Existem diversos fatores críticos para uma bem-sucedida internacionalização, nomeadamente o
conhecimento que os empresários portugueses devem ter dos mecanismos de apoio e de incentivo à sua
internacionalização.
Pretendendo contribuir decisivamente para este processo, as instituições financeiras portuguesas
disponibilizam instrumentos financeiros de Trade Finance que pretendem:
(i) minimizar os riscos das trocas comerciais com o estrangeiro;
(ii) aumentar a confiança dos agentes comerciais com os seus parceiros importadores;
(iii) diminuir o período de cobrança dos bens exportados, muitas vezes acrescidos do tempo
de transporte, desalfandegamento e burocracias associadas às exportações;
(iv) assegurar liquidez de tesouraria às empresas exportadoras;
(v) diminuir riscos políticos, comerciais e influências culturais;
(vi) equilibrar alguns interesses tipicamente ‘divergentes’ dos exportadores / importadores,
que pretendem, a título exemplificativo, assegurar o recebimento antes de expedir
mercadoria / prestar o serviço e, por outro lado, assegurar receção da mercadoria antes
de efetuar o pagamento;
De facto algumas das instituições financeiras portuguesas aderiram aos Programas de Facilitação do
Comércio Externo (IFC, IADB, BERD e ADB), e deste modo disponibilizam aos exportadores portugueses
diversos tipos de instrumentos que visam cobrir total ou parcialmente o risco comercial, político ou
económico dos seus negócios em determinados países.
De acordo com o Survey de 2013 “Rethinking Trade & Finance” da Câmara de Comércio Internacional –
ICC, os Bancos de Desenvolvimento Multilaterais tiverem um papel central na resolução da crise
internacional de 2008, mantendo o financiamento e desenvolvendo programas que permitem aos bancos
comerciais nacionais apresentarem produtos financeiros que apoiam o comércio internacional:
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alguns dos principais produtos e as suas respetivas características:
Crédito documentário;
Cobranças documentárias;
Bid e performance bonds e outras garantias de contrato – indicadas no capítulo 10, dos seguros à
exportação;
Forfaiting;
Garantias bancárias internacionais;
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
177
Tabela 22 – Produtos financeiros de apoio à exportação
Descrição do produto financeiro Vantagens
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Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
180
Anexo I Entidades doadoras – IFI’s
1. Afghanistan Reconstruction and Development Services - ARDS
2. African Development Bank – AfDB
3. African Development Foundation – ADF
4. African Union - AU 5. Agence Française de
Développement – AFD 6. Agencia Española de
Cooperación para el Desarrollo – AECID
7. Albanian Development Fund – AlDF
8. Arab Authority for Agricultural Investment and Development – AAAID
9. Arab Bank for Economic Development in Africa – BADEA
10. Asia-Pacific Economic Cooperation - APEC
11. Asian Development Bank – ADB
12. Association of Southeast Asian Nations – ASEAN
13. Australian Agency for International Development – AusAID
14. Austrian Development Cooperation – ADC
15. Banco de Desarrollo de América Latina – CAF
16. Banque Ouest Africaine de Développement – BOAD
17. Banque des Etats de l’ Afrique Centrale - BEAC
18. Belgian Technical Cooperation - BTC
19. Melinda Gates Foundation – 20. Brazilian Development Bank
- BNDES 21. CTBTO Preparatory
Commission – CTBTO 22. Canadian International
Development Agency – CIDA
23. Caribbean Development Bank – CDB
24. Centers for Disease Control and Prevention – CDC
25. Central American Bank for Economic Integration – CABEI
26. Central Bank of West African States – BCEAO
27. Centre for the Development of Enterprise – CDE
28. Council of Europe Bank for Development – CoeBank
29. Czech Development Agency – CZDA
30. Danish International Development Agency – DANIDA
31. Department for International Development – DFID
32. Department of Health and Human Services – DHHS
33. Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ
34. Development Bank of Southern Africa – DBSA
35. Directorate-General for Development Cooperation – DGDC
36. EEA-Norway - EEA-Norway 37. Economic Community of
Central African States – ECCAS
38. Economic Community of West African States (ECOWAS) Bank for Investment and Development – EBID
39. Economic and Monetary Community of Central Africa – CEMAC
40. EuropeAid Co-operation Office – EuropeAID
41. European Agency for Reconstruction – EAR
42. European Bank for Reconstruction and Development – EBRD
43. European Centre for the Development of Vocational Training – Cedefop
44. European Commission Humanitarian Office – ECHO
45. European Investment Bank – EIB
46. European Training Foundation – ETF
47. European Union – EU 48. Extractive Industries
Transparency Initiative – EITI
49. FRONTEX European Agency for the Management of Operational Cooperation at the External Borders of the Member States of the EU – FRONTEX
50. First Initiative/World Bank - FIRST/WB
51. German Corporation for Technical Cooperation – GTZ
52. Global Environment Facility – GEF
53. Goverment of JAPAN (Procurement Agent: JICS) – JICS
54. Government Notices – GN 55. Green for Growth Fund –
GGF 56. ICF International HIV/AIDS
Alliance in Ukraine - ICF AIDSAlliance
57. Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento – IPAD
58. Instituto de la Mujer 59. Inter-American
Development Bank – IDB 60. International Development
Research Center – IDRC 61. International Fund for
Agricultural Development – IFAD
62. International Monetary Fund – IMF
63. International Union for Conservation of Nature – IUCN
64. Investment Climate Facility for Africa – ICF
65. Islamic Development Bank – IsDB
66. Jamaica Social Investment Fund – JSIF
67. Japan Bank For International Cooperation – JBIC
68. Japan International Cooperation Agency – JICA
69. Joint Research Centre - JRC
70. Korea International Cooperation Agency – KOICA
71. Kreditanstalt für Wiederaufbau – KfW
72. Kuwaiti Development Fund – KDF
73. Luxembourg Agency for Development Cooperation - Lux-Development
74. Mekong River Commission – MRC
75. Millennium Challenge Corporation – MCC
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
181
Entidades doadoras – Incluindo IFI’s
76. Ministry of Foreign Affairs (Dutch) - Ministry of Foreign Affairs (Dutch
77. Ministry of Foreign Affairs (Finland) – FORMIN
78. Ministry of Foreign Affairs (Italy) – MFA
79. National Institutes of Health – NIH
80. New Zealands International Aid
81. New Zealand's International Aid
82. Nile Basin Initiative – NBI 83. Nordic Development Fund –
NDF 84. Nordic Investment Bank –
NIB 85. North American
Development Bank – NADB 86. Norwegian Agency for
Development Cooperation – NORAD
87. OPEC Fund for Development – OFID
88. Organisation for Economic Co-operation and Development – OECD
89. Organisation for the Harmonization of Business Law in Africa – OHADA
90. Organization for Security and Cooperation in Europe – OSCE
91. Organization of American States – OAS
92. Pacific Islands Forum Secretariat – PIFS
93. Polish Aid – PolishAid 94. Saudi Fund for
Development – SFD 95. Secretariat of the Pacific
Community – SPC 96. Southern African
Development Community (SADC) Banking Association – SADCBanking
97. State Secretariat for Economic Affairs – SECO
98. Swedish International Development Cooperation Agency – SIDA
99. Swiss Agency for Development and Cooperation – SDC
100. The Commonwealth Secretariat – ComSec
101. The Global Fund to Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria - The Global Fund
102. UN System - UN System 103. US Department of Agriculture-
Foreign Agricultural Services - US$A-FAS
104. US Department of Labor - Bureau of International Labor Affairs – ILAB
105. US Department of State - US State Dept
106. Union Economique et Monétaire Ouest Africaine – UEMOA
107. United Nations Office for Project Services – UNOPS
108. United States Agency for International Development – USAID
109. United States Trade and Development Agency – USTDA
110. World Bank – WB
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
182
Anexo II Contactos úteis para as empresas portuguesas nas multilaterais financeiras63:
Aconselhamos a que previamente ao contacto se confirme junto da AICEP ou GPEARI a validação dos contactos e da
melhor abordagem.
Banco Mundial – World Bank
- Giovanni Majnoni, Administrador por Portugal no Conselho de Administradores do BIRD/SFI/AID. E-
mail: [email protected]
- Nuno Mota Pinto, Administrador suplente no Conselho de Administradores e representante de Portugal no
BIRD/SFI/AID. E-mail: [email protected]
- Enrique Martínez Galán, Chefe de Divisão das Relações Multilaterais. E-mail: [email protected]
- Ana Margarida Ferreira, World Bank Group Desk Officer na Divisão das Relações Multilaterais. E-
mail: [email protected]
BAsD
- Michele Miari Fulcis, Director Executivo do Grupo de Voto. Email: [email protected]
- João Simões de Almeida, Administrador Suplente e representante de Portugal. Email:[email protected]
- Philip C. Erquiaga, Director Geral do Departamento para os países do Pacífico. Email:[email protected]
- Andrea Monari, Director-Geral Residente do Escritório Europeu do BAsD (ERO)
- Enrique Martínez Galán, Chefe de Divisão das Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
- Alexandra Fidalgo, BAsD Desk Officer na Divisão das Relações Multilaterais. E-mail: [email protected]
BERD
- Stefanos Vavalidis, Administrador/Director do Grupo de Voto: E-mail:[email protected]
- João Cravinho, Administrador/Director Suplemente e representante de Portugal. E-mail:[email protected]
- Leonor Fontoura, Conselheira do Grupo de Voto. E-mail: [email protected]
63
De acordo com informação pública disponibilizada no site do GPEARI, consultado em Março de 2013,
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
183
- Enrique Martínez Galán, Chefe de Divisão das Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
- Eunice Rocha, EBRD Desk Officer na Divisão das Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
financas.pt
AfDB
Birgit Gerhardus, Administadora por Portugal no Conselho de Administração do Banco. E-mail: [email protected]
Artur Cima, Conselheiro no Conselho de Administração e Representante nacional. E-mail:[email protected]
Enrique Martínez Galán, Chefe de Divisão para as Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
Lurdes Caiado, AfDB Desk Officer na Divisão das Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
BID
- Yasusuke Tsukagoshi, Administrador no grupo de voto de Portugal. E-mail:[email protected]
- Miguel Empis, Conselheiro no Conselho de Administração e Representante de Portugal. E-mail: [email protected]
- Enrique Martínez Galán, Chefe de Divisão para as Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
- Ana Margarida Ferreira, IADB Desk Officer na Divisão das Relações Multilaterais. E-mail:[email protected]
financas.pt
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
184
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Principais instituições e entidades doadoras internacionais – listagem / classificação ................................ 27
Tabela 2 - Oportunidades durante o ciclo do projeto ..................................................................................................... 33
Tabela 3 - Características das IFI e roteiro de oportunidades ....................................................................................... 39
Tabela 4 - Estatuto dos membros da CPLP nas IFI ...................................................................................................... 40
Tabela 5 - Características das IFM e roteiro de oportunidades ..................................................................................... 41
Tabela 6 - Instrumentos de APD de âmbito regional (geográficos) ............................................................................... 49
Tabela 7 - Ponto de situação dos APE regionais em negociação pela UE ................................................................... 55
Tabela 8 - Caracterização e roteiro com identificação de endereços eletrónicos de oportunidades de negócio........... 81
Tabela 9 - Quadro dos principais instrumentos de financiamento e caraterísticas da IFC ............................................ 93
Tabela 10 - Características das IFD e roteiro de oportunidades de financiamento ..................................................... 106
Tabela 11 – Acesso ao sector bancário ...................................................................................................................... 132
Tabela 12 – Obtenção de crédito ................................................................................................................................ 132
Tabela 13 – Taxas de juro de referência ..................................................................................................................... 132
Tabela 14 – Estrutura do sistema bancário cabo-verdiano ......................................................................................... 134
Tabela 15 – Bancos constituídos em Macau Tabela 16 – Sucursais de bancos estrangeiros .......................... 141
Tabela 17 – Instituições de crédito .............................................................................................................................. 144
Tabela 18 – Depósitos bancários em 2012 (em US$ milhões) .................................................................................... 149
Tabela 19 – Depósitos bancários em 2013 (em US$ milhões) .................................................................................... 149
Tabela 20 - Limite máximo variável do spread ............................................................................................................ 162
Tabela 21 - Condições mínimas de acesso ................................................................................................................. 163
Tabela 22 – Produtos financeiros de apoio à exportação............................................................................................ 177
Índice de Gráficos
Gráfico 1 - Evolução mundial da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD/ODA) ........................................................ 18
Gráfico 2 - Fluxos financeiros externos em África 2001-2013 ....................................................................................... 19
Gráfico 3 - Evolução da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD/ODA) para os países da CPLP .............................. 19
Gráfico 4 - Principais idiomas de publicação dos anúncios internacionais .................................................................... 20
Gráfico 5 - Percentagem por entidade que abriu concursos e subsídios para países da CPLP ................................... 29
Gráfico 6 - Percentagem de entidades com projetos acima de € 10 milhões ................................................................ 29
Gráfico 7 - Comparativo valor dos projetos por entidade .............................................................................................. 30
Gráfico 8 - Análise do investimento setorial realizado entre 2010-2013 pelo BEI nos projetos regionais em África, no
Brasil e em Portugal ...................................................................................................................................................... 42
Gráfico 9 - Evolução dos apoios de Portugal da APD (APD/ODA) ................................................................................ 44
Gráfico 10 - Posição de Portugal face aos objetivos de Paris ....................................................................................... 45
Gráfico 11 - Projetos do BM e Compromissos de financiamento .................................................................................. 65
Gráfico 12 - Projetos do BM e compromissos de financiamento ................................................................................... 66
Gráfico 13 - Projetos do BM e compromissos de financiamento ................................................................................... 68
Gráfico 16 - Projetos do BM e compromissos de financiamento ................................................................................... 71
Gráfico 18 Guia para solicitar financiamento junto do IFC. ........................................................................................... 97
Gráfico 20 - Taxa de inflação, variação anual em percentagem ................................................................................. 133
Gráfico 21 – Evolução do número de habitantes por agências 2008-2012 ................................................................. 135
Gráfico 22 – Distribuição geográfica da banca 2012 ................................................................................................... 136
Gráfico 69 – Sucursais de bancos comerciais por 100,000 adultos e caixas automáticas por 100,000 adultos ......... 143
Gráfico 70 – Valor das taxas de juro em Macau para o período de 2008-2012 .......................................................... 143
Gráfico 26 – Concentração do mercado bancário em São Tomé e Príncipe (Índice de GINI) .................................... 145
Gráfico 27 – Inclusão Financeira – situação atual ....................................................................................................... 146
Gráfico 28 – Taxa de Inflação (t.v. homóloga anual) ................................................................................................... 147
Gráfico 29 – Rácio sucursais de bancos comerciais: 100.000 adultos ........................................................................ 148
Oportunidades e mecanismos de financiamento ao investimento nos países da CPLP
185
Índice de Figuras
Figura 1 - Diagrama síntese das modalidades de apoio da APD e oportunidades para as empresas .......................... 21
Figura 2 - Ciclo do conhecimento de capacitação para os concursos internacionais de APD ...................................... 23
Figura 3 - EDFI/Dalberg Report, 7 de julho de 2010 ..................................................................................................... 26
Figura 4 - Ciclo do projeto ............................................................................................................................................. 30
Figura 5 - As cinco fases principais do ciclo de projeto ................................................................................................. 63
Figura 6- Estrutura de funcionamento operacional do EFP ......................................................................................... 119
Figura 7 - Estrutura de financiamento de um projeto pelo EFP ................................................................................... 120
Figura 8 - Estrutura acionista bancária em África ........................................................................................................ 128
Figura 9 - Contas bancárias (% +15 anos) em África .................................................................................................. 129
Figura 10 – Quantidade de agências por 1.000 km2, em 2010 ................................................................................... 131
Figura 12 – Repartição dos ativos bancários em STP ................................................................................................ 144
Figura 13- Distribuição geográfica dos pontos de acesso – Agências Bancárias ....................................................... 145
Apoio: Projeto Co-Financiado:
Um estudo realizado no âmbito do projeto nº 30030, apoiado pelo QREN, através do SIAC do Programa Operacional Fatores de Competitividade (COMPETE) pela: