Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM: atividade complementar em
contraturno ou reforço escolar?
Autora: Angela Maria Lopes1
Orientadora: Ercília Maria Angeli Teixeira Paula2
RESUMO: O objeto de estudo deste trabalho foram as diferentes concepções da comunidade escolar sobre a Sala de Apoio à Aprendizagem, através da apresentação do trabalho desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, na cidade de Mandaguari, Paraná. Para abordar esse tema fez-se necessário investigar as concepções sobre o Programa Sala de Apoio à Aprendizagem, do governo estadual do Paraná. Foi preciso refletir sobre como os pais e, sobretudo, professores compreendem a Sala de Apoio à Aprendizagem: atividade complementar em contraturno ou reforço escolar? A descoberta das concepções que a comunidade escolar apresenta a respeito da SAA, seu objetivo, vantagens e dificuldades. A metodologia deste trabalho foi desenvolvida a partir de uma pesquisa de campo, com entrevistas estruturadas e um roteiro de perguntas previamente preparado para os professores da Sala de Apoio, das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática do Ensino Regular, e equipe pedagógica do Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari, NRE Maringá – Paraná. Realizou-se um curso de extensão para professores e pedagogos contemplando oito encontros com temas relacionados à Sala de Apoio. Como resultado, foi possível observar que a concepção da comunidade escolar acerca da SAA, era a de um reforço escolar, cujo objetivo era sanar uma dificuldade momentânea. A maioria também não sabia que o programa SAA faz parte das ACCC – Atividades Curriculares Complementares em Contraturno. Ao final, observou-se que os participantes do grupo que eram vinte professores modificaram suas concepções sobre a SAA, deixando de considerá-la apenas como um reforço escolar.
Palavras-Chave: Concepção. Dificuldades de aprendizagem. Sala de Apoio.
Atividade curricular complementar em contraturno.
Introdução
O presente artigo foi elaborado de acordo com as orientações do Programa de
Desenvolvimento Educacional, PDE, em parceria com a Universidade Estadual de
Maringá (UEM), construído para explanar sobre o trabalho com a comunidade escolar
do Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari-Paraná, abordando a temática:
“Diferentes Concepções Sobre a Sala de Apoio à Aprendizagem”.
Para abordar esse tema foi necessário investigar as concepções que a
comunidade escolar, na qual o projeto de intervenção pedagógica foi aplicado, possui
1 Professora da Rede Estadual de Educação do Paraná.
2 Professora Adjunto do Departamento de Teoria e Prática da Educação da Universidade Estadual de Maringá e Orientadora – PDE.
sobre o Programa Sala de Apoio à Aprendizagem. Refletindo sobre como os pais,
alunos e professores envolvidos no programa compreendem a Sala de Apoio à
Aprendizagem.
É compreensível que pais e alunos tratem o Programa como um reforço
escolar. Até mesmo professores do ensino regular demonstraram ter idêntica
concepção. Dessa forma acabam por não valorizar como deveriam o trabalho
desenvolvido pelo Programa Sala de Apoio à Aprendizagem.
O objetivo do projeto era esclarecer e problematizar com a comunidade escolar,
por meio de reuniões e grupos de estudo, os aspectos que são contemplados no
Programa de Sala de Apoio à Aprendizagem (SAA). Buscou-se minimizar as
dificuldades que os alunos apresentam, principalmente no 6º ano, fruto, na maioria
das vezes, de uma defasagem conteúdo-série muito grande, que tem prejudicado a
aprendizagem, uma vez que muitos alunos não possuem os pré-requisitos básicos
para que a aprendizagem aconteça da forma que deveria, não conseguindo
acompanhar a turma.
A temática foi trabalhada em um curso de extensão, ministrado ministrado para
um grupo presencial composto por vinte professores de diversas áreas do Ensino
Fundamental e pedagogos do Colégio Estadual Vera Cruz. Também ofertaram-se
estudos voltados a esse tema aos profissionais da educação do Estado do Paraná,
no curso a distância GTR, com a participação efetiva de 14 professores e pedagogos
de diversas cidades do Paraná. Entre elas destacam-se: Londrina, Curitiba, Altamira
e Almirante Tamandaré.
O curso de extensão foi realizado no período de março a maio de 2013, no
Colégio Estadual Vera Cruz, perfazendo um total de oito encontros de quatro horas,
com cursos e oficinas sobre a temática deste projeto.
Durante a aplicação do projeto coletaram-se dados que são analisados neste
artigo, cujo resultado é apresentado como conclusão do trabalho desenvolvido no
programa PDE.
1. As Dificuldades de Aprendizagem
Os pré-requisitos, já mencionados anteriormente, podem ser compreendidos
como os conhecimentos prévios necessários para que a aprendizagem de novos
conteúdos aconteça. Eles são como o alicerce, sobre o qual são construídas as
aprendizagens futuras, e os novos conceitos se solidificam.
Hoje, nas instituições de ensino, o que se vê acontecer é o expressivo
desinteresse de grande parte dos alunos pelos conteúdos que não conseguem
entender ou estabelecer relações com aprendizagens anteriores. Isso dificulta o
processo ensino-aprendizagem e, por diversas vezes, compromete o futuro escolar
do aluno.
Tal situação dá origem a outro problema recorrente nas escolas, que é o fator
indisciplina, muitas vezes apontado como impedimento para que a aprendizagem se
efetive. A indisciplina pode ser considerada também como um sintoma, apresentado
pelo aluno que, por não conseguir apropriar-se do conteúdo transmitido pelo
professor, acaba por tornar-se indisciplinado, numa tentativa talvez de chamar
atenção ou até mesmo de camuflar sua dificuldade.
De acordo com Aquino (2006), “indisciplina é um evento escolar que sinaliza a
quem interessar, que algo, do ponto de vista pedagógico, e mais especificamente da
sala de aula, não está se desdobrando de acordo com as expectativas dos
envolvidos”.
A escola tem dificuldade em lidar com o singular, o individual, o particular, e,
dessa forma, vai perpetuando situações de indisciplina, violência, bullying e outras,
comuns em seu cotidiano. Apesar de responsabilizar a família, a sociedade e o
governo, por um problema que, embora todos esses setores tenham sua participação,
a incumbência maior é da escola, pois acontece em seu interior e depende
essencialmente das ações ali desenvolvidas.
Durante o curso, Sala de Apoio à Aprendizagem: atividade complementar em
contraturno ou reforço escolar, realizado na implementação do projeto no Colégio,
foram apresentados os resultados das pesquisas realizadas tanto na etapa de
elaboração do Projeto de Intervenção, como na Produção Didático-Pedagógica,
promovendo estudo, debates e reflexões que auxiliaram na fundamentação de uma
prática pedagógica mais consistente.
O estudo desenvolvido possibilitou a abordagem das dificuldades de
aprendizagem, que são entendidas como o motivo pelo qual os alunos são
encaminhados à sala de apoio.
Em cada encontro do curso de extensão, com os professores e pedagogos, um
aspecto do Programa Sala de Apoio à Aprendizagem foi abordado, buscando
identificar qual é “o olhar” desses profissionais que recebem na sala de apoio os
alunos com dificuldades.
A seguir, refletir-se-á um pouco sobre as dificuldades de aprendizagem no
ensino fundamental e alguns dos problemas que elas acarretam no interior da escola.
O resultado da falta de compreensão sobre as dificuldades de aprendizagem
tem gerado, na maioria dos casos, estigmas e estereótipos que atingem a família, o
aluno, os professores e a escola, enfatizando e generalizando as condições
incapacitantes ao aprender, de acordo com Oliveira et. al. (2009).
Ao se pensar nas dificuldades de aprendizagem é preciso, segundo Oliveira et.
al. (2009), “conhecer em primeira instância que na complexidade da escola, os
processos de aprendizagem envolvidos que são marcados por trajetórias
diferenciadas, avaliadas como satisfatórias ou insatisfatórias”. Nessa complexidade
interatuam diferentes expectativas em relação ao domínio dos conteúdos escolares e
apreensão do conhecimento.
Como lócus de desejos tão complexos, é natural que a escola produza em seu
interior relações de inadequação, descontinuidade, rotulação e fragmentação.
Relações que coexistem com aquelas valorizadas como assertivas, pedagogicamente
corretas, científicas, enfim, adequadas às exigências da demanda escolar.
Conforme Oliveira et. al. (2009), as concepções dos professores, desde sua
formação, o tipo de vínculos afetivos que estabelecem com o ensinar e com o seu
próprio modo de aprender, estão diretamente relacionadas ao enfrentamento das
questões das dificuldades de aprendizagem com seus alunos.
Na perspectiva teórica de Piaget (1980), as dificuldades de aprendizagem não
são explicadas pelo prisma do que falta à criança, seus limites e impossibilidades,
mas por suas ações e significações, sua riqueza de construções e suas superações.
Partindo desse pressuposto, as dificuldades de aprendizagem não podem ser
analisadas como pertencentes ao aluno e à sua família somente, mas sugerem um
amplo contexto a produzi-las. (MACEDO, 2008).
[...]dificuldades de aprendizagem devem ser vistas como problema de ordem complexa não importa se envolvam o sistema como um todo, isto é, as estruturas e relações que o constituem, uma classe ou grupo de alunos ou um caso individual (singular). (MACEDO, 2008, p. 3)
Não podem ser (as dificuldades de aprendizagem) desconsideradas,
desvalorizadas, transformadas em rótulos impostos aos sujeitos, justamente porque
não são externas a eles quanto às suas significações. Ao invés de pertencerem aos
sujeitos como uma marca que os desqualificam, que “explica” de forma reducionista o
não aprender, as dificuldades de aprendizagem pertencem ao processo de construção
dos sujeitos, no sentido proativo que um processo construtivo representa.
Posto isso, será analisado o espaço oficializado para o trabalho com as
dificuldades de aprendizagem nas escolas: as salas de apoio.
De acordo com Macedo (2008), aprender é enfrentar e resolver problemas;
dominar procedimentos, isto é, ações orientadas para um objetivo ou propósito.
Portanto agora, será esclarecido quando surgiu o Programa Sala de Apoio à
Aprendizagem, por quem foi criado e quais os documentos que o regulamentam para
que se tenha mais clareza sobre os aspectos legais que regem a SAA.
2. A Sala de Apoio à Aprendizagem
A Sala de Apoio à Aprendizagem surgiu como uma iniciativa do Governo
Estadual do Paraná, no ano de 2004. Os documentos que instruem e regulamentam
sua criação estão disponíveis no site da SEED, (PARANÁ, 2013) e tratam do princípio
de flexibilidade, referente à função do sistema de ensino de criar condições favoráveis
para que o direito do aluno à aprendizagem seja garantido.
Segundo a instrução nº 022/2008, existem alguns critérios para a abertura e organização das Salas de Apoio: destinam-se às disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, elas são oferecidas na proporção de uma sala de apoio para cada três turmas de 5ª série, quatro horas semanais por disciplina, uma hora atividade para o professor e sua oferta deverá ser para no máximo 15 alunos no turno contrário, ao que os alunos estão matriculados. (PARANÁ, 2008, p.1)
A instrução nº 022/2008- SUED/SEED – Paraná (PARANÁ 2008) aborda ainda,
a função de cada profissional responsável pelo funcionamento das Salas de Apoio.
Ressalte-se a atribuição dos professores regentes aos quais compete o trabalho de
diagnosticar as dificuldades dos alunos e encaminhar, enquanto aos professores da
sala de apoio compete elaborar e desenvolver o plano de trabalho, além de registrar
os documentos relativos aos alunos, participar de conselho de classe e ajudar a decidir
sobre a permanência ou não do aluno na Sala de Apoio.
Seu objetivo é sanar as defasagens de aprendizagem demonstradas pelos
alunos que ingressam no 6º ano, superando os desafios que se impõem aos mesmos
ao ingressarem na segunda etapa do Ensino Fundamental.
Entre tais desafios destacam-se: o aumento do número de disciplinas e
professores; o período das aulas que passa a ser dividido em cinco aulas de cinquenta
minutos cada uma; a organização das tarefas e materiais seguindo o horário semanal
para cada dia; o aumento da exigência nos trabalhos e provas; e ainda a fase biológica
que estão vivendo, o começo da adolescência, como se sabe, um período de
mudanças hormonais que interferem no emocional e consequentemente no cognitivo
do sujeito.
Em 04 de julho de 2011, a Superintendência de Educação/SUED e a Secretaria
Estadual de Educação do Paraná/SEED (PARANÁ 2011), expediram a instrução
007/2011, que ampliou o atendimento da SAA ao 9º ano, estabelecendo critérios para
seu funcionamento:
I. DOS CRITÉRIOS PARA ABERTURA E ORGANIZAÇÃO DAS
TURMAS
1. As escolas terão abertura automática de (01) uma Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa e (01) uma de Matemática para alunos matriculados no 6º ano/5ª série e 01(uma) Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa e de Matemática para alunos matriculados no 9º ano/8ª série, independente do número de turmas ofertadas a essas séries/anos, nas instituições de ensino da Rede Pública Estadual. 2. As Salas de Apoio à Aprendizagem fazem parte do programa de atividades curriculares complementares e, portanto, devem funcionar em contraturno escolar. 3. A necessidade de funcionamento de mais de 01 (uma) sala de Língua Portuguesa e de Matemática para os alunos matriculados no 6º ano/5ª série e 9º ano/8ª série deve ser oficializada, apresentando justificativa fundamentada que, após parecer do NRE, será analisada pelo DEB/Coordenação da Educação Integral. 4. Poderão ser solicitadas autorizações para funcionamento de salas de apoio à aprendizagem para o 7º ano/6ª série e 8º ano/7ª série, mediante justificativa fundamentada da escola que, após parecer do NRE, será analisada pelo DEB/Coordenação de Educação Integral. 5. A carga horária disponível para cada uma das disciplinas – Língua Portuguesa e Matemática - será de 04 horas-aula semanais para os alunos, acrescidas de 01(uma) hora atividade para o professor, devendo ser ofertadas, prioritariamente, em aulas geminadas, em dias não subsequentes, sempre tendo em vista o benefício do aluno. 6. As Salas de Apoio à Aprendizagem deverão ser organizadas em turmas de no máximo 20 (vinte) alunos. 7. O funcionamento das Salas de Apoio à Aprendizagem está condicionado à frequência de alunos, existência de espaço físico adequado, professor e Plano de Trabalho Docente integrado ao Projeto Político Pedagógico da
escola. (PARANÁ, 2011, p.1)
Seguindo as determinações da instrução acima, no segundo semestre do ano
de 2011, passou a funcionar em todas as escolas estaduais de Ensino Fundamental
do Paraná, a SAA para os alunos do 9º ano, com o objetivo de dar suporte aos alunos,
a fim de superarem as dificuldades que ainda possuem, principalmente em leitura,
interpretação, e produção textual em Língua Portuguesa e resolução de situações
problemas, operações, gráficos e tabelas, porcentagem e geometria na disciplina de
Matemática. Com essa iniciativa pretendia-se que os alunos do 9º ano superassem
tais dificuldades, para poderem dar continuidade aos seus estudos no Ensino Médio
sem encontrarem dificuldades decorrentes de conteúdos básicos que não foram
apreendidos no Ensino Fundamental.
3. Atividade Complementar em Contraturno
A proposta de ampliação do tempo diário de permanência das crianças na
escola merece análises de diferentes naturezas. Tanto aspectos relacionados à
viabilidade econômica e administrativa quanto ao tipo de utilização pedagógica das
horas adicionais são de grande importância.
O ensino fundamental brasileiro, especialmente aquele voltado para as classes
populares, não atende de forma integral a todos os direitos dos cidadãos de forma
plena, pois os espaços são insuficientes, há poucos profissionais qualificados e as
horas de estudo nas instituições escolares diariamente são restritas.
Esses três aspectos destacados só adquirem sentido educativo quando
articulados em um projeto que formule o papel que a escola brasileira possa cumprir,
compreendendo seus limites, e contradições e as possíveis e necessárias articulações
com outras instituições e processos sociais.
A preocupação com a fundamentação político-pedagógica da ampliação do
tempo e das funções da escola tem estado presente na produção bibliográfica sobre
o tema, e novos aspectos e questões em torno dele vêm surgindo devido ao
aparecimento de múltiplas experiências na realidade educacional brasileira
(CAVALIERE, 2007).
Os programas de ampliação do tempo e das funções escolares têm sido
defendidos como facilitadores desse processo, através do enriquecimento da vida
cultural da instituição e, portanto, das possibilidades de mudança de suas práticas.
No ano de 2011, foi instituído em caráter permanente o Programa de Atividades
Complementares Curriculares em Contraturno na Educação Básica da Rede Estadual
de Ensino do Paraná, conforme se apresenta:
PROGRAMA ATIVIDADE COMPLEMENTAR CURRICULAR EM CONTRATUNO - ACCC
Atividades Complementares Curriculares em Contraturno são atividades educativas integradas ao currículo escolar contempladas no Projeto Político Pedagógico /Proposta Pedagógica Curricular da escola com o intuito de promover a melhoria da qualidade do ensino por meio da ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas realizadas na escola ou no território em que está situada a fim de atender às necessidades sócio educacionais dos alunos. As escolas que ofertam atividades complementares ao currículo escolar em contraturno devem vincular ao Projeto Político Pedagógico, respondendo às demandas educacionais e aos anseios da comunidade. As atividades realizadas permitem uma maior integração entre alunos, escola, comunidade,
democratizando o acesso ao conhecimento e aos bens culturais (PARANÁ,
2011, p. 4).
A instituição de ensino em que o projeto foi desenvolvido aderiu ao Programa
de Atividade Complementar em Contraturno, não só com as salas de apoio, mas
também com um projeto de dança para os alunos do ensino fundamental e outro de
leitura e literatura para alunos do ensino médio, visando a propiciar aos estudantes a
oportunidade de maior integração e ampliação de seus conhecimentos culturais e
sociais.
De acordo com o segundo critério da instrução 007/2011, que regulamenta o
funcionamento da Sala de Apoio à Aprendizagem, fica claro que a mesma faz parte
do programa de atividades curriculares complementares em contraturno: “2. As Salas
de Apoio à Aprendizagem fazem parte do programa de atividades curriculares
complementares e, portanto, devem funcionar em contraturno escolar.” (PARANÁ,
2011, p.2).
4. A pesquisa
No Colégio onde ocorreu a implementação pedagógica desse trabalho, a sala
de apoio funcionava até 2012 nos dois períodos, atendendo no período da manhã os
alunos do 6º ano e no período da tarde os do 9º. A partir de 2013, passou a atender
somente os alunos do 6º ano, devido à baixa frequência dos alunos do 9º ano,
causada, em parte, pela “vergonha” que os alunos têm em frequentar a Sala de Apoio,
vista por eles como um reforço escolar que concebem de forma preconceituosa e
acabam por apresentar uma grande resistência em participar do mesmo.
Essa resistência, muitas vezes, não consegue ser driblada pelos pais e
responsáveis pelos alunos, que encontram inúmeras dificuldades em fazer o
adolescente se convencer da necessidade do estudo.
Em sua maioria, os pais trabalham fora e não estão em casa para acompanhar
e verificar se o filho tem ido para escola naquele horário, que acaba não indo. Há
ainda aqueles alunos que já trabalham meio período e em hipótese alguma aceitam
sair do emprego para ir para escola nesse horário, até mesmo por necessidade
financeira ou preocupação de os pais que não querem que o filho fique desocupado
nos outros dias em que não tem aula.
As Atividades Complementares Curriculares em Contraturno (ACCC) são
organizadas nas áreas do conhecimento, articuladas aos componentes curriculares
nos seguintes macrocampos, de acordo com a Resolução nº 1690/2011 – GS/SEED,
Paraná:
a) Aprofundamento da Aprendizagem. b) Experimentação e Iniciação Científica. c) Cultura e Arte. d) Esporte e Lazer. e) Tecnologias da Informação, da Comunicação e uso de Mídias.. f) Meio Ambiente. g) Direitos Humanos. h) Promoção da Saúde. i) Mundo do trabalho e geração de rendas. Art. 2.o Determinar a expansão do tempo escolar para os alunos da Educação Básica da Rede Pública Estadual de Ensino em direção à progressiva implementação da educação em tempo integral. Art. 3.o Regulamentar as Atividades Complementares Curriculares em Contraturno, mediante Instrução Normativa da Superintendência da Educação. Art. 4.o Os casos omissos serão resolvidos pela Superintendência da Educação. Art. 5.o Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, ficando revogada a Resolução 3683/2008 - SEED (PARANÁ, 2011, p.1).
A Sala de Apoio faz parte do macrocampo, Aprofundamento da Aprendizagem,
que segundo o Manual de Orientações do Programa de Atividades Complementares
Curriculares em Contraturno (Paraná, 2011, p.4), compreende as seguintes
disciplinas:
Para o Macro campo Aprofundamento da Aprendizagem: poderão ser desenvolvidas Atividades Complementares Curriculares em Contraturno nas disciplinas de: Arte, Biologia, Ciências, Educação Física, Ensino Religioso,
Filosofia, Física, Geografia, História, Língua Estrangeira Moderna, Língua Portuguesa, Matemática, Química e Sociologia (PARANÁ, 2011, p. 5).
Dessa forma, a escola e, em particular a SAA, alcançará o que dela se espera,
promovendo ações de aprendizagem, por meio de atividades diferenciadas,
lúdicas, atrativas e significativas, no contraturno, a fim de superar dificuldades e
acompanhar o processo no turno regular, diminuindo, assim, as repetências e
melhorando a qualidade da educação ofertada pela rede pública.
Quanto aos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento do Programa de
Atividades Complementares Curriculares em Contraturno e a distribuição dessas
aulas, estabelece-se que:
A distribuição das aulas destinadas ao Programa de Atividades Complementares Curriculares em Contraturno de acordo com a Resolução Nº 5590/2010 de distribuição de aulas vigente. (Aulas extraordinárias ou PSS). O professor deverá ter formação específica relacionada à área de conhecimento da atividade que irá desenvolver, ser responsável pelo planejamento, desenvolvimento efetivo dos trabalhos com os alunos e alunas em sala e avaliação. Os professores que prestam serviços nos NRE, na SEED, na função de Diretor e Diretor Auxiliar não poderão desenvolver Atividade Complementar
Curricular em Contraturno. (PARANÁ, 2011, p. 19).
É importante destacar que o fato de a sala de apoio ter alcançado um resultado
satisfatório no Colégio de aplicação deste projeto, deve-se em grande parte aos
professores que nela atuam, pois como determina a lei eles são formados na área e
cumprem todas as exigências necessárias, desenvolvendo um trabalho de acordo
com as necessidades dos alunos.
Faz-se justiça salientar, ainda, a importância desses profissionais, comporem
o quadro efetivo de professores da escola, uma vez que o comprometimento e a
relação deles com os alunos, com os demais professores e com a qualidade do
trabalho desenvolvido é bem maior e, portanto, mais eficaz, apresentando melhores
resultados.
5. Análise dos Dados
O Projeto de Implementação Pedagógica e a Produção Didática deram suporte
para realização do curso de extensão desenvolvido no Colégio Estadual Vera Cruz,
em Mandaguari-PR, para professores do Ensino Fundamental, pedagogos e direção,
que totalizaram vinte participantes.
O curso também foi ofertado aos profissionais da educação da rede estadual
do Paraná, o Grupo de Trabalho em Rede, GTR um curso à distância, do qual
participaram quatorze pedagogos e professores, que trabalham ou já trabalharam com
o Programa Sala de Apoio, de diferentes escolas e municípios do Paraná, como:
Londrina, Curitiba, Altamira e Almirante Tamandaré, que trabalham ou já trabalharam
com o Programa Sala de Apoio.
Porém, outra grande dificuldade teve que ser enfrentada na implementação do
projeto, o Colégio onde o mesmo seria aplicado, no ano de 2014, assim como na
maioria das escolas do Estado, não receberam autorização da Secretaria Estadual de
Educação – SEED para o funcionamento do Programa Sala de Apoio Aprendizagem.
A justificativa era que os resultados alcançados no ano anterior, 2013, não foram
satisfatórios, principalmente nos 9º anos, e o Programa estava sendo reformulado.
No município no qual três escolas desenvolvem esse programa apenas uma
pôde iniciá-lo no começo do ano letivo de 2014 e, assim mesmo, com uma só turma.
Foi grande a insistência no Núcleo Regional de Educação de Maringá para reabertura
das turmas, que só aconteceu no início do segundo semestre, impossibilitando a
realização das atividades planejadas para serem desenvolvidas com os pais e alunos.
No entanto, o curso com os profissionais do Colégio e o GTR foi bastante
produtivo, contribuindo com o enriquecimento da prática.
No primeiro momento da implementação, realizou-se uma pesquisa com roteiro
de perguntas previamente preparado, com os professores da Sala de Apoio e das
disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática do ensino regular e dos demais
participantes do curso de extensão, com o intuito de detectar quais as concepções
que cada um desses grupos apresentava a respeito da SAA, seus objetivos,
vantagens, dificuldades e sugestões sobre o Programa, através de questionários
repassados aos mesmos.
Após o levantamento e análise dos dados obtidos com a pesquisa, realizou-se
com os professores, a apresentação e discussão dos resultados obtidos.
Das questões respondidas pelos 20 professores que participaram do curso,
algumas merecem destaque, como: o que pensavam a respeito do Programa SAA.
Dos vinte professores entrevistados, 70% consideravam a SAA como uma aula
de reforço para sanar a dificuldade que o aluno apresenta no momento, nas disciplinas
de Língua Portuguesa e Matemática, através de jogos e atividades lúdicas. Para 30%
dos pesquisados, a SAA trabalha de forma diferenciada com as dificuldades de
aprendizagem que os alunos possuem e que impedem o seu aprendizado de forma
integral.
Outra questão enfatizava se os alunos encaminhados para SAA sofriam algum
tipo de preconceito, ou eram rotulados. A essa questão, 60% informaram que eram
alvo de piadinhas dos colegas, 30% que sempre existiam gracinhas por parte de
colegas e até comentários de pais e “ameaças” de alguns professores (“se você não
fizer a tarefa ou fizer mal feito, vou te encaminhar para SAA”). Os outros 10%,
afirmaram nunca terem percebido a existência de qualquer tipo de comentário a esse
respeito.
Entre as dificuldades encontradas pelos professores em relação ao trabalho
com a SAA, destacaram-se:
- a baixa frequência de alguns alunos;
- a falta de acompanhamento da família;
- número elevado de alunos (16 a 20 alunos aproximadamente)
- indisciplina de alguns alunos, que atrapalham o rendimento da aula;
A troca de informações e experiências geradas pela socialização dos
resultados da pesquisa foi muito enriquecedora para todo o grupo e permitiu
estabelecer uma relação de parceria entre professores do regular, da SAA e
pedagogos, o que será muito produtivo para todos.
No segundo momento, foram abordados o histórico da SAA e os documentos
que normatizam seu funcionamento. Iniciou-se esse encontro com o texto “Rio São
Francisco do Paraná”, de Rubem Alves (1977), que proporcionou aos professores a
reflexão sobre a prática que se tem desenvolvido na escola, os conteúdos trabalhados
e a efetivação dos mesmos no dia adia do aluno fora da escola, na sociedade onde
está inserido.
O autor afirma que “Símbolo é ponte: tem de me levar a algum lugar”. Nos
grupos, os cursistas refletiram sobre essa afirmação e fizeram as seguintes
colocações:
“O símbolo é a ponte de referência que nos leva a transpor a realidade escolar para a vivência do aluno. O autor sugere que saíamos do abstrato para o concreto, porque somente dessa forma a aprendizagem acontecerá. O conhecimento adquirido na escola precisa ter aplicabilidade na vida, sem
essa prática, ele torna-se sem sentido, superficial e acaba sendo esquecido.” (Professora Roseli, Língua Portuguesa)3
As atividades realizadas em grupos e os textos abordados proporcionaram
bons momentos de reflexão e conhecimento aos professores, que ficaram bastante
satisfeitos em conhecer a finalidade da SAA, e como se dá o trabalho nela realizado.
Uma professora de Arte do ensino regular descreveu que:
“Vim fazer o curso com o objetivo de conseguir um certificado com um bom número de horas de formação, e avançar em minha linha funcional. Mas, esse curso me surpreendeu e estou aprendendo a olhar o aluno de forma diferente e buscando novas formas de ensinar. Nunca imaginei que o trabalho realizado na SAA fosse tão bom!” (Professora Mariana, Arte)
No quinto encontro do curso de extensão foram estudadas as principais
dificuldades apresentadas pelos alunos, identificação de suas causas e o texto
“Dificuldades de Aprendizagem”, de Cristiane Ferraro (2010), que abordou o tema em
questão, a defasagem idade-série e a indisciplina.
O objetivo desse encontro foi buscar alternativas para solucionar tais problemas
e propiciar a maior eficácia do Programa, aumentando também a participação e o
envolvimento dos alunos e pais. Pois só assim a aprendizagem se efetivará e as metas
estabelecidas poderão ser atingidas.
Houve uma apresentação em slides em power point sobre “Cérebro e
Aprendizagem”, da professora doutora Débora de Mello Gonçalves Sant’Ana, do
MUD/UEM, que mostrava como a criança aprende e quais fatores interferem
diretamente no bom funcionamento do cérebro.
Esse foi um momento interessante, em que dúvidas foram sanadas e muitas
informações absorvidas. Os pontos mais destacados pelos professores foram a
importância do sono e toda sua relação com a aprendizagem, e a medicalização das
crianças, o que tem aumentado a cada ano.
No GTR (grupo de trabalho em rede), os professores também tiveram uma
participação ativa e valiosa para a conclusão desse trabalho de implementação,
proporcionaram uma visão mais ampla de como o Programa SAA acontece em várias
escolas de outras cidades do Paraná, através dos fóruns de discussão e das
atividades postadas no diário. Uma das professoras emitiu sua opinião:
3 Os nomes dos participantes foram trocados para preservar as identidades.
“Muito bem Angela, essa socialização e a troca de ideias é o ponto forte do GTR. Ele nos possibilita a interação com várias escolas de nosso estado e desta forma tendo novas informações que nos permitem releituras de nosso trabalho. Esta socialização nos dá suporte para atendermos com mais qualidade os nossos alunos.” (Professora Silvia)
Não é só no colégio, onde o projeto foi desenvolvido ou no NRE, que a
concepção sobre a SAA ainda é a de reforço escolar, mas em toda rede, conforme
relata esta professora participante do GTR:
“Em nossa escola, a SAA ainda é vista por alguns colegas professores, como um espaço de reforço escolar. É difícil compreender que é um momento em que você trabalha com o aluno, a base das dificuldades de aprendizagem. Outra dificuldade é conseguir diferenciar o aluno que não realiza suas tarefas em sala de aula por ter dificuldades de aprendizagem, daquele que não faz porque é indisciplinado.” (Professora Isaura)
Ainda tratando do problema da indisciplina, um dos grandes nós que impedem
a aprendizagem, alguns dos pedagogos que eram a maioria do grupo, utilizaram o
texto do professor Júlio Groppa Aquino, “Indisciplina e a Escola Atual” (2011, p.3) para
trabalhar com seus professores e destacam que:
“Quando trabalhamos com o texto do professor Júlio Groppa Aquino. Alguns professores colocaram que sempre são apontados como culpados pelo fracasso do aluno. Foi uma longa discussão e troca de opiniões e experiências, mas ao final penso que ficou claro que não são os culpados, mas sim, junto à comunidade escolar, responsáveis diretos pela aprendizagem e superação das dificuldades que os alunos apresentam. Outro ponto destacado foi que não estão sozinhos nessa tarefa, mas estamos juntos, e podem contar com o nosso apoio pedagógico. É certo também, que ainda há muito a ser melhorado, pois sempre há aqueles que não dão a importância devida ao trabalho desenvolvido pelo programa SAA. Porém, através desse grupo de estudos muitos puderam conhecer o trabalho que desenvolvemos, e dessa forma valorizá-lo um pouco mais.” (Professora Marisa)
Ficou clara também a dificuldade em fazer com que os alunos do 9º ano
participem do Programa:
“Em 2012, nos arrependemos de abrir SAA de 9º ano, os alunos não frequentavam, só apareciam quando queriam tirar alguma dúvida da aula regular. Por mais que orientássemos, chamássemos a família, não funcionava.” (Professora Claudete)
Foram diversas as escolas do estado que também tiveram o Programa SAA
não autorizado no início de 2014. Dos quatorze participantes do GTR, apenas em
duas cidades ele estava funcionando desde fevereiro. A maioria começou só no
segundo semestre e algumas não tinham conseguido autorização até o encerramento
do curso, o que é lamentável para os alunos de 6º e 7º anos, uma vez que têm
apresentado um bom resultado:
“Em 2013, montamos turma com alunos de 6º e 7º ano. Oferecemos almoço para os alunos que moram mais longe, então eles participaram mais ativamente e alcançam um bom desempenho, superando suas dificuldades.” (Professora Juliana)
A análise dos dados coletados durante a implementação na escola e no GTR,
vieram ratificar essa pesquisa, confirmando a relevância de se aprofundar mais no
assunto, que trata do Programa Sala de Apoio à Aprendizagem e das concepções da
comunidade escolar sobre ele. O depoimento dado por uma das professoras cursistas
do GTR, num dos fóruns de discussão dizia assim:
“A professora da SAA do ano passado, na escola em que trabalho, desenvolvia com os alunos muitas atividades lúdicas, jogos, brincadeiras corporais, atividades na sala de informática... sua aula era sempre meio bagunçada e por isso é necessário tomar cuidado com qual professor assumirá a SAA, pois o resultado poderá não ser satisfatório, uma vez que os conteúdos necessários não são trabalhados.” (Professora Suzana)
Como se percebe em sua fala, a professora não havia lido o projeto de
intervenção que embasava o curso, pois seu relato demonstra que sua concepção
acerca do Programa SAA é a de reforço escolar, no qual o conteúdo e a metodologia
utilizados pelo professor devem ser semelhantes aos que o professor do ensino
regular faz uso.
O discurso dessa professora evidencia que a profissão exige uma constante
busca pelo conhecimento, pois só assim poderá haver uma prática embasada em
subsídios teóricos bem articulados e, que seja inovadora e comprometida com a
aprendizagem e o sucesso dos educandos.
Na avaliação que os professores fizeram do curso, destacam-se comentários
que validam a proposta que o projeto tinha como meta alcançar:
“O curso fez-nos obter um novo olhar referente ao aluno com dificuldades de aprendizagem, bem como as temáticas desenvolvidas e os momentos de contextualização.” (Professora Joana)
“Como sugestão acredito serem necessários mais cursos como este. Pois, ajudam muitos professores, pedagogos e funcionários a melhorarem sua prática pedagógica nas escolas. Seria como se fosse uma “sala de apoio” para quem trabalha nas escolas.” (Professora Estela)
“Aprendi conceitos básicos que até então não tinham sido passados para os professores, o básico mesmo: como funciona a SAA, por exemplo.” (Professora Silmara) “Eu não tinha ideia do que é uma sala de apoio, antes de participar do curso, achava que era só ajudar o aluno a fazer tarefas. Depois do curso entendi que é muito mais complexo e relevante o trabalho nela desenvolvido.” (Professora Dayse) Os temas discutidos tais como: histórico da SAA, e das ACCC (atividades complementares, curriculares em contraturno, dificuldades de aprendizagem, indisciplina, falta de envolvimento da família, alunos desinteressados ou sem limites, são temas cujo estudo nos auxiliam na percepção e na busca de novas formas de pensar sobre nossa realidade na escola e quais as melhores estratégias para modificar essas situações.” (Professora Paula)
Ante os relatos expostos é possível constatar que os professores ampliaram
seus conhecimentos sobre SAA, sobre dificuldades de aprendizagem e sobre
indisciplina e comportamento de resistência dos alunos diante dos problemas que
enfrentam no cotidiano das escolas.
Considerações Finais
Este trabalho foi desenvolvido durante os dois anos de estudo e pesquisa (2013
e 2014) proporcionados pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR.
No início, foram grandes as dificuldades. Sobretudo, no que diz respeito à
definição do tema de pesquisa a ser desenvolvido, em meio a tantas questões que
causam inquietação na escola.
Mas, conforme as aulas do PDE foram acontecendo e, a partir da definição de
quem seria o professor orientador e das trocas de experiência com os colegas de
estudo e trabalho, as ideias foram tomando forma e o projeto começou a engrenar.
Com o projeto elaborado, foi mais tranquilo preparar a unidade didática a ser
utilizada na aplicação do projeto na escola, no curso de extensão com os professores
e no GTR.
À medida que a implementação ocorria, foi possível constatar que a concepção
dos professores, que acreditavam ser a Sala de Apoio apenas um reforço escolar, foi
se modificando.
A cada encontro o olhar deles para o programa SAA e para o próprio aluno e
suas dificuldades e defasagens também se transformou. Os professores passaram a
ter o embasamento teórico e legal necessário para que o programa SAA alcance todos
os objetivos a que se propõe.
Apesar dos bons resultados alcançados com a SAA, em 2013, no colégio, o
funcionamento no ano de 2014 ainda não havia sido autorizado. Foi interessante
observar que à medida que os grupos de estudos se realizavam, aumentava a
preocupação dos professores e as sugestões de ações que deveriam ser tomadas
para acelerar essa abertura. Com isso, os professores demonstraram a transformação
do conceito que possuíam antes, baseado no senso comum, e o que estava se
formando agora, com base nos documentos, textos estudados e análise dos
resultados obtidos nos anos anteriores com o programa SAA.
Diante de tudo que foi exposto, percebe-se que é necessário e urgente a
realização de mais momentos de estudo como esse nas escolas. Pois os professores
sentem-se mais confiantes e capacitados para sua prática pedagógica. Pois, além do
embasamento teórico, a troca de experiências e o apoio que recebem dos colegas, é
muito gratificante e motivador.
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