Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1
OS MEGAEVENTOS E O ENSINO DE GEOGRAFIA:
Notas Sobre os Impactos Espaciais
Ivani Maria Naves Yamashita 1
Margarida Cássia Campos 2
Resumo
A Copa do Mundo e outros grandes eventos esportivos produzem uma visão estereotipada nos cidadãos, os quais influenciados pela mídia acreditam piamente no tão esperado progresso econômico, principalmente nos países em desenvolvimento, sem atentar-se para o fato de que os investimentos em infraestrutura são feitos para atender uma necessidade imediata referente ao megaevento, indo de encontro a uma ínfima parcela da população e de turistas que possuem condições financeiras para desfrutar desses suntuosos espetáculos. O grande interesse que esse assunto parece despertar no brasileiro (neopatriotismo), bem como o enfoque dos meios de comunicação que exploram as imagens, as linguagens e as informações deve servir para reflexão junto ao alunado sobre as mudanças socioespaciais. Percebendo a influência que a mídia tendenciosa exerce na formação de opinião da população e, principalmente, sobre os adolescentes, busca-se responder a seguinte questão: Como a Geografia pode desenvolver no alunado um olhar crítico de desalienação, no que tange aos impactos socioespaciais e socioeconômicos que os megaeventos esportivos promoveram nas cidades brasileiras sede dos jogos? A pesquisa tem como referencias teóricos Mascarenhas (2011), Szermeta (2011), Ikuta (2012), a DCE de Geografia (2008), entre outros.
Palavras-chave: Copa do Mundo. Países. Mídia. Desalienação.
1 INTRODUÇÃO
Esse artigo se propõe a colaborar com o ensino de Geografia como um
instrumento de formação crítica, levando o educando a vivenciar e analisar o
processo de “transformação” que o Brasil sofreu, em decorrência do Megaevento da
Copa do Mundo de 2014.
1 Professora da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná – PDE de Geografia. E-mail de contato: [email protected] 2 Professora Orientadora PDE e Doutora da Universidade Estadual de Londrina – UEL. E-mail de contato: [email protected]
2
O desafio insurge da situação observada de que o ensino de Geografia
não poderia ficar de fora dessa discussão tão relevante aos cidadãos brasileiros,
pois a mídia impôs rotineiramente tal acontecimento como um legado às futuras
gerações, muitas vezes de forma tendenciosa.
Para tanto, procurou-se estimular e ativar o interesse dos estudantes pelo
aprendizado crítico, transformando a curiosidade em esforço cognitivo, em saber
organizado, desalienado e construído com base em reflexões. Os alunos necessitam
perceber que muitas vezes somos responsáveis pelas mudanças que ocorrerem em
nosso espaço geográfico, por isso deve-se fazer uso de um olhar crítico sobre os
impactos espaciais.
A implementação dos estudos esteve associada aos conteúdos de
Geografia inerentes ao 8º ano do Ensino Fundamental, por meio de pesquisas,
debates e atividades sobre as relações econômicas estabelecidas entre os países
envolvidos com o Megaevento e com o Brasil. Desta forma, o artigo encontra-se
assim dividido: em um primeiro momento será discutida a questão do esporte (de
idealismo a mercadoria), em seguida será apresentado o resultado das atividades
práticas desenvolvidas com os estudantes, bem como a ideia de consumismo
incentivada pela FIFA e apoiada pelos patrocinadores do mundial, para então chegar
às considerações finais.
2 ESPORTE: DE IDEALISMO A MERCADORIA
O esporte a princípio era visto como um meio de aproximar as pessoas
que tinham interesses em comum, ou seja, por diversão, por motivos físicos ou
emocionais, fato marcante principalmente durante os Jogos Olímpicos.
Os Jogos Olímpicos tinham um ideário muito forte, ligado lá na origem da retomada das práticas corporais lúdico-esportivas na idade moderna. O esporte como uma linguagem de integração entre os povos. O esporte como uma prática de regeneração das pessoas, de saúde física e mental. (MASCARENHAS, 2011)
3
Os jovens atletas participavam das competições esportivas mundiais por
ideal, pelo gosto de praticar o esporte e conhecer novos povos e novas culturas. Era
o que chamamos na linguagem popular de espírito esportivo.
Era um hobby. Vinham participar por conta própria e porque eles tinham amor ao esporte, prazer em participar desses encontros da juventude. Conhecer pessoas de outros países que também como eles tinham esse hobby, esse prazer de praticar algum tipo de esporte. (MASCARENHAS, 2011)
Essa visão idealista do esporte sofreu uma mudança muito grande,
principalmente, no futebol. Tais transformações ocorreram quando, em 1974, o
brasileiro João Havelange assumiu a FIFA3 e em sua continuidade o espanhol Juan
Antonio Samaranch, na década de 1980. Entre as inovações implantadas por eles
nos eventos esportivos, a mais marcante talvez tenha sido o fato de que essas
competições passaram a ser vistas como mercadoria de consumo.
O esporte é uma atividade que há mais de um século adquiriu um patamar de organização muito forte no mundo inteiro. É hoje um fenômeno social universal. Embora sempre muito ligado a interesses econômicos, o espetáculo, a venda de ingressos, ocorre uma mudança brusca na década de 1980. No âmbito do futebol, começa na FIFA com João Havelange, brasileiro que assume em 1974. Ele, na posse já diz assim: “Eu vim mudar inteiramente a forma como a FIFA funciona. Eu vim vender um produto chamado futebol”. (MASCARENHAS, 2011)
Houve uma troca de valores do espírito esportivo pelo dinheiro aliado
nessa época à expansão do meio técnico científico informacional, com a transmissão
dos jogos pela televisão e rádio que passaram ser simultâneos e com amplo acesso
da população mundial. O patrocínio torna-se um grande investimento.
A mídia impulsionada pelo enriquecimento rápido usa os atletas como
garotos propaganda com retorno financeiro garantido, como por exemplo, os
comerciais que veiculam durante as transmissões do megaevento, além disso, a
figura de um atleta campeão em diversos momentos serviu para esconder a
realidade social e econômica em que os países se encontravam.
3 Federação Internacional de Futebol
4
As grandes empresas nacionais e mesmo as transnacionais passaram a
veicular em rede de televisão suas propagandas, comprando espaço nas roupas
desses atletas, que passaram a ser vistos como referenciais da geração saúde e da
qualidade de vida.
A ilusão criada por intermédio da mídia proporciona uma nova geração de
heróis.
Esporte por amor, por uma causa: a causa esportiva. Havelange e Samaranch vão cortar tudo isso. Esporte é dinheiro, eis o novo lema. O novo modo de gestão do esporte se associa às grandes mídias, à expansão da TV. A televisão tem um apelo forte de assistência e essas empresas vão perceber ali um canal muito forte. (MASCARENHAS, 2011)
Os países e as cidades sedes dos megaeventos são projetados
mundialmente por meio da mídia, incentivando o consumo. Em suas últimas edições,
“a Copa se direcionou para áreas do globo mais afastadas do epicentro da crise
mundial” (SZERMETA4, 2011). É notório que as grandes empresas patrocinadoras
são as que lucram com o consumo dos turistas ou mesmo da população local ao
adquirirem os produtos referentes ao evento.
A previsão de crescimento econômico durante a Copa do Mundo tem se
mostrado incoerente nos lugares que já sediaram outros megaeventos. Funcionando
mais como um palco de investimentos financeiros de empresas transnacionais do
que de crescimento econômico real dos países sede.
(...) o mercado dos jogos esportivos, apesar do cenário de instabilidade no centro do mundo, mantém a força econômica e consequentemente o poder de atração e pressão dos cartolas internacionais sobre os governos, atuando como verdadeiros cães de guarda das transnacionais. (SZERMETA, 2011)
A união entre o esporte e o poder econômico gera entretenimento aos
telespectadores, que se tornam consumidores diretos e indiretos de tudo que os
atletas ou jogadores usam e supostamente consomem durante e após as
competições esportivas.
4 SZERMETA, Ramon é Coordenador da campanha Play-Fair Brasil – Revista Le Monde Diplomatique Brasil.
5
Com a gestão urbana nessa conjuntura neoliberal que vivemos hoje, city marketing e o esporte tornando essa nova indústria muito forte, as cidades vão perceber que realizando megaeventos esportivos vão se projetar mundialmente, porque são espetáculos que bilhões de pessoas assistem. (MASCARENHAS, 2011)
As competições ocorrem em várias etapas e lugares diferentes, mas os
megaeventos não são realizados em instalações já existentes, elas são construídas,
reestruturadas e/ou readaptadas. Para realização dos eventos o país sede tem que
cumprir uma série de exigências, ”(...) transformações socioespaciais,... que
modificam o espaço geográfico próximo e distante,... estradas, aeroportos, portos...”
(PARANÁ, 2008, p. 70). No caso da Copa do Mundo de Futebol, a FIFA é que
impõem as regras, “que o governo brasileiro se compromete como prevê a Lei Geral
da Copa5, em resguardar os interesses comerciais da FIFA e de seus parceiros”,
(SZERMETA, 2011) incluindo a construção de novos estádios, alojamentos dos
atletas, infraestrutura que atenda as padronizações internacionais de arquitetura.
A sede do megaevento se torna assim um não lugar, pois se iguala a todos os outros. A única expressão de identidade local fica por conta das cerimônias olímpicas de abertura, onde cada cidade e país procuram contar um pouco de sua história e de sua cultura. No mais, tudo é normatizado, padronizado, pasteurizado. (MASCARENHAS, 2011)
Até mesmo o ano letivo escolar sofre interferências. O artigo nº 64 da Lei
Geral da Copa, determinou um mês de recesso escolar entre 12 de junho e 13 de
julho de 2014, ou seja, no período em que o “país do futebol6” sediou a Copa do
Mundo.
Art. 64. Em 2014, os sistemas de ensino deverão ajustar os calendários escolares de forma que as férias escolares decorrentes do encerramento das atividades letivas do primeiro semestre do ano, nos estabelecimentos de ensino das redes pública e privada, abranjam todo o período entre a abertura e o encerramento da Copa do Mundo FIFA 2014 de Futebol. (BRASIL, Lei nº 12.663/2012)
O cumprimento dessa norma implicou em diversos fatores de ordem
social e econômica:
5 Lei Geral da Copa nº 12.663/2012 6 Jargão popular
6
• O comprometimento das férias de verão de muitas famílias. Já no inverno, ou
seja, nas férias prolongadas, fica a dúvida de onde deixar as crianças em
idade escolar já que os pais estarão trabalhando, ou mesmo, o que fazer
durante todo o período que compreende a abertura, os dias específicos de
jogos e o encerramento do mundial.
• Redução do faturamento dos empresários ligados ao turismo das cidades
litorâneas que não foram sede dos jogos, bem como a queda na venda de
pacotes de viagem para famílias com filhos em idade escolar nesse período,
sem contar que muitos não se informaram a respeito e foram apanhados de
surpresa.
• As universidades tiveram que replanejar ou adequar os vestibulares e as
matrículas.
Em relação à Copa do Mundo de 2014, que ocorreu no Brasil, as
construções dos estádios nas cidades sedes aconteceram e foram construídos com
dinheiro público. “O contribuinte paga tudo isso, sem direito a dialogar, participar,
questionar” (MASCARENHAS, 2011). Essas estruturas podem tornar-se “elefantes
brancos”, ou seja, podem cair em desuso, como no caso das instalações construídas
no Rio de Janeiro para a realização do Panamericano de 2007.
O complexo aquático Maria Lenk está entregue às moscas! Custou caríssimo, também. Na época, a gente estava propondo que esse complexo aquático fosse, após os jogos, utilizado pelas escolas municipais do Rio. Sabe o que foi dito pra gente? Olha, essa piscina é muito bacana pra botar criança pobre dentro dela. É muito bonita. Eles preferem deixar a piscina rachar fechada do que dar a ela um uso educativo. (MASCARENHAS, 2011)
Grande parte dos recursos financeiros aplicados nos megaeventos é
desviada de outros setores da economia, ou seja, desfalca uns e beneficiam outros,
penalizando a população mais carente que sofre com a ausência dos investimentos
imprescindíveis à sua vida pessoal, familiar e até mesmo profissional.
7
(...) um gasto num evento que comprometeu seriamente a saúde, a educação da cidade porque a Prefeitura desfinanciou diversos setores (...) O Rio viveu a maior epidemia de dengue da sua história porque se desmobilizou no enfrentamento desta questão, e em outubro de 2007, três meses após os Jogos, a encosta do túnel Rebouças desceu, soterrou a entrada do túnel. Felizmente sem mortes, apenas o dano para a circulação de veículos. Qual foi o motivo disso? Existe uma empresa, a GeoRio, que monitora todas as encostas da cidade. A partir de 2003 a Prefeitura reduziu a 1/3 o contrato feito com a GeoRio. (MASCARENHAS, 2011)
Quando o assunto é futebol, as diferenças sociais diluem-se, o
entusiasmo e o fascínio pelo esporte fala mais alto. A preparação para o
megaevento Copa do Mundo de Futebol de 2014 envolve grandes somas de
recursos financeiros que vertem dos cofres públicos para atender as empresas
privadas, as quais obtêm os lucros desses investimentos não se preocupando em
atender as necessidades reais da população local.
Se o ufanismo patriótico é evocado, o entusiasmo e a capacidade de mobilização são, sobretudo, do setor privado que se favorece com a reestruturação urbana financiada, quase sempre, com dinheiro público. (IKUTA, 2012, p. 32)
Por outro lado, o governo do país, que sedia um megaevento como a
Copa do Mundo, é projetado através da mídia em rede nacional e em momentos
oportunos utilizam-se dessas propagandas para a promoção política.
Para o Brasil a Copa de 2014 é a oportunidade de o país dar um salto de modernização e apresentar não só sua capacidade de organização, como também força econômica para investimentos e os muitos atrativos que pode transformar o país em um dos mais importantes destinos turísticos do mundo a partir de um futuro próximo (...) o evento tem apelo de uma vitrine capaz de mostrar a milhões de telespectadores de todos os cantos do planeta aspectos que vão muito além de estádios e disputas esportivas. (PORQUE o Brasil, 2010)
Quando a cidade oferece espaços para realização de megaeventos a
divulgação da cidade-sede é feita sempre de caráter positivo. “Destacamos dois
benefícios provenientes da Copa para as cidades brasileiras:” (IKUTA, 2012, p.39)
Visibilidade internacional: • Mudança na imagem brasileira no exterior: fortalecimento da imagem de
país alegre e receptivo; adição de novos atributos à imagem brasileira: competência, organização e desenvolvimento.
• Maior exposição de produtos e serviços, sobretudo daqueles nos quais o Brasil tenha vantagens competitivas.
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• Implementação e divulgação de tecnologias verdes (combustíveis construções, entre outros).
Turismo: • Maior aproveitamento do potencial turístico do Brasil (número de turistas
hoje é semelhante ao da Argentina e ¼ do México). • Divulgação de atrações turísticas regionais e ampliação do turismo
interno, sobretudo de destinos hoje pouco explorados. • Salto de qualidade dos serviços ao setor (hotelaria, alimentação, táxis
entre outros). (IKUTA, 2012, p. 39)
A escolha do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016 teve sua origem
no Panamericano de 2007, que projetou a cidade mundialmente e,
consequentemente, deixou em evidência o Brasil que sediou a Copa do Mundo de
Futebol de 2014. A escolha contou com a ajuda política do Presidente do país, na
época Luiz Inácio Lula da Silva.
Do fundo do meu coração, hoje é o dia, talvez, mais emocionante da minha vida (...) senti muito mais orgulho de ser brasileiro do que já sentia (...) Eu, na verdade não ganhei do Obama: foi o Rio de Janeiro que ganhou de Chicago, de Madri de Tóquio (...) O Brasil saiu do patamar de país de segunda classe e entrou no patamar de país de primeira classe. Eu acho que hoje o Brasil conquistou sua cidadania internacional. (BIENENSTEIN et al., 2011, p. 127)
Muito se fala nos impactos e legados que os megaeventos atraem para os
países e as cidades sede. Analisar se os investimentos foram positivos ou negativos,
é algo se só pode ocorrer após as realizações dos eventos. Portanto, esse é um
debate que deve acontecer, buscando sempre melhorias para as próximas edições.
De acordo com Magno (2011), os impactos:
[...] estão diretamente relacionados com todas as transformações ou implicações que repercutem na cidade sede durante o evento, enquanto que os legados seriam todas as transformações ou implicações sofridas pela cidade sede que podem advir dos impactos previamente causados, geralmente surgidos após o evento. (MAGNO, 2011, p. 16)
O povo brasileiro é apaixonado por futebol “as manifestações culturais
perpassam gerações”, PARANÁ (2008, p.74) e o esporte faz parte da cultura
nacional em todas as esferas da sociedade.
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Futebol definitivamente, não é só um jogo. É patrimônio cultural, mitologia contemporânea, criação artística coletiva. É ferramenta de inclusão social, instrumento de coesão nacional, elemento de construção de identidade coletiva. (MARMO, 2010)
Ao sediar um grande evento mundial (Copa do Mundo de Futebol de
2014) e próximo de receber outro (Olimpíada de 2016) o Brasil e o povo brasileiro
vivenciam um pseudonacionalismo, perceptível em todos os recantos da nação.
Portanto, faz-se necessário fiscalizar a execução das obras e a aplicação
dos recursos financeiros destinados aos eventos e cobrar o legado que será deixado
à população seja útil, ou seja, não se pode comemorar antes do apito final.
3 Atividades práticas desenvolvidas com os alunos d os 8 º anos do
Colégio Estadual Nilo Cairo
3.1 Preferências por times de futebol
Os times de futebol de preferência dos alunos dos 8os anos do Colégio
Estadual Nilo Cairo, em sua maioria, são os do Rio de Janeiro e de São Paulo. O
Estado do Paraná possui times de futebol reconhecidos no território nacional, no
entanto não foram citados pelos alunos dessas turmas. Em relatos, os alunos
mencionaram a influência familiar, em especial a dos pais e dos avôs, pois mesmo
antes de nascer o time de futebol para o qual deviam torcer, já estava escolhido e o
uniforme comprado.
Contudo encontrou-se entre os grupos, alguns alunos que não se
interessavam por times muito menos por futebol, estudantes alheios a esse esporte,
tanto meninos quanto meninas.
10
Figura 1 – Pesquisa sobre a preferência dos times de futebol (8º ano A)
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
Figura 2 – Pesquisa sobre a preferência dos times de futebol (8º ano B)
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
11
Figura 3 – Pesquisa sobre a preferência dos times de futebol (8º ano C)
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
Surpreendentemente, os educandos não eram conhecedores da história
dos times que gostavam e ao realizarem as pesquisas para apresentar aos demais
colegas em sala de aula, mostraram-se maravilhados com as histórias e os fatos que
fizeram surgir o time, que hoje denominam de time do “coração”. Muitas histórias das
agremiações se fundem com a história mundial e nacional, por isso foi gratificante
fazer a correlação dos fatos históricos com a dos times. Assuntos atualíssimos como
preconceito e bullying também surgiram no momento das apresentações.
3.2 Países participantes da Copa do Mundo de 2014 organizados em tabelas
socioeconômicas e geográficas
Ao realizar essa atividade com os alunos do 8º ano percebeu-se que
muitos não tinham em sua memória a localização dos continentes, sendo necessário
retomar o conteúdo antes de dar continuidade à atividade, por meio da Teoria da
Deriva Continental e localização dos 32 países no Planisfério Político, no intuito de
posteriormente confeccionar a tabela dos mesmos por continentes.
12
Tabela 1 - Países Participantes da Copa do Mundo de 2014 – Continentes
ÁFRICA AMÉRICA ÁSIA EUROPA OCEANIA
Argélia Argentina Coreia do Sul Alemanha Austrália Camarões Brasil Croácia Bélgica Costa do Marfim Chile Irã Bósnia-
Herzegovina
Gana Colômbia Japão Espanha Nigéria Costa Rica França Equador Grécia Estados Unidos Holanda Honduras Inglaterra México Itália Uruguai Portugal Rússia Suíça
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
Os alunos chegaram à conclusão que o continente europeu possui o
maior número de países participantes no mundial, talvez devido ao incentivo dado
aos jogadores desde muito pequenos e pelos bons salários pagos pelos times
europeus. Concluiram também que aumentou significamente a participação da
América na competição. No entanto, o continente africano com apenas cinco
representantes, aponta que, provavelmente, o futebol não seja o esporte prefererido
pelos africanos. Ficando claro que as questões históricas e econômicas
influenciaram muito nessa disputa.
A Ásia participa com quatro representantes. A Oceania possui apenas um
representante, pois se trata de um continente com poucos países.
Os alunos concluiram que a Antartida não foi citada na tabela, pois nesse
continente as condições de vida permanente não é possível, devido ao clima ser
muito rigoso, com temperaturas baixas o ano todo.
Para a tabela socioeconômica, iniciou-se com a regionalização dos países
por seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é calculado considerando o
índice de esperança de vida ao nascer, o índice de educação e o Rendimento
Nacional Bruto (RNB) per capita (ARARIBÁ, 2013), que são os indicadores utilizados
para avaliar a qualidade de vida da população em um país.
O IDH varia de 0 a 1.
melhores inicadores sociais.
humano dos grupos de países: muito elevado, elevado, médio e bai
Elaborada a tabela,
possuiam os melhores indicad
tinham IDH acima de 0,700, ou seja
provavelmente tenha influenciado
classificações para o grande mundial.
Juntamente com as tabelas
também pesquisaram na internet:
língua oficial e a moeda
Com todos os resultados da pesquisa realizada,
para ser exposto no pátio do
que antecedeu o mundial
Figura 4
O IDH varia de 0 a 1. Os países que mais se aproxima
melhores inicadores sociais. Há quatro categorizações para
grupos de países: muito elevado, elevado, médio e bai
Elaborada a tabela, os alunos concluiram que 11
possuiam os melhores indicadores sociais, e que os 27 primeiros classificados
IDH acima de 0,700, ou seja, a maioria, fato que segundo os alunos
provavelmente tenha influenciado nas preparações para as eliminatórias e
para o grande mundial.
Juntamente com as tabelas do IDH e dos continentes,
na internet: as bandeiras, as siglas, as capitais
língua oficial e a moeda dos 32 países participantes do Megaevento
Com todos os resultados da pesquisa realizada, preparou
pátio do Colégio Estadual Nilo Cairo, justamente na semana
o mundial.
Figura 4 – Exposição dos trabalhos no mural do Colégio
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
13
s países que mais se aproximam de 1 possuem os
Há quatro categorizações para o desenvolvimento
grupos de países: muito elevado, elevado, médio e baixo.
que 11 países europeus
os 27 primeiros classificados
segundo os alunos
as preparações para as eliminatórias e
ontinentes, os estudantes
capitais, a população, a
países participantes do Megaevento.
preparou-se um mural
, justamente na semana
no mural do Colégio
Figura 5
Figura 6
Figura 5 - Exposição dos trabalhos no mural do colégio
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
Figura 6 - Exposição dos trabalhos no mural do colégio
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
14
osição dos trabalhos no mural do colégio
Exposição dos trabalhos no mural do colégio
3.3 As Charges e a Copa do Mundo
Na fase final d
referentes ao megaevento
com toda a sabedoria
acontecendo no país, com uma boa dose de humor.
As charges foram previamente selecionadas nos meios de comunicação,
como a internet e projeta
debate sobre cada uma delas.
Para concluir a tarefa, solicitou
das charges e, individualmente
O resultado foi mais uma vez incrível
anos assimilaram muito bem a
alguns textos para mostrar
seus pensamentos e reflexões.
3.3 As Charges e a Copa do Mundo
Na fase final do projeto foram apresentadas aos alunos dez
referentes ao megaevento, as quais foram elaboradas por diversos cartunistas
com toda a sabedoria descortinaram e mostraram o que realmente estava
com uma boa dose de humor.
As charges foram previamente selecionadas nos meios de comunicação,
internet e projetadas na TV Multimídia. Concomitantemente
debate sobre cada uma delas.
concluir a tarefa, solicitou-se aos educandos que escolhessem uma
individualmente, fizessem uma interpretação por escrito.
do foi mais uma vez incrível, pois alunos com i
assimilaram muito bem a intenção da tarefa. Diante disto,
mostrar como os estudantes foram críticos ao escrever e expor
seus pensamentos e reflexões.
Figura 7 – Produção textual dos estudantes
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
15
o projeto foram apresentadas aos alunos dez charges
foram elaboradas por diversos cartunistas que
que realmente estava
As charges foram previamente selecionadas nos meios de comunicação,
s na TV Multimídia. Concomitantemente, realizou-se um
que escolhessem uma
fizessem uma interpretação por escrito.
com idade entre 13 e 14
intenção da tarefa. Diante disto, selecionaram-se
críticos ao escrever e expor
Figura 8 – Produção textual dos alunos
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
Figura 9 – Produção textual dos alunos
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
16
4 O consumismo incentivado
patrocinadores do mundial
Esse debate surgiu por intermédio de um aluno que trouxe para o colégio
figurinhas dos jogadores
mundiais, a FIFA laçou
colecionáveis que é apresentado em diversas línguas.
Álbum este que em algumas instituiçõe
ou jornal foram distribuídos gratuitamente,
adquirirem as figurinhas que eram vendidas
1,00. Já o custo real do álbum
O álbum possuía
letras. Não deixando de mencion
foi vendido por R$ 24,90
A reflexão foi
como eles estavam interessados no material, mas muitos
adultos também estavam colecionando e
Figura 10 – Produção textual dos alunos
Fonte: Ivani Maria Naves Yamashita
O consumismo incentivado pela FIFA e apoiado pelos
patrocinadores do mundial
surgiu por intermédio de um aluno que trouxe para o colégio
figurinhas dos jogadores selecionados para a Copa do Mundo. Nos últimos
, a FIFA laçou em todos os países envolvidos, um álbum de figurinhas
colecionáveis que é apresentado em diversas línguas.
Álbum este que em algumas instituições escolares e
foram distribuídos gratuitamente, incentivando os adolescentes
figurinhas que eram vendidas em pacotes com cinco
do álbum era de R$ 5,90.
possuía 640 figurinhas numeradas e mais
de mencionar também outra opção, o álbum de capa dura
R$ 24,90 cada.
reflexão foi além, pois os alunos relataram que não só os adolescentes
estavam interessados no material, mas muitos de seus
os também estavam colecionando e relembrando a adolescência.
17
e apoiado pelos
surgiu por intermédio de um aluno que trouxe para o colégio
selecionados para a Copa do Mundo. Nos últimos
em todos os países envolvidos, um álbum de figurinhas
s escolares e bancas de revistas
incentivando os adolescentes a
cinco, ao custo de R$
mais 10 marcadas com
o álbum de capa dura que
, pois os alunos relataram que não só os adolescentes,
de seus familiares já
relembrando a adolescência.
Os pátios escolares do mundo inteiro estão prestes a ser tomados por fãs de futebol de todas as idades. Seja junto ao bicicletário ou ao lado do campo de futebol, o tema da coColecionadores entusiasmados estarão conferindo bolos de figurinhas e cards da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, entoando o mantra que se repete a cada quatro anos desde que a Panini lançou sua primeira coleção de cromos, na Cotenho, tenho, NÃO TENHO!"
A conversa foi pelo viés econômico e foi feita a conta
gastaria para completar o álbum
perceber.
E esse valor multiplicado
depois pelos países envolvidos no mundial. Chegou
dinheiro.
Sem contar que as fotos dos jogadores foram feitas e as
não estavam concluídas, aí a FIFA laçou mai
constavam na listagem inicial, conclusão: m
A temática foi muito relevante para a
estudantes não terminaram sua coleção por conta da reflexão
custos, outros continuaram
e outros familiares, mas
Os pátios escolares do mundo inteiro estão prestes a ser tomados por fãs de futebol de todas as idades. Seja junto ao bicicletário ou ao lado do campo de futebol, o tema da conversa será sempre o mesmo. Colecionadores entusiasmados estarão conferindo bolos de figurinhas e cards da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, entoando o mantra que se repete a cada quatro anos desde que a Panini lançou sua primeira coleção de cromos, na Copa do Mundo da FIFA México 1970: "Tenho, tenho, tenho, tenho, tenho, NÃO TENHO!" (FIFA.com, 2014)
A conversa foi pelo viés econômico e foi feita a conta
gastaria para completar o álbum, dinheiro que seria gasto de pouco em pouco e sem
E esse valor multiplicado por todos os álbuns adquiridos
depois pelos países envolvidos no mundial. Chegou-se a conclusão que era muito
Sem contar que as fotos dos jogadores foram feitas e as
não estavam concluídas, aí a FIFA laçou mais figurinhas com os jogadores que não
na listagem inicial, conclusão: mais figurinhas para adquirir.
foi muito relevante para as turmas. Acredita
naram sua coleção por conta da reflexão
ustos, outros continuaram assim mesmo, pois estavam amparados pelos pais, avôs
mas plantou-se uma semente.
Figura 11 – Álbum de Figurinhas
Fonte: Encontros Figurinhas da Copa 2014
18
Os pátios escolares do mundo inteiro estão prestes a ser tomados por fãs de futebol de todas as idades. Seja junto ao bicicletário ou ao lado do
nversa será sempre o mesmo. Colecionadores entusiasmados estarão conferindo bolos de figurinhas e cards da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, entoando o mantra que se repete a cada quatro anos desde que a Panini lançou sua primeira coleção
pa do Mundo da FIFA México 1970: "Tenho, tenho, tenho,
oi pelo viés econômico e foi feita a conta do quanto se
de pouco em pouco e sem
por todos os álbuns adquiridos em nosso país,
se a conclusão que era muito
Sem contar que as fotos dos jogadores foram feitas e as convocações
figurinhas com os jogadores que não
para adquirir.
s. Acredita-se que muitos
naram sua coleção por conta da reflexão sobre o total dos
, pois estavam amparados pelos pais, avôs
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Considerações Finais
A cantora e compositora Ana Carolina escreveu uma frase que resume
muito bem o que é a árdua tarefa de casa para nós professores, “nem tudo são
flores e os espinhos não só machucam, mas também nos ensinam como fazer um
curativo”.
Não contrariando essa a regra a implementação do projeto não foi
diferente, encontrou-se muitas dificuldades na realização das atividades tanto com
as de casa como com as de sala de aula.
Por motivos que nós, professores, muitas vezes ignoramos, alguns alunos
teimavam em não realizar as tarefas propostas para o momento é era aí que a
inspiração chegava. Com esforço, quase sempre se conseguia contornar as
situações.
Não só as tarefas referentes à implementação da proposta pedagógica,
mas de modo geral, tem sido difícil despertar em nosso alunado o desejo, a
responsabilidade e o comprometimento com os estudos, em especial com as tarefas
a serem realizadas em casa.
Isso não é regra com todos os estudantes, no entanto com uma boa
parcela deles. É um jogo de paciência, muita conversa, muita espera até que todos
entreguem as tarefas.
Os melhores resultados das tarefas de casa surgem com os trabalhos
desenvolvidos em grupo, assim um exige do outro a responsabilidade, mesmo assim
a presença da professora, incentivando a execução da tarefa é de suma
importância.
A maior gratificação de tudo é que o assunto megaevento através da
implementação ampliou o olhar critico dos alunos que por sua vez passaram a
enxergar o país em toda sua amplitude, aproveitando as imagens propagadas na
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mídia e perceberam que o tão falado legado não atinge a todos e assim essa
geração não se deixará conduzir por palavras em vão.
REFERÊNCIAS
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