Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
LIXO: UM COMPROMISSO DE TODOS
Autora: Dalva Toribio de Oliveira1 Orientadora: Prof. Dra. Ana Lúcia Olivo Rosas Moreira2
Resumo: Este artigo trata de um relato de experiência que dialoga com discussões e resultados do projeto intitulado “Avaliação da Aprendizagem Escolar no Ensino de Ciências: uma proposta formativa para ação e reflexão docente” fundamentado no tema “Lixo: um compromisso de todos”, vinculado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Secretaria de Educação do Estado do Paraná no período de 2013/2014. As reflexões teóricas e metodológicas foram norteadas por problemáticas comprometidas com o estudo da importância global das questões socioambientais, transportadas para os problemas locais que influenciam diretamente o ambiente compartilhado entre a sociedade e, em específico, a uma instituição de ensino. O trabalho pedagógico foi realizado com a participação dos alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental com enfoque aos Resíduos Sólidos (Lixo). A avaliação da intervenção na escola foi baseada nas reações dos alunos, suas participações nas atividades recomendadas e em seus relatos referentes à proposta pedagógica. Acreditando numa mudança de conduta por parte dos alunos, foi contemplada a historicidade da produção do conhecimento científico levando-os a perceber os diferentes tempos da história da humanidade e a produção desses conhecimentos pertinentes à temática deste estudo. Esse trabalho buscou contribuir na promoção de conhecimento em relação ao tema em questão, e com um olhar dialógico na formação de sujeitos críticos e reflexivos frente à realidade em que se encontram inseridos para que assumam o papel de sujeito de sua própria história, comprometidos com a sociedade na busca de melhoria da qualidade de vida.
Palavras-chave: Lixo. Compromisso. Educação. Sociedade.
1 Introdução
Este artigo é um relato de experiência a partir de reflexões teóricas e
intervenção pedagógica acerca do tema “Lixo: Um Compromisso de Todos”, tendo
em vista que, a problemática relacionada ao lixo vem se agravando desde a
Revolução Industrial. Porém, assumiu proporções mais assustadoras na atualidade,
devido ao crescimento da população nos centros urbanos, provocando maior
consumo dos recursos naturais e considerando advento da era dos descartáveis,
ampliando a grande variedade de embalagens disponíveis no mercado. Esses e
outros fatores provocam intensos e críticos problemas na sociedade, pois, como
1 Graduada em Ciências Físicas Biológicas com Habilitação em Ciências, Biologia e Matemática pela Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul – FFCL. Pós-Graduada em Especialização em Metodologia do Ensino-Aprendizagem de Ciências no Processo Educativo pela Faculdade de Educação São Luís. Atua no Colégio Estadual Governador Adolpho de Oliveira Franco – EFMP. Contato: [email protected] 2 Professora Orientadora do PDE – Universidade Estadual de Maringá – Maringá – PR.
afirmam Rodrigues e Cavinatto (2003, p.01), “quando jogado sem qualquer cuidado,
o lixo [...] resulta em graves problemas sociais”.
Nessas perspectivas, o presente trabalho partiu de uma abordagem sobre
questões ambientais provocadas pelos resíduos sólidos, considerando como função
da escola, a finalidade de preparar as gerações futuras a se comprometerem com a
preservação do meio ambiente referente aos agravos provocados pelo lixo. Assim, a
nossa proposta foi direcionada à percepção do desenvolvimento intelectual do
estudante como resultado da interação permanente entre o processo interno e a
influência do meio social.
Diante desses fundamentos, é possível ressaltar que, nos últimos anos
observou-se que o ser humano direcionou uma preocupação à qualidade de vida, e
em contrapartida, provocou a elevação do consumismo, o que acarreta uma
produção significativa de resíduos sólidos, que por sua vez, passa a ser uma
preocupação mundial na busca de solução a estes problemas.
Assim sendo, é importante complementar que os componentes integrantes
(água, solo, ar, fauna, flora) do meio ambiente têm o seu nível de importância, os
quais oferecem todas as condições indispensáveis para o desenvolvimento e
sobrevivência dos seres vivos que o associam. Portanto, quando o meio ambiente é
saudável, obviamente há qualidade de vida.
Nestes termos, como parte integrante do contexto educacional na arte de
educar, e, assumindo o papel de co-responsáveis do meio ambiente, destaca-se
como objetivo central no processo teórico/metodológico e na proposta de
intervenção, o repensar, o envolvimento e a sensibilização dos alunos em relação
aos resíduos sólidos produzidos pela atividade humana. Assim, buscou-se a
mudança de atitude de cada educando a partir do seu compromisso com a atual
realidade.
Diante do exposto, é importante complementar que, a Educação Ambiental
deve ser veiculada com seriedade nas escolas, e, muitos educadores estão
empenhados neste compromisso de desenvolver propostas sobre esta temática.
Porém, ainda há uma carência de recursos e orientações para colocá-las em prática,
atingir metas e objetivos concretos para um efetivo desenvolvimento social. Afinal,
cabe à escola trabalhar conceitos que conscientizem e mobilizem a sociedade em
geral, para a mudança de hábitos e atitudes referentes ao meio ambiente, pois,
como esclarece Capra (2006), o mundo não é uma coletânea de elementos
dissociados, mas sim, um todo integrado. Ainda, complementa Crisostimo (2014,
p.90) que “[...] a escola, particularmente, deve ser palco principal de discussões na
sociedade, com o propósito de promover mudanças que garantam a melhoria da
qualidade de vida”.
2 A Proposta de Intervenção na Escola
Este estudo partiu de preocupação maior quanto à questão de resíduos
sólidos, integrando a teoria e a prática nas atividades que foram realizadas como
ferramentas para a pesquisa do aluno, apontando mudança de conduta em relação
aos resíduos sólidos (lixo). Nesse contexto, foi contemplada a historicidade da
produção do conhecimento científico levando a perceber os diferentes tempos da
história da humanidade e a produção desses conhecimentos pertinentes à temática
do trabalho.
Segundo Reigota (2004), a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida também como ECO-92 ou
Rio-92, oportunizou debates oficiais que originaram documentos de suma
importância para melhores direções em relação às condições ambientais do planeta.
Destaca-se a Agenda 21, que foi subscrita por mais de 170 países entre os
participantes da Conferência, atribuindo um capítulo especifico (cap.36) sobre a
formação de recursos humanos para o trabalho referente à sensibilização e
Educação Ambiental, com o propósito de conscientização e promoção de atitudes
voltadas ao benefício socioambiental. A Carta da Terra, outro documento iniciado
nesta Conferência, permite uma leitura integrada e baseada em valores e ética como
forma de atingir uma comunidade global sustentável.
Nestes termos, observa-se um compromisso real do poder público em todos
os níveis Federal, Estadual e Municipal, apontando o cumprimento das Leis
Ambientais e a promoção da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino.
Para o processo formativo, a Educação Ambiental permite provocar a mudança
cultural em nível mundial com o resgate de elementos éticos enfatizados na Carta da
Terra e na Agenda 21. A recomendação da inclusão da Educação Ambiental nos
Currículos Escolares determina a promoção da conscientização da sociedade em
relação à conservação do Meio Ambiente.
Considerando a importância global das questões socioambientais,
transportadas para os problemas locais que influenciam diretamente o ambiente
compartilhado entre a sociedade e, em específico, a uma instituição de ensino, o
trabalho pedagógico foi realizado com os alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental
com enfoque aos Resíduos Sólidos, em que a avaliação da intervenção na escola
aconteceu baseada nas reações dos alunos, suas participações nas atividades
recomendadas e em seus relatos referentes à proposta pedagógica.
2.1 Identificação do Meio Ambiente
De acordo com Veiga (2009, p.08), “[...] ao longo da história, os problemas
ambientais afetaram definitivamente a manutenção das sociedades”. Assim sendo,
entende-se que, é preciso acompanhar o meio ambiente para saber de sua
abrangência e implicações, acrescentando-lhe argumentos na medida do conceito a
que faz jus. Para o autor, esse é o “dever de todas as pessoas conscientes da
sociedade em que vivem”.
Partindo dessas premissas, a princípio, buscou-se somar discussões em
relação à problemática ambiental da atualidade. Para tanto, foram utilizados
materiais concretos para que os alunos de maneira coletiva retratassem em forma
de desenhos sua concepção sobre “Meio Ambiente”, representando tempos
diferentes, um da época do Descobrimento do Brasil e o outro considerando os dias
atuais.
Na sequência, houve um direcionamento para um debate sobre os conceitos
que os alunos têm sobre “Meio Ambiente”, partindo dos desenhos e possíveis
problemas representados. Também foi dado enfoque quanto à diferença
representada pelas épocas solicitadas, com destaque à civilização apontando o
surgimento dos problemas ambientais e a percepção da atualidade. A partir da
discussão, os alunos foram provocados a dispor oralmente a respeito de possíveis
soluções para as problemáticas levantadas, isso promoveu um entendimento quanto
à necessidade de estar debatendo sobre as questões socioambientais.
Diante disso, vale complementar que, para Rubio (2007, p.62), “a cidadania já
implica, ela própria, na responsabilidade pelo meio ambiente. A dignidade humana
depende da integridade ambiental, já que o ser humano é ele mesmo a natureza”.
Mas, o ser humano não nasce pronto, com todas as características e produtos
históricos adequados e interiorizados, por isso, deve passar por um processo de
formação, o qual acontece ao longo da vida para a preparação e elaboração de
condutas e significações.
Nessas perspectivas, foi trabalhado o texto “Agenda 21” ressaltando sobre
sua formação, a qual engloba várias resoluções decididas na Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD/UNCED)
realizada na cidade do Rio de Janeiro – BR em 1992, conhecida como ECO-92 ou
RIO-92. Foi promovida pela Organização das Nações Unidas – ONU com a
colaboração de 175 países para a aplicação efetiva do desenvolvimento sustentável,
no qual exige a integração de dimensões sociais, econômicas, ambientais, culturais
e políticas. A Agenda 21 consta de um detalhado programa de ação em matéria de
meio ambiente e desenvolvimento, considerando aspectos referentes à atmosfera,
energia, desertos, oceanos, água doce, tecnologia, comércio internacional, pobreza,
população, dentre outros (GADOTTI, 2010).
A partir daí, foram realizados alguns questionamentos sobre a importância do
documento conhecido como Agenda 21 para a sociedade; e, sobre suas ações
consideradas prioritárias. Através das questões teve-se a percepção de um
posicionamento de reflexão e construção de conhecimentos, onde os alunos
demonstraram compreensão e entendimento de que a Agenda 21 é um documento
que trouxe a inovação de colocar o meio ambiente em primeira ordem quando o
assunto é desenvolvimento.
Na sequência, foi trabalhado o texto “Carta da Terra” dando enfoque ao seu
papel, qual seja de levar a sociedade em um todo baseado no modelo de ética
compartilhada, que está embutida no respeito e no cuidado pela comunidade da
vida, ecológica e pela democracia, considerada assim, como uma cultura da paz. É
um documento ou declaração de princípio técnico para desenvolver uma sociedade
global justa e que tenha uma visão chamada ação. Muitas vezes, é apontada como
o equivalente à Declaração Universal dos Direitos Humanos no que concerne à
sustentabilidade, à igualdade social e à justiça. O objetivo da Carta é compartilhar
valores considerando a ética no contexto social (GADOTTI, 2010).
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de
culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações (GADOTTI, 2010, p.61).
Nestes termos, considerando a busca por uma reflexão harmônica no
processo ensino-aprendizagem, foram realizados questionamentos sobre a
representação da Carta da Terra no contexto educacional, bem como sobre a
diferença e/ou semelhança entre a Carta da Terra e a Agenda 21. Nesse momento,
duas linhas de abordagem foram utilizadas para diálogo, sendo uma voltada ao
conhecimento técnico e outra ao conhecimento cotidiano, pautados nos saberes e
experiências dos alunos sobre os conceitos em relação à problemática ambiental.
O fechamento da atividade constou da relação dos textos “Agenda 21” e
“Carta da Terra” com a temática “Resíduos Sólidos – Lixo”, pois, o atual contexto
educacional exige novos paradigmas para a formação plena do alunado, o que
implica novas aprendizagens, conhecimentos e valores. No tocante à Educação
Ambiental (EA), é preciso sensibilizar os alunos para formar cidadãos críticos e
conscientes na construção de uma sociedade íntegra, sustentável e pacífica.
Como ressalta Tomchinsky (2010) (apud Gadotti, 2010, p.08), “o desafio é
reencantar as crianças, adolescentes, jovens e adultos para que percebam seu
pertencimento ao planeta”. E ainda reforça que, “não se aprende a amar a Terra
apenas lendo livros ou ouvindo palavras [...] a experiência própria é fundamental. É
preciso um profundo trabalho pedagógico a partir da vida cotidiana [...]”.
2.2 Identificação do Lixo: Compromisso de Todos
De acordo com Mucelin e Bellini (2008, p.113), o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE afirma que, “a problemática ambiental gerada pelo
lixo é de difícil solução“. Isso acontece porque “a maior parte das cidades brasileiras
apresenta um serviço de coleta que não prevê a segregação dos resíduos na fonte”.
A vivência cotidiana muitas vezes mascara circunstâncias visíveis, mas não perceptíveis. Mesmo contemplando casos de agressões ao ambiente, os hábitos cotidianos concorrem para que o morador urbano não reflita sobre as consequências de tais hábitos, mesmo quando possui informações a esse respeito. No entanto, nem sempre tais circunstâncias são percebidas e
o morador local, pela vivência cotidiana habitual, não reflete sobre o contexto onde vive (MUCELIN; BELLINI, 2008, p.113-114).
Todavia, é importante complementar segundo Mucelin e Bellini (2008, p.112)
que, “[...] independentemente de classe social o ser humano, ‘anseia viver em um
ambiente saudável que apresente as melhores condições para vida, ou seja, que
favoreça a qualidade de vida”.
Na teoria de Santos (2013, p.02), o meio ambiente e a qualidade de vida “são
fatores que andam interligados”.
Nesse sentido, foi possível trabalhar com o pressuposto de promover a
percepção da importância da coletividade em relação à separação e ao descarte do
lixo doméstico. Entretanto, foram utilizados materiais concretos como resíduos
orgânicos e sólidos (lixo) de diferentes substâncias, tais como: plásticos, papel,
metal e vidro. Também, foram utilizadas algumas caixas/lixeiras contendo as
indicações dos diferentes materiais. A partir daí, foi realizada uma dinâmica
direcionada a encontrar uma solução para a temática do lixo, com isso, os alunos
puderam encarar o problema do lixo de frente, bem como foram provocados sobre o
presente problema na busca de saídas para tal “desafio”.
Após a aplicação da dinâmica, os alunos foram expostos de frente com a
situação-problema sobre os resíduos orgânicos e sólidos (lixo) para devida
observação e compreensão de que o ambiente necessita de ações que possam
diminuir os impactos causados pela cultura social, considerando os hábitos e
crenças quanto ao uso e destino do lixo.
Segundo Rodrigues e Cavinatto (2003, p.02), esse momento “é um processo
que deve dar condições para que o aluno se abra ao confronto com o mundo vivido”.
Para os autores, isso deve acontecer a partir da experiência que o aluno já traz
consigo, bem como ser estimulado e enriquecido pela leitura, debates em sala de
aula, dinâmicas e outras atividades que o capacite a reexaminar os problemas e
conflitos da realidade.
Neste processo, surgiram comentários críticos e reflexivos, os quais foram
sendo contextualizados dando enfoque na separação, reciclagem, compostagem e
reutilização do lixo. Isso incentivou todos a discutirem a realidade dos resíduos
sólidos em suas próprias residências, na escola, na comunidade e no município.
Pois, tratar a questão referente ao lixo, requer mudança na forma de pensar e de
agir para alcançar um novo meio ambiente.
Para Rodrigues e Cavinatto (2003, p.02), “o conhecimento contextualizado
oferece mais chances de se tornar um saber ativo, por permitir que o aluno encontre
por si mesmo novos significados, a partir da situação por ele vivida”. Além disso, os
alunos aprendem “a descobrir os laços indissolúveis entre o conteúdo [...] e os
valores humanos”.
Nessas perspectivas, entende-se que, é importante desenvolver reflexões e
análises críticas sobre o conteúdo que está sendo apreendido para permitir a
contextualização e problematização por parte do alunado.
Também com o objetivo de relacionar o lixo produzido com a personalidade e
o modo de vida das pessoas, foi utilizado como recurso didático o texto: “O Lixo”, do
autor Luís Fernando Veríssimo. A partir daí, foi possível trabalhar com leitura e
interpretação de texto de forma crítica, apontando os próprios conhecimentos
prévios em relação à classificação do lixo, dando ênfase sobre a relação do lixo
produzido com o tipo de vida de cada personagem do texto; e, sobre a separação do
lixo apresentado na história relatada. Foi possível perceber que, os alunos
centralizaram na forma correta para a separação dos resíduos e à problemática
socioambiental referente ao lixo, com apontamentos nos aspectos sociais (vida de
cada personagem), econômicos (tipos de resíduos correspondentes ao nível de
vida), ambientais (resíduos sólidos, relacionando a quantidade de embalagem
presente no lixo), políticos (coleta que não seletiva) e culturais (mistura dos resíduos
sólidos com os orgânicos). Para melhor fixação do conteúdo abordado foram
elaborados diferentes cartazes contendo o esquema dos principais itens discutidos
durante a interpretação do texto. Os elementos de destaques apontados pelos
alunos foram o cigarro, resgatando conteúdos como a sua composição, ao tempo de
decomposição, doenças provocadas, leis que atingem os fumantes, a possibilidade
das pessoas abandonarem o hábito de fumar, entre outros.
De acordo com Rodrigues e Cavinatto (2003, p.02), com esse tipo de
atividade, “é importante destacar que [...] devem ser estimulados os diálogos, o
confronto de opiniões, as atividades em equipe”. Nesse sentido, três momentos
tornam-se significativos para os respectivos autores:
As propostas de discussão para antes da leitura; o acompanhamento durante a leitura; e, para após a leitura, a verificação da compreensão dos conteúdos, bem como os elementos para a discussão crítica dos conceitos aprendidos (RODRIGUES; CAVINATTO, 2003, p.02).
Assim sendo, para o reconhecimento do lixo como material reaproveitável, os
alunos realizaram a leitura do seguinte texto:
“Tudo o que hoje temos, um dia será lixo”: Considerando a definição de
lixo que indica ser “a matéria prima fora do lugar” (GRIPPI, 2006, p.06) ou como
“cinza” que é o significado da palavra Lix em latim, e, ainda, em uma linguagem
técnica sendo o sinônimo de resíduos sólidos, compreendendo os materiais
descartados pelas atividades humanas (RODRIGUES; CAVINATTO, 2003), a
necessidade de seu tratamento vai depender da origem, da educação e da boa
vontade das pessoas. Dessa forma, muitas cidades brasileiras adotaram a coleta
seletiva, a qual cada família se encarrega do trabalho de separação do lixo e, em
seguida, entrega-o para os catadores, postos de coleta ou em alguns casos a
prefeitura recolhe com um caminhão somente o lixo que será encaminhado para sua
reutilização e\ou reciclagem.
O texto auxiliou nos trabalhos sobre os conceitos do significado de lixo, bem
como houve uma revisão do lixo produzido por si próprio, com apontamentos sobre
o descarte do lixo e o conhecimento sobre o destino do mesmo. Diferentes opiniões
surgiram sobre a quantidade da própria produção diária de lixo informando ações de
como diminuir sua produção.
Para melhor envolvimento entre teoria e prática, os alunos realizaram a
separação dos resíduos sólidos descartados em um dia e pesaram-nos para saber a
quantidade de produção diária; consequentemente pesaram outra vez, porém,
separando os diversos tipos de resíduos sólidos; e, novamente pesaram os resíduos
produzidos por mais dois dias da semana. Após estas ações, os alunos puderam
perceber os tipos de resíduos de maior proporção, abrangendo um entendimento
sobre o resultado entre os dias da semana coletados. Ainda, analisaram a própria
produção de resíduos sólidos no dia a dia, considerando a quantidade, diversidade e
recursos naturais, sugerindo formas de redução para a própria produção dos
resíduos. Para reflexão e ação, os alunos buscaram respostas para saber quem é o
responsável pela redução e tratamento do lixo. Observou-se assim, o espanto de
cada aluno ao somar as taxas de lixo produzidas, solicitadas na atividade acima, ou
seja, durante os dias da semana e o montante equivalente ao período de uma
semana. Com relação à solução para o acúmulo de lixo, apontaram o consumo de
material natural, sem embalagem ou que esta possa ter um tempo curto de
decomposição e, principalmente, o consumo consciente.
Essa atividade foi de grande relevância, pois através da leitura do texto
abordado, os alunos se colocaram como protagonistas da realidade que o cerca,
tornando-se críticos e reflexivos nas ações desenvolvidas sobre o conteúdo.
O grande desafio da educação começa pelo desenvolvimento da capacidade leitora dos alunos, em todas as áreas curriculares, a fim de que eles possam entender o que lêem, compreender o que ouvem e expressar-se oralmente nos debates com seus colegas e na redação de seus textos. Embora os alunos tenham ritmos diferentes, é importante que o professor os acompanhe, a fim de contornar possíveis dificuldades e tornar o processo mais sistemático. É estimulante iniciar a leitura com os conhecimentos que os alunos já trazem consigo [...] (RODRIGUES; CAVINATTO, 2003, p.02-03).
Mucelin e Bellini (2008, p.116), esclarecem que, “a leitura perceptiva do
ambiente urbano, tanto individual quanto coletiva, é produzida nas inter-relações [...]
habituais entre o indivíduo e o ambiente”.
Assim sendo, a vivência cotidiana adapta padrões comportamentais habituais.
Neste sentido, se o aluno for colocado de frente com sua situação diária referente à
produção dos resíduos sólidos, será possível levá-lo ao entendimento da
importância e necessidade de se sensibilizar para mudar e transformar o modo de
pensar e agir com relação ao meio ambiente.
2.3 Receita para Um Meio Ambiente
Segundo Silva (2011) (apud Santos, 2013, p.04), “meio ambiente é a
interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. No entanto, definir o
meio ambiente é uma tarefa ampla e complexa, pois, seu significado é um conjunto
de condições e demandas de todas as formas, as quais exercem influência sobre os
seres vivos. O meio ambiente envolve animais, paisagens e plantas, mas também
está conexo a todos os seres existentes e aos locais em que eles vivem. Assim
sendo, há uma interligação e relação entre eles, em que é de fundamental
relevância cada um fazer a sua parte para o bem comum. Entretanto, para garantir a
conservação ambiental toda e qualquer atitude é relevante a qual pode ser desde
pequenas até grandes ações. E, quanto maior o consumo, maior é a quantidade de
lixo produzido, e esse consumo é um dos grandes desafios à preservação da
natureza e para a atual sociedade.
Considerando o contexto acima, focalizaram na compreensão sobre ciclo
alimentar, seus componentes e fatores de interferência, bem como a sensibilização
quanto à importância da conservação do meio ambiente, avaliando o processo de
produção alimentar, consumo, descarte e decomposição dos alimentos, isto é, os
resíduos orgânicos. Entretanto, foram relacionados os elementos necessários para a
própria sobrevivência e para a sobrevivência do meio ambiente, também foram
realizadas comparações com destaque nas semelhanças e diferenças nas respostas
obtidas. Esta atividade foi de grande êxito para o entendimento dos alunos de que
suas boas ações e atitudes sustentáveis garantem a conservação e preservação
ambiental, por isso, após a atividade foi realizada uma exposição e discussão dos
resultados apresentados, fortalecendo a importância da mudança de atitude.
Quando falamos em viver em um ambiente saudável não estamos a tratar apenas de um direito, mas também de um dever. Devemos contribuir mesmo que pouco para recuperar o que já foi danificado e conservar o que ainda nos resta. Mas, como diz um velho ditado, ‘uma andorinha só não faz verão’, portanto, deve haver um esforço coletivo de ações e atitudes (SANTOS, 2013, p.03).
Para reforçar a temática em questão, houve o momento de produção de texto
com opinião sobre a importância da mudança de atitude para a entrega do meio
ambiente às próximas gerações. Pois, segundo Santos (2013) quando se fala em
próximas gerações, está se pronunciando a precisão e necessidade de se preservar
e proteger o meio ambiente não só para as pessoas que o habitam atualmente, mas
àqueles que no futuro o habitarão, como por exemplo, nossos descendentes. Entre
os trabalhos apresentados, caracterizados com desenhos e poesias, destacam as
temáticas do tempo, reciclagem, dengue, desmatamento, alimentos, entre outros.
Em relação aos desenhos, representou um planeta pedindo socorro, um símbolo de
pare, convocando um repensar das nossas ações e evocando as consequências
apresentadas neste momento, trabalhando o tempo dinâmico na construção de uma
sociedade nociva no qual é apontada a destruição e as ações “que nunca para”.
Foram realizadas pesquisas na internet sobre o tema “Acúmulo de lixo no
planeta” para composição de um texto baseado em diferentes informações e,
consequentemente, análise e reflexão sobre atitudes que respondessem à condição
de entrega de um ambiente saudável às futuras gerações. Pois, como afirma Beltrão
(2009) (apud Santos, 2013, p.04) “[...] o meio ambiente não corresponde apenas ao
ambiente natural, abrangendo também outras perspectivas em que esteja inserida a
vida”. Santos (2013) lembra ainda que, o meio ambiente é o espaço em que se
agrupam os seres vivos, inclusive o homem, o qual exerce suas atividades sobre o
meio.
Todos os elementos que integram o meio ambiente têm o seu grau de importância, seja a água, o solo, o ar, a fauna, ou a flora. E esse meio ambiente vai oferecer todas as condições necessárias para a evolução e sobrevivências dos seres vivos que o integram. Portanto, se o meio ambiente for saudável, obviamente que haverá qualidade de vida. E para que o meio ambiente seja saudável, devem ser observados a qualidade da água, do ar, do solo e a qualidade dos alimentos que são fundamentais para que se tenha o que se chama de vida saudável (SANTOS, 2013, p.04).
Diante disso, notou-se a necessidade de sensibilização com relação à prática
de compostagem para a redução da carga e do excesso de resíduo do planeta, com
possibilidade para a melhoria da qualidade de vida da humanidade. Para isso, foi
trabalhado um pequeno texto intitulado “Compostagem”.
Segundo Oliveira; Sartori e Garcez (2008, p.01), “o termo compostagem está
associado ao processo de tratamento dos resíduos orgânicos sejam eles de origem
urbana, industrial, agrícola e florestal”. A transformação aeróbica e anaeróbica da
matéria orgânica depositada no lixo ao se decompor é utilizada no solo com
vantagens relativas ao fertilizante nutrindo o solo para culturas, reduzindo a carga e
o excesso de resíduos no meio ambiente e amenizando o risco de destruição das
condições de vida do planeta.
A leitura se tornou um momento de reflexão e compreensão, seguida de
comentários e discussões sobre o entendimento pelo assunto abordado, ou seja, a
compostagem e sua importância para o meio ambiente, os fatores ambientais
necessários para fazer o composto orgânico, sobre os materiais considerados
resíduos orgânicos e os que não devem ser misturados no composto. Para melhor
compreensão, houve a produção de textos a partir de uma pesquisa abordando as
vantagens do uso do composto, os principais agentes que sustentam o processo de
compostagem e funções do microrganismo. Ainda, foi dado enfoque sobre o papel
da umidade e da temperatura na compostagem, a aeração neste processo e a
importância do carbono.
2.4 Objetos Mediadores para Sensibilização Ambiental
Nos referenciais de Machado e Casadei (2007, p.31) é possível compreender
que, “o desenvolvimento da humanidade, o aumento desenfreado do consumo e o
uso de materiais [...] contribuíram para o aumento do lixo, causando um caos
planetário”. A partir desses enfoques, os indivíduos mais conscientes raciocinam e
questionam o que fazer e como cuidar dos resíduos, pois, esta é uma das questões
de maior relevância na atualidade, o que exige resposta imediata.
Considerando este panorama e a necessidade de promover conhecimentos e
criticidade nos alunos, ao depararem com a realidade escolar em que se encontram,
foram provocados a buscarem possíveis soluções para eventuais problemas
encontrados, além de mudanças de conceitos prévios ou mitos com relação ao
assunto em questão. Para autenticidade da temática, foi trabalhado o conhecimento
prévio dos alunos para expressão de diferentes problemas do meio ambiente em um
dos setores do ambiente escolar. Nesse momento, houve discussão e promoção de
estratégias para amenização do problema apontado como o consumo; o elevado
volume de lixo; e, a necessidade de mais lixeiras no pátio da escola. Conforme
afirmam Melo e Konrath (2010, p.01), a produção de novos produtos ocorre em uma
velocidade cada vez maior, o que determinam uma elevação no volume de lixo e
indicam a temática do consumo como um elemento importante para a reflexão em
trabalhos de educação ambiental. Fadini e Fadini (2001, p.09) complementam que,
“nos dias atuais, com a maioria das pessoas vivendo nas cidades e com o avanço
mundial da indústria provocando mudanças nos hábitos de consumo da população,
vem-se gerando um lixo diferente em quantidade e diversidade”
Assim, foi possível observar o interesse de atuação dos alunos como agente
responsável às melhorias do ambiente analisado. As propostas mostraram que, em
muitos casos, as ações são condicionadas aos fatores políticos, econômicos, sociais
e técnicos, em função das áreas integradas no processo. Observou-se que os
alunos compreendem o problema do lixo como complexo e interdisciplinar,
correlacionado com vários setores.
Conforme Machado e Casadei (2007, p.28), “pequenos gestos no dia a dia
podem mudar a realidade”. Nesse sentido, para despertar maior interesse pelo
assunto em questão, aconteceu o momento de observação e investigação do
funcionamento de cada setor da escola, para a busca de soluções e melhoria do
ambiente.
Nestes termos, foram observadas a infraestrutura da escola, considerando
seus aspectos: físico e funcional; o procedimento dos funcionários com relação às
limitações de gestão; as irregularidades em sala de aula, sala dos professores,
secretaria, cozinha, cantina, biblioteca, pátio, sala de supervisão, banheiros, dentre
outros. Os alunos se colocaram como protagonistas em cada setor investigado,
ressaltando sobre a necessidade de melhorias quanto à reciclagem e reuso de
materiais (papel, embalagens e outros) e, quanto ao destino adequado do lixo. O
“verdadeiro desafio pertinente à questão do lixo, seja ele de que natureza for, diz
respeito a como não gerar tal lixo ou, ao menos minimizar a geração” (FADINI;
FADINI, 2001, p.16). Por isso, a transversalidade ou a interdisciplinaridade sobre o
assunto do lixo na escola é importante serem consideradas de forma intensa, uma
vez que, se trata de uma questão que afeta vários setores.
Promoveu-se o interesse dos alunos pela cultura das pessoas mais velhas,
para que desenvolvessem reflexão sobre a experiência destas quanto à diferença ao
ritmo do desenvolvimento da diversidade social, cultural, e econômica das gerações.
Assim, foi realizada uma entrevista como ferramenta de pesquisa considerando a
forma de vida dessas pessoas em relação aos aspectos social, cultural e tecnológico
da época de sua juventude para devida comparação com a atualidade. Esse
momento foi de curiosidades e novas aprendizagens, tendo em vista que, os alunos
ouviram relatos de que a linguagem, as danças, os costumes, as vestimentas e as
tradições eram muito diferentes da época atual. Havia poucas escolas e somente
algumas ofereciam séries mais elevadas que o ensino primário. O trabalho era
pesado, voltado à agricultura, bem como havia escassez de recursos tecnológicos
como, por exemplo, a maioria não tinha televisão, apenas o rádio tinha em casa. O
fato que chamou a atenção dos alunos é que nesta época a natureza era protegida e
respeitada, não havia tanto lixo e as águas eram limpas, não havia tanta degradação
e desmatamento, nem agrotóxicos nos alimentos, por isso, a qualidade de vida era
excelente, sem inúmeras enfermidades como é possível perceber nos dias atuais.
Isso evidencia que, antigamente a vida exigia mais esforço físico para a
sobrevivência e que a sociedade moderna vive numa condição de conforto,
atingindo ao ponto que Melo e Konrath (2010, p.01) mencionam o “consumismo sem
reflexão e criticidade das consequências de tal ação”.
Reportando a atividade de comparação do tempo de outrora com a atual
realidade, Machado e Casadei (2007, p.30) consideram de grande importância para
os alunos entenderem que “o lixo acompanha a história da humanidade. Lembram
que, na Pré-História, pela forma nômade de vida, mudando de lugar à medida que
os recursos para alimentação fossem esgotados, permitiam que o lixo fosse
aproveitado pela natureza, sem causar prejuízos a ela.
Realizou-se ainda, uma entrevista com uma autoridade municipal atuante na
questão ambiental da cidade em que os alunos buscaram compreender a
participação e percepção quanto ao tratamento dos resíduos sólidos e as propostas
para sua melhoria. Com isso, entenderam que, ainda há necessidade de muito
trabalho, reflexão e ação para alcançar êxito nesta real situação sobre o lixo, uma
vez que as pessoas estão à mercê do consumismo exagerado.
Analisando e refletindo sobre as entrevistas, teve-se clareza de que, as
políticas públicas não apresentam leis que possam atender a condição sustentável
do ambiente e o direito de um ambiente ecologicamente equilibrado, bem como à
qualidade de vida no município.
[...] como direito fundamental que é, o meio ambiente sadio deve ser prioridade de todos os governantes, assim como deve estar inserido em todas as políticas públicas, para garantir o direito à vida com qualidade. [...]. A legislação ambiental brasileira tem buscado se adequar para garantir o direito constitucional ao meio ambiente sadio, mas acredito que a conscientização é a maior arma de que dispomos para cumprir com nosso dever e garantir o nosso direito. E claro, cobrar de nossos representantes para que cumpram com seus deveres zelando pelos nossos direitos (BELTRÃO; SANTOS apud SANTOS, 2013, p.05-09).
Na atividade referente às entrevistas foi integrada aquela realizada com três
catadores de lixos do município para sensibilização e percepção da importância
desses trabalhadores para a sociedade. Como diz Machado e Casadei (2007, p.35),
“com certeza esta é uma das profissões que mais embelezam o mundo”. A partir daí,
os alunos dialogaram sobre vários assuntos como a saúde desses trabalhadores
perante o contato com diferentes resíduos sólidos; sobre os tipos de resíduos
descartados; a contaminação; a jornada; o ritmo de trabalho; dentre outros.
Com relação à vida desses profissionais, Fadini e Fadini (2001, p.17),
apontam que “[...] catadores de lixo representa a alternativa de saída do homem dos
lixões e o resgate da sua condição de cidadão, com direito a benefícios sociais,
educação para os filhos, autonomia administrativa e possibilidade de ascensão
social”.
A conscientização é possível a partir da sensibilização e reflexão de um
contexto. Portanto, sua importância reflete a possibilidade de promover a cidadania,
cumprindo nosso dever e proporcionando nosso direito. Considerando a temática de
resíduos sólidos os alunos precisam refletir sobre as possibilidades de tratamento
adequado do lixo em seus diferentes aspectos, o que pode auxiliar na compreensão
da necessidade de mudança de conduta pela diminuição da geração do lixo.
2.5 Apresentação das Produções
As atividades práticas propiciaram a sensibilização e vivência dos alunos
criando momentos de reflexão de modo criativo, divertido e estimulante. Essas
atividades foram desenvolvidas sobre uma temática que amplia o interesse, a
disposição e a receptividade para a sua realização. De acordo com a temática
tratada, nota-se a importância do compromisso de todos com relação aos resíduos
sólidos – “lixo”, para garantir o bem estar das presentes e futuras gerações, bem
como a conservação e proteção do nosso riquíssimo meio ambiente. Isso é
fundamental para o desenvolvimento de uma nação (SANTOS, 2013).
“A aparente utopia de um meio ambiente que concilie desenvolvimento
associado à sustentatibilidade ambiental, qualidade de vida e igualdade social só
será alcançada com muita reflexão, boa vontade e esforços [...]” (FADINI; FADINI,
2001, p.17).
Com a apresentação das produções referente à temática “resíduos sólidos”,
foi possível despertar nos alunos a percepção sobre a necessidade de ação coletiva.
Nesse contexto, as produções foram apresentadas a partir de poesias, músicas,
desenhos, paródias e frases. Com isso, difundiram informações no contexto
educacional, bem como se sensibilizaram com os documentos universais, tais como,
a Carta da Terra e a Agenda 21 que atende a proposta de um ambiente sustentável.
Também relacionaram os 3Rs (Reduzir, Reutilizar, Reciclar) como ação básica para
os resíduos sólidos e ainda, construíram uma composteira como proposta de ação
ambiental.
Os 3Rs quando colocados em prática: diminuem a exploração de recursos naturais; reduzem o consumo de energia; diminuem a poluição do solo, da água e do ar; prolongam a vida útil dos aterros sanitários; diminuem os custos da produção, com o aproveitamento de recicláveis pelas indústrias; diminuem o desperdício, diminuem os gastos com a limpeza urbana; ampliam a criatividade e a possibilidade de fazer arte; criam oportunidade de fortalecer organizações comunitárias; geram emprego e renda pela comercialização dos produtos recicláveis (MACHADO; CASADEI, 2007, p.31).
Finalizando toda a proposta pedagógica para a elaboração do presente artigo,
as produções foram direcionadas às turmas das demais séries da escola com a
finalidade de esclarecer, segundo Santos (2013, p.11) que, “[...] a qualidade do meio
ambiente está atrelada à qualidade de vida. A qualidade do meio ambiente, da qual
depende a qualidade de vida, conforme sabemos é um direito e um dever de todos”.
Com base nas palavras da autora, é importante esclarecer que, a temática abordada
neste trabalho trata de um tema amplo e com abertura que merece atenção especial
por parte de todos que buscam a garantia de um ambiente ecologicamente
equilibrado e um futuro com uma qualidade de vida para a atual e as futuras
gerações.
3 Considerações Finais
O trabalho idealizado desde o início do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE foi efetivado mediante fundamentos teóricos e intervenção na
escola, os quais supriram nossas expectativas profissionais, uma vez que, os
objetivos norteadores na trajetória deste estudo, direcionaram a mudança de
comportamento dos alunos do nono ano do Ensino Fundamental.
Assim sendo, neste artigo, buscamos abordar questões ambientais
provocadas pelos resíduos sólidos (lixo) para a mudança de hábitos e atitudes, bem
como para o desenvolvimento de reflexões, elaboração de conceitos e aquisição de
consciência e transformação cultural de como desfrutar do meio em que se vive sem
agredi-lo e ao mesmo tempo utilizar métodos e técnicas que possam amenizar os
impactos ambientais. E, os resultados das atividades de intervenção foram
satisfatórios, uma vez que os alunos demonstraram interesse e participação
mediante as ações praticadas, as quais serviram como base de discussões para
desenvolver e praticar a responsabilidade social contribuindo para sua formação
acadêmica.
Entende-se que, qualquer iniciativa que resulte em reflexão acerca da ação
humana sobre o meio ambiente, é imprescindível no ato de educar para a mudança
de conduta, e isso pode acontecer através do desenvolvimento de propostas que
elevem conhecimentos e práticas de atitudes, competências e habilidades
necessárias à preservação e melhoria do meio ambiente.
Mediante este trabalho, percebemos que, não apenas no ensino da disciplina
de Ciências, mas de forma interdisciplinar é preciso aprofundar conhecimentos
sobre as questões ambientais, de modo que tanto os conteúdos estruturantes
quantos os curriculares sejam revisados e ampliados para o desenvolvimento de
uma nova mentalidade, a qual seja mais ética, sensível, inclusiva e humana. Nesse
contexto, cabe a nós educadores o compromisso de desenvolver projetos educativos
que considerem o ensinar e o aprender numa ação dialética, com uma variedade de
temas que vão de encontro com a realidade do educando. Assim, cabe à escola,
tornar-se um espaço privilegiado para estabelecer conexões e informações que
proporcionem uma visão ampla e atual das principais questões ambientais.
Afinal, muitas vezes, os professores não se dão conta da notável dimensão
que tem o seu papel e função na vida e formação dos alunos. Para isso, é preciso
atribuir e entender o real significado de seu trabalho na educação, e também é
preciso transformar o modo de ensinar e entender a forma lógica de aprender dos
alunos numa relação de interação social e mediação reflexiva, para que a
aprendizagem seja significativa.
Referências
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova concepção científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996.
CRISOSTIMO, A. L. Educação ambiental, reciclagem de resíduos sólidos e responsabilidade social: formação de educadores ambientais. Conexão UEPG, p.88-95, Unicentro-PR. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/conexao/article/viewFile/3687/2595> Acesso em: 30 nov. 2014. FADINI, P. S.; FADINI, A. A. B., Lixos: desafios e compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola. São Paulo, p.09-18, Especial, mai./2001. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/lixo.pdf> Acesso em: 27 nov. 2014.
GADOTTI, M. A carta da terra na educação. São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2010.
GRIPPI, S. Lixo: reciclagem e sua história. Guia para as prefeituras brasileiras. 2. ed. São Paulo: Interciência, 2006.
MACHADO, N. J.; CASADEI, S. R. Seis razões para diminuir o lixo no mundo. São Paulo: Escrituras, 2007.
MELO, M. G. de A.; KONRATH, V. L. Trabalhando o lixo na escola: uma atividade que integra a comunidade. Ciência em Tela. v. 3, n. 1, 2010. Disponível em: <http://www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0110_gervanio.pdf> Acesso em: 27 nov. 2014.
MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. In: Sociedade & Natureza. v. 20, n. 1, p.111-124. Uberlândia: jun./2008.
OLIVEIRA, E. C. A. de; SARTORI, R. H.; GARCEZ, T. B. Compostagem. Piracicaba: USP, 2008. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Compostagem_000fhc8nfqz02wyiv80efhb2adn37yaw.pdf> Acesso em 16 jul. 2014.
REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
RODRIGUES, F. L.; CAVINATTO, V. M. Lixo – de onde vem? para onde vai?. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2003.
RUBIO, K. (Org.) Educação olímpica e responsabilidade social. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007.
SANTOS, D. S. Direito de viver em um ambiente saudável frente à busca do crescimento econômico. Faculdades de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena. (2013). Disponível em: <http://www.ajes.edu.br/direito/arquivos/20131029234120.pdf> Acesso em 16 jul. 2014.
VEIGA, J. E. da. Meio ambiente & desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Senac, 2009.