OS QUADRINHOS E A ESCRITA
Maria Odete Ribeiro1
Miriam Martins Sozim2
RESUMO
O presente trabalho objetivou refletir acerca da dificuldade apresentada por alunos da 5ª série, do Ensino Fundamental, da Escola Estadual Profª Matilde Baer, no Município de Castro, Paraná, quanto ao ato de escrever, considerando este ato ser uma situação de enfrentamento e que resulta numa demonstração de competência linguística para alguns, num privilégio de poucos ou, ainda, numa tarefa “árdua” para uma grande parcela das pessoas. Para isso, buscou-se conciliar a leitura prazerosa dos quadrinhos, com a exploração das histórias, a fim de motivar os estudantes à elaboração de textos narrativos. Por fim, buscou-se, com a aplicação dessa proposta, intervir no desenvolvimento do fazer escolar, de forma a atingir, progressivamente, uma melhoria na qualidade de ensino e na aprendizagem da prática discursiva: a escrita. Palavras-chave: Histórias. Quadrinhos. Escrita. Aluno. Aprendizagem.
ABSTRACT
This study aimed to reflect on the difficulty presented by students from 5th grade, Elementary School, State School Prof. Matilde Baer, the city of Castro, Paraná, and the act of writing, considering this act to be a situation of confrontation andresulting a demonstration of proficiency for some, a privilege of few, or even a task "difficult" for a large portion of people. For this, we attempted to reconcile thepleasure of reading comics, with the exploration of the stories in order to motivate students to the preparation of narrative texts. Finally, we sought, with the implementation of this proposal, to intervene in the development of the school, to achieve progressively improving the quality of teaching and learning of discursive practice: writing. Keywords: Stories. Comics, Writing. Student. Learning.
1 Graduada em Licenciatura em Letras pela UEM, especialista em Magistério de 1º e 2º graus com concentração em
Metodologia do Ensino. 2 Professora Doutora na Área de Língua e Linguística da Língua Portuguesa
1. INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho diz respeito ao uso de histórias em quadrinhos no
enfrentamento da dificuldade apresentada por alunos da 5ª série, do Ensino
Fundamental, da Escola Estadual Profª Matilde Baer, no Município de Castro, Paraná,
quanto ao ato de escrever.
Uma das práticas comuns ao ser humano para comunicar-se é a escrita, a qual
se difunde, de maneira consideravelmente significativa, em diversas ações e situações
cotidianas. Escreve-se a todo o momento desde simples anotações de âmbito pessoal,
comercial ou profissional até em tarefas escolares e ao redigir textos dos mais variados
gêneros e finalidades. Com o intuito de informar-se, de adquirir conhecimento ou por
questões de entretenimento, lê-se em fontes variadas e diversificadas. Sabe-se que
uma das maneiras mais favoráveis de aprimorar o exercício da escrita e o aprendizado
da língua é através do hábito da leitura. É notável que, entre as preferências de leitura
dos educandos, estão as histórias em quadrinhos, as quais despertam deleite nos
leitores; justifica-se, assim, aproveitar esta escolha e tê-las como fonte de inspiração a
fim de motivá-los a desenvolverem textos narrativos e na tentativa de aprimorar a
escrita.
São comuns definições sobre a escrita, conforme as apresentadas por Koch,
quando o ato de escrever faz-se necessário, principalmente, nos bancos escolares:
“escrita é inspiração”; “escrita é uma atividade para alguns poucos privilegiados
(aqueles que nascem com esse dom e se transformam em escritores renomados);
“escrita é expressão do pensamento” no papel ou em outro suporte; “escrita é domínio
de regras da língua”; “escrita é trabalho” que requer a utilização de diversas estratégias
da parte do produtor (2010, p.32).
Assim, com o intuito de auxiliar e orientar os alunos na aprendizagem desta
prática, por meio do presente trabalho, foram desenvolvidas e aprimoradas as
habilidades dos alunos da 5ª série (6º ano), do Ensino Fundamental do Colégio Matilde
Baer, no Município de Castro, Paraná, onde foram apresentadas algumas atividades,
elaboradas com tirinhas e histórias em quadrinhos, oportunizando aos estudantes a
prática da leitura e o exercício da escrita, com a finalidade de possibilitar, assim, a
expressão dos referidos alunos no meio social em que estão inseridos.
Através de um aprofundamento teórico houve uma abordagem sobre a
importância da escrita, do ato de escrever, da dificuldade apresentada pelos estudantes
ao redigir textos, quanto ao fato de despertar a criatividade nas produções e ainda
algumas considerações bem específicas sobre a linguagem dos quadrinhos.
Constam algumas sugestões de atividades planejadas, as quais foram utilizadas
na implementação da proposta, tais como: investigação sobre o hábito de leitura, a
relevância da escrita e informações sobre o surgimento das histórias em quadrinhos no
mundo e no Brasil, uma análise dos recursos próprios dos quadrinhos e dos elementos
constituintes da narrativa até as propostas aos alunos de elaboração de tirinhas e
histórias em quadrinhos.
A disposição do trabalho, de forma organizacional, segue a estrutura padrão de
trabalhos científicos: pré-textuais, textuais e pós-textuais, sendo que, na primeira, são
apresentados os dados pertinentes à identificação do trabalho; na segunda, apresenta-
se a finalidade e os objetivos do trabalho, de modo a se ter uma visão geral do tema
abordado, bem como a fundamentação teórica, a metodologia e os resultados obtidos,
o que culmina na conclusão do referido trabalho e; por fim, a terceira divisão estrutural,
contendo as referências bibliográficas.
2. PROCEDIMENTOS
Inúmeras são as possibilidades de se intervir no meio educacional com a
finalidade de reduzir, ou mesmo eliminar, as dificuldades dos alunos com relação à
leitura e à escrita. Dentre tantas, seguem, adiante, algumas sugestões de atividades, as
quais foram planejadas para utilização na implementação da proposta do presente
trabalho na referida escola. Ressalta-se que tais sugestões foram, também, utilizadas
no decorrer da elaboração do presente trabalho, o que, posteriormente, será elucidado
quando da exposição dos resultados obtidos.
2.1 Observação investigativa: leitura
Objetivo: verificar o interesse e a preferência dos alunos pela leitura.
Material: revistas, jornais, livros paradidáticos de literatura infanto-juvenil, gibis.
Tempo previsto: 2 (duas) aulas.
Procedimento: os materiais serão disponibilizados aos alunos, os quais deverão
escolher um deles e iniciar uma leitura silenciosa e individualmente. A seguir, receberão
um questionário investigativo para ser respondido, conforme a sugestão abaixo:
a) Qual material você escolheu para a leitura?
( )revista ( )jornal ( )livro ( )gibi
b) Por que escolheu este material?
c) Explique, brevemente, sobre o que você leu?
d) Ilustre e/ou escreva um comentário sobre o assunto, o personagem, o
local ou a cena apresentada na leitura.
e) Apresentação oral do registro com a seleção espontânea de alguns
participantes para realizarem o comentário da atividade proposta.
2.2 A escrita
Objetivo: constatar a onipresença e a relevância da escrita em diversas
manifestações comunicativas.
Material: textos impressos.
Tempo previsto: 1 (uma) aula.
Procedimento: os textos diversificados serão expostos para que os alunos, em
duplas, escolham um deles e realizem uma análise compreensiva e reflexiva da escrita
observando e constatando as variadas expressões e o uso da linguagem verbal nas
situações comunicativas. Como exemplo dos textos a serem utilizados, tem-se:
poemas, fábulas, textos narrativos, cartum, notícia de jornal, tirinhas, letra de música,
piada, receita culinária, anúncio publicitário, histórias em quadrinhos, classificado de
jornal, placa de trânsito, bilhete, carta, bulas de remédios, mapa rodoviário, rótulos de
embalagens, passe de ônibus, e-mail, entre outros. Após a verificação, os alunos
deverão, oralmente, interpretá-lo e descrever uma situação e/ou justificar o objetivo da
produção de tal texto e como contribuiu na transmissão da expressão comunicativa.
2.3 Informações sobre as histórias em quadrinhos
Objetivo: tomar conhecimento de dados históricos e informativos sobre o
surgimento das histórias em quadrinhos no mundo e no Brasil.
Material: texto informativo.
Tempo previsto: 1 (uma) aula.
Procedimento: o professor deverá propor aos alunos a leitura do texto
informativo3 e a seguir fará alguns esclarecimentos. E, finalizando a atividade os alunos
farão comentários pertinentes ao assunto abordado na aula.
2.4 Exploração dos recursos visuais
Objetivos: identificar os recursos visuais presentes nas tirinhas4: expressões
faciais traços, linhas e imagens; perceber a importância da utilização dos elementos
expressivos para conceder sentido e logicidade à sequência narrativa das histórias em
quadrinhos e; instigar a reflexão sobre a relevância dos recursos visuais no processo
comunicativo.
Material: tirinhas não-verbais.
Tempo previsto: 2 (duas) aulas.
Procedimento: propor uma discussão para analisar os elementos visuais: as
fisionomias dos personagens e os recursos visuais, como os traços, linhas e as
imagens utilizadas nas tirinhas, de acordo com as questões relacionadas a seguir:
3 Fonte: texto informativo impresso retirado de: Português: Linguagens, 5ªsérie/William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, p.122 e 123. 4 Fontes: 1ª tirinha retirada da Coleção L&PM POCKET, vol. 838, de Maurício de Souza, 2010, p.32; 2ª
tirinha retirada do link <http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira132.htm>
a) Quais sentimentos, pensamentos e reações as fisionomias dos
personagens estão expressando?
b) As expressões faciais dos personagens estão de acordo com o contexto
situacional?
c) Quais os recursos visuais que direcionaram e ajudaram a esclarecer a
interpretação da situação narrativa representada nas tirinhas? Determine um
sentimento em comum dos personagens que poderia definir o assunto abordado em
ambas as tirinhas.
2.5 Linguagem verbal e recursos específicos
Objetivos: Compreender o processo de integração da linguagem verbal com a
estrutura dos quadrinhos; ressaltar a importância da linguagem verbal na compreensão
do contexto situacional dos quadrinhos e; observar os recursos utilizados para delimitar
a linguagem verbal e expressar a mensagem pretendida nos quadrinhos: balões,
repetições, onomatopeias. Esta atividade será dividida em quatro partes, sendo que
primeiro será analisado especificamente o recurso da repetição dos quadrinhos e a
seguir apresenta-se a importância da linguagem verbal na compreensão da narrativa
em quadrinhos e por último serão analisados os recursos dos balões e das
onomatopeias, sendo que esta última atividade será realizada e discutida pelos alunos
dispostos em grupos.
Material: tirinhas verbais.
Tempo previsto: 2 (duas) aulas.
Procedimento: analisar a primeira tirinha5 em duas etapas: iniciar levantando o
questionamento das três primeiras questões abaixo ocultando o último quadrinho da
tirinha, depois acrescentá-lo e propor aos alunos a quarta pergunta. Repetir as mesmas
questões para que constatem o recurso utilizado pelo autor para transmitir a verdadeira
intenção da personagem:
5 Fonte: tirinha retirada da Coleção L&PM POCKET, vol. 838, de Maurício de Souza, 2010, p.8.
a) Qual a intenção da personagem nesta tirinha? Explique.
b) Qual o assunto abordado nestes quadrinhos?
c) Explique a sequência narrativa, interpretando-a.
d) Qual recurso utilizado pelo autor para reforçar a intenção da personagem?
Procedimento: verificar o papel que a linguagem verbal desempenha na
transmissão e compreensão da mensagem, ocultando o último quadrinho da segunda
tirinha6 e depois acrescentando-o com o objetivo de constatar o reforço compreensivo
que a fala da personagem atribuiu à narrativa.
Procedimento: observar a diversidade de balões nas tirinhas7 e compreender a
utilidade específica deles, os quais dependendo da situação narrativa expressam a fala,
o grito, o pensamento, o cochicho dos personagens, entre outras expressões.
Procedimento: identificar as onomatopeias presentes nas tirinhas8 e
compreender o uso delas como sendo mais um recurso enriquecedor utilizado pelo
autor nos quadrinhos para imitar os sons produzidos pelos personagens ou objetos e,
explicar a sequência narrativa apresentadas nas tirinhas interpretando-a e
contextualizando com o uso das onomatopeias.
2.6 Sequência dos fatos, produção de sentido, coerência e finalidades das
narrativas
Objetivos: ordenar os quadrinhos de forma a constituir uma sequência narrativa
com sentido e coerência; constatar a importância sequencial dos fatos numa narrativa;
perceber os elementos característicos, como: a linguagem verbal e não-verbal e o
contexto situacional que determinam e contribuem para a produção de sentido na
sequência estrutural dos quadrinhos; identificar a principal finalidade, o humor, na
6 Fonte: tirinha retirada da Coleção L&PM POCKET, vol. 838, de Maurício de Souza, 2010, p.106.
7 Fonte: tirinhas retiradas da Coleção L&PM POCKET, vol. 838, de Maurício de Souza, 2010, p.63, p.106.
8 Fontes: 4 (quatro) tirinhas retiradas da Coleção L&PM POCKET, vol. 838, de Maurício de Souza, 2010,
p.44, p.48, p.52, p.53 e, 4(quatro) tirinhas retiradas dos links: <http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira33.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira35.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira98.htm><http://www.monica.com.br/cookpage/cookpag
e.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira308>
elaboração das narrativas em quadrinhos; observar mais uma das finalidades na
formulação dos quadrinhos, o ensinamento sobre alguma coisa ou uma conscientização
sobre a importância de fazer algo ou em referência a um assunto.
Material: tirinhas9 e histórias em quadrinhos10.
Tempo previsto: 3 (três aulas).
Procedimento: primeiramente serão analisadas, coletivamente, as tirinhas para
constatar a sequência dos fatos, ordenando os quadrinhos da primeira tira, e depois
perceber nas tiras os elementos constituintes de produção de sentido, coerência, humor
e ensinamento. A seguir, a atividade será realizada em grupos de até quatro alunos.
Cada grupo receberá histórias em quadrinhos diferenciadas e com as sequências dos
fatos desordenadas, as quais deverão ser organizadas; e ainda analisar os elementos
discutidos presentes em cada narrativa: a importância da sequência dos fatos, a
produção de sentido, coerência, humor ou ensinamento. Apresentar aos colegas a
conclusão da análise realizada pelo grupo e confirmar ou reorganizar a ordenação dos
fatos com a sequência original dos quadrinhos.
2.7 Análise dos elementos narrativos
Objetivos: compreender a composição narrativa e dos seus elementos
constituintes: assunto, personagens, narrador, cenário, localização temporal e espacial,
o discurso direto e os elementos coesivos; caracterizar os possíveis elementos
constituintes da narrativa em quadrinhos; observar as falas dos personagens e
transcrevê-las utilizando os recursos gráficos exigidos à produção escrita; utilizar os
9 Fontes: 8 (oito) tirinhas retiradas dos links a seguir:
<http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira118.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira5.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira34.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira37.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira57.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira64.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira195.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira199.htm> 10
Fontes: 8 (oito) histórias em quadrinhos retiradas dos links a seguir: <http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab015.htm><http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab074.htm><http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab084.htm><http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab085.htm><http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab091.htm><http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab112.htm><http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab114.htm> <http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab125.htm>
elementos coesivos na produção textual; perceber que a caracterização dos elementos
constituintes e o uso dos elementos coesivos são fundamentais e enriquecem a
produção textual narrativa e ; redigir a sequência narrativa dos quadrinhos.
Material: 1 (uma) história em quadrinho11.
Tempo previsto: 2 (duas) aulas.
Procedimento: a atividade será realizada em conjunto com a turma através da
observação e análise da sequência narrativa, da participação dos alunos, os quais
poderão expressar suas ideias, caracterizar os elementos constituintes, empregar os
elementos coesivos necessários à narrativa e reescrever as falas dos personagens
adequando-as à produção escrita; obtendo, assim, com a ajuda coletiva aprimorar as
habilidades à elaboração do texto narrativo.
2.8 Estrutura narrativa com diálogo
Objetivos: observar a predominância do discurso direto no diálogo entre os
personagens das histórias em quadrinhos; instigar a criatividade do aluno para elaborar
um diálogo conforme às ilustrações dos quadrinhos e; utilizar os recursos gráficos
linguísticos e gráficos pertinentes à produção escrita.
Material: tirinhas12.
Tempo previsto: 2 (duas)aulas.
Procedimento: analisar, coletivamente, tanto a presença do diálogo das quatro
primeiras tirinhas como os elementos gráficos e os recursos visuais utilizados na sua
elaboração. A seguir, dividir a turma em grupos de até quatro alunos e distribuir para
11
Fonte: história em quadrinho retirada do link <http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab079.htm> 12
Fontes: 4 (quatro) tirinhas retiradas dos links a seguir: <http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira167.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira218.htm><http://www.monica.com.br/comics/tirinhas/tira216.htm><http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira288> Fontes: 4 (quatro) tirinhas retiradas dos links a seguir: <http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira296><http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira313><http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira322><http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira324>
cada equipe uma tirinha, a qual apresenta-se somente com as imagens, pois os
diálogos foram omitidos. Solicitar aos alunos que criem diálogos pertinentes, a partir da
sequência das ilustrações fornecidas pela tirinha, com o objetivo de estimular a
criatividade dos educandos. Incentivar a leitura, pedindo a apresentação dos diálogos
elaborados contextualizado com a sequência narrativa e finalizar a atividade mostrando
à turma o diálogo original da tira.
2.9 Sequência narrativa
Objetivos: desenvolver a sequência narrativa; empregar os elementos narrativos
necessários na elaboração do texto; utilizar os recursos linguísticos e marcas gráficas
exigidas à produção escrita; estimular a criatividade para a escrita de textos narrativos a
partir de um quadrinho e; reestruturar o texto narrativo.
Material: 1 (um) quadrinho13.
Tempo previsto: 2 aulas.
Procedimento: apresentar o quadrinho para a turma e em duplas deverão
observá-lo e redigir a narrativa. Solicitar aos alunos que continuem a narrativa com
criatividade empregando os elementos narrativos, os recursos linguísticos e a
pontuação necessária na elaboração do texto escrito. Sugerir aos educandos que
troquem os textos com outra dupla para apreciarem a redação dos colegas. Escolher
algumas duplas para apresentarem oralmente para a turma o texto narrativo elaborado.
Finalizar a atividade com a participação espontânea de uma dupla para escrever a
narrativa deles no quadro, com o objetivo de reestruturá-la coletivamente.
2.10 Elaboração de uma tirinha
13
Fonte: 1 (um)quadrinho retirado do link <http://www.monica.com.br/comics/tabloide/tab056.htm>.
Objetivos: Ler e interpretar o poema “O direito da criança” de Ruth Rocha;
planejar a estrutura narrativa da tirinha tendo em vista a sua finalidade, as suas
especificidades e a intenção da temática abordada; desenvolver o pensamento crítico;
elaborar a sequência narrativa contextualizando-a com as imagens; empregar a
linguagem verbal e não-verbal, os recursos visuais específicos da estrutura dos
quadrinhos e; produzir uma tirinha de acordo com a temática abordada no poema: os
direitos da criança.
Material: poema “O direito da criança” de Ruth Rocha14.
Tempo previsto: 3 (três) aulas.
Procedimento: a atividade será iniciada pela leitura e compreensão interpretativa
dos direitos de uma criança. Depois relacionar no quadro-negro a opinião dos alunos
sobre o assunto: o que uma criança deve querer e os que não devem querer para a sua
vida. Em grupos, de até quatro alunos, devem planejar a estrutura narrativa e produzir a
tirinha sobre a temática proposta nesta atividade: escolher um cenário, o personagem,
os recursos visuais adequados, esboçar os desenhos, conciliar a narrativa com a
linguagem verbal e não-verbal. Apresentar a atividade para a turma e finalizar com a
exposição das tirinhas no painel da sala de aula.
2.11 Reescrita de fábulas em quadrinhos
Objetivos: assistir às fábulas em vídeo e interpretá-las; ler as fábulas e
desenvolver a síntese; planejar a sequência narrativa; utilizar a linguagem específica
dos quadrinhos; empregar os recursos gráficos exigidos à escrita e; produzir uma tirinha
ou uma história em quadrinhos através da síntese narrativa da fábula.
Material: Fábulas15 de Esopo e La Fontaine16
Tempo previsto: 8 (oito) aulas.
14
Fonte: poema retirado do link <http://www.lilianpoesias.net/o_direito_da_crianca.htm> 15
A assembleia dos ratos; A raposa e as uvas; A cigarra e a formiga; A raposa e o galo; A galinha de
ovos de ouro; O leão e o camundongo; A lebre e a tartaruga; O rato do campo e o rato da cidade 16
Fonte: Fábulas inesquecíveis, Editora Brasileitura.
Procedimento: assistir ao vídeo das fábulas e propor aos alunos uma discussão
interpretativa das narrativas. Agrupar a turma em equipes e distribuir uma fábula para
cada grupo de alunos, os quais realizarão a leitura e a síntese da narrativa. Planejar a
sequência narrativa, a distribuição dos quadrinhos, a representação gráfica do cenário,
dos personagens, a utilização dos recursos visuais necessários para representar a
fábula. Dispor graficamente a sequência dos fatos, as imagens, a linguagem verbal, as
legendas, os balões, as onomatopeias, entre outros recursos. Concluir a produção de
reescrita das fábulas em quadrinhos apresentando-a e fixando-a no mural da sala de
aula.
2.12 Produção de história em quadrinhos
Objetivos: definir a temática abordada na narrativa; planejar a sequência dos
fatos e os elementos constituintes da narrativa interagindo-os com a estrutura
específica dos quadrinhos; utilizar os recursos visuais específicos dos quadrinhos;
empregar a linguagem verbal e os recursos gráficos pertinentes à produção escrita e;
elaborar a história em quadrinhos de acordo coma a sua finalidade e as suas
especificidades.
Material: papel sulfite, lápis, caneta, lápis de cor, régua, entre outros.
Tempo previsto: 4 (quatro)aulas.
Procedimento: agrupar a turma em equipes de até quatro alunos para discussão
sobre a temática a ser escolhidas pelos educandos, análise e produção da atividade.
Observar e utilizar os recursos necessários à elaboração dos quadrinhos. Desenvolver
a atividade reflexivamente adequando-a com a linguagem específica dos quadrinhos.
Apresentar a história em quadrinhos elaborada pelo grupo para a turma.
3. CONTEÚDOS DE ESTUDO
Escrever textos é uma atividade que requer cuidados, tais como: saber transmitir,
através de palavras, os pensamentos e os propósitos do que está sendo escrito de
forma coerente e criativa; dominar as regras gramaticais exigidas para a composição de
textos escritos; considerar sempre que se escreve com finalidades e objetivos visando o
assunto abordado, o interlocutor e o gênero textual pretendido; o sujeito é o escritor que
sempre pretende dizer algo, mas não deve esquecer que há um leitor expectador que
poderá dialogar e estabelecer uma interação neste processo de produção textual;
escrita, portanto, requer planejamento, escolha e ordenação sequencial das ideias e
fatos a serem explicitados, da utilização de estratégias para desenvolver a estrutura
textual, e a consequente reestruturação do texto redigido.
Se escrever textos é considerado, por muitos, como uma tarefa “árdua”; ser
criativo ao redigi-los é, notoriamente, um exercício difícil. Ter boas ideias para
desenvolver numa produção textual é um a busca incansável para um escritor, porém
se o autor for um bom observador e estar sempre atento ao cotidiano não
desperdiçando situações, aparentemente banais, as quais quando vistas por outra
perspectiva, através de um olhar sentimental e crítico, podem resultar em excelentes e
variadas maneiras de usar a criatividade em textos narrativos e crônicas.
Considerações estas que se confirmam com algumas sugestões estratégicas de
profissionais sobre o assunto de como ser original aproveitando a inspiração do
cotidiano.
Para a psicóloga Denise Bragotto, pesquisadora em criatividade e escrita
criativa, a inspiração é resultante da observância minuciosa do mundo e deve-se usá-la
nos textos:
Podemos beber das mais variadas fontes para encontrar ideias, porém é preciso ser um observador atento ao mundo, saber acolher as ideias, mesmo que pareçam absurdas ou ridículas, e ter ampla bagagem de conhecimento sobre assuntos variados. (2010, p.38)
Já o escritor e cronista Luis Fernando Veríssimo garante que:
Às vezes uma frase ouvida na rua pode detonar um processo de criação que vai acabar numa crônica. Às vezes é um assunto que está no ar e você quase
que se obriga a comentar. Às vezes é pura invenção. Não há lugares ou situações que inspirem mais do que outros. (2010, p.38)
De acordo com as considerações abordadas por Vergueiro (2009, p.21) sobre o
uso das histórias em quadrinhos no ensino, tem-se que: “As histórias em quadrinhos
aumentam a motivação dos estudantes para o conteúdo das aulas, aguçando sua
curiosidade e desafiando seu senso crítico.”
A inclusão das histórias em quadrinhos no currículo escolar, no Brasil, é
reconhecida pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases) e pelos PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais), e objetivam auxiliar o ensino e a aprendizagem dos conteúdos
nas diversas disciplinas escolares.
Há várias razões que defendem a utilização desse gênero no processo: a
familiaridade dos estudantes com as Histórias em quadrinhos; a relação entre palavras
e imagens o que facilita a compreensão dos conteúdos; abordam variados temas
interdisciplinares e podem ser aproveitados em qualquer área de estudo; através da
linguagem própria dos quadrinhos e dos recursos visuais os conteúdos são assimilados
com mais facilidade pelos alunos; ampliam-se o hábito de leitura, inclusive de outras
fontes, e o vocabulário dos estudantes; desenvolve-se a interpretação e o pensamento
lógico; são flexíveis e adaptáveis conforme a faixa etária, fase escolar e tema abordado
(Vergueiro, 2009, p.21).
Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa, o
plano de trabalho docente deve ser organizado através do currículo escolar formulado
pelos professores da área e resultante de discussões coletivas que visam atingir as
diversas realidades com comprometimento e qualidade de ensino e aprendizagem:
O plano é o lugar da criação pedagógica do professor, onde os conteúdos receberão abordagens contextualizadas histórica, social e politicamente, de modo que façam sentido para os alunos nas diversas realidades regionais, culturais e econômicas, contribuindo com sua formação cidadã. (DC, 2008,p.89)
As histórias em quadrinhos enquadram-se, na tabela dos gêneros discursivos e
cujas esferas de circulação compreendem as áreas literárias e artísticas conforme as
Diretrizes Curriculares, e aborda-se que:
Para selecionar os conteúdos específicos, é fundamental considerar o objetivo pretendido e o gênero. Como exemplo: ora a história em quadrinho será levada para a sala de aula a fim de discutir o conteúdo temático, a sua composição e suas marcas linguísticas; ora aparecerá em outra série para um trabalho de intertextualidade; ora para fruição, ou seja, dependerá da intenção, do objetivo que se tem com esse gênero (DC, 2008, p.90)
E ainda nas considerações de Ramos e Vergueiro (2009, p.11) sobre os
quadrinhos (oficialmente) na escola abordam que: “Os PCN de Língua Portuguesa
direcionados ao ensino fundamental dividiram os gêneros em adequados para o
trabalho com a linguagem oral e adequados para o trabalho com a linguagem escrita”.
Entre os últimos estão incluídas as charges e as tiras.
Há, na linguagem dos quadrinhos, dois códigos que se inter-relacionam: o visual
e o verbal. Em relação à linguagem visual as mensagens são transmitidas através de
imagens e em quadrinhos numa sequência, apresentam-se narrativas ficcionais ou
reais de acontecimentos do cotidiano, de biografias de escritores entre outras.
Um quadrinho ou vinheta representa uma situação ou várias situações de uma
mesma sequência narrativa e que podem ser demarcados por linhas diferenciadas
dependendo da proposta do autor.
As linhas contínuas expressam ações reais e as pontilhadas representam ações
ocorridas no tempo passado ou de sonhos dos personagens. Elas podem ser rompidas
conforme o desenrolar das ações dos personagens ou simplesmente omitidas,
apresentando-se somente a ordem sequencial dos fatos narrativos.
As imagens são fixas e transmitem ideia de dinamismo com o uso das figuras
cinéticas: linhas, pontos, traços, repetições de imagens que expressam movimentos dos
personagens ou objetos introduzidos nos quadrinhos.
Utilizam-se também metáforas visuais representadas por signos, imagens
gráficas que desencadeiam a uma interpretação de diversas situações de expressões
de senso comum e que são facilmente entendidas pelos leitores.
Quanto à linguagem verbal as mensagens são apresentadas por meio de
palavras que representam as falas, os pensamentos, os sentimentos e as emoções dos
personagens e do narrador.
Para isso, utilizam-se balões, os quais são característicos dos quadrinhos
perfazendo um conjunto comum e inseparável entre imagem e palavra. Eles
representam algumas informações ao leitor, como: a indicação do falante, a ordem dos
falantes, da fala inicial de um personagem e a direção para iniciar a leitura, a qual inicia-
se sempre pelos quadrinhos que estão na parte superior esquerda e na sequência faz-
se a leitura dos demais quadrinhos.
As linhas que delimitam os balões dependem da situação representada na
narrativa são diferenciados e se apresentam com linhas: contínuas com um ou mais
prolongamentos, os rabichos, os quais indicam quem é o falante; as tracejadas
transmitem o tom de voz baixo, o sussurro; as onduladas, em formato de nuvem e com
bolhas indicam o pensamento; com traços em zig-zag expressam a exaltação, o grito do
personagem; as tremidas demonstram o medo, e entre tantas outras especificações.
Há também as legendas com a voz do narrador informando e esclarecendo ao
leitor sobre os elementos constituintes da narrativa. E as onomatopeias são fartamente
utilizadas, pois através da linguagem verbal representam e imitam os sons
enriquecendo as histórias em quadrinhos (Vergueiro, 2009, p.31a64).
Portanto, intenciona-se com esta proposta conciliar o caminho promissor e
enriquecedor dos quadrinhos para desenvolver a produção de textos narrativos
proporcionando aos estudantes uma possível desmistificação, de maneira paulatina e
contínua, em relação ao exercício da escrita.
4. ORIENTAÇÕES/RECOMENDAÇÕES
Para a elaboração das atividades que constam neste material, foram utilizadas
tirinhas e histórias em quadrinhos, com o objetivo de desenvolver a prática de textos
narrativos, as quais apresentam-se: na investigação do hábito de leitura, da
onipresença da escrita, na exploração dos recursos próprios dos quadrinhos e dos
elementos constituintes da narrativa, de textos informativos e explicativos sobre a
origem das histórias em quadrinhos, na reescrita de fábulas e de poema
reestruturando-os em quadrinhos.
Para a implementação desta proposta, as atividades foram disponibilizados em
doze encontros e, no decorrer deste processo, foi feita uma avaliação, a qual foi
descrita e analisada de forma qualitativa, observando o interesse e o desempenho dos
alunos em relação às propostas e através da elaboração das produções textuais.
Coube ao educador analisar, discutir os recursos, as estratégias e as ações
procedimentais que constam neste material, bem como das sugestões de atividades
propostas para desenvolver as produções textuais. Foi possível ampliar a execução das
atividades para as séries subsequentes fazendo as adaptações necessárias para sanar
as possíveis dificuldades apresentadas pelos alunos na escrita e para o enriquecimento
de textos narrativos.
5. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
A avaliação é proposta como um instrumento de integração do processo de
ensino e aprendizagem e para isso é necessário que o professor reavalie a prática
pedagógica, redirecione os objetivos e as estratégias planejadas para se atingirem as
metas no decorrer do processo de apropriação do conhecimento.
É importante haver, durante as aulas de Língua Portuguesa e, especificamente
de Produção de texto, uma interação entre professor e aluno e entre os alunos para que
leiam, analisem e expressem comentários, dúvidas e críticas sobre os textos lidos e ou
produzidos, possibilitando uma reflexão acerca das dificuldades, para que sejam feitos
os ajustes necessários reestruturando-os e ampliando assim, as habilidades ao redigir
textos.
O educador deve fazer uma análise avaliativa, no decorrer do processo de
implementação da proposta, tanto do desempenho e do interesse dos alunos à
realização das atividades como dos resultados obtidos através das produções textuais
elaboradas pelos estudantes.
Ramos (2009, p.85), em suas abordagens sobre a utilização dos quadrinhos nas
aulas de Língua Portuguesa, afirma que “o mundo que envolve a área de ensino da
Língua Portuguesa (disciplinas dos ensinos fundamental e médio, vestibulares, Enem,
concursos, livros didáticos, PCN) tem nas histórias em quadrinhos um forte e pertinente
apoio didático”.
6. RESULTADOS OBTIDOS
Considerando tratar, o presente trabalho, de um projeto de intervenção
pedagógica, convém concluí-lo por meio da apresentação dos resultados obtidos, vez
que, foi mediante a implementação desse projeto, que se possibilitou auxiliar e orientar
os alunos na aprendizagem da prática da escrita e da prática da leitura, sendo que
foram desenvolvidas e aprimoradas as habilidades dos alunos da 5ª série (6º ano), do
Ensino Fundamental do Colégio Matilde Baer, no Município de Castro, Paraná, ao
serem apresentadas algumas atividades, elaboradas com tirinhas e histórias em
quadrinhos.
Mediante esses resultados, foi possível elencar, com base nos diferentes tipos
de atividades propostas, como os alunos participaram do projeto e, acima de tudo, qual
o reflexo dessa implementação nos alunos da escola em questão.
Houve uma divulgação do projeto, onde foram convidados os referidos alunos,
do período Vespertino do colégio, interessados em participar. Após a demonstração de
interesse desses alunos, foi organizado um grupo de 20 estudantes, os quais
participaram, no período Matutino, porém com algumas propostas sendo
implementadas no período Vespertino com as demais turmas (5ª série, 6º ano). A
Implementação iniciou em 22/08/2011, e foi desenvolvida até seu término, em
31/10/2011.
Como já exposto, a melhor forma de concluir o trabalho é com a apresentação
dos resultados obtidos na Implementação, o que segue, adiante, mediante seções
referentes a cada tipo de atividade proposta:
6.1. Observação Investigativa: Leitura
Como resultado da pesquisa realizada, constatou-se que o interesse dos alunos
pela leitura e a preferência entre os materiais disponibilizados, foram favoráveis para os
gibis. Dos 65 participantes 57 alunos preferiram os gibis, 4 escolheram jornal, 2 optaram
pelos livros de literatura infanto-juvenil e 2 manifestaram a preferência pelas revistas.
Entre os comentários registrados pelos alunos sobre a escolha pelos gibis
destaca-se:
“gosto de ler gibi porque acho legal, tem humor na leitura, as histórias são muito
interessantes, é engraçado, é fácil de ler, ensina coisas boas e também nos distraímos
com a leitura, têm personagens legais, as personagens falam errado e aprendemos a
corrigir as palavras, gosto de ler gibis porque têm figuras, com os desenhos entendo
melhor o texto e com a leitura dos gibis tenho mais criatividade."
Sobre as preferências pelo jornal, livros e revistas destaca-se a seguinte
justificativa:
“prefiro os jornais porque gosto de ficar informado e para saber das novidades
que acontecem; escolhi os livros porque gosto mais de poemas, acho o livro mais
interessante; com a leitura das revistas tenho mais criatividade para escrever textos,
gosto da leitura e das figuras das revistas.”
6.2. Análise da relevância e da onipresença da escrita em diversas
manifestações comunicativas
A atividade sobre a escrita foi bem produtiva, pois os alunos ao expressarem
uma justificativa ou ao descreverem uma situação de uso do texto escrito puderam
perceber tanto a variedade da escrita quanto à diferença da linguagem empregada, de
acordo com a finalidade e especificidade pretendidas com o texto, para atingir as
diversas situações comunicativas.
6.3. Informações sobre o surgimento das Histórias em Quadrinhos no mundo e
no Brasil
Houve uma ótima aceitação dos estudantes, pois demonstraram curiosidade em
saber quando iniciaram e como eram as Histórias em Quadrinhos e, ainda, para
complementar a atividade os participantes assistiram a um vídeo “A história da HQ’s”17,
17
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=KdthwL3EPcc>
retirado do (You Tube), o qual contém imagens e abordagens bem interessantes sobre
o assunto.
6.4. Exploração dos recursos visuais e específicos da estrutura dos quadrinhos
e da linguagem verbal e não-verbal
Através dessas atividades os alunos tiveram a oportunidade de adentrar no
universo dos quadrinhos e conhecer a linguagem própria deles. A grande maioria dos
alunos não observavam os detalhes, limitavam-se à leitura ou à apreciação das
imagens, desconheciam o quão rico e vasto eram esses recursos, a importância dos
mesmos e como são fundamentais à compreensão das narrativas.
Para melhor compreender as fisionomias, os sentimentos, pensamentos, as
emoções e os recursos dos balões e das onomatopeias que as personagens
expressavam, foi sugerido aos alunos, através de expressões faciais e de mudança no
tom de voz, uma pequena representação das possíveis manifestações expressas nas
situações analisadas: espanto, medo, dor, raiva, alegria, fala, grito, sussurro, sons
onomatopeicos, entre outros.
Foi uma experiência agradável e descontraída, a qual auxiliou à interpretação
das tirinhas.
6.5. Elaboração de diálogos correspondentes às ilustrações dos quadrinhos
Essa proposta exigiu atenção e reflexão dos alunos, pois tinham que observar a
sequência dos quadrinhos, as imagens, os recursos visuais e específicos dos
quadrinhos para adequarem a fala à linguagem visual e, ainda, constituir logicidade e
humor na narrativa.
6.6. Análise da sequência narrativa dos fatos e as finalidades das narrativas em
quadrinhos
Essa atividade foi bem produtiva porque os alunos observaram a importância da
sequência dos fatos numa narrativa ao ordenarem os quadrinhos referentes à história;
bem como os elementos constituintes e característicos dos quadrinhos, os quais
atribuem sentido às narrativas e, ainda, a finalidade ao elaborar as narrativas em
quadrinhos, envolvendo o humor ou um ensinamento.
6.7. Produção de texto narrativo através de uma história em quadrinhos
Pelo fato do registro dessa atividade acontecer coletivamente, isso em muito
contribuiu à realização eficiente da proposta.
Houve uma boa participação, com poucos desinteressados em produzir os
relatos, a interação coletiva proporcionou aos alunos uma troca de ideias, e com
resultados positivos até mesmo daqueles que, inicialmente, se mostraram apáticos ao
que foi proposto.
6.8. Desenvolver a sequência narrativa a partir de um quadrinho
Para essa atividade foi necessário disponibilizar mais tempo do que o previsto (2
aulas), considerando a morosidade que os alunos de 5ª série (6º ano) apresentam até
se concentrarem e iniciarem a tarefa.
Então, para cumprir com o proposto sugeriu-se observar o quadrinho, planejar a
sequência narrativa e redigi-la, o que precisou de duas aulas. E, posteriormente, foram
necessárias mais duas aulas para a interação, o momento da leitura e apreciação dos
textos redigidos por outras duplas e, ainda, a reestruturação coletiva de um texto
produzido por uma dupla (contando com a participação espontânea desse grupo).
Entretanto, a realização dessa atividade foi tranquila, vez que os alunos
demonstraram interesse. Além disso, foi divertido apreciar a criatividade que muitos
apresentaram quanto à sequência e o desfecho da narrativa.
6.9. Elaboração de tirinha com a temática abordada no poema “O direito da
criança”, de Ruth Rocha
Após delimitar a temática referente ao poema, os alunos colocaram em prática o
que aprenderam sobre o assunto: a diagramação dos quadrinhos, o cenário, a escolha
dos personagens e a utilização dos recursos visuais e específicos da linguagem dos
quadrinhos.
Eles apresentaram uma dificuldade maior quanto à representação das imagens,
dos desenhos das personagens. Então, foram tranquilizados e orientados que os
quadrinhos deveriam ser criados através de formas simples de objetos ou de figuras
geométricas, por exemplo, e atribuindo-lhes traços característicos (olhos, boca,
membros, entre outros).
Foi necessário mais tempo do que o previsto, pois essa atividade apresentou um
grau de dificuldade maior, mesmo porque foi a primeira elaboração sequencial de
quadrinhos realizada, no decorrer da Implementação, fato que exigiu mais dedicação
dos alunos.
6.10. Reescrita de fábulas em quadrinhos
Essa proposta foi bem aceita pelos alunos, uma vez que eles apreciaram as
fábulas por serem narrativas, geralmente, curtas e interessantes.
Foi disponibilizado um material bem atrativo, com imagens (desenhos de
cenários e personagens), o qual contribuiu à realização das histórias em quadrinhos.
Houve um ótimo desempenho dos alunos nessa tarefa, porque o assunto foi
atraente e sentiram-se estimulados à realização da atividade.
6.11. Produção de História em Quadrinhos
Como a temática dessa atividade é livre, foi sugerido aos alunos que ainda não
haviam definido o assunto, algumas abordagens:
Os desejos dos personagens: Mônica, Magali, Cascão, Cebolinha, Chico Bento,
Sansão (coelhinho da Mônica), entre outros - para as narrativas de humor;
A assembleia das formigas: como releitura das fábulas – “A cigarra e a formiga” e
“A assembleia dos ratos”;
A revolta no galinheiro - referente à temática abordada na fábula - “A galinha dos
ovos de ouro”;
Meio Ambiente – para as narrativas de conscientização ou ensinamento;
Biografias em quadrinhos - de Mauricio de Souza.
A maior parte dos alunos apresentaram interesse em participar, houve uma boa
aceitação das propostas e o desempenho dos alunos nas atividades foi satisfatório.
Entretanto, o tempo planejado já não foi suficiente, pois em Outubro
aconteceram os Jogos Estudantis de Castro e, entre feriados e recessos; respeitando,
ainda, as dificuldades e as limitações dos participantes, houve a necessidade de
disponibilizar mais tempo para finalizar a Implementação.
Assim, para se obter tais resultados, foi preciso empenho, dedicação, orientação
e incentivo constantes.
7. CONCLUSÃO
Através da pesquisa realizada abordando a dificuldade apresentada pelos alunos
da 5ª série, (6º ano) no exercício da escrita, ortograficamente e em produções textuais
verificou-se que há vários fatores que podem ocasionar esta barreira em relação ao ato
de escrever e que esta defasagem existe e continuará existindo; caberá, portanto, ao
profissional da educação empenhar-se na tentativa de minimizar tais resultados e para
atingir os objetivos propostos, de maneira paulatina e contínua, referentes à temática
em questão.
Houve uma discussão com os profissionais da educação participantes do Grupo
de Trabalho em Rede (GTR), no 3º(terceiro) período do Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE), os quais refletiram e emitiram comentários sobre o assunto,
asseverando que o ato de escrever é encarado como difícil, devido ao fato de que já
vem com a ideia de que o texto deverá estar escrito com todo o padrão que a língua
exige, o que acaba criando o medo de errar. Foi acrescentado, ainda, que tal
dificuldade se deve, também à cobrança que existe de falar e escrever corretamente;
ao fato de o Português apresentar muitas regras e exceções; à frustração de receber os
textos corrigidos pelo professor com os erros indicados (o que não agrada os alunos); à
preguiça, falta de vontade e entusiasmo ao escrever (o que leva os alunos a encararem
a escrita como uma punição, como uma tarefa nada agradável, o que causa uma
aversão à escrita e talvez ocorra falha no processo de preparação para a mesma); à
metodologia utilizada; ao despreparo do professor (na falta de qualificação profissional,
os alunos não compreendem o papel social da leitura e da escrita, e acabam
produzindo textos vazios de significado). Por fim, após a referida reflexão, foi
comentando, também, que as crianças não são preparadas para a leitura e escrita em
casa, e desde os primeiros momentos escolares; que a maior dificuldade, ao escrever,
encontra-se num vazio de conteúdo, imaginação, vocabulário, motivação e interesse; e
que, para os alunos, escrever é uma tarefa desprazerosa porque a escrita convencional
não é atraente frente à atual oferta da tecnologia, pois os alunos permeiam por um
mundo de tecnologias cada dia mais avançados.
Quanto ao papel do professor de Língua Portuguesa, constatou-se que este deve
repensar continuamente nas metodologias e estratégias utilizadas para se atingirem os
objetivos propostos no ensino e na aprendizagem desta prática. Faz-se necessário
propiciar, aos estudantes, atividades diversificadas tornando a sala de aula em um
ambiente agradável, onde sejam contemplados, lidos, analisados e discutidos vários
textos e propostas de produções textuais. E, que os alunos possam, com este contato,
formularem e emitirem opiniões, interagindo e exercitando as diferenciadas práticas
discursivas. Não se pode, no entanto, fazer das dificuldades uma justificativa para
acomodar-se, pois escrever não é fácil, cabe ao professor ser estimulador do aluno
para que ele faça a leitura de vários textos de forma a melhorar o seu desempenho e as
suas habilidades linguísticas, desenvolvendo, assim, o prazer de escrever.
Em relação à proposta de conciliar a leitura preferencial das histórias em
quadrinhos com a exploração dessas histórias, a fim de motivar os estudantes para a
escrita, observou-se que houve não só uma boa aceitação das atividades planejadas,
durante o processo de intervenção pedagógica na escola, como as mesmas foram
desenvolvidas por eles com interesse e dedicação.
Os comentários registrados pelos profissionais da educação, sobre a escolha
dos quadrinhos para desenvolverem as habilidades dos alunos para a escrita e da
importância das histórias em quadrinhos na prática pedagógica, giraram em torno da
conclusão de que as histórias em quadrinhos são ricas em conteúdo e podem ser
aproveitadas no trabalho cotidiano dos professores. As histórias em quadrinhos
despertam, na maioria dos alunos, prazer, curiosidade e, principalmente, vontade de
produzir; motivam e despertam a criatividade dos alunos. Por meio da leitura dos
quadrinhos aprende-se a ler e compreender não só o que está escrito, mas ler as
entrelinhas, uma vez que, é interessante e bem aceita pelos alunos, auxiliam no
desenvolvimento do hábito de leitura; as palavras e as imagens facilitam a
aprendizagem; há expressões do cotidiano do aluno; podem ser usadas em qualquer
nível escolar e social e com qualquer tema; há grande variedade de recursos narrativos;
e pode-se explorar gramática, compreensão de texto, ortografia, discurso direto e
indireto, sequência lógica e a mudança de personagem.
Se, formar educandos que aprendam e reflitam sobre o aprendizado, que
expressem suas intenções comunicativas, sejam compreendidos e ainda demonstrem
competência linguística; se, formar alunos leitores que, consequentemente, se tornarão
escritores, são alguns dos desafios e objetivos pretendidos com o ensino da Língua
Portuguesa; assim, será no ambiente escolar, que o estudante encontrará o local
propício para desenvolver e aprimorar as habilidades das práticas discursivas; e,
portanto, caberá ao professor desempenhar o seu fundamental papel de educador
consciente e transformador, proporcionando-lhes tais práticas e tornando-as habituais e
interessantes para que os educandos possam expressar-se no meio social em que
estarão inseridos e em outras esferas da comunicação.
E, finalizando, conclui-se que é preciso ter persistência e que, leitura e escrita,
são fontes de alegria, são fontes de prazer e, o Professor, deve ser o artista com amor
pela leitura para transmitir essa beleza ao aluno.
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