PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: NEUROPSICOLOGIA
QUESTÃO 01
O sistema límbico é o responsável por regular os processos emocionais. Relacionadas com esta função, estão a de regular o sistema nervoso autônomo e os processos motivacionais essências à sobrevivência da espécie e do indivíduo, como fome, sede, sexo. Sabe‐se também que alguns componentes do sistema límbico estão ligados diretamente aos mecanismos de aprendizagem e participam da regulação do sistema endócrino. O hipocampo é responsável pelos fenômenos da memória de longa duração. Quando ocorre lesões no hipocampo, não há registros de experiências vividas. O tálamo tem como função a reatividade emocional do homem e dos animais. O tálamo conecta‐se com as estruturas corticais da área pré‐frontal e com o hipotálamo e por meio da via fórnix, com o hipocampo e com o giro cingulado. Já o hipotálamo é considerado a região do sistema límbico mais importante, pois controla o comportamento emocional como várias condições internas do corpo. O hipotálamo é a via de comunicação com todos os níveis do sistema límbico e desempenha também o papel das emoções especificamente, sendo que as partes laterais parecem ser envolvidas com o prazer, e a raiva encontra‐se na porção mediana e está ligada ao desprazer e à tendência das “gargalhadas incontroláveis”. Fontes:
MACHADO, Angelo. Neuroanatomia funcional. 2ª Ed. São Paulo: Atheneu, 1991, p. 281.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem: As Múltiplas Eficiências Para uma Educação Inclusiva. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011, p. 28‐29.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Sistema límbico. Valor: 2,0 pontos
Hipocampo. Valor: 2,0 pontos
Tálamo / Hipotálamo. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
De acordo com Cordioli (2008), a depressão é um dos transtornos psiquiátricos mais comuns, com distribuição universal, e constitui um grande problema de saúde pública. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o grau de incapacitação devido aos transtornos depressivos é maior do que em outras doenças crônicas. Calcula‐se que, até o ano 2020, a depressão será a segunda causa de incapacitação no mundo. Pode‐se afirmar que uma condição grave que se associa à depressão é a tendência suicida. Mais de 80 % das pessoas que cometem suicídio estão deprimidas no momento do ato. Estudos longitudinais sugerem que a incidência de suicídio ao longo da vida entre as pessoas clinicamente deprimidas é de 15 %. Estudos afirmam que as pessoas deprimidas tendem a avaliar a si mesmas como tendo várias falhas e acreditam que não têm o apoio de outras pessoas. Tornam‐se passivos ou retraídos e tendem a buscar reasseguramento. O afeto deprimido distorce a memória, e eles tendem a lembrar, seletivamente, de outros fracassos do passado. Esses fatores tendem a agir como disparadores na vulnerabilidade à piora da depressão e ao suicídio. A desesperança presente nesses pacientes caracteriza‐se por um conjunto geral de expectativas negativas sobre si mesmos e sobre o futuro. Trata‐se de um indicador útil do risco de suicídio. Pacientes que apresentam pensamentos de desesperança devem ser cuidadosamente investigados e os sentimentos de pessimismo presentes devem ser um alvo importante na terapia. Estudos afirmam ainda que a desesperança está diretamente mais relacionada à intenção suicida do que à depressão isolada.
Fontes:
Aristides V. Psicoterapias: Abordagens atuais. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 382.
Disponível em: http://portal.cfm.org.br/index.php?Option=com_content&view=article&id=25027:de‐prevencao‐ao‐suicidio. Acesso em: 16/09/2015.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Depressão. Valor: 2,0 pontos Desesperança. Valor: 2,0 pontos Suicídio. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
Segundo a citação de Beck, (1997) sobre o sentimento do paciente no contexto terapêutico, encontra‐se de outro lado a reação do terapeuta, que pode ter uma ampla gama de reações emocionais com o paciente. Ele experimenta empatia, interesse e desejo de ajudar e satisfação em ser capaz de ajudar o paciente. Sobre a eficácia da relação terapêutica, depende em grande parte da capacidade do paciente de experimentar e expressar seus sentimentos durante a sessão de terapia. O paciente pode apresentar diversos modos de empatia, porém, a liberdade do paciente para “ser ele mesmo” durante a sessão o alivia da carga de encobrir seus sentimentos e tentar edificar uma aparência corajosa. Outro fator importante a ser mencionado é sobre o posicionamento do terapeuta frente à descarga emocional do paciente. Nesta situação, o terapeuta deverá assumir a posição de que quaisquer sentimentos que o paciente tenha podem apropriadamente serem discutidos durante a sessão, ou seja, todos os sentimentos são aceitáveis. Portanto, é importante estruturar a sessão, de tal modo que o tempo inteiro não seja dedicado à “emocionalização” do paciente. Especialmente quando as reações do paciente são excessivas ou embasadas em ideias irracionais, é importante encorajar o paciente a explorar as atitudes que parecem gerar os sentimentos exagerados. Alguns terapeutas contribuem para o aborrecimento de certos pacientes, neste caso é importante o terapeuta relembrar‐se de que tais expressões negativas fazem parte da extensão normal de emoções e são, geralmente, acentuadas em alguém que tem um transtorno psicológico, por isso não deveria sentir‐se desencorajado. Fonte: BECK, Aaron T. Terapia cognitiva da depressão. Tradução Sandra Costa. Porto Alegre: Artmed, 1997, p. 31, 32 e 33. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Reação do terapeuta frente ao paciente. Valor: 2,0 pontos A eficácia da relação terapêutica. Valor: 2,0 pontos O posicionamento do terapeuta frente à descarga emocional do paciente. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
De acordo com a bibliografia do autor Paulo Knapp (Terapia Cognitiva Comportamental na Prática Psiquiátrica) pode‐se afirmar que o cenário apresentado exemplifica uma situação sobre o conceito de tempo no processo de tomada de decisões. Quando a moça decidiu perder peso em um determinado tempo, certamente ela tomou uma decisão e, consequentemente, vai enfrentar inúmeras situações nas quais terá de decidir entre uma conduta na direção deste objetivo longínquo versus a satisfação imediata de uma vontade. Por exemplo, a cada vez que essa moça fizer uma refeição, precisará controlar seu apetite, muitas vezes ela vai estar “morrendo de vontade” de comer aquele pedaço de torta de chocolate com calda de cereja, o qual lhe daria um enorme prazer no momento, mas que atrapalharia o seu plano de estar com bem menos peso vários meses mais tarde. Portanto, afirma‐se que é a tomada de decisão que determina a direção do nosso comportamento, e nos envolve da hora que acordamos até o momento em que dormimos. O tempo todo defrontamo‐nos com a necessidade de decidir com base no que dará um maior retorno agora com chance de um menor retorno no futuro, ou seja, o comportamento de agora é que irá gerar a consequência do amanhã. Contudo, na visão de Knapp, o futuro para o cérebro humano não existe, exceto
como uma representação cerebral em cada um de nós. O que ele faz para regular o nosso comportamento é visar um resultado positivo no futuro (uma recompensa) em um tempo que não existe na prática, apenas um conceito hipotético, uma representação neural: o futuro, assim como o cenário demonstrou. Fonte: KNAPP Paulo & Col. Terapia Cognitiva Comportamental na prática psiquiátrica. Reimpressão 2008, Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 72 e 73. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Conduta do ser humano diante do objetivo longínquo versus satisfação imediata. Valor: 2,0 pontos
Comportamento e consequência do comportamento. Valor: 2,0 pontos
O cérebro humano e o futuro. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA CLÍNICA
QUESTÃO 01
Para que o processo terapêutico seja consolidado, é importante que sejam vencidas as resistências do paciente, a baixa ou inexistência de motivação e os empecilhos que possam vir a dificultar a adesão aos procedimentos propostos. Para o início do tratamento o candidato deverá citar, independente da abordagem psicoterápica, que para o estabelecimento da motivação para adesão à psicoterapia, o profissional poderá se utilizar de técnicas diretivas típicas da Terapia Breve ou Focal, bem como de técnicas de aconselhamento psicológico. Caso o candidato opte pela Terapia Breve ou Focal, deverá salientar os conceitos de foco, experiências emocionais corretivas e o enquadre específico na delimitação e manutenção do foco terapêutico. Caso o candidato opte pelo aconselhamento psicológico, deverá sinalizar técnicas cuja ênfase seja na promoção de empatia e aceitação para a clarificação das distorções e do contexto que o circunda com a queixa que possui. Além disso, é mister salientar que o curso da psicoterapia dependerá de diferentes dimensões, tais como: condições pessoais e aptidão do paciente para dar sequência aos procedimentos exigidos pelo do modelo terapêutico adotado; bem como as condições do terapeuta, a experiência, a competência e os aspectos de sua personalidade, tais como: comunicação, capacidade de empatia, calor humano, cordialidade, dentre outros; para realização do psicodiagnóstico com auxílio da entrevista clínica (salientando os tipos de cuidados a serem adotados, tais como a restrição à questionamentos de confronto ou enfrentamento com o paciente), técnicas de avalição e testagem psicológica evidenciando as diferenças entre testes projetivos e objetivos nesse processo e que devem ser compatíveis com a queixa demonstrada e/ou com a faixa etária do sujeito respondente (criança ou idoso); vínculo, enquadre e aliança terapêutica, marcando as diferenças sutis conforme a abordagem eleita pelo profissional para orientação do método de trabalho tais como resistências e transferências de paciente e terapeuta; o plano de tratamento, contrato terapêutico, e avaliação da eficácia e término do tratamento psicológico. Fontes:
CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.
ARZENO, Maria Esther Garcia. Psicodiagnóstico Clínico: novas contribuições. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
Gillieron, E. Introdução às psicoterapias breves. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 233‐235.
Scorsolini‐Comin, F. (2014). Aconselhamento psicológico e psicoterapia: aproximações e distanciamentos. Contextos Clínicos, 7(1):2‐14, janeiro‐junho 2014.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Processo terapêutico. Valor: 2,0 pontos Aproximações e divergências. Valor: 2,0 pontos
Modelos de psicoterapia. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
O candidato deverá explicitar que um grupo de sala de espera deve ser definido “como uma diversificação de grupo aberto, grupo que tem dia e hora fixa, porém com participantes variáveis. É um grupo que inicia e acaba no mesmo dia, um grupo de um só encontro”; “é um espaço fundamental, que pode ser transformado em um espaço de reflexão sobre o processo saúde‐doença”; “área onde se dão as trocas entre o indivíduo e o meio e onde ocorre toda a experiência satisfatória mediante a qual o indivíduo pode alcançar sensações intensas e a consciência de estar vivo”. O plano de atendimento pode envolver qualquer sala de espera do setor primário ou secundário de assistência em saúde, desde que fique claro o objetivo do grupo, que a reunião seja com sujeitos que possuam a mesma patologia ou demanda. Além disso, deve ser ressaltado que todos os participantes do grupo são agentes terapêuticos; não trata somente dos indivíduos, mas de todo o grupo e dos indivíduos que estão em relação com ele. Isso aponta para a interface da saúde com a psicologia social comunitária, a qual salienta a pluralidade de indivíduos em contato uns com os outros, que se consideram mutuamente e que são conscientes de que possuem alguma coisa significativamente importante em comum, é possível dizer que os pequenos grupos sociais visam o contato entre pessoas e a interdependência dos membros. Fontes:
SILVA, R. C. D. A formação da psicologia para o trabalho em saúde pública. In F.C.B. Campos, Psicologia e Saúde: repensando práticas. São Paulo: Hucitec, 1992, p. 11‐23.
SPINK, M. J. Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. Petrópolis: Vozes, 2003. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Metodologia de intervenção de grupos de sala de espera / Seus objetivos. Valor: 2,0 pontos
Modalidade terapêutica. Valor: 2,0 pontos
Psicologia social comunitária. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
O candidato deverá mencionar que o organismo consiste no foco de toda a experiência, a qual inclui tudo o que está acontecendo dentro do organismo em qualquer momento dado e que está potencialmente disponível para a consciência. O campo fenomenal por sua vez envolve uma estrutura de referência do indivíduo, que só pode ser conhecida pelo próprio indivíduo ou pela inferência empática. Consiste, ainda, em sua realidade subjetiva, constituída por experiências conscientes (simbolizadas) e inconscientes (não‐simbolizadas). Esse campo relaciona‐se à subcepção, o que se refere ao poder do organismo para discriminar e reagir a uma experiência não‐simbolizada. Todos esses conceitos relacionam‐se ao self, um dos construtos mais importantes, o qual é organizado e consistente, composto por percepções das características do “eu” e pelas percepções dos relacionamentos do “eu” com os outros. Está disponível à consciência, é fluido e mutante, um processo, mas em qualquer momento dado é uma entidade específica e não necessariamente consciente. Tais conceitos, aliados às condições de congruência, de consideração positiva incondicional e de empatia do terapeuta viabiliza o processo de mudança psicoterapêutica e ainda que cada indivíduo, para Rogers, seja único, a psicoterapia para ele envolvia um continum com sete estágios. De acordo com Rogers no primeiro estágio há pouca disposição para a terapia, geralmente não se busca, mas, quando um indivíduo o faz, ainda está muito rígido e resistente; no segundo estágio, há diminuição da rigidez, mas ainda prevalecem apenas discussões sobre eventos e pessoas externas e/ou sentimentos expressos de modo bem objetivado. A partir do estágio 3 falam livremente de si mesmos, mas evitam focar o presente, o que passa a ser um indicativo do início da conscientização da incongruência entre o self percebido e o de sua experiência, falam de sentimentos profundos, mas mantém o distanciamento do sentimento presente, caracterizando, assim, o estágio 4. Em seguida, no estágio 5, as experiências de mudança e de crescimento tornam‐se significativas, e mesmo que os sentimentos atuais ainda não tenham sido plenamente simbolizados, começam a tomar decisões e responsabilizarem‐se por suas escolhas. No estágio 6 experimentam crescimento e um movimento em direção ao sentido de vida, de serem plenamente funcionais e auto atualizadoras. Por fim, no estágio 7 que ocorre fora do encontro terapêutico, por já serem pessoas autoatualizantes e já conseguirem levar experiências terapêuticas para forma do ambiente de psicoterapia, são autoconfiantes e congruentes.
Fontes:
FEIST, J. & Feist, G.J. Teorias da personalidade. 6ª ed. São Paulo: McGraw Hill, 2008.
ROGERS, C. R. Tornar‐se pessoa. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
ROGERS, Carl. Sobre o Poder Pessoal. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Conceitos de organismo, campo fenomenal, subcepção e self. Valor: 2,0 pontos
Processo de mudança terapêutica da terapia centrada na pessoa. Valor: 2,0 pontos
Respectivos estágios. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
A anamnese deve possuir identificação, data da consulta, data de internação quando for o caso, a história de vida atual e pregressa, história pessoal e social demarcando infância e juventude, adolescência, doenças pregressas e atuais, estilo de personalidade prévia a atual, antecedentes familiares, vivência com a família e com vizinhos, exame psicopatológico e/ou do estado mental demarcando alterações das funções psíquicas com e/ou sem uso de medicação de psicofármacos, neurológico e complementares e hipótese diagnóstica e discussão. Além do modelo de anamnese psiquiátrica, o candidato poderá ainda citar os modelos psicodinâmico e o das terapias cognitivas. No caso da opção pelo modelo psicodinâmico, o candidato deverá citar a importância das entrevistas preliminares na identificação das defesas e fragilidades egóicas do paciente, bem como para a descrição do mecanismo dinâmico da formação do sintoma do paciente, ressaltando queixas e demandas aparentes e latentes, ou os tipos de ganho secundários com a manutenção do sintoma pelo menos até o surgimento da demanda de psicoterapia. Caso o candidato opte pela anamnese proposta pelo modelo de psicoterapia cognitiva, deverá articular a anamnese psiquiátrica à conceitualização cognitiva, a qual lança mão também de exames do estado de humor, identifica pensamentos automáticos, emoções distorcidas, crenças intermediárias e centrais acerca da queixa que deliberou a busca por psicoterapia. Nesse procedimento deve ser evidenciada ainda a tríade cognitiva que traduz os esquemas cognitivos comportamentais do paciente, assim como o planejamento do processo terapêutico com ou sem uso de testes psicológicos em conformidade com a queixa apresentada, salientando a importância dos mesmos para a abordagem da psicoterapia cognitiva e para a mudança terapêutica. Além das possibilidades destacadas, o candidato deverá ressaltar os cuidados éticos na realização da anamnese, ou seja, a forma de relato das informações coletadas e a serem arquivadas em prontuários em contexto de consultório e em contexto de assistência à saúde (setores primário, secundário e terciário) e como deve ser estabelecida a troca de informações entre profissionais quando se tratar de equipe multidisciplinar. Fontes:
CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicoterapias: abordagens atuais. 3ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008.
CORREIA, D. T. Manual de psicopatologia. 2ª ed. Lisboa: Lidel.
ARZENO, Maria Esther Garcia. Psicodiagnóstico Clínico: novas contribuições. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003.
BARLOW, David. Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 1999. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Anamnese / hipótese diagnóstica. Valor: 2,0 pontos
Abordagens de psicoterapias psicodinâmicas, existencial‐humanistas e/ou cognitivo‐comportamentais. Valor: 2,0
pontos
Respectiva técnica selecionada. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA DO ESPORTE
QUESTÃO 01
Rubio (2010) propõe que a psicologia contemple a perspectiva de construção sócio‐histórica do esporte e do atleta como figura heroica, propõe ainda que este foco individualista seja deslocado para se pensar o contexto e sua construção sócio‐histórica como determinantes dos esportes. Ou seja, a proposta é determinar na prática do profissional de psicologia do esporte uma análise ampla de todo o contexto do fenômeno do esporte e também sua perspectiva sócio‐histórica. No caso da preparação psicológica há que se saber como o atleta é constituído hoje: como algo individualista e heroico, o que faz perdurar um modo‐indivíduo da sociedade. Deve‐se também estar atento a quais são os prejuízos de se manter a postura de uma análise baseada no modo‐indivíduo. Para o psicólogo do esporte este tipo de análise não contribui para seu fazer. Em primeiro lugar porque o atleta é uma produção de um conjunto de fatores que não podem ser analisados isoladamente, em segundo lugar porque no trabalho de preparação psicológica há que se levar em conta as percepções individuais do atleta e também as expectativas que se colocam sobre o que ele mesmo se coloca. O treinamento psicológico é a possibilidade de produzir no atleta uma percepção de suas potencialidades e limites durante a atividade, o que gera menos desgaste e maior rendimento. No entanto, este trabalho só pode ser produzido levando‐se em consideração todo o aparato tecnológico, toda a equipe, a família e o próprio atleta nas relações coletivas que todos estes fatores estabelecem. Fonte: RUBIO, Kátia. (Org.) Psicologia do Esporte Aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Psicologia social. Valor: 2,0 pontos Avanço da psicologia do esporte. Valor: 2,0 pontos Preparação psicológica de atletas. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
Consideram‐se as possibilidades de atuação da psicologia do esporte junto a pessoas que sofreram lesões. Destacando que mais do que a superação da lesão o psicólogo do esporte tem que ficar atento à qualidade de vida que o atleta tem durante a lesão. A psicologia do esporte ainda é um campo em construção. De forma errônea o psicólogo do esporte é visto apenas como alguém que atua junto ao esporte de alto‐rendimento. Esta concepção tem sido prejudicial ao psicólogo do esporte. Este profissional pode atuar em diversos locais, focado sempre nas atividades desenvolvidas pelos indivíduos. Esta concepção não exclui a atuação dentro da saúde pública. Uma das possibilidades é trabalhar com indivíduos que, por algum motivo, perderam a possibilidade de exercer atividades que antes exerciam. Neste caso, o psicólogo do esporte é convocado a elaborar a ressignificação de sentidos e a recuperação das possibilidades do sujeito. Fonte: RUBIO, Kátia. (Org.) Psicologia do Esporte Aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Possibilidades de atuação da psicologia do esporte. Valor: 2,0 pontos Superação da lesão. Valor: 2,0 pontos Qualidade de vida. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
Considera‐se apresentar as possibilidades de atuação a partir de tecnologias no esporte e como essa perspectiva leva em consideração implicações filosóficas e teórico‐práticas do profissional de psicologia do esporte. Como utilizar estas tecnologias de forma crítica e ética? Ao psicólogo do esporte cabe interpretar essas possibilidades em consonância com o compromisso social da psicologia. Como é ainda um campo por se formar o psicólogo do esporte se vê as voltas com situações que não foram antes submetidas ao campo da ciência. A complexidade é que submeter algo novo ao campo da ciência exige que concepções possam estar em constante discussão. Portanto, não é apenas o processo de validação de uma hipótese que está em jogo. A produção científica exige do profissional de psicologia do esporte uma constante elaboração das implicações teórico‐filosóficas e práticas de seu campo de atuação. É claro que toda a atuação deve estar pautada no compromisso ético da psicologia como ciência e profissão. Neste momento é que se pode convocar, como instrumento de validação científica, novas tecnologias que vêm de diversos campos de conhecimento. Fonte: RUBIO, Kátia. (Org.) Psicologia do Esporte Aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Tecnologias no esporte. Valor: 2,0 pontos Implicações filosóficas e teórico‐práticas do profissional. Valor: 2,0 pontos
Compromisso social da psicologia. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
Ressalta‐se a importância de outras áreas para se analisar o esporte enquanto fenômeno social. Cabe ao psicólogo lançar mão de forma crítica de conhecimentos oriundos de outras áreas, sempre levando em conta o contexto em que se encontra o fenômeno sobre o qual se debruça, sua posição e função na complexidade de sua atuação e na validade dos conhecimentos de que lança mão. A realização de atividades é um complexo evento. O que leva as pessoas a realizarem tais atividades e outras não? O que leva a que não se pratique nenhuma atividade? Para se entender tão complexo fenômeno é preciso se estar atento a contribuição de outras áreas de conhecimento. Deste ponto de vista, conhecimentos de outras áreas da psicologia, como o behaviorismo, podem se unir a contribuições de mobilidade urbana, vindos da arquitetura, para explicar porque em tais situações as pessoas agem de formas diferentes. Em cada situação em que conhecimentos de outras áreas que não a psicologia do esporte são demandados há que se ter em conta que uma análise crítica da realidade e da apropriação dos conhecimentos se faz necessária. Fonte: RUBIO, Kátia. (Org.) Psicologia do Esporte Aplicada. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Fenômeno social. Valor: 2,0 pontos
Produção do conhecimento. Valor: 2,0 pontos
Contexto sócio‐histórico. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
QUESTÃO 01
Nota técnica CFP Nº 001/2011: A atenção pode ser definida como o fenômeno pelo qual o ser humano processa uma quantidade limitada de informações das várias informações disponíveis. Em outros termos, a atenção refere‐se à capacidade e esforço exercido para focalizar e selecionar um estímulo para ser processado, levando o indivíduo a responder a determinados aspectos do ambiente, em lugar de fazê‐lo a outros, permitindo que o indivíduo utilize seus recursos cognitivos para emitir respostas rápidas e adequadas mediante estímulos que julgue importantes. Resolução nº 425, de 27 de novembro de 2012 (Anexo XIII avaliação psicológica): O candidato deverá ser capaz de apresentar: 1. Tomada de informação. 1. 1. Atenção: manutenção da visão consciente dos estímulos ou situações.
1.1.1. Atenção difusa ou vigilância: esforço voluntário para varrer o campo visual na sua frente à procura de algum indício de perigo ou de orientação;
Esse tipo de atenção constitui uma função mental que focaliza, de uma só vez, diversos estímulos dispersos espacialmente. Dessa forma, a atenção difusa fornece informações de forma rápida para que o indivíduo tome decisões a respeito dos estímulos que estão no ambiente, solicitando uma resposta.
Considera‐se a atenção difusa como um estado de alerta para indícios de perigo. Para avaliar a atenção difusa, geralmente a tarefa solicitada ao indivíduo constitui‐se em ele perceber o campo
visual apresentado e buscar aquilo que lhe foi solicitado. Assim, os testes psicológicos de atenção difusa são testes de varredura do campo visual.
1.1.2. Atenção concentrada seletiva: fixação da atenção sobre determinados pontos de importância para a direção, identificando‐os dentro do campo geral do meio ambiente;
Consiste na capacidade de selecionar o estímulo relevante do meio e dirigir sua atenção para este estímulo. É uma função mental de focalização que busca um estímulo ou um grupo deles que tenha características em comum. Para manifestação da atenção concentrada, o indivíduo deve focalizar o estímulo, grupo de estímulos ou manter‐se focado em uma situação ou tarefa a ser realizada durante um tempo decorrido.
Assim, para avaliar a atenção concentrada, a atividade que geralmente é solicitada ao indivíduo é que ele perceba, em um campo visual, os detalhes. Esses detalhes geralmente são aqueles estímulos dados como modelo da tarefa e os semelhantes ou diferentes deles devem ser encontrados no campo visual.
A investigação da atenção concentrada tem sido feita utilizando testes psicológicos que propõem tarefas cujos resultados possam indicar o quanto de atenção o indivíduo conseguiu demonstrar na atividade proposta, a partir da rapidez com que realiza a atividade e com que qualidade o faz.
1.1.3. Atenção distribuída: capacidade de atenção a vários estímulos ao mesmo tempo. A atenção dividida, que permite a realização de mais de uma atividade ao mesmo tempo, sendo que a atenção
é dirigida a todas elas. É exatamente o explicado pela teoria dos recursos da atenção, já que a quantidade de atenção existente nas pessoas pode ser dedicada a várias atividades simultaneamente.
Portanto, para manifestação da atenção dividida devem ser apresentados pelo menos dois estímulos concomitantes para o indivíduo este, além de ter familiaridade com pelo menos um dos estímulos, deve responder a todos ao mesmo tempo.
Pesquisas mostram que é mais fácil ocorrer a atenção dividida quando as tarefas são de diferentes modalidades, como, por exemplo, escrever e ouvir música.
Fonte: Resolução nº 425, de 27 de novembro de 2012. (Anexo XIII avaliação psicológica).
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Esforço e rapidez. Valor: 2,0 pontos Características comuns. Valor: 2,0 pontos
Variedade de estímulos. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
Resolução nº 166, de 15 de setembro de 2004, do CONTRAN – Aprova as Diretrizes da Política Nacional de Trânsito: 2.2. Objetivos
A Política Nacional de Trânsito busca atingir cinco grandes objetivos, priorizados em razão de seus significados para a sociedade e para o cidadão brasileiro e de seus efeitos multiplicadores, em consonância com as demais políticas públicas. São eles:
1º Priorizar a preservação da vida, da saúde e do meio ambiente, visando à redução do número de vítimas, dos índices e da gravidade dos acidentes de trânsito e da emissão de poluentes e ruídos;
2º Efetivar a educação contínua para o trânsito, de forma a orientar cada cidadão e toda a comunidade, quanto a princípios, valores, conhecimentos, habilidades e atitudes favoráveis e adequadas à locomoção no espaço social, para uma convivência no trânsito de modo responsável e seguro;
3º Promover o exercício da cidadania, incentivando o protagonismo da sociedade com sua participação nas discussões dos problemas e das soluções, em prol da consecução de um comportamento coletivo seguro, respeitoso e não agressivo no trânsito, de respeito ao cidadão, considerado como o foco dos esforços das organizações executoras da Política Nacional de Trânsito;
4º Estimular a mobilidade e a acessibilidade a todos os cidadãos, propiciando as condições necessárias para sua locomoção no espaço público, de forma a assegurar plenamente o direito constitucional de ir e vir, e possibilitando deslocamentos ágeis, seguros, confortáveis, confiáveis e econômicos;
5º Promover a qualificação contínua de gestão dos órgãos e entidades do SNT, aprimorando e avaliando a sua gestão. Fonte: Resolução nº 166, de 15 de setembro de 2004, do CONTRAN – Aprova as Diretrizes da Política Nacional de Trânsito. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Priorizar a preservação da vida / saúde / meio ambiente. Valor: 2,0 pontos
Educação contínua para o trânsito / Exercício da cidadania. Valor: 2,0 pontos Mobilidade e a acessibilidade / Qualificação contínua. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
Resolução nº 425, de 27 de novembro de 2012. (Anexo XIV Roteiro de Entrevista Psicológica): 1. Na entrevista deverão ser observados e registrados os seguintes dados: 1.1. Identificação pessoal; 1.2. Motivo da avaliação psicológica; 1.3. Histórico escolar e profissional; 1.4. Histórico familiar; 1.5. Indicadores de saúde/doença; 1.6. Aspectos da conduta social. 2. Os itens contidos no Roteiro de Entrevista Psicológica deverão seguir as normas e legislações estabelecidas pelo Conselho Federal de Psicologia.
A entrevista psicológica é uma conversação dirigida a um propósito definido de avaliação. Sua função básica é prover o avaliador de subsídios técnicos acerca da conduta, comportamentos, conceitos, valores e opiniões do candidato, completando os dados obtidos pelos demais instrumentos utilizados. A entrevista psicológica deve ser utilizada em caráter inicial e faz parte do processo de avaliação psicológica.
É durante esse procedimento que o psicólogo tem condições de identificar situações que possam interferir negativamente na avaliação psicológica, podendo o avaliador optar por não proceder a testagem naquele momento, para não prejudicar o candidato. Nesse caso, o candidato deverá retornar em momento posterior. O psicólogo deve, portanto, planejar e sistematizar a entrevista a partir de indicadores objetivos de avaliação correspondentes ao que pretende examinar.
O psicólogo deve, durante a entrevista, verificar as condições físicas e psíquicas do candidato ou examinando, tais como, se ele tomou alguma medicação que possa interferir no seu desempenho; se possui problemas visuais; se está bem alimentado e descansado. Verificar também se o candidato não está passando por algum problema situacional ou qualquer outro fator existencial que possa alterar o seu comportamento; como regra padrão, antes de iniciar a testagem, estabelecer o “rapport”, esclarecendo eventuais dúvidas e informando os objetivos do teste.
A entrevista psicológica realizada com candidatos à CNH e condutores de veículos é obrigatória e individual e deve considerar os indicadores abaixo, como informação básica: 1. Identificação pessoal, com informações acerca de estado civil, filhos e situação familiar (quem trabalha, quem auxilia no sustento da casa); 2. Motivo da avaliação psicológica, com informações acerca da finalidade da concessão da CNH (primeira habilitação, renovação, mudança de categoria ou alteração de dados ) e o objetivo da mesma; 3. Histórico escolar e profissional, com informações acerca da escolaridade e emprego atual e anteriores; 4. Histórico familiar, com informações acerca dos familiares (pais, irmãos), se são vivos e o que fazem; 5. Indicadores de saúde/doença, com informações acerca do estado de saúde do candidato e do histórico de doenças da família; 6. Aspectos da conduta social, com informações acerca do lazer, do convívio social, aspirações pessoais e auto‐percepção do candidato. Fonte: Resolução nº 425, de 27 de novembro de 2012. (Anexo XIV Roteiro de Entrevista Psicológica). TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Identificação pessoal / Motivo da avaliação psicológica. Valor: 2,0 pontos
Histórico escolar e profissional / Histórico familiar. Valor: 2,0 pontos
Indicadores de saúde e doença / Aspectos da conduta social. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências, Portaria GM/MS nº 737 DE 16/05/01 Publicada no DOU nº 96 – Seção 1e – de 18/05/01. Em relação aos acidentes e às violências, são várias as fontes a partir das quais se pode investigar, cada uma constituída de modo a satisfazer as necessidades institucionais que as geram. Além disso, sofrem diretamente as influências das limitações características dos sistemas de notificação, às vezes difíceis de serem compatibilizados. Desse modo, os resultados das investigações são divergentes, dependendo da fonte consultada, ocasionando distorções e erros interpretativos (Mello Jorge, 1990; Souza e cols., 1996). As principais fontes oficiais de informação para o estudo dos acidentes e das violências, nas diferentes fases do evento até a morte, são:
Boletim de Ocorrência Policial (BO): instrumento utilizado nas delegacias de polícia nos níveis estadual e municipal é uma fonte que pode ser complementada pelo Boletim de Ocorrência gerado pela Polícia Militar. Não é padronizado em nível nacional e, em geral, informa melhor os eventos mais graves que chegam ao conhecimento da polícia.
Boletim de Registro de Acidentes de Trânsito do DENATRAN: esses dados são sintetizados pelo DENATRAN, que recebe as informações de acidentes de trânsito registrados pelos DETRAN e pela Polícia Rodoviária Federal, mediante o Sistema Nacional de Acidentes de Trânsito (SINET/DENATRAN). Entretanto, não existe articulação
eficiente entre os níveis federal, estadual e municipal desse sistema, além do que seus dados não são analisados nem retroalimentam, adequadamente, tal sistema.
Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT): é o instrumento de notificação utilizado em nível nacional pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para fins de concessão de benefícios. Dada a sua ampla aplicação em todo o território nacional, constitui‐se na principal fonte de informação para o estudo da morbimortalidade ocupacional. Além do reconhecido subregistro, essa fonte exclui os autônomos, os empregados domésticos, os vinculados a outros sistemas previdenciários e os sem carteira assinada. Tais limitações, particularmente considerando a grande parcela de trabalhadores inseridos no setor informal da economia, dificultam a conformação do perfil epidemiológico da população trabalhadora do País. A partir desses registros, verificou‐se, no ano de 1996, que 90% dos acidentes notificados ocorreram nas regiões Sudeste e Sul, dos quais a metade no setor industrial; destes, cerca de 60% referem‐se ao grupo etário de 18 a 35 anos de idade. Entre os trabalhadores do sexo masculino, o principal ramo gerador de acidentes é a construção civil. Nos acidentes ampliados – incêndios, explosões e vazamentos envolvendo produtos químicos perigosos –, embora conhecidos pelo seu impacto nas comunidades e no meio ambiente, 90% das vítimas imediatas são os próprios trabalhadores. Algumas vezes, resultam em verdadeiras catástrofes, provocando dezenas, centenas ou milhares de mortes em um único evento. São exemplos desses acidentes o de Vila Socó, em Santos, 500 óbitos aproximadamente e o da Plataforma de Enchova, no Rio de Janeiro, em 1984 – 40 óbitos –, além de eventos recentes, como o do shopping de Guarulhos, São Paulo, que provocou dezenas de mortes.
Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS): abarca informações das instituições públicas e conveniadas ou contratadas pelo SUS, engloba em torno de 80% da assistência hospitalar do País e sua massa de dados diz respeito a cerca de 13 milhões de internações/ano. Nesse aspecto, é importante salientar que, até 1997, os dados de acidentes e de violências eram os relativos somente à natureza da lesão que levou à internação, sem qualquer esclarecimento quanto ao seu agente causador. A partir de 1998, em decorrência da Portaria Ministerial nº 142/ 1997, estão sendo codificados também os tipos de causas externas geradoras das lesões que ocasionaram a internação. Evidencia‐se que não existem sistemas de informação epidemiológica relacionados aos atendimentos em prontos‐socorros e ambulatórios, e que contemplem estudos mais apurados relativos a acidentes e a violências.
Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS): implantado no País em 1975, é gerido pelo Centro Nacional de Epidemiologia da Fundação Nacional de Saúde. Embora abranja, atualmente, mais de 900 mil óbitos/ano, a sua cobertura não é ainda completa em algumas áreas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Quanto à qualidade das informações relativas a acidentes e a violências, algumas deixam a desejar. Os dados, nesse contexto, têm origem nas Declarações de Óbitos (DO) preenchidas nos Institutos de Medicina Legal. A qualidade das informações é ainda discutível, na medida em que, algumas vezes, não existe detalhamento quanto ao tipo ou intencionalidade da causa externa responsável pelas lesões que provocaram o óbito. Nesses casos, sabe‐se apenas que se trata de uma morte decorrente de causas externas. Tal ocorrência vem sendo verificada em cerca de 10% do total de mortes por acidentes e violências no País, alcançando, em algumas áreas, valores bem mais elevados.
Sistema Nacional de Informações Tóxico‐Farmacológicas (SINITOX) foi instituído pelo Ministério da Saúde em 1980, tendo por base experiências pioneiras e bem sucedidas em locais como o Centro de Controle de Intoxicações dos Hospitais Menino de Jesus em São Paulo e João XXIII, em Belo Horizonte, ambas em 1972. A criação do SINITOX originou‐se da necessidade de se criar um sistema abrangente de alcance nacional, capaz de fornecer dados precisos sobre medicamentos e demais agentes tóxicos existentes às autoridades, aos profissionais de saúde e às áreas afins, bem como à população em geral. Em 1997, esse sistema estava formado por uma rede de 31 centros de controle de intoxicações em 16 estados. Um total de 50.264 casos de intoxicação humana foram registrados, no Brasil, em 1995. Embora seja um sistema de referência para a América Latina, é importante reconhecer que o SINITOX ainda padece de importante subnotificação, causada, em parte, pela não obrigatoriedade do registro e pela não uniformidade dos dados em relação às ocorrências.
Fonte: Política Nacional De Redução da Morbimortalidade por acidentes e violências. Portaria GM/MS nº 737 DE 16/05/01. Publicada no DOU nº 96 – Seção 1e – de 18/05/01.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Boletim de Ocorrência Policial / Registro de Acidentes de Trânsito do DENATRAN. Valor: 2,0 pontos Comunicação de Acidentes do Trabalho / Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Valor: 2,0 pontos Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde / Tóxico ‐ Farmacológicas. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE:PSICOLOGIA ESCOLAR/EDUCACIONAL
QUESTÃO 01
Espera‐se que o candidato a psicólogo escolar/educacional faça uma reflexão teórica a partir do caso apresentado, contextualizando a cena, considerando as relações estabelecidas hoje em salas de aulas e no cotidiano escolar como um todo. O processo de crescimento social da violência; a sociedade de espetáculo e de ostentação em que o celular concorre com o professor em sala de aula; a precariedade das relações cotidianas em que se evidencia o individualismo; a tentativa de se estabelecer normas próprias de convivência; a precariedade das condições de trabalho do docente em que o acúmulo de contratos o faz atuar, muitas vezes, nos três turnos de trabalho; o desinteresse constante do aluno frente a uma formação precária de seus professores; e, ainda, a dificuldade desses de se formarem em serviço levando‐os, muitas vezes, a perda da autoridade em sala devem ser evidenciados na dissertação solicitada. Deve, ainda, articular sobre o papel do psicólogo e, para isso, deve fazer referência a algum autor estudado. Algumas autoras e autores têm se dedicado a pensar a relação docente com a escola e com os estudantes como um todo, dentre os quais tem‐se Maria Helena Souza Patto, Maria Lúcia Boarini, Marilene Proença Rebello de Souza, Mitsuko Aparecida Makino Antunes, Sérgio da Silva Leite, entre outros. Fontes:
Disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/aluno‐processa‐professor‐por‐celular‐retirado‐em‐sala‐de‐aula‐perde‐12718573.
AZZI, Roberta Gurgel. GIANFALDONI, Mônica Helena Tieppo Alves (Orgs.) Psicologia e Educação. Série ABEP Formação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
PATTO, Maria Helena Souza. Psicologia e Ideologia: uma introdução crítica à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1984.
_________. Exercícios de Indignação: escritos de Educação e Psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Papel do psicólogo escolar/educacional. Valor: 2,0 pontos Conflitos cotidianos na escola. Valor: 2,0 pontos Precariedade das condições de trabalho do docente. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
Tendo apresentado fragmento da realidade do cotidiano escolar e um fundamento teórico feito por uma profissional estudiosa da área da psicologia escolar, espera‐se que o candidato faça uma análise da cena, necessariamente articulando com os fragmentos do texto de Patto, seja concordando ou discordando da autora, mas fundamentando teoricamente sua posição. Ao se escolher um fragmento dos textos de Maria Helena Souza Patto evidencia‐se seus estudos que tem ao longo dos anos buscando uma necessária reflexão crítica sobre o cotidiano escolar e o papel dos profissionais da educação, entre os quais o papel do psicólogo e da psicóloga escolar frente ao cotidiano escolar. Nesse cotidiano, o aluno tem sido massacrado ao lhe ser atribuído a exclusividade das causas do fracasso escolar como um todo. Em um momento em que as diferenças escolares vão além das diferenças de domínio intelectual de conteúdo e se articulam com a diferença de cor da pele, de endereço, de gênero e outras que podem enriquecer a reflexão solicitada ao candidato.
Fontes:
Disponível em: http://www.perfilnews.com.br/brasil‐mundo/professora‐e‐processada‐por‐deixar‐estudante‐de‐castigo.
PATTO, Maria Helena Souza. Violência nas escolas ou violência das escolas. IN: Exercícios de Indignação: escritos de Educação e Psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Análise da cena. Valor: 2,0 pontos Fragmento da Patto com o texto I. Valor: 2,0 pontos
Fundamentos teóricos mesmo que discordantes de Patto. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
Ao deparar‐se com casos de êxito escolar como o descrito na reportagem em tela, é necessário que o psicólogo escolar possa se perceber partícipe também desses processos exitosos com o desenvolvimento de atividades específicas da área da psicologia, articulada com os outros profissionais da escola. Espera‐se que o candidato consiga descrever no mínimo duas atividades da psicologia escolar no quadro de êxito. Ao apresentar as atividades possíveis: trabalho com grupos de estudantes por turma ou faixa etária, desenvolvimento de intervenções no cotidiano escolar que levem a reflexão constante das relações ali estabelecidas, práticas de leituras comentadas de obras da literatura, atividades artísticas em arte‐educação, formação em serviço dos professores, coordenação de grupo de estudos docentes, dinâmica de grupos com familiares, criação e coordenação de espaço de escuta das queixas escolares e encaminhamento das mesmas para solução, entre outras(os) da mesma e não apenas com a luta quase inglória frente aos problemas escolares que atravessam a vida escolar nos dias atuais. Por se tratar de atividades profissionais com embasamento teórico, o mesmo deve ser apontado como sustentador daquelas atividades apresentadas diante do caso estudado. Fontes:
Disponível em: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/10/04/interna_gerais,694573/tres‐escolas‐publi‐cas‐mineiras‐alcancam‐niveis‐de‐desempenho‐educacional‐comparaveis‐aos‐de‐paises‐de‐primeiro.mundo.shtml.
MEIRA, Marisa Eugênica Melillo; ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino; e outras. Psicologia Escolar: práticas críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Êxito escolar. Valor: 2,0 pontos Mínimo de duas atividades específicas. Valor: 2,0 pontos
Perceber partícipe. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
O candidato deve posicionar‐se criticamente sobre as possíveis reflexões teóricas e práticas da psicologia na escola diretamente relacionada a políticas públicas, fundamentando‐as teoricamente. Sendo assim, será possível avaliar qual a postura profissional do pretendente ao título de especialista em psicologia escolar, o que é algo definidor sobre seu fazer profissional condizente ou não ao título pretendido. A questão trabalha com conteúdos amplos do programa do concurso em tela, o que exige do candidato tão somente uma elaboração escrita a partir de conteúdos propostos para estudos do certame. O fazer do psicólogo escolar deve ser de, no mínimo, acompanhar o processo de transformações da sociedade e garantir que essas transformações adentrem a instituição escolar. Toda e qualquer forma de expressão dos profissionais da psicologia que apontem para qualquer forma de discriminação psicossocial deve ser repudiado. No caso apresentado, cabe ao psicólogo escolar uma posição que garanta as discussões e implemento de estudos e ações escolares frente a questão de gênero e outros considerados polêmicos na definição das políticas de ensino, tanto na rede pública quanto na rede privada de ensino, que, diga‐se, se articulam mesmo ao manterem posturas diferenciadas. O rol de autores e autoras, na psicologia e em áreas afins,
que discutem e escrevem sobre a definição das políticas públicas educacionais é vasto e deve ser trazido ao debate, ao serem citados conforme solicitado. Fontes:
AZZI, Roberta Gurgel. GIANFALDONI, Mônica Helena Tieppo Alves (Orgs.) Psicologia e Educação. Série ABEP Formação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2011.
MEIRA, Marisa Eugênica Melillo; ANTUNES, Mitsuko Aparecida Makino; e outras. Psicologia Escolar: práticas críticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
PATTO, Maria Helena Souza. Psicologia e Ideologia: uma introdução crítica à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1984.
_________. Exercícios de Indignação: escritos de Educação e Psicologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Reflexões teóricas e de práticas da psicologia. Valor: 2,0 pontos Fundamentos na psicologia e/ou áreas afins. Valor: 2,0 pontos
Postura profissional crítica antidiscriminatória. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA HOSPITALAR
QUESTÃO 01
A euforia ou alegria patológica e a elação (ou expansão do eu) constituem a base da síndrome maníaca. Outro fator,
também a ser ressaltado, é o taquipsiquismo (aceleração de todas as funções psíquicas). Normalmente o
taquipsiquismo manifesta‐se como a agitação psicomotora, exaltação, loquacidade ou logorreia e pensamento
acelerado. A atitude geral do paciente maníaco é alegre, brincalhona ou irritada, arrogante. Além das alterações
propriamente do humor e do ritmo psíquico na esfera ideativa, verifica‐se um pensamento em geral superficial e
impreciso, ou seja, o paciente fala mais do que pensa. Dentre os subtipos de síndromes maníacas: hipomania e
ciclotimia pode‐se afirmar que a hipomania é uma forma atenuada de episódio maníaco, que, muitas vezes, passa
despercebida, não recebendo atenção médica. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta
piadas, não se recente com as dificuldades e os limites da vida. Pode ter diminuição do sono, não se sente cansado
após muitas atividades. O característico do hipomaníaco é que muita das vezes o indivíduo e seu meio não são
prejudicados, não há sintomas claramente psicóticos, sendo assim a pessoa acometida nem sempre procura serviços
médicos. Enquanto a ciclotimia, diversos pacientes apresentam, ao longo de suas vidas, muitos e frequentes
períodos de poucos e leves sintomas depressivos seguidos, em periodicidade variável, de certa elação e discreta
elevação do humor. Isso ocorre sem que o indivíduo apresente episódio completo de depressão ou de mania. Os
períodos depressivos se assemelham à distimia. Os pacientes permanecem aos olhos das pessoas no marco da
“normalidade” não sendo conduzidos, na maioria das vezes, a um tratamento médico.
Fonte: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª ed. Porto Alegre:
Artmed, 2008. p. 301,314‐317.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Sintomas das síndromes maníacas. Valor: 2,0 pontos
Atitude do paciente maníaco. Valor: 2,0 pontos
Hipomania e ciclotimia. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
Na visão de Susana Alamy, as anotações em prontuários médicos devem ser feitas com extrema cautela,
considerando que se trata de um documento que várias pessoas têm acesso, sendo composto por uma pasta de
anamnese médica, folha de evolução, folha de prescrição e folha de observação de enfermagem. As anotações que
são feitas pelo psicólogo devem limitar‐se a preservar o sigilo ético inerente à sua profissão, resguardando os
segredos e as confissões do paciente, que só foram revelados por haver confiança no profissional. Deve‐se sempre
garantir a privacidade a que o paciente tem direito. Assim, as anotações do que se observou e se concluiu devem ser
feitas da mesma maneira como faria‐se em consultório particular, guardando‐as em lugar seguro para própria
consulta do psicólogo. As informações de cunho pessoal e que exponham o paciente não devem ficar em arquivos
do hospital, pois não se sabe quem serão os psicólogos sucessores. Em se tratando de prontuário que possa
interessar a uma equipe multidisciplinar, devem ser registradas apenas as informações necessárias ao cumprimento
dos objetivos do trabalho, lembrando que o usuário deve ser informado da existência do prontuário e que deve ser
permitido livre acesso ao mesmo. Este cuidado deve ser tomado mesmo considerando‐se que todos os profissionais
de saúde como: médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais e demais são obrigados ao sigilo profissional. As
anotações feitas por psicólogos são, sem dúvida alguma, muito distintas das anotações médicas, têm suas
peculiaridades e são de cunho interpretativo; por isso dão margens a interpretações equivocadas e inapropriadas.
Fonte: ALAMY, Susana. Ensaios de Psicologia Hospitalar: a ausculta da alma. 2ª Ed. Belo‐Horizonte: Ed. do autor,
2007. p. 157‐159.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Composição de uma pasta de prontuário médico. Valor: 1,5 pontos
Procedimento de anotações do psicólogo. Valor: 3,0 pontos
Seus principais requisitos pessoais e em equipes multidisciplinares. Valor: 1,5 pontos
QUESTÃO 03
De acordo com Camon (2004), a atuação do psicólogo no hospital acontece em diversos setores: ambulatórios,
pediatria, UTI, urgência e emergência; quase sempre é demandado em situações de crise e emergências,
considerando que a pessoa hospitalizada passe por novas situações de adaptação e mudanças na sua rotina diária. O
psicólogo tem por função entender e compreender o que está envolvido na queixa, no sintoma e na patologia, para
ter uma visão ampla do que está se passando com o paciente, a fim de auxiliá‐lo no enfretamento deste difícil
processo, assim como dar à família e à equipe de saúde subsídios para uma compreensão melhor do momentum de
vida da pessoa enferma. Como profissional da saúde, o psicólogo tem, portanto, que observar e ouvir com paciência
as palavras e os silêncios, já que ele é quem mais pode oferecer, no campo da terapêutica humana, a possibilidade
de confronto do paciente com a sua angústia e sofrimento na fase de sua doença, buscando superar os momentos
de crise. É extremamente importante sentir o problema do paciente de forma empática, para que ele “compreenda”
a sua facticidade e até a sua finitude. O objeto de investigação do psicólogo hospitalar será em torno de investigar a
vivência do doente, investigando o que se passa na consciência deste a partir do momento em que vivencia uma
doença; e, através de uma relação envolvente, empática e flexível, visando um encontro real e se afastando a
questão impessoal que permeia o atendimento clínico tradicional. Em torno da assistência psicológica dentro do
hospital busca‐se o alívio emocional do paciente e de sua família. Sendo que, muita das vezes, a ajuda a ser prestada
implica numa mobilização de forças, em que a angústia e a ansiedade estão presentes, pois este “ser doente”
encontra‐se num momento não escolhido de sua vida.
Fontes:
CAMON, Valdemar A. A. E a psicologia entrou no hospital. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003 p. 172‐
175.
CHIATTONE, H. B. C. A significação da psicologia no contexto hospitalar. In Angerami, V. A. (org). Psicologia da
saúde: um novo significado para a prática clínica. São Paulo: Pioneira, 2006.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Atuação do psicólogo no hospital. Valor: 3,0 pontos Objeto de investigação. Valor: 1,5 pontos Assistência psicológica. Valor: 1,5 pontos
QUESTÃO 04
Considerando os fatores mencionados pelo autor Simonette (2004), pode‐se afirmar que na razão prática o psicólogo
precisa saber estimular o paciente a falar e, considerando que o remédio é sempre um tema interessante para quem
está doente, a conversa sobre medicamentos se constitui em ótima estratégia. Na razão clínica, para entender a
situação psicológica vivenciada pelo paciente é preciso considerar se o sintoma é resultado direto da doença, ou se
era um traço de personalidade ou, ainda, se é um efeito de alguma medicação. O psicólogo precisa conhecer os
efeitos psíquicos dos remédios que o paciente está tomando, sob pena de cometer o erro grosseiro de
“psicologizar” os efeitos colaterais de alguma medicação. Outro fator importante a ser considerado, também dentro
da razão clínica, é o fato do paciente não aderir ao tratamento medicamentoso. O fato de um paciente se recusar a
receber a medicação prescrita é uma situação problemática e perigosa para a saúde do paciente e desconcertante
para a equipe médica. Na razão teórica é importante ressaltar que os homens estão usando substâncias químicas
para curar suas doenças e aliviar suas dores, não apenas as físicas, mas também a angústia psíquica, numa busca de
paz, felicidade e prazer que coloca o remédio como autêntico objeto de pulsão. Neste sentido, faz‐se necessário que
o psicólogo tenha noções de farmacologia clínica, domine o vocabulário básico dessa disciplina, saiba quais os
principais grupos de remédios, entenda a questão dos nomes dos remédios como, por exemplo, (nome químico,
nome comercial, nome genérico), para que assim possa direcionar e orientar corretamente a intervenção
psicológica diante da tal situação.
Fonte: SIMONETTI, Alfredo. Manual de Psicologia Hospitalar: O mapa da doença. São Paulo: Casa do psicólogo,
2004 p. 163‐168.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Razão prática. Valor: 2,0 pontos Razão clínica. Valor: 2,0 pontos Razão teórica. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA JURÍDICA
QUESTÃO 01
O candidato deverá citar as fases de investigação policial; processual; e, de execução penal, visto que o objetivo da atuação da psicologia na interface com o direito penal se fundamentará na caracterização da insanidade; na avaliação da capacidade de autodeterminação; na diminuição das dúvidas de veracidade das informações colhidas; nas perícias solicitadas em relação aos casos de progressão de pena e exame suspensão de medida de segurança; na verificação da capacidade de imputação, bem como na verificação da eficácia do processo reeducativo, isto é, reinserção social, probabilidade de reincidência e cessação da periculosidade. O candidato deverá evidenciar, sobretudo, o artigo quarto da referida Resolução o qual traz que é vedado ao psicólogo que atua em estabelecimentos prisionais a realização de exames criminológicos e somente deverá realizar atividades avaliativas visando a individualização da pena quando do ingresso do apenado no sistema prisional. No caso de determinação, cabe ao psicólogo os limites éticos de sua atuação ao juízo. Além disso, poderá ser citado ainda que a Resolução nº 09/2010 determina, mediante atuação junto a outros segmentos, que psicólogo direcione suas práticas para reconstrução de laços comunitários, sociais e familiares no atendimento a egressos e familiares daqueles que ainda estão em privação de liberdade; verificação dos limites impostos à realização de atendimentos a colegas de trabalho, sendo seu dever apontar a incompatibilidade de papéis ao ser convocado a assumir tal responsabilidade (artigo 5º); e, demais apontamentos enumerados pela Resolução, tais como: consideração de políticas públicas, redução da culpabilização do indivíduo, eliminação da exclusão social, compreender os sujeitos em suas realidades histórico cultural. Art. 4º. Em relação à elaboração de documentos escritos: a) Conforme indicado nos Art. 6º e 112º da Lei nº 10.792/2003 (que alterou a Lei nº 7.210/1984), é vedado ao psicólogo que atua nos estabelecimentos prisionais realizar exame criminológico e participar de ações e/ou decisões que envolvam práticas de caráter punitivo e disciplinar, bem como documento escrito oriundo da avaliação psicológica com fins de subsidiar decisão judicial durante a execução da pena do sentenciado; b) O psicólogo, respaldado pela Lei nº 10792/2003, em sua atividade no sistema prisional somente deverá realizar atividades avaliativas com vistas à individualização da pena quando do ingresso do apenado no sistema prisional. Quando houver determinação judicial, o psicólogo deve explicitar os limites éticos de sua atuação ao juízo e poderá elaborar uma declaração conforme o Parágrafo Único. Fonte:
Resolução CFP nº 009/2010. Regulamenta a atuação do psicólogo no sistema prisional. Conselho Federal de Psicologia.
Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp‐content/uploads/2010/07/resolucao2010_009.pdf. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Solicitação Perícia / Direito penal fundamentado. Valor: 2,0 pontos
Emissão de documentos. Valor: 2,0 pontos
Sistema prisional / Avaliação psicológica. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
O candidato deverá evidenciar que as proposições enumeram elementos contraditórios no que concerne ao conceito de família. A primeira explicita um entendimento desprendido dos laços patrimoniais e consanguíneos predominantes no modelo de família nuclear, destacando as configurações subjetivas decorrentes dos vínculos afetivos independentes dos referidos laços, essenciais para constituição da autoimagem, do autoconceito e da identidade dos sujeitos, variáveis estas mediadas pelas relações interpessoais entre os membros que vivenciam e experimentam vínculos emocionais de diferentes formas de expressão. A segunda proposição, contudo, salienta um retorno ao modelo de família nuclear, o que sugere, por sua vez, novamente a consideração dos laços consanguíneos e relações interpessoais entre pares de gêneros opostos para definir a instituição família. Mediante tais considerações, é importante citar que a atuação do psicólogo junto a vara de família deve partir da tentativa de conceber esse conceito, já que a prática envolverá ações frente aos processos de adoção, tutela, separação e divórcio, guarda, regulamentação de visitas e casos de síndrome de alienação parental. No que se refere à atuação vale mencionar, considerando‐se a segunda proposição, que os impactos no processo de adoção podem ser, por exemplo, aumento significativo das dificuldades para que uma criança ou adolescente seja levada para uma família na qual os adultos cuidadores não serão seus pais biológicos, visto que foi outra vez trazida à tona discussões relativas aos papéis sociais e relações de gênero, as quais podem revelar, inclusive, relações desiguais de poder já que marcos jurídicos e psicossociais como a adoção por casais homoafetivos tendem a não serem mais considerados avanços em relação ao estabelecimento de vínculos de afinidade e afetividade. Fonte:
RIGONATTI, Sérgio Paulo. Temas em psiquiatria forense e psicologia jurídica. São Paulo: Vetor, 2003.
SERAFIM, A.P. & SAFFI, F. Psicologia e Práticas Forenses. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2014.
SILVA, Denise Maria Perissini. Psicologia jurídica no processo civil brasileiro. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. 6ª ed. Livraria do advogado: Porto Alegre, 2013.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Atuação do psicólogo junto a vara de família. Valor: 2,0 pontos
Impactos nos processos de adoção. Valor: 2,0 pontos
Concepção do Estatuto da Família. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
O candidato deverá mencionar que a interface entre a psicologia e o direito não se restringe exclusivamente ao comportamento decorrente de uma doença mental e com as causas de criminalidade. Ela envolve os estudos das relações interpessoais enquanto fatores existentes e influentes em dado contexto social inerente a qualquer processo e espaço jurídico mesmo que a prática forense pela psicologia tenha sido iniciada em 1962, regulando a realização de perícias e emissão de pareceres. Além disso, a interação com outras ciências e o direito caracteriza‐se por se bidirecional, ou seja, de influência recíproca, visto que as áreas de estudo sobre o psiquismo se configuram como fundamentais ao operador do direito na elaboração e execução de leis, já que as alterações de condutas podem interferir na responsabilidade penal e na capacidade civil. As figuras permitem observar ainda a historicidade da preocupação de filósofos, médicos, psicólogos e juristas em diferenciar as características funcionais e comportamentais de doentes mentais e da possível correlação com condutas violentas e criminosas, haja vista as primeiras notificações da prática de avaliação médico‐legal atribuídas aos hebreus, os quais usavam de serviços médios para anulação de casamento, esterilidade e homicídio, por exemplo, embora o primeiro embate médico jurídico tenha ocorrido com o caso do francês Pierre Riviere, que degolou a mãe, a irmã e o irmão, quando a verdade jurídica foi obtida por meio de exame criminológico para identificação de motivações e intenções do autor do triplo homicídio. O resgate histórico permite observar de forma mais detalhada a relação ou interface propostas pelas figuras: na Grécia antiga se recorria às parteiras como peritas em questões judiciárias; no direito romano as inspeções eram feitas tanto por juízes quanto por peritos; na França de 1370, já se usava de perícia gráfica para os casos de falsificação, inclusive para a sustentação da decisão e sentença; surgimento da medicina legal em 1532 com
o Código Criminal Carolino, o que permitiu a proteção aos alienados mentais, sobretudo com a fundação da psicopatologia forense, ainda que somente no século XIX é promulgada a legislação de proteção do alienado, o que aconteceu também na mesma época no Brasil. Ou seja, doentes mentais que cometessem crimes não seriam julgados, seriam considerados inimputáveis pela Lei de 4 de junho de 1835. Fonte:
RIGONATTI, Sérgio Paulo. Temas em psiquiatria forense e psicologia jurídica. São Paulo: Vetor, 2003.
SERAFIM, A.P. & SAFFI, F. Psicologia e Práticas Forenses. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2014.
SILVA, Denise Maria Perissini. Psicologia jurídica no processo civil brasileiro. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. 6ª ed. Livraria do advogado: Porto Alegre, 2013.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Interface entre a psicologia e o direito. Valor: 2,0 pontos Interação com outras ciências e o direito. Valor: 2,0 pontos
Resgate histórico. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
O candidato deverá mencionar que as sentenças I e II se convergem devido ao fato de a primeira trazer elementos que viabilizem a alteração proposta na sentença II, assim como a sentença IV, pelo menos em parte, também apresente dados que sustentem tal proposta. Contudo, essa mesma sentença adverte para o fato de serem os jovens também os que mais sofrem com agressões e atos violentos, chamando a atenção para aspectos positivos quanto negativos evidenciados no curso de desenvolvimento de adolescentes e jovens como é explicitado pela sentença III. Em outros termos, é preciso cuidado na atuação de um ato infracional e na denominação da delinquência juvenil, tendo em vista que a transgressão é positiva quando relaciona‐se às estratégias que têm por objetivo a procura de solução de conflito e no sentido de busca por adaptação. Caso contrário, caberá à psicologia identificar os fatores precipitadores para a ocorrência de condutas delinquentes, as quais tendem a atingir um pico de ocorrência entre os 15 e os 17 anos, com declínio na idade adulta. Isso significa haver necessidade de uma análise multifatorial, visto que práticas parentais ineficazes, ausência de monitoramento parental, maus tratos, abusos físicos e emocionais, a exposição à violência de um dado ambiente são considerados fatores etiológicos para a prática de atos infracionais. Em relação ao ECA, tais informações evidenciam que a clareza do documento quanto a inimputabilidade não significa automaticamente impunidade, o qual tem o objetivo de regular as responsabilidades do adolescente. Diante do exposto, a prática do psicólogo junto às UIPs, pautada na relação entre saúde mental e criminalidade, requer que ele investigue variáveis que incidam sobre o adolescente e seu modo de vida, aprofundando estudos sobre as condições psicológicas, socioculturais e familiares, a fim de atender às necessidades desse indivíduo, bem como estabelecendo correlações com variáveis potencializadoras da prática do ato infracional. Em relação à prática nas unidades de internamento para cumprimento de medida em privação de liberdade, envolve assistência psicoterápica, aconselhamento psicológico e orientação familiar, visto que a prática do ato infracional se constitui fator de alteração à saúde mental do adolescente. Fonte:
RIGONATTI, Sérgio Paulo. Temas em psiquiatria forense e psicologia jurídica. São Paulo: Vetor, 2003.
SERAFIM, A.P. & SAFFI, F. Psicologia e Práticas Forenses. 2ª ed. São Paulo: Manole, 2014.
SILVA, Denise Maria Perissini. Psicologia jurídica no processo civil brasileiro. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.
TRINDADE, Jorge. Manual de psicologia jurídica para operadores do direito. 6ª ed. Livraria do advogado: Porto Alegre, 2013.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Aspectos convergentes e divergentes. Valor: 2,0 pontos Função do psicólogo. Valor: 2,0 pontos Delinquência juvenil. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
QUESTÃO 01
A) O candidato deverá citar as necessidades estéticas, cognitivas e neuróticas. As duas primeiras asseguram ao indivíduo a saúde psicológica e, geralmente, são evidenciadas em características como a organização e a harmonia de estilo pessoal ou organizacional, associadas com busca por atualização de conhecimento, inovação técnica e de alternativas de execução de uma determinada função. Segundo Maslow, pessoas que evidenciam tais necessidades tendem a ser altamente produtivas no trabalho, desenvolvem bons relacionamentos interpessoais com colegas e superiores; são autodeterminantes e investem na carreira e crescimento pessoal já que concebem o trabalho como desafiante, fonte de inovação e realização pessoal. A outra necessidade é a neurótica, a qual evidencia características improdutivas dos sujeitos já que tendem a perpetuar um estilo de vida pouco saudável, sem quaisquer tipos de mobilização para o crescimento pessoal ou profissional; não são autodeterminados e tendem ao estabelecimento de vínculos sociais frágeis e pouco confiáveis, dependentes afetivamente ou até mesmo envolvimento em relações de poder desiguais e comprometedoras das relações, sobretudo, de trabalho. O candidato poderá citar, ainda, perfis empreendedores e líderes nas organizações, que são asseguradores da inteligência emocional em uma equipe profissional; bem como os indivíduos, com autoestima baixa, sem determinação para realização pessoal e profissional, o que os deixam frustrados e suscetíveis e vulneráveis em relação à saúde.
B) O candidato deverá explicitar que os pontos divergentes entre os autores estão, quando se trata da teoria X, na
concepção de trabalho. Isto é, esta teoria enfatiza o controle e, com isso, revela que o homem não é motivado nem quer se desenvolver pelo trabalho, visto que é sempre controlado e punido para a realização de tarefas e atividades. Já para Maslow, o trabalho é uma das maneiras pelas quais um indivíduo se autorrealiza e encontra prazer pessoal. O ponto convergente entre as duas teorias é a proposta da teoria Y, cuja ênfase é na pessoa, na motivação para o desenvolvimento, o que representa importância das relações e da cultura nos aspectos de gestão e lideranças.
Fontes:
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, 2004.
FEIST, J. & FEIST, G.J. Teorias da personalidade. 6ª ed. São Paulo: McGraw Hill, 2008.
HALL, C. S.; LINDZAY, G.; CAMPBELL, J. B. Teorias da personalidade. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
ZANELLI, J.C., Borges‐Andrade, J.E., & Bastos, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Contexto de trabalho e organizacional. Valor: 2,0 pontos Relação entre trabalho, subjetividade e saúde psíquica. Valor: 2,0 pontos Pontos convergentes e divergentes. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
O candidato deverá explicitar que o estresse, especificamente no âmbito ocupacional, pode ser entendido como uma “reação tensional experimentada pelo trabalhador diante de agentes estressores que surgem no contexto de trabalho e que são percebidos como ameaças a sua integridade” (Gondim & Siqueira, 2014, p. 306). Mais do que uma reação tensionada, o Burnout consiste em um conjunto de respostas prolongadas a agentes estressores do contexto de trabalho, envolvendo não somente percepção de ameaças, mas o sentimento de ineficácia pessoal, a despersonalização e exaustão, que são traduzidos em sinais físicos e mentais de diversas outras doenças, dentre eles, fadiga muscular, isolamento social, apatia, distanciamento do trabalho etc. Mediante tal contexto, um psicólogo do trabalho e organizações pode planejar e desenvolver uma equipe com: clarificação das características das tarefas; elencar indicadores de conflitos ou ambiguidade de papéis, a carência de suporte social, de informações sobre o trabalho e de flexibilização dos processos; identificar os processos de tomada de decisão visto que eles envolvem emoções positivas e negativas, os procedimentos de avalição de desempenho; regulação, competência e inteligência emocional de líderes e gestores de forma transformacional e qualificadores da relações intra e intergrupais; e, atenção ao contexto do trabalho, às demandas dos sujeitos para preservação do bem‐estar pessoal e dos vínculos organizacionais saudáveis. Estas são as dimensões a serem consideradas e fundamentadas acadêmica e cientificamente. Além de tais dimensões, assegurar a existência de um ambiente físico seguro e confortável; condições de trabalho capazes de gerar satisfação e oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. Fontes:
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, 2004.
GONDIM, S. MG., & SIQUEIRA, M. M. S. Emoções e afetos no trabalho. In Zanelli, J.C.; BORGES‐ANDRADE, J.E., & BASTOS, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 285‐315.
SIQUEIRA, M. M. M. et al. Medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 344.
ZANELLI, J.C.; BORGES‐ANDRADE, J.E., & BASTOS, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Relação entre estresse e Burnout. Valor: 2,0 pontos Organização por meio de uma intervenção. Valor: 2,0 pontos
Comportamento organizacional, emoções e qualidade de vida no trabalho. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
A) O candidato deverá indicar que os elementos são: cultura, fundadores e colaboradores, comportamento organizacional e resultados, os quais constituem um processo por meio do qual são expressas a visão, a estratégia e as experiências dos integrantes da organização no pleno funcionamento desta. Envolve a descrição de comportamentos aceitos ou não, bem como a manutenção de tradições. No que concerne aos fundadores, salientar que são importantes o desenvolvimento e a implementação de uma perspectiva de organização compartilhada e de uma estratégia para empreendimentos. Além disso, explicitar que o comportamento organizacional (ações) é coerente com a implementação da referida perspectiva e da partilha de estratégias que assegurem a consolidação do empreendimento (princípios e valores), revelados em sucesso financeiro e altos indicadores de desempenho pautados em aceitação e legitimidade de uma realidade organizacional historicamente construída. No entanto, quando isso não ocorre, as soluções geralmente não são consensuais, o que ocasiona ampla ansiedade no grupo, visto que é visível a inexistência de padrões que designem ordenamento e consistência de conhecimentos e pressupostos de como enfrentar questões decorrentes de adaptação externa e de integração interna, bem como de valores que norteiam a seleção, as opções e avaliações feitas pelos indivíduos colaboradores. Consequentemente, em um ciclo vicioso, resultados tanto financeiros quanto de desempenho serão comprometidos.
B) O candidato deve explicitar, inicialmente, a dificuldade de estabelecer um consenso nas definições de cultura
organizacional e que isso contribui para a aplicação de diversos métodos, qualitativos, quantitativos, dentre outros, para investigação dessa variável. Dentre eles, o candidato poderá citar: visões emic (a cultura é descoberta a partir do ponto de vista narrativo das pessoas que estão inseridas em uma dada organização); etic (descrição padronizada e sistematizada de elementos fundamentais da cultura pautados na perspectiva do ser humano que está fora da organização); a triangulação intra e intermétodos, que consiste na combinação de diferentes perspectivas metodológicas para verificabilidade da validade externa, quanto da consistência interna e a confiabilidade dos elementos da cultura organizacional; o método clínico conforme citado no fragmento II; e o método de “decifrar a cultura da empresa”, ou seja, uma espécie de grupo focal por meio do qual define‐se o problema do negócio, compreende‐se ou se revê o conceito de cultura, identifica‐se artefatos visíveis, os valores e como eles se relacionam, repetição desse processo com os diferentes grupos organizacionais e a avaliação dos pressupostos básicos compartilhados. Além disso, deve ressaltar que as tendências contemporâneas visam o emprego de métodos condizentes com a realidade organizacional, personalizado, compatível com a natureza do objeto de investigação e com os pressupostos que norteiam a visão de mundo do pesquisador.
Fontes:
ZANELLI, J.C.; BORGES‐ANDRADE, J.E., & BASTOS, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
SIQUEIRA, M. M. M. et al. Medidas do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 344.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Cultura organizacional. Valor: 2,0 pontos Relação entre comportamento e valores organizacionais. Valor: 2,0 pontos
Diagnóstico e/ou de investigação da cultura organizacional. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
O candidato deverá explicitar as concepções clássica, capitalista tradicional e marxista. Discutir acerca de cada uma os tipos de regime trabalhistas que as marcaram, tais como escravocrata, contrato (emprego) e categorias de classes dos trabalhadores. Deve evidenciar as transformações do conceito de trabalho com todas as variáveis que atravessaram e continuam atravessando esse conceito, tais como: ócio, glorificação e dignidade, e o caráter ontológico por vincular‐se à condição humana. Essas transformações, por outro lado, descrevem histórica e realmente o trabalho, visto que evidenciam degradação e desgaste; dicotomias entre mercadoria e econômica ou concepção e execução de atividades; disciplina, hierarquia horizontalizada, relações de poder que perpassam por coerção versus saber. Além disso, é importante que o candidato evidencie os valores atribuídos ao trabalho em cada uma das concepções supracitadas, os quais abrangeram ócio, capacidades ou competências individuais, padronização, produção de identidades, dignificação e proteção do Estado, dentre outros. Em pontos convergentes e divergentes, o candidato deverá, por fim, evidenciar todo o processo de origem organizacional e como ele recebeu e ainda recebe influências dessas concepções e as adequa ao contexto contemporâneo de tecnologias, fluidez e volatilidade tanto de relações entre os sujeitos que realizam o trabalho, mas que não são desprendidas das transformações pautadas inclusive em lazer e laço social, quanto do contexto socioeconômico em que esteja circunscrita uma determinada organização, as duas mais novas concepções sobre o trabalho. Fontes:
BORGES, L.O. & Yamamoto, O.H. Mundo do trabalho: construção histórica e desafios contemporâneos. In: ZANELLI, J.C., Borges‐Andrade, J.E., & Bastos, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 25‐72.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, 2004.
FISCHER, A.L. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas. In: As Pessoas na organização. São Paulo: Editora Gente, 2004.
ZANELLI, J.C., Borges‐Andrade, J.E., & Bastos, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Concepções de trabalho. Valor: 2,5 pontos Papéis /Descrições / Valores destacados. Valor: 2,5 pontos Processo de origem e desenvolvimento das organizações. Valor: 1,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOLOGIA SOCIAL
QUESTÃO 01
O candidato deverá mencionar o preconceito e a discriminação social frente às características étnico‐raciais (figuras
1 e 2), de gênero e orientação sexual (figuras 2 e 3). As práticas de intervenção psicossocial, para as categorias
destacadas, têm por objetivo alcançar mudanças macrossociais por meio da implementação, inicial, do método de
pesquisa participante para o reconhecimento da demanda e das potencialidades locais, para, dessa forma, viabilizar
o desenvolvimento de consciência crítica e de autonomia acerca da realidade marcada por preconceito,
estereótipos, discriminação e até por atos extremistas, tais como: agressões e violências étnico‐racial ou de gênero
e orientação sexual; e outras construções inerentes a comunidade. Contudo, tal intervenção envolve várias
problemáticas, desde o vazio metodológico dos profissionais decorrente do desconhecimento teórico das vertentes
que norteiam o trabalho na comunidade, até ao completo descaso do poder público pela ausência de políticas para
assistência comunitária integral, o que desencadeia frustração nos profissionais envolvidos, bem como o risco da
reprodução de um contexto social caracterizado por ideologia fatalista, transmitida por organizações institucionais e
processos de socialização, que envolvem a educação doméstica, a escola, a igreja e o trabalho. Um modelo de
intervenção alternativo para evitar tais riscos e romper com o ciclo vicioso retratado pelas figuras é o proposto por
Maritza Montero, por meio do paradigma da construção e transformação crítica, o qual envolve as dimensões
ontológica, epistemológica, metodológica, ética e política, essenciais a uma comunidade em situação de
intervenção, que sempre é marcada por relações de poder e tem por escopo a oposição ao caráter dominante das
relações e instituições sociopolíticas. É somente por meio de um modelo de abrangência de todas as referidas
dimensões que será possível propiciar a problematização das práticas sociais especialmente no que diz respeito à
atuação dos profissionais nas comunidades.
Fontes:
ANSARA, Soraia. & DANTAS, Bruna Suruagy do Amaral. Intervenções psicossociais na comunidade: desafios e
práticas. Psicologia & Sociedade, 2010. 22 (1): 95‐103. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v22n1/
v22n1a12.pdf.
CAMPOS, R.H.F. & LANE, S.TM. (orgs). Psicologia social comunitária. 9ª ed. Petrópolis, 2003. Vozes.
PEREIRA, Anderson. Psicologia em comunidades: um olhar a partir da perspectiva latino‐americana. Diálogos &
ciência, 2007. Ano V, n. 10.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Práticas de intervenção psicossocial. Valor: 2,0 pontos Vazio metodológico dos profissionais. Valor: 2,0 pontos
Modelo de intervenção. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
O candidato deverá mencionar que, a partir das décadas de 1930 e 1940, Moreno e K. Lewin trazem significativas
contribuições para a compreensão da composição de um pequeno grupo social. Moreno, com o psicodrama e a
sociometria, ajuda no entendimento das relações de aproximação e afastamento, quanto de preferência e rejeição,
tanto em grupos quanto em comunidades. Lewin é quem vai criar o termo dinâmica de grupo por meio das análises
do espaço topológico e o sistema de forças com vistas a captar a dinâmica que ocorre quando indivíduos
estabelecem algum tipo de interdependência por meio da realização de alguma tarefa ou por atração ou afeição.
Além disso, dedicou‐se também à análise da influência dos estilos de liderança e do clima grupal. Nessas
perspectivas, os pequenos grupos possuem a função de definir papéis, a identidade e a produtividade social.
Contudo, devido às definições que enfatizam a pluralidade de indivíduos em contato uns com os outros, que se
consideram mutuamente e que são conscientes de que possuem alguma coisa significativamente importante em
comum, é possível dizer que os pequenos grupos sociais visam o contato entre pessoas e a interdependência dos
membros, conforme foi apontado nas sentenças I e II. A sentença III, em continuidade à compreensão do que seja
um grupo ou o processo grupal, sinaliza as contribuições trazidas pelos autores citados nesse item. Loreau parte do
entendimento das relações grupais estabelecidas no interior de uma instituição, caracterizando grupos em termos
de grupo‐objeto, ou seja, um grupo de sujeitos justapostos para realização de um trabalho e onde a divisão do
trabalho determina hierarquias de poder. Não muito diferente, Lapassade também propõe uma análise institucional
do grupo, porém, por uma compreensão dialética, identificando serialização e totalização de um grupo, em um
entendimento de que o grupo nega a si mesmo ainda que haja um objetivo comum ou uma relação de soma entre
os membros. Além disso, define “grupo‐terror”, pelo qual se evidencia a figura de poder, a manutenção do status
quo, e ao qual se opõe o grupo vivo, caracterizado por relações de igualdade e por autogestão. Diferentemente do
que se observa na definição da proposição I e nas proposições dos autores citados, Pichon‐Riviere entende o grupo
como um conjunto restrito de indivíduos ligados entre si por variáveis de tempo e espaço. A partir dessa
compreensão desenvolve uma técnica operativa para instrumentalizar a ação grupal na resolução de conflitos
internos, os quais são oriundos de medos e ansiedades decorrentes de perda do equilíbrio ou frente a mudanças, o
que consequentemente acaba por prejudicar a comunicação e linguagem. Independente do que é proposto por tais
autores, é possível identificar um consenso no que se refere à função de todo e qualquer grupo, a qual abarca uma
compreensão histórica e contextualizada conforme instituições, ideologias e determinações econômicas, ou seja,
uma concepção histórica de manutenção e transformação das relações sociais desenvolvidas em decorrência das
relações de produção.
Fontes:
JACQUES, M. G. C.; STREY, M. N.; BERNARDES, N. M. G.; GUARESCHI, P. A.; CARLOS, S. A., & FONSECA, T. M. G.
Psicologia social contemporânea 8ª ed. Petrópolis, 2003. Vozes.
LANE, S.T.M. & CODO, W. Psicologia Social – o homem em movimento. 11ª ed. São Paulo, 1993. Brasiliense.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
J.L. Moreno e K. Lewin / Conceito. Valor: 2,0 pontos
Perspectivas de Loureau, Lapassade e Pichon‐Riviére. Valor: 2,0 pontos Consenso / Função de todo e qualquer grupo. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
O candidato deverá mencionar que as instituições constituem uma via de acesso à comunidade por revelarem ou expressarem manifestações e concretizações das realidades da vida em sociedade. Sem necessidade de um estabelecimento, são atravessadas pelo simbolismo de leis, regras, códigos e ideologias e, com isso, impõem costumes, prêmios e punições, transmitem valores e estabelecem limites; são produtoras de sujeitos e objetos, evidenciando uma relação fundamentada na identidade social, cultural e política, concretizada na prática cotidiana e mobilização de investimentos e representação em atores sociais e, por fim, possibilitando a identificação com o conjunto social. O acesso à comunidade pela instituição é viabilizado por um saber que é próprio da realidade social e dos atores nela envolvidos, o que demanda o emprego de métodos compatíveis com essa realidade; que abranja as relações homem – cultura – meio ambiente. Destacam‐se, pois, a pesquisa‐ação, que une saberes e fazeres, ou seja, investigando o saber também de quem faz e vive a comunidade e, consequentemente, alcançando a aproximação da complexidade real do contexto com o saber acadêmico; e as histórias de vida, que permitem apreender a interação entre vida individual e social, uma verdade subjetiva do grupo (família, trabalho, educação...), que se apresenta na história de um sujeito. O referido acesso não é somente pelo método que une saberes e fazeres, mas também por uma ética crítica e propositiva, a qual está em constante processo de se fazer e estar presente nas relações humanas existentes, atualizando‐se nas contradições, por questionamentos e críticas, propondo novos desafios e exigências também reelaborados, redimensionados, refeitos em uma constante busca por crescimento e transformação. Fontes:
ANSARA, Soraia. & DANTAS, Bruna Suruagy do Amaral. Intervenções psicossociais na comunidade: desafios e práticas. Psicologia & Sociedade, 2010. 22 (1): 95‐103. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v22n1/ v22n1a12.pdf.
CAMPOS, R.H.F. & LANE, S.TM. (orgs). Psicologia social comunitária. 9ª ed. Petrópolis, 2003. Vozes.
PEREIRA, Anderson. Psicologia em comunidades: um olhar a partir da perspectiva latino‐americana. Diálogos & ciência, 2007. Ano V, n. 10.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Instituição / acesso à comunidade. Valor: 2,0 pontos
Saber / fazer / ética. Valor: 2,0 pontos
Dimensão crítica / propositiva. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
O candidato deverá mencionar que é a partir de Wundt, quando há o propósito de tornar a psicologia ciência, é acentuada a crise de paradigmas, visto que o racionalismo cartesiano e neocartesiano (positivismo e neopositivismo), mesmo com o rigor do método científico, não solucionam a problemática instaurada acerca da racionalidade científica. Esta, por sua vez, exclui elementos que seriam os de principal interesse da psicologia social. Isto é, reduz a complexidade da realidade social em prol da mensuração. Ademais, mesmo Wundt rompendo com esse paradigma ao propor o estudo dos homens e da sociedade (Folk Psychology), não rompe completamente com o modelo de racionalidade das ciências naturais o que, consequentemente, reforça a crise em um contexto que exige uma reflexão crítica, evidencia a pluralidade e a diversidade, as quais continuam sinalizando para um quadro de fragmentação em detrimento de uma unidade no cerne dessa disciplina. Uma das tentativas de se obter consenso e unidade foram as propostas de funcionalidade à psicologia social por meio das diferentes perspectivas que compõem seu arcabouço teórico. Em outros termos, com tais perspectivas buscava‐se a aplicabilidade as muitas situações, contextos e condutas sociais, por meio de interpretações e comparações. Essas teorias foram a dos papéis, do reforço, a cognitiva, da interação simbólica e da evolução. Contudo, todas com contribuições e limites culminaram, inicialmente, em uma dualidade ou continuidade da fragmentação no cerne da Psicologia Social, levando os autores a enfatizarem a existência de duas psicologias sociais: a psicológica e a sociológica, priorizando, respectivamente, processos intraindividuais que motivam respostas sociais e os fenômenos decorrentes de agrupamentos e da sociedade. Em uma nova tentativa de romper com essa divisão e contribuir para novos espaços
de reflexão e crítica diante de um contexto rico em complexidades, relações não lineares, multiplicidade e a descentralização do sujeito e da razão é inaugurada a vertente denominada por psicologia social crítica ou psicologia social histórico‐crítica, cuja proposta é posicionar‐se criticamente em relação às instituições, organizações e práticas sociais contemporâneas; bem como ao conhecimento até então produzido pela psicologia social a esse respeito, posicionando‐se, pois, contrariamente à opressão e à exploração sociais, visando a promoção da mudança social enquanto estratégia de assegurar o bem‐estar do ser humano. Fontes:
JACQUES, M. G. C.; STREY, M. N.; BERNARDES, N. M. G.; GUARESCHI, P. A.; CARLOS, S. A., & FONSECA, T. M. G. Psicologia social contemporânea (8ª ed.) Petrópolis, 2003. Vozes.
MICHENER, H.A.; DELAMATER, J.D. & MYERS, D. J. Psicologia Social. São Paulo, 2005. Pioneira Thomson Learning.
FERREIRA, M.C. A Psicologia Social Contemporânea: Principais Tendências e Perspectivas Nacionais e Internacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010, Vol. 26 n. especial, p. 51‐64.
TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Wundt / Crise de paradigmas. Valor: 2,0 pontos
Psicologias sociais / a psicológica e a sociológica. Valor: 2,0 pontos Psicologia social crítica ou psicologia social histórico‐crítica. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOMOTRICIDADE
QUESTÃO 01
A Reabilitação Psicomotora (RPM), de modo geral, visa dar ao corpo uma linguagem, que é a linguagem do próprio corpo e da própria consciência da criança. O importante da RPM não são os movimentos ou as ações em si, mas sim, o ato, o gesto planificado, semantizado e simbolizado. O indivíduo vive na RPM a dimensão de receptor, de espectador e de ator, sempre em permanente autorregulação, visto que se pretende que “o corpo se assuma como agente de expressão”. Os modelos de reabilitação na criança, quer na esfera da psicomotricidade, quer na psicolinguística, devem visar não só a modificação de determinadas atividades psicológicas que consubstanciam a aprendizagem, como devem igualmente visar à modificação da organização cerebral. Com as situações concretas que traduzem uma determinada orientação reabilitacional pretende‐se criar condições que levem a própria criança a organizar o seu próprio cérebro, isto é, as situações de aprendizagem devem ser implementadas de tal forma que a criança reorganize as suas anteriores aprendizagens para, paralelamente, reorganizar os subsistemas cerebrais a elas adstritos. Apesar de ser comum professores e terapeutas estarem mais envolvidos no que fazer na prática, não restam dúvidas que o conhecimento e a significação psiconeurológica das causas das dificuldades dos reabilitandos podem permitir superar o tradicional empirismo que caracteriza tal tipo de intervenção. Contudo, deve‐se admitir que o campo da reabilitação exige uma abordagem experimental, a fim de poder ajudar na criação de alternativas reabilitacionais. Fonte: FONSECA Vitor Da. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica sob fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995 p. 306‐307. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Funções da Reabilitação Psicomotora. Valor: 2,0 pontos
O modelo de (RPM) na criança. Valor: 2,0 pontos
Situações de aprendizagem. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 02
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1999), a psicomotricidade “é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento, e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas”. Sendo assim, a psicomotricidade pode ser considerada como uma nova ciência que cuida do indivíduo a partir de seu corpo e de sua capacidade psíquica de realizar movimentos. É importante ressaltar que não se trata da realização do movimento propriamente dito, mas da atividade psíquica que transforma a imagem para a ação em estímulos para os procedimentos musculares adequados. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito, cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. A psicomotricidade recebeu contribuições e influências de outras ciências, como a psiquiatria, a psicanálise, a pedagogia e a psiconeurofisiologia, principalmente a partir de observações feitas pelo médico neurologista Ernest Dupré, no ano de 1907, pois este médico definiu claramente, através de estudos clínicos, o que era debilidade motora, instabilidade motora e diferenças entre tiques, sincinesias e paratonias, fatores estes de grande relevância para a psicomotricidade. Outro autor importante para o surgimento
da psicomotricidade foi Henri Wallon. Ele, diferentemente de Dupré que relacionou a motricidade com a inteligência, estudou a relação da motricidade e o caráter. Isso permitiu relacionar o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos da criança. Para Wallon, a consciência, o conhecimento e o desenvolvimento geral da personalidade não podem ser isolados das emoções. Wallon forneceu também importantes informações sobre o desenvolvimento neurológico do recém‐nascido e da evolução psicomotora da criança. Fonte: LERMONTOV, Tatiana. Psicomotricidade na Equoterapia. Aparecida, São Paulo: Ideias e letras, 2004, p. 20‐22. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Psicomotricidade como ciência. Valor: 2,0 pontos
Argumentação / Objetivo / Contribuição. Valor: 2,0 pontos
Ernest Dupré, e Henri Wallon. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
O jogo simbólico espontâneo é o meio de abordagem privilegiado da psicomotricidade relacional e ele pode ser compreendido numa linguagem semiótica, pois o jogo simbólico faz parte do discurso do sujeito. Na vivência psicomotora, ele é incentivado, liberado e desculpabilizado, para que a cadeia semiótica possa correr no espaço vivencial o mais livremente possível. Com a criança, o processo do jogo simbólico, aproveita‐se da expressão infantil espontânea, através de ícones e índices e estimula que ela possa, progressivamente, chegar aos símbolos, com um discurso mais claro e mais evoluído. Neste sentido, a criança poderá falar de sua raiva e exigir os seus direitos, ao invés de investir agressivamente. Poderá exprimir de modo mais claro, suas demandas afetivas, revelando seus desejos. Ela passa a ser mais livre para desejar e afirmar sua identidade. Já com o adulto, o processo se inverte. Com o intuito de remanejar os mapeamentos psíquicos, a psicomotricidade relacional propõe num primeiro momento a des‐simbolização. Trata‐se de uma regressão semiótica, de fazer apelo a um discurso mais icônico e indicial, deixando de lado os símbolos, sobretudo as palavras, pedindo ao adulto que não verbalize durante as vivências para depois dessa nova tradução intersemiótica do jogo simbólico, voltar‐se ao processo de simbolização e de re‐arranjo dos signos marcados que puderam se expressar intersemioticamente. Assim, novas formas relacionais poderão ser liberadas no discurso psicomotor, novas estratégias de relacionamento ganhariam novos mapeamentos e a angústia diminuiria, permitindo, assim, ações mais livres e autênticas. Fonte: CABRAL, S. V. Psicomotricidade Relacional: Prática clínica e escolar. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2001, p. 23‐35. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Simbolismo lúdico. Valor: 2,0 pontos
Processo do jogo simbólico com a criança. Valor: 2,0 pontos
Processo do jogo simbólico com o adulto. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
O exame psicomotor livre é utilizado na avaliação psicomotora clínica, em consultórios para o diagnóstico de crianças com possíveis dificuldades psicocorporais. Ele associa‐se ao exame psicomotor com provas padronizadas, devendo ser usado em um dia em que não se aplica mais testes no máximo apenas um desenho da figura humana ou da família, antes da observação do jogo livre. A criança deverá ser colocada diante de um conjunto de objetos e deverá ser sugerido a ela que brinque livremente, podendo realizar qualquer tipo de atividade. Os objetos para a realização deste exame deverão ter um caráter dinâmico e, assim, se tornando mediadores da relação. Dentre os objetos podem utilizar‐se bolas, bambolês, cordas, algum instrumento de percussão como flauta, algum jogo ou quebra‐cabeça, como material mais estruturado, dentre outros. A atividade que a criança estabelece a partir desses objetos permite pôr em foco o investimento que ela faz do espaço dos objetos e dos seus movimentos, num tempo e num espaço determinados, além de levantar pistas sobre a relação estabelecida entre ela e o observador. Considerando ainda que todo o elemento observado durante esse momento nos falará do modo de ser e de
relacionar da criança, portanto, também é importante observar o conteúdo simbólico do jogo. A observação de sua performance permite confirmar o seu estilo psicomotor, mais hipercinético ou inibido, revela possíveis atrasos motores para andar, correr, saltar ou utilizar a coordenação viso‐motora, além de se poder observar elementos dos tônus, como sincinesias e paratonias. De modo geral, o observador pode concluir diante do exame psicomotor livre que os elementos que foram vistos nos exame psicomotor padronizado vão ser observados, agora, em situação livre. Sendo assim, a análise de tudo o que foi observado irá nos ajudar no estabelecimento do diagnóstico psicomotor e a subsequente abordagem terapêutica de cada caso. Fonte: CABRAL, S. V. Psicomotricidade Relacional: Prática clínica e escolar. Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2001, p. 133, 136, 137. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Exame psicomotor livre. Valor: 2,0 pontos
Objetivo da aplicação, direcionamento e objetos utilizados. Valor: 2,0 pontos
Observações realizadas e conclusões do observador. Valor: 2,0 pontos
PADRÃO DE RESPOSTA – PROVA DISCURSIVA
CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS – CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA
ESPECIALIDADE: PSICOPEDAGOGIA
QUESTÃO 01
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial. Para entender a relação entre desenvolvimento e aprendizagem, em Vygotsky, torna‐se necessária a compreensão do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal. Segundo este autor, a Psicologia sempre esteve preocupada em detectar o nível de desenvolvimento real do indivíduo. Vygotsky aponta a existência de um outro nível de desenvolvimento – o proximal ou potencial – que, tanto quanto o nível real, deve ser considerado na prática pedagógica. Quando alguém não consegue realizar sozinho determinada tarefa, mas a faz com a ajuda de outros parceiros mais experientes, está nos revelando o seu nível de desenvolvimento proximal, que já contém aspectos e partes mais ou menos desenvolvidas de instituições, noções e conceitos. Portanto, o nível de desenvolvimento mental de um aluno, não pode ser determinado apenas pelo que consegue produzir de forma independente; é necessário conhecer o que consegue realizar, muito embora ainda necessite do auxílio de outras pessoas para fazê‐lo. O conhecimento do processo que a criança realiza mentalmente é fundamental. O desempenho correto nem sempre significa uma operação mental bem realizada. O acerto pode significar, apenas, uma resposta mecânica. Daí a importância do professor conhecer o processo que a criança utiliza para chegar às respostas. Do mesmo modo, conhecendo esse processo, e intervindo, provocando, estimulando ou apoiando quando a criança demonstra dificuldade num determinado ponto, torna‐se possível trabalhar funções que ainda não estão de todo consolidadas. Quando não consideramos estas funções que se encontram em processo de consolidação, deixamos de atuar na Zona de Desenvolvimento Proximal. Através de experiências de aprendizagem compartilhadas, atua‐se nesta Zona de Desenvolvimento Proximal, de modo que funções ainda não consolidadas venham a amadurecer. Para Góes (1991:20), “a boa aprendizagem é aquela que consolida e, sobretudo, cria zonas de desenvolvimento proximal sucessivas”. Desta forma, verificamos o quanto a aprendizagem interativa permite que o desenvolvimento avance. Ressaltando a importância das trocas interpessoais, na constituição do conhecimento, Vygotsky mostra, através do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, o quanto a aprendizagem influencia o desenvolvimento. Em relação ao conceito de ZDP, este traz uma série de implicações para a prática pedagógica, porque: o processo de constituição de conhecimentos passa a ter uma importância vital e, portanto, deve ser considerado tão importante quanto o produto (avaliação final);
o papel do professor muda radicalmente a partir dessa concepção. Ele não é mais aquele professor que se coloca como centro do processo, que “ensina” para que os alunos passivamente aprendam; tampouco é aquele organizador de propostas de aprendizagem que os alunos deverão desenvolver sem que ele tenha que intervir;
nesta perspectiva rompe‐se com a falsa verdade de que o aluno deve, sozinho, descobrir suas respostas; de que a aprendizagem é resultante de uma atividade individual, basicamente interpessoal;
a aprendizagem escolar implica apropriação de conhecimentos, que exigem planejamento constante e reorganização contínua de experiências significativas para os alunos;
a reorganização das experiências de aprendizagem devem considerar o quanto de colaboração o aluno ainda necessita para chegar a produzir determinadas atividades de forma independente. Desta forma, o professor poderá avaliar, durante o processo, não somente o nível das propostas que estão sendo feitas, mas, sobretudo, o nível de desenvolvimento real do aluno – revelado através da produção independente – bem como seu nível de desenvolvimento proximal – onde ainda necessita de ajuda;
para que todo este processo tenha condição de se consolidar, o diálogo deve permear constantemente o trabalho escolar; para Vygotsky a linguagem é a ferramenta psicológica mais importante;
desta maneira, é possível verificar não apenas o que o aluno é num dado momento, mas o que pode vir a ser; e, rompe‐se com o conceito de que as turmas devem ser organizadas buscando‐se uma homogeneidade.
Fontes: Vygotsky L.: A formação social da mente. SP: Martins Fontes, 1987./ Pensamento e linguagem. SP: Martins Fontes, 1988. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Significado ZDP. Valor: 3,0 pontos Implicações para prática psicopedagógica. Valor: 3,0 pontos
QUESTÃO 02
A anamnese destaca‐se, pois seu objetivo é conhecer a história de vida da pessoa em avaliação. É um instrumento que possibilita a dimensão da integração do passado, presente e futuro do paciente no seio da família. Na anamnese, pretende‐se colher dados significativos sobre a história do sujeito na família, agregando seus acontecimentos a partir da sua concepção no ventre da genitora, consentindo perceber a inserção deste na sua família e a influências das gerações passadas neste núcleo e no próprio. Na anamnese, são levantados dados das primeiras aprendizagens, evolução geral do sujeito, história clínica, história da família nuclear, história das famílias materna e paterna e história escolar. Através da anamnese, ressaltaremos a observação da família sobre a história da criança, seus preconceitos, expectativas, afetos, conhecimentos e tudo aquilo que é depositado sobre o sujeito. Consiste em entrevistar o pai e/ou a mãe, ou responsável para, a partir daí, extrair o máximo de informações possíveis sobre o sujeito, realizando uma posterior análise e levantamento do primeiro sistema de hipóteses. Para isto é preciso que seja muito bem conduzida e registrada. A visão que a anamnese traz do paciente vem permeada por preconceitos, normas, expectativas da circulação dos vínculos afetivos e do conhecimento, dos mitos, dos medos, além do peso das gerações anteriores que é depositado sobre o sujeito a ser investigado. Segundo a psicopedagoga Weiss (2012), a opção por um modelo de entrevista deve estar em função da queixa e do que foi expresso em algum tipo de contato antes da primeira sessão. Ela sugere modos de realizar a primeira consulta diagnóstica, utilizando‐se de tipos diferentes de entrevista: entrevista inicial de anamnese com os pais, Entrevista Familiar Exploratória Situacional (EFES), primeira entrevista com o paciente, Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA). Segundo Sara Paín (1992), as provas projetivas auxiliam no diagnóstico psicopedagógico, pois permitem a avaliação dos conteúdos manifestados e sua relação com os sentimentos de agressividade ou medo diante das situações apresentadas. Será vista o grau de recursos cognitivos que o paciente organiza para expressar suas emoções e seus afetos, diante do estímulo. E, ainda, a história vital nos permitirá “(...) detectar o grau de sua individualização que a criança tem com relação à mãe e a conservação de sua história nela”. Fontes:
PAIN, Sara. Diagnóstico e Tratamento dos Problemas de aprendizagem. Porto Alegre, 1992.
Weiss, Maria Lucia L. Uma Visão Diagnóstica dos Problemas de Aprendizagem Escolar. 14ª Ed. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Importância da anamnese. Valor: 2,0 pontos
Pontos relevantes da anamnese. Valor: 2,0 pontos
Modelos de anamnese. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 03
O Método Clínico Experimental é um procedimento para investigar como as crianças pensam, percebem, agem e sentem a natureza e o universo. Tem como essência não apenas uma entrevista, mas o objetivo investigativo do experimentador e da sua interação com o sujeito. O Método Clínico Experimental apresenta‐se como possibilidade de referência teórica, na investigação e conhecimento do pensamento da criança com dificuldades de aprendizagem, na avaliação psicopedagógica. É um procedimento para investigar como as crianças pensam, percebem, agem e sentem, que procura descobrir o que não é evidente no que os sujeitos fazem ou dizem, o que está por trás da aparência de sua conduta, seja em ações ou palavras (Delval, 2002, p. 67.). A coleta e análise de dados, onde se acompanha o pensamento da criança, com intervenção sistemática, elaborando sempre novas perguntas a partir das respostas da criança e avaliando a qualidade e abrangência destas respostas, são de extremo valor neste método. Também se avalia a segurança que a criança tem sobre as suas respostas diante das contra‐argumentações. Jean Piaget descreve, com muita aproximação e quase precisão, as respostas esperadas para cada nível de pensamento, de acordo com os estágios cognitivos. Estabelece as possíveis respostas que as crianças do estágio pré‐operatório darão igualmente às dos períodos operatórios concretos e formais ou hipotético‐dedutivos. O estágio cognitivo, avaliado de forma subjetiva, mas possibilitado pela riqueza contida nas possibilidades das respostas da criança, e a sua segurança, ou não, diante das contra‐argumentações, faz do método clínico um instrumento confiável, para avaliar o estágio cognitivo das crianças, tanto com desempenho adequado nas atividades educativas, quanto às crianças com problemas de aprendizagem. Não há resposta certa nem errada. A intenção é avaliar o nível de pensamento da criança. A atitude do entrevistador é flexível, com uma interação adequada com a criança, feita anteriormente, de forma espontânea. Jean Piaget elaborou seu método clínico de entrevistas com crianças e adolescentes abordando muitos conceitos sobre física, natureza, matemática, moral, e mais uma série de conceitos que compõe o nosso conhecimento universal. A capacidade de aprendizagem humana é uma evidência. Compreender os estágios cognitivos da criança torna‐se um imperativo no fazer psicopedagógico. Esta criança é que integra os sistemas regulares de ensino e que compõe a grande massa promissora dos tempos futuros da nossa sociedade. Sociedade esta que, por sua vez, urge ser competente, aprendente, ativa, solucionadora das questões contínuas que se perpetuam no viver humano. Saber questionar e ouvir a criança, perceber qual entendimento e leitura ela faz do mundo físico, da lógica e das questões morais, em conformidade ao Método Clínico de Jean Piaget, figura‐se como uma habilidade de avaliação rica, capaz de encaminhar o psicopedagogo para uma conclusão lógica sobre o potencial de aprendizagem da criança entrevistada. A criança que apresentar uma defasagem na sua aprendizagem em relação ao seu grupo pretenso de iguais precisará ser compreendida no seu processo de pensamento. Aplicar com ela o Método Cínico Psicogenético possibilitará investigar o seu nível operatório, para que sejam ajustadas as propostas de ensino às suas condições reais de aprendizagem, sem, contudo, perpetuar estas condições, pois a intenção é provocar a reflexão conduzindo à abstração reflexiva. Assim, instigar a criança e provocar os necessários desequilíbrios, lhe possibilitará a reflexão sobre novas formas de pensar a realidade e, em decorrência, a possibilidade de avançar seu nível operatório ou de abstração. Ao mesmo tempo em que o Método Clínico auxilia a compreensão do psicopedagogo sobre o nível cognitivo da criança na escola, este também poderá servir de análise sobre o pensamento da criança com déficit no desempenho escolar. Identificar o nível de pensamento da criança estigmatizada pelos fracassos escolares, ou dificuldades de aprendizagem possibilitaria ao psicopedagogo atuar no foco da dificuldade da criança, que seria o seu nível de pensamento incompatível com o nível de exigência escolar. A criança que enfrenta relações tão complexas como esta, da ampliação do seu eixo social, precisará ser identificada nos seus estilos de pensamentos, sustentada por uma teoria rica e ampla, justificando a relação de ajuda do psicopedagogo na instituição escolar. Ao tornarem‐se conhecidos os níveis de pensamento das crianças, e, ao relacioná‐los com a sua idade cronológica, e se estes estiverem defasados, pode‐se, na atuação psicopedagógica, interferir de forma específica, criando situações não propriamente de ensino, mas de busca de coerência e desequilibração, para que, ao reorganizar‐se internamente, a criança avance no processo de pensamento e reflexão sobre a realidade, favorecendo o seu desenvolvimento cognitivo para níveis operatórios subsequentes. Por estas razões que se atribui utilidade ao Método Clínico Psicogenético, como recurso investigativo do psicopedagogo sobre o nível de pensamento da criança, para que possa, com este conhecimento, reconhecer uma necessidade e, com experiências e provocações dos seus equilíbrios, desequilibrá‐los, saindo daquele nível de conhecimento acomodado, fixo, possibilitando‐lhe o avanço para níveis superiores de pensamento.
Fonte: DELVAL, Juan. Introdução à prática do Método Clínico: descobrindo o pensamento das crianças. Porto Alegre: Artmed, 2002, p. 267. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Significado Método Clínico Experimental. Valor: 2,0 pontos
Como se processa/características do Método Clínico. Valor: 2,0 pontos
Importância do Método Clínico na avaliação psicopedagógica. Valor: 2,0 pontos
QUESTÃO 04
Estágio sensório‐motor: desenvolvimento inicial das coordenações e relações de ordem entre as ações, início de diferenciação entre os objetos e entre o próprio corpo e os objetos; aos 18 meses, mais ou menos, constituição da função simbólica (capacidade de representar um significado a partir de um significante). No estágio sensório‐motor o campo da inteligência aplica‐se a situações e ações concretas. (0 a 2 anos)
Estágio pré‐operatório: reprodução de imagens mentais, uso do pensamento intuitivo, linguagem comunicativa e egocêntrica, atividade simbólica pré‐conceitual, pensamento incapaz de descentração. (2 a 6 anos)
Estágio operatório concreto: capacidade de classificação, agrupamento, reversibilidade, linguagem socializada; atividades realizadas concretamente sem maior capacidade de abstração. (7 a 11 anos)
Estágios das operações formais (11/12 anos em diante): transição para o modo adulto de pensar, capacidade de pensar sobre hipóteses e ideias abstratas, linguagem como suporte do pensamento conceitual. Fonte: PIAGET, J. Epistemologia Genética. Petrópolis: Vozes, 1993. TÁBUA DE CORREÇÃO – ASPECTOS TÉCNICOS – 6,0 pontos
Citação dos estágios. Valor: 2,0 pontos Explicação de cada estágio. Valor: 2,0 pontos Citação exemplos. Valor: 2,0 pontos
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