8/16/2019 Para uma educação pela arte
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Investigação,Práticas e Contextosem Educação2016
Para uma educação pela arte: práticas para odesenvolvimento de competências
socioemocionais em crianças vítimas de “bullying”Maria João Santos & Selma Fidalgo Cardoso – Escola Superior de
Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria
esumo
Este artigo pretende contribuir para a descrição dos perfis característicos dosalunos que são vítimas e para um maior conhecimento sobre as manifestações eimplicações do “bullying” na população estudantil, bem como, o papel daeducação pela arte na resolução desta problemática !este conte"to, sãoconsiderados os conceitos de emoção e de regulação emocional #, ainda,apresentada a educação pela arte enquanto estrat$gia efica% de e"teriori%ação
de sentimentos e emoções, de libertação de tensões &catarse' e de treino decompet(ncias socioemocionais fundamentais ao bom desenvolvimento doautoconceito, bem como ao desempenho escolar Este $ um estudo de caso, cu)aunidade de análise recai sobre uma amostra *nica +ara a recolha de dados foram utili%ados instrumentos qualitativos e quantitativos, havendo, portanto,lugar triangulação de m$todos -onsiderando os resultados obtidos, podemosconcluir que a educação atrav$s da arte permite a e"teriori%ação das emoções ea sublimação dos impulsos em crianças vítimas de “bullying”, bem como criarum vínculo relacional terap(utico e contribuir para a promoção de compet(nciassocioemocionais e dos desempenhos acad$micos
+alavras.chave/ 0rte, bullying, desenvolvimento socioemocional, educação
Introdução
As crianças vítimas de “u!!"ing#$#u!!ied# so%rem de &erturaç'es a níve!emociona!, a&resentam um autoconceito &ore, o (ue, !ogicamente, a%eta o seudesem&en)o acad*mico e, a sua atitude %ace + esco!a A educação atrav*s da arte,sendo uma %orma de intervenção (ue &ermite a exteriori-ação de emoç'es esentimentos e a descarga de tens'es acumu!adas, &ermite.nos /reorgani-ar o Euda criança, traa!)ar o seu autoconceito em como a sua regu!ação emociona!,%undamentais &ara o seu em.estar &essoa!, (ue irá re%!etir.se, inevitave!mente, noseu desem&en)o acad*mico
&resente artigo irá considerar as &rinci&ais (uest'es re!acionadas ao %enmeno“u!!"ing#, o conceito, as %ormas, a &reva!3ncia (uanto ao g*nero e idade emcomo as suas &ossíveis causas e conse(u3ncias Conce&tua!mente são aordadosos conceitos de emoção e de regu!ação emociona! 4e&ois, * dedicada atenção +educação &e!a arte, considerando as suas &otencia!idades tera&3uticas, nessesentido, * aordado o seu e%eito catártico sore (uem tem os meios &ara seex&rimir deste modo A&s o en(uadramento terico, a&resenta.se o estudoem&írico rea!i-ado, os m*todos e as t*cnicas (ue !)e serviram de ase Por 5!timo,serão a&resentas as &rinci&ais conc!us'es da investigação
A &reocu&ação do &resente artigo * exatamente a de contriuir &ara a ideia de (ue
a!gumas &ráticas de educação, com recurso a uma estrat*gia artística a rea!i-arcom crianças vítimas de “u!!"ing#, contriuem &ara a me!)oria da (ua!idade de vida, no gera!, e &ara o sucesso esco!ar, em &articu!ar
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“Bullying”
As investigaç'es sore “u!!"ing# são re!ativamente recentes e o interesse &or esteconstructo remonta ao %ina! do sec , com os estudos em&íricos de !7eus/1888 9á várias ra-'es (ue sustentam a &ertin3ncia da investigação sore o tema,
entre e!as, a&ontamos duas (ue nos &arecem centrais: 1 o e%eito &ernicioso (ueeste ti&o de com&ortamento &ode ter no c!ima da esco!a, na vida das vítimas e dosagressores /;)ar& < ;mit), 188=> 2 o desenvo!vimento (ue este ti&o de conduta&ode ter, (uer nas vítimas /eg &ro!emas de autoestima e de&ressão no adu!to,segundo estudos de !7eus, 1888, (uer nos agressores /eg, no sentido dade!in(u3ncia, como * sugerido &e!os estudos de !7eus, 1888
Assim, a%irma.se urgente deter o “u!!"ing# devido aos seus e%eitos negativosimediatos e a !ongo &ra-o, tanto &ara as vítimas como &ara os agressores Esse temsido, a!iás, o marco determinante das investigaç'es sore o tema /Pereira, 200?
@a !iteratura encontra.se um signi%icativo n5mero de de%iniç'es de “u!!"ing#, noentanto, &ercee.se (ue a maioria surge na se(u3ncia da(ue!as e!aoradas &or
investigadores como ;)ar& < ;mit) /188=, !7eus /1888, ig" /200B e Pereira/200? Esta 5!tima descreve “u!!"ing# como os com&ortamentos agressivos deintimidação (ue a&resentam um conunto de características comuns, entre as(uais se identi%icam várias estrat*gias de intimidação do outro (ue resu!tam em&ráticas vio!entas exercidas &or um indivíduo ou &or &e(uenos gru&os, comcarácter regu!ar e %re(uente A autora adverte (ue * a intenciona!idade de %a-erma! e a &ersist3ncia de uma &rática a (ue a vítima * sueita, (ue di%erencia o“u!!"ing# de outras situaç'es de com&ortamentos agressivos, distinguindo os tr3s%atores %undamentais (ue o identi%icam: 1 o ma! causado a outrem não resu!tou deuma &rovocação, &e!o menos &or aç'es (ue &ossam ser identi%icadas como&rovocaç'es> 2 as intimidaç'es e a vitimi-ação de outros t3m carácter regu!ar, não
acontecendo a&enas ocasiona!mente> D gera!mente os agressores são mais %ortes/%isicamente, recorrem ao uso de arma ranca, ou t3m &er%i! vio!ento eameaçador As vítimas %re(uentemente não estão em &osição de se de%ender ou de&rocurar auxí!io /Pereira, 200?
@o (ue di- res&eito +s %ormas (ue o “u!!"ing# &ode assumir, a distinção mais ásica (ue se encontra * entre as %ormas %ísicas e as %ormas não %ísicas destecom&ortamento /e!im, 2011 ig" /200B, na sua sistemati-ação, &ara a!*m dadistinção entre “u!!"ing# %ísico e não.%ísico, distingue as %ormas direta e indireta,assim como, vera! e não.vera! (uando o com&ortamento não * %ísico @os&rimeiros tem&os da sua investigação, a 3n%ase era atriuída maioritariamente aosra&a-es e ao “u!!"ing# %ísico, no entanto, gradua!mente tem.se vindo a veri%icar
(ue as ra&arigas se encontram igua!mente envo!vidas nos &ro!emas (uer deagressão (uer de vitimi-ação na esco!a Com o a!argamento da de%inição +s %ormasindiretas de “u!!"ing# /eg descritas como re!acionais, sociais ou encoertas,tornou.se evidente (ue as ra&arigas estão %re(uentemente envo!vidas neste ti&o de“u!!"ing#, sendo (ue os seus e%eitos são tão ou mais devastadores (ue os dasoutras %ormas at* então con)ecidas /ig", 200B
Podemos, ainda, a%irmar (ue o desenvo!vimento da criança está associado adi%erentes ti&os de “u!!"ing# As crianças mais novas recorrem mais a %ormas deagressão diretas> o seu desenvo!vimento g!oa! e a a(uisição de determinadascom&et3ncias cognitivas e sociais &arecem estar associadas ao recurso de outras%ormas de agressão /Pereira, 200? As crianças mais novas &odem ser agressivas
%ísica, vera! e re!aciona!mente, no entanto, uti!i-am mais o con%ronto direto, em
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ve- dos m*todos indiretos /como es&a!)ar rumores A agressão indireta e o“u!!"ing# são característicos de crianças mais ve!)as e ado!escentes
Pode.se a%irmar (ue ainda &ouco se sae sore os %atores (ue &redis&'em umacriança em re!ação ao “u!!"ing# %re(uente ou + vitimi-ação Partindo da&ers&etiva de !7eus /1888, a&ontamos tr3s %atores como &rinci&aisdesencadeantes do “u!!"ing#: a variáveis re!acionadas com a &ersona!idade> variáveis re!acionadas com a %amí!ia> c d*%ice de com&et3ncias sociais
Feane /2006 caracteri-a o &er%i! das vítimas como a!unos (ue não se ada&tam aoamiente esco!ar e cuos &ais são demasiado &rotetores e$ou dominadores sa!vos &rocurados &e!o agressor de “u!!"ing# são gera!mente crianças com aixaautoestima, %rágeis %isicamente, %aci!mente intimidadas e (ue não res&ondem a&rovocaç'es verais ou %ísicas Ao exiir um com&ortamento de ansiedade estarámais vu!neráve! + agressão, mas, oviamente (ue a continuidade da agressão dos
&ares contriuirá &ara um aumento da sua ansiedade, insegurança e negativaava!iação de si mesmo, (ue at* &oderá condu-ir + de&ressão Estes a!unos%ragi!i-ados, di%ici!mente conseguem estae!ecer novas re!aç'es de con%iança, t3mdi%icu!dade em %a-er amigos e começam a sentir uma reeição genera!i-ada &e!os&ares Esta reeição !eva a um iso!amento (ue * %avoráve! + agressão$#u!!"ing#,com&!etando.se, assim, um cic!o vicioso de vitimi-ação
ig" /200B re%ere (ue a ex&eri3ncia de ser seriamente ausado$#u!!ied# emcriança tam*m &ode ter conse(u3ncias re!evantes: a autoestima . a inca&acidadede de%ender a sua &osição e o seu es&aço, em situaç'es de con%!ito com os &ares, *a!go (ue atinge &ro%undamente o ovem, es&ecia!mente, (uando ainda não &ossuiuma verdadeira noção das suas com&et3ncias e a sua autoestima está de&endente
da a&reciação dos outros> iso!amento . as crianças (ue são %re(uentementeintimidadas tendem a ser &ouco &o&u!ares e a ter &oucos ou mesmo nen)unsamigos Este %ator &ode re%orçar o risco de ocorrerem mais agress'es &or(ue estascrianças são mais %áceis de intimidar do (ue a(ue!as (ue t3m com&an)eiros> casenteísmo . a aversão de uma criança &e!a esco!a e &e!o inevitáve! encontro comos agressores$#u!!ies# * &or ve-es tão %orte (ue os &ais são &raticamente %orçadosa ex&erimentar uma outra esco!a &ara tentar um Gnovo começoG> d suicídio .estae!ecer uma re!ação causa$e%eito nesta área * extremamente di%íci! &or(uemuitos %atores inter.re!acionados &odem contriuir &ara o suicídio de um ovem,inc!uindo o amiente %ami!iar, o insucesso nos exames e a deceção nosre!acionamentos amorosos
Hica c!aro, então, (ue o envo!vimento em situaç'es de “u!!"ing# a!tera a vidaemociona! de (uem as vive Assim, &arece.nos de todo &ertinente aordar essesestados internos de ativação (ue !)e estão suacentes: as emoç'es
Emoç!es
@os 5!timos anos, a neuroci3ncia e as ci3ncias cognitivas deram im&ortncia +emoção, %a-endo dissi&ar o antagonismo entre emoção e ra-ão, tese (ue %oi&erdendo im&ortncia Estudos de Antnio 4amásio /2000, muito em &articu!ar,t3m reve!ado (ue a emoção %a- &arte integrante dos &rocessos de raciocínio etomada de decisão Assim, não &arece (ue a ra-ão ten)a (ua!(uer vantagem em%uncionar sem a auda da emoção Pe!o contrário, * &rováve! (ue a emoção aude a
ra-ão “0 emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifícioda ra%ão não pode funcionar efica%mente” /4amásio, 2000, &61
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Etimo!ogicamente, a &a!avra “emoção# vem do vero emovere, (ue signi%ica “&Jrem movimento# @esta &a!avra está tam*m contido o termo “moção#, (ue &ossuia mesma rai- (ue a &a!avra “motor# Assim, &odemos a%irmar (ue as emoç'es nos&'em em movimento, %a-endo.nos agir, sendo o motor dos nossoscom&ortamentos, em suma, são um “im&u!so &ara a ação#
A de%inição de emoção não * &ací%ica, sendo (ue cada concetua!i-ação emerge dares&etiva aordagem terica @a !iteratura re%erente +s emoç'es &arece )averconcordncia entre a maioria dos autores (uanto + exist3ncia de tr3scom&onentes: sensação suetiva da emoção, mani%estaç'es vegetativas.%isio!gicas e mani%estaç'es com&ortamentais oserváveis /Crosnier et a!, citado&or Kueirs, 188B
Assim, assistimos na &sico!ogia ao desenvo!vimento de vários mode!os dasemoç'es e do desenvo!vimento emociona!, sendo comum a muitas teorias atuais orecon)ecimento da %unção ada&tativa das emoç'es no desenvo!vimento )umano
4amásio /2000 entende a ess3ncia da emoção como um conunto da mudanças(ue denomina estado do cor&o, (ue são introdu-idas &e!os rgãos atrav*s dasterminaç'es nervosas, so contro!o do sistema cerera!, &odendo essas mudançasser &ercetíveis do exterior ou somente &e!o &r&rio mesmo autor de%ine, então,a emoção como a cominação de um &rocesso ava!iativo menta! (ue emitea!teraç'es dirigidas, maioritariamente ao cor&o /&e!o (ue se veri%icaria o estadoemociona! do cor&o e minoritariamente ao c*rero /&e!o (ue se veri%icariam asa!teraç'es mentais adicionais 4amásio vem, assim, demonstrar aim&ossii!idade de se&arar a emoção da ra-ão, de%endendo mesmo (ue a!gu*m&rivado de suas emoç'es a!teraria as decis'es su&ostamente racionais
Ha!ar de emoção condu-.nos, (uase inevitave!mente, a aordar um conceitointrínseco + &r&ria emoção e !argamente aordado na !iteratura dos 5!timos anos:
a regu!ação emociona! Eisenerg < ;&inrad /200L, numa tentativa decontriuírem &ara a c!ari%icação do conceito de regu!ação emociona!, avançaramuma de%inição astante e!ucidativa e com&!eta, onde o&eraciona!i-am a regu!açãoemociona! como o:
“&1'processo de iniciar, inibir, manter ou modular a ocorr(ncia, forma, intensidade, ou duração de estados de sentimentosinternos, fisiol2gicos, relacionados com emoções, processosatencionais e3ou concomitantes comportamentais das emoçõesao serviço de uma adaptação social ou biol2gica relacionadacom o afecto ou atingir ob)ectivos individuais” /Eisenerg <;&inrad, 200L, & DD?
;egundo os autores 4amásio /2000 e Mo!eman /188=, as &essoasemociona!mente com&etentes a&resentam uma re!ação consigo mesmo e com osoutros c!aramente mais &ositiva re!ativamente +(ue!es (ue reve!am sinais dei!iteracia emociona! @o entanto, tendo em conta as características &r&rias da uventude . o &eríodo da vida (ue a(ui nos interessa aordar . (ue &or de%inição sereve!a uma %ase natura!mente crítica, em (ue as ex&eri3ncias emocionais, sem&renovas, ricas e intensas &odem desencadear com&ortamentos desde i!iteratos at*desviantes, &ode não ser com&!etamente correto %a!ar de i!iteracia emociona! uveni! Na!ve- sea mais rea! &artir da conceção (ue a uventude * natura!mentei!iterata, con%orme a%irma Franco /200L 4aí a &ertin3ncia “de insistir na
educação das emoções e sua gestão, para o sucesso acad$mico, social edesenvolvimento pessoal” /Franco, 200L, & B2
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Por outro !ado Pestana /188=, &1, numa oservação (ue nos &arece %undamenta!&ara o entendimento desta mat*ria, re%ere (ue: “quando o p*blico alvo são as
crianças e )ovens, a vertente cognitiva não $ determinante na mudança decomportamento e atitudes” @esse sentido, * atriuída + re!ação )umana/tera&3utica, em&ática, de autenticidade e de auda o &rimado da %ormação&essoa! A re!ação educativa * a(ui aordada não tanto atrav*s dos mode!os em(ue assenta e se estrutura, mas atrav*s da &ro%unda e sumersa intenciona!idadeeducativa, em (ue decorre o %enmeno auto.organi-ador da &essoa (ue nessare!ação vivencia emoç'es e como as contro!a A ra-ão de ta! aordagem usti%ica.se&e!o %acto de acreditarmos (ue * nessa intenciona!idade, nesse &ossíve! direcionarda re!ação, (ue as emoç'es são o !eme e, &ortanto, * onde t3m !ugar e im&ortncia/Franco, 200L O neste &ressu&osto (ue cae a &ertin3ncia da re!ação comocomunicação interativa, de carácter inter e transdisci&!inar (ue Piaget /1?86.18?1de%endeu, como ess3ncia de verdadeiramente intenciona!i-ar e direcionar essa
energia @este contexto, &ers&etivamos a educação como um &rocesso re!aciona!
Em suma, a re!ação tera&3utica &ode %avorecer o desenvo!vimento da com&et3nciaemociona! e contriui &ara mo!dar as características dis&osicionais da criança
4oravante, centrar.nos.emos nas &otencia!idades da arte ao serviço deste &rocessore!aciona! educativo, nomeadamente &e!o seu cari- catártico, em como nosmediadores artísticos (ue %oram usados na re!ação educativa em (ue assenta onosso estudo, en(uanto %aci!itadores da comunicação
Educação pela "rte
Para ead /18?6 a arte * um instrumento essencia! &ara o desenvo!vimento
)umano na medida em (ue &or meio da sua &rática &romove.se a sa5de menta!, oautor di-.nos:
“&1' quando falo em arte, quero di%er um processo educacional,um processo de crescimento4 e quando falo em educação, querodesignar um processo artístico, um processo de autocriação-omo educadores, olhamos o processo do lado de fora4 comoartistas o vemos por dentro4 e ambos os processos integradosconstituem o ser humano completo” /&12
4esde o começo da )umanidade a ex&ressão artística tem sido usada com %instera&3uticosQ /Heder, 18?L> citado &or, Ro&es, Sieites < Pereira, 2012 )omem&rimitivo re&resentou nas &edras a(ui!o (ue o assustava e (ue era mais %orte (ue
e!e, numa tentativa de &rocura de e!aoração destes medos &e!o recurso + suare&resentação &e!o desen)o Nam*m os índios usaram a arte nos seus rituais &araa cura de doenças e na usca de &roteção es&iritua!, nos (uais e!es &intavam ocor&o, cantavam e dançavam Hica c!aro (ue a arte &or si á * uma tera&ia, namedida em (ue medeia as re!aç'es com nossos con%!itos internos /Herreira, 2010
@esse sentido, Fi!ao /200L> citado &or Herreira, 2010, & 1L a%irma (ue: “0 arte,tal como vivenciada, $ um fen2meno positivo, que tra% alegria e plenitude s pessoas que a abraçaram de forma intensa, al$m de facilitar um equilíbrio entremundo e"terno e mundo interno”
E%etivamente, a arte ca&acita o )omem &ara com&reender a rea!idade, audando.o
não s a su&ortá.!a como a trans%ormá.!a Por outro !ado, a arte tam*m &odeaudar na recu&eração do ser )umano, na medida em (ue o !eva a rea!i-aratividades (ue !)e &odem &ro&orcionar grande satis%ação e e!evar a sua autoestima
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/Herreira, 2010 Andr*s /200=> citado &or Herreira, 2010, & 1L re%ere (ue “a arteatua diretamente sobre as emoções e a sensibilidade do ser humano”
Nam*m Toão dos ;antos /181D.18?B dava uma &articu!ar im&ortncia ao atoevo!utivo de cada criança, + re!ação$comunicação (ue &ermitia a troca desentimentos, emoç'es e con)ecimentos, atrav*s das várias %ormas de !inguagem
/cor&ora!, vera!, grá%ica, &!ástica
Assim, torna.se im&erativo considerar a dimensão tera&3utica (ue a Educação&e!a Arte encerra em si mesma, &ois se a &essoa está,
“&1' repleta de instintos, de influ"os, de impulsos, de tensões, dedese)os, de emoções e de sentimentos, necessitando de ossatisfa%er e de os e"pandir livremente 0o proporcionar.se.lheos meios para que o possa fa%er e a motivação que permitaultrapassar a natural situação inibit2ria inicial, $ como seabrisse uma válvula de escape para a saída de tudo aquilo quese acumula no mais íntimo do ser, a e"teriori%ação de toda avida interior, ou se)a, a E"pressão” /;ousa, 200D, v1, & 1?D
Andrade /2000, & BD destaca (ue “todo o indivíduo, quer tenha ou não treino emarte, tem uma capacidade latente para pro)etar os seus conflitos interiores em formas visuais” 4este modo, a &rática tera&3utica &or meio da arte &ode auxi!iartodos a(ue!es (ue &retendam traa!)ar o autocon)ecimento, desenvo!ver aautoestima e reso!ver con%!itos internos O a &ossii!idade de catarse emociona! de%orma direta e não intenciona! /Herreira, 2010
termo UcatarseV *.nos %ami!iar e integra o vocau!ário diário de muitos de ns4i-emos (ue * catártico um es&etácu!o artístico ou des&ortivo, (ue nos emocione e(ue rea!mente vire as cordas dos nossos sentimentos, !iertando tens'es oumesmo enseando uma revisão de a!gum dado de nossas vidas so uma &ers&etiva
e&i%nica Esse * o sentido de catarse no nosso vocau!ário comum, e * esse onosso &onto de &artida
Con%orme re%ere ieiro /200?, a catarse tem sido usada como um m*todo &aradescarga e a!ívio do so%rimento )umano, desde os &rimrdios da )umanidade Hoiuti!i-ado &e!os gregos, mais tarde &e!os &sicana!istas do início do s*cu!o e at*os dias de )oe &e!os tera&eutas, &rinci&a!mente os cor&ora!istas as %oi Aristte!es (ue &rimeiro se &reocu&ou com a ex&ressão, designando.a comoWat)arsisQ, (ue signi%ica &urgação, tanto no sentido m*dico (uanto no mora!,introdu-indo a teoria da catarse, segundo a (ua! as emoç'es são dramati-adas Ainda segundo a &ers&etiva de aristot*!ica, ao identi%icar.se com o oeto artístico,ao &assar a viver uma outra rea!idade, ao transitar &ara um novo &!ano
enunciativo, o sueito descarrega o &eso da rea!idade (uotidiana Por isso, acatarse insere.se numa %ratura da (uotidianidade, %a-endo o sueito viver umevento extraordinário A catarse não se re%ere a esta ou a(ue!a &aixão singu!ar,mas ao descarregar.se da vida ordinária, &ara viver uma outra vida
Assim, a arte &arece ser um im&ortante recurso não s como meio deautocon)ecimento, mas tam*m de catarse, me!)orando a (ua!idade de vida dosueito, &romovendo a sua inc!usão socia!, aumentando sua autoestima e&romovendo uma vida mais grati%icante
@o traa!)o com crianças, a arte * uma im&ortante %erramenta &ois viai!i-a o víncu!o re!aciona!, á (ue a criança ainda não * detentora de um discurso!inguístico em estruturado &ara %a!ar de sua (ueixa
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Nodos os recursos artísticos são &otencia!mente tera&3uticos, considerando as suascaracterísticas %ísicas, t*cnicas e sim!icas Con%orme re%ere Carva!)o /2011, os
recursos artísticos dis&onii!i-am.se no contexto re!aciona! como registosintermediários de comunicação criativa, o%erecendo &otencia!idades variadas,ade(uadas +s necessidades do indivíduo Nrans%ormar o materia! num oeto dearte * sim!ico de trans%ormação &essoa!, e (uanto maior a aertura a%etiva,me!)or * a dis&onii!idade criativa
@este estudo, entre os vários recursos artísticos existentes, o&támos &or recorrerao desen)o e &intura, + co!agem, + mode!agem com arro, aos contos de %ada, +escrita e + ex&ressão dramática
# Estudo $ Metodologia
Nrata.se de um estudo de caso com um 5nico sueito, uma criança do sexomascu!ino, com 10 anos de idade, a %re(uentar o =X ano de esco!aridade, (ue, nesteestudo, assumiu o nome de Antnio
A mãe, na (ua!idade de encarregada de educação, %oi aconse!)ada &e!a 4iretora deNurma do Antnio a &rocurar auda, esta encontrava.se astante &reocu&ada como com&ortamento do a!uno, uma ve- (ue o via muitas ve-es iso!ado na esco!a,soretudo nos interva!os 4urante as au!as tin)a sensação de desmaio, dores de arriga e vmitos Concomitantemente com estes com&ortamentos, o Antnio)avia %eito um desen)o na disci&!ina de Educação Sisua! e Necno!gica em (uere&resentou um menino na esco!a a c)orar
Hoi %ormu!ada uma &ergunta de &artida: a educação atrav*s da arte &ermite aexteriori-ação das emoç'es e a su!imação dos im&u!sos em crianças vítimas de
“u!!"ing# %aci!itando o seu &rocesso de desenvo!vimentoY
Horam, ainda, de%inidos tr3s oetivos gerais da investigação: 1 Perceer se aeducação das emoç'es atrav*s de uma %orma &articu!ar de re!ação )umana Z aatividade sim!ica Z contriui &ara a &romoção de com&et3ncias scio.emocionais nas crianças vítimas de “u!!"ing#> 2 Perceer se a educação atrav*sda arte in%!uencia os desem&en)os acad*micos das crianças vítimas de “u!!"ing#>D Perceer se a educação atrav*s da arte &ermite criar um víncu!o re!aciona!tera&3utico com as crianças vítimas de “u!!"ing#
En(uanto estrat*gia metodo!gica, recorremos + triangu!ação de m*todos ou&aradigmas Z (uantitativo e (ua!itativo Z á (ue a otenção de dados de di%erentes%ontes e a sua aná!ise, recorrendo a estrat*gias distintas, me!)ora a va!idade dosresu!tados Assim, %oram reco!)idos dados atrav*s de di%erentes instrumentos: aentrevista semiestruturada /+ mãe, + criança e + 4iretora de Nurma> o in(u*rito/es&eci%icamente o in(u*rito de exc!usão socia! e o in(u*rito de nomeação de&ares> e os diários de ordo /onde se registaram todos os momentos de traa!)ocom a criança, com&!ementados &or registos %otográ%icos dos traa!)osrea!i-ados
Kuer a entrevista + mãe (uer o (uestionário de exc!usão socia! 1 &assado + mãe, +criança, e + 4iretora de Nurma antes da intervenção, em como o desen)o !ivre
1 Foi passada a parte A do questionário deexclusão social e violência escolar (QEE!
de "#a$%A&uado (2''4! versão redu$ida eadaptada por )artins (2''*!+
,
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e!aorado &e!o Antnio, &ermitiu &erceer (ue esta criança a&resentava&ro!emas emocionais 4este modo, o traa!)o a rea!i-ar com o Antnio teve em vista a im&!ementação de medidas conduncentes a &romover: su&orte emociona!>&revenção e redução de com&ortamentos dis%uncionais conduncentes aoagravamento das di%icu!dades enunciadas> &romoção da autoestima eassertividade> treino de autocontro!o e autorregu!ação emociona!> orientação esu&orte &arenta!
Hoi de!ineada e &!ani%icada uma intervenção estrat*gica /? momentos de traa!)oa rea!i-ar com o Antnio, de 60 minutos cada, im&!ementados entre os meses dede-emro de 201L e ari! de 201=, (ue aconteceram em consu!ta &rivada noCentro *dico de A!coaça
Faseada em toda a in%ormação reco!)ida, (uer atrav*s da entrevista + mãe (uer do(uestionário de exc!usão socia! &assado + mãe, + criança, e + 4iretora de Nurmaantes da intervenção, em como o desen)o !ivre e!aorado &e!o Antnio,&ermitiram &erceer (ue esta criança a&resentava &ro!emas emocionais 4estemodo, o traa!)o a rea!i-ar com o Antnio teve em vista a im&!ementação de
medidas conducentes a &romover: su&orte emociona!> &revenção e redução decom&ortamentos dis%uncionais, conducentes ao agravamento das di%icu!dadesenunciadas> &romoção da autoestima e assertividade> treino de autocontro!o eautorregu!ação emociona!> orientação e su&orte &arenta! @o %ina! da intervenção%oi %eita uma reava!iação do estado emociona! e acad*mico do Antnio
Para cada um dos oito momentos de traa!)o a rea!i-ar com o Antnio %oramesti&u!ados oetivos es&ecí%icos em termos de conte5dos a serem traa!)os ecom&et3ncias a ad(uirir Horam usados diversos recursos artísticos ao !ongo detoda a intervenção, &or entendermos (ue )á uma !igação estreita entre a arte e asmani%estaç'es de motivaç'es &ro%undas do ser )umano 4estes recursosdestacamos em &articu!ar a ex&!oração do desen)o /&ro&Js.se (ue %i-esse um
desen)o !ivre no &rimeiro momento da intervenção e o desen)o da árvore no5!timo momento da intervenção, tendo como oetivo visua!i-ar o eu da criança> visua!i-ar a &roeção (ue a criança %a- dos seus con%!itos internos e de aceder aoseu modo de %uncionamento interno> da &intura /o Antnio &roetou o &r&riocor&o, em como o cor&o da &essoa (ue mais o magoava, em &a&e! cenário comrecurso + arte com as mãos com tinta guac)e, no sentido de desenvo!ver oautoconceito, &otenciar o desenvo!vimento de uma autoestima &ositiva, &romovero sentimento de con%iança inter&essoa! e de re%orçar as com&et3ncias sociais e dere!ação com os outros> da co!agem /&ro&Js.se (ue %i-esse o seu autorretrato e (uedesen)asse a sua mão, sendo esta &ossuidora de um su&er&oder &or si esco!)ido,com o oetivo de re&arar os &rocessos internos, !iertar tensão e agressividade e
neutra!i-ar sentimentos destrutivos> da mode!agem com arro /num momento %3.!o de modo !ivre, num outro momento de %orma mais dirigida, mais uma ve- nosentido de con)ecer o sueito em &ro%undidade, estae!ecer re!ação de con%iança eauda> re&arar os &rocessos internos, !iertar tensão e agressividade e neutra!i-arsentimentos destrutivos> dos contos de %ada e da ex&ressão dramática /%e-.se a!eitura, dramati-ação e re%!exão em torno do conto: “5nde vivem os monstros” , deaurice ;endaW, no sentido de re&arar os &rocessos internos, re%orçar ascom&et3ncias sociais e de re!ação com os outros e de aordar di%erentes estrat*giasna reso!ução de &ro!emas e con%!itos e da escrita /&ro&Js.se ao Antnio (ueescrevesse uma )istria a &artir das criaç'es em arro com o oetivo de (uerecon)ecesse e di%erenciasse emoç'es, com&reendesse a im&ortncia de ex&ressaros sentimentos e &ensamentos e (ue a&rendesse a !idar com as emoç'es
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Investigação,Práticas e Contextosem Educação2016
"presentação e discussão de resultados
He-.se o registo %otográ%ico dos traa!)os &rodu-idos &e!o Antnio, o (ua!a&resentamos de seguida
Nodos os dados (ua!itativos, reco!)idos atrav*s dos diários de ordo e dasentrevistas %oram sumetidos a uma aná!ise de conte5do com as seguintes
categorias de aná!ise: 1 re!ação tera&3utica> 2 &er%i! da criança> D recursosartísticos e L desem&en)o acad*mico
A aná!ise sistemática de conte5do dos diários de ordo e das entrevistas seráa&resentada em anexo, de %orma descritiva, em (ue a narrativa se encontrasudividida de acordo com as categorias e sucategorias &reviamente de%inidas
Por outro !ado, os dados (uantitativos, reco!)idos atrav*s de in(u*ritos &or(uestionário, %oram ana!isados gra%icamente
. Sários %oram os sinais do envo!vimento da criança, registados ao !ongo daintervenção, &or exem&!o, o %acto de e!a %icar a &ensar no (ue %oi %eito e dito entrecada momento de intervenção as &ara a!*m de %icar a &ensar na intervenção
&assou mesmo a a&!icar, %ora do consu!trio, as com&et3ncias a!i treinadas Assim,com ase nos resu!tados do estudo, &odemos a%irmar (ue a criança se deixou
*
Figura 1 Registo fotográco dos trabalhos produzidos
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envo!ver &e!as atividades &ro&orcionadas ao níve! (ue * &retendido, ou sea,reve!ando e tra-endo &ara a sua ora as suas &r&rias in(uietaç'es e ang5stiasEsta &rática &ermitiu estae!ecer o víncu!o re!aciona!, &ro&orcionando oenvo!vimento da criança, em como a exteriori-ação das suas emoç'es esentimentos
. s resu!tados otidos &ermitiram in%erir (ue o nosso estudo &ro&orcionou odesenvo!vimento de com&et3ncias de autocontro!o, do autoconceito e decom&et3ncias re!acionais Kuando c)ega + consu!ta, o Antnio encontrava.sec!aramente &erturado a níve! emociona!, reve!ando sinais de ansiedade,de&ressão, so!idão, in%e!icidade e aixa autoestima, assim como sintomas de ma!.estar %ísico Horam a&resentados indicadores do ma!.estar da criança no início daintervenção @o entanto, * de sa!ientar as me!)orias (ue se %oram veri%icando ao!ongo da intervenção Kuatro meses e meio de&ois, os dados reve!am umasigni%icativa me!)oria no em.estar gera! da criança
Con%irma.se, assim, (ue a educação das emoç'es atrav*s de uma %orma &articu!arde re!ação )umana Z a atividade sim!ica Z contriui &ara a &romoção decom&et3ncias socioemocionais nas crianças vítimas de “u!!"ing#
. @o (ue di- res&eito + integração do Antnio no gru&o.turma, a&esar dosresu!tados &ositivos otidos, &udemos &erceer ainda a!gumas %ragi!idades a este
níve!, nos resu!tados do (uestionário de nomeação de &ares @o entanto, &odemosa&ontar &ara o &a&e! da educação atrav*s da arte in%!uencia &ositivamente osdesem&en)os acad*micos das crianças vítimas de “u!!"ing#, (uer no (ue di-
1'
Gráco 2 - Percentagens das respostas sobrecomo se sente em diferentes lugares e situaçõesdezembro!2"1#$
Gráco 1 - Percentagens das respostas sobrecomo se sente em diferentes lugares e situações
dezembro!2"1#$
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Investigação,Práticas e Contextosem Educação2016
res&eito ao seu rendimento acad*mico &ro&riamente dito, (uer na sua atitude %ace+ esco!a, como tam*m ao níve! da integração no gru&o.turma
Conclusão
Este estudo vem ao encontro da(ui!o (ue )á muito * de%endido, a educação &e!aarte * um meio e%ica- de traa!)armos com as nossas crianças conte5dossumersos A arte tem a e%icácia de descorir o encoerto, &ermitindo assimtraa!)ar o cerne do &ro!ema e não as suas mani%estaç'es Kuando a arte * usada&ara este %im, não * a ora, a sua &er%eição ou as suas %a!)as, (ue estão na mira do&ro%issiona!, mas as mensagens (ue carregam, o (ue e!as reve!am sore as criançascom (uem traa!)amos A arte tem, ainda, a vantagem de, ao ser traa!)ada emcontexto &sicoeducativo, &ermitir + criança a !iertação dos seus medos, das suasang5stias, a!iviando assim a sua carga emociona!, como o tem %eito sem&re, a!iás, atoda a )umanidade ao !ongo da nossa )istria E%etivamente, o estudo rea!i-adocon%irma (ue (uando conc!uído um víncu!o re!aciona!, &e!o recurso a &ráticasartísticas, mediado &or um adu!to de re!ação, este %avorece o envo!vimento dacriança, a exteriori-açãoo das suas emoç'es e sentimentos, as&etos (ue concorrem&ara o desenvo!vimento de com&et3ncias socioemocionais
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Investigação,Práticas e Contextosem Educação2016
"ne(o )
"n*lise sistem*tica de conte+do dos di*rios de ordo e das entre,istas
1 ERA` NEAPb]NICA
;erá agora ana!isada a re!ação tera&3utica + !u- das suas su.categorias:com&et3ncias da &ro%issiona! e envo!vimento da criança
. Com&et3ncias da &ro%issiona!
4e modo a estae!ecer o vínvu!o re!aciona!, a &ro%issiona! &rocedeu + reco!)a de“in%ormação de modo a con)ecer o sueito em &ro%undidade e com&reender asituação (ue o !evou + consu!ta# Neve, ainda, o cuidado de &!ani%icar e !evar a caoum conunto de estrat*gias (ue !)e &ermitissem “visua!i-ar o eu da criança> visua!i-ar a &roeção (ue a criança %a- dos seus con%!itos internos e aceder ao seumodo de %uncionamento interno#
Horam várias as estrat*gias usadas ao !ongo da intervenção, nomeadamente, G%oisugerido (ue manuseasse o arro !ivremente, com m5sica de %undo &reviamentese!ecionada, en(uanto isso %oi.!)e %eita uma entrevista semiestruturada#> “/ euassumia a inter&retação dos restantes intervenientes /a mãe, os monstros, onarrador#> “e%orcei ao Antnio (ue, se acreditarmos, os “monstros# da nossa vida tam*m &odem deixar de s3.!o /#>“/ a N*cnica %e- o contorno do seucor&o no &a&e! cenário com marcador &reto#> “4urante a &intura eu iacon%irmando se e!e tin)a tintas su%icientes, dando.!)e mais, sem&re (uenecessário#> “Amos sentados no c)ão, !ado a !ado, iniciámos a conversa /#>“@o%ina!, &erguntei.!)e como se sentiu ao %a-er a(ue!a &intura#> “A conversa %oidirigida no sentido do Antnio re%!etir em torno do conceito (ue deve ter de simesmo e da(ue!es (ue o magoam /#> “Iniciámos a sessão com uma conversa/#
4urante toda a intervenção a &ro%issiona! adotou uma &ostura não &unitiva, &orexem&!o, “/ disse (ue e!e &odia ser sincero, (ue eu não %icava c)ateada#
Para &erceermos se este oetivo %oi a!cançado, consideremos agora a segundasucategoria da re!ação tera&3utica:
. Envo!vimento da criança
Rogo na &rimeira consu!ta a criança mani%estou o seu agrado: “@o %ina!, disse (uegostou da consu!ta e c!aro (ue (ueria vo!tar#
as )ouve outras mani%estaç'es do seu envo!vimento, a saer, “durante a semana!emrou.se do (ue tín)amos %a!ado#> “/ tem um m*todo me!)or / &ensar (ueera me!)or (ue e!es, ta! como )avíamos %a!ado#> “/ at* da(ui a 1= dias,&reocu&ado &erguntou: &or(u3 da(ui a 1= diasY Eu res&ondi, (ue como e!e está ame!)orar, eu e a mãe cominámos assim> res&osta: o))#> “rigada 4r[ ;e!ma#
4e seguida, ana!isaremos a segunda categoria de%inida &ara este estudo, &or serdeterminante &ara os seus oetivos, a saer, o &er%i! da criança Esta categoriaencontra.se dividida nas seguintes sucategorias: estados emocionais>autoimagem e com&ortamentos$atitudes
2 PEHIR 4A CIA@`A
!u- do &resente estudo * im&ortante ter &or ase o desenvo!vimento cognitivo eemociona! tí&ico da terceira in%ncia, á (ue a nossa amostra * uma criança de 10
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anos (ue, &ortanto, se encontra nesse estádio do seu desenvo!vimento Por outro!ado, esta criança so%ria “u!!"ing# &or &arte dos seus &ares, e os a!unos (ue são vitimados$#u!!ied# demonstram maiores níveis de desaustamento emociona! deti&o interna!i-ante, inc!uindo ansiedade, de&ressão, so!idão, in%e!icidade e aixaautoestima, assim como mais sintomas %ísicos
Tá de seguida, serão ana!isados os estados emocionais do Antnio ao !ongo daintervenção
. Estados emocionais
Kuando c)ega + consu!ta, o Antnio encontrava.se c!aramente &erturado a níve!emociona!, isso %ica c!aro nas &a!avras da sua Encarregada de Educação“disse (uese sente triste, não &resta &ara nada, não %a- nada de eito#> “Nem tend3ncia deac)ar (ue as &essoas estão contra e!e#> “a sua triste-a tem sido mais notria#>“Nem &esade!os#> “4i- (ue * um mau %i!)o#> “;ente uma enorme necessidade dec)amar a atenção, de ser &o&u!arQ#
mesmo tam*m se denota nas &a!avras da &r&ria criança, a saer, “não me
sinto em, s me a&etece enervar.me# Antnio “/ admitiu (ue á se sentiatriste no 1X, 2X, DX e LX anos, (ue sem&re se sentiu assim# Ainda no decorrer da&rimeira consu!ta“/ reve!ou + mãe um e&isdio de tentativa de suicídio#, a mãe&erceeu (ue tin)a acontecido na mesma semana (ue e!e “/ escreveu a(ue!ascoisas )orríveis /(ue se sente triste, não &resta &ara nada, não %a- nada de eito#
@o BX omento o Antnio á “di- (ue tem dormido em e não tem tido &esade!os/# e no 10X omento da intervenção c)egou mesmo a dec!arar: “/ sinto.meme!)or &or ter desaa%ado#
Ainda no (ue se re%ere ao &er%i! da criança, cae agora ana!isar os as&etos reativos+ sua autoimagem, (ue, con%orme á %oi re%erido, tam*m * a%etada nas crianças(ue são vitimi-adas$#u!!ied#
. Autoimagem
Antnio c)ega + consu!ta a ac)ar “(ue não %a- nada em# ;egundo a suaEncarregda de Educação, * “inseguro, desva!ori-a.se, ac)a (ue tudo * negativo#
Tá no DX omento da intervenção, “(uando !)e &edi (ue me dissesse (ua!idadessuas a&enas nomeou uma#
@o BX omento, (uando !)e %oi &edido o mesmo, isto *, (ue nomeasse a!gumas(ua!idades suas, (ue “/ não tem (ua!(uer di%icu!dade em nomear as suas virtudes, á o contrário sucedeu (uanto aos de%eitos#
@o 10X omento de intervenção, a Encarregada de Educação dec!arou (ue: “/ á
se va!ori-a mais A&ercee.se (ue * im&ortante# Kuanto + 4iretora de Nurma,destacamos a sua res&osta a uma das &erguntas aertas no 11X omento daintervenção: “está mais con%iante#
Cae agora ana!isar a evo!ução ao níve! dos com&ortamentos e atitudes do Antnioao !ongo da intervenção
. Com&ortamentos$Atitudes
@o 1X momento da intervenção, “a mãe di- (ue e!e * um &ouco reservado#
A sua 4iretora de Nurma “sente.o triste, iso!ado#
@o BX momento, o Antnio re%ere (ue “dantes, (uando o magoavam, c)egava a
casa e atia nos &e!uc)es /nem saia como e!es ainda não se tin)am descosido,
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mas agora não tem atido nos &e!uc)es, e!es não merecem “u!!"ing#, &or(uesenão t3m (ue ir ao 4r dos &e!uc)esQ#
Tá no 10X omento de intervenção a Encarregada de Educação dec!arou (ue: “/a sua atitude em re!ação aos outros me!)orou Aceita me!)or as críticas e (ue nemsem&re as coisas correm como e!e es&era dos outros
4e&ois de ana!isadas as duas &rimeiras categorias, a re!ação tera&3utica e o &er%i!da criança, )averá agora !ugar + aná!ise da terceira categoria de%inida &ara o nossoestudo, a saer, os recursos artísticos, com o oetivo de &erceer em (ue medidae!es &ro&orcionaram o envo!vimento da criança, em como a exteriori-ação dassuas emoç'es e sentimentos
D EC];; AN;NIC;
@este estudo, o&tou.se &e!os recursos artísticos en(uanto &rinci&a! estrat*gia de
intervenção &or acreditarmos (ue estes &ro&orcionam o deseado envo!vimento dacriança nas atividades interventivas, em como a exteriori-ação das suas emoç'ese sentimentos 4e seguida, serão ana!isadas se&aradamente estas duassucategorias de aná!ise
. Envo!vimento da criança
Rogo no 1X omento da intervenção, a&s ter %eito um desen)o !ivre, o Antnio“&assou a descrever com muito &ormenor o seu desen)o 4isse (ue a árvore está amorrer /&or isso * amare!a e com %o!)as &retas, (ue as %erramentas /os oetoscortantes a verme!)o de cada !ado da árvore estão a u!tra&assar a arreira e estãoa matar a árvore e (ue as arreiras tentam &roteg3.!a dos ventos %ortes#, e,(uando termina a sua descrição “/ identi%icou c!aramente (ue a árvore era e!e#
@o DX omento, “&or ve-es %oi agressivo, reve!ou concentração, organi-ação,construía e destruía %aci!mente# @o LX omento, (uando dramati-ámos o conto,“/ %oi com entrega (ue o %e- e com /+vontade assumindo &!enamente o&ersonagem ax esmo de&ois de terminarmos a !eitura dramati-ada, o Antniomanteve.se em &ersonagem#
@o =X omento, em (ue &roetou o seu &r&rio cor&o, no &a&e! cenário, &intando.o com as suas &r&rias mãos, “%oi com muito em&en)o e concentração (ue o Antnio se entregou a esta atividade# @o 6X omento, “/ (uando %omos &ara oc)ão, unto + &intura da &roeção do seu cor&o o seu rosto %icou i!uminado, sorria,estava descontraído#
@o BX omento, (uando !)e %oi &edido (ue &intasse com as suas mãos o cor&o da&essoa (ue mais o magoa, no &a&e! cenário, &erceeu.se (ue “/ encarava atare%a com seriedade# @o ?X omento, no (ua! recorremos + t*cnica de co!agem,“(uando !)e a&resentei a atividade e os materiais a reação %oi: vai ser %áci!Q# E,no 8X omento, “mostrou satis%ação (uando !)e disse (ue ia traa!)ar com o arro#> im&orta ainda sa!ientar, con%orme %oi registado, (ue o Antnio “&artici&oucom interesse e em&en)o em todas as atividades &ro&ostas#
4e seguida, iremos tentar &erceer at* (ue &onto * (ue os recursos artísticosuti!i-ados durante a intervenção &ermitiram a exteriori-ação e os sentimentos do Antnio
. Exteriori-ação de emoç'es e sentimentos
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@o 1X omento da intervenção, “(uando terminou o desen)o escondeu.se deaixode um anco# Nam*m no DX omento “durante o manuseamento do arro %e-uma escu!tura /e!e%ante (ue estava a &edir )e!&Q# Ainda nessa mesma consu!ta,“mostrou grande satis%ação (uando %oi incentivado a imaginar (ue o arro (uetin)a nas mãos era a!guma da(ue!as crianças (ue o magoam, sorria e ria en(uantoesmagava o arro#
A(uando a dramati-ação do conto, no LX omento, “/ c)egou %aci!mente +conc!usão (ue os monstros do conto re&resentam os nossos medos, (ue no seucaso &articu!ar são os co!egas da esco!a (ue o o%endem e magoam# @o BXomento, de&ois de &intar com as suas mãos o cor&o da &essoa (ue mais o magoa,no &a&e! cenário, %oi.!)e &erguntado como se sentiu, “/ res&ondeu (ue se sentiu em, * om desaa%arQ#
@o ?X omento, de&ois de se autorretratar como um su&er.)eroi, “&erguntei.!)ese isso era o (ue e!e * rea!mente ou o (ue e!e gostaria de ser es&ondeu (ue * o(ue e!e *# @o 8X omento tam*m %icou c!aro (ue “/ a criança assume os&ersonagens (ue traa!)a e (ue atrav*s de!es se reve!a, deixando &erceer as suas
ansiedades e in(uietudes#
@o 10X omento, no (ua! !)e %oi &edido (ue desen)asse uma árvore, o resu!tado%oi “/ uma árvore em mais estruturada, organi-ada, arrumada uito di%erenteda(ue!a (ue re&resentou na 1[ consu!ta#
;eguidamente, será ana!isada a (uarta e 5!tima categoria de aná!ise, desem&en)oacad*mico, a &artir das suas sucategorias, nomeadamente, rendimentoacad*mico, atitudes %ace + esco!a, integração no gru&o.turma e envo!vimento emsituaç'es de “u!!"ing#
L 4E;EPE@9 ACA4OIC
4e seguida, será ana!isado o desem&en)o acad*mico do Antnio, + !u- das (uatrosucategorias de%inidas Z rendimento acad*mico> atitudes %ace + esco!a>integração no gru&o.turma e envo!vimento em situaç'es de “u!!"ing#
. endimento acad*mico
@o 1X omento de intervenção %oi reco!)ida in%ormação no sentido de &erceer(ua! tem sido o rendimento acad*mico da criança @esse sentido, a suaEncarregada de Educação reve!ou (ue o Antnio “nunca re&rovou# @o entanto, “*de sa!ientar os &ro!emas de concentração (ue são tra-idos + atenção &e!os&ro%essores desde o 1X ano# A%irmou, ainda, (ue “/ o desem&en)o * %raco e orendimento tam*m#
Antnio, neste momento da intervenção, ava!iou o seu &r&rio rendimentoacad*mico como sendo “-ero#
@o 2X omento, %oi a ve- de &erceermos como a 4iretora de Nurma c!assi%icava orendimento acad*mico do Antnio, a sua res&osta %oi: “mediano, mas consegue%a-er me!)or#
@o 5!timo momento de intervenção com o Antnio, vo!támos a indagar aEncarregada de Educação, (uanto ao rendimento acad*mico do seu educando, ao(ue nos reve!ou (ue “ desem&en)o me!)orou mas, ainda re%!ete %a!ta deem&en)o na!gumas disci&!inas#
Nam*m tentámos &erceer a autoava!iação (ue o Antnio %a-ia, neste momento,(uanto ao seu rendimento acad*mico, ao (ue res&ondeu: “ meu desem&en)oesco!ar está muito me!)or &or ter desaa%ado e me audar#
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8/16/2019 Para uma educação pela arte
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Investigação,Práticas e Contextosem Educação2016
@o 11X, e 5!timo, momento de intervenção, vo!támos a (uestionar a 4iretora deNurma (uanto ao rendimento acad*mico do Antnio, e %omos in%ormados de (ue
“/ * de sa!ientar o &rogresso ao níve! do rendimento acad*mico (ue tem tidodesde (ue começou a ser acom&an)ado no Centro *dico de A!coaça @o %ina! do1X &eríodo teve um 2 e um L /numa esca!a de 1 a =, en(uanto no %ina! do 2X&eríodo á não teve nen)uma negativa e oteve mais um L E continua a a&resentarme!)orias, o (ue dá a &ers&etiva de &oder vir a me!)orar ainda mais as suas notasno DX &eríodo#
Agora iremos ana!isar se esta me!)oria no rendimento acad*mico se deu tam*mao níve! das atitudes %ace + esco!a
. Atitudes %ace + esco!a
@o 1X omento, %oi.nos reve!ado (ue “em ESN %e- um desen)o com um meninona esco!a a c)orar# A Encarregada de Educação ainda nos in%ormou (ue“/a&ro%essora di- (ue e!e &arece cansado#> e (ue o Antnio “sente.se triste com aesco!a e tem dores %ísicas Tá c)eguei a ir + esco!a &or e!e se sentir ma!#
@a o&inião da mãe, o seu educando “tem imensas ca&acidades mas estádesinteressado, &or ac)ar (ue não se &reocu&am com e!e na esco!a /#
Perguntámos ao Antnio o (ue e!e ac)a da esco!a, a res&osta %oi: “;e &udesseesco!)er não ia + esco!a# Ainda acrescentámos “;e &udesse o (ue mudava naesco!a#, a res&osta %oi: “4e%endia.me e * tudo#
@o %ina! da intervenção vo!támos a &erguntar.!)e o (ue mudaria na sua esco!a asua res&osta %oi: “não se o%enderem uns aos outros#
4e seguida, ana!isaremos a ca&acidade de integração do Antnio na sua turma. Integração no gru&o.turma
Antnio, (uando c)ega + consu!ta, tin)a &oucos amigos “2$D &or nome# @o 6Xmomento da intervenção, (uando !)e %oi &edido (ue nomeasse de%eitos e(ua!idades da &essoa (ue mais o magoa, %a!ou de um co!ega (ue tem sido “/ daturma de!e desde a &r*, s agora no =X ano * (ue são de turmas di%erentes, o (ue&ara si %oi um a!ívio#
Tá no %im da intervenção com o Antnio, tivemos o&ortunidade de %a-er umaentrevista semiestruturada + 4iretora de Nurma, onde nos reve!ou (ue o Antnio“/ teve a!gum &ro!ema de integração a(ui na esco!a / (ueixava.se de dores
de arriga, %re(uentemente tin)a (ue sair das au!as, (ueixava.se tam*m desensação de desmaio /#> ainda acrescentou (ue, “e!e estava sem&re muitoiso!ado não tin)a nada a ver com os co!egas, andava sem&re com a sua moc)i!in)a,a!i encostado, não interagia com os co!egas @o início era mesmo demais#
Nentámos &erceer se a &ro%essora notou a!gumas mudanças ao níve! da suaintegração, ao (ue nos res&ondeu: “ta!ve- ten)a )avido a!guma me!)oria a esseníve!, &e!o menos á não se (ueixa das tais dores de arriga> &arece.me at* numaatitude mais saudáve! / a esse níve!, &enso (ue )ouve a!gumas me!)orias#
Por %im, a res&eito do seu desem&en)o acad*mico, iremos ana!isar a sucategoriaZ envo!vimento em situaç'es de “u!!"ing#, centra! no nosso estudo
. Envo!vimento em situaç'es de “u!!"ing#
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@o &rimeiro contacto com o Antnio %icou evidente o seu envo!vimento emsituaç'es de “u!!"ing#, soretudo (uando con%essa (ue a!unos “mais ve!)os, do 6Xano, o o%endem#, (uando (uestionado como era o%endido “escreveu os nomes (ue!)e c)amam: &ane!eiro, cona, merda e gueiQ#
Tá no DX momento da intervenção reve!ou (ue “+s ve-es tam*m magoam
%isicamente Esta semana %i-eram.!)e uma rasteira, caiu, magoou.se e c)orou euma &rima /a%astada disse.!)e (ue era um e*, c)orava !ogo /não se de%endeu#
@o LX momento, %a!ámos sore “u!!"ing#, e!e mostrou.se in%ormado e esc!arecido,&or uma ação (ue )ouve sore o tema na esco!a, e * (uando“e!e assume (ue está aser vítima de u!!"ingQ#
@o 6X momento e!e ainda “/ conta e&isdios em (ue o o%enderam#, reve!ando(ue“/ se v3 os agressores no ar, &or exem&!o, dá uma vo!ta + esco!a, &ara evitarcon%rontar.se com e!es#
Começam a notar.se a!gumas mudanças no BX momento da intervenção, á (ue“%a!ou da esco!a, di- (ue não tem sido tão magoado# @o ?X momento tam*m
con%essa (ue “não t3m )avido e&isdios de agressão, e!e di- (ue mudou de atitude,(ue se de%ende /de modo mais %irme, outras ve-es ignora#
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