PELA MXIMA EFETIVIDADE PROCESSUAL NOS JUIZADOS
ESPECIAIS CVEIS
Augusto Vincius Fonseca e Silva
Juiz de Direito em Minas Gerais Ps-graduado em Direito Civil e Direito Processual Civil
pela UNESA/RJ Professor no curso de Ps-graduao em Direito Civil e
Direito Processual Civil da Faculdade Pitgoras, campus de Ipatinga/MG
Membro da Academia Brasileira de Direito Processual Civil (ABDPC) e do Instituto Brasileiro de Direito
Processual (IBDP)
1- Introduo:
O presente artigo a adaptao escrita de palestra por mim proferida na data
de 17/4/2009, a convite da Escola Judicial Des. Edsio Fernandes (EJEF), vinculada ao
Tribunal de Justia de Minas Gerais, e do Conselho de Superviso e Gesto dos Juizados
Especiais de Minas Gerais, para os candidatos que participam do I Curso de Formao para
Ingresso na magistratura mineira.
Prope-se, num primeiro instante, a aplicao subsidiria do Cdigo de
Processo Civil lei n. 9099/95, obviamente, no que for cabvel, e sempre visando a
concretizar os princpios cravados no art. 2. da referida lei. Para tanto, parto da filtragem
constitucional do processo e, ulteriormente, passo a trazer algumas aplicaes prticas que, no
dia-a-dia de um Juizado que, no ano passado, teve mdia de 660 processos mensais, serviram
queles propsitos acima mencionados (efetividade e celeridade) e humildemente
contriburam para o sucesso dos Juizados Especiais do nosso Estado e do nosso pas.1
Dito sucesso, alis, foi recentemente atestado em notcia veiculada no Jornal
da AMB (Associao dos Magistrados Brasileiros), mencionando que a taxa de
congestionamento nos Juizados Especiais a menor entre os ramos da justia brasileira.2
1 o que pode ser visto no peridico mensal do Tribunal de Justia de Minas Gerais TJMG Informativo, edio n. 133, de Novembro de 2008. 2 Entre os destaques positivos do estudo apresentado pelo CNJ est a atuao dos juizados especiais estaduais, que julgaram 1,2 milho de processos e receberam, no mesmo perodo, 1,1 milho de casos novos. A taxa de congestionamento a menor entre todos os ramos da Justia Brasileira: 47,64%. uma Justia de proximidade com a populao, que sempre considerou o Judicirio inacessvel. A procura pelos juizados deslanchou em virtude da resposta mais gil, analisa a presidente do Frum Nacional dos Juizados Especiais (FONAJE), Maria Abadia de Castro Lima). Recente pesquisa realizada pela AMB constatou que os juizados tm o melhor nvel de aprovao dentre os rgos do Poder Judicirio, alcanando ndice superior a 70%. A boa avaliao sugere que os juizados tornaram-se a porta de entrada da populao, sobretudo a mais carente, no Judicirio. (AMB Informa Edio 1. a 29 de Fevereiro de 2008).
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Hoje, os Juizados Especiais constituem uma realidade de concretizao do to almejado
acesso ordem jurdica justa. Os JESPs so uma realidade de concretizao do acesso
ordem jurdica justa. Conforme asseverado pelo eminente Presidente do Conselho de
Superviso e Gesto dos Juizados Especiais de Minas Gerais, Desembargador Jos Fernandes
Filho, dos grandes temas constitucionais (...) menor reivindicao patrimonial, tudo leva
judicializao das relaes sociais. Esta saudvel realidade, expresso do exerccio da
cidadania, aumenta a carga de trabalho dos Juzes, incapazes de responder expectativa da
sociedade.3
Tal expresso, cunhada pelo processualista paulista Kazuo Watanabe e
presente em linhas citadas por Alexandre Freitas Cmara, significa a garantia de que todos
os titulares de posies jurdicas de vantagem possam ver prestada a tutela jurisdicional,
devendo esta ser prestada de modo eficaz, a fim de se garantir que a j referida tutela seja
capaz de efetivamente proteger as posies de vantagem.4
E boa parte dos titulares dessas posies de vantagem pertence parcela
menos abastada da populao.
Assim, a justia, vista, antes, como algo distante da maioria da populao
brasileira, acessvel apenas aos de maior poder aquisitivo, tornou-se desmistificada com a
instituio dos Juizados Especiais pela Lei n. 9099/95, os quais no se limitaram a ser um rito
clere e barato. Bem ao contrrio, com eles se obteve a aproximao dos hipossuficientes do
ponto de vista econmico, constatao que mitigou sensivelmente a noo de que justia
existia para negros, pobres e prostitutas. E isso no passou ao largo da arguta percepo
doutrinria de Bernardo Gonalves Fernandes e Flvio Quinaud Pedron que, escorados nas
lies de Cndido Rangel Dinamarco e Luiz Guilherme Marinoni, preconizaram:
Observa, na esteira de Dinamarco, que os Juizados Especiais, com um procedimento mais simplificado e gil, alm de economicamente mais vivel, trazem consigo um papel altamente significativo na luta pelo efetivo acesso ordem jurdica justa. Mas adverte que no basta a deformalizao conjugada com a agilidade procedimental. Seria necessria tambm uma mudana sob a (tica) perspectiva ideolgica, no que se refere aos Juizados Especiais:
3 Jornal ESTADO DE MINAS, Edio de 02/07/2009. 4 Lies de Direito Processual Civil. 16. ed. RJ: Lumen Juris, 2007, V. 1, p. 36.
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absurda a ideia de se pensar o Juizado como um mero rgo destinado acelerao da justia. Estaramos diante da transformao do juizado em vara cvel peculiarizada pela adoo de um procedimento deformalizado e mais gil. Ora, no basta a deformalizao do procedimento se esquecida a ideologia que inspirou a sua instituio. A ideologia do juizado requer uma mudana de mentalidade voltada para o trato das questes das com pessoas carentes.5
Gize-se, entretanto, que os Juizados no anelam ser a justia dos pobres,
exclusivamente. Entend-los assim menoscab-los e erradamente compreend-los. Seu
objetivo, afirma Artur Csar de Souza, como o de toda a justia, no estabelecer uma
justia dos pobres em contraposio justia dos mais abastados economicamente, mas, sim,
formatar um Poder Judicirio acessvel a todos com igualdade de condies e estrutura.
Deseja-se romper as perspectivas, ainda recentes, das indiferenas em relao realidade do
sistema judicirio (...).
Mas o reconhecimento dessas desigualdades no se restringe apenas base
econmica. Pretende-se expandi-la a outros aspectos em que haja vitimizao decorrente das
amarras de um sistema injusto e desigual.
Persegue-se, na realidade, o reconhecimento de eventuais vtimas do sistema
dominante. E por vtimas do sistema no so apenas catalogados os menos favorecidos
economicamente.6
Os Juizados, ento, so muito mais que a aproximao da Justia populao
hipossuficiente. Sim, isso, mas muito mais, inclusive, a franca possibilidade de o Juiz
agir com uma parcialidade positiva, fazendo do processo um instrumento de real pacificao
social. Este, pois, o panorama do artigo em apreo.
2- Aplicao subsidiria do CPC lei n. 9099/95:
Vive-se, no contexto legislativo atual, a era da descodificao ou era dos
estatutos, de onde surgiram os microssistemas, isto , diplomas legislativos destinados a
regular, de forma completa, no um ramo da cincia jurdica, mas um certo ramo da vida em
sociedade7, a exemplo da lei das locaes (lei n. 8245/91), do Cdigo de Defesa do
5 Poder Judicirio e(m) crise. RJ: Lumen Juris, 2008, p. 151. 6 A Parcialidade Positiva do Juiz. SP: RT, 2008, pp. 208 e 209. 7Juizados Especiais Estaduais Cveis e Criminais Comentrios lei 9099/95. 4 ed. SP: RT, 2005, p. 7.
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Consumidor (lei 8078/90), do Estatuto da Criana e do Adolescente (lei n. 8069/90), dentre
outros. E, segundo Alexandre Freitas Cmara, o mesmo se d em relao ao Estatuto dos
Juizados Especiais. Este cria um sistema processual prprio, distinto do sistema criado pelo
Cdigo de Processo Civil. Trata-se de um sistema processual adequado para as causa cveis
de menos complexidade (...). Este microssistema segue princpios e regras prprios, distintos
daqueles estabelecidos pelo Cdigo de Processo Civil, mas o sistema do CPC lhe
subsidiariamente aplicvel.8
Assim, cabe dizer, junto com Joel Dias Figueira Jr. e Fernando da Costa
Tourinho Neto, que, com a lei 9099/95, introduziu-se no mundo jurdico um novo sistema
ou, ainda melhor, um microssistema de natureza instrumental e de instituio
constitucionalmente obrigatria (o que no se confunde com a competncia relativa e a
opo procedimental) destinado rpida e efetiva atuao do direito, estando a exigir dos
estudiosos da cincia do processo uma ateno toda particular, seja a respeito de sua
aplicabilidade no mundo emprico como do seu funcionamento tcnico-procedimental.9
Entrementes, no o fato de consubstanciar um microssistema que gera o
insulamento do rito dos Juizados. O Cdigo de Processo Civil, enquanto macrossistema,
continua permeando a aplicao de regras gerais, em regime de subsidiariedade e
complementao, naquilo que for compatvel, ao talante do que se retira, em interpretao
sistemtica, do art. 272, pargrafo nico, do CPC. Neste sentido, que dissertam Fernando da
Costa Tourinho Neto e Joel Dias Figueira Jr.:
No se pode rechaar a aplicabilidade das normas gerais de processo insculpidas na referida codificao [os autores referem-se ao CPC]; h que se observar, isto sim, que elas s tero incidncia na hiptese de omisso legislativa do microssistema e desde que se encontrem em perfeita consonncia com os princpios orientadores dos Juizados Especiais.10
8 Idem, p. 8. 9Juizados Especiais Estaduais Cveis e Criminais Comentrios lei 9099/95. 4 ed. SP: RT, 2005, p. 39. 10 Obra citada, p. 66. Humberto Theodoro Jr. endossa, prelecionando que, embora a lei n. 9099/95 seja omissa a respeito, intuitivo que, nas lacunas das normas especficas do Juizados Especial, tero cabimento as regras do Cdigo de Processo Civil, mesmo porque o art. art. 272, par. nico, contm previso genrica de que suas normas gerais sobre procedimento comum aplicam-se complementarmente ao procedimento sumrio e aos especiais. de reconhecer-se que, entre outros, institutos como a represso litigncia temerria, antecipao de tutela e a medidas cautelares devem ser acolhidos no mbito do Juizado Especial Civil, assim como todo o sistema normativo do Cdigo de Processo Civil, em tudo que seja necessrio para suprir as omisses da lei especfica, desde que no interfira em suas disposies expressas e no atrite com seus princpios fundamentais. No entanto, importante ressaltar que nenhuma lacuna da lei n. 9099/95 poder ser preenchida por regra do Cdigo de Processo Civil que se mostre incompatvel com os princpios que norteiam o Juizado Especial na sua concepo constitucional e na sua estruturao normativa especfica. (Curso de Direito Processual Civil Procedimentos Especiais. 41 ed. RJ: Forense, 2009, V. III, p. 414).
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H, pois, por assim dizer, um dilogo entre as fontes, num regime
comensalista.11
E no poderia mesmo ser de outro modo, porquanto, ao aplicar o direito, o
operador interpreta-o12 sistematicamente.13
3- Interpretao constitucional do processo, Filtragem constitucional do processo e
Direito Constitucional Processual:
Se a interpretao, como visto, permite a aplicao do CPC ao rito
sumarssimo, no podemos perder de vista, tambm e sobretudo, que o ponto de partida de
mencionada interpretao deve ser, inexoravelmente, a Constituio Federal. Quer dizer, no
basta que a interpretao seja conforme a Constituio; preciso que seja a partir da
Constituio.14
Noutras palavras, mas chegando ao mesmo destino, o processo deve passar
pela filtragem constitucional para se justificar legitimamente.
Por filtragem constitucional quer-se dizer que a ordem jurdica, sob a perspectiva
formal e material e assim os seus procedimentos e valores, devem passar, sempre e sempre,
pelo filtro axiolgico da Constituio Federal, impondo, a cada momento da aplicao do
Direito, uma releitura e atualizao de suas normas. (...) Temos em mente, na linha seguida
pela pesquisa, que a ideia de filtragem constitucional deve expressar mais um sentido de
11 Contra, entendendo que descabe a aplicao subsidiria do CPC ao rito sumarssimo: Nelson Nery Jr. e Rosa Maria Andrade Nery. Cdigo de Processo Civil e legislao processual civil extravagante em vigor. 4 ed. SP: RT, 1999, p. 2238, com o que, data venia, discordamos. 12A interpretao do direito consiste em concretar a lei em cada caso, isto , na sua aplicao. Assim, existe uma equao entre interpretao e aplicao: no estamos aqui diante de dois momentos distintos, porm frente a uma s operao. Interpretao e aplicao consubstanciam um s processo unitrio, superpondo-se.(GRAU, Eros Roberto. Ensaio e Discurso sobre a Interpretao/Aplicao do Direito. 2 ed. SP: Malheiros, 2003, p. X). 13 Isso quer dizer que o intrprete, ao interpretar o Direito, na verdade, est ainterpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicao da totalidade do Direito (...). No se deve considerar a interpretao sistemtica como simples instrumento da interpretao jurdica. a interpretao sistemtica, quando entendida em profundidade, o processo hermenutico por excelncia, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados, ou no se alcanar compreend-los sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretao jurdica sistemtica ou no interpretao.(FREITAS, Juarez. A interpretao sistemtica do Direito. 3 ed.. So Paulo: Malheiros, 2002, p. 71). 14 A respeito, vale trazer colao o pensamento sempre pertinente de Lus Roberto Barroso: o Direito Constitucional um modo de olhar o Direito e a Constituio a lente por que se deve ler e interpretar os demais ramos do Direito, de modo que o Direito infraconstitucional deve ser lido e reinterpretado a partir da Constituio, cuja supremacia, alm de formal, axiolgica. Enfim, toda interpretao jurdica constitucional. A norma infraconstitucional deve ser interpretada como forma de viabilizar e concretizar a vontade constitucional. (Hermenutica e Interpretao da Constituio Palestra proferida no XXIV Congresso Brasileiro de Direito Constitucional So Paulo, 12 a 14 de Maio de 2004 Notas taquigrficas).
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contaminao do direito infraconstitucional luz dos princpios constitucionais, que um
sentido de purificao.15
Esse processo de contaminao dos institutos processuais (e procedimentais)
pela norma constitucional levou a doutrina a defender a existncia de um Direito
Constitucional Processual para significar o conjunto das normas de Direito Processual que
se encontra na Constituio Federal, ao lado de um Direito Processual Constitucional, que
seria a reunio dos princpios para o fim de regular a denominada jurisdio
constitucional.16 Tal ramo, assevera Canotilho, teria como objecto o estudo dos princpios e
regras de natureza processual positivados na Constituio e materialmente constitutivos do
status activus processualis.17
A dicotomia Direito Constitucional Processual/Direito Processual
Constitucional no imune a crticas de setor autorizado da doutrina18, mas o trabalho em tela
no busca focar o acerto ou desacerto da diviso. Alis, a bem da verdade, a razo parece
estar com Cssio Scarpinella Bueno, para quem importam muito pouco os nomes: processo
constitucional, direito processual constitucional, direito constitucional processual, tutela
constitucional do processo, todos eles, dentre tantos, so aptos para descrever essa proposta
metodolgica, um verdadeiro mtodo de pensamento do direito processual civil. J perdemos
tempo demais com a identificao dos nomes; mister aplicar aquilo que eles descrevem!19
O que se colima com o que se exps at ento demonstrar que, conquanto o
art. 2. da Lei n. 9099/95 (que, sem querer reduzi-la, estatuto nitidamente processual/ritual)
mencione quais so os princpios regentes dos Juizados Especiais, no se deve olvidar de que
os princpios processuais cravados na Constituio Federal de 1988 tambm o so. O
princpio do devido processo legal, quer em seu sentido formal, quer em seu sentido
substancial (proporcionalidade), a ampla defesa, o contraditrio, o da razovel durao do
15 Filtragem Constitucional Construindo uma nova dogmtica jurdica. Porto Alegre: Sergio Antnio Fabris Editor, 1999, p. 104, nota 5. 16 NERY JR., Nelson. Princpios do Processo Civil na Constituio Federal. Coleo Estudos de Direito de Processo ENRICO TULLIO LIEBMAN. 8 ed. SP: RT, 2004, p. 26. LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo Primeiros Estudos. Porto Alegre: Sntese, 1999, pp. 61 e 62. 17 Direito Constitucional e Teoria da Constituio. 7 ed. Coimbra: Almedina, 2003, p. 966. 18 Contra a dicotomia, ver: LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo Primeiros Estudos. Porto Alegre: Sntese, 1999, pp. 61 e 62. Tambm: CATTONI, Marcelo. Direito Constitucional. Coleo Primeiras Linhas. BH: Mandamentos, 2002, p. 121. 19 O Modelo Constitucional do Direito Processual Civil: um paradigma necessrio de estudo do Direito Processual Civil e algumas de suas aplicaes. In Processo Civil Novas Tendncias Homenagem ao Professor Humberto Theodoro Jr.. Coord. Fernando Gonzaga Jayme, Juliana Cordeiro de Faria e Maira Terra Lauar. BH: Del Rey, 2008, p. 157.
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processo, o da efetividade, dentre outros vrios disseminados pelo texto magno, igualmente,
regem os Juizados. Deve, portanto, haver aplicao de todos estes princpios, resolvidas as
questes de coliso atravs do mtodo da ponderao que, por sua vez, secundado pela
proporcionalidade e seu trplice aspecto, sempre com o intuito de alcanar a efetividade do
processo.20
4- Efetividade do processo:
Muito se tem falado, hodiernamente, da efetividade do processo, sem, contudo,
haver preciso conceitual a respeito. Isso se deve, creio, ao fato de que muitas coisas da vida
so mais bem compreendidas do que conceituadas. E a efetividade processual uma destas
coisas. Prova disso que, alm de ser princpio, tambm escopo do moderno processo. Por
isso, j se disse, com percucincia, os princpios do devido processo legal, do contraditrio
e da ampla defesa esto diretamente ligados efetividade da jurisdio, uma vez que eles so
a garantia, para o cidado, de obter do Estado a tutela de seus direitos.21
Efetividade, significa, portanto, sob o enfoque do Direito Constitucional,a
realizao do Direito, o desempenho concreto de sua funo social. Ela representa a
materializao, no mundo dos fatos, dos preceitos legais e simboliza a aproximao, to
ntima quanto possvel, entre o dever-ser normativo e o ser da realidade social.22
Especificamente acerca da efetividade do processo ou da jurisdio, quer-se
designar, segundo anota Cludio Cintra Zarif, o conjunto de direitos e garantias que a
Constituio atribuiu ao indivduo que, impedido de fazer justia por mo prpria, provoca a
atividade jurisdicional para vindicar um bem da vida de que se considera titular. A este
indivduo devem ser, e so, assegurados meios expeditos e, ademais, eficazes, de exame da
demanda trazida apreciao do Estado. Eficazes, no sentido de que devem ter aptido de
propiciar ao litigante vitorioso a concretizao ftica da sua vitria.23
20 A respeito, veja-se: BARCELLOS, Ana Paula de. Ponderao, Racionalidade e Atividade Jurisdicional. RJ: Renovar, 2005. SARMENTO, Daniel. A ponderao de interesses na Constituio Federal. RJ: Lumen Juris, 2003. BARROS, Suzana de Toledo. O princpio da proporcionalidade e o controle de constitucionalidade das leis restritivas de direitos fundamentais. 3 ed. Braslia: Braslia Jurdica, 2003. 21 LOPES, Maria Elizabeth de Castro e LOPES, Joo Batista. Princpio da Efetividade. In Princpios Processuais Civis na Constituio. Org.: Olavo de Oliveira Neto e Maria Elizabeth de Castro Lopes. SP: Elsevier, 2008, p. 241 22BARROSO, Lus Roberto. Interpretao e Aplicao da Constituio. 6 ed. SP: Saraiva, 2004, p. 248. 23 Da necessidade de repensar o processo para que ele seja realmente efetivo. In Processo e Constituio Estudos em homenagem ao professor Jos Carlos Barbosa Moreira. Coord.: Luiz Fux, Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier. SP: RT, 2006, p. 141.
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Exercendo seu direito de ao, anelando obter a tutela jurisdicional de proteo
a seu direito, o cidado deflagra o processo que, hoje, h de ser entendido no como um fim
em si mesmo, mas como um mtodo de trabalho desenvolvido pelo Estado para permitir a
soluo dos litgios24, ou como um instrumento a servio e realizao da justia do caso
concreto; o processo no um fim em si mesmo.25
Nota-se, ento, que h uma estreita relao entre processo, procedimento e
efetividade, constatao que no passou despercebida s lentes de Cndido Rangel
Dinamarco, cujas linhas, pela importncia, merecem transcrio literal:
Pois a efetividade do processo, entendida como se prope, significa que sua almejada aptido para eliminar insatisfaes, com justia e fazendo cumprir o direito, alm de valer como meio de educao geral para o exerccio e respeito aos direitos e canal de participao dos indivduos nos destinos da sociedade e assegurar-lhes a liberdade. Sempre, como se v, a viso dos objetivos que vem iluminar os conceitos a oferecer condies para o aperfeioamento do sistema. Ora, preciso adequar o processo ao cumprimento de toda essa complexa misso, par que ele no seja fonte perene de decepo (toda decepo muito triste), nem permite que isso se desgaste a legitimidade do sistema. Desse lavor, ho de participar o processualista e o juiz e de ambos se espera, para que possa chegar ao bom termo, uma racional mas decidida mudana de mentalidade.26 [destaques originais]
Tambm a efetividade guarda relao com a celeridade, princpio dos mais
caros aos Juizados Especiais, vista da expressa previso contida no art. 2. da lei n. 9099/95
e, sobretudo, aps o acrscimo do inciso LXXVIII ao art. 5. da CF por fora da Emenda
Constitucional de n. 45/2004. Esclarea-se, porm, que, embora relacionados, efetividade e
celeridade no so sinnimos, conquanto seja comum haver confuso entre os sentidos. A
respeito da diferena, dissertam os citados Joo Batista Lopes e Maria Elizabeth de Castro
Lopes:
A celeridade apenas um aspecto da efetividade. Com maior rigor tcnico e luz da emenda n. 45, aos jurisdicionados se deve garantir a razovel durao do processo que, entre outros critrios, ter de levar em considerao a complexidade da causa. Por exemplo, se o desate da lide exigir prova pericial e o juiz a dispensar, em nome da celeridade processual, a efetividade do processo estar irremediavelmente comprometida: o julgamento no ser antecipado, mas precipitado...
24 BEDAQUE, Jos Roberto dos Santos. Efetividade do Processo e Tcnica Processual. 2 ed. SP: Malheiros, 2007, p. 36. 25 STJ REsp. 667.002/DF Rel. Min. Luiz Fux Data do julgamento: 12/12/2006 Disponvel no Informativo n. 308/STJ. 26 A instrumentalidade do processo. 12 ed. SP: Malheiros, 2005, pp. 330 e 331.
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Tem-se, pois, que a celeridade processual no pode vulnerar as garantias constitucionais entre as quais se colocam a ampla defesa e a produo de prova.27
Por isso, apresenta-se escorreita a posio de Jos Roberto dos Santos
Bedaque, para quem processo efetivo aquele que, observado o equilbrio entre os valores
segurana e celeridade, proporciona s partes o resultado desejado pelo direito material.
Pretende-se aprimorar o instrumento estatal destinado a fornecer a tutela jurisdicional. Mas
constitui perigosa iluso pensar que simplesmente conferir-lhe celeridade suficiente para
alcanar a to almejada efetividade. No se nega a necessidade de reduzir a demora, mas
no se pode faz-lo em detrimento do mnimo de segurana, valor tambm ao processo
justo.28
Traado, pois, que a efetividade o fim maior do processo e assim tambm,
como no poderia deixar de ser, o processo sob o rito sumarssimo -, passaremos s propostas
de aplicao concreta de algumas medidas que, creio, possam ajudar na implementao
daquele escopo. E isso tinha mesmo de ser feito, pois no se pode admitir o Direito como
mero academicismo de propostas abstratas e estreis. Como j dissera Alexandre Freitas
Cmara, a cincia isolada da prtica uma cincia estril, enquanto a prtica do Direito,
distante da cincia, pode se tornar puro charlatanismo. 29 nesta mirade, pois, que
prosseguiremos adiante.
5- Propostas concretas para a realizao do princpio da efetividade processual nos
Juizados Especiais Cveis:
Seguindo o rito sumarssimo, apresentaremos as propostas do incio: primeiro,
relativamente s peculiaridades da petio inicial nos Juizados. Aps, cuidaremos do
momento exato da apresentao da contestao, abordando, inclusive, a possibilidade de
flexibilizao procedimental e a correta exegese do enunciado cvel de n. 10 do FONAJE.
Aps, examinaremos a sentena e a proposta de aplicao do art. 515, 3., do CPC ao rito
sumarssimo. Por fim, algumas particularidades da impenhorabilidade na execuo dos
Juizados.
5.1- Petio inicial Atermao: 27 Artigo citado, p. 245. 28 Efetividade do Processo e Tcnica Processual. 2 ed. SP: Malheiros, 2007, p. 49. 29 Lies de Direito Processual Civil. RJ: Lumen Juris, 2007, V. 1. Nota introdutria.
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O art. 14 da lei n. 9099/95 possibilita que o pedido seja aviado, nos Juizados
Especiais, atravs de atermao, isto , aps relato oral da parte, o atermador reduzi-lo- a
termo escrito, observado os requisitos do 1. respectivo e, no que couber, o art. 282 do
Cdigo de Processo Civil.
sabido que boa parte dos atermadores composta de estagirios ou
servidores do Judicirio que no so bacharis em Direito. Da, curial que o Juiz do Juizado
tenha a sensibilidade de, ao analisar a petio inicial, no ser to tcnico, porquanto a tcnica
processual, porque instrumental, h de ser posta a servio do direito material. Deve
flexibilizar a anlise do princpio da congruncia (CPC, 128 e 460), obviamente, sem relegar
ao limbo a segurana jurdica, mas sem que sobrepuje a questo de fundo (lide) forma. A
propsito, o que preconiza Rogrio Marrone de Castro Sampaio:
No entanto, os novos rumos tomados pelo Processo Civil exigem, atualmente, seja dada certa flexibilizao a esse modelo, aproveitando-se, dentro do possvel e sem vulnerao das garantia processuais, o ato processual incompleto ou defeituoso, em nome de outros valores ou interesses que se pretendem preservar.
por essa razo que os pressupostos processuais no podem ser concebidos a partir de uma viso puramente formal, de sorte que a simples constatao da ausncia de um deles deva conduzir, inexoravelmente, extino do processo sem julgamento de mrito. Esta postura, que ainda deita razes em nosso meio jurdico, , de fato, responsvel pelo abortamento de vrias demandas, muitas das quais poderiam ser salvas e permitir, ao final, a pacificao do litgio. A comprovar tal assertiva, basta atestar o grande nmero de peties iniciais indeferidas, muitas das quais sem que sequer fosse dada ao autor oportunidade de corrigir eventual defeito.
Se o que se busca atualmente a efetividade da jurisdio, proporcionando-se ao sujeito o acesso a uma ordem jurdica justa, h que se conferir aos pressupostos processuais uma conotao substancial, vinculando-os ao preenchimento de determinada funo dentro do processo. Com muita preciso, conclui Bedaque serem os pressupostos processuais exigncias legais destinadas proteo de determinados valores inerentes s partes e jurisdio, visando possibilitar que o processo seja efetivo instrumento de acesso ordem jurdica - ou, em outras palavras que ele represente mtodo quo e justo de soluo de controvrsia.
Dentro deste contexto, assume o juiz o importante papel de conferir, dentro do possvel e diante da relevncia dos valores em jogo, a viabilidade necessria ao enfrentamento do mrito, ora direcionando a emenda da petio inicial, ora integrando certas omisses, ora relevando determinadas irregularidades, desde que no atingidos os princpios do contraditrio e da ampla defesa.
(...) Essa atuao integrativa do magistrado fica ainda mais evidente
quando focado o procedimento adotado nos Juizados Especiais Cveis. Tendo em vista os princpios que os informam, notadamente os da
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simplicidade e oralidade, invivel postura rigorosa no exame da representao inicial que, na maioria das vezes, sequer vem elaborada por advogado. Pensamento contrrio certamente levaria ao reconhecimento da inpcia da grande maioria das peties iniciais, deduzidas, inclusive por servidores do prprio Poder Judicirio. Cabe ao juiz, portanto, atuao no sentido de integrar e corrigir irregularidades, abrindo caminho para, ao final, conceder tutela que confira justa soluo lide.
Infere-se, como conseqncia do cenrio supra descrito, a flexibilizao do principio da congruncia, isto , da exata correlao entre o pedido e a providncia outorgada. Em suma, o autor fixa os limites da lide e da causa de pedir na petio inicial, cabendo ao juiz decidir de acordo com esse limite, censurando-se assim, os denominados desvios de julgamento. certo que a adstrio da sentena ao pedido deduzido em juzo decorre do principio dispositivo, conferindo segurana jurdica e contribuindo para a preservao da imparcialidade. No entanto, priorizados os ideais de justia e efetividade do processo, tal limitao atuao do juiz deve ser atenuada, desde que respeitadas as garantas processuais das partes. Essa deve ser a inteligncia a ser dada ao artigo 460 do Cdigo de Processo Civil que probe ao juiz proferir sentena, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o ru em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.30
Deve-se, pois, possibilitar a emenda inicial, quando pouco inteligvel o
pedido, mesmo quando j ofertada a contestao, conforme, a propsito, j decidiram o STJ e
o TJMG.31
A par de ser a emenda um direito da parte, assim agindo o magistrado do
Juizado, estar realizando o princpio da cooperao, que, para Fredie Didier Jr., resume-se
no trinmio a) dever de esclarecer dvidas, evitando decises aodadas e equivocadas; b)
dever de consultar as partes sobre questo no alvitrada no processo, evitando, assim, o efeito
surpresa, mesmo diante de questes cognoscveis de ofcio; e c) dever de prevenir, evitando 30 SAMPAIO, Rogrio Marrone de Castro. A atuao do Juiz no Direito Processual Civil Moderno. SP: Atlas, 2008, p. 131-134. 31 PROCESSO CIVIL. CITAO E CONTESTAO DA EMPRESA R. SENTENA, EXTINGUINDO O PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MRITO, POR INPCIA DA INICIAL. APELAO PROVIDA, DETERMINANDO A EMENDA DA INICIAL, MESMO QUE APRESENTADA A CONTESTAO. POSSIBILIDADE. DIREITO SUBJETIVO DO AUTOR. ART. 284 DO CPC. OBSERVNCIA AOS PRINCPIOS DA ECONOMIA, EFETIVIDADE E INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO, MAS IMPROVIDO.1 - Invivel a extino do processo sem julgamento do mrito por inpcia da exordial, sem dar oportunidade parte para proceder sua emenda, por se tratar de direito subjetivo do autor. Art. 284 do CPC. 2 - Incompatvel com a interpretao sistemtica e teleolgica do sistema processual civil brasileiro o procedimento adotado pelo MM. Juiz monocrtico que, sem realizar o exame prvio da exordial quando da propositura da ao, deu prosseguimento ao feito, para ento, aps a contestao da recorrente, decidir pela extino do processo sem julgamento do mrito pela inpcia da petio inicial. 3 - Em observncia aos princpios da economia, da efetividade e da instrumentalidade do processo, esta Corte vem admitindo a emenda da petio inicial considerada inepta, ainda que contestada a ao (.STJ 4. T. - REsp. 674215/RJ Relator Ministro JORGE SCARTEZZINI - Data do Julgamento: 19/10/2006 - Data da Publicao/Fonte: DJ 20/11/2006, p. 314. Tambm: STJ 6. T. REsp. n. 101.013/CE Rel. Min. Hamilton Carvalhido j. 11/06/2003 DJU 18/08/2003, p. 232). No TJMG: PETIO INICIAL - INPCIA - EMENDA - DIREITO SUBJETIVO DO AUTOR. Ao autor deve ser concedida a oportunidade de emendar a Inicial, salvo se insanvel o vcio, mesmo depois de contestado o feito, pois constitui direito subjetivo daquele. (TJMG - Nmero do processo: 1.0708.05.012810-5/001 Relator Des. JOS ANTNIO BRAGA - Data do Julgamento: 11/11/2008 - Data da Publicao: 07/01/2009).
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nulidades e a extino prematura e indesejvel do processo. Aqui se enquadraria o art. 284 do
CPC.32
Ainda no trato dos requisitos de admissibilidade da petio inicial,
destacadamente quando da anlise das condies da ao, valioso que aplique o Juiz do
Juizado a teoria da assero.
Classicamente, a partir da leitura do art. 267, VI e 3., do Cdigo de Processo
Civil, a extino do processo sem resoluo de mrito poderia ocorrer a qualquer tempo,
porquanto a carncia de ao seria matria no-preclusiva.
Entrementes, no mais dado ao operador do Direito aplicar cegamente a lei,
sem ter em conta o que prescreve a Constituio Federal de 1988 a respeito do devido
processo legal. Por esse motivo, fala o citado Rogrio Marrone de Castro Sampaio na
necessidade de uma releitura das condies da ao pelo Juiz:
A aferio das condies da ao constitui estgio em que se evidencia a atuao valorativa na aplicao das normas processuais. O novo modelo processual, em que se prestigia a outorga de um tutela jurisdicional justa e pacificadora, impulsiona o processo, na medida do possvel, ao julgamento do mrito, visto que, em princpio, esse o resultado que atende a tais expectativas. (...) Inseridas entre as tcnicas processuais, surgem as condies da ao como requisitos cuja presena essencial para viabilizar o exame do objeto da ao (...). De outra parte, a ausncia de uma das condies da ao torna o processo intil, desprovendo de eficcia a tutela jurisdicional que viesse a apreciar a pretenso do autor, alm de movimentar, desnecessariamente, a mquina do Poder Judicirio. Assim, surgindo um obstculo ao exame do mrito, as condies da ao devem ser compatibilizadas com essa nova viso constitucional do direito de ao. Ao mesmo tempo que atuam como fator limitativo do exerccio da plena atividade jurisdicional no caso concreto, no podem, de outra parte, serem concebidas num grau de formalismo que conduza vulnerao dessa nova concepo social dada ao processo, vinculado a um resultado justo. Em suma, imperioso que a ao, como direito obteno de uma tutela justa, seja inserida, com as limitaes impostas pela presena de certas condies, dentro do modelo que consagra as garantias constitucionais do processo. Da a necessidade de flexibilizao do exame das condies da ao.
32 Curso de Direito Processual Civil Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 8 ed. Salvador: Jus Podium, 2007, V. 1, pp. 55/58.
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preciso realar que a atuao prtica das condies da ao, como tcnica para se aferir a aptido do processo de atingir providncia de mrito, d ensejo a inmeras dificuldades e a intensas discusses doutrinrias que, todavia, no guardam pertinncia com o que se pretende nessa fase. Parece irrecusvel, a par dessa controvrsia, que a aferio da legitimidade da parte, do interesse processual ou de agir e a possibilidade jurdica do pedido exigem do juiz um exame superficial e abstrato dos vrios aspectos que giram em torno do direito material, objeto da pretenso deduzida. Procedendo a esse exame, uma vez constatada a falta de pertinncia subjetiva para figurar em um dos plos da relao jurdica processual, ou a falta de adequao ou de necessidade da tutela pretendida, ou a existncia de vedao no ordenamento jurdico para que se instaure a relao processual, deve o magistrado, como regra, julgar o autor carecedor de ao, extinguindo o processo sem julgamento de mrito. O que se defende, no entanto, que, excepcionalmente, se atinja o julgamento do mrito, com a satisfao do interesse protegido, relegando-se para segundo plano a perfeita identificao de uma dessas condies da ao. A relevncia do bem jurdico, objeto da pretenso, justifica a mitigao destes requisitos prejudiciais ao mrito, com fundamento, inclusive, no estudado princpio da proporcionalidade. Maior ainda o prejuzo instrumentalidade processual quando a extino do processo, por carncia de ao, se d aps longa e cansativa tramitao processual, com o esgotamento, inclusive, de toda a fase instrutria. Uma vez atingido esse estgio, muito mais razovel na medida do possvel, outorgar-se providncia de mrito, julgando-se procedente ou improcedente a ao, do que se apegar ao formalismo e simplesmente decretar o autor carecedor de ao, conquanto, luz da legislao processual, isso deva ser feito. (...)33
Retomando a tal teoria da assero, escreve Fredie Didier Jr.:
Sem olvidar o direito positivo, e considerando a circunstncia de que, para o legislador, a carncia de ao diferente de improcedncia do pedido, prope-se que a anlise das condies da ao, como questes estranhas ao mrito da causa, fique restrita ao momento de prolao do juzo de admissibilidade inicial do procedimento. Essa anlise, ento, seria feita luz das afirmaes do demandante contidas em sua petio inicial (in statu assertionis). Deve o juiz raciocinar admitindo, provisoriamente, e por hiptese, que todas as afirmaes do autor so verdadeiras, para que se possa verificar se esto presentes as condies da ao. O que importa a afirmao do autor, e no a correspondncia entre a afirmao e a realidade, que j seria problema de mrito. No se trata de um juzo de cognio sumria das condies da ao, que permitiria um reexame pelo magistrado, com base em cognio exauriente. O juzo definitivo sobre a existncia das condies da ao far-se-ia nesse momento: se positivo o juzo de admissibilidade, tudo o mais seria deciso de mrito, ressalvados os fatos supervenientes que determinasse a perda de uma condio da ao. A deciso sobre a existncia ou no de carncia de ao, de acordo com essa teoria, seria sempre definitiva. Chama-se de teoria da assero ou da prospettazione. (...)
33 Obra citada, pp. 136/138.
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A falta de uma dessas condies, reconhecida liminarmente ou aps instruo, deveria dar ensejo, sempre, a uma deciso de mrito. A natureza de uma questo no muda de acordo com o momento em que examinada. No entanto, indiscutvel que, luz do direito positivo, a melhor soluo hermenutica a adoo da teoria da assero, que ao menos diminui os inconvenientes que a aplicao literal do 3. do art. 267 do CPC poderia causar.34
A jurisprudncia j teve a oportunidade de se mostrar neste rumo, afinando-se,
ento, com a moderna processualstica.35
Aplicando indigitada teoria, o Juiz estar velando pela resoluo da lide, sem
esquecer, portanto, de examinar as condies da ao. Todavia, ir faz-lo secundado nas
abstratas alegaes do autor. Recebida a inicial, tudo em diante ser mrito e a sentena
correspondente ser definitiva, desafiando coisa julgada material, com efeitos pan-
processuais. Concretizada, assim, a efetividade processual.
5.2- Contestao no rito sumarssimo: momento de apresentao; enunciado cvel n. 10
do FONAJE, flexibilizao procedimental e o enunciado cvel n. 6 do II ENJESP:
Qual o momento em que a contestao pode ser apresentada em sede de
Juizado Especial Cvel?
Reza o enunciado cvel de n. 10 do FONAJE que a contestao poder ser
apresentada at a audincia de Instruo e Julgamento. Todavia, muita distoro
interpretativa tem ocorrido acerca de tal enunciado, com prejuzo para a prpria efetividade
do processo.
34Pressupostos Processuais e Condies da Ao O Juzo de Admissibilidade do Processo. SP: Saraiva, 2005, pp. 216/218. 35 A legitimidade para o feito, conforme a teoria da assero, diz respeito apenas verificao da pertinncia abstrata com o direito material controvertido. Assim, se em uma anlise preliminar do processo verifica-se que o pedido do autor deve ser dirigido ao ru em razo dos fatos e fundamentos deduzidos na inicial, h pertinncia subjetiva para o feito. Por outro lado, a anlise da existncia ou no da relao jurdica afirmada na inicial importa, respectivamente, na procedncia ou improcedncia do pedido. (TJMG - Nmero do processo: 2.0000.00.490569-9/000 Relator Des. ELPDIO DONIZETTI - Data do Julgamento: 29/06/2006 - Data da Publicao: 15/09/2006). II - No particular, inclusive, de se aplicar a Smula n. 283/STF, porquanto fundou-se o julgado ora hostilizado na argumentao de que vigente no direito processual a teoria da assero e no a teoria concretista da ao, motivo por que "as condies da ao so verificadas em abstrato". Sobre este fundamento, suficiente mantena do acrdo, no se contraps a recorrente. III - A alegativa de violao do art. 3 do Cdigo de Processo Civil, por si s, no tem o condo de reformar o acrdo recorrido, visto que a Corte ordinria justificou a existncia da legitimidade passiva, in casu, tendo como base, justa, a teoria da assero. A recorrente, todavia, prende-se alegativa de que "no crvel manter uma ao civil pblica contra a fornecedora de energia eltrica se ela no produz o dano e muito menos est responsvel pela operao de equipamentos que podem, em tese, evit-lo (...)". A que reside o n grdio da questo: pela teoria da assero possvel sim, que isto acontea. IV - Ademais, consoante cedio, "a legitimidade do Ministrio Pblico para ajuizar tais aes (civis pblicas) prevista in satus assertionis, ou seja, conforme a narrativa feita pelo demandante na inicial ('teoria da assero')". (STJ - REsp n. 265.300/MG, DJ de 2/10/2006). V - Agravo regimental improvido. (STJ 1. T. - AgRg no REsp 877161/RJ - Relator Ministro FRANCISCO FALCO - Data do Julgamento: 05/12/2006 - Data da Publicao/Fonte: DJ 01.02.2007, p. 442).
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Nota-se que a letra do enunciado faz meno ao ato processual denominado
audincia de instruo e julgamento. Logo, a correta exegese no pode desprezar isso, o que
nos leva seguinte indagao: o que audincia de instruo e julgamento? A pergunta pode
parecer trivial, mas, repito, vrios operadores a tm utilizado malbaratadamente,
comprometendo a efetividade.
Esclarece Rogrio Lauria Tucci que a AIJ o momento do procedimento
ordinrio em que se consubstancia ato complexo do processo de conhecimento, destinado
instruo oral e julgamento da causa.36 Haure-se, pois, deste conceito que a razo de sua
designao premncia de produo de provas orais. Assim, segundo palavras do insigne
Des. Ernane Fidlis dos Santos, dispensveis as provas orais, o julgamento da lide
antecipado (art. 330, I e II), abolindo-se a fase instrutria e, em conseqncia, a
audincia.37
Sim, temos norma especfica na lei n. 9099/95, positivada no art. 33, segundo o
qual todos as provas sero produzidas na audincia de instruo e julgamento. Certo.
Mas, para que designar audincia de instruo e julgamento apenas para que as partes juntem
documentos? O dispndio de dinheiro e de tempo para a designao de tal audincia alto,
pois envolve gastos com papel, Oficial de Justia etc. E no olvidemos que a AIJ tem por fim
mximo a produo de prova oral. Logo, a despeito daquele dispositivo da LJE, pode e deve
o Juiz, em homenagem celeridade processual, que tem status de princpio do rito
sumarssimo (art. 2., da lei n. 9099/95), deixar de designar tal ato apenas para colheita de
prova documental. Isso pode ser obtido, sem qualquer violao da ampla defesa,
oportunizando que as partes juntem documentos depois de intimadas para tanto.
Todavia, o que se tem visto a designao de AIJ apenas porque, em sesso de
conciliao, no obtida a conciliao. O ru, ento, requer designao de AIJ apenas para
ofertar contestao, sem qualquer meno prova oral e, s vezes, at dela desistindo 36 Enciclopdia Saraiva do Direito. SP: Saraiva, 1977, V. 9, p. 119. 37 Manual de Direito Processual Civil Processo de Conhecimento. 11 ed. SP: Saraiva, 2007, V. 1, p. 592. No mesmo sentido: NUNES, Elpdio Donizetti. Curso Didtico de Direito Processual Civil. 8 ed. RJ: Lumen Juris, 2007, p. 337. E tambm: CMARA, Alexandre Freitas. Lies de Direito Processual Civil. 16 ed. RJ: Lumen Juris, 2007, V. 1, pp. 386 e 387; BUENO, Cssio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil Procedimento Comum: Ordinrio e Sumrio. SP: Saraiva, 2007, V. 2, T. I, p. 317; GONALVES, Marcus Vincius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 4 ed. SP: Saraiva, 2007, V. 1, p. 493. Na jurisprudncia: TJRS - Agravo de Instrumento n. 70022680862, Dcima Quinta Cmara Cvel, Relator Des. Otvio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em 15/01/2008, Dirio da Justia do dia 01/02/2008.
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expressamente. At a, apesar de juridicamente errado, vai. O pior quando o Juiz defere tal
requerimento e marca a AIJ. Ora, mas referido ato no serve precipuamente produo de
prova oral? As partes e os advogados comparecem, portanto, apenas para que seja entregue a
contestao e, se for o caso, para que seja apresentada a rplica. Com todo respeito, isso
inconveniente, contraproducente do ponto de vista processual e sinceramente comprometedor
da mxima eficincia possvel do processo!
E tudo por causa da obnubilada interpretao do indigitado enunciado...
Bastaria estar atento expresso at ali inserida que, prosaico diz-lo, delimita o perodo
mximo de tempo, isto , a contestao tem o limite temporal processual para ser apresentada
at a referida audincia e no na audincia de instruo e julgamento. Logo, sendo
prescindvel a produo de prova oral, no h por que ser marcada audincia de instruo e
julgamento apenas para apresentao de contestao. Aqueles que assim procedem, ainda
mais em Juizados Especiais cuja distribuio mensal alta, oportunizam ao ru um prazo
deveras dilatado para contestar, mesmo porque a pauta de audincia de instruo e
julgamentos tambm assoberbada. A propsito, Athos Gusmo Carneiro enxerga nessa
patologia a audincia como fator de eventual retardamento do processo. Disserta o culto
Ministro:
A exigncia de realizar, sempre e sempre, a audincia de instruo e julgamento, constitui fator, vezes muitssimas, no de aperfeioamento, mas de procrastinao injustificvel no andamento dos processos, pelo atraso decorrente das pautas de juzes sobrecarregados de trabalhos.38
O que fazer, ento, se no designada a AIJ? Quando o ru ofertar sua
contestao?
A resposta, para os que no entendem possvel a aplicao subsidiria do CPC
lei n. 9099/95, marcar AIJ para esse fim, com o que, respeitosamente, discordamos.
Alhures, podemos nos valer do CPC para concretizar a efetividade. E como? Aplicando o que,
modernamente, chamado de flexibilizao procedimental.
Segundo Luiz Guilherme Marinoni, o processo, no Estado contemporneo,
tem de ser estruturado no apenas consoante as necessidades do direito material, mas
38Audincia de Instruo e Julgamento e Audincias Preliminares. 11 ed. RJ: Forense, 2003, p. 6.
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tambm dando ao juiz e parte a oportunidade de se ajustarem s particularidades do caso
concreto. nesse sentido que se diz que o direito fundamental tutela jurisdicional, alm de
constituir uma garantia ao titular do direito tutela do direito material, incide sobre o
legislador e o juiz. De modo que o processo, atualmente, o prprio procedimento. Mas no
apenas, como quer Fazzalari, o procedimento realizado em contraditrio at porque essa
exigncia bvia e inegvel -, mas igualmente um procedimento idneo s tutelas prometidas
pelo direito material e proteo do caso concreto. Alis, para que o processo seja capaz de
atender ao caso concreto, o legislador deve dar parte e ao juiz o poder de concretiz-lo ou
de estrutur-lo. Ou seja, o processo no apenas deve, como mdulo geral atender s
expectativas do direito material, mas tambm deve dar ao juiz e s partes o poder de utilizar
as tcnicas processuais necessrias para atender s peculiaridades do caso concreto.39
Nesta quadra que se localiza o princpio da adaptabilidade do procedimento.
Para Fredie Didier Jr., nada impede, entretanto, antes aconselha, que se possa previamente
conferir ao magistrado, como diretor do processo, poderes para conformar o procedimento
s peculiaridades do caso concreto, tudo como meio de mais bem tutelar o direito material,
de modo que a flexibilizao do procedimento s exigncias da causa (...) fundamental
para a melhor consecuo dos seus fins, em uma perspectiva instrumentalista do
processo.40
al, pois o uso do instrumento certo, longe de
dvida, otimiza a qualidade do resultado.41
Logo, pode-se dizer, junto com Srgio Gilberto Porto, que a adequao
procedimental s peculiaridades da situao concreta por certo acarretaria a melhora do
desempenho estatal na prestao jurisdicion
Frise-se que a adaptao procedimental no tem por escopo relegar ao limbo a
tcnica processual, nem levantar a bandeira da ampla e irrestrita liberdade ritual. Nada disso.
Como bem disserta Jos Roberto dos Santos Bedaque, o princpio da adequao ou
adaptao do procedimento fundamental correta aplicao da tcnica processual. Os
modelos procedimentais e os poderes, deveres e faculdades dos sujeitos do processo devem,
39 Teoria Geral do Processo. 2 ed. SP: RT, 2007, V. 1, pp. 429 e 430. 40Curso de Direito Processual Civil Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento. 8 ed. Salvador: Jus Podium, 2007, V. 1, p. 51. 41 A crise da eficincia do processo A necessria adequao processual natureza do direito posto em causa, como pressuposto de efetividade. In Processo e Constituio Estudos em homenagem ao professor Jos Carlos Barbosa Moreira. SP: RT, 2006, p. 181.
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na medida do possvel, adequar-se s peculiaridades do fenmeno jurdico material e ser
compatveis com a natureza da tutela jurisdicional pleiteada, afinal, a forma no constitui
valor em si mesma, o formalismo processual deve ser examinado luz dos objetivos a serem
alcanados. Assegurada a participao dos interessados na formao do convencimento do
julgador e, portanto, no resultado do processo -, o problema da forma acaba passando
para o segundo plano. preciso reconhecer que, muitas vezes, o fim alcanado embora no
observada a forma destinada a garanti-lo. Por isso, as regras relacionadas aos requisitos
formais desse mtodo de trabalho devem ser interpretadas luz desta premissa: o que
importa o fim, sendo a forma mero meio para atingi-lo. imprescindvel que o
processualista volte sua ateno para o objetivo principal do processo, em funo do qual
deve ser aplicada a tcnica processual.42 Quer dizer, a forma e a tcnica devem servir
adequadamente ao direito de fundo (material), sobre o qual pende o estado de insatisfao a
ser resolvido pela via processual estatal.43
equado tutela do direito substantivo
significaria a negativa de existncia de tal direito.
requisito procedimento injustificvel,
ou cuja existncia acabaria por eliminar o direito.44
Assim, preconizam Jos Miguel Garcia Medina e Tereza Arruda Alvim
Wambier, inexistindo procedimento explicitamente previsto no sistema, o procedimento
adequado dever ser modelado pelo juiz, de acordo com os parmetros oferecidos pelas
partes, j que a ausncia de tal procedimento ad
A este resultado se poder chegar interpretando-se um procedimento
previsto no Cdigo de Processo Civil [e, por que no, em lei extravagante] conforme
Constituio Federal, por exemplo, a fim de suprimir
42 Obra citada, pp. 45 e 46. 43 Ou, nas palavras de Humberto Theodoro Jr., o que deve merecer maior valorizao no a forma em si, mas, sim, o objetivo visado pela norma procedimental. Se este objetivo for preservado, dentro do escopo maior do processo e segundo o sistema geral do contraditrio e da ampla defesa, cumpriu-se a instrumentalidade esperada do procedimento. Mesmo inobservado algum ritual, no haver razo para atribuir relevncia ao vcio formal. O interesse pblico na definio do rito est na garantia dos valores que o inspiram e no em si mesmo. (Curso de Direito Processual Civil Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 50 ed. RJ: Forense, 2009, V. 1, p. 328). 44 Processo Civil Moderno Parte Geral e Processo de Conhecimento. SP: RT, 2009, V. 1, pp. 54 e 55. No mesmo sentido, novamente, Jos Roberto dos Santos Bedaque: a principal misso do processualista moderno buscar alternativas que favoream a resoluo de conflitos. No pode prescindir, evidentemente, da tcnica. Embora necessria para a efetividade e eficincia da justia, deve ela ocupar o seu devido lugar, como instrumento de trabalho, no como um fim em si mesmo. No se trata de desprezar aspectos tcnicos do processo, mas apenas de no se apegar ao tecnicismo. A tcnica deve servir de meio para que o processo atinja seu resultado (...). (Direito e Processo Influncia do Direito Material sobre o Processo. 4 ed. SP: Malheiros, 2006, pp. 50 e 51)
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Fernando da Fonseca Gajardoni, em obra dedicada ao estudo da flexibilizao
procedimental, analisan o os
uma variao ritual (finalidade), na participao das partes da deciso flexibilizadora (contraditrio) e na
ar, o que, alm de retardar a prestao jurisdicional, vai de encontro,
como j vimos, faceta material do contraditrio, mais precisamente na capacidade de
influir na decis
camente acerca da
exibilizao ritual em sede de Juizado Especial, arrimando sua tese na interpretao do art.
6., da lei n. 9099/95, em ora
e o dispositivo tenha d
d requisitos indispensveis a tanto, disserta:
Obviamente, algum critrio, ainda que mnimo, deve haver para que possa ser implementada a variao ritual, sob pena de tornarmos nosso sistema imprevisvel e inseguro, com as partes e o juiz no sabendo para onde o processo vai nem quando ele vai acabar. Esse critrio consiste na necessidade de existncia de um motivo para que se implemente, no caso concreto,
indispensabilidade de que sejam expostas as razes pelas quais a variao ser til para o processo (motivao).45
Este mesmo autor afirma que, no obstante devam as partes do processo
participar, em contraditrio, da deciso que flexibilizar o procedimento, tal s ser
necessrio se a participao da parte para a formao do novo rito for til, isto , capaz de
lhe assegurar alguma vantagem. Se a variao ritual lhe for ser benfica, sua participao
pode ser excepcionalmente e licitamente tolhida, pois acabaria consistindo em um simples
participar por particip
o.46
Doravante, este mesmo Magistrado paulista disserta especifi
fl
b reconhea haver corrente contrria. Escreve:
Uma outra corrente, da qual somos partidrios, v no dispositivo verdadeira autorizao para julgamento por equidade. Autorizada, portanto, de maneira genrica, a flexibilizao das normas procedimentais e materiais em favor de um julgamento mais aderente realidade da causa. Com efeito, a expresso equnime adjetivo daquele que age com equidade, no me parecendo, assim, que a obedincia s regras de legalidade estrita seja imposta do ponto de vista redacional. Ademais, na medida em que o art. 25 da lei n. 9099/95 fala em possibilidade de julgamento por equidade pelo juiz leigo eleito pelas partes como rbitro, fazendo expressa referncia ao art. 6. da mesma lei, no me parece ququeri o dizer outra coisa se no que dado a qualquer julgador em sede do JEC (juzes togados, leigos ou rbitros), diante das circunstncias especficas do caso concreto, se afastar das regras legais cogentes. (...)
45 Flexibilizao Procedimental Um novo enfoque para o estudo do Procedimento em matria processual. SP: Atlas, 2008, pp. 87 e 88. 46 Idem, p. 93.
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Os operadores desse sistema esto libertos do tradicional zelo pelas formas dos atos processuais, isto a fim de cumprir com fidelidade a mens dessa nova ordem processual. O Juiz, ao menos quanto s regras de forma (...), livre para dar ao feito o procedimento que se revelar mais adequado rpida e justa composio da lide, sem se afastar, por bvio, das garantias constitucionais do processo. Por isso, h amparo legal e doutrinrio para que o julgador, ao menos no sistema dos
dos, Juiza que cuida, em tese, de causas de menos valor, inove no mbito procedimental,
o se v bice dispensa da audincia conciliatria prevista no art. 21 da i n. 9099/95, quando o juiz aferir que o deslocamento da parte para duas audincias (de
omum? acaba por reforar o iderio do juiz como instrumento da realizao da
justia no caso concreto e no como simples autmato repetidor da sempre genrica norma
legal.
revistas no art. 127 do CPC, o art. 6. da lei n. 9099/95
autoriza o julgamento por equidade sempre que esse critrio atender aos fins sociais dessa lei
e s exigncias
pe ao juiz o
dever de bem justificar seu eventual distanciamento da letra da lei, a fim de evitar que a
discricionaried
o a seguinte:
possvel o julgamento antecipado da lide, caso em que os prazos para contestar e impugnar,
nas hipteses previstas em lei, sero os do Cdigo de Processo Civil.50
criando ou mesclando procedimentos diversos, fundamentadamente, para o fim de alcanar uma mais justa e equnime deciso, ainda que com o afastamento dos padres legislativos abstratos. (...)
ambm n Tleconciliao e instruo) puder lhe acarretar grave prejuzo ou ampliar consideravelmente os custos do processo.47
E seguindo essa vereda, o Juiz dos Juizados Especiais e por que no o da
Justia C
Sem as limitaes p
do bem comum.48
De se lembrar, contudo, que a maior liberdade de atuao proporcionada
pela lei n. 9099/95, ao contrrio de dispensar a motivao das decises, im
ade que lhe foi confiada ganhe contornos de arbitrariedade.49
Nesta trilha, bem andou Minas Gerais, ao aprovar, no II Encontro dos Juzes
do Juizados do Estado (II ENJESP), o enunciado cvel de n. 6, cuja dic
47 Idem, pp. 152/154. 48SANTOS, Marisa Ferreira e CHIMENTI, Ricardo Cunha. Juizados Especiais Cveis e Criminais Federais e Estaduais.
, 330, I). Verifica-se, aqui, a influncia que o direito material acarreta no procedimento, o que refora a idia de
Coleo Sinopses Jurdicas. 2 ed. SP: Saraiva, 2004, V. 15, T. II, pp. 187 e 188. 49 Idem, Ibidem. 50 Jos Roberto dos Santos Bedaque ratifica, em linhas que se encaixam perfeitamente flexibilizao do procedimento sumarssimo: trata-se da concepo de um modelo procedimental flexvel, passvel de adaptao s circunstncias apresentadas pela relao substancial. No se admite mais o procedimento nico, rgido, sem possibilidade de adaptao s exigncias do caso concreto. Muitas vezes, a maior ou menor complexidade do litgio exigem sejam tomadas providncias diferentes, a fim de se obter o resultado do processo. Exemplo claro do princpio da adaptabilidade consiste na possibilidade de julgamento antecipado, quando circunstncias inerentes relao substancial tornarem dispensvel dilao probatria (CPC
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Que sigam os nobres colegas Magistrados dos Juizados essas orientaes para
bem dos jurisdicionados e para que se concretize a efetividade do processo.
fetividade do processo sob o rito
sumarssimo
execuo nos Juizados Cveis, sempre colimando realizar a
multipropalada efetividade.
contedo comunicativo com as partes do processo que,
aqui, podem litigar sem advogado.
mo escreveu Calamandrei, as sentenas no devem ser bonitas, mas simplesmente
justas.52
unicao que este
ato precisa ter para que o jurisdicionado capte e entenda o que foi decidido.
o
5.3- Propostas finais para concretizao da e
a sentena, o recurso e a execuo:
Em arremate, proporemos, em breves linhas finais, sugestes acerca da
sentena, do recurso e da
O fato de a sentena, em sede de Juizados, dispensar o relatrio (art. 38 da lei
n. 9099/95), no implica que deva ser curta, nem longa, nem lacnica, nem preciosista. Como
ato estatal de deciso, tem um real
Por isso, bem asseverou Lus Eduardo Simardi Fernandes, o magistrado, ao
redigir a sua deciso, deve procurar sempre faz-lo da forma mais clara possvel, para que
ela seja plenamente entendida pelos seus destinatrios. Decises que exigem grandes
esforos para a sua compreenso no so recomendadas. Isso no significa que as deciso
no preciso ser bem escritas, mas sim que o magistrado deve se preocupar mais com a
clareza do que com a beleza, jamais sacrificando aquela em benefcio desta51, mesmo
porque, co
Dessa forma, deve o magistrado buscar fazer entender-se, valendo-se de uma
linguagem clara e inteligvel. Esclarea-se, porm, que a clareza no contrria falta de
polidez. A fineza ao escrever no vai de encontro com a capacidade de com
necessidade de relativizar o binmio a fim de que sejam alcanados os objetivos do direito processual. (Direito..., pp. 60 e 61). 51 FERNANDES, Luis Eduardo Simardi. Embargos de Declarao Efeitos Infringentes, Prequestionamento e outros aspectos polmicos. Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier (Coord.). Coleo Recursos no Processo Civil. 2 ed. SP: RT, 2008, V. 11, p. 91. 52 Eles, os juzes, vistos por um advogado. SP: Martins Fontes, 1995. Excerto da introduo. O Des. Elpdio Donizetti Nunes taxativo em dizer que sentena longa no sinnimo de prolixidade. O que se condena a verborragia desnecessria, o registro do bvio. A deciso deve responder fundamentalmente aos pleitos das partes e, s vezes, para tanto, deve ser extensa. (Redigindo a Sentena Cvel. 3 ed. BH: Del Rey, 2005, p. 57).
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Dias atrs, na mdia impressa veiculou excertos de sentenas que continham
humor, ironia ou bizarrice53, como, por exemplo, em caso de incidente de consumo
(defeito em televiso), quando o prolator da deciso asseverou: como o autor poderia
assistir s gostosas do Big Brother?. No vai aqui qualquer crtica deciso, o que, alis,
no poderia por mim ser feito face ao que prev o art. 12, II, do Cdigo de tica da
Magistratura Nacional. A anlise puramente voltada para o que se exps: embora deva ser
clara, a sentena, enquanto ato estatal, deve conter seriedade, como todo ato estatal.
Idiossincrasias e opinies devem ser guardadas para um artigo jurdico. Tentar ser simples,
fazendo-se entender, mas sem grosserias. Eis o objetivo da sentena nos Juizados.
Entendendo-a, a parte poder, ainda que discorde, saber o que aconteceu. A efetividade
tambm est na comunicao estatal. Quantos processos so extintos, em sede de Juizado,
quando a parte vencida, em obedincia ao que se decidiu, prope-se a pagar? Eliminar o
estado de insatisfao. Eis o escopo do processo. Eis a realizao da efetividade.
Outro ponto que se propugna aplicao do art. 515, 3., do CPC aos
Juizados.
Conforme lecionaram Gilson Delgado Miranda e Patrcia Miranda Pizzol, a
aplicao efetiva deste dispositivo configura um concreto meio de se alcanar o acesso
ordem jurdica justa, minimizando, pois, os embargos formais prestao jurisdicional. o
que alguns denominam de julgamento da causa madura pelo tribunal. Com efeito,
autorizando-se o tribunal a julgar o mrito, a par da extino do processo sem a apreciao
do mrito, valorizaremos os princpios da instrumentalidade e da efetividade do processo.54
Destarte, embora a sistemtica do recurso inominado divirja da apelao, nada
obsta alis, tudo aconselha que isso se aplique ao rito sumarssimo. Conclamemos, pois, a
que as Turmas Recursais assim procedam. Os jurisdicionados agradeceriam.
Por fim, algumas linhas acerca da impenhorabilidade no sistema dos Juizados.
Que o Estado um dos maiores interessados em pr termo ao processo de
execuo estreme de dvida.55
53 Prolas do Judicirio. Revista ISTO Edio n. 2050, de 25/2/2009, pp. 50 e 51. 54Processo Civil Recursos. 3 ed. SP: Atlas, 2002, p. 70. 55 Neste sentido: ASSIS, Araken de. Manual da Execuo. 11 ed. SP: RT, 2007, pp. 99 e 100.
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De se ter em conta, igualmente, que o pblico do Juizado diferenciado,
composto, na maioria, por integrantes das classes menos abastadas da populao.
Bem por isso, o tema da impenhorabilidade, em sede de Juizados Especiais,
deve ser visto atento s suas peculiaridades. Como asseveram Marisa Ferreira Santos e
Ricardo Cunha Chimenti, as normas restritivas devem ser analisadas dentro do contexto
social da lei n. 9099/95, que possibilitou amplo acesso da populao mais carente ao Poder
Judicirio.56
Nessa trilha, disps o Enunciado Cvel de n. 14 do FONAJE que os bens que
guarnecem a residncia do devedor, desde que no essenciais a habitabilidade, so
penhorveis.
Em situao semelhante, j se decidiu que a lei n. 8009/90, no que toca aos
mveis que guarnecem a residncia, visa proteo de bens essenciais para a manuteno
da famlia. Televisor no pode ser considerado como tal, mormente em face dos destinatrios
da lei n. 9099/95, na grande maioria pessoas de pouqussimos ou nenhum recurso, de modo
que a excluso propiciaria no a proteo da famlia, mas, sim, do inadimplente em
detrimento do credor.57
Logo, conquanto a satisfao do credor no deva ser buscada a qualquer custo
(CPC, 620), no se pode perder de vista que esta parte, na maioria das vezes, tambm um
hipossuficiente. Desconstituir o nus que recai sobre bem a princpio impenhorvel, de
propriedade de algum tambm hipossuficiente, chancelar a via para a inadimplncia. A
parte contrai o dbito com uma pequena loja, muitas vezes aberta informalmente, no paga e,
aps, quando da execuo, levada a penhora a cabo, alega impenhorabilidade. Acolher isso,
como se diz popularmente, descobrir um santo para cobrir o outro e o processo executivo
sumarssimo termina indesejavelmente, mngua de bens penhorveis (art. 53, 4., da lei n.
9099/95), e a efetividade vai para o limbo.
6- Concluso: 56 Juizados Especiais Cveis e Criminais Federais e Estaduais. 2 ed. SP: Saraiva, 2004, V. 15, T. II, p. 229. 57 RJE 04/257. Sobre a peculiar penhorabilidade de microondas em sede executiva dos Juizados, ver: TJRS - Recurso Cvel n. 71001843259, Primeira Turma Recursal Cvel, Relator Juiz Joo Pedro Cavalli Junior, Julgado em 06/11/2008 - Dirio da Justia do dia 12/11/2008 www.tjrs.jus.br. TJRS - Recurso Cvel n. 71001843259, Primeira Turma Recursal Cvel, Relator Juiz Joo Pedro Cavalli Junior, Julgado em 06/11/2008 - Dirio da Justia do dia 12/11/2008 www.tjrs.jus.br.
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A concretizao da efetividade do processo, aps anos de experincia, o que
se espera do Magistrado moderno. Realizar a celeridade realizar a efetividade, dizer o
direito, pr fim ao estado de insatisfao, ainda que dizendo para uma parte que ela perdeu.
No dia-a-dia, temos percebido o quo difcil dizer para uma parte, s vezes
pessoalmente, em audincia, que seu processo ser extinto sem resoluo de mrito, mas que
ela no perdeu a causa. A decepo estampada no rosto rutilante. O que fazer, ento?
Propusemos, acima, humildemente, algumas atitudes que, cremos, ajudariam a
evitar tais situaes decepcionantes, mesmo porque, como disse Dinamarco em passagem
supracitada, toda decepo triste.
Cabe, ento, mudarmos a nossa mentalidade no s ns, os Juzes, mas todos
aqueles que operam o direito, porquanto, como j dito em Romanos, 12,2, no vos
conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovao do vosso entendimento.
Faamos, pois, a nossa parte. Os jurisdicionados agradeceriam (e o processo tambm).
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