Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-959-33.2011.5.09.0026
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
2ª Turma GMJRP/crs/in
REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. SÍNDROME DE BURNOUT. DOENÇA OCUPACIONAL EQUIPARADA
A ACIDENTE DE TRABALHO. VALOR ARBITRADO
À CONDENAÇÃO. R$ 30.000,00 (TRINTA MIL REAIS), A TÍTULO DE DANOS MORAIS, REDUZIDO PARA R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS) PELO TRIBUNAL REGIONAL. STRESS OCUPACIONAL E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO. MAJORAÇÃO DEVIDA. R$ 60.000,00 (SESSENTA MIL REAIS).
Dallegrave Neto define o burnout como
“um esgotamento profissional provocado por constante
tensão emocional no ambiente de trabalho”, ocasionado por um sistema de gestão
competitivo, com sujeição do empregado
às agressivas políticas mercantilistas
da empresa. Segundo Michael P. Leiter e
Christina Maslach “a carga de trabalho é a área
da vida profissional que está mais diretamente
associada à exaustão. Exigências excessivas de trabalho
provenientes da qualidade de trabalho, da intensidade
dos prazos ou da complexidade do trabalho exaurem a
energia pessoal”. Os autores também
identificam que, do ponto de vista
organizacional, a doença está associada
ao absenteísmo (faltas ao trabalho),
maior rotatividade, má qualidade dos
serviços prestados e maior
vulnerabilidade de acidentes no local
de trabalho. A síndrome de burnout
integra o rol de doenças ocupacionais do
Ministério do Trabalho e Emprego. Está
inserida no Anexo II do Regulamento da
Previdência Social. O mencionado Anexo
identifica os agentes patogênicos
causadores de doenças profissionais ou
do trabalho, conforme previsão do
artigo 20 da Lei nº 8.213/91. Entre os
transtornos mentais e de comportamento
relacionados ao trabalho (Grupo V da
CID-10) consta, no item XII, a síndrome
de burnout – “Sensação de Estar Acabado
(Síndrome de Burnout, Síndrome do Esgotamento
profissional)”, que na CID-10 é identificado pelo número Z73.0. No caso específico
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dos autos, a gravidade do distúrbio
psicológico que acometeu a reclamante é
constatada pelas informações de
natureza fática registradas no acórdão
regional: longo período de afastamento
do trabalho, com a concessão de
benefício acidentário pelo INSS e o
consumo de medicamentos
antidepressivos, além de dois laudos
periciais reconhecendo que a
incapacidade laboral da autora é total,
a doença é crônica e não há certeza sobre
a possibilidade de cura. Por oportuno,
este Relator já teve a oportunidade de
se manifestar em matéria semelhante, em
que se reconhece como passível de
reparação por dano moral a exigência
excessiva de metas de produtividade,
isso porque o sentimento de inutilidade
e fracasso causado pela pressão
psicológica extrema do empregador não
gera apenas desconforto, é potencial
desencadeador de psicopatologias, como
a síndrome de burnout e a depressão, o
que representa prejuízo moral de
difícil reversão ou até mesmo
irreversível, mesmo com tratamento
psiquiátrico adequado. Atenta-se ao
fato de que, além da observância ao meio
ambiente de trabalho seguro e saudável,
conforme assegura a Constituição
Federal de 1988, imprescindível
considerar, ainda, que cada indivíduo
deve ser respeitado em sua
singularidade, daí a necessidade de se
ajustar o contexto ocupacional à
capacidade, necessidade e expectativas
razoáveis de cada trabalhador. O
Tribunal Regional de origem, ao fixar o
valor da reparação por danos morais em
R$ 10.000,00 (dez mil reais), não
atentou para as circunstâncias que
geraram a psicopatologia que acarretou
a invalidez da reclamante, oriunda
exclusivamente das condições de trabalho experimentadas no Banco reclamado, período em que sempre
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trabalhou sob a imposição de pressão ofensiva e desmesurada, com o objetivo de que a trabalhadora cumprisse as metas que lhe eram impostas. Portanto,
cabível a majoração do valor da
indenização por dano moral para R$
60.000,00 (sessenta mil reais).
Recurso de revista conhecido e provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista n° TST-RR-959-33.2011.5.09.0026, em que é Recorrente SALETE
RUBBO e são Recorridos ITAÚ UNIBANCO S.A. e BANCO BANESTADO S.A.
O Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, mediante
o acórdão de págs. 350-362, complementado às págs. 1.036-1.039 e
1.048-1.050, deu provimento parcial ao recurso ordinário interposto pela
reclamante para reconhecer como limite da pensão mensal a idade de 81
(oitenta e um) anos e determinar a constituição de capital. Por sua vez,
deu provimento parcial ao recurso ordinário interposto pelo Itaú Unibanco
S.A. para determinar que a pensão mensal seja paga enquanto perdurar a
incapacidade laborativa, bem como reduzir o valor da indenização por
danos morais para R$ 10.000,00 (dez mil reais).
A reclamante interpõe recurso de revista, às págs.
1.052-1.061, com amparo no artigo 896, alíneas “a” e “c”, da CLT.
O recurso de revista foi admitido mediante o despacho
de págs. 1.064-1.066, quanto aos danos morais, por violação dos artigos
5º, inciso V, da Constituição Federal e 944 do Código Civil.
Contrarrazões apresentadas pelo Itaú Unibanco S.A. às
págs. 400-407.
Não houve remessa dos autos ao Ministério Público do
Trabalho, ante o disposto no artigo 83 do Regimento Interno do Tribunal
Superior do Trabalho.
É o relatório.
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V O T O
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I - CONHECIMENTO
Quanto à reparação por dano moral, assim consignou o
Tribunal Regional:
“DOENÇA OCUPACIONAL
O MM. Juízo de origem, considerando os laudos periciais produzidos
nos autos, bem como, a prova oral, reconheceu o nexo causal entre a
patologia que acomete a reclamante e o labor desempenhado no reclamado,
bem como, que a patologia é de natureza temporária, condenando o
reclamado no “pagamento de indenização a título de danos materiais,
correspondente à uma pensão mensal e equivalente ao salário pago à
obreira, acrescido da evolução salarial fixado na RT nº.
01632-2010-026-09-00-4 quando do trânsito em julgado daquela ação,
desde a data do afastamento, enquanto perdurar o afastamento
previdenciário e até completar 73 anos de vida, independentemente de ser
convertida ou não o benefício previdenciário em aposentadoria por
invalidez” (fl. 786). Condenou, ainda, o reclamado no pagamento de
indenização por danos morais no valor de R$30.000,00.
O reclamado recorre aduzindo que a enfermidade que acomete a
reclamante não decorre das atividades desempenhadas no trabalho, devendo
o laudo pericial ser desconsiderado porque confeccionado sem técnica e
isenção e, ainda, apresentando-se contraditório. Alega que a reclamante,
embora afastada do trabalho há mais de 3 anos, não apresentou melhora, o
que evidencia a desconexão entre labor e doença; que o local de trabalho não
foi avaliado, tampouco as condições familiares, sociais e econômicas da
reclamante; que apenas um perito médico teria aptidão para apresentar laudo
técnico dessa natureza e não um profissional da psicologia.
Aduz que inexiste o nexo causal reconhecido; que “a prova
oral demonstra que não houve qualquer pressão exacerbada ou aumento
excessivo no volume de trabalho ou na cobrança de metas com a
reestruturação havida, pelo que inexiste qualquer motivo justificador apto a
manter a condenação em comento” (fl. 866).
Sustenta, ainda, que inexiste o dever de indenizar por suposto dano
moral, uma vez que não configurada qualquer conduta ilícita por parte do
reclamado.
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Alega que a enfermidade pode decorrer de outros fatores que não o
trabalho em si; que o próprio INSS não reconheceu que a enfermidade tenha
origem ocupacional. Requer “seja reconhecido e declarada a inexistência de
nexo causal entre as patologias da Recorrida e suas atividades laborais
junto ao Recorrente, e afastando in totum a condenação em indenizações,
quer de ordem material, quer de ordem moral” (fl. 882).
Acrescenta que não há prova nos autos demonstrando a existência de
culpa por parte do reclamado, não se verificando qualquer conduta comissiva
ou omissiva que tenha contribuído para o surgimento da doença em tela.
Aduz, ainda, que a reclamante não está inabilitada ao exercício da
função de bancário ou qualquer outra atividade, de modo que, necessária a
comprovação da impossibilidade de readaptação ao exercício de atividades
laborais, não havendo prova nos autos de que esteja a reclamante com a
capacidade reduzida ou que seu estado de saúde seja irreversível, não se
havendo falar em indenização por diminuição ou extinção da capacidade
laborativa.
Alega que caberia à reclamante comprovar o valor efetivo dos danos
materiais suportados, não se admitindo o pagamento de indenização por
lucros cessantes.
Sustenta que “tanto na hipótese de redução da capacidade laborativa
quanto no caso de incapacidade total do trabalhador, a manutenção do
trabalhador cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social por meio da
concessão dos benefícios próprios” (fl. 890).
Salienta que “os tratamentos médicos e remédios são todos passíveis
de oferecimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde) de forma gratuita” (fl.
891).
Sucessivamente, requer seja considerado o efetivo grau de
incapacidade da obreira para fixação de eventual pensão; que para a
“quantificação de eventual indenização, no máximo poder-se-á levar em
conta a diferença havida entre o último salário (jamais remuneração) da
Recorrida e o benefício previdenciário por ele percebido, afim de que se
evite qualquer hipótese de locupletamento ilícito” (fl. 895); que não se pode
admitir a cumulação da pensão com o benefício previdenciário; que “não há
amparo algum ao pleito de aplicação dos reajustes da categoria
profissional. Da mesma forma não há que se falar em reflexos decorrentes
da RT 01632-2010-026-09-00-4” (fl. 896); que “Eventual indenização
haverá se ser pautada no salário mínimo e, por consequência, deverão ser
respeitados os reajustes a ele conferidos, conforme Súmula 490 do Supremo
Tribunal Federal” (fl. 896); que “Sendo diverso entendimento desta C.
Turma, a atualização monetária deverá ter como base o índice de
atualização divulgado mensalmente pela Assessoria de Planejamento e
Economia do Egrégio Nono Regional” (fl. 896); que os juros recaiam apenas
sobre as parcelas vincendas. Requer o “o abatimento dos valores percebidos
a título de auxílio doença e/ou aposentadoria ou, no mínimo, a
complementação convencional paga pelo Recorrente a título de
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COMPLEMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA” (fl. 896), sob pena de bis in
idem.
Aduz que, segundo o IBGE, as pessoas nascidas entre 1960 e 1980, na
região sul do Brasil, tem expectativa de vida de 60.03 anos, devendo ser
adotado esse parâmetro para fixação da pensão. Alega, por outro lado, que
indenizações em ações desse gênero são limitadas à real capacidade
laborativa da parte, sendo fixadas até que complete, no máximo, 65 anos de
idade.
Sustenta que não houve comprovação do dano moral alegado,
requerendo a reforma neste ponto. Sucessivamente, requer a minoração do
valor arbitrado. Requer, em relação aos danos morais, que os juros de mora e
a correção monetária sejam aplicados a contar do trânsito em julgado ou,
sucessivamente, da data da publicação do acórdão.
Por fim, requer o afastamento da condenação no pagamento dos
honorários periciais ou, sucessivamente, a redução do valor arbitrado.
A reclamante, por sua vez, aduz que sua incapacidade é permanente e
não temporária como determinou a r. sentença. Alega que, segundo o IBGE,
a expectativa de vida é de 81 anos e não 73, como constou na r. sentença,
requerendo a reforma para que o termo final do pagamento da pensão
corresponda à data em que completaria 81 anos de idade.
Requer, ainda, que a reforma “para que conste expressamente da
decisão que a base de cálculo da indenização deve corresponder à
integralidade da remuneração da autora, já considerado o conjunto
remuneratório fixado na RT nº. 01632-2010-026-09-00-4, inclusive a
correta aplicação do PCCS, a média duodecimal de horas extras e a
incorporação das comissões à remuneração da autora” (fl. 840)
Requer, também, que o reclamado seja condenado a constituir capital
que assegure o cumprimento da obrigação.
Por fim, requer a majoração do valor arbitrado a título de indenização
por danos morais.
Pois bem.
A caracterização da responsabilidade civil e, portanto, o dever de
indenizar surge com a conjunção de três requisitos: a) ação (ou omissão
voluntária); b) dano (acidente de trabalho ou doença a ele equiparada) e c) o
nexo de causalidade entre a ação (ou omissão).
Este e. colegiado perfilha o entendimento de que a responsabilidade
civil do empregador é, com maior frequência, de natureza subjetiva, ou seja,
exige prova de que não concorreu para o infortúnio mediante ato (ação ou
omissão dolosa ou culposa, em qualquer grau), ônus da empresa. Por outro
lado, incumbe ao empregado provar o nexo causal (artigos 186, 187 e 927, do
Código Civil).
Em outras palavras, o ônus da prova sobre os pressupostos ou
elementos da responsabilidade civil é da reclamante e o de demonstrar a
inexistência de culpa é do empregador. Neste sentido, a decisão prolatada no
autos RO 11035-2012-651-09-00-9 (Ac. public. em 19.04.2013), em que
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funcionou como relator o Exmo. Desembargador Edmilson Antonio de
Lima.
A reclamante, em exordial, alegou que, em função das extenuantes
atividades inerentes ao trabalho bancário, desenvolveu quadro de doença
psiquiátrica, denominada "Síndrome de Burnout" ou "Síndrome
do Esgotamento Profissional". Aduziu que, a partir do momento em que o
Banco Itaú sucedeu o Banestado, ocorreram “mudanças dos métodos de
trabalho, a imposição progressivamente crescente de metas de trabalho, a
exigüidade de prazos, a cobrança diuturna e constante para atingimento de
resultados, a fixação de prazos exíguos e insuficientes para a realização de
várias atividades e tarefas simultâneas, a sensível redução do número de
empregados, entre outros”, circunstâncias estas que fizeram com que o
labor, ao longo dos anos, “se tornasse altamente estressante e nocivo à sua
saúde” (fl. 05).
Sustentou que, mesmo ciente dos seus sintomas, o reclamado não
adotou qualquer medida a fim de impedir o avanço da doença, submetendo-a,
inclusive, às mesmas condições adversas de trabalho. Acrescentou que, em
02.06.2010, foi afastada pelo INSS, recebendo benefício acidentário, tendo o
órgão previdenciário reconhecido o nexo da doença com o trabalho.
Foram realizadas duas perícias nos autos, a primeira, às fls. 571/587,
realizada pela médica Dra. Sônia Regina Guzzoni Drozda, e a segunda, às
fls. 671/689, realizada pelo psicólogo Elvis Olimar Vensão Sikorski, ambos
os profissionais devidamente registrados nos seus respectivos conselhos de
classe.
A primeira perita, após descrever o histórico profissional e de
saúde da reclamante, bem como, esclarecer conceitual e detalhadamente
a doença em epígrafe, concluiu que ela "TEM DIAGNÓSTICO
PSIQUIÁTRICO DE SÍNDROME DE BURNOUT, COM NEXO
CAUSAL COM SEU LABOR NA RECLAMADA." (fl. 580),
salientando que tal diagnóstico "leva em conta o levantamento da
história do paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.
Respostas psicométricas a questionário baseado na Escala Likert também
ajudam a estabelecer o diagnóstico." (fl. 581). Indagada sobre a cura ou
estabilização da doença, a perita respondeu que a doença é crônica e não
estabilizada (fl. 582), apresentando a reclamante incapacidade laboral.
O segundo perito, da mesma forma, reconheceu o nexo de
causalidade entre a enfermidade e o labor, destacando-se que foram
aplicados inúmeros testes psicológicos à reclamante, bem como, feita a
sua avaliação, tendo o i. perito concluído que ela "adquiriu a
psicopatologia Síndrome de Burnout, psicopatologia esta como
esclarece a literatura como uma psicopatologia originária do contexto
do trabalho. Seus traços de personalidade juntamente com sua história de
vida pregressa não condizem para com que ela já tivesse algum tipo de
psicopatologia antes mesmo de ser contratada pelo banco. A avaliação
psicológica é uma ferramenta muito eficiente no que se refere à avaliação de
influências socioambientais e influência da personalidade do indivíduo no
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que se refere a fatores que predispuseram para que desencadeasse tal
morbidade. Para concluir, não há influências relacionadas à saúde mental
social, familiar e individual de Salete Rubbo, e sim uma doença oriunda
exclusivamente do contexto do trabalho com consta nos relatos supra." (fl.
688).
Em resposta aos quesitos, este perito asseverou que a reclamante
"não possuía e nem possui características de personalidade ou estrutura
de funcionamento psicológico que possa pré-dispor algum tipo de
psicopatologia anterior ao estresse no trabalho." (fl. 729), ponderando,
ainda, que a reclamante não tem condições de retornar às atividades
que desempenhava (fl. 734), sendo que a "A doença não foi curada, uma
vez em que a mesma é exposta a estímulos semelhantes, as reações
corporais (sinais e sintomas), são os mesmos de quando ela estava em
atividade laborais. Devido ao seu estado psicopatológico a paciente
continua em tratamento psiquiátrico e psicológico por tempo
indeterminado." (fl. 736). Pontuou, também, ao ser indagado sobre a
possibilidade de cura ou estabilização da doença, que "No que se refere ao
prognóstico desta doença há uma grande variabilidade segundo a literatura
especializada. Existem casos em que a pessoa consegue alcançar a cura em
um prazo de 3 meses, outras em período de alguns meses e alguns casos que
não conseguem alcançar a cura chegando ao ponto de aposentadoria pelo fato
de não suportar retornar as suas atividades laborais." (fl. 736).
Ainda. Indagado a respeito da perda ou redução da capacidade
laborativa, respondeu que "a reclamante apresenta a redução de suas
habilidades laborais devido à sua psicopatologia. Como foi relatado na
questão supracitada, não há uma certeza no prognóstico da psicopatologia, a
autora pode desenvolver um processo de cura rápido como pode desenvolver
a cura em um prazo mediano ou continuar o restante de sua vida
acompanhada desta psicopatologia. O tratamento medicamentoso
concomitante com a psicoterapia pode ajudar a acelerar o processo de
cura, porém o retorno às suas atividades laborais é imprevisível e muito
relativo." (fl. 738).
A prova oral não tem o condão de desconstituir a prova técnica
produzida, uma vez que as testemunhas revelaram a existência de cobranças
excessivas por metas por parte dos gestores, bem como, que outros
empregados foram acometidos por doenças de ordem psíquica, como
estresse e depressão.
Saliente-se que a perícia é prova técnica e o perito considerado auxiliar
do Juízo (139/CPC), qualificado para verificar possível existência de doença
ocupacional, pois o Juízo não possui conhecimentos técnicos para apurar
fatos que escapam da sua área de atuação. Muito embora o juiz não esteja
adstrito ao laudo pericial (436/CPC), ante o princípio do livre convencimento
motivado que norteia o processo judicial, a decisão com apoio na conclusão
ofertada pelo perito é a regra, desconsiderada apenas quando existentes
outros fortes elementos probatórios contrários e mais convincentes, o que
não se verifica na hipótese em análise.
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Assim, prevalece a conclusão pericial que reconheceu a existência
de nexo causal entre a patologia (Síndrome de Burnout) e as atividades
laborais desenvolvidas junto ao reclamado, presumindo-se que os
programas de segurança e medicina do trabalho eventualmente
adotados pelo recorrente não foram suficientes para evitar a doença,
residindo aí sua culpa. Ademais, a própria testemunha patronal relatou que,
embora recebesse "cartilha do Banco orientando sobre doença ocupacional
como stress e LER, não são observados exercícios para evitar doença
ocupacional e não há cobrança quanto a realização dos mesmos" (fl. 546 -
grifo acrescido).
Tal ponto de vista é corroborado por outros elementos constantes dos
autos, merecendo destaque o documento de fl. 22/29, produzido pelo órgão
previdenciário oficial, o qual apresenta a informação de deferimento
de "Auxílio Doença por Acidente do Trabalho" à reclamante.
Embora o poder judiciário não esteja vinculado ao parecer emitido pelo
órgão previdenciário, tampouco pode ser completamente desconsiderado o
trabalho efetuado pelo ente público, eis que seus atos gozam de presunção de
legitimidade.
Destarte, a concessão à reclamante de Auxílio Doença com expressa
referência à existência de acidente de trabalho indica a existência, pelo ponto
de vista do órgão previdenciário, de nexo técnico epidemiológico entre o
labor e a moléstia.
Ainda. O acidente de trabalho ou a doença ocupacional, equiparada a
este, pode ensejar duas modalidades de indenização. A acidentária, a cargo
da previdência social, que tem como pressuposto a responsabilidade
objetiva, e a indenização por danos morais e materiais (objetos da presente
demanda), devida pelo empregador, mediante comprovação de dolo ou
culpa, fundada na responsabilidade subjetiva deste (nesse sentido, aliás, a
Súmula 229, do c. STF.), não prosperando, portanto, a tese patronal de que a
manutenção do trabalhador cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social por
meio da concessão dos benefícios próprios, tampouco se há falar na
compensação dos valores recebidos do órgão previdenciário com o valor da
pensão.
Como observado pelo MM. Juízo de origem, as restrições atualmente
apresentadas pela reclamante são temporárias, já que a doença que a
acomete é passível de cura (conforme trecho do laudo pericial acima
transcrito), restando ela temporariamente incapacitada para o trabalho.
Cabe registrar que a pensão mensal é devida pelo empregador em
decorrência de doença ocupacional (equiparada a acidente de trabalho) que
incapacita, total ou parcialmente, mas de forma permanente, o trabalhador.
Assim, conferido que a lesão é temporária, embora sem previsão
do tempo necessário para reabilitação da reclamante, incabível a
fixação de pensão vitalícia, restando adequado estipular-se pensão
mensal, enquanto perdurar a incapacidade para o trabalho.
O pensionamento mensal encontra amparo nos artigos 949 a 951, do
Código Civil, que conferem ao lesionado o direito a “pensão correspondente
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à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele
sofreu”.
Levando em conta que o perito apontou que a incapacidade laborativa
da reclamante é total, sua perda funcional é de 100%, enquanto perdurar a
incapacidade.
Nada obstante, o tempo que perdurar a incapacidade deve ser
limitado à expectativa de vida da reclamante, no caso, até quando ela
completar 81 anos.
Com efeito, segundo tabela do IBGE do ano de 2010 (referente à data
da ciência da lesão, consoante documento previdenciário à fl. 23), para
mulheres com 48 anos de idade (caso da reclamante), a expectativa de vida
seria de mais 33 anos. Logo, nesse ponto, merece provimento o recurso
obreiro, para reconhecer como limite da pensão mensal deferida, a idade de
81 anos da reclamante, como pretendido.
Nesse passo, a indenização por dano material, em forma de
pensionamento mensal, deve corresponder a 100% da remuneração
auferida pela obreira, a partir da data da data do afastamento previdenciário
(fl. 23), quando se instaurou controvérsia sobre a doença ocupacional. A
base de cálculo da indenização é aquela já disposta na r. sentença, carecendo
a reclamante de interesse recursal no tocante. Isso porque, o MM. Juízo a
quo já determinou a inclusão de eventuais verbas salariais reconhecidas no
processo nº 01632-2010-026-09-00-4, onde se discute, inclusive, a correta
aplicação do PCCS e a incorporação das comissões à remuneração, conforme
informado pela própria reclamante na petição inicial à fl. 11.
Em virtude do princípio da reparação integral, não há como estipular
um prazo fixo de duração do pensionamento, devendo a indenização por
danos materiais perdurar enquanto houver a incapacidade do empregado.
O artigo 471, I, do CPC dispõe que “Nenhum juiz decidirá novamente
as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de
relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de
direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na
sentença”. Assim, entende-se que o benefício acidentário é caracterizado
como relação continuativa, haja vista a possibilidade de alteração no estado
de fato ou de direito. Logo, resta autorizado, com fulcro neste dispositivo,
que o reclamado peça revisão do que foi arbitrado.
A prova de cura, ou não, da patologia é realizada através de
exames periódicos da parte reclamante, devendo o reclamado arcar com
a totalidade das despesas. Ademais, cabe ao MM. Juízo determinar o
lapso temporal entre os exames, observando o princípio da
razoabilidade.
Caso a reclamante negue, injustificadamente, submeter-se aos exames
exigidos pelo reclamado, fará cessar o direito à percepção da pensão mensal,
presumindo-se sua plena recuperação.
Cumpre ressaltar, que não se trata de uma decisão condicional, mas
sim de condenação com base na cláusula rebus sic stantibus (Teoria da
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Imprevisão) que propicia maior igualdade entre as partes a fim de evitar
prejuízos.
A respeito dos danos emergentes (medicamentos, por exemplo),
espécie de dano material, não há pedido na inicial, razão pela qual, deixou de
ser deferido na origem. Dessa forma, carece de interesse recursal o
reclamado neste particular.
Ainda que assim não fosse, como já decidido nos autos de RTOrd
38087-2009-041-09-00-0 (public. em 19/02/2013), em que funcionou como
relator o Exmo. Des. Archimedes Castro do Campos Júnior, o pagamento de
referidas despesas (tratamentos e medicamentos) é responsabilidade da
empresa, ainda que haja possibilidade de tratamento pelo SUS, ante a notória
deficiência do sistema público de saúde.
No mais, os juros serão contados a partir da data do ajuizamento da
ação, nos termos dos artigos 883, da CLT, e 39, § 1º, da Lei 8.177/1991, para
as parcelas vencidas quando da propositura da ação, e para as parcelas
vincendas, o marco inicial será a época própria, conforme dispõe o art. 39,
caput, da Lei 8.177/1991, e orienta a Súmula 381, do C. TST, conforme
determinado na origem.
Acerca dos danos morais, de se mencionar que as doenças
ocupacionais trazem evidente incômodo ao trabalhador, que se submete a
exames médicos e tratamentos, os quais, por certo, acarretam transtornos em
sua vida pessoal, elementos totalmente estranhos ao contrato de trabalho, já
que este presume um pagamento em troca da força de trabalho, mas jamais
pressupõe abrir mão da saúde física e mental.
Logo, tendo sido demonstrados a doença ocupacional, o nexo
causal e a culpa da empresa, surge o dever de indenizar.
Entretanto, o arbitramento da indenização por danos morais deve
considerar as diversas especificidades do caso, considerando não apenas a
extensão do dano e do sofrimento da vítima, mas também a capacidade
econômica do agente e o seu grau de culpa. O valor fixado deve confortar a
vítima (sem acarretar-lhe o enriquecimento ilícito) e, ao mesmo tempo, punir
o agressor (sem levá-lo à insolvência).
Tendo isso em conta e, considerando a natureza e a extensão do
dano moral sofrido pela reclamante, tem-se por excessivo o valor
arbitrado na origem, sendo razoável reduzir o valor da
indenização para R$10.000,00 (dez mil reais).
Quanto aos honorários periciais, ante a sucumbência do reclamado no
objeto da perícia realizada, a ele compete o pagamento (790-B/CLT).
No meu particular entendimento, não só a correção monetária, mas,
também, os juros de mora, devem ser contados a partir da decisão que arbitra
o valor da indenização, momento em que o devedor toma ciência da
obrigação e respectivo "quantum". Nesse sentido, aliás, os termos da Súmula
11, deste e. Regional.
Não obstante, fico vencida pelo majoritário entendimento deste e.
colegiado que, na esteira da recente Súmula 439, do c. TST, posiciona-se,
agora, no sentido de que a correção monetária conta-se a partir da decisão
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que arbitrou o valor, mas os juros incidem a partir da propositura da ação,
conforme determinado na origem.
Outrossim, observando a prudente interpretação da Súmula 313, do c.
STJ, de que “em ação de indenização, procedente o pedido, é necessária a
constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento
da pensão, independentemente da situação financeira do demandado”,
determina-se a constituição de capital, como meio de garantir o
adimplemento da pensão, com amparo no artigo 475-Q, do CPC:
"Art. 475-Q. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de
alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor
constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal
da pensão. (...)"
A comprovação da constituição de capital deverá ocorrer a partir do
trânsito em julgado desta decisão.
Do exposto, dou provimento parcial ao recurso do reclamado para:
a) determinar que a pensão mensal seja paga enquanto perdurar a
incapacidade laborativa e b) reduzir o valor da indenização por danos morais
para R$10.000,00 e dou provimento parcial ao recurso da reclamante para: a)
reconhecer como limite da pensão mensal deferida, a idade de 81 anos da
reclamante, como pretendido e b) determinar a constituição de capital.” (págs. 1.001-1.016, grifou-se)
Em embargos de declaração interpostos pela
reclamante, o Tribunal de origem negou-lhes provimento, valendo-se dos
seguintes fundamentos:
“BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO
Alega a reclamante que há omissão no julgado “na medida em que não
menciona, em momento algum, que a base de cálculo da indenização deve
ser composta, também, das horas extras habitualmente pagas à autora,
conforme reconhecido na RT nº. 01632-2010-026-09-00-4, sob pena de, na
fase executória, alijar-se da base de cálculo da pensão essa rubrica, ao
argumento de que ela não foi expressamente deferida pela r. decisão
embargada” (fls. 1021/1022).
Pretende, assim, “o provimento de seus embargos para que conste
expressamente da decisão a determinação de que as horas extras
habitualmente pagas à reclamante, conforme deferido na RT nº.
01632-2010-026-09-00-4, também sejam incluídas na base de cálculo do
pensionamento, sob pena de nulidade do julgado por negativa de prestação
jurisdicional e ofensa aos artigos 93, IX, da CF, 458 e 535, do CPC e 832, da
CLT.” (fl. 1022).
Sem razão.
Não há no acórdão a omissão invocada ou quaisquer outros defeitos
autorizadores à oposição da presente medida.
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Ao contrário, de forma clara e expressa, consignou-se que já havia sido
determinado na origem “a inclusão de eventuais verbas salariais
reconhecidas no processo nº 01632-2010-026-09-00-4, onde se discute,
inclusive, a correta aplicação do PCCS e a incorporação das comissões à
remuneração, conforme informado pela própria reclamante na petição
inicial à fl. 11.” (fl.1012).
A decisão proferida adotou tese explícita acerca da base de cálculo a
ser utilizada, descabendo os questionamentos ora trazidos.
Registre-se, por oportuno, que, estando a decisão devidamente
fundamentada (artigo 131, do CPC), prequestionada está a matéria, nos
termos da Súmula 297, do c. TST, cabendo ressaltar que o julgador não está
obrigado a analisar, um a um, todos os argumentos e dispositivos legais
mencionados pelas partes.
Rejeito.
CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL
Aduz a embargante que “a decisão é omissa, pois, não obstante a
[correta] determinação para que o réu constitua um capital garantidor da
obrigação, a decisão não traçou nenhum parâmetro para que isso seja feito,
deixando de se manifestar expressamente sobre o pedido contido no recurso
da autora no sentido de que tal capital fosse constituído a partir da
remuneração da reclamante e da sua expectativa de vida”.
Novamente sem razão, eis que não há omissão no acórdão.
Expressamente constou em acórdão que “Em virtude do princípio da
reparação integral, não há como estipular um prazo fixo de duração do
pensionamento, devendo a indenização por danos materiais perdurar
enquanto houver a incapacidade do empregado” (fl. 1012) restando
estabelecidos, às fls. 1015/1016, os critérios para constituição de capital, nos
termos do artigo 475-Q, do CPC.
Rejeito.” (págs. 1.036-1.039)
Interpostos novos embargos de declaração pela
reclamante, o Tribunal a quo prestou os seguintes esclarecimentos:
“BASE DE CÁLCULO DA PENSÃO
Em segundos embargos e, novamente, alegando omissão, pretende a
reclamante expressa manifestação “sobre a inclusão - ou não - das horas
extras deferidas na RT n°. 01632-2010-026-09-00-4 na base de cálculo da
pensão, sob pena de nulidade do julgamento por negativa de prestação
jurisdicional e ofensa aos artigos 93, IX, da CF, 458 e 535, do CPC e 832, da
CLT”. (fl.1043).
Reanalisadas as decisões anteriormente proferidas, conclui-se assistir
razão à embargante porquanto, ao contrário do consignado, a r. decisão de
origem determinou apenas a observância da evolução salarial fixada nos
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autos da RT 01632-2010-026-09-00-4, situação que não abrange a
sobrejornada lá também reconhecida à obreira.
Sanando-se o defeito, consigna-se que na base de cálculo da pensão
mensal deferida à reclamante, inclui-se, também, as horas extras
reconhecidas nos autos da RT 01632-2010-026-09-00-4, pela média
duodecimal, por tratar-se de verbas variáveis.
Logo, dou provimento aos embargos para sanar omissão verificada,
nos termos supra.” (págs. 1.048 e 1.049)
No recurso de revista, a reclamante requer a reforma
da decisão regional, com a consequente majoração da indenização por danos
morais, “que deverá ser fixada em patamares proporcionais às premissas delineadas na decisão
recorrida, ou, em caráter sucessivo, deverá pelo menos ser restabelecida a sentença de primeiro grau, já
que o juiz singular teve contato direto com as partes e com as provas, podendo melhor aquilatar o
sofrimento da trabalhadora, razão pela qual o montante por ele fixado a título de danos morais – embora
módico – guarda maior proporcionalidade com o prejuízo imaterial sofrido pela recorrente” (pág.
1.060).
Indica violação dos artigos 5º, inciso V, da
Constituição Federal e 944 do Código Civil, além de divergência
jurisprudencial.
A discussão, no caso, diz respeito à possibilidade de
redimensionamento, por esta Corte, do quantum indenizatório arbitrado
pelo Regional, correspondente a R$ 10.000, 00 (dez mil reais), a título
de reparação por dano moral.
No tocante ao dano moral, o Tribunal a quo concluiu
que, em se tratando de doença ocupacional, ficou constatada a existência
de nexo causal “entre a patologia (Síndrome de Burnout) e as atividades laborais desenvolvidas
junto ao reclamado, presumindo-se que os programas de segurança e medicina do trabalho
eventualmente adotados pelo recorrente não foram suficientes para evitar a doença, residindo aí sua
culpa” (pág. 1.009).
Além disso, conforme descrito pela Corte a quo, “a própria
testemunha patronal relatou que, embora recebesse ‘cartilha do Banco orientando sobre doença
ocupacional como stress e LER, não são observados exercícios para evitar doença ocupacional e
não há cobrança quanto a realização dos mesmos’ (fl. 546 – grifo acrescido)” (págs. 1.010 e
1.011).
Assim, estão indubitavelmente comprovados o nexo
causal e a culpa do empregador, esse último requisito decorrente da
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cobrança excessiva de metas por parte dos gestores do Banco, associada
ao descaso do reclamado às consequências da psicopatologia que acometeu
a reclamante, denotando que a preocupação em evitar doença ocupacional
de qualquer ordem não era padrão de conduta do empregador.
A síndrome de burnout é patologia diretamente
relacionada ao stress ocupacional, de caráter crônico. Decorre da
conjugação de fatores como trabalho continuamente estressante e a
presença eventos negativos excessivos e reiterados no ambiente de
trabalho. Identifica-se, principalmente, pelo estado prolongado de
exaustão, que é caracterizado pela falta de energia; diminuição de
interesse e sentimento de ineficácia profissional.
Dallegrave Neto a define como “um esgotamento profissional
provocado por constante tensão emocional no ambiente de trabalho”, ocasionado por um
sistema de gestão competitivo, com sujeição do empregado às agressivas
políticas mercantilistas da empresa (Responsabilidade Civil no Direito
do Trabalho. 4.ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 271).
Segundo Michael P. Leiter e Christina Maslach “a carga
de trabalho é a área da vida profissional que está mais diretamente associada à exaustão. Exigências
excessivas de trabalho provenientes da qualidade de trabalho, da intensidade dos prazos ou da
complexidade do trabalho exaurem a energia pessoal” (Stress e qualidade de vida no
trabalho: o positivo e o negativo. Organizadores: Ana Maria Rossi, James
Campbell Quick e Pamela L. Perrewé. São Paulo: Atlas, 2009. p. 5).
Os autores também identificam que, do ponto de vista
organizacional, a doença está associada ao absenteísmo (faltas ao
trabalho), maior rotatividade, má qualidade dos serviços prestados e
maior vulnerabilidade de acidentes no local de trabalho.
A síndrome de burnout integra o rol de doenças
ocupacionais do Ministério do Trabalho e Emprego. Está inserida no anexo
II do Regulamento da Previdência Social. O mencionado anexo identifica
os agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou do
trabalho, conforme previsão do artigo 20 da Lei nº 8.213/91. Entre os
transtornos mentais e de comportamento relacionados ao trabalho (Grupo
V da CID-10) consta, no item XII, a síndrome de burnout – “Sensação de Estar
Acabado (Síndrome de Burnout, Síndrome do Esgotamento profissional)”, que na CID-10 é
identificado pelo número Z73.0.
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No caso específico dos autos, a gravidade do distúrbio
psicológico que acometeu a reclamante é constatada pelas informações de
natureza fática registradas no acórdão regional: longo período de
afastamento do trabalho, com a concessão de benefício acidentário pelo
INSS e o consumo de medicamentos antidepressivos, além de dois laudos
periciais reconhecendo que a incapacidade laboral da autora é total, a
doença é crônica e não há certeza sobre a possibilidade de cura.
Um dos laudos periciais constatou, ainda, que se trata
de “uma doença oriunda exclusivamente do contexto do trabalho” (pág. 1.008); que “a
reclamante não tem condições de retornar às atividades que desempenhava” (pág. 1.008); e que
“a paciente continua em tratamento psiquiátrico e psicológico por tempo indeterminado” (pág.
1.008).
Por oportuno, este Relator já teve a oportunidade de
se manifestar em matéria semelhante, em que se reconhece como passível
de reparação por dano moral a exigência excessiva de metas de
produtividade, isso porque o sentimento de inutilidade e fracasso causado
pela pressão psicológica extrema do empregador não gera apenas
desconforto, é potencial desencadeador de psicopatologias, como a
síndrome de burnout e a depressão, o que representa prejuízo moral de
difícil reversão ou até mesmo irreversível, mesmo com tratamento
psiquiátrico adequado.
Atenta-se ao fato de que, além da observância ao meio
ambiente de trabalho seguro e saudável, conforme assegura a Constituição
Federal de 1988, imprescindível considerar, ainda, que cada indivíduo
deve ser respeitado em sua singularidade, daí a necessidade de se ajustar
o contexto ocupacional à capacidade, necessidade e expectativas
razoáveis de cada trabalhador.
Eis o teor do precedente do mencionado entendimento
deste Relator:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. ASSÉDIO MORAL.
EXIGÊNCIA NO CUMPRIMENTO DE METAS EXTRAVAGANTES DE
PRODUTIVIDADE. ARBITRAMENTO DO VALOR DE R$ 300.000,00
(TREZENTOS MIL REAIS) PELA INSTÂNCIA ORDINÁRIA.
O Regional detectou política organizacional de cobrança abusiva de
metas de produtividade, com a utilização, inclusive, de meios intimidatórios,
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em conduta reiterada, ao longo de todo o contrato de trabalho, -ficando mais
intenso no final do contrato com a necessidade de licenças médicas
decorrentes de doença oriunda das condições do ambiente de trabalho-.
Inexistindo no ordenamento jurídico brasileiro critérios objetivos para a
fixação da quantia devida, cabe ao julgador arbitrar o montante indenizatório
com base na própria moldura fática e probatória constante dos autos,
observando o disposto no artigo 8º da CLT. A imposição de metas de
produção, na constante busca pelo lucro, não pode ultrapassar os limites do
razoável na finalidade de forçar o empregado ao alcance cada vez maior da
produtividade. O dogma da Qualidade Total (total quality management) é
identificado por Paula Cristina Hott Emerick como a nova fórmula de gerir a
mão de obra no capitalismo. Visa à racionalização dos elementos do
processo produtivo, qual seja aumento da competitividade e da
produtividade das empresas, em estratégia agressiva de impor aos
empregados metas cada vez maiores, às vezes inatingíveis, em busca
incessante (e em muitos casos frustrante) do empregado para alcançá-las. O
empregado que não atinge as metas estabelecidas está malfadado a ser
excluído e discriminado no seu ambiente de trabalho, pois a ele será
imputada (também pelos próprios pares) a pesada responsabilidade pelo
-fracasso- da equipe e, consequentemente, pelo insucesso da empresa na
competitividade própria do mercado de trabalho. Torna-se vítima de
-campanhas motivacionais-, que nada mais são do que a fórmula encontrada
pelo empregador para humilhar e expor ao ridículo aqueles que não alcançam
as metas estabelecidas, isso quando não é vítima de -castigos- físicos e
alcunhas depreciativas. Cabe ao Judiciário repudiar atos patronais desse jaez
e impedir lesão a direitos fundamentais dos trabalhadores. Cada indivíduo é
único, deve ser respeitado em sua singularidade, e não instrumentalizado. A
capacidade de gerir fortes tensões emocionais em um ambiente de trabalho é
personalíssima. Necessário que se garanta ao trabalhador o direito de não se
subjugar a permanente estresse ambiental causado pela cobrança excessiva
de metas. O artigo 225, caput, da Constituição Federal assegura a todos um
meio ambiente ecologicamente equilibrado, aí incluído o meio ambiente
laboral. Por sua vez, o inciso V do mesmo dispositivo constitucional atribui
ao Poder Público o dever de controlar a produção, comercialização e o
emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Um meio ambiente de trabalho
seguro e saudável é essencial à qualidade de vida do trabalhador, o que não
se atinge com constrangimentos desmesurados e humilhações de ordem
moral. O poder diretivo não é absoluto, encontra limites no princípio
protetivo da dignidade da pessoa humana, assim como o direito de
propriedade deve ser exercido respeitando os limites de sua função social.
Não se pode negligenciar direitos e garantias assegurados na Constituição
Federal de 1988. O sentimento de inutilidade e fracasso causado pela pressão
psicológica extrema no exercício da atividade laboral não gera apenas
desconforto; representa prejuízo moral incompatível com os fundamentos do
Estado Democrático de Direito. Ameaças de desemprego e cobranças
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excessivas por meio de repetidas condutas assediadoras não mais podem ser
toleradas como forma de compelir o empregado a atingir resultados
lucrativos para a empresa. Os abalos psíquicos que surgem em decorrência
de pressão desmesurada do empregador (abuso do poder diretivo) são de
difícil reversão ou até mesmo irrecuperáveis, mesmo com tratamento
psiquiátrico adequado, podendo culminar, até mesmo, em incapacidade
laboral. A síndrome de burnout e a depressão são citadas na literatura médica
como as doenças ocupacionais mais frequentes desencadeadas pela tensão e
estresse no ambiente de trabalho. A primeira, identificada como ‘estresse
crônico associado ao trabalho’, é comumente desencadeada por gestão
inadequada do estresse laborativo, caso dos autos. Na valoração do potencial
lesivo do ato causador do dano moral, o Regional levou em consideração a
política intimidadora do reclamado no cumprimento de metas e as investidas
desarrazoadas dos superiores hierárquicos. Considerou-se, ainda, a
gravidade do dano, a situação do lesante e a satisfação do ofendido. O
arbitramento da indenização por dano moral deve, sobretudo, constituir uma
pena, uma sanção ao ofensor como forma de obstar a reiteração de conduta
(finalidade reparadora e pedagógica). Pelos fundamentos expostos,
considera-se adequado o quantum estabelecido no Colegiado de origem ao
fixar o valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Agravo de instrumento
desprovido.” (Processo: AIRR - 2060-20.2011.5.11.0004,
data de julgamento: 23/4/2014, Relator Ministro: José
Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, data de publicação:
DEJT 2/5/2014)
No mesmo sentido, cita-se precedente, também de
relatoria deste mesmo Relator, em que se majorou para R$ 60.000,00
(sessenta mil reais) a reparação a título de danos morais em razão de
prejuízo moral decorrente de depressão e transtornos psicológicos, por
cobrança não razoável de metas em instituição bancária:
“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO
VALOR.
Na hipótese, a Corte regional deferiu à autora a indenização por danos
morais, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), em razão de seu prejuízo
moral decorrente e depressão e transtornos psicológicos oriundos das
condições de trabalho por ela experimentadas ao longo dos 13 anos em que
prestou serviços ao reclamado - instituição bancária - na função de gerente de
contas, período em que, como foi tratado na decisão regional, sempre
trabalhou sob imposição de pressão ofensiva e desmesurada, com o objetivo
de que a trabalhadora cumprisse as metas excessivas que lhe eram
impostas. A Corte regional, em decisão amplamente fundamentada, deixou
expresso que a autora, conquanto já tivesse propensão ao desenvolvimento
de quadro depressivo e de doenças psicológicas, teve, ao longo de seu
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contrato de trabalho, por várias vezes, que se afastar das suas funções em
decorrência do stress diagnosticado, bem como de diferentes moléstias de
transtorno psicológico e emocional que a acometiam, fatos
comprovadamente desencadeados pelas cobranças excessivas que lhe eram
impostas na instituição bancária e, notadamente, pela forma como lhe eram
dirigidas essas cobranças, tendo sido registrado expressamente pela instancia
ordinária regional que ‘no caso dos autos, entende-se que restaram
confirmados os constrangimentos excessivos sofridos pela reclamante e por
seus demais colegas de trabalho, pois entende-se que a cobrança de metas
ultrapasso de forma acentuada os limites da razoabilidade.’ Ficou também
expressamente consignado, no decisum recorrido, que as cobranças diárias e
a forma veemente como eram dirigidas à trabalhadora - fato comprovado,
também, em relação a outros trabalhadores da instituição, que vieram a pedir
demissão em decorrência dessas circunstâncias -, efetivamente contribuíram
como concausa para o desencadeamento e o agravamento das referidas
moléstias. O deferimento da indenização judicial por danos morais visa não
somente a oferecer ao trabalhador a compensação pelos danos suportados
mediante a reparação do ato ilícito, nos termos dos artigos 927 e 944 do
Código Civil, mas também a imposição de sanção com objetivo pedagógico
e inibitório, a fim de assegurar que as relações trabalhistas se desenvolvam
com respeito à dignidade da pessoa humana e a proteção da parte
hipossuficiente da relação. Assim, a indenização deferida deve ser imposta
levando-se em conta não somente a gravidade, em si mesma, do ato lesivo
praticado, como também a condição econômica do trabalhador e, mormente,
do empregador, bem como, ainda, a efetividade prática da sanção aplicada,
com o fim de assegurar o equilíbrio das relações laborais. No caso concreto,
considerando-se o longo período em que foram praticados os atos
desencadeadores da lesão moral suportada pelo trabalhador - 13 anos -, o
porte econômico do empregador, instituição bancária multinacional, e,
ainda, a necessidade de sancionar e coibir a reiteração da conduta ilícita da
empresa nestes autos comprovada, mostra-se reduzido e desproporcional o
valor deferido a título de indenização pela Corte regional, sendo imperiosa a
sua majoração para o montante de R$60.000,00 (sessenta mil reais). (...)
Recurso de revista conhecido e provido.” (Processo: RR -
19448-74.2010.5.04.0000, data de julgamento:
13/11/2013, Relator Ministro: José Roberto Freire
Pimenta, 2ª Turma, data de publicação: DEJT
22/11/2013)
No que diz respeito à quantificação, Sebastião Geraldo
de Oliveira acentua que “O valor da indenização por danos morais não obedece ao mesmo
critério de pagamento aplicado aos danos materiais. Em vez de se estabelecer um valor mensal na forma
de pensionamento, deve-se arbitrar uma indenização para pagamento imediato, em parcela única, como
forma rápida de amenizar o sofrimento e propiciar alguma melhoria de vida para a vítima, considerando
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as suas condições pessoais” (Indenizações por acidente do trabalho ou doença
ocupacional. 7.ed. rev. e atual. – São Paulo: LTr, 2013. p. 250)
O valor da reparação deve ser suficiente para
amenizar, de imediato, a dor da vítima, viabilizando lenitivos para fazer
diminuir o sofrimento, o que não se equipara a um preço.
Além de oferecer ao trabalhador a compensação pelos
danos suportados mediante a reparação do ato ilícito, nos termos do artigo
927 do Código Civil, impõe objetivo pedagógico à sanção.
Com efeito, o artigo 5º, inciso V, da Constituição
Federal prevê o direito de resposta proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem. O dispositivo apenas
assegura o direito à indenização por dano moral, mas sem estabelecer
critérios em relação a valores.
Na fixação do valor da indenização, deve o julgador
primar pela razoabilidade e proporcionalidade, considerando não apenas
a extensão do dano, conforme preceitua o artigo 944 do Código Civil, mas
a repercussão da condenação na esfera econômico-financeira do
empregador, cuja atividade deve sempre ser preservada.
Quanto ao valor da indenização, João de Lima Teixeira
Filho (in Revista LTr, Vol. 60, nº 9, de setembro de 1996, p. 1.171)
estabelece parâmetros que devem ser observados pelo magistrado, quais
sejam: a extensão do fato inquinado (número de pessoas atingidas, de
assistentes ou de conhecedoras para efeito de repercussão); permanência
temporal (o sofrimento é efêmero, pode ser atenuado ou tende a se
prolongar no tempo por razão plausível); intensidade (o ato ilícito foi
venial ou grave, doloso ou culposo); antecedentes do agente (a
reincidência do infrator deve agravar a reparação a ser prestada ao
ofendido); situação econômica do ofensor e razoabilidade do valor.
Embora esses critérios não sejam estritamente
objetivos, deve-se ter em conta, ainda, que a sanção a ser imposta ao
responsável pela reparação possui também um caráter pedagógico,
principalmente quando a conduta inadequada parte do empregador, como é
o caso dos autos.
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O Juízo de primeiro grau arbitrou o valor da condenação
a título de danos morais em R$ 30.000,00. O Regional, por sua vez, reduziu
para R$ 10.000,00.
Vale reiterar a informação fática contida no acórdão
a quo de que a prova oral corroborou as conclusões da prova técnica, tendo
as testemunhas revelado a cobrança de metas excessivas por parte dos
gestores e casos análogos de outros empregados também acometidos por
doenças psiquiátricas, como stress e depressão.
O Tribunal Regional de origem, ao fixar o valor da
reparação por danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil reais), não atentou
para as circunstâncias que geraram a psicopatologia que acarretou a
invalidez da reclamante, oriunda exclusivamente das condições de
trabalho experimentadas no Banco reclamado, período em que sempre
trabalhou sob a imposição de pressão ofensiva e desmesurada, com o
objetivo de que a trabalhadora cumprisse as metas que lhe eram impostas.
A reparação deve ser imposta levando-se em conta não
somente a gravidade do ato lesivo praticado, como também o poder econômico
do trabalhador (instituição financeira) e, mormente, a efetividade
prática da sanção aplicada com o fim de manter o equilíbrio das relações
laborais.
Enfatiza-se o porte econômico do empregador, a
gravidade da doença ocupacional aqui tratada, burnout, notória na
literatura médica especializada, e a necessidade de induzir o empregador
a, no futuro, não reiterar sua conduta ilícita que desencadeou a lesão
causada à reclamante.
A pretendida majoração do valor da indenização por
dano moral foi fundamenta no inciso V do artigo 5º da Constituição
Federal, que assim dispõe:
“é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;”
Desse modo, e em observância ao princípio da
proporcionalidade, estabelecido no citado dispositivo, cabível a
majoração do valor da indenização por dano moral.
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Conheço do recurso de revista por violação dos artigos
5º, inciso V, da Constituição Federal e 944 do Código Civil.
II – MÉRITO
A consequência do conhecimento do recurso de revista
por violação dos artigos 5º, inciso V, da Constituição Federal e 944 do
Código Civil é o seu provimento.
Na inicial, a reclamante pretende “seja o réu condenado a arcar
com uma indenização a título de danos morais, em razão da doença impingida à autora, em montante
correspondente a 600 (seiscentas) vezes sua remuneração, já considerado todo o conjunto remuneratório
fixado na RT nº. 01632-2010-026-09-00-4, inclusive a correta aplicação do PCCS, a média duodecimal
de horas extras e a incorporação das comissões à remuneração da autora” (pág. 15).
Pelo exposto, e em face do princípio da
proporcionalidade, dou provimento ao recurso de revista para fixar o
valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) à reparação por dano moral
devida à reclamante. Mantidos os critérios de liquidação já estabelecidos
no Tribunal Regional.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer do recurso de revista
por violação dos artigos 5º, inciso V, da Constituição Federal e 944 do
Código Civil e, no mérito, por maioria, dar-lhe provimento para fixar
o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) à reparação por dano moral
devida à reclamante. Mantidos os critérios de liquidação já estabelecidos
no Tribunal Regional. Vencido o Exmo. Ministro Renato de Lacerda Paiva,
que provia o recurso para restabelecer a sentença.
Brasília, 29 de abril de 2015.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA Ministro Relator
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