ESTADO NOVO
A CONSTRUÇÃO DO ESTADO NOVO
1928 – chegada de Salazar ao poder, como Ministro das Finanças.
Objectivo: resolver a grave crise económica e financeira que o país atravessava.
Medidas: imposição de uma política de austeridade (aumento dos impostos e redução das despesas públicas).
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Resultado da política de Salazar: resolução da crise e eliminação do défice financeiro
Prestígio crescente de Salazar
Passa a ser considerado o salvador da Pátria
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1932 – Salazar foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros (equivalente a 1º Ministro)
1933 – aprovação de uma nova Constituição, dando assim origem ao Salazarismo ou Estado Novo.
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VALORES FUNDAMENTAIS DO ESTADO NOVO
Deus
Pátria
Família
Trabalho
Autoridade
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Estes valores eram transmitidos às crianças desde tenra idade, na escola, quer através de cartazes de propaganda, quer através dos livros de leitura, como é o caso do Livro de Leitura da Primeira Classe, da Editora A Educação Nacional.
«A dona de casa Emilita é muito esperta e desembaraçada, e gosta de ajudar a mãe. - Minha mãe: já sei varrer a cozinha, arrumar as cadeiras e limpar o pó. Deixe-me pôr hoje a mesa para o jantar. - Está bem, minha filha. Quando fores grande, hás-de ser boa dona de casa.»
«Respeitai as autoridades O pai é a autoridade na família. Os filhos são obrigados a ter-lhe amor, respeito e obediência. O professor é a autoridade na escola. Todos os meninos devem obedecer às suas ordens e estar com atenção às suas lições. É Deus quem nos manda respeitar os superiores e obedecer às autoridades.»
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«ANTES DA AULA: Todos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.Professor: Jesus, divino Mestre,Todos: iluminai a minha inteligência, dirigi a minha vontade, purificai o meu coração, para que eu seja sempre cristão fiel a Deus e cidadão útil à Pátria.Todos: Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
DEPOIS DA AULA:Professor: Graças Vos damos, Senhor, Todos: por todos os benefícios que nos tendes concedido. Ámen.Professor: Abençoai, Senhor,Todos: a Vossa Igreja, a nossa Pátria, os nossos Governantes, as nossas famílias e todas as escolas de Portugal. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.»
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A Constituição de 1933 definiu os direitos e liberdades dos cidadãos, os quais eram reconhecidos apesar de, na prática, estarem subordinados aos interesses [maiores] do Estado.
«Leis especiais regularão o exercício da liberdade de expressão do pensamento, de ensino, de reunião e de associação, devendo, quanto à primeira, impedir preventiva ou repressivamente a perversão da opinião pública (…)»
§ 2º, Art. 20º, Constituição de 1933
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A Constituição de 1933 definiu também a organização do poder político.
PODER EXECUTIVO
• Presidente da República (eleito por sufrágio universal e directo, de 7 em 7 anos).
• Governo e Presidente do Conselho (nomeado pelo Presidente da República, que também o podia demitir).
PODER LEGISLATIVO
• Assembleia Nacional (composta por deputados eleitos de 4 em 4 anos).
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A REALIDADE
As eleições não eram livres: só podia votar quem tivesse um determinado rendimento.
A Assembleia Nacional tinha um poder limitado, pois era o Governo quem fazia e aprovava a maior parte das leis.
O Presidente do Conselho (Salazar) tinha um poder efectivo superior ao da Presidente da República, embora teoricamente fosse por ele nomeado.
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REPRESSÃO, CENSURA E DEFESA DO ESTADO
Foram criados vários mecanismos para a repressão e para a defesa do Estado:
PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) – era uma polícia política que perseguia os opositores ao regime, controlando a actividade da maioria dos cidadãos, nomeadamente através de informadores.
Esses opositores eram enviados para prisões especiais (Caxias e Peniche) ou para o campo de concentração do Tarrafal (Cabo Verde). Eram também frequentemente submetidos a torturas.
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Cela da prisão de Caxias
Parlatório da prisão de Peniche
Torturas
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O Campo do Tarrafal resume-se a um rectângulo de arame farpado, com 750 metros de perímetro, no meio de uma planície que se estende das montanhas até ao mar, e fica plenamente isolado do mundo exterior. Durante os primeiros dois anos, dormíamos doze homens numa tenda, apenas tendo um candeeiro de petróleo. Durante nove meses do ano, as tendas enchiam-se de pó trazido pelo vento. O calor e a chuva tropical depressa começaram a apodrecer a lona e, durante a estação das chuvas, lutávamos contra a exaustão e a fadiga numa tentativa vã de proteger as nossas camas. Mas pela manhã tínhamos sempre a sensação de estar num navio de escravos que acabava de escapar a um furacão (...).
Pedro Soares, in Carne Carvalhas, 48 anos de Fascismo em Portugal
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Censura à imprensa, à rádio e espectáculos – qualquer texto tinha de ser submetido previamente a uma comissão de censura.
Por essa razão, os autores tinham, muitas vezes, de esconder a sua verdadeira mensagem nas entrelinhas do texto, de forma a que os censores não tivessem nada a apontar.
Carimbo da comissão de censura de Lisboa
Texto de jornal censurado
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Criação da Legião Portuguesa (1936) – milícia armada para defesa do regime (“defesa do património espiritual da Nação”)e combate ao comunismo.
Durante a II Guerra Mundial a Legião Portuguesa foi o único organismo português que se colocou ao lado das intenções de Hitler.
Bandeira da LegiãoDesfile da Legião Portuguesa
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Criação da Mocidade Portuguesa – organização juvenil obrigatória para a juventude escolar, com carácter para-militar e que ensinava aos jovens o nacionalismo e o sentido de obediência ao Chefe.
Bandeira da Mocidade Portuguesa
Fardas da Mocidade Portuguesa
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A (APARENTE) ABERTURA DO REGIME
Depois do final da 2ª Guerra, Salazar sentiu necessidade de, para efeitos de propaganda externa, fingir respeitar os direitos e liberdades, organizando «eleições livres» para a Assembleia Nacional.
No entanto, a oposição nunca conseguiu eleger nenhum deputado, uma vez que as eleições não eram de facto livres:
- Havia poucos eleitores recenseados
- A oposição não tinha tempo nem condições para se organizar
- A campanha eleitoral não era livre (a PIDE e a censura nunca deixaram de actuar)
- Os resultados eram manipulados
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Principais momentos em que a oposição se manifestou:
- Em 1945, nas eleições para a Assembleia Nacional.
- Em 1949, nas eleições para a Presidência da República, sendo o candidato da oposição o general Norton de Matos.
- Em 1958, também nas eleições presidenciais, sendo o candidato da oposição o general Humberto Delgado.
Norton de Matos Humberto Delgado
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A EDUCAÇÃO
Ao contrário dos nossos dias, em que a educação é considerada um direito ao alcance de todos, durante o período do Estado Novo, a educação era considerada um privilégio, apenas ao alcance de alguns.
«Se todos souberem ler e escrever, a instrução desvaloriza-se.», Salazar, in Educação Nacional (19/5/35)
«Numa entrevista dada pelo Ministro da Educação de então, ao Diário de Notícias, ele "explica" como se irá extinguir o analfabetismo, apesar de não ter verbas suficientes para atender a todos os casos de adultos e crianças que não sabem ler nem escrever. Para ser resolvido, tal problema terá de ser simplificado, de acordo com modernas descobertas pedagógicas:
A população escolar pode e deve dividir-se em cinco grupos, a saber: 1º Ineducáveis - 8%; 2º Normais estúpidos - 15%; 3º Inteligência média - 60%; - 4º Inteligência superior - 15%; 5º Notáveis - 2%
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Era através da educação que se transmitiam às crianças os valores fundamentais do Estado Novo, entre os quais o Nacionalismo.
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Ser Português«Quando alguém me perguntar a minha nacionalidade, devo sentir orgulho
santo e nobre e responder: «SOU PORTUGUÊS».Ser Português é descender dos intrépidos Lusitanos que, (…), venceram os
afamados exércitos de Roma.Ser Português é pertencer àquela raça que, depois de tornar independente
de Leão e Castela o pequenino reino de Portugal, o alargou a golpes de lança e de montante, (…).
Ser Português é pertencer àquela nação que através do Mar Tenebroso, (…), descobriu o caminho marítimo para a Índia e o Brasil.
Ser Português é ter Pátria de Afonso Henriques, de Nuno Álvares Pereira, do infante D. Henrique, de Afonso de Albuquerque, de João de Castro, dos heróicos exploradores da África portuguesa, Silva Porto, Serpa Pinto, Roberto Ivens, de Mouzinho de Albuquerque, que em Chaimite aprisionou o terrível Gungunhana, de Gago Coutinho e Sacadura Cabral.(...)
Ser Português é ter a suprema ventura de ser filho de Portugal!»Livro de Leitura para a 4ª classe do Ensino Primário, 1945
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A POLÍTICA ECONÓMICA
Características:
- Proteccionismo e dirigismo, como forma de resolver os problemas causados pela crise de 1929
- Nacionalismo, tendo como principal objectivo a autarcia (nunca conseguida)
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AGRICULTURA
1929 – Campanha do Trigo
Pretendia-se aumentar a produção de cereais, diminuindo assim as importações.
Resultados: aumento da área cultivada e da produção durante os primeiros anos; depois, deu-se o esgotamento dos solos e o decréscimo da produção.
Na maior parte do país, a agricultura era pouco produtiva, com escassa mecanização. Predominava o latifúndio no Sul (embora as terras estivessem quase todas ao abandono) e a pequena propriedade no resto do país.
Portugal continuou a depender das importações de produtos agrícolas até aos anos 70.
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INDÚSTRIA
Ao longo da década de 30, verificaram-se incentivos à indústria nacional:- Protecção através de barreiras alfandegárias- Concessão facilitada de crédito bancário- Salários baixos (para manter os preços competitivos)
Resultados:
Crescimento dos sectores tradicionais – lanifícios, calçado, conservas, moagem
Desenvolvimento de novas indústrias – Cimentos (SECIL / CIMPOR); adubos (CUF); refinação de petróleo (REFINARIA DE SINES); construção naval (LISNAVE / SETENAVE)
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A partir da década de 50, apostou-se ainda mais no desenvolvimento industrial (embora com limitações):- Foi aprovada a lei do condicionamento industrial- Forma implementados planos de fomento para a indústria, com o prazo de
5 anos, que conduziram ao aparecimento da indústria química e metalúrgica, bem como ao desenvolvimento do plano hidroeléctrico nacional
Foi durante este período que se construiu a Siderurgia Nacional, no Seixal, bem como o complexo portuário-industrial de Sines e a barragem de Castelo de Bode
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OBRAS PÚBLICAS
Ao longo da década de 30 levou-se a cabo um importante programa de obras públicas, com o objectivo de criar infra-estruturas e, ao mesmo tempo, diminuir o desemprego.
Neste campo teve importante papel Duarte Pacheco, Presidente da Câmara de Lisboa e Ministro das Obras Públicas, a quem coube a iniciativa de muitas obras.
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Estádio Nacional
Instituto Superior Técnico
Alameda D. Afonso Henriques
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Deu-se também um grande incentivo à reconstrução e reabilitação de muitos monumentos históricos, bem como à construção de estradas, pontes, portos, hospitais, escolas, cadeias, tribunais, como era relembrado nos cartazes da «Lição de Salazar».
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EMIGRAÇÃO
Apesar do crescimento económico proporcionado pela industrialização
nas décadas de 50 e 60, o rendimento per capita continuou a ser muito
baixo, provocando um movimento migratório:
• Para as principais cidades, levando ao aparecimento de cidades-
satélite (Barreiro, Seixal, Almada)
• Para o estrangeiro (França), onde havia melhores salários; esta
emigração nem sempre era feita de forma legal, pois muitos
emigrantes “iam a salto”.
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Uma vez chegados ao seu destino, esperava-os frequentemente o
trabalho em fábricas ou na construção civil.
As condições de habitação também não eram as melhores.
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Trova do Emigrante (Manuel Alegre)
Parte de noite e não olhaOs campos que vai deixarTodo por dentro a abanarComo a terra em AgadirFolha a folha se desfolha Seu coração ao partir
Não tem sede de aventuraNem quis a terra distanteA vida o fez viajanteSe busca terras de França É que a sorte lhe foi duraE um homem também se cansa
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Consequências da emigração:
Negativas• Despovoamento de zonas do interior• Diminuição da produção agrícola• Aumento da importação de alimentos
Positivas• Remessas de divisas diminuem o desequilíbrio de contas com o
exterior
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QUESTÃO COLONIAL
Uma das marcas do Estado Novo foi o colonialismo.
1930 – promulgação do Acto Colonial, que definia o relacionamento entre as colónias e a metrópole. O território dominado por Portugal passou a designar-se “Império Colonial”.
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1940 – Exposição do Mundo Português (Praça do Império, Belém)
Comemorações do duplo centenário, o dos oitocentos anos da formação de Portugal e dos trezentos anos da Restauração)
Foram realçados os feitos gloriosos da Nação e do Império, no passado e presente.
Padrão dos Descobrimentos, de Leopoldo de Almeida
Entrada da Exposição
Porta da Fundação, de Continelli Telmo
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Final da 2ª Guerra – início da descolonização
Portugal mantém as suas colónias, fonte de matérias-primas e mercados preferenciais
1955 – adesão de Portugal à ONU
Foi-lhe exigido que desse a independência às suas colónias, o que o governo de Salazar recusou.
As regiões do Império passam a ser designadas províncias ultramarinas e defende-se a ideia que o Estado Português era multirracial e pluricontinental
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INÍCIO DOS CONFRONTOS – GUERRA COLONIAL
1956 – União Indiana exige a entrega de Goa, Damão e Diu.
Face à recusa portuguesa, em 1961, dá-se a invasão e anexação pela força dos territórios portugueses por parte da União Indiana.
Libertação de Goa pela União Indiana
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1961 – início dos primeiros levantamentos anti-colonialistas em Angola, com massacres de colonos.
Inicia-se a guerra contra a presença portuguesa por movimentos de libertação: MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola); FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) e UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola)
1963 – alargamento da guerra à Guiné-Bissau, levada a cabo por movimentos de libertação guineenses e cabo-verdianos: PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde)
1964 – a guerra chegou a Moçambique, através da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
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A resposta de Salazar a estes levantamentos foi a resistência e a defesa das províncias ultramarinas, levando o país a envolver-se numa guerra em três frentes, que viria a eternizar-se.
A solução política foi sempre recusada pelo regime, que defendia uma solução militar.
Esta guerra custaria ao país um enorme esforço humano (8800 mortos e 28000 feridos) e material.
Menina dos olhos tristes
O que tanto a faz chorar
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar
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IMAGENS DA GUERRA COLONIAL
Ataque de comandos
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Evacuação de feridos
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Oficial do Grupo de Operações Especiais em patrulha
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Extracção de água para consumo
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O MARCELISMO
1968 – por motivos de saúde, Salazar foi substituído por Marcello Caetano, anterior Ministro das Colónias e da Presidência.
Fórmula da política de Marcello Caetano: «Renovação na continuidade».
Renovação: para quem exigia a democratização.
Continuidade: para os grupos mais conservadores.
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Primavera Marcelista:
- Diminuiu a censura- Permitiu o regresso de exilados políticos- Aliviou a repressão policial
• Mudança do nome da PIDE para DGS (Direcção-Geral de Segurança)• Mudança do nome da União Nacional para ANP (Acção Nacional
Popular)
Medidas económicas e sociais- Reforço da industrialização- Aumento do investimento estrangeiro- Alargamento da segurança social às populações rurais- Lançamento de uma reforma educativa
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A REALIDADE
- Mantiveram-se as mesmas pessoas nos Ministérios
- Continuou a haver apenas um partido
- Em 1969, apenas os deputados da ANP conseguiram ser eleitos para a Assembleia
- Mantiveram-se os métodos policiais
- Continuou a censura
Descontentamento contra o regime
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A luta contra o regime fazia-se nas fábricas, nos campos, nas universidades, nos meios intelectuais e nas Forças Armadas.
Por isso mesmo continuava actual o poema de Manuel Alegre, cantado por Adriano Correia de Oliveira, “Trova do vento que passa”
Crise académica de Coimbra (1969)
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Por essa razão, em 1972, a canção vencedora do Festival da Canção era um hino contra o regime, embora camuflado, devido à censura.
A canção, “A Tourada”, foi interpretada por Fernando Tordo.
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O grande problema era ainda a guerra colonial, praticamente perdida na Guiné (teatro de guerra mais violento) e num impasse em Angola e Moçambique.
Apesar do falhanço da solução militar, o Regime continuava a apostar nesse caminho e recusava a solução política.
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25 DE ABRIL DE 1974
Situação económica do país:- O aumento do preço do petróleo em finais de 1973 conduziu a aumentos nos
outros produtos: inflação galopante- Falência de empresas devido ao aumento dos custos, tendo como
consequência a diminuição da produção e o desemprego- Desvalorização do escudo
Aumento da contestação ao regime
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Em Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas (MFA), formado por militares, principalmente capitães, leva a cabo um golpe de Estado para derrubar o regime e resolver a questão da guerra.
Quando temos conhecimento de que o general Spinola tem contactos regulares com Senghor e Amílcar Cabral (…) Caetano responde que da Guiné ou se sai derrotado ou vitorioso. Não há negociações. Daí o 25 de Abril. O Movimento das Forças Armadas começa na Guiné. (…)
Era um compromisso de fundo: com o 25 de Abril não haveria ocupação do poder pelos militares. Nós só íamos garantir condições para que houvesse Liberdade e Democracia. (…)
O 25 de Abril acontece nessa data porque temos conhecimento de que em 28 de Abril íamos quase todos presos. Isto porque o governo tinha medo do 1º de Maio. »
Entrevista a Salgueiro Maia
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A revolução foi comandada por um grupo de oficiais, liderados por Otelo Saraiva de Carvalho, a partir de um posto de comando situado no quartel da Pontinha.
O “BARRACÃO” DA PONTINHA - «As janelas estavam então tapadas por cobertores militares num “black-out” total, onde apenas uma iluminação discreta permitia trabalhar numa mesa grande ao centro. Havia ainda uma outra mesa com aparelhos rádio, à esquerda da porta, e mais duas com uma bateria de telefones.
Encostado à parede, estava um armário metálico com pistolas e granadas. Numa grande prancheta de contraplacado, Otelo Saraiva de Carvalho estendera cartas topográficas militares de Lisboa e arredores e o mapa das estradas do ACP, “exclusivo para sócios”, onde iam sendo assinaladas as movimentações das unidades militares.»
25 de Abril - Memórias, Lusa, 1994
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A PREPARAÇÃO DO GOLPE
«No dia 24, (…) Quando o pessoal foi acordado para se levantar, pensou: “É mais uma operação nocturna”.
Então, meti-os dentro de uma sala. Eu era o comandante de instrução do Curso de Oficiais Milicianos e Sargentos Milicianos. (…) Comecei a pensar: “O que vou dizer a estes fulanos?”
“Vou numa situação de gozo, talvez seja a mais receptiva. Então disse-lhes: “Meus senhores: como vocês devem saber há várias modalidades de o Estado se organizar. Há os Estados socialistas, os Estados capitalistas e há o estado a que nós chegámos. De maneira que quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e vamos acabar com isto (…) Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui”.
Toda a gente foi formar lá fora, não ficou ninguém na sala. Em termos reais, a força era caricata; em termos de fachada, a força era
importante.»Salgueiro Maia
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O ARRANQUE DO GOLPE
«- Às 22H55, nos Emissores Associados de Lisboa, Rádio Graça, João Paulo Dinis lança o primeiro sinal: “Faltam cinco minutos para as 23H00. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74, “E Depois Do Adeus”. Era o sinal para a preparação de saída dos quartéis.
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Às 00H25 no programa “Limite”, da Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos lê a primeira estrofe de “Grândola Vila Morena”, de José Afonso a que se seguiu a canção. Era o sinal para a saída dos quartéis
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OBJECTIVOS DO DIA 25 DE ABRIL
TERREIRO DO PAÇO
O domínio do Terreiro do Paço e dos Ministérios era crucial, sendo essa missão executada pelo Capitão Salgueiro Maia
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RTPO controlo dos meios de comunicação era outro objectivo importante. Coube ao Capitão Teófilo Bento a missão de ocupar a RTP, tendo para o efeito que vencer a burocracia.
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QUARTEL DO CARMO
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Foram presos agentes da PIDE / DGS.
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Os populares rapidamente aderiram ao golpe, vindo para a rua, vitoriando os soldados e distribuindo cravos vermelhos.
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PRIMEIRAS MEDIDAS
- Prisão do presidente da República (Américo Tomás), do Presidente do Conselho (Marcello Caetano) e de vários ministros, posteriormente exilados.
O Primeiro-Ministro era o único homem com alguma dignidade ali dentro ao saber da existência de um golpe militar, Marcelo Caetano refugiou-se no interior do Quartel do Carmo - GNR. Estava pálido, barba por fazer, gravata a três quartos. Eu, para o desarmar, entrei, fiz a continência batendo com os tacões, e disse-lhe: “Apresenta-se o comandante das forças sitiantes que vêm exigir a rendição incondicional.
Deixei-me estar. Ele diz: “Já sei que não governo. Só quero que me tratem com a dignidade com que sempre vivi”. Eu disse-lhe: “Isso garanto-lhe eu!.”»
Salgueiro Maia (entrevista) in 25 de Abril - Memórias, Lusa, 1994
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Criação da Junta de Salvação Nacional, a quem foram entregues provisoriamente os principais poderes do Estado.
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Medidas imediatas da Junta:- Extinção da polícia política e expulsão dos seus membros
- Abolição da censura
- Libertação dos presos políticos
- Autorização do regresso de exilados
- Autorização para a formação de partidos políticos e sindicatos livres
- Nomeação de um Governo Provisório
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Libertação de presos políticos
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Regresso de Mário Soares a Lisboa
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Regresso de Álvaro Cunhal a Lisboa
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DESCOLONIZAÇÃO
Depois do 25 de Abril iniciaram-se negociações com representantes das colónias, as quais se tornaram independentes, com excepção de Macau e Timor.
Independência de Cabo Verde
Independência de Cabo Verde
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DEMOCRATIZAÇÃO
1975 – eleições livres para a Assembleia Constituinte, da qual sairia a Constituição de 1976.
Sessão inaugural da Assembleia Constituinte (1975)
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Após o 25 de Abril surgiram várias palavras de ordem umas mais revolucionárias outras..... mais bem dispostas!
• 25 de Abril sempre ! Fascismo nunca mais!• A terra a quem trabalha! Mortos fora dos cemitérios!• Abaixo a reacção! Viva os motores a hélice!• Mortos das valas comuns ocupem os jazigos de família já!• Nem mais um faroleiro para as Berlengas! Nem mais um anticiclone
para os Açores!• Nem mais um soldado para as colónias!• O povo é quem mais ordena!• Unidos Venceremos!• Viva isto! Seja lá o que for!
TOP dos SLOGANS