Por Fátima Irene PintoRetirado do livro Momentos Cartáticos
MúsicaVocê
Interpretação Maria Bethânia
Autores
Roberto Carlos e
Erasmo Carlos
Cadê vocêCadê você
Cadê você, homem, o que foi feito de ti? Era meu amigo, leal companheiro e
confidenteCom quem conversava de forma
transparenteSem reservas e tão cheio de confiança
Cadê vocêCadê você
Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Você que me fez de novo ser criança
Levando-me de volta à longínqua infância
Suscitando o extravasar do meu "porão"Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que soube sondar como ninguém meu coração Que ocupou espaços vazios e me fez plena
Que me refletiu e fez a vida valer a pena
Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que era todo o meu entusiasmo e inspiração
Que fez nascer rascunhos em verso e prosa
Que soube despertar a mulher amorosa
Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que sempre, sempre se importou comigo
Que nunca me negou o ombro amigo Na hora dos meus impasses, dúvidas,
aflição
A quem, do Sousa, eu enviava um hino
E na troca, da Amália, eu recebia um fado em doces permutas, tão
do nosso agrado
Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
De cuja amizade eu tanto me orgulhava
Pelo seu modo de ser que eu tanto adorava
E como jóia rara no peito eu te guardava
Cadê você, homem, o que foi feito de ti? Que silenciou, de repente, qual se tivesse morrido
Ou será que fui eu que morri (em ti) sem ter percebido?
Procurando-te em vão, entre lágrimas e gemidos Mas, homem, noto agora que já estou meio morta
Apesar do derradeiro rascunho, você já não me importa
Porque, na verdade, você nunca existiu Foi tudo engodo, miragem, alucinação
Porque amigos verdadeiros não nos deixam na mão
E mesmo que tenham que ir embora Pelos ditames do destino e pelo apelo da
hora, Avisam-nos da partida,
deixando uma doce saudação.