Possibilidades de jogos para o ensino de Ciências
Thiara Vichiato Bredahttp://olharesgeograficos.blogspot.com
[email protected] – Instituto de Geociências – DGAE
Programa de Ensino e História em Ciências da Terra – EHCT
1. Diferença entre Brincadeira, brinquedo e jogo
2. Jogo - definição
- contribuições
- Piaget
- Chateau
- Jacquin
3. Papel do educador
4. Alfabetização Cartográfica
5. Exemplos de jogos
6. Construção dos jogos - Jogos a partir de imagens de satélite e fotografias Aéreas
- Jogo a partir de mapa
7. Possibilidades de conteúdo
BRINCADEIRA
BRINQUEDO
JOGO
BRINCADEIRA – Não é necessário a vitória, peças, regras, alternância de jogadores, tabuleiro... (MACEDO p.14)
BRINQUEDO – “objeto inteiramente particular na atividade da criança...é um objeto simbólico (BRUNELLE p. 65)
objeto que representa realidades sendo um substituto dos objetos reais (KISHIMOTO p.7)
JOGO - “Jogar é o brincar em um contexto
com regras e com um objetivo predefinido” (MACEDO pg14)
JOGO
O jogo esta presente na natureza humana, seja ela na infância ou na fase adulta
Características fundamentais:
- ser livre - atividade voluntária, despertando o prazer; - não é vida “corrente” nem vida “real” – distância do
cotidiano; - isolamento e imitação - tem seu tempo e espaço fictício; - cria a ordem e é a ordem - existência de
regras (explicitas ou não)
HUIZINGA –Homo Ludens
Definição
Contribuição dos jogos- Interesse do aluno
- Curiosidade
- “Prova”: exige um esforço da criança para cumprir seus objetivo e vencer desafios, obstáculos e dificuldades
- Aluno -papel ativo na construção dos novos conhecimentos, pois permite a interação com o objeto a ser conhecido
- Permite ao aluno por meio de regras e
métodos construir por si mesmo a descoberta
Piaget
Nascimento do jogo na criança e sua classificação e evolução a partir do aparecimento da linguagem.
Jogo de exercício (prazer funcional)
Jogo simbólico (jogo inventado, de “faz de conta”)
Jogo de regras (devido a regras, ocorre interação entre os indivíduos o que permite a integração social).
A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação” - 1978
Jogo de exercício
-Ocorre no período sensório motor, onde o objeto é simplesmente assimilado a um esquema anterior já conhecido, mas sem ocorrer acomodação, ativando apenas movimentos e percepções, não tendo intervenção do pensamento nem da vida social.
- A falta da função simbólica ligada a representação não permite evocar pessoas ou objetos nas ausências deles
- Ex: arremessar pedrinhas
Jogo simbólico ou de imaginação e imitação
- Ocorre com o desenvolvimento do simbolismo na criança no estágio pré-operacional.
- A criança busca satisfazer o eu transformando o real em função de seus desejos
- Ex: criança imita situações da vida real
Jogo de regra
• Ao invés dos símbolos, agora o que predomina são as relações sociais ou interindividuais, uma vez que depois dos 7 anos a criança torna-se capaz de cooperar, pois não confunde mais seu ponto de vista com o do outro. características são essenciais para o jogo de regra, pois é uma atividade mais socializada, onde a regra é uma regularidade imposta pelo grupo
Chateau
- considera os jogos de exercícios como verdadeiros jogos – são meros exercícios das funções, uma atividade prática que fica no nível animal.
- jogo tem um caráter mais sério, tendo quase sempre regras rígidas, que pode levar ao esgotamento e a fadiga.
Classificação dos jogos segundo as idades
Jacquin
Trabalho adulto Jogo da criança Utilitário
Trabalha-se em vista de um resultado desejado
Não utilitário Não advém nenhum resultado palpável
Interesseiro Finalidade externa (subsistência da família)
Gratuito Sem fim exterior, finalidade é a alegria
Imposto de fora Livremente escolhido Aprazível ou interessante Sempre proporciona prazer
IDADE NOME CARACTERÍSTICAS
3-5 anos Jogo de proezas Criança inventa os próprios jogos, estabelece um objetivo
como lançar uma pedra no galho.
5-6 anos Jogo de imitações
exatas Pegar uma vassoura e começar a imitar a mãe a varrer.
6-7 anos Jogo de imitação
fictícia Imita o animal ou a máquina (avião, automóvel).
6-7-8 anos Jogo coletivo descendente
Criança descobre que pode exercer um domínio sobre os menores, impondo jogos (ressuscitam os jogos de proezas, que
tinha realizados anteriormente sozinhos).
8-9 anos Jogo coletivo ascendente
A criança assiste aos jogos dos maiores, admira, julga, critica e aplaude. Tenta participar, mas muitas vezes não acompanha.
Algumas vezes tenta reproduzir para grupos da sua idade e dos mais novos, mas a duração é curta.
10-11 anos
Jogo coletivo A criança nesta idade tem o domínio de si, e a regressão do
egocentrismo, o que permite o jogo verdadeiramente cooperativo.
11-12 anos
Jogo social A competência, o talento para organizar, a força física dão-lhe
a autoridade de dirigente de jogos.
13-14 anos
Jogo de evasão O pré-adolescente está farto das brincadeiras infantis e volta a olhar para os mais velhos. Brincará de trabalhar, uma vez que
não querem que ele trabalhe. 14-15 anos
Esportes de competição
Inicio no trabalho. O trabalho agora é o seu jogo, assim sendo, o jogo torna-se inútil em sua função primitiva.
PAPEL DO EDUCADOR
• Mediador do jogo• Direcionar a atividade• Ficar atento aos problemas que podem ocorrer
(valorização da competição entre os alunos)• Criar oportunidades para que todas as crianças
participem• Estimular os inibidos e frear os excessos
dos mais inquietos
ANTUNES – O jogo e a educação infantilRODRIGUES – O desenvolvimento do pré-escolar e o jogo
A qualidade do ensino com jogos depende da maneira como as regras são colocadas e executadas, e é sobretudo pelo papel do educador que o jogo pode se tornar “uma ferramenta de reflexão e uma experiência vivenciada”
ANTUNES, 2003 p.55
EXEMPLOS DE JOGOS
quebra-cabeças
jogo da memória
jogo de tabuleiro
duas diferentes versões de dominós
Objetivos dos jogos
•Noções Cartográficas•Educação Ambiental
ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA
Objetivos da Geografia no ensino
• ensinar a praticar a leitura do espaço ocupado pelo educando, objetivando contribuir para uma real análise geográfica e melhoria da sua investigação (CASTELLAR, 2005)
• alfabetização cartográfica - as
“noções e conceitos de lateralidades e localização do espaço não se constroem espontaneamente”
• conteúdos de difícil compreensão para a criança: – a noção de perspectiva que passa a
conservar a posição dos objetos permitindo fazer uma relação topológica,
– noção de escala (exige um grau de compreensão e abstração maior da criança)
• [...] a construção de determinados conceitos e/ou habilidades pode estar atrelada a uma estratégia metodológica diferenciada, mais atuante, mais critica e reflexiva, permitindo uma aprendizagem significativa próxima da realidade do aluno e adequada à sua faixa etária. (SILVA, 2006 p. 143)
CONSTRUÇÃO
DOS JOGO
- Estratégia didática - valorização do lugar
- Podem ser usados para iniciar ou finalizar um conteúdo
- Confeccionados artesanalmente com fotos aéreas e imagens de satélite (Google Earth©), sendo exemplos para outras regiões.
Softwares de desenho - Jogos confeccionados com recursos computacionais de desenho a partir de mapas e imagens de sensoriamento remoto
- Permitem ao professor construir jogos
com a finalidade de se trabalhar o
conteúdo escolar que contribua para o
ensino
Jogos a partir
de imagens
de satélite
e fotografias
aéreas
Jogo da memória- Imagens captadas pelo satélite do Google
Earth
- Localização e identificação das peças
Quebra-cabeça
- No momento em que os discentes procuram as peças para encaixar o quebra-cabeça, mesmo que por “diversão”, eles estarão fazendo uma análise visual minuciosa da peça.
Dominó I- Encaixe entre uma pergunta e sua
respectiva representação (imagem vertical ou oblíqua)
- Busca despertar a interpretação de paisagens e relacioná-las em um contexto
Dominó II- Encaixe entre uma imagem de satélite
(visão vertical), e uma foto (visão horizontal ou oblíqua) do mesmo objeto.
- Observar imagens por diversos ângulos – contribui para a compreensão de mapas
Jogo a partir
de mapa
• Jogo de tabuleiro “Conhecendo o Parque Ecológico”
- Mapa no Parque Municipal - as trilhas são os caminhos que os jogadores devem percorrer
- Cartas - temas do parque, conceitos e noções de cartografia, reciclagem.
Recursos Hídricos
Flora e Fauna
Cartografia Informações do Parque
Reciclagem Conceitos
O nome do Córrego que passa pelo Parque?
Qual é o bioma do Parque?
Quais são os Pontos Cardeais?
Qual a função do Parque?
Qual material não é reciclável?
O que é APP?
POSSIBILIDADES
DE CONTEÚDO
- Recurso hídrico
- Sistema de tratamento de esgoto
- Erosão urbana
- Área de Proteção Ambiental
- Ferrovia ligada à gênese do município
- Desmatamento da vegetação nativa;
- Aterro sanitário
- Análise das transformações do espaço
- Noções cartográficas (legenda, escala)
CONCLUSÃO
Educação Ambiental
• Jogos que trabalham o espaço vivido podem contribuir para o processo de valorização de uma consciência ambiental nos alunos e para a transformação de seus comportamentos
Alfabetização Cartográfica Noções básicas na alfabetização cartográfica
Materiais didáticos
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em
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Jogo da Memória X X X X
Dominó I X X
Dominó II X X X
Quebra-Cabeça X X X X X
Conhecendo o Parque Ecológico X X X X X
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BibliografiaALMEIDA, P. N. de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 10 ed. São Paulo. Editora Loyola, 2000.
BREDA, T. V; O olhar espacial e geográfico na leitura e percepção da paisagem municipal : contribuições das representações cartográficas e do trabalho de campo no estudo do lugar. Ourinhos 2010, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Geografia (Trabalho de Conclusão de Curso).
BRUNELLE, L. LEIF, J. O jogo pelo jogo, Rio de Janeiro: Zahar, 1978, p.179
CASTELLAR, M. V. S. Educação geográfica: a psicogenética e o conhecimento escolar. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 66, 2005, 209-225 p. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br.
CHATEAU, J. O jogo e a criança. Trad. Guido de Almeida. São Paulo: Summus Editorial, 1987. 139 p.
CUNHA, M.V. Piaget – Psicologia Genética e Educação. In: Psicologia da Educação. DP&A: RJ, 2003.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança - Imitação, jogo e Sonho Imagem e Representação. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 341, 1964p.
PIAGET, J. INHLEDER, B. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Difel, p.137
RODRIGUES, M. O desenvolvimento do pré-escola e o jogo. São Paulo: Ícone, 1992, p. 70
SILVA, L. G. Jogos e situações-problema na construção das noções de lateraridade, referências e localização espacial. In: CASTELLAR, S. Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
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DGAEPrograma de Ensino e História em
Ciências da Terra – EHCT