ISSN 2318-7263
REVISTA PEDAGÓGICALÍNGUA PORTUGUESAEscrita, Produção de Texto e Ditado8º E 9º ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
SAEMI2015SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL MUNICIPAL DO IPOJUCA
PREFEITO DO IPOJUCACarlos José de Santana
VICE-PREFEITO DO IPOJUCAPedro José Mendes Filho
CHEFIA DE GABINETE DO PREFEITO Antônio Alberto Cardoso Giaquinto
SECRETARIA DO GOVERNOPedro Henrique Santana de Souza Leão
SECRETARIA DE EDUCAÇÃOMargareth Costa Zaponi
Apresentação
Pr� ad� educadores,
A responsabilidade pela gestão de uma rede de en-
sino não recai sobre os ombros de um único ator educa-
cional. Para ser efetiva, ela precisa ser compartilhada, fa-
zendo com que cada unidade escolar e cada profi ssional
que dela faça parte sintam-se responsáveis pela oferta
de uma educação de qualidade, cujo horizonte converge
para um único ponto: a aprendizagem dos alunos.
Esse desafi o não é corriqueiro. Ele exige a partici-
pação, o envolvimento e o comprometimento de todos
os professores, diretores, funcionários, estudantes, famili-
ares e responsáveis, o conjunto de agentes da secretaria
de educação e a comunidade ipojucana como um todo.
Se, de um lado, o suporte dado pelos agentes edu-
cacionais é fundamental para que esse virtuoso objetivo
seja atingido, por outro, é necessário, como guia de um
trabalho sério e capaz de alterar a realidade educacional
de nosso município, pautar nossos esforços e atividades
por informações capazes de fornecer um panorama ger-
al de nossa rede, permitindo identifi car nossas virtudes e
nossas fragilidades, abrindo espaço, dessa forma, para o
desenho e a efetivação de ações destinadas a contornar
os problemas identifi cados.
Toda ação pública precisa ser legitimada e encon-
trar suporte em diagnósticos fi éis sobre a realidade so-
bre a qual pretende produzir mudanças. Para tanto, é
necessária que esteja ancorada em informações preci-
sas e criteriosas.
É justamente como suporte para que políticas e
ações educacionais possam ser pensadas e efetivadas
que a avaliação educacional em larga escala encontra
sua principal razão de ser. Através de seus diagnósticos,
é preciso defi nir estratégias para que soluções para os
problemas sejam encontradas.
O município de Ipojuca conta com seu próprio siste-
ma de avaliação em larga escala, o SAEMI, comprometi-
do com a melhoria da qualidade da educação em nossa
rede municipal, através da produção de diagnósticos so-
bre nossas escolas.
É com ciência da importância que tais informações
assumem para que decisões sejam tomadas e da cen-
tralidade que todos vocês, profi ssionais e benefi ciários
da educação, possuem para que ofertemos uma edu-
cação de qualidade para nossos estudantes, que divul-
gamos os resultados do SAEMI 2015, através da presente
coleção de revistas. Esse material é destinado ao uso e
à apropriação por parte de todos envolvidos com a edu-
cação do município.
Através dele, reforçamos a crença no trabalho de
nossos profi ssionais e no valor que o trabalho com os
resultados do SAEMI possui.
Margareth Zaponi
Secretária de Educação
S U M Á R I O
17 A AVALIAÇÃO DAS
PRODUÇÕES TEXTUAIS DOS ESTUDANTES
10 O DITADO NO SAEMI
8 A AVALIAÇÃO EM
LARGA ESCALA DA ESCRITA
25 COMPREENDENDO OS
RESULTADOS
14 A PRODUÇÃO DE
TEXTO NO SAEMI 2015
A AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA
DA ESCRITA
Com a implementação e ampliação das avaliações edu-
cacionais em larga escala nas últimas duas décadas, abriu-se
espaço para a incorporação da avaliação da produção escrita,
complementando o diagnóstico do desempenho em Língua
Portuguesa já realizado pelos testes de leitura, obtendo-se,
dessa forma, uma visão mais ampla e completa da qualidade
da educação ofertada pela rede pública de ensino.
Em consonância com essa tendência em se avaliar a
escrita, o Sistema de Avaliação Educacional Municipal do
Ipojuca – SAEMI – avalia, desde 2013, a competência escri-
tora dos estudantes, do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamen-
tal, por meio de uma tarefa de produção de texto dentro da
tipologia narrativa – para os 5º, 6º e 7º anos -, argumentati-
va – para os 8º e 9º anos - e um ditado de palavras – para
ambos.
Destaca-se, aqui, que o SAEMI também avalia a escrita
dos estudantes do ciclo de alfabetização e da Educação de
Jovens e Adultos em suas quatro fases.
9
LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
1
O DITADO NO SAEMI Além da tarefa de produção de texto, os estudantes do 5º ao 9º ano do
Ensino Fundamental foram submetidos a um ditado contendo 20 (vinte) palavras
referentes a um determinado contexto próximo à realidade dos jovens avaliados,
lido pelo Aplicador antes do início do ditado de palavras.
Após esperar, aproximadamente 1 (um) minuto, os Aplicadores passavam ao
ditado das palavras que apresentavam diferentes tipos de estruturas silábicas,
obedecendo, portanto, a diferentes regras de transposição dos fonemas para os
grafemas.
Assim, a escolha dos aspectos avaliados deveu-se à complexidade que
apresentam no processo de aprendizagem das regras que organizam o sistema
alfabético da Língua Portuguesa, tanto no que diz respeito à relação entre fone-
ma e grafema, quanto no padrão de estruturação da sílaba (CV / CVV / CVC/ CCV,
por exemplo).
A seguir, apresentamos o ditado aplicado nas etapas em destaque nessa
revista Pedagógica, apresentando os resultados gerais por categoria avaliada.
11
LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
2
Para cada uma das palavras, foram considerados dife-
rentes aspectos ortográficos, identificados como categorias.
Assim, no 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, foram
ditadas 20 (vinte) palavras, mas considerados 41 (quarenta e
um) aspectos ortográficos, distribuídos em 10 categorias. o
quadro a seguir traz a frequência com que esses aspectos
foram contemplados no ditado:
FREQUÊNCIA DAS CATEGORIAS AVALIADAS
Categoria Aspecto avaliado Frequência
1 Sílaba canônica 6
2 Letras concorrentes 8
3 Dígrafos 7
4 Encontros vocálicos 6
5 Marcas de nasalização 3
6 Encontro consonantal 3
7 Sílaba não canônica 4
8 uso do “r” em final de sílaba 1
9 uso do “l” em final de sílaba 1
10 Ditongação 2
Como exemplo das ocorrências nas categorias avalia-
das, temos:
Categoria Aspecto avaliadoExemplo de ocorrência
1 Sílaba canônica tarântula
2 Letras concorrentes medusa
3 Dígrafos passarinho
4 Encontros vocálicos peixe
5 Marcas de nasalização tubarão
6 Encontro consonantal avestruz
7 Sílaba não canônica coelho
8 uso do “r” em final de sílaba tartaruga
9 uso do “l” em final de sílaba golfinho
10 Ditongação caranguejo
Observações: (1) colocamos em negrito as sílabas/letras consideradas em cada categoria; (2) sabemos que sílabas não canônicas são todas aquelas não obedecem ao padrão consoante/vogal (CV), no entanto destacamos essa forma, pois outras estruturas não canônicas já são avaliadas nas demais categorias.
DESEMPENHO DOS ESTUDANTES POR CATEGORIA AVALIADA
Ao se propor o ditado, buscou-se avaliar não apenas o
número de acertos no tocante às palavras utilizadas, mas,
principalmente, os aspectos em que os estudantes ainda
apresentam dificuldade na codificação da Língua Portuguesa.
Com relação ao domínio dessas, dos princípios que regem o
sistema alfabético e sua adequada aprendizagem, entendemos
que, ao conhecer as dificuldades nessa aprendizagem, podem
ser desenvolvidas atividades que permitam a assimilação dos
princípios que regem a escrita ortográfica da Língua Portuguesa.
o quadro a seguir traz o percentual de acertos em cada
uma das categorias avaliadas.
Categoria Aspecto avaliado% de acerto
8º ano 9º ano
1 Sílaba canônica 73,4 76,8
2 Letras concorrentes 85,6 87,9
3 Dígrafos 90,6 93,6
4 Encontros vocálicos 69,1 71,8
5 Marcas de nasalização 76,6 88,9
6 Encontro consonantal 90,1 91,2
7 Sílaba não canônica 83,3 85,6
8 uso do “r” intervocálico 88,4 89,9
9 uso do “r” em final de sílaba 56,6 64,0
10 Ditongação 67,9 69,8
Ao analisarmos esse quadro, constatamos que tanto
os estudantes do 8º ano, quanto os do 9º, em relação ao
resultado de 2014, ainda apresentam grande dificuldade
em relação à categoria 10 (DItongAção), com 67,9 % de
acertos para o 8º ano (menor percentual dessa etapa) e
69,8%, para o 9º ano (segundo menor percentual obser-
vado nessa etapa), como também se observa no resulta-
do de 2014. nesse caso, avaliou-se, especificamente, o
uso do “E”, na penúltima sílaba da palavra “caranguejo”,
na qual comumente os estudantes acrescentam a vogal
“I”, grafando incorretamente “carangueijo”.
Contudo, os estudantes de ambas as etapas apre-
sentaram maior dificuldade no uso do “r” uSo Do “r” EM
FInAL DE SíLABA com 56,6% de acertos para o 8º ano
e 64%, para o 9º ano. Para essa categoria, avaliou-se o
“r” em posição de travamento de sílaba inicial (tartaruga).
A dificuldade nessa realização ortográfica pode ser de-
vido a uma forte interferência da oralidade, pois em uma
fala mais familiar, menos elaborada, é comum ocorrer a
omissão do “r” travando sílaba. nos demais aspectos, nas
duas etapas, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, o per-
centual de acerto coloca-se acima de 70%.
Importante ressaltar que, ao compararmos os resul-
tados alcançados em cada uma das categorias, em cada
uma das etapas, observamos que estudantes do 9º ano
apresentam melhor desempenho que os estudantes do 8º
ano, confirmando o que seria esperado: o avanço na esco-
laridade revela melhor consolidação da aprendizagem dos
aspectos associados à ortografia da Língua Portuguesa.
1312
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
A PRODUÇÃO DE TEXTO
NO SAEMI 2015
Dando continuidade à avaliação de
escrita incorporada, no ano de 2013, ao
teste de Língua Portuguesa, a avalia-
ção da comunicação escrita formal por
meio da produção de um texto também
fez parte da avaliação aplicada aos es-
tudantes no ano de 2015.
Como dito anteriormente, esse
tipo de avaliação segue uma tendência
nacional crescente em se avaliar, em
larga escala, a escrita dos estudantes,
seja através de itens ou de produções
textuais, as chamadas redações.
Assim como as avaliações em ní-
vel nacional e as já realizadas em nível
local, o SAEMI quer ir além da observa-
ção das estruturas de funcionamento da
língua escrita. Ele pretende avaliar se
os estudantes conseguem estabelecer
comunicação por meio do código es-
crito, demonstrando serem sujeitos de
seu próprio discurso. Para isso, além de
um ditado, solicitou-se aos estudantes
a elaboração de um texto narrativo em
prosa ficcional ou relato, dentro de qual-
quer gênero que componha o agrupa-
mento do narrar, fato que conferiu aos
estudantes maior liberdade para defini-
rem as propriedades sociocomunicati-
vas necessárias para a transmissão da
mensagem pretendida por cada um.
A narração é a tipologia básica do
processo de ensino e aprendizagem
da Língua Portuguesa, uma vez que
contar histórias, sejam elas reais ou
fictícias, é intrínseco a cada ser huma-
no, ou seja, é a tipologia primária como
apontam teóricos. Dependendo da es-
trutura adotada pelo autor, essa narrati-
va pode se configurar como conto, crô-
nica, diário, fábula, mito, lenda, dentre
outras inúmeras possibilidades.
Em comum, os textos narrativos
apresentam personagens que intera-
gem entre si, vivenciando acontecimen-
tos que ocorrem em um determinado
espaço e em um determinado recorte
temporal. não se pode falar em uma es-
trutura fechada de texto narrativo, mas
existe uma composição prototípica nos
textos dessa tipologia que busca res-
ponder a algumas questões essenciais
para o desenvolvimento do enredo, a
saber:
Introdução(ou apresentação)
Quando aconteceu?onde aconteceu?
Com quem aconteceu?
Complicação(ou desenvolvimento)
o que aconteceu?Como aconteceu?
Por que aconteceu?
Clímax
Qual é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento crítico,
tornando o desfecho inevitável?
Conclusão(ou desfecho)
Qual é consequência desse aconte-cimento?
Como o conflito se resolveu?
Dessa forma, a narração se carac-
teriza por ser uma modalidade dinâmi-
ca de redação, na qual predominam os
verbos de ação, ao contrário da des-
crição, por exemplo, onde predominam
verbos de estado (ser, estar...). Além
disso, possui como características os
discursos direto, indireto e indireto livre.
Quanto aos elementos principais
da narração, temos: narrador (a voz do
texto, quem conta a história), persona-
gens, tempo, espaço e o enredo (que
são os fatos em si).
no caso do SAEMI, é dado aos es-
tudantes o mote para desenvolvimento
do enredo de seus textos que serão
avaliados com base em aspectos espe-
cíficos, que se relacionam às competên-
cias as quais ele precisa desenvolver
durante a etapa de escolaridade, as
quais são apresentadas na Matriz de
Correção por Competência de Produ-
ção de texto, a ser abordada em uma
das próximas seções desse texto.
15
LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
3
A ProPoStA DE ProDução tExtuAL
A tarefa do teste de produção de texto do SAEMI envolvia a elaboração de uma narrativa a partir de uma situação que
delimitava o tema e o objetivo esperado do texto do estudante. Veja a proposta aplicada:
Como se pode observar, cada proposta solicitava que o estudante narrasse um fato fictício, sendo possível utilizar se-
quências textuais de relato também, uma vez que a tipologia textual elencada permite esse hibridismo.
A AVALIAÇÃO DAS PRODUÇÕES
TEXTUAIS DOS ESTUDANTES
16
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA
4
8EF e 9EF
os textos produzidos pelos estudantes foram avaliados sob duas óticas distintas:
» por SItuAção DE CorrEção;
» por CoMPEtÊnCIA DE ProDução DE tExto.
AVALIAÇÃO POR SITUAÇÃO DE CORREÇÃO
A avaliação por SItuAção DE CorrEção configura a primeira leitura da
produção textual do estudante a ser feita pelo avaliador. nessa primeira análise,
pode-se atribuir ao texto conceitos que permitiram, ou não, sua análise por CoM-
PEtÊnCIA. As situações previstas foram:
» norMAL;
» BrAnCo;
» não ALFABÉtICo;
» InSuFICIEntE;
» CóPIA;
» AnuLADo;
» ESCrItA ILEgíVEL;
» FugA Ao tEMA;
» FugA À tIPoLogIA.
Excetuando-se a situação norMAL, único conceito que permitia enviar o tex-
to para a análise por CoMPEtÊnCIA, em todas as outras ocorrências, a produção
textual recebeu, automaticamente, a nota 0 (zero).
Veja exemplos de cada situação:
Esse estudante do 8EF absteve-se de realizar o teste de escrita pro-posto pela avaliação.
BrAnCo
1918
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
Os textos deveriam conter 6 (seis) ou mais linhas escritas (contando o título, quando pre-sente). Nesse exemplo do 8EF, a produção apresentou apenas 1 (uma) linha escritas.
InSuFICIEntE
Esse texto do 9EF não possui o número mínimo de linhas au-torais, 5 (cinco), apresentando apenas trechos transcritos da proposta.
CóPIA
Esse estudante do 8EF utilizou a Folha de Redação para produ-zir rasuras e outras formas pro-positais de anulação.
AnuLADo
A ilegibilidade da LETRA desse estudante do 9EF impediu a leitu-ra de sua produção.
ESCrItA ILEgíVEL
2120
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
FugA Ao tEMA
Esse exemplo de texto do 8EF di-fere totalmente do tema solicita-do pela tarefa do teste de escrita.
FugA À tIPoLogIA
Esse texto do 9EF não se configura como dis-sertativo-argumentativo.
Avaliação por CoMPEtÊnCIA DE ProDução DE tExto
Essa etapa da avaliação de produção de texto configura a segunda análise das produções elaboradas pelos estudantes,
sendo que somente os textos que receberam o conceito norMAL foram liberados para essa segunda leitura do avaliador.
Para a realização dessa avaliação, tomou-se como base uma Matriz de Correção por Competência, elaborada especificamente
para essa análise. Cabe destacar que a matriz para avaliação dos textos produzidos pelos estudantes contempla os elementos
estruturais básicos para que um texto seja considerado verdadeiramente um texto e não apenas um amontoado de frases.
Essa Matriz de Correção por Competência apresenta os critérios da avaliação e é constituída por quatro competências básicas:
Competência 1REGISTRO
Competência 2COERÊNCIA TEMÁTICA
Competência 3TIPOLOGIA TEXTUAL
Competência 4COESÃO
Avalia-se o domínio de um conjunto de regras de utilização da língua,
do ponto de vista morfológico, sintático e
semântico.
Avalia-se a adequada compreen-são da proposta de produção de texto, seu desenvolvimento associado a conhecimentos de diversas áreas e a conformida-de com a tipologia prevista, no
caso, a narrativa.
Avalia-se a articulação de frases e parágrafos por meio de re-
cursos linguísticos de tal forma que haja uma sequência lógica
entre as ideias.
Avalia-se a utilização de elementos conectores e referentes de forma a construir um texto com ideias entrelaçadas e
conectadas.
Veja, a seguir, as Matrizes de Correção por Competência de Produção de texto do SAEMI:
2322
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
COMPREENDENDO OS RESULTADOS
MA
TRIZ
DE
CO
RR
EÇÃ
O P
OR
CO
MP
ETÊN
CIA
8EF
e 9
EF
Nív
elC
OM
PET
ÊNC
IAS
CI –
REG
ISTR
OC
II –
TEM
A /
TIP
OLO
GIA
TEX
TUA
LC
III –
CO
ERÊN
CIA
CIV
– C
OES
ÃO
Nível 0 (0 – zero)
o e
stud
ante
dem
onst
ra d
esco
nhec
imen
to
da m
odal
idad
e es
crita
form
al d
a Lí
ngua
Po
rtugu
esa,
na
varia
nte
bras
ileira
.
Ate
nden
do a
o te
ma,
o e
stud
ante
des
envo
lve
text
o qu
e nã
o co
ntem
pla
a tip
olog
ia te
xtua
l pr
opos
ta, m
as a
pres
enta
um
a se
quên
cia
tipol
ógic
a ar
gum
enta
tiva,
ou
seja
, o e
stud
ante
re
digi
u um
text
o em
pro
sa (r
elat
o ou
nar
rativ
a)
no q
ual e
xpõe
um
a op
iniã
o, m
as n
ão a
de
fend
e.
o e
stud
ante
apr
esen
ta in
form
açõe
s, fa
tos
e op
iniõ
es n
ão re
laci
onad
os a
o te
ma
e se
m
defe
sa d
e um
pon
to d
e vi
sta.
o e
stud
ante
ela
bora
text
o co
m a
usên
cia
de m
arca
s de
arti
cula
ção,
resu
ltand
o em
fra
gmen
taçã
o da
s id
eias
.
Nível I (2,0)
o e
stud
ante
dem
onst
ra d
omín
io p
recá
rio,
de fo
rma
sist
emát
ica,
com
div
ersi
ficad
os e
fre
quen
tes
desv
ios
gram
atic
ais,
de
esco
lha
de
regi
stro
e d
e co
nven
ções
da
escr
ita.
o e
stud
ante
apr
esen
ta o
ass
unto
, ta
ngen
cian
do o
tem
a, o
u de
mon
stra
dom
ínio
pr
ecár
io d
o te
xto
diss
erta
tivo-
argu
men
tativ
o,
com
traç
os c
onst
ante
s de
out
ras
tipol
ogia
s te
xtua
is.
o e
stud
ante
apr
esen
ta in
form
açõe
s, fa
tos
e op
iniõ
es p
ouco
rela
cion
ados
ao
tem
a ou
in
coer
ente
s e
sem
def
esa
de u
m p
onto
de
vist
a.
o e
stud
ante
arti
cula
as
parte
s do
text
o de
fo
rma
prec
ária
.
Nível II (4,0)
o e
stud
ante
dem
onst
ra d
omín
io in
sufic
ient
e,
com
mui
tos
desv
ios
gram
atic
ais,
de
esco
lha
de re
gist
ro e
de
conv
ençõ
es d
a es
crita
.
o e
stud
ante
des
envo
lve
o te
ma
reco
rren
do
à có
pia
de tr
echo
s do
s te
xtos
mot
ivad
ores
ou
apr
esen
ta d
omín
io in
sufic
ient
e do
text
o di
sser
tativ
o-ar
gum
enta
tivo,
não
ate
nden
do
à es
trutu
ra p
roto
típic
a da
tipo
logi
a co
m
prop
osiç
ão, a
rgum
enta
ção
e co
nclu
são.
o e
stud
ante
apr
esen
ta in
form
açõe
s, fa
tos
e op
iniõ
es re
laci
onad
os a
o te
ma,
mas
de
sorg
aniz
ados
ou
cont
radi
tório
s e
limita
dos
aos
argu
men
tos
dos
text
os m
otiv
ador
es, e
m
defe
sa d
e um
pon
to d
e vi
sta.
o e
stud
ante
arti
cula
as
parte
s do
text
o, d
e fo
rma
insu
ficie
nte,
com
mui
tas
inad
equa
ções
e
apre
sent
a re
pertó
rio li
mita
do d
e re
curs
os
coes
ivos
.
Nível III (6,0)
o e
stud
ante
dem
onst
ra d
omín
io m
edia
no
da m
odal
idad
e es
crita
form
al d
a Lí
ngua
Po
rtugu
esa
e de
esc
olha
de
regi
stro
, com
al
guns
des
vios
gra
mat
icai
s e
de c
onve
nçõe
s da
esc
rita.
o e
stud
ante
des
envo
lve
o te
ma
por m
eio
de a
rgum
enta
ção
prev
isív
el e
apr
esen
ta
dom
ínio
med
iano
do
text
o di
sser
tativ
o-ar
gum
enta
tivo,
com
pond
o te
xto
que
aten
de à
es
trutu
ra p
roto
típic
a da
tipo
logi
a te
xtua
l com
pr
opos
ição
, arg
umen
taçã
o e
conc
lusã
o
o e
stud
ante
apr
esen
ta in
form
açõe
s, fa
tos
e op
iniõ
es re
laci
onad
os a
o te
ma,
lim
itado
s ao
s ar
gum
ento
s do
s te
xtos
mot
ivad
ores
e p
ouco
or
gani
zado
s, e
m d
efes
a de
um
pon
to d
e vi
sta.
o e
stud
ante
arti
cula
as
parte
s do
text
o,
de fo
rma
med
iana
, com
inad
equa
ções
e
apre
sent
a re
pertó
rio p
ouco
div
ersi
ficad
o de
re
curs
os c
oesi
vos.
Nível IIV (8,0)
o e
stud
ante
dem
onst
ra b
om d
omín
io d
a m
odal
idad
e es
crita
form
al e
de
esco
lha
de
regi
stro
, com
pou
cos
desv
ios
gram
atic
ais
e de
co
nven
ções
da
escr
ita.
o e
stud
ante
des
envo
lve
o te
ma
por m
eio
de
argu
men
taçã
o co
nsis
tent
e e
apre
sent
a bo
m
dom
ínio
do
text
o di
sser
tativ
o-ar
gum
enta
tivo,
at
ende
ndo
à es
trutu
ra p
roto
típic
a da
tipo
logi
a co
m p
ropo
siçã
o, a
rgum
enta
ção
e co
nclu
são.
o e
stud
ante
apr
esen
ta in
form
açõe
s, fa
tos
e op
iniõ
es re
laci
onad
os a
o te
ma,
de
form
a or
gani
zada
, com
indí
cios
de
auto
ria, e
m
defe
sa d
e um
pon
to d
e vi
sta.
o e
stud
ante
arti
cula
as
parte
s do
text
o co
m
pouc
as in
adeq
uaçõ
es e
apr
esen
ta re
pertó
rio
dive
rsifi
cado
de
recu
rsos
coe
sivo
s.
Nível V (10,0)
o e
stud
ante
dem
onst
ra e
xcel
ente
dom
ínio
da
mod
alid
ade
escr
ita fo
rmal
da
Líng
ua
Portu
gues
a e
de e
scol
ha d
e re
gist
ro. o
s de
svio
s gr
amat
icai
s ou
de
conv
ençõ
es
da e
scrit
a se
rão
acei
tos
som
ente
com
o ex
cepc
iona
lidad
e e
quan
do n
ão c
arac
teriz
em
rein
cidê
ncia
.
Des
envo
lve
o te
ma
por m
eio
de
argu
men
taçã
o co
nsis
tent
e, a
par
tir d
e um
re
pertó
rio s
ocio
cultu
ral p
rodu
tivo,
e a
pres
enta
ex
cele
nte
dom
ínio
do
text
o di
sser
tativ
o-ar
gum
enta
tivo.
o e
stud
ante
apr
esen
ta in
form
açõe
s, fa
tos
e op
iniõ
es re
laci
onad
os a
o te
ma
prop
osto
, de
form
a co
nsis
tent
e e
orga
niza
da, c
onfig
uran
do
auto
ria, e
m d
efes
a de
um
pon
to d
e vi
sta.
o e
stud
ante
arti
cula
bem
as
parte
s do
text
o e
apre
sent
a re
pertó
rio d
iver
sific
ado
de re
curs
os
coes
ivos
.
A partir da nota final obtida pelo estudante, define-se o perfil de escritor dele
de acordo com a descrição do nível no qual sua nota está alocada.
os níveis de Desempenho e suas denominações qualificam o perfil de escri-
tor enquadrado em cada um. Esses níveis compreendem intervalos específicos
de pontuação, sendo que, no ato da correção, a nota atribuída à competência é
o valor máximo do nível que, após o cálculo da média final, pode apresentar va-
riações dentro do nível ou transferir a pontuação do estudante na competência
para outra classificação.
24
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA
5
O PERFIL DE ESCRITOR
o perfil de escritor se dá com base na descrição do nível no qual sua nota está alocada, conforme a seguinte escala:
INADEQUADOABAIXO DO
BÁSICOBÁSICO INTERMEDIÁRIO ADEQUADO AVANÇADO
0,0 0,1 2,0 2,1 4,0 4,1 6,0 6,1 8,0 8,1 10,0
INADEQUADO
0,0
nesse nível, o estudante demonstra total desconhecimento da norma padrão, de escolha de registro e de convenções
da escrita, que tornam seu texto ininteligível. Além disso, ele desenvolve texto que não contempla a proposta de produção
textual, elaborando outra estrutura textual que não a expositivo-argumentativa, mas com traços de opinião e referências ao
tema. Por sua vez, o texto apresenta informações, fatos, opiniões e argumentos incoerentes ou não apresenta um ponto de
vista, tendo, na maioria das vezes, seu entendimento prejudicado ou quase anulado e sem a presença de uma proposta de
intervenção. Em suma, as informações estão desconexas e não se configuram como uma sequência textual.
*não foram observados exemplos significativos que ilustrem esse nível de desempenho.
ABAIXO DO BÁSICO
0,1 2,0
o estudante que se encontra nesse nível de escrita demonstra domínio insuficiente da norma padrão, apresentando
graves e frequentes desvios gramaticais e de convenções da escrita, além de presença de gírias e marcas de oralidade.
Assim, há certos desvios graves que ocorrem de forma sistemática no texto e são acompanhados de desestruturação sin-
tática em excesso, revelando que muitos aspectos importantes da norma padrão ainda não foram incorporados aos seus
hábitos linguísticos.
no que tange à competência II – tema/tipologia textual --, ele desenvolve de maneira tangencial o tema, detendo-se
em tema vinculado ao mesmo assunto, o que revela má interpretação da proposta. Seu texto apresenta inadequação ao
tipo textual expositivo-argumentativo, com repetição de ideias e ausência de argumentação, podendo elaborar um texto de
base narrativa, com apenas um resquício argumentativo.
Em geral, as informações, fatos, opiniões e argumentos apresentados pelo estudante são pouco relacionados ao tema
e também são pouco arrolados entre si, até mesmo porque o estudante não articula as partes do texto ou as articula de
forma precária e/ou inadequada, apresentando graves e frequentes desvios de coesão textual. na produção textual enqua-
drada neste nível, há sérios problemas na articulação das ideias e na utilização de recursos coesivos.
Ao analisar esse texto, o estudante apresenta muitos des-
vios em relação à competência I – registro, grafando palavras
de forma incompleta ou transcrevendo-as conforme a oralidade:
“jove” (“jovens” - ℓ. 01), “devetino” (“divertindo” - ℓ. 06), “pra brinca”
(“para brincar” - ℓ. 07). não se observa, ainda, o uso de nenhum
sinal de pontuação além da vírgula (usada quando o autor reali-
za algumas enumerações), compondo o texto em um único pa-
rágrafo. também não se observa uma grande variabilidade de
recursos coesivos, observando-se, essencialmente, o uso da
conjunção aditiva “e”. observam-se, ainda, a grafia incorreta de:
» “exercitando” (“execitando” - ℓ. 01);
» “ao invés de” (“de vei de ta” - ℓ. 02);
» “tela” (“teta” - ℓ. 04);
» “maior preguiça” (“maio priguissa” - ℓ. 06);
» “bicicleta” (“bircicreta” - ℓ. 08);
» “faz” (“fai”- ℓ. 10).
Quanto ao desenvolvimento temático, o estudante limita-se
a afirmar que os jovens estão substituindo as atividades físicas
e brincadeiras pelos jogos eletrônicos, o que prejudica a saúde
deles. Diante disso, seu texto assume, ainda que bem precário,
um caráter mais expositivo do que argumentativo.
8º ANO
2726
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
BÁSICO
2,1 4,0
nesse nível, o estudante demonstra domínio mediano da norma padrão, apresentando grande quantidade de desvios
gramaticais e de convenções da escrita graves ou gravíssimos, além de presença de marcas de oralidade. Assim, há certos
desvios graves que ocorrem em várias partes do texto, revelando que muitos aspectos importantes da norma padrão ainda
não foram incorporados aos seus hábitos linguísticos.
no entanto, ele já não apresenta desestruturação sintática em excesso, desenvolvendo, também, de forma mediana o
tema, com tendência ao tangenciamento, uma vez que sua argumentação é previsível e baseia-se em argumentos do senso
comum, de recorrentes cópias (citações diretas) dos textos motivadores ou com domínio precário do tipo textual expositivo-
-argumentativo, devido à argumentação falha ou texto apenas expositivo.
Diante disso, a coerência textual ainda é significativamente afetada, porque as informações, fatos e opiniões são pouco
articulados ou contraditórios, embora pertinentes ao tema proposto, e o autor, geralmente, limita-se a reproduzir os argu-
mentos constantes na proposta de produção textual, em defesa de seu ponto de vista.
Quanto à competência IV – Coesão, o estudante articula as partes do texto, porém com muitas inadequações na utiliza-
ção dos recursos coesivos, demonstrando, assim, pouco domínio dos recursos coesivos.
Ao analisar esse texto, constata-se uma ausência de sinais
de pontuação no decorrer do texto, muitos desvios ortográficos
e de concordância relacionados à competência I – registro, en-
contrados nesse texto.
Com relação ao desenvolvimento das ideias, percebe-
-se que são apresentadas de forma desconexa, incoerente e
fragmentada. notam-se as seguintes colocações: “os jogos de
internet são violentos”; “não possuem caráter educativo”; “pre-
judicam na aprendizagem escolar dos jovens”. Essas ideias só
são percebíveis após uma releitura minuciosa do texto, pois as
colocações apresentadas no centro do mesmo não se articulam.
Do ponto de vista ortográfico, observam-se os seguintes
desvios:
» ausência de letra maiúscula em palavra iniciando
frase/período – “nesse” (ℓ. 04);
» uso de letra maiúscula no meio de frase em termo
que não a solicita – “Aprendisajen” (ℓ. 13);
» concorrência grafema/fonema na grafia do verbo
“pensam”, além de alteração do tempo verbal –
“penção” (ℓ. 06);
» hipossegmentação do verbo com pronome em po-
sição de ênclise – “ajudalo” (“ajudá-lo” - ℓ . 06);
» ausência do acento circunflexo – “violencia” (ℓ. 07);
» hipersegmentação e concorrência entre as vogais
“e” e “i” na sílaba inicial (separada do restante da
palavra) – “de versão” (ℓ. 11).
9º ANO
2928
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
nesse texto tomado como exemplo, nota-se que o es-
tudante mantém a mesma ideia do texto anterior ao levantar
a possibilidade de um uso pedagógico para os jogos eletrô-
nicos, sugerindo a confecção de um jogo que auxiliasse os
jovens na aprendizagem da Matemática. Além disso, o autor
aponta para a necessidade de os pais controlarem o acesso
aos jogos como forma de auxiliar no combate aos casos de
vício e consumo de material indevido.
Do ponto de vista da Coesão, mesmo o texto trazendo um
repertório maior de conectores, o fato de serem limitados, dei-
xam o texto um pouco fragmentado, o que se agrava em parte
por questões sintáticas ou de incoerência entre os argumentos.
no que concerne ao registro, observam-se ainda mui-
tos desvios, em grande parte por interferência da modalidade
oral informal, dentre os quais se destacam:
» concordância – “muitos usadas” (“muito usados” - ℓ. 03-04)
/ “alguns jogos deixa” (“alguns jogos deixam” - ℓ. 04-05) /
“muitos jogado” (“muito jogados” - ℓ. 07) / “jogos violentos
não leva” (“jogos violentos não levam” - ℓ. 14);
» separação silábica na mudança de linha – “algu-ns” (ℓ.
04-05);
» ditongação da conjunção adversativa – “mais” no lugar
de “mas” (ℓ. 08 e 18);
» ausência de acentuação – “eletronicos” (“eletrônicos”
- ℓ. 03) / “da” (“dá” - ℓ. 10) / “também” (“também” - ℓ. 11);
» “por que” no lugar de “porque” (ℓ. 22) e repetição de
termos “por que, por que” (ℓ. 22);
» “ajunda” no lugar de “ajuda” (ℓ. 16);
» “qua alinves” no lugar de “que ao invés” (ℓ. 11);
» hipersegmentação na grafia de “mentem” – “men tem”
(ℓ. 25);
» troca do “n” pelo “m” na grafia de “também” – “tanbem”
(ℓ. 25);
» expressões coloquiais orais ou empregadas em forma
de gíria – “pra” (ℓ. 10) / “ne” (ℓ. 16) / “tipo” (ℓ. 27).
nesse texto, observa-se que o estudante ainda apresen-
ta dificuldades relacionadas ao uso da página ao apresentar
frases que se separam antes do término da pauta, sugerindo
possível dificuldade em relação à separação silábica também.
Essa situação é observada, principalmente, no segundo e ter-
ceiro parágrafos, com destaque para as linhas 5 e 9 a 11.
os argumentos do autor limitam-se ao caráter não peda-
gógico dos jogos eletrônicos em oposição a alguns exempla-
res que contribuem para uma melhor compreensão da tecno-
logia. Além disso, seu texto assume um caráter de resposta,
ou seja, a forma como ele se posiciona remete à forma como
alguém se coloca ao responder uma pergunta, colocando-se
de forma direta no texto (“Eu tanbém gosto muito de alguns,...”
- ℓ. 07-08). Essa estrutura não prejudica o texto, apenas lhe
confere um tom mais informal que, em partes, o afasta da mo-
dalidade culta da Língua Portuguesa.
Dentre os desvios de registro observados, destacam-se:
» ausência de acentuação – “eletronicos” (título e ℓ.
05) / “policia” (ℓ. 13) / “so” (ℓ. 11 e 15);
» emprego equivocado de acento – “nós” no lugar
de “nos” (ℓ. 06 e 08);
» estruturas coloquais – “pra” (ℓ. 10) / “ai” (ℓ. 14);
» ditongação da conjunção adversativa – “mais” no
lugar de “mas” (ℓ. 09);
» concordância nominal – “os jogos eletrônicos são
muitos bons...” sendo o correto “... muito bons...” (ℓ.
05-06);
» concorrência entre as consoantes nasais “n” e “m”
em posição final de sílaba – “tanbém” (ℓ. 07).
9º ANO8º ANO
3130
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
INTERMEDIÁRIO
4,1 6,0
O estudante alocado nesse nível apresenta domínio adequado da norma padrão, apresentando alguns desvios gra-
maticais graves e de convenções da escrita, ou muitos desvios leves. Desvios mais graves, como a ausência de concor-
dância verbal ou nominal, não impedem que a produção textual receba essa pontuação, desde que não configurem falta
de domínio absoluto do padrão da linguagem escrita formal. Assim, o estudante que realizar alguns desvios graves ou
gravíssimos, ou muitos desvios leves, recebe essa pontuação.
O tema é tratado adequadamente, mas com uma abordagem superficial, discutindo outras questões relacionadas por
meio de uma argumentação previsível, mas que mostra que ele apresenta domínio adequado do tipo textual expositivo-
-argumentativo, mesmo não apresentando, explicitamente, uma tese, e detendo-se mais no caráter expositivo do que no
argumentativo, porque ainda reproduz ideias do senso comum no desenvolvimento da temática.
O estudante com escrita em nível INTERMEDIÁRIO apresenta em seu texto informações, fatos, opiniões e argumentos
pertinentes ao tema proposto, porém os organiza e relaciona de forma pouco consistente em defesa de seu ponto de
vista. As informações são aleatórias e desconectadas entre si, embora relacionadas ao tema, revelando pouca articulação
entre os argumentos, que não são convincentes para defender a opinião do autor.
Já em relação à competência de Coesão, o estudante articula as partes do texto, porém com algumas inadequações
na utilização dos recursos coesivos, demonstrando que esse escritor possui domínio regular desses recursos.
Analisando-se esse texto, observa-se uma escrita em ní-
vel ortográfico com poucos desvios de registro, mas revela
dificuldade em relação ao uso da página, uma vez que sua
escrita é interrompida bem antes dos limites da linha. Quan-
to à coesão, o autor faz bom uso dos recursos coesivos, mas
ainda apresenta repertório limitado.
no que diz respeito ao desenvolvimento do tema den-
tro dos limites do tipo textual solicitado, nota-se que predo-
mina a exposição de ideias, sem que haja a apresentação
clara de uma opinião do autor.
8º ANO
3332
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
ADEQUADO
6,1 8,0
O estudante cuja nota está no intervalo de pontuação compreendido por esse nível demonstra bom domínio da
norma padrão, apresentando poucos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita. Assim, o mesmo desvio não
ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas aos seus hábitos
linguísticos e os desvios foram eventuais. Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal ou nominal, não
impedem que a produção textual receba essa pontuação, desde que não se repitam regularmente no texto. Assim, o es-
tudante que realizou poucos desvios leves ou pouquíssimos desvios graves recebe essa pontuação.
Além disso, ele desenvolve bem o tema, mas não explora os seus aspectos principais. Desenvolve uma argumenta-
ção consistente e apresenta bom domínio do tipo textual expositivo-argumentativo, mas não apresenta argumentos bem
desenvolvidos. Contudo, seus argumentos não ficam restritos à reprodução das ideias contidas nos textos motivadores
nem a questões do senso comum, pois seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argumentos perti-
nentes ao tema proposto de forma consistente, em defesa de seu ponto de vista. Explicita a tese, seleciona argumentos
que possam comprová-la e elabora conclusão que mantenha coerência com a opinião defendida na produção textual. Em
geral, os argumentos utilizados são previsíveis, mas não há cópia de argumentos defendidos pelos textos motivadores.
No campo da Coesão, o autor articula as partes do texto com poucas inadequações na utilização de recursos coe-
sivos, não apresentando: frases fragmentadas que comprometam a estrutura lógico-gramatical, sequência justaposta de
ideias sem encaixamentos sintáticos, ausência de paragrafação, frase com apenas oração subordinada, sem oração prin-
cipal. Poderá, no entanto, conter alguns desvios de menor gravidade: emprego equivocado do conector, emprego do
pronome relativo sem a preposição, quando obrigatória, repetição desnecessária de palavras ou substituição inadequada,
sem se valer dos recursos de substituição oferecidos pela língua. Essa pontuação foi atribuída ao estudante que demons-
trou domínio dos recursos coesivos.
Analisando-se esse texto, nota-se que o autor limita-se a de-
fender a ideia de que os jogos eletrônicos são um bom passa-
tempo, mas consegue esboçar alguns prós e contras a respeito
desse tipo de entretenimento. A favor, ele destaca a questão da
sociabilidade com outras pessoas, mas ao mesmo tempo co-
menta que o convívio com pessoas desconhecidas pode ser
perigoso. no entanto, seu texto não desenvolve uma argumen-
tação consistente, atendo-se mais nos aspectos expositivos.
Do ponto de vista da Coesão, observa-se a constante repe-
tição de palavras dentro de um mesmo período, quando o estu-
dante poderia ter utilizado outros termos para manter a coesão
referencial. Quanto ao registro, observa-se ainda um número
considerável de desvios, dentres os quais se destacam:
» concordância – “real” no lugar de “reais” (ℓ. 07) /
“está” no lugar de “estão” (ℓ. 09);
» ausência de acentuação – “varios” (ℓ. 13) / “carater”
(ℓ. 23);
» acentuação indevida – “tecnólogia” (ℓ. 09) / “sínu-
cas” (ℓ. 15);
» emprego do “z” no lugar do “s” – “atravéz” (ℓ. 19 e 26);
» segmentação de palavras – “passa tempo” (no lu-
gar de “passatempo” – ℓ. 11 e 27) / “vôlei bool” (ao
invés de “voleibol” – ℓ. 14);
» uso do “por que” no lugar do “porque” – ℓ. 11, 16 e 21;
» marca de oralidade – contração da preposição
“para” (“pra” – ℓ. 28).
9º ANO
3534
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
Analisando-se esse texto, observa-se um repertório de
ideias de seu autor que busca elencar os prós e contras dos
jogos eletrônicos, destacando, principalmente, os malefícios
dos jogos considerados impróprios para faixa etária a qual a
proposta de refere. no entanto, o estudante deixa sua argu-
mentação em aberto por não apesentar uma conclusão.
o vocabulário do estudante é relativamente amplo e
complexo, mas ainda apresenta dificuldades quanto ao uso
da pontuação, pois emprega em diversos momentos o ponto
e vírgula quando deveria ter utilizado somente a vírgula ou o
ponto final, uma vez que não havia essa interposição direta
de ideias.
uma questão que ainda chama a atenção na escrita des-
se estudante, refere-se à grafia das consoantes “J” e “t”, que
tanto na versão maiúscula, quanto na minúscula são grafadas
da mesma forma e impedem que se avalie se o estudante
sabe diferenciá-las ou não.
Analisando-se esse texto, nota-se que com relação
à competência I – registro, há desvios escassos que não
comprometem sua inteligibilidade. Contudo, os argumentos
são rasos e redundantes, resvalando no senso comum e em
ideias clichê. Além disso, não há uma defesa de ponto de
vista e uma conclusão clara da discussão.
Quanto à sintaxe e à coesão, notam-se períodos curtos,
sem uma articulação mais complexa, revelando que seu autor
ainda possui um repertório limitado de recursos coesivos.
9º ANO8º ANO
3736
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
AVANÇADO
8,1 10,0
um escritor avançado é aquele que demonstra excelente domínio da norma padrão, não apresentando ou apresentan-
do pouquíssimos desvios gramaticais leves e de convenções da escrita que não interferem na compreensão textual, pois o
mesmo desvio não ocorre em várias partes do texto, o que revela que as exigências da norma padrão foram incorporadas
aos seus hábitos linguísticos e os desvios foram eventuais. Desvios mais graves, como a ausência de concordância verbal,
excluem a produção textual da pontuação mais alta.
Em relação ao tema, ele foi muito bem desenvolvido, explorando os seus principais aspectos. A produção textual con-
tém, ainda, uma argumentação consistente, revelando excelente domínio do tipo textual expositivo-argumentativo, indican-
do que o texto está estruturado, por exemplo, com: uma introdução, em que a tese a ser defendida é explicitada, argumen-
tos que comprovam a tese, distribuídos em diferentes parágrafos e um parágrafo final com uma conclusão.
Além disso, os argumentos defendidos não ficam restritos à reprodução das ideias contidas nos textos motivadores
nem a questões do senso comum, porque o estudante seleciona, organiza e relaciona informações, fatos, opiniões e argu-
mentos pertinentes ao tema proposto de forma consistente, configurando autoria, em defesa de seu ponto de vista. Explicita
a tese, seleciona argumentos que possam comprová-la e elabora conclusão ou proposta que mantenha coerência com a
opinião defendida na produção textual.
Quanto à Coesão, o estudante articula as partes do texto, sem inadequações na utilização dos recursos coesivos, ou
com eventuais desvios de menor gravidade, desde que o mesmo erro não se repita, uma vez que essa pontuação é atribuí-
da ao estudante que demonstra pleno domínio dos recursos coesivos.
um estudante com escrita nesse nível, no 8º ano, ain-
da apresenta um repertório vocabular e de ideias limitado,
em comparação aos estudantes que se encontram na última
etapa do Ensino Fundamental e cuja nota se aloca nesse in-
tervalo de pontuação. no exemplo em questão, o estudante
consegue elencar o que ele aponta como pontos principais
acerca do tema: a evolução gráfica dos jogos, ampliação da
interatividade e ferramenta de entretenimento. Além disso,
o autor destaca que os jogos eletrônicos podem corroborar
para o desenvolvimento do raciocínio lógico dos jovens jo-
gadores, mas também influenciam em seu comportamento,
algo que ele deixa vago, sem explicitar se seriam comporta-
mentos positivos ou negativos.
Como deixa sua conclusão vaga, a argumentação de-
senvolvida pelo estudante não se dá de forma plena, mas
nada que o impede de ser avaliado nesse nível.
Quanto à Coesão, observa-se um repertório basilar, mas
sem inadequações. Do ponto de vista do registro, desta-
cam-se desvios escassos que não comprometem a inteligi-
bilidade textual ou revelem desconhecimento de seu uso.
São eles:
» “usando” no lugar de “usado” (ℓ. 14-15);
» separação silábica incorreta na mudança de linha –
“influê-ncia” (ℓ. 16-17).
8º ANO
3938
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA LínguA PortuguESA - ESCrItA, ProDução DE tExto E DItADo - 8° E 9° AnoS Do EnSIno FunDAMEntAL | SAEMI 2015
nesse exemplo, observa-se um texto que atende à estru-
tura prototípica da tipologia textual dissertativo-argumentativa
com introdução, desenvolvimento e conclusão. o estudante
busca elencar pontos positivos e negativos dos jogos eletrôni-
cos, encerrando sua discussão com uma opinião pessoal direta,
colocando-se a favor dos jogos, desde que os mesmos estejam
adequados ao público.
os recursos coesivos apresentados pelo autor mostram-se
diversos e mais amplos dos que os apresentados na etapa de
escolaridade anterior, mesmo se comparado a textos de estu-
dante nesse nível. observa, nesse texto, o emprego de conec-
tivos para destacar ideias opostas, alternadas e explicativas, por
exemplo.
no que diz respeito ao registro, observa-se o emprego
equivocado da vírgula antes na linha 15 (“... na vida real, ou mui-
tas...”), quando deveria ter sido empregado o ponto final ou uti-
lizado a letra minúscula na conjunção “ou”; e o uso de vírgula
antes de letra maiúscula, na linha 11 (“... etc, Pode ser ruim...).
9º ANO
40
SAEMI 2015 | rEVIStA PEDAgógICA
Reitor da Universidade Federal de Juiz de ForaMarcus Vinicius David
Coordenação Geral do CAEdLina Kátia Mesquita de Oliveira
Coordenação da Unidade de PesquisaTufi Machado Soares
Coordenação de Análises e PublicaçõesWagner Silveira Rezende
Coordenação de Design da ComunicaçãoRômulo Oliveira de Farias
Coordenação de Gestão da InformaçãoRoberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo
Coordenação de Instrumentos de AvaliaçãoRenato Carnaúba Macedo
Coordenação de Medidas EducacionaisWellington Silva
Coordenação de Monitoramento e IndicadoresLeonardo Augusto Campos
Coordenação de Operações de AvaliaçãoRafael de Oliveira
Coordenação de Processamento de DocumentosBenito Delage
Ficha catalográfica
Ipojuca. Secretaria Municipal de Educação.
SAEMI – 2015/ universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.
v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual.
Conteúdo: revista Pedagógica - Língua Portuguesa – Escrita, Produção de texto e Ditado – 8º e 9º anos do Ensino Fundamental.
ISSn 2318-7263
CDu 373.3+373.5:371.26(05)