Ivvporiôncias iulrrnacioiiuis
ALGUMAS EMPRESAS PAGAM TUDO QUANDO
ENVIAM OS COLABORADORES PARA1
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Texto de André Jegundo e Mariana Béu Carvalho
l.iiís Abreuv Diogo l*alni:iLuís, de 29 anos, vive
em Luanda; Diogo, de 24, esteve
no Brasil e em AngolaCONSULTORES DA MAKSEN
Um mês depois de entrar na Maksen, Luís
Abreu partiu para Angola para desenvolver
um projecto na área de telecomunicações.Quando foi admitido na empresa de con-
sultoria, já sabia que iria seis meses paraLuanda: a disponibilidade para entrar em
projectos internacionais (pelo menos du-
rante meio ano) é um requisito fundamen-tal no momento da contratação, e Brasil e
Angola são dois destinos frequentes.Por vezes, os consultores sabem só com
uma ou duas semanas de antecedência quevão viajar, mesmo que seja para o outro lado
do mundo e que fiquem lá alguns meses. "lá
ganhei uma certa prática a fazer as malas",diz Diogo Palma, 24 anos, consultor sénior
da empresa que ficou no B.° lugar do rankingdo Great Place to Worklnstitute (GPTW).
Os trabalhos fora do País são apreciados
pelos dois consultores. Não só ficam a ga-nhar mais (recebem ajudas de custo, pré-mios, subsídios de deslocação e suplemen-tos de remuneração, por exemplo), como
isso é valorizado internamente. Os colabo-
radores que saem do País participam em
projectos e culturas diferentes, em contex-
tos de trabalho muitas vezes mais difíceis
do que aqueles a que estão habituados e
essa experiência é muito valiosa para a em-
presa, dizem os dois consultores. Diogo já
esteve no Brasil e em Angola e nota as di-
ferenças. Em África, "o primeiro impacto é
mais difícil". No Brasil, mais fácil, mas é
preciso adaptar as expressões linguísticas:"Meter na planilha é o mesmo que inserirdados numa folha de Excel." Essa é umadas informações que ele dá na troca de
emails que os vários colaboradores fazem na
empresa sobre os países para onde vão,
para facilitar o processo de adaptação dos
colegas. Por exemplo, em Angola há queandar sempre com os passaportes e umtira-nódoas para as camisas. "Como a águaé barrenta, os colarinhos e os punhos es-
tragam-se facilmente."
No Brasil, o melhor é "levar cinco vezes
mais dinheiro do que se estima inicialmen-
te", sobretudo se for para São Paulo, e não
esquecer os calções debanho eas havaianas. ?
Bruno Gabriel38 anos, vive em Porto Rico
DIRECTOR-GERAL DA JANSSEN-CILAG
Quando resolveu ir para Porto Rico, em Janei-
ro de 2011, Bruno Gabriel já estava no topoda hierarquia da farmacêutica Janssen-Ci-
lag em Portugal: era director-geral desde
2008, o seu "sonho". Voltou a ser desafiado.
A direcção europeia convidou-o para ser di-
rector-geral em Porto Rico e membro da di-
recção de uma das empresas do grupo - a
J anssen US, em Nova lorque. "Quis conhecer
o mercado americano e esta era uma boa
oportunidade de desenvolvimento perto da
casa- mãe, em Nova lorque, a que estou cada
vez mais ligado", explica.Não foi uma surpresa: a fanssen (a 16. a
melhor) tem um programa de gestão de car-
reiras que, anualmente, avalia o percurso dos
colaboradores e as oportunidades dentro oufora do País. Em 2005, quando ainda era di-
rector comercial, foi para Paris liderar uma
nova empresa do grupo, na área da infeccio-
logia (a Tibotec Therapeutics).A Porto Rico chegou dois meses antes da
mudança, para tratar de todas as burocracias
- como escolher casa e visitar escolas para os
filhos. À sua espera estava uma empresa de
relocation, paga pela Janssen, que o ajudouem todo o processo - inclusive no transpor-te das mobílias. "Só tive de assinar os papéis.A empresa tratou de tudo, até do contrato de
electricidade, da água e do gás, para que me
focasse apenas nas responsabilidades pro-fissionais", explica Bruno, que vive com a
mulher e os três filhos num condomínio fe-
chado em Guaynabo, a cinco minutos do es-
critório e da escola das crianças, um colégioamericano pago pela empresa. No condomí-
nio, tem piscina, ginásio, campos de ténis e
de basquete, e vmplayground para os miúdos.
Além disso, tem uma consultora interna-
cional que lhe gere toda a parte fiscal, que é
"relativamente complexa"; todas as contas
da casa pagas ; ajudas de custo; e um aumen-to salarial entre os 5 e os 15%. Passa ainda três
dias em formação cultural sobre os valores e
as empresas da região, o funcionamento do
Governo e até dicas de restaurantes e de sí-
tios para pássaro fim-de-semana.
A mulher de Bruno tem aulas de espanhol,a empresa pagou-lhe 25% do novo carro e,
se quisesse trabalhar em Porto Rico (não
quis), aempresade relocation (que lhe tratouda papelada do automóvel) preparava-a para
entrevistas de emprego, pesquisava compa-nhias onde pudesse trabalhar - e até a ajuda-va a desenvolver um negócio próprio.
Bruno é director-geral, mas qualquer pos-to da hierarquia tem regalias iguais: casa paga(e as respectivas despesas), escola à escolha
para os filhos, suplemento monetário para
encargos, actualização salarial, ajuda fiscal,
aulas de adaptação cultural e de línguas e aju-da para a mulher/marido arranjar emprego.
•João Paulo Filipe45 anos, vive em Angola
DIRECTOR DE PROJECTOS DA ROFF
João Paulo Filipe não teve de se preocuparcom nada quando desembarcou em Luan-
da. À sua espera no aeroporto estava um mo-torista da ROFFTEC (escritório que a ROFF
abriu em Luanda, em 2006) que o levou à sua
nova casa, uma das três guesthouses da em-
presa. A dele foi a sede da Cruz Vermelha In-ternacional durante a Guerra Colonial. Parti-
lha o espaço (uma sala e quatro suítes, umadelas é o escritório) com uma colega portu-
guesa. Todas as despesas, incluindo as do
carro, estão cobertas pela empresa. Optoupor conduzir, mas teria direito a motorista
(em Lisboa não tinha carro de empresa).O salário não subiu, mas as ajudas de cus-
to chegam para os almoços e jantares (e ain-
da sobra dinheiro). A viagem também foi pre-
parada pela ROFF e a Lisboa (onde deixou a
mulher e três filhos) vem quatro vezes porano, em viagens pagas pela empresa.
Está em Angola há três anos, mas ainda
não se habituou ao trânsito caótico de Luan-
da. "]á cheguei a estar parado 45 minutos
numa rotunda e só andar 50 metros. É alea-
tório: posso demorar duas horas a fazer um
percurso que, no dia seguinte, faço em 10 mi-nutos." Para se entreter, ouve a Rádio Mais,mas às vezes muda para a Rádio Nacional de
Angola: "É a única que não passa ldzomba",mas sim música anglo-saxónica.
Na ROFF (a 4." melhor), em Lisboa era ges-tor de projectos SAP (programa informático
de gestão empresarial que a empresa imple-menta). Mudou-se para Luanda trabalhar
na mesma área, mas foi promovido a di-rector de projectos: lidera o mais impor-tante em Angola, na TAAG - Linhas Aéreas
de Angola. Tem outros oito projectos (emLisboa eram dois), um deles na Sonangol."Queria uma experiência internacional e
fora da Europa. É uma realidade diferente
que me permite aprender muito. E, numaestrutura mais leve mas em crescimento, a
probabilidade de crescer com ela é maior."
Carlos Carvalho40 anos, vive em Franca
COORDENADOR DE PROJECTOS DA AVIS
Para onde Carlos Carvalho vai, a Avis (23.°
lugar) está com ele. Trabalha na empresa de
rent-a-car há 15 anos em vários países. Co-
meçou em Portugal, em 1997, onde chegoua director de operações a nível nacional. De-
pois, foi o mesmo em Espanha, mais tardedirector de negócio no Oeste de França, e
agora está a mudar-se para Paris para coor-denar a execução de um projecto da Avis naFrança, Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
Na Europa, a Avis oferece aos colaborado-
res, além do pacote salarial que inclui segu-ros de saúde para toda a família, pacotes demobilidade que facilitam o processo de inte-
gração nos novos países: fornece casa, colé-
gio para os filhos dos colaboradores e a em-
presa que faz as mudanças."Ajuda-nos muito saber que vamos para
um novo país, mas que a empresa está lá paranos ajudar", diz Carlos Carvalho, cuja famí-lia o acompanha sempre. O terceiro filho nas-ceu em Espanha e os dois mais velhos, em
parte por causa do percurso do pai, já falam
quatro línguas.Mas a mobilidade dentro da empresa não
é só para executivos, existe também entre
chefes de garagem ou agentes de balcão.
"Seja qual for a posição, se tens ambição,se fores bom, estás em Portugal, mas ama-nhã podes estar em Inglaterra, Espanha ouFrança", garante Carlos Carvalho. É, aliás,algo que comprova todos os dias nas reu-niões: tem colegas alemães, italianos, gre-gos e dinamarqueses.
Ricardo Santos3? anos, vive no Brasil
CONSULTOR DA EVERIS
Foi para São Paulo em 2011, para desenvol-ver os negócios da Everis (a 3. a melhor em-
presa e a melhor para executivos) no Brasil.A banca, os seguros e as telecomunicaçõessão áreas em que a consultora aposta, procu-rando dar às empresas brasileiras aquilo quemais necessitam: "eficiência". "A economiado Brasil e as empresas de uma forma geralainda precisam de um grande aperfeiçoa-mento ao nível da eficiência e de recursos hu-manos qualificados" diz Ricardo Santos.
"A própria empresa promove a mobilida-de internacional dos colaboradores. Hoje es-
tou em São Paulo, amanhã poderei estar nou-tro sítio", adianta. A Everis garante o alo-
jamento durante os primeiros 15 dias, acom-
panhamento legal necessário, aulas de lín-
guas e um serviço de colocação que ajuda a en-contrar casa ou colégio para os filhos dos
colaboradores, entre outros. •