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DISCURSO PM 02.05.2013
(s faz f verso lida)
Portugueses,
Na sequncia dos acontecimentos das ltimas semanas
meu dever falar-vos para transmitir as decises do
Governo. Tivemos de lidar com as consequncias
oramentais decorrentes da deciso do Tribunal
Constitucional, que fez reabrir a 7a reviso regular da
troika. Estvamos tambm comprometidos com a Troika e
com os nossos parceiros europeus a apresentar a
estratgia do Governo para o mdio e longo prazo em
termos de contas pblicas. E no poderamos ignorar estas
duas exigncias porque ambas eram requisitos para fechar
a 7a reviso.
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Estou certo de que todos compreendem o valor de uma
concluso positiva e atempada desta 7a reviso. que no
o fazer teria como efeito perder a deciso favorvel
quanto ao alargamento do prazo para pagarmos os
emprstimos, solicitado por Portugal e pela Irlanda. Seria
um revs inegvel para os Portugueses, para a retoma do
financiamento da economia e para a preparao do ps-
troika, se perdssemos esta oportunidade que a Irlanda
certamente no ir perder.
Portanto, as condies para fechar a 7a reviso so as
seguintes:
- encontrar medidas que substituam integralmente as
perdas oramentais resultantes da deciso do Tribunal
Constitucional; e
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- levar a cabo poupanas estruturais e permanentes, isto
, vlidas para os anos futuros, para os anos em que j
no estaremos sob o Programa de Assistncia, no valor de
perto de 4 mil milhes de euros, valor essencial para
termos contas pblicas sustentveis no mdio prazo.
Haver certamente muitos Portugueses que se perguntam
porqu mais poupanas. Reafirmo o que j vos disse: no
iremos aumentar os impostos para corrigir o problema
oramental decorrente da deciso do Tribunal
Constitucional. Faz-lo seria comprometer gravemente as
perspectivas de recuperao econmica, do emprego e do
investimento. E isso no podemos, de modo algum,
aceitar. Pelo contrrio. Dentro da margem muito estreita
que a nossa, devemos ponderar todos os meios para, a
prazo, proporcionar melhores condies fiscais s nossas
empresas e trabalhadores. Chegou o momento de relanar
o investimento privado.
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Mas isso tambm quer dizer que o caminho deve ser o de
reduzirmos a despesa pblica de forma estrutural.
Embora estejamos a inverter rapidamente o
endividamento privado, e tenhamos registado pela
primeira vez desde h muitas dcadas o equilbrio das
nossas contas externas, ainda no resolvemos
definitivamente o nosso problema de endividamento
pblico e o nosso dfice ainda excessivamente avultado.
De facto, nestes 2 anos j baixmos para quase metade o
dfice pblico mas ainda temos de o reduzir mais.
Um ato de desistncia da nossa parte nesta altura seria
um golpe provavelmente irreversvel no capital de
confiana que todos os Portugueses adquiriram com os
sacrifcios, o seu trabalho e a sua coragem ao longo destes
ltimos dois anos. O regresso aos mercados crucial em
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todo este percurso de superao da crise nacional.
crucial para o financiamento do Estado e do Estado social,
em particular, mas tambm para as empresas, para o
crescimento e para o emprego.
O nosso cumprimento e a confiana que reconquistmos
nos ltimos 2 anos j nos permitiram por duas vezes
flexibilizar as metas para o dfice, ajustando-as s
necessidades da economia. Quando comemos h 2 anos,
o dfice era de perto de 10 por cento. Tnhamos 3 anos
para o reduzir para 3 por cento. Com o nosso cumprimento
acabmos por ter mais dois anos. Sem perturbaes. E sem
credibilidade, nada disso teria ocorrido.
Hesitar agora seria um golpe nessa credibilidade que j
reconquistmos. E o que teramos pela frente, na melhor
das hipteses, seria um segundo pedido de resgate, com
mais tempo e mais dinheiro, mas tambm com austeridade
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mais dura e mais prolongada. Est nas nossas mos evitar
este cenrio.
Chegou, portanto, o momento exato de avanar para uma
segunda fase da reforma do Estado e do sistema de
segurana social. Uma reforma com medidas estratgicas
que obtenham poupanas permanentes, mas segundo
princpios de igualdade e de sustentabilidade.
Queremos discutir todas estas medidas com os parceiros
sociais e com os partidos polticos. Precisamos de um
debate empenhado de todos. Queremos debat-las com
todos para as aperfeioar, para minimizar o seu impacto
sobre o rendimento das pessoas, para aumentar a
equidade e para garantir a adequao jurisprudncia
constitucional. E quero, alm disso, sublinhar que a
abertura do Governo na discusso pblica que ter lugar a
partir de agora estende-se possibilidade de substituir
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estas medidas por alternativas credveis que cumpram o
objectivo quantitativo de poupana que lhes est
associado e que sejam permanentes.
Assim, no mbito da reforma do Sector Pblico
Administrativo, o Governo d prioridade a medidas que,
por um lado, envolvam mudanas na actividade das
pessoas, e no a cortes no seu rendimento. E, por outro
lado, que reestruturem a despesa pblica segundo uma
orientao de maior igualdade com as regras que so
aplicadas aos trabalhadores do sector privado. Alm disso,
precisamos de medidas que redimensionem e racionalizem
a Administrao Pblica s necessidades do Pas e s
capacidades da nossa economia.
- Em primeiro lugar, precisamos de transformar o Sistema
de Mobilidade Especial num novo Sistema de
Requalificao da Administrao Pblica, com o objectivo
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de promover a requalificao dos trabalhadores em
funes pblicas, atravs de aes de formao e da
introduo de um perodo mximo de 18 meses de
permanncia nessa condio, pois no justo para a
pessoa, nem boa administrao do Estado, perpetuar
uma situao remuneratria que j no tem justificao
laboral.
- Em segundo lugar, precisamos de aprofundar a
convergncia do regime de trabalho dos funcionrios
pblicos s regras do Cdigo do Trabalho aplicveis a todos
os trabalhadores do sector privado, designadamente
atravs da fixao do perodo normal de trabalho no
regime regra das 40 horas por semana, como sucede de
resto na maioria dos pases da OCDE. Tambm aqui se
coloca a questo da igualdade entre todos os
trabalhadores portugueses.
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- Em terceiro lugar, precisamos de aprovar um plano de
rescises por mtuo acordo ajustado s necessidades
tcnicas da Administrao Pblica, o que, por sua vez,
conduzir a uma diminuio do nmero de efetivos. Este
plano, que, recordo, ser de mtuo acordo, dever ser
acompanhado por um novo processo de reorganizao dos
servios, implicando uma reduo natural das estruturas e
dos consumos intermdios. Combinando o novo Sistema de
Requalificao da Administrao Pblica com o plano de
rescises, estimamos abranger cerca de 30 mil efetivos.
- Em quarto lugar, precisamos de rever a tabela
remuneratria nica, em conjunto com a elaborao de
uma tabela nica de suplementos para aplicao aos
trabalhadores em exerccio de funes pblicas, para
nivelar as remuneraes com os salrios praticados na
economia.
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- Em quinto lugar, precisamos de aumentar as
contribuies dos trabalhadores para os subsistemas de
sade ADSE/ADM/SAD em 0,75 pontos percentuais cento
ainda em 2013, e em 0,25 pontos percentuais a partir de
Janeiro de 2014, mantendo a voluntariedade sua adeso.
Esta proposta visa diminuir as transferncias que todos os
anos provm do Oramento do Estado para esses
subsistemas e, portanto, assegurar a sua sustentabilidade,
suavizando o esforo em 2 anos.
- Em sexto lugar, precisamos de mandatar os ministrios
para procederem a redues de encargos no mnimo de 10
por cento, face a 2013, em despesas com aquisies de
bens e servios e outras despesas correntes, redobrando o
esforo que j tem vindo a ser feito.
Tanto a transformao do Sistema de Mobilidade Especial
num Sistema de Requalificao da Administrao Pblica,
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como o regime de trabalho das 40 horas na funo pblica
tero de vigorar j em 2013. Sero estas duas medidas
permanentes que complementaro as medidas de reduo
de despesa j anunciadas pelo Governo e que estaro
includas no Oramento rectificativo que ser apresentado
no Parlamento at ao final deste ms que substituiro as
normas do Oramento do Estado invalidadas pelo Tribunal
Constitucional.
Precisamos ainda de recorrer a vrias medidas com um
mbito sectorial nos vrios domnios da governao e que
tambm se inserem no horizonte mais amplo da reforma
do Estado.
- Uma dessas medidas que iremos propor consiste na
alterao da idade legal mnima de acesso situao de
reserva, pr-aposentao e disponibilidade, que precede a
reforma, nas Foras Armadas, na Guarda Nacional
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Repblica e na Polcia de Segurana Pblica, para os 58
anos de idade.
J no mbito da reforma do sistema de segurana social o
Governo prope:
- Em primeiro lugar, proceder alterao da regra de
determinao do factor de sustentabilidade aplicvel na
determinao do valor futuro das penses, de modo a que
a idade de passagem reforma dos sistemas pblicos de
penses sem penalizao se fixe nos 66 anos de idade. Isto
quer dizer que a idade legal de reforma se mantm nos 65
anos, mas que s aos 66 no haver qualquer penalizao.
uma condio importante para assegurar a
sustentabilidade do sistema.
- Em segundo lugar, precisamos de reponderar a frmula
de determinao do factor de sustentabilidade para que, a
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par da esperana mdia de vida que j dela consta, possa
incluir agregados econmicos como, por exemplo, a massa
salarial total da economia. Assim, poderemos associar
mais estreitamente a base da economia, que financia o
sistema, s responsabilidades assumidas pelo Estado neste
domnio.
- Em terceiro lugar, precisamos de eliminar regimes de
bonificao de tempo de servio para efeitos de acesso
reforma, e que expandem desigualmente as carreiras
contributivas entre diferentes tipos de actividade
profissional, criando situaes injustas, o que significa que
ser mais um contributo para reforar a igualdade e a
sustentabilidade do sistema.
- Em quarto lugar, precisamos de proceder convergncia
das regras de determinao das penses atribudas pela
Caixa Geral de Aposentaes com as regras da Segurana
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Social, fazendo com que os trabalhadores do sector
pblico e privado fiquem numa situao de maior
igualdade, o que no acontecia at agora. Iremos
salvaguardar as penses de valor inferior porque sabemos
que as penses de reforma de muitos Portugueses so
baixas.
- Finalmente, precisamos de equacionar a aplicao de
uma contribuio de sustentabilidade sobre as penses
atribudas pela Caixa Geral de Aposentaes e pela
Segurana Social, com a garantia de salvaguarda das
penses de valor mais baixo. No entanto, queremos
minimizar tanto quanto for possvel esta contribuio.
Para isso queremos associ-la ao andamento da nossa
economia para que haja uma relao automtica entre,
por um lado, o crescimento econmico e, por outro, a
reduo gradual e progressiva dessa mesma contribuio
que ter como base a atual Contribuio Extraordinria de
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Solidariedade. Sabemos que esta medida pesaria sobre o
rendimento disponvel dos pensionistas, e por isso
queremos que o crescimento econmico em que estamos
empenhados possa atenuar diretamente os sacrifcios que
so pedidos aos pensionistas, desejavelmente at ao ponto
em que ela possa desaparecer por completo. E tambm
estamos a trabalhar para minimizar o impacto desta
medida com a obteno de poupanas sectoriais viveis.
Quanto mais longe for a reforma do Estado, mais
conseguiremos reduzir esta contribuio. Infelizmente, o
facto incontornvel de os salrios e as transferncias
sociais, incluindo as penses, constiturem quase 70 por
cento das despesas do Estado, fora-nos a incidir nestas
rubricas porque todas as restantes so comparativamente
menos importantes quando se trata de reduzir despesa.
O conjunto das medidas transversais e sectoriais, e os
princpios gerais de igualdade e de sustentabilidade que o
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norteia, faro parte do documento sobre a reforma do
Estado que ser apresentado em breve. Aquando da
apresentao desse documento poder ser consultado todo
o detalhe do conjunto das medidas.
As medidas que acabei de enunciar perfazem, no seu
conjunto, cerca de 4,8 mil milhes de euros at 2015.
por isso que devem ser vistas como um conjunto de
alternativas mais completo para atingirmos o nosso
objectivo de perto de 4 mil milhes. Devem ser vistas
como um conjunto de possibilidades que no esto
fechadas precisamente porque queremos uma discusso
aberta sobre cada uma delas e, desejavelmente, analisar
propostas alternativas ou as combinaes mais coerentes
das medidas. Aos nossos interlocutores sociais e polticos,
na concertao social e na Assembleia da Repblica, quero
deixar claro que no deve haver qualquer dvida sobre a
nossa abertura para debater esta matria. E, com esta
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abordagem global, os nossos parceiros europeus no
podero duvidar do rigor do nosso compromisso.
Mas a reforma do Estado deve ser vista como um processo
contnuo em que mantemos o esprito crtico sobre as
nossas instituies. E sabemos que h muito por fazer para
tornar o Estado e a despesa pblica mais eficazes na
reduo das desigualdades, na quebra da transmisso da
pobreza de gerao em gerao, nos servios de proteo
social aos cidados mais vulnerveis, ou no apoio
economia.
Portugueses,
Eu sei que se interrogam se os sacrifcios que vos tm sido
pedidos vo valer a pena. A estas dvidas, quero responder
que valero a pena certamente. Mas para isso temos de
remover este obstculo que temos pela frente. Falhar
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agora seria desperdiar esses sacrifcios e isso nenhum de
ns pode aceitar. A estratgia do Governo, ao responder
afirmativamente aos desafios que se nos colocam, faz
valer a pena os sacrifcios que todos os Portugueses
fizeram at agora. Estamos na recta final dessa estratgia
medida que se aproxima a concluso do Programa de
Assistncia. Temos de ter a coragem para resistir s falsas
promessas e s iluses que tempos como os que estamos a
viver fazem crescer.
No controlo da despesa pblica j muito foi feito. Nestes
ltimos dois anos poupmos cerca de 13 mil milhes de
euros em despesa do Estado. Para atenuar as medidas de
poupana que tm impacto no rendimento disponvel das
pessoas, atacmos as rendas excessivas como nunca tinha
sido feito. Conseguimos em 2013 poupanas de 35% nos
encargos com as PPP rodovirias, no montante de 300
milhes de euros, e queremos poupanas ainda maiores
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para os anos seguintes. Ao longo da vida destes contratos
obteremos uma reduo em termos nominais de mais de 7
mil milhes de euros. No sector energtico estamos a ser
igualmente exigentes, com poupanas de 160 milhes de
euros j a comear este ano e que aumentaro em anos
futuros, num total de mais de 2 mil milhes de euros em
termos nominais.
Diminumos substancialmente as despesas de
funcionamento dos ministrios e das empresas pblicas.
Actumos com grande determinao na reforma das
empresas pblicas de transportes. Foi assim que reduzimos
em 25 por cento o parque automvel dessas empresas, em
28 por cento os gastos com comunicaes e em 60 por
cento o nmero de horas de trabalho suplementar, atravs
de uma organizao mais adequada do tempo de trabalho.
E passmos para resultados operacionais em 2012, mesmo
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tendo em conta a reduo das transferncias do
Oramento do Estado para essas empresas.
Alm disso, o Governo tem reduzido e continuar a reduzir
os consumos intermdios na Administrao Pblica. Os
consumos intermdios caram 903 milhes de euros em
2011 e 504 milhes de euros em 2012. Graas a estas
poupanas, Portugal tem hoje o 5. valor mais baixo de
consumos intermdios na Europa. E este esforo de
reduo dos consumos intermdios tem, pois, de
continuar.
Estes so apenas alguns exemplos, mas bem ilustrativos,
de um trabalho persistente que foi feito nos ltimos dois
anos.
Tambm sei que os Portugueses ouvem todos os dias
opinies de que existem sadas fceis para esta crise. Em
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particular, ouvem dizer que os dfices e a dvida no so
problemas de maior, ou que no pagar a dvida remdio
pronto e indolor para a crise e que acabaria com a
austeridade. Ouvem ainda dizer que respeitar os nossos
compromissos no assim to importante como o Governo
quer fazer crer, porque a Europa estar l sempre para nos
dar o dinheiro de que precisamos.
A crise em que Portugal mergulhou em 2011 demasiado
sria para no pensarmos nas consequncias das nossas
escolhas. Temos de ser realistas na abordagem aos nossos
problemas. A ideia de que a Europa estar sempre
disponvel para nos socorrer sem condies falsa. O
nosso caminho no tem sido fcil, mas seria
incomparavelmente mais difcil se no tivesse havido da
nossa parte o cumprimento cabal das nossas obrigaes. As
consequncias do incumprimento para Portugal, membro
da rea do euro, dependente do financiamento externo
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para o pagamento de salrios e penses, e que procura
arduamente recuperar o financiamento para as suas
empresas, seriam desastrosas.
Esse no o caminho. Voltar agora para trs seria, no s
virar as costas ao crescimento e ao emprego, como seria
equivalente a regressar ao ponto onde estvamos em
2011, isto , beira da bancarrota, com as taxas de juro
novamente a subir e o financiamento a fechar-se.
Tambm no nos podemos esquecer que, como membros
da rea do euro, estamos sujeitos a regras claras. Por
exemplo, o Tratado Oramental, que beneficiou de um
amplo apoio parlamentar que incluiu o principal partido da
oposio, estabelece o equilbrio oramental e a reduo
consistente da dvida pblica at ao valor de referncia de
60 por cento do PIB. Isto significa que precisamos de
adequar estruturalmente o nosso regime econmico e
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financeiro s exigncias do euro. No o fizemos no passado
e infelizmente ns todos aprendemos s nossas prprias
custas o resultado dessa inaco.
A escolha no , portanto, entre austeridade e ausncia
de austeridade. entre o cumprimento, com uma
estratgia consolidada de curto e mdio prazo, e o
incumprimento que teria como provvel desfecho a sada
do euro com consequncias catastrficas para todos,
sobretudo para a classe mdia e para aqueles que esto
mais vulnerveis.
Por si s, as exigncias do Programa de Assistncia j
recomendariam um amplo consenso poltico e social. Mas o
valor do consenso ainda mais importante quando o que
est em causa a nossa participao no euro e o
cumprimento das obrigaes que dela decorrem.
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neste contexto que finanas pblicas sustentveis devem
ser vistas como um objectivo nacional e como um
patrimnio comum, ao servio da nossa democracia. um
erro ver as finanas pblicas saudveis como estando
sintonizadas com um governo especfico ou com uma
legislatura particular. Todos os projetos polticos, sejam de
esquerda, de direita ou do centro, precisam que as contas
pblicas batam certo. E todos os projetos polticos que
defendam a nossa permanncia no euro tm de
reconhecer esta obrigao.
Apesar das grandes dificuldades, temos razes para estar
mais confiantes. Desde o incio que o Governo tem estado
a preparar os alicerces do crescimento futuro com um
programa ambicioso de reformas estruturais. Sabemos que
os seus efeitos demoram algum tempo a repercutir-se na
actividade econmica mas esses efeitos iro chegar.
Porm, queremos mais. Recentemente, propusemos aos
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parceiros sociais e aos partidos polticos uma estratgia
abrangente de crescimento associada reindustrializao
do Pas. Fomos o primeiro pas da rea do euro a
apresentar uma estratgia integrada de crescimento
econmico. E contamos complement-la com outros
planos de redinamizao da actividade de sectores
econmicos importantes. Este o momento para dar
prioridade ao investimento produtivo. Para dar incio
ltima fase do processo de ajustamento, isto , para o
perodo de transio para o crescimento estvel e
duradouro.
Por vezes no nos damos conta de como estamos prximos
da experincia irlandesa, que considerada como um caso
bem-sucedido J tm mais resultados a apresentar do que
ns em certos aspectos, mas isso tambm se deve a terem
meio ano de avano sobre ns nas reformas e nos impactos
econmicos. Os irlandeses tm sentido dificuldades, como
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natural, mas no desistiram e foram capazes de
estabelecer consensos polticos entre os partidos em torno
de matrias fundamentais. Ns tambm no podemos
desistir.
Todo este processo de reforma do Estado ir decorrer em
simultneo com a recuperao da economia. Ir decorrer a
par da recuperao da nossa soberania econmica e
financeira plena. Tudo isso abre perspectivas mais
motivadoras para todos ns.
Sabemos que no depende apenas de ns obter condies
mais favorveis no nosso processo de ajustamento.
Depende sobretudo de mudanas polticas e institucionais
a nvel europeu. Mas, se mantivermos a nossa capacidade
de cumprimento e de reforma, seremos uma voz influente
na conduo dessas mudanas. Mais uma vez, o consenso
interno trar resultados positivos para todos porque
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reforaria a nossa capacidade negocial e a credibilidade
da nossa interveno.
A firmeza de todos os Portugueses j nos trouxe sucessivas
flexibilizaes do processo de ajustamento. Neste
momento, a nossa margem de manobra ainda no
grande, mas grande a confiana que inspiramos por toda
a Europa e que, estou certo, no deixar novamente de se
traduzir em respostas concretas e benficas para ns.
Sei que este caminho no fcil. Sei o que estas
mudanas implicam para muitos Portugueses. No as
proporia se as no considerasse absolutamente necessrias
para ultrapassar a emergncia nacional e fundamentais
para o nosso crescimento. Nenhum governante defende
medidas difceis apenas por prazer nem de nimo leve.
Mas temos todos de ser corajosos e enfrentar a situao.
Sobre todo o governo pende a obrigao de amenizar o seu
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impacto e aperfeioar o seu desenho. Mas como so
mudanas que dizem respeito ao nosso futuro colectivo a
responsabilidade pela sua discusso e pelo seu
melhoramento cabe a todos os Portugueses.
As escolhas que temos diante de ns so mais do que
simples questes financeiras. a construo do nosso
futuro como povo europeu e como democracia madura que
est em causa. Tal como em tantas ocasies no passado,
os Portugueses no deixaro de, em conjunto, tomar em
mos essa grave tarefa, cientes das dificuldades que
juntos enfrentaremos, mas com coragem e com
esperana.
Muito obrigado.