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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Ricardo Kalil Lage
FACESF, janeiro-junho de 2014
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EMENTA
I DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO: 1.1. Conceito; 1.2. Autonomia; 1.3. Fontes; 1.4 Princpios; 1.5. Aplicao das Normas; II ORGANIZAO DA JUSTIA DO TRABALHO 2.1. Composio e
Funcionamento; 2.2. Juiz de Direito; III COMPETNCIA DA JUSTIA DO TRABALHO: 3.1. Competncia em Razo da Matria; 3.2. Competncia em Razo da Pessoa; 3.3. Competncia em razo da
funo; 3.4. Competncia em razo do lugar; 3.5. Modificao de
Competncia 3.6. Conflito de Competncia; IV ATOS PROCESSUAIS E PARTES: 4.1. Atos, Termos e Prazos Processuais;
4.2. Despesas Processuais; 4.3. Partes; 4.3.1. Capacidade,
Representao, Procuradores e Assistncia; 4.3.2. Jus Postulandi; 4.3.3. Litisconsrcio; 4.3.4. Substituio Processual; 4.3.5. Litigncia
de M-f; V NULIDADE: 5.1. Espcie; 5.2. Princpios;
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VI AO TRABALHISTA: 6.1. Consideraes Preliminares; 6.2.
Elementos, Classificao, Condies da Ao e PressupostoProcessuais; 6.3 Processo e Procedimento; 6.3.1. Pressupostos
processuais especficos; 6.3.2. Tipos de Procedimento; 6.4. Petio
Inicial: Requisito, Aditamento e Indeferimento; VII AOTRABALHISTA: 7.1. Comparecimento das Partes; 7.2. Conciliao;
7.3. Resposta do Reclamante: Exceo, Contestao e
Reconveno; VIII AUDINCIA: 8.1. Princpios; 8.2. Objetivo; 8.3.nus da Prova; 8.4. Meios de Prova; IX SENTENA: 9.1.Classificao; 9.2. Estrutura; 9.3. Julgamento Cintra, Ultra eExtra Petita; 9.4. Coisa Julgada; X RECURSO: 10.1.Classificaes Preliminares; 10.2. Princpios; 10.3. Efeitos,
Pressupostos de Admissibilidade, Juzos de Admissibilidade e
Remessa ex officio. Recurso em Espcie;
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XI EXECUO: 11.1. Ttulo Executivo; 11.2. Princpios; 11.3.
Liquidao de Sentena; 11.4. Execuo Provisria e Execuo Definitiva; 11.5. Embargos Execuo; 11.6. Atos de encerramento
da execuo; XII DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS: 12.1. Inqurito para Apurao de Falta Grave; 12.2. Ao de Consignao em Pagamento; 12.3. Embargos de Terceiro; XIII PROCEDIMENTOS CAUTELARES: 13.1. Vedao
Transferncia; 13.2. Reintegrao de Dirigente Sindical; 13.3. Arresto; XIV DISSDIO COLETIVO: 14.1. Classificao; 14.2. Sentena Normativa: Efeitos, Vigncia, Extenso das Decises e
Reviso; 14.3. Ao de Cumprimento.
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1. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1.1. Conceito;
1.2. Autonomia;
1.3. Fontes;
1.4 Princpios;
1.5. Aplicao das Normas.
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1.1. Conceito
Srgio Pinto Martins: Direito Processual do Trabalho o conjunto de princpios, regras e instituies destinado a regular a atividade dos rgos jurisdicionais
na soluo dos dissdios, individuais ou coletivos,
pertinentes relao de trabalho.
Manoel Alonso Olea: O Direito processual do Trabalho uma instituio jurdica para formalizar e
dirimir conflitos de trabalho, ante um juiz
especificamente institudo pelo Estado com esta
finalidade.
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1.2. Autonomia
(i) Monista: o Direito Processual seria nico. Portanto, o
DPT no possuiria autonomia. (Ramiro Podetti).
(ii) Dualista: defende a autonomia do DPT, havendo
vrias correntes:
a) Radical (Hlio Sarthou): O DPT completamente
independente do direito processual, no se sujeitando
nem os princpios da teoria geral do processo.
b) Autonomia Relativa (Wilson de Souza Campos Batalha): A aplicao subsidiria das normas de
processo civil demonstra a relatividade da autonomia do
DPT (CLT, art. 769).
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c) Inominada (Coqueijo Costa, Wagner Giglio, Dlio
Maranho, Tostes Malta): O DPT autnomo. Matria extensa, doutrina homognea e mtodo prprio. Uma
vasta matria, que merea estudo de conjunto;
- Princpios prprios e institutos peculiares caracterizam a autonomia de uma cincia.
- Para Srgio Pinto Martins, o DPT possui autonomia sob o ponto de vista doutrinrio, jurisdicional e cientfico.
Porm, pela inexistncia de um cdigo sobre a matria,
no se pode falar que haja autonomia legislativa.
(MARTINS, p. 20/22).
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- Carlos Henrique Bezerra Leite tambm entende que o
DPT autnomo, mas reconhece que no desfruta de mtodos tipicamente prprios, pois a hermenutica, que
compreende a interpretao, a integrao e a aplicao
das normas jurdicas processuais a mesma da teoria
geral do direito processual (LEITE, p. 80).
- O fato de ser autnomo, como cincia, no quer dizer
que o DPT esteja isolado. Tanto assim que mantm
relao com diversos ramos: Direito Constitucional
(Justia do Trabalho e competncia); Direito do Trabalho (Direito Material a ser aplicado); Direito Processual
Comum (CLT, art. 769); Direito Administrativo
(Organizao dos Tribunais);
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DPT e outros ramos do Direito
- Direito Penal (crimes praticados no processo); Direito
Civil (capacidade, domiclio, parentesco); Direito
Comercial (Falncia, Recuperao extrajudicial e
judicial); Direito Tributrio (CLT, art. 889; Lei 8.830/80; CTN, art. 186).
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1.3. Fontes
Fonte seria aquilo que origina ou produz; origem; causa.
- As Fontes podem ser materiais ou formais.
(i) Fontes materiais so o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores. So analisados fatores sociais, psicolgicos, econmicos, histricos etc. So os fatores reais que iro influenciar na criao da norma jurdica. (MARTINS, p. 30).
(ii) Fontes formais correspondem exteriorizao do Direito.
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Fontes Formais
(a) Heternomas: Impostas de forma coercitiva. Normalmente de origem estatal.
(b) Autnomas: Produzidas pela vontade das partes.
- No DPT somente podem ser concebidas as fontes heternomas, pois no permitido s partes criar, segundo sua vontade, regras processuais (entendimento majoritrio).
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Doutrina do Prof. Carlos Henrique Bezerra Leite
Divide as fontes formais do DPT em:
a) fontes formais diretas, que abrangem a lei em sentido genrico e o costume;
b) fontes formais indiretas, que so extradas da doutrina e da jurisprudncia;
c) fontes formais de explicitao, que so fontes integrativas (analogia, princpios gerais do direito e eqidade).
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Exemplos
a) Formais diretas: CF, CLT, CPC, Lei 6.830/80 (Execuo Fiscal), Lei 7.701/88 (Especializao das Turmas dos Tribunais do Trabalho), LC 75/93 (LOMPU), Lei 7.347/85 (Ao Civil Pblica), CDC, ECA, Decreto-Lei 779/69 e Regimentos Internos dos Tribunais (CF, art. 96, I, a).
b) Formais indiretas: jurisprudncia do Tribunal Superior do Trabalho;
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c) Formais de explicitao: o art. 769 da CLT permite a utilizao de outras normas integrativas previstas no CPC, como o art. 126 (O juiz no se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe- aplicar as normas legais; no as havendo, recorrer analogia, aos costumes e aos princpios gerais do direito).
Defende que o costume fonte normativa apenas quando o ordenamento jurdico prev autorizao para o juiz aplic-lo. O protesto nos autos, segundo ele, seria exemplo de costume como fonte do DPT.
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Tratados Internacionais
- Fontes de origem estatal, pois firmadas por pelo menos dois Estados soberanos.
- Com a EC 45/04, os tratados internacionais que versem sobre direitos humanos, caso sejam aprovados pelo mesmo quorum das emendas constitucionais, passaram a ostentar status de norma constitucional.
- O STF adotou posicionamento de que eles ostentariam o status de normas supralegais (acima da legislao infraconstitucional, mas abaixo da Constituio).
Ex.: Pacto de S. Jos da Costa Rica, Smula Vinculante 25; Precedentes: RE 562051 RG, RE 349703, RE 466343, HC 87585, HC 95967, HC 91950, HC 93435, HC 96687 MC, HC 96582, HC 90172, HC 95170 MC.
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1.4. Princpios
Os princpios constituem a base de um sistema jurdico, proporcionando sua coeso, harmonia e unidade.
Sergio Pinto Martins: Princpios so as proposies bsicas que fundamentam as cincias. Para o Direito, princpio seu fundamento, a base que ir informar e inspirar as normas jurdicas.
Jos Cretella Jr.: Princpios de uma cincia so as proposies bsicas, fundamentais, tpicas que condicionam todas as estruturas subsequentes. Princpios, neste sentido, so os alicerces da cincia.
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Funo dos Princpios
(i) Informadora: fundamentao da norma jurdica;
(ii) Normativa: fonte supletiva nas lacunas ou omisses;
(iii) Interpretativa: critrio orientador para o intrprete.
Conflito entre princpios e conflito entre regras:
- As regras se aplicam de acordo com a lei all-or-nothing (tudo ou nada). So analisadas pelo critrio da validade.
- Os princpios, por sua vez, so mandados de otimizao. Os princpios so valorados, tm uma dimenso de peso.
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Princpios x Peculiaridades
- Princpios so gerais; informam orientam e inspiram
outros preceitos; do organicidade a institutos e sistemas processuais; constituem a regra.
- Peculiaridades so restritas a poucos preceitos; delas
no derivam normais legais; esgotam sua atuao em mbito restrito; constituem a exceo. (GIGLIO apud
MARTINS, p. 38).
- Srgio Pinto Martins cita 13 peculiaridades do DPT, dentre elas: funo normativa; recursos, regra geral, s com efeito devolutivo; execuo comear por ato do juiz, de ofcio.
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Princpios Fundamentais
Princpio da Igualdade ou Isonomia: Decorre da
norma estabelecida no art. 5, caput, da CF, que dispe que todos sero iguais perante a lei. A igualdade,
porm, apenas formal devendo ser adaptada ao
processo do trabalho.
Princpio do contraditrio e da ampla defesa:
Tambm uma garantia constitucional (art. 5, LV, CF/88), assegurando aos litigantes em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral, todos os
meios necessrios se defender e opor-se pretenso autoral.
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Princpio da imparcialidade do Juiz: Ao avocar para si
o monoplio da prestao jurisdicional, ao exercer a funo de Estado-juiz dever agir com absoluta
imparcialidade. Para efetiva a imparcialidade, a Carta
Magna (art. 95) confere Magistratura garantias
especiais: inamovibilidade, vitaliciedade e
irredutibilidade de salrios.
Princpio da motivao das decises: Tem correlao
com o princpio da imparcialidade do Juiz, pois constitui
uma garantia do cidado e da sociedade contra o arbtrio dos juzes. Est insculpido no artigo 93, IX, da
CRFB.
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Princpio do Juiz Natural: Est disposto no art. 5, LIII, da CF/88, que determina: ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente. Significa dizer que juiz aquele investido de funo
jurisdicional, afastando julgamentos por outros poderes,
bem como, impede a criao de Tribunais de exceo.
Princpio da informalidade: O procedimento trabalhista
um pouco informal, embora certas formalidades
devam ser respeitados, inclusive sobre a documentao
que dever ser escrita, preferencialmente.
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Princpio da conciliao: A Justia do Trabalho, tradicionalmente, busca a conciliao. Devendo os juzes envidar seus bons ofcios e persuaso para tentar obter a conciliao. (art. 764, CLT).
A conciliao uma sentena dada pelas partes e a sentena uma conciliao imposta pelos juzes Carnelutti.
Princpio da Simplicidade: O Processo do Trabalho mais simples e menos burocrtico que o processo civil.
Os formalismos e a burocracia so os piores vcios com capacidade de entravar o funcionalismo do processo. Jlio Csar Bebber.
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Princpio da Oralidade: O processo do trabalho
essencialmente um procedimento oral. Consiste na realizao dos atos processuais na prpria audincia.
(arts. 846, 847, 848, 850, da CLT). Existe a
concentrao dos atos processuais em audincia, maior
interatividade entre juiz e as partes
Princpio da subsidiariedade: As normas processuais
trabalhista so aplicadas com base num princpio
fundamental, o da subsidiariedade ao direito processual
comum. Havendo omisso da lei processual trabalhista, deve-se utilizar leis de direito processual comum (artigo
769, da CLT).
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Princpio da concentrao dos atos processuais:
Objetiva que a tutela jurisdicional seja prestada com maior celeridade, concentrando os atos processuais em
uma nica audincia. (art. 849, CLT)
Pode-se dizer que os princpios que regem o processo do trabalho so os bsicos do processo civil, porm com
as devidas adaptaes, especialmente no processo
coletivo do trabalho.
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Jos Martins Catharino aponta os princpios: a) da
adequao ( finalidade do direito material); b) do tratamento desigual; c) teleolgico ou da finalidade
social especfica (impedir os efeitos violentos da
questo social); d) normatividade jurisdicional (apud
MARTINS, p. 40/41).
Wagner Giglio (p. 66/68) cita como princpios prprios
do DPT: o protecionista, o da jurisdio normativa, o da
despersonalizao do empregador e o da simplificao
procedimental.
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Srgio Pinto Martins entende que o verdadeiro
princpio do processo do trabalho o da proteo, estando nele englobadas diversas peculiares.
Argumenta que aquilo que os demais autores
denominam como princpios especficos do DPT so, na
verdade, princpios gerais e comuns cincia
processual ou peculiaridades do processo laboral.
Defende a maior utilizao do princpio da iniciativa ex
ofcio e do princpio da coletivizao das aes (p.
43/45).
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1.5. Aplicao das normas
- A ordem jurdica estabelece como deve ser a conduta das pessoas em sociedade.
a) define direitos e obrigaes (primrias ou materiais): critrio a ser observado no julgamento de um conflito de interesses. O juiz determina a prevalncia da pretenso do demandante ou da resistncia do demandado.
b) define o modo de exerccio desses direitos (secundrias ou processuais). Carter instrumental. Determinam a tcnica a ser utilizada no exame do conflito de interesses, disciplinando a participao dos sujeitos do processo (principalmente as partes e o juiz) na construo do procedimento necessrio composio jurisdicional da lide.
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1.5.1. Eficcia da norma
- A eficcia espacial das normas processuais determinada pelo princpio da territorialidade:
Art. 1 CPC: A jurisdio civil, contenciosa e voluntria, exercida pelos juzes, em todo o territrio nacional, conforme as disposies que este Cdigo estabelece. Art. 1.211 CPC: Este Cdigo reger o processo civil em todo o territrio brasileiro. (...)
- O princpio, com fundamento na soberania nacional determina que a lei processual ptria aplicada em todo o territrio brasileiro (no sendo proibida a aplicao da lei processual brasileira fora dos limites nacionais), ficando excluda a possibilidade de aplicao de normas processuais estrangeiras diretamente pelo juiz nacional.
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Eficcia temporal das normas
- Aplica-se o art. 1.211, 2 parte, CPC, segundo o qual a lei processual tem aplicao imediata, alcanando os atos a serem realizados e sendo vedada a atribuio de efeito retroativo.
- Quanto ao incio de sua vigncia, de acordo com o art. 1 da Lei de Introduo ao Direito Brasileiro, a lei processual comea a vigorar quarenta e cinco dias aps a sua publicao, salvo disposio em contrrio (na prtica, comum que se estabelea a vigncia imediata), respeitando-se, todavia, o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada, em conformidade com o art 5, XXXVI, da Magna Carta e art. 6, LIDB.
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1.5.2. Interpretao da norma jurdica
(a) Literal ou gramatical: leva em considerao o significado literal das palavras que formam a norma;
(b) Sistemtico, a norma interpretada em conformidade com as demais regras do ordenamento jurdico, que devem compor um sistema lgico e coerente que se estabelece a partir da Constituio;
(c) Histrico, em que a norma interpretada em consonncia com os seus antecedentes histricos, resgatando as causas que a determinaram;
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(d) Teleolgico, que objetiva buscar o fim social da norma, a mens legis, ou seja, diante de duas interpretaes possveis, o intrprete deve optar por aquela que melhor atenda s necessidades da sociedade (art. 5, LICC); e
(e) Comparativo, que se baseia na comparao com os ordenamentos estrangeiros, buscando no direito comparado subsdios para a interpretao da norma.
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1.5.3. Interpretao da norma processual
(a) Declarativa, atribuindo norma o significado de sua expresso literal;
(b) Restritiva, limitando a aplicao da lei a um mbito mais estrito, quando o legislador disse mais do que pretendia;
(c) Extensiva, conferindo-se uma interpretao mais ampla que a obtida pelo seu teor literal, hiptese em que o legislador expressou menos do que pretendia;
(d) Ab-rogante, quando conclui pela inaplicabilidade da norma, em razo de incompatibilidade absoluta com outra regra ou princpio geral do ordenamento.
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1.5.4. Integrao da norma processual
- Cdigo Francs de Napoleo, em 1804, institui a importante regra de que o magistrado no mais poderia se eximir de aplicar o direito, sob o fundamento de lacuna na lei.
- Art. 126, CPC, preceitua a vedao ao non liquet, isto , probe que o juiz alegue lacuna legal como fator de impedimento prolao da deciso.
- H de se valer dos meios legais de preenchimento de lacunas, previstos no art. 4, LINDB, a saber: a analogia(utiliza-se de regra jurdica prevista para hiptese semelhante), os costumes (que so fontes da lei) e os princpios gerais do Direito (princpios decorrentes do prprio ordenamento jurdico).
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2. Organizao da JT
2.1. Composio e Funcionamento:
O artigo 111 da CRFB de 1988 define como rgos da
Justia do Trabalho:
(i) O Tribunal Superior do Trabalho (TST);
(ii) Os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs);
(iii) Os juzes do trabalho.
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2.1.1. TST
O TST surgiu em 1946, no mesmo ano em a Justia do
Trabalho passou a fazer parte do Poder Judicirio.
O TST rgo de jurisdio nacional, e sua
competncia est definida na Lei 7.701/88 e no seu
Regimento Interno (RITST), conforme ditames estabelecidos na CF em seu art. 111-A.
A estrutura bsica do TST composta dos seguintes rgos: Tribunal Pleno, Sees Especializadas em
Dissdios Individuais (SDI 1 e 2), Seo de Dissdio
Coletivo (SDC) e Turmas.
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Junto ao TST funcionam:
I - a Escola Nacional de Formao e Aperfeioamento
de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funes, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso
e promoo na carreira.
II - o Conselho Superior da Justia do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a superviso
administrativa, oramentria, financeira e patrimonial da
Justia do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
rgo central do sistema, cujas decises tero efeito
vinculante.
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Pleno do TST
- Composto por todos os 27 Ministros, escolhidos entre
os brasileiros naturalizados maiores de 35 e menores de 65 anos, nomeados pelo Presidente da Repblica;
- Tem como atribuio dar posse aos membros eleitos para cargos de direo e aos novos ministros. Votar as
smulas do TST.
- Funciona com no mnimo 11 Ministros, sendo
necessria maioria absoluta quando a deliberao se
der a respeito de:
(i) escolha dos nomes que integraro a lista destinada
ao preenchimento de vaga de Ministro do Tribunal; (ii)
aprovao, reviso ou cancelamento de Enunciado ou
de Precedente Normativo;
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(iii) declarao ou no de inconstitucionalidade de lei ou
de ato normativo do poder pblico; (iv) aprovao de Ato ou Emenda Regimental; eleio dos Ministros para
os cargos de Direo do Tribunal.
O quorum ser de 2/3 dos votos dos Ministros da Corte, quando se tratar de: (i) deliberao preliminar referente
existncia de relevante interesse pblico que
fundamenta a proposta de edio de Enunciado,
dispensadas as exigncias regimentais, nos termos
previstos no Regimento Interno; (ii) deciso que determina a disponibilidade ou a aposentadoria do
Magistrado.
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Compete ao Tribunal Pleno, em matria judiciria
- Decidir argio de inconstitucionalidade,
- Aprovar, modificar e revogar disposies integrantes
da Smula de Jurisprudncia e Precedentes
Normativos,
- Julgar os incidentes de uniformizao da
jurisprudncia,
- Os processos em que ocorra divergncia entre as
Subsees I e II de Dissdios Individuais,
- As reclamaes sobre matria de sua competncia,
- Os mandados de segurana contra atos do presidente
ou de ministro do Tribunal,
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- Os recursos em mandado de segurana de interesse
de juzes e servidores da Justia do Trabalho,
- Os recursos em matria de concurso para ingresso na
Magistratura do Trabalho,
- Os agravos regimentais contra decises do
corregedor-geral, e
- Deliberar sobre todas as matrias jurisdicionais no
includas na competncia de outros rgos do Tribunal.
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Compete ao Pleno, em matria administrativa
- Eleger o presidente, o vice-presidente e o corregedor-
geral,
- Aprovar e emendar o Regimento Interno,
- Opinar sobre propostas de alterao da legislao
trabalhista,
- Decidir sobre a composio, a competncia, a criao
e a extino de rgos do Tribunal,
- Propor a criao, extino e modificao de Tribunais
Regionais e de Varas do Trabalho,
- Propor a criao e extino de cargos, bem como a
fixao dos respectivos vencimentos,
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- Escolher os membros de Tribunais Regionais para
substituir ministros,
- Escolher os integrantes de listas para nomeao de
ministros,
- Aprovar tabelas de custas e emolumentos,
- Nomear, promover, demitir e aposentar servidores,
- Aprovar tabelas de gratificaes, conceder licenas,
frias e outros afastamentos aos membros do Tribunal,
- Fixar e rever dirias e ajudas de custo,
- Designar comisses, e
- Baixar instrues de concurso para provimento dos
cargos de Juiz do Trabalho Substituto.
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Seo Administrativa
- composta pelo Presidente e Vice-Presidente do
Tribunal, o Corregedor-Geral, os dois Ministros mais antigos e dois Membros eleitos pelo Tribunal Pleno.
- Quorum = 05 Ministros.
- Os Ministros da Seo Administrativa tambm
compem outras Sees do Tribunal.
- Compete a Seo Administrativa julgar recursos das
decises e atos do presidente do Tribunal, bem como das decises dos Tribunais Regionais, em matria
administrativa, e deliberar sobre matrias
administrativas no includas na competncia de outros
rgos do Tribunal.
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Seo Especializada em Dissdios Coletivos
- Composta pelo Presidente e o Vice-Presidente do
Tribunal, o Corregedor-Geral e os seis Ministros mais antigos.
- Integram tambm outras Sees do Tribunal.
- Quorum = 06 Ministros
Compete a Seo de DC, originariamente:
- Julgar os dissdios coletivos jurdicos e econmicos, as
Aes Civis Pblicas e as decorrentes de laudo arbitral
que excedam a jurisdio dos Tribunais Regionais,
- Estender e rever suas prprias sentenas normativas,
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- Homologar conciliaes em dissdios coletivos,
- Julgar as aes rescisrias de seus julgados, os
mandados de segurana contra atos do presidente do
Tribunal ou de qualquer dos Ministros integrantes da
Seo, e os conflitos de competncia entre Tribunais Regionais, em processos coletivos,
- Processar e julgar as medidas cautelares incidentes nos processos de dissdio coletivo e as aes em
matria de greve excedente da jurisdio de Tribunal
Regional;
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- Julgar, em ltima instncia, os recursos ordinrios
interpostos em dissdios coletivos, em aes civis pblicas e de laudo arbitral, em aes rescisrias e
mandados de segurana pertinentes a dissdios
coletivos e a direito sindical, bem como os embargos
infringentes de suas decises originrias no unnimes,
os agravos regimentais e de instrumento relativos a processos de sua competncia.
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Seo Especializada em Dissdios Individuais
Composta por todos os Ministros, dividida em 2
subsees:
Subseo I da Seo Especializada em DI: o Presidente
e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral, os
Presidentes de Turma e mais 04 Ministros, sendo exigida a presena de, no mnimo 07 Ministros para o
seu funcionamento;
Compete Subseo I: julgar os Embargos de
Divergncia ou Infringentes das decises das Turmas e
os Agravos Regimentais contra decises dos relatores
em Embargos.
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Subseo II da Seo Especializada em DI: o
Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral, e mais 06 Ministros, sendo exigida a
presena de no mnimo 05 Ministros para seu
funcionamento.
Quorum exigido para funcionamento da plenria da
Seo de DI o mesmo estabelecido para as sesses
do Tribunal Pleno, mas deliberaes s podero ocorrer
se votadas pela maioria absoluta dos integrantes da
Seo.
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Compete Subseo II: julgar, originariamente, as
aes rescisrias contras suas prprias decises e aquelas das Turmas, e os mandados de segurana
contra atos do presidente do Tribunal e dos ministros da
SDI; em nica instncia, julgar os Agravos Regimentais
e os conflitos de competncia entre TRTs, entre Varas
do Trabalho e Juzos de Direito, interpostos em dissdios individuais; e, em ltima instncia, julgar recursos
ordinrios nos dissdios individuais de competncia
originria dos TRTs e os Agravos de Instrumento.
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Turmas
(i) Cada Turma composta por 03 Ministros, sendo
presidida pelo Ministro mais antigo integrante do Colegiado.
(ii) Quorum = 03 Ministros, na ausncia de um,
convocao de outra Turma ou Juiz Convocado.
(iii) Compete a cada Turma, julgar os recursos de
revista, de agravo de instrumento e de agravo regimental contra despacho dos relatores.
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2.1.2. TRTs
- Os Tribunais Regionais do Trabalho tambm surgiram
em 1946, em substituio aos Conselhos Regionais do Trabalho. So rgos de segundo grau de jurisdio;
- Atualmente h 24 TRTs no Brasil (art. 674 CLT);
- A competncia est determinada no artigo 115 da
CF/88 com redao dada pela EC 45/2004;
- Composio: no mnimo 07 Juzes nomeados pelo
Presidente da Repblica dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 75 anos, sendo: I 1/5 advogados com mais de dez anos de atividade profissional e membros
do MPT com mais de 10 anos de exerccio (art. 94 CF);
II - os demais, mediante promoo de juzes do trabalho
por antiguidade e merecimento, alternadamente.
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Funcionamento dos TRTs
Composio Plena - deliberaro com a presena, alm do Presidente, de metade mais um do nmero de seus Juzes;
Compete ao Pleno julgar originariamente:
- Os dissdios coletivos,
- Rever e estender suas decises normativas, - Julgar mandados de segurana contra autoridades da prpria Justia do Trabalho, aes rescisrias e de habeas corpus;
- Em ltimo grau de jurisdio, compete-lhe ainda julgar os recursos contra multas impostas pelas Turmas e dirimir conflitos de competncia entre Turmas, entre Varas do Trabalho e entre Juzes de Direito investidos de jurisdio Trabalhista;
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e compete-lhe, finalmente, em nico ou ltimo grau de jurisdio, julgar os processos administrativos referentes aos servios auxiliares e seus servidores e as reclamaes contra atos administrativos do presidente ou de qualquer outro membro do Tribunal, dos juzes das Varas do Trabalho, dos juzes substitutos e dos funcionrios.
As decises nos TRTs tomar-se-o pelo voto da maioria dos Juzes presentes, ressalvada, no Tribunal Pleno, a hiptese de declarao de inconstitucionalidade de Lei ou ato do poder pblico (art. 116 CF/88).
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Turmas dos TRTs
- As Turmas somente podero deliberar presentes, pelo menos, 03 dos seus Juzes.
- Compete s Turmas julgar recursos ordinrios, agravos de petio e agravos de instrumento, bem como os recursos contra a imposio de multas ou outras penalidades pelos juzes de primeiro grau. Da deciso de Turma, exceo feita ao caso de esta ter imposto multa, no cabe recurso para o Tribunal Pleno ou para as Sees.
- O Presente do TRT, excetuada a hiptese de declarao de inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder Pblico, somente ter voto de desempate.
- Nas sesses administrativas, o Presidente votar como os demais Juzes, cabendo-lhe, ainda, o voto de qualidade.
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2.2. Juzes do Trabalho
- Desde a EC 24/1999, que extingui a figura do juiz
classista, a jurisdio trabalhista passou a ser exercida por um juiz singular.
- Jurisdio local da Vara do Trabalho, abrangendo um ou alguns Municpios (art.668 CLT);
- Em linhas gerais, as Varas julgam apenas dissdios individuais, sendo sua jurisdio local, abrangendo um
ou mais municpios (art. 112 da CF);
- Atribuies privativas do Juiz do Trabalho: presidir as
audincias, executar as decises, despachar peties e
recursos, e praticar todos os outros atos decorrentes do
exerccio de suas funes.
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2.3. MPT
- Art. 127 CF/1988 elevou o Ministrio Pblico condies de uma instituio permanente, essencial funo jurisdicional.
- O Ministrio Pblico do Trabalho, tem por chefe o Procurador-Geral da Justia do Trabalho, sendo um dos ramos do MPU, que conta ainda com o MP Federal, o MP Militar e o MP do Distrito Federal.
- O Procurador-Geral do Trabalho nomeado pelo Procurador-Geral da Repblica entre os integrantes da Procuradoria com mais de 35 anos de idade e mais de cinco anos de carreira. Entre suas atribuies est a de designar, entre os procuradores regionais lotados em cada procuradoria regional, o chefe desta, conforme o Estado do MPU.
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Funes do MPT
- Cumpre ao MPT zelar pelos interesses da sociedade, promovendo as medidas necessrias ao desempenho de sua misso constitucional.
- Compete Procuradoria propor aes previstas na Constituio e na legislao trabalhista, zelar pelos direitos de menores, incapazes e ndios, atuar nas sesses dos Tribunais, instaurar processos coletivos em caso de greve, requerer diligncias, promover a cobrana de custas e multas, suscitar conflitos de competncia e recorrer das decises nos casos previstos em lei, entre outras atribuies.
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2.4. rgos auxiliares: As Secretarias
- Tanto os Tribunais como as Varas contam com servios auxiliares de uma Secretaria.
- A estes rgos incumbe a guarda e a execuo das medidas destinadas a dar andamento aos processos, o fornecimento de informaes e de certides aos interessados, bem como a contagem das custas processuais, a realizao de penhoras e de todas as demais diligncias e providncia que lhes sejam determinadas pelos juzes.