Produção do Espaço Geográfico
Prof. Diego Moreira
Geografia
Produção do Espaço Geográfico
Da Crise do Feudalismo à Expansão MarítimaProf. Diego Moreira
Relembrando...
1) Feudalismo
A) Economia
• Economia natural, essencialmente agrária e autossuficiente concentrada no feudo.
• Produção para consumo imediato, sem excedentes comerciais.
• Terra como principal riqueza.
• Trabalho regulado pelas obrigações servis, fixadas pela tradição e pelo costume.
• Condenação pela Igreja do empréstimo a juros (usura) e do lucro.
B) Organização Política
• Poder político descentralizado, distribuído entre o Rei, os membros da Nobreza e o alto Clero. Cada feudo constituía uma unidade política autônoma governada pelo senhor feudal.
• Relações entre os membros da nobreza feudal baseadas nos laços de suserania e vassalagem: tornava-se suserano nobre que doava um feudo ao outro, e vassalo o nobre que recebia o feudo.
1) Relembrando o Feudalismo
C) Sociedade• Sociedade rural e estamental, dividida em
3 estamentos ou ordens sociais, cada qual com sua função:
• Clero – cuidava da fé e do culto religioso• Nobreza – responsável pela defesa do
território• Campesinato (servos e vilões) –
encarregado do trabalho nos campos. Os vilões eram moradores das vilas. Homens livres, não estavam presos à gleba de terra, como os servos.
• O princípio da estratificação social era o privilégio do nascimento, que consagrava um regime de desigualdade e impedia a mobilidade social.
D) Cultura• A sociedade medieval era teocêntrica
Deus o centro de todas as coisas.
• As atividades culturais marcadas pela fé.A Igreja determina o modo de pensar e viver
• Fenômenos naturais explicados pela fé.Celebração de ritos religiosos para ter boas colheitas, provocar chuvas, etc.
• Confronto entre festas de origem pagã, como o carnaval, e as de origem cristã.
• Platonismo Cristão de Santo Agostinho e Filosofia aristotélica-cristã de São Tomás de Aquino.
• Multiplicação das Universidades na baixa idade média
2) Renascimento Comercial
A) A produção cresce
• Novas técnicas agrícolasRotação trienal
Arado de ferro, foice e enxada
Moinhos hidráulicos e eólicos
• Geram:Aumento da produção
Menos trabalho
Tempo livre
Queda da mortalidade
B) A população cresce
• Camponeses mais alimentados:Força e resistência
• Geram:Arroteamentos
Desmatamentos e drenagem de pântanos
Absorção da mão-de-obra excedente
Excedentes agrícolas
Estímulo ao comércio.
2) Renascimento Comercial
C) O comércio cresce• Excedentes agrícolas geram:
Aumento da circulação de mercadoriasExpansão da quantidade de moedas
• Cruzadas geram:Ruptura do controle dos árabes no MediterrâneoChegada de especiarias orientais no ocidente.
• Gênova e Veneza:Detinham monopólio das rotas marítimas
Gênova – com os Bizantinos (seda, arroz...)Veneza – com os Muçulmanos (cravo, canela...)
D) As rotas Terrestres e Fluviais• Conexão entre Mares (do Norte e Báltico):
Compra e revenda de peixes salgados, madeira, tecidos de lã, cereais, etc.Avanço da conexão de rotas entre a Europa Setentrional e a Meridional.Estimula rotas terrestres e fluviais.
• Formação das Feiras:Nos entroncamentos das principais rotas fluviais e terrestres. Champanhe e Flandres.
E) Ligas, Guildas e Hansas comerciaisLigas - para defesa mútua e facilitar o comércioGuildas – dos mercadores de uma cidadeHansas – Associam várias cidades mercantis.
3) Renascimento Urbano
A) As feiras crescem• Tornam-se permanentes e geram:
BurgosTrabalho assalariadoPossibilidades de enriquecimentoArtesanatos
• Os burgos dentro dos feudos:Pagamento de taxas e Direito de passagemSenhores feudais cunhavam moedasPesos e medidas própriosDificultavam o comércio
B) Os burgos mais autônomos• Assembleias de cidadãos Comunas
Tinham relativa liberdade e governo próprioMuitas pagavam pelas Cartas de Franquia
C) Mudanças sociais• Troca gradual do trabalho servil pelo
remunerado• Dinheiro ganha importância diante da terra• Formação das corporações de ofício
Mestres, oficiais ou companheiros, e aprendizes
• Comerciantes investem na produçãoContratam os jornaleiros
• Mestres de ofício e comerciantes produtores formam a Burguesia
3) Renascimento Urbano
D) A Burguesia se fortalece
• Predomínio dos comerciantesChoques entre burguesia e trabalhadores
Desagregação das comunas
Governo nas mãos dos burgueses mais ricos
• Enfraquecimento das corporações de ofícioMuitos viram assalariados dos comerciantes
Cercamento dos campos ingleses gera mais artesãos assalariados.
E) “Tempo é dinheiro”
• Divisão do dia em 24 horas
• Península Itálica, século XIVPrimeiros relógios:Milão (1335); Pádua (1344); Gênova (1353); Florença (1555); Bolonha (1356); Ferrara (1362).
• O controle do tempo na França:Primeiro relógio em 1370
Rei Carlos V ordena a Igreja a tocar os sinos junto aos relógios reais.
Relógios passam a regular os afazeres dos produtores e a vida urbana
• Relógios atendem aos interesses capitalistas.
O usurário e sua esposa, de Quentin Matsys
Fonte: http://www.estudopratico.com.br
Relógio medieval em Praga, de 1410
Foto de Neckel - Fonte: http://minhasviagensvia.blogspot.com.br
4) A Crise do Século XIV
A) A fome cresce
• Violência dos Cavaleiros andantesCruzadas geram tendência à militarização
Guerra como profissão e forma de obtenção de terras
• Outros conflitos:Cristãos contra muçulmanos na Ibéria
Disputas entre cidades no norte europeu e na Península itálica.
Guerra dos cem anos (FRA x ING)
• Períodos de trégua:Cavaleiros sem pagamento faziam saques e devastações em áreas de cultivo.
B) A mortalidade cresce
• Mudanças climáticasChuvas violentas (1315)
Queda brusca da produção de alimentos
• Peste bubônica (1348)Origens na China e Turquestão
Trazida por mercadores genoveses
Cidades e campos arrasados
Um terço da população da Europa morre
Gera escassez de mão-de-obra
Irmandades flagelantes
Redução do comércio por terra e aumento do comércio marítimo.
Trecho de “Decamerão”, de Boccaccio
Triste e aborrecida é a penosa lembrança da mortandade que a peste causou há poucotempo. A cada um, e a todos que a viram, ou souberam dela, ela prejudicou. Tínhamosatingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus, de 1348, quando, na muiexcelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio amortífera pestilência.
A peste em Florença não teve o mesmo comportamento que no Oriente. Neste, quando osangue saía pelo nariz, fosse de quem fosse, era sinal evidente de morte inevitável. EmFlorença, pareciam no começo, tanto nos homens como nas mulheres, ou na virilha ou naaxila, algumas inchações. Algumas dessas cresciam como maçãs; outras como um ovo.Dessas duas referidas partes do corpo logo o tal tumor mortal passava a repontar e asurgir por toda a parte. Em seguida, o aspecto da doença começou a alterar-se; começoua colocar manchas de cor negra ou lívidas nos enfermos. E, do mesmo modo, também asmanchas passaram a ser mortais, depois, para os que as tinham instaladas.
5) A centralização do poder
A) Todo poder ao Rei!
• Burguesia luta contra os particularismos feudais;
• Administração e Justiça concentram-se nas mãos do Rei;
• Juristas burgueses apoiam o Rei;
• Novas leis, moedas nacionais, união de pesos e medidas;
• Exércitos nacionais permanentes;
• Funcionários do Estado treinados para administrar os órgãos públicos.
B) Permanências e mudanças
• Nobreza enfraquecidaPoliticamente, pela centralização
Economicamente, pelas rupturas de relações servis
• Mantém privilégios de distinção socialIsenção de impostos
Foro privilegiado
Cargos e pensões dados pelo Rei
Funções políticas e diplomáticas
• Monarca como mediador entre Igreja e povo:Redução do poder papal e dos ganhos do dízimo
Aumento da venda de Indulgências
6) Formação dos Estados Nacionais
A) Portugal
• Independência do condado Portucalense por Afonso Henriques, em 1139
• Dinastia de Borgonha
• Pesca como setor mais dinâmico
• Avanço de rotas marítimas com a peste
• Revolução de AvisCom a morte de Fernando I, seu irmão, Dom João, mestre da ordem militar de Avis, assume após luta contra os castelhanos e com apoio da burguesia e da “arraia-miúda”
Ocorre avanço da centralização monárquica
B) Inglaterra
• Derrota do Rei João Sem Terra contra a França
• Nobreza e Clero impõem a Magna CartaCria o Grande Conselho, embrião do parlamento
• João e seu filho Henrique III desobedecem à Carta magna
Rebeliões da Nobreza
Criação do primeiro Parlamento
Centralização monárquica com contrapeso inexistente em outros reinos.
• Centralização do poder pelos Tudor:Após a guerra dos cem anos e a Guerra das Duas Rosas: York (Branca) e Lancaster (Vermelha).
Trecho de “O Príncipe”, de Maquiavel
Daqui nasce um dilema: é melhor ser amado que temido, ou o inverso? Respondo queseria preferível ser ambas as coisas, mas, como é muito difícil conciliá-las, parece-memuito mais seguro ser temido do que amado, se só se puder ser uma delas. (...) Asamizades que se conquistam com dinheiro, e não pelo coração nobre e altivo, fazemsentir os seus efeitos - mas são como se não as tivéssemos, pois de nada nos servemquando delas precisamos. Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que setorna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-se por um laço deobrigações que, em virtude de os homens serem maus, quebre-se quando surge ocasiãode melhor proveito. (...) Contudo, o príncipe deve fazer-se temer de tal modo que, se nãoconseguir amizade, passa pelo menos fugir à inimizade, visto haver a possibilidade de sertemido e não ser odiado, ao mesmo tempo.
Nicolau Maquiavel. O Príncipe. Lisboa, Europa-América, 1976, p. 89-90.
6) Formação dos Estados Nacionais
C) França
• Centralização iniciada na dinastia dos Capetíngios (Hugo Capeto)
Ponto estratégico entre os rios Sena e Loire
Filipe Augusto cria funcionários para cobrar impostos e impor a Justiça do Rei
Luís IX institui a moeda nacional
Filipe IV ampliou o território, neutralizou a nobreza e voltou-se contra o papado, cobrando impostos do clero francês.
Carlos IV morre e a Guerra dos Cem Anos começa, ocorrendo sob a dinastia de Valois
D) Espanha
• Ocupação muçulmana entre 711 e 1492Refúgio Espanhol nas Astúrias
Formação gradual de novos reinos
Leão, Castela, Aragão, Navarra...
• Guerras de ReconquistaMuçulmanos expulsos de Granada em 1492
• Reis Católicos se casam e unificam os reinosFernando de Aragão e Isabel de Castela
Introduzem a Santa Inquisição na Espanha
Repressão contra Judeus e Muçulmanos
Recebem apoio de pequenos nobres.
7) As Grandes Navegações
A) Fatores
• Redução do comércio terrestre pela peste (1348)
• Crescimento demográfico no século XV
• Queda de Constantinopla (1453)Turcos otomanos cobram taxas
Escoamento de moedas para o Oriente
• Sinais de esgotamento das minas europeias
• Busca por alternativas comerciais
B) Condições
• Ausência de disputas internas
• Nobreza feudal subjugada pelo Rei
• Monarca com:legitimidade para coordenar todos os grupos sociais nesses esforços
Capacidade de atrair capitais e conhecimentos necessários à empreitada
7) As Grandes Navegações
C) Pioneirismo Português• Primeiro a reunir as condições
• Centralização monárquica precoce
• Rota estratégica entre o Mediterrâneo e o Mar do Norte
• Aprimoramento das marinhas mercante e de guerra
D) A África no caminho das Índias• Conquista de Ceuta (1415)
Controle da pirataria do Estreito de GibraltarRedução da influência muçulmanaAcesso a reservas de ouro
• Outras Conquistas Portuguesas
• Madeira (1419)
• Açores (1431)
• Travessia do Bojador (1434)
• Cabo Verde (1456)
• Congo (1480)
• Périplo africanoVisa interceptar carregamentos de ouro na costaEstimula avanços náuticosEscola de Sagres - CaravelasPreparação para as viagens para as Índias.Bartolomeu Dias contorna o Cabo da Boa Esperança em 1488 e Vasco da Gama chega às Índias em 1498
7) As Grandes Navegações
E) Espanhóis chegam à América
Reis católicos financiam Colombo
Descobrimento da América (1492)
Conflitos diplomáticos entre Espanha e Portugal
Tratado de Tordesilhas (1494)
Descoberta de ouro nas Américas eleva a cobiça de outras nações
França reivindica o princípio de uti possidetis
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