Faculdade de Economia Universidade Coimbra
Profissões de Risco
Liliana Rodrigues
Coimbra, 2008
Faculdade de Economia Universidade Coimbra
Profissões de Risco
Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica da Licenciatura em Sociologia sob orientação de Paulo Peixoto
Imagem da capa disponível em http://www.smh.com.au/ffximage/2007/08/22/snaps_tightrope_g
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Liliana Sofia Ramalho Rodrigues Nr de estudante: 20082861
Coimbra, Dezembro de 2008
ÍNDICE
1. Introdução 1 2. Desenvolvimento 2 2.1 Estado das Artes 2 2.2 Risco profissional e acidente de traballho: definições 3 2.3 Sectores de maior risco profissional 4 2.4 Em Portugal 7 2.5 Outras profissões…Outros riscos 8 2.6 Descrição detalhada da pesquisa 11 3. Avaliação de página da Internet 13 4. Ficha de Leitura 15 5. Conclusão 17 6. Referências Bibliográficas 18 ANEXO I Página da Internet avaliada ANEXOII Texto de suporte da ficha de leitura
1. INTRODUÇÃO
Desde sempre que a sociedade sofre constantemente riscos. Já diz a
sabedoria popular que viver é um risco permanente. Assim sendo, e como o trabalho
faz parte da vida, as profissões que exercemos têm também os seus riscos, umas
mais que outras, é certo.
Com a evolução veio a inovação e hoje em dia a tecnologia está presente um
pouco por todas as profissões, mas aquilo que deveria servir para auxiliar os
indivíduos, tornou‐se em mais um elemento criador de factores de risco no mundo
do trabalho. Mas não são as únicas. Aliás, são a parte mais pequena do problema.
Com este trabalho pretendo dar a conhecer um pouco melhor os sectores de
actividade mais sujeitos a riscos para os seus intervenientes, não só a nível físico,
mas também psicológico; não só com prejuízos para a saúde verificados no imediato,
mas também mais tarde.
Vou primeiramente proceder a uma breve apresentação do tema,
seguidamente apresentar os sectores mais afectados (a partir da análise do número
de acidentes de trabalho ocorridos nesse sector). Mais tarde avançarei com a ficha
de leitura de uma das obras que consultei e por fim procedo à avaliação de uma
página da internet que consultei.
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Estado das Artes
Se em tempos mais antigos, quando falávamos em profissões de risco, o
senso comum pensava logo em profissões como as de bombeiro, militar ou polícia,
hoje em dia qualquer profissão pode ser considerada de risco, pois em todas elas
existem factores que se não forem tomados em atenção podem levar a graves
complicações a nível físico ou psíquico.
É claro que as profissões que envolvem contacto mais directo com matérias
perigosas, com armas, que exigem esforço físico ou que envolvem situações que
podem pôr directamente a vida da pessoa em perigo, são mais propícias aos
acidentes de trabalho, mas a evolução tem trazido também mudanças no perfil dos
profissionais e na maneira como profissões consideradas respeitosas vêm a ser
encaradas: hoje em dia, ser professor ou enfermeiro, por exemplo, pode já ser
sinónimo de estar em risco (Martins, 1997). A propósito da inovação das técnicas,
verificamos ainda que o erro humano tem vindo a assumir cada vez mais
importância e pode mesmo causar consequências trágicas ao nível humano (Faria,
1995).
Depois temos também as profissões que, apesar de aparentemente não
causarem danos físicos aos trabalhadores, os causam a longo prazo, provocando
dissabores na saúde dos seus profissionais.
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2.2 Risco profissional e acidente de trabalho: definições
“Risco profissional é a possibilidade de um trabalhador sofrer um dano
(doença, patologia ou outra lesão) provocada pelo trabalho” (Instituto Nacional de
Estatística apud Departamento de Estudos, Estatísticas e Planeamento do Ministério
da Segurança Social e do Trabalho). A própria noção de “risco profissional” não
afirma que o trabalho envolve qualquer tipo de risco, apenas deixa em aberto essa
possibilidade. O que nos remete para a própria noção de risco que temos: afinal,
risco não é mais que uma probabilidade.
Mas quando o risco ultrapassa a noção de probabilidade e se torna real,
acontecem os acidentes de trabalho: ocorrências imprevistas, durante o tempo de
trabalho, que provocam dano físico ou mental. A expressão “durante o tempo de
trabalho” é entendida como “no decorrer da actividade profissional ou durante o
período em serviço” (Ministério da Segurança Social e do Trabalho, 2003).
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2.3 Sectores de maior risco profissional
A maioria dos elementos que afectam a saúde e segurança no local de trabalho
é comum à maior parte dos sectores, mas existem alguns mais expostos a estes
elementos que outros. São estes os chamados sectores de risco.
Entre estes elementos constam, por exemplo, o nível de radiação ou
substâncias químicas a que as pessoas estão expostas, o pó, as fibras, a
contaminação do ar, ruído e vibração, fogo, a concepção dos equipamentos e o tipo
de tarefas a realizar (por exemplo, no sector da construção, que envolve riscos
físicos) (OIT, 2003). Assim sendo, passo a apresentar os sectores que a Organização
Internacional do Trabalho considera particularmente perigosos:
A agricultura é um dos sectores de actividade mais perigosos, tanto nos países
industrializados como nos países em desenvolvimento (OIT, 2003). Segundo o
Instituto para a Segurança, Higiene e Segurança no Trabalho:
“Para além da sua habitação os agricultores desenvolvem parte da actividade agrícola em instalações onde se realizam diversos trabalhos de preparação para as sementeiras e colheitas (…), diariamente [são] executadas operações que implicam a circulação de veículos e máquinas agrícolas, o maneio de animais, a movimentação de cargas, o manuseio de produtos tóxicos, a utilização de energia eléctrica a que se associam os riscos de atropelamento ou esmagamento, de lesões dorso‐ lombares, de quedas, de intoxicações, de incêndio e electrocussão.” (s.d.: 1)
Este sector emprega actualmente cerca de metade da mão‐de‐obra mundial
(aproximadamente 1.3 mil milhões de pessoas) e a Organização Internacional do
Trabalho estima que 170.000 trabalhadores agrícolas morrem por ano, o que
significa um risco de morte no trabalho pelo menos duas vezes maior para estes
trabalhadores em relação a outros. E mais grave ainda é que, enquanto as taxas de
mortalidade da maioria dos restantes sectores de actividade têm vindo a diminuir,
as do sector agrícola têm‐se mantido altas (OIT, 2003).
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O sector do trabalho em minas representa apenas 1% da mão‐de‐obra
mundial, mas nem por isso deixa de ser perigoso. Mais que em outros sectores, não
existem números certos de quantas pessoas são afectadas pelos malefícios do
trabalho em minas, mas estima‐se que é responsável por mais de 5% dos acidentes
de trabalho mortais (pelo menos 15.000 por ano e mais de 40 por dia). E este sector
é particularmente perigoso, porque as doenças associadas podem manifestar‐se já
quando o operário não trabalha na mina: perda de audição ou doenças como a
silicose ou a pneumoconiose (ou pulmão negro), que são doenças das vias
respiratórias associadas à exposição continuada a determinados componentes das
minas, podem manifestar‐se nos ex‐operários, vários anos depois de terem
terminado o seu trabalho (Merck Sharp & Dohme, s.d). Apesar de todos os esforços
para combater estes malefícios, o sector do trabalho em minas é ainda o sector mais
perigoso na maioria dos países onde está presente, se tivermos em conta o número
de pessoas expostas aos seus riscos (OIT, 2003).
No sector da construção, por ano registam‐se pelo menos 60.000 lesões
mortais e outras centenas de milhar sofrem lesões graves e doenças. Sem contar as
doenças manifestadas a longo prazo. As principais causas de morte no sector
incluem lesões causadas por quedas (do trabalhador ou objectos de trabalho),
esmagamento e electrocussão. Entre os principais problemas de saúde encontram‐
se as síndromes de vibração, problemas de coluna e musculares, exposição a
substâncias nocivas, a pó, humidade e o mais perigoso: amianto (OIT, 2003).
Segundo Lima (2004), as alterações verificadas ao nível da organização do trabalho
provocadas pela globalização e consequente necessidade de inovação e desejo de
competitividade e as mudanças na estrutura empresarial que daí derivam,
resultaram num aumento dos riscos para os trabalhadores, uma vez que a
percepção das suas limitações contribuiu para o aumento do stress entre estes, o
que posteriormente vai afectar o seu desempenho profissional, levando um aumento
das probabilidades de erro, das quais advêm os acidentes de trabalho. Mas não só o
stress leva ao erro; o sector da construção é talvez o que envolve mais trabalho de
imigrantes ilegais e mão‐de‐obra com falta de qualificação, que não sabe utilizar
correctamente as máquinas e aparelhos ou que não toma as medidas de segurança
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adequadas no seu local de trabalho (Lopes, 2002). Verifica‐se ainda uma falta de
cuidado com as regras de segurança, pois mesmo os trabalhadores que conhecem e
sabem aplicar as medidas de segurança, muitas vezes não o fazem, por serem
desconfortáveis ou pouco práticas ou por acharem que os acidentes só acontecem
aos outros (Lima, 2004).
A pesca encontra‐se entre as indústrias mais perigosas em inúmeros países. Na
Austrália, por exemplo, entre 1982 e 1984, a taxa de mortalidade entre pescadores
foi de 143/100.000. Na Dinamarca, entre 1989 e 1996 foi cerca de 25 a 30 vezes
maior que para os trabalhadores em terra. Nos Estados Unidos da América, em
1996, a taxa de mortalidade de pescadores foi calculada 16 vezes acima do número
de acidentes de profissões como bombeiro ou polícia e 40 vezes a taxa média
nacional. Na China verifica‐se mais de 400 mortes de pescadores por acidentes por
ano (OIT, 2003).
A demolição de barcos é também particularmente perigosa, especialmente nas
“cabeças de praia” asiáticas, onde se realiza actualmente em maior escala esta
actividade. A segurança dos trabalhadores vê‐se menosprezada, uma vez que não há
apostas em medidas de segurança, planificação de trabalho ou formação da mão‐de‐
obra, na sua maioria imigrantes, que não têm qualificações para aquele serviço e
que, em muitos casos, vivem em condições miseráveis junto aos locais de trabalho,
com más condições sanitárias e de habitabilidade, a juntar à poluição sonora a que
estão sujeitos e à contaminação geral. Entre os perigos deste trabalho contam‐se a
forte exposição a toxinas e a outras substâncias nocivas, particularmente
cancerígenas. Estes factores de risco constituem perigos para a saúde tanto a curto
como a longo prazo (OIT, 2003).
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2.4. Em Portugal
Segundo dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (2008), os
sectores de actividade onde ocorreram mais acidentes de trabalho em 2006 foram
as Indústrias Transformadoras, que registaram 74 698 acidentes, 43 deles mortais;
a Construção, com o registo de 51 790 acidentes, 83 deles mortais, o Comércio
grosso e retalho, reparação de veículos automóveis e bens de uso pessoal doméstico,
com 36 961 acidentes registados, 21 deles resultantes em morte e com menor
relevância o sector das Actividades Imobiliárias, alugueres e serviços prestados às
empresas, com o registo de 14 406 acidentes, 12 deles resultantes em morte.
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2.5. Outras profissões… Outros riscos
Hoje assiste‐se cada vez mais a uma perda de autoridade em certas
profissões a que anteriormente se olhava com respeito e admiração.
Profissões como professor ou enfermeiro estão em risco, na medida em que
muitos dos seus profissionais sofrem danos físicos e psicológicos, infligidos pelas
pessoas para quem trabalham: alunos e pacientes. Esta situação tem vindo a
agravar‐se e sendo noticiada pelos meios de comunicação social, que dão cada vez
mais relevo a esta situação (Mateus e Antunes, 2006).
É algo de grave quando uma profissão que deveria por si só impor respeito
no local onde é exercida, é negligenciada e muitas vezes descredibilizada pelos
supostos subordinados. Algo está mal quando numa sala de aula são os alunos quem
fala mais alto ou dão as ordens; algo está mal quando professores são agredidos ou
alvo de chacota ou agressões verbais pelos seus alunos ou pelos pais dos alunos;
algo não vai bem quando um enfermeiro é vítima de agressões por um paciente ou
pelos seus familiares e a situação não é tida em causa pelos seus superiores.
Como se pode ver, o avanço dos tempos e as mudanças de mentalidades não
trazem só benefícios à nossa sociedade.
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Reflectindo…
“• Segundo estimativas da OIT, todos os dias morrem, em média, 5.000 pessoas devido a acidentes ou doenças relacionados com o trabalho.
• Anualmente, os trabalhadores sofrem cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho (mortais e não mortais) e são registados aproximadamente 160 milhões de casos de doenças profissionais. Num terço destes casos, a doença provoca a perda de pelo menos quatro dias de trabalho.
• 4% do produto interno bruto (PIB) mundial (1.251.353 milhões de dólares dos Estados Unidos) perde‐se devido aos custos das ausências de trabalho, dos tratamentos das doenças, das incapacidades e das pensões de sobrevivência a que as lesões, as mortes e as doenças dão origem.
• As perdas do PIB resultantes do custo das mortes e das doenças que a população activa sofre são 20 vezes superiores a todo o apoio oficial ao desenvolvimento.
• Todos os anos aproximadamente 355.000 pessoas perdem a vida devido a acidentes de trabalho. Metade destes óbitos ocorre na agricultura, sector que emprega 50% dos trabalhadores do todo o mundo.
• Todos os anos morrem 22.000 crianças em acidentes de trabalho.
• As substâncias perigosas matam 340.000 trabalhadores por ano. Só o amianto ceifa 100.000 vidas.
• Calcula‐se que 10% de todos os cancros da pele se devem à exposição a substâncias perigosas no local de trabalho.
• Em 2002, aproximadamente 2 milhões de trabalhadores nos Estados Unidos foram vítimas de violência no trabalho. No Reino Unido, 1,7% dos trabalhadores adultos (357.000 trabalhadores) foram vítimas de um ou vários casos de violência no trabalho.
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• 37% dos mineiros da América Latina sofrem de silicose (doença pulmonar mortal que é contraída através da exposição ao pó de sílica). Este valor aumenta para 50% nos mineiros com mais de 50 anos de idade.
• Na Índia, 54,6% dos trabalhadores que fabricam lápis de ardósia e 36,2% dos que trabalham a pedra sofrem de silicose.”
Associação Empresarial de Portugal (2004)
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2.6. Descrição detalhada da pesquisa
No início, quando escolhi o tema, achei que, apesar de um pouco abstracto,
conseguiria facilmente chegar às fontes de informação necessárias, uma vez que este
não é de todo um tema desconhecido do senso comum. Mas a verdade é que chegar
a um qualquer motor de busca e escrever “profissões de risco”, esperando obter
logo informação útil à pesquisa, não foi, definitivamente a forma mais eficaz de a
obter. Assim sendo, desloquei‐me primeiramente à Biblioteca Geral da Universidade
de Coimbra para tentar obter alguma fonte bibliográfica que me pudesse auxiliar,
mas a verdade é que voltei a repetir o erro de iniciar a pesquisa pela famosa
expressão “profissões de risco”. Não obtendo novamente resultados que me fossem
úteis dirigi‐me então ao Centro de Estudos Sociais e lá obtive as primeiras ajudas
para o caminho que deveria escolher na minha pesquisa. Não que me tenha sido
propriamente útil como fonte de informação relevante, mas sim por abordar temas
aproximados do meu objecto de pesquisa, a revista que encontrei continha um
artigo que me pôs a pensar melhor nos temas relacionados com o meu objecto de
estudo e a partir daí tudo foi mais fácil. Fotocopiei o artigo e quando cheguei a casa
li‐o e sublinhei as expressões‐chave que considerei na altura.
Foi então que comecei a minha pesquisa na internet com expressões que
indirectamente me levaram à temática que estudava. Comecei por procurar
“acidentes de trabalho”, “profissões+risco”, no google e posteriormente no altavista.
A pesquisa na internet correu bem, pois apesar de no início não ter obtido
informação relevante, alguns sítios da internet iam‐me fornecendo palavras‐chave
que depois ia usando em pesquisas posteriores, por exemplo, fui‐me lembrando de
não especificar tanto a pesquisa e ir procurando também por “trabalho+risco”,
“mortalidade no trabalho” ou simplesmente “trabalho”. Mais tarde lembrei‐me
também de ver sítios na internet de organizações que elaborassem estudos à escala
global e foi aí que me lembrei do Eurostat. Mas este não se revelou uma boa ajuda,
pois não consegui perceber como deveria aceder aos dados. Continuando a pesquisa
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na Web, resolvi ir às páginas dos jornais mais conhecidos (Expresso, Correio da
Manhã, Jornal de Notícias e Diário de Notícias) para tentar encontrar artigos que me
auxiliassem de alguma maneira e foi assim que encontrei a página que avaliei.
Recorri depois também ao sítio do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social,
que se revelou muito útil, fornecendo‐me dados estatísticos acerca da mortalidade
no trabalho. E assim sendo achei que estaria preparada para repetir a pesquisa
bibliográfica. Fui então recorrendo a temas aproximados do meu objecto de estudo,
como “trabalho”, “risco”, “acidentes de trabalho” ou “segurança no trabalho” e fui
encontrando algumas fontes bibliográficas que considerei relevantes.
Posteriormente desloquei‐me à biblioteca da Faculdade de Economia para adquirir
as obras e dirigi‐me novamente para casa para as analisar e dar início ao meu
trabalho.
Para a análise detalhada de cada um dos sectores que a Organização
Internacional do Trabalho considera mais perigosos, fiz uma pesquisa rápida no
motor de busca Google, com a expressão “nome do sector+acidentes de trabalho”
(por exemplo, “agricultura+acidentes de trabalho”), para assim complementar a
informação que o documento desta organização me facultou.
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3. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET
A página da internet que decidi avaliar tem por título “Profissões de risco”,
com texto de Cátia Mateus e Marisa Antunes.
Esta página tem como objectivo dar a conhecer as problemáticas de
profissões distintas, como a de bombeiro, enfermeiro ou professor. Ao longo do
texto, as autoras vão dando a conhecer os riscos daquelas profissões, ouvindo
profissionais daquelas áreas a explicar os pontos menos bons da sua profissão,
nomeadamente quando esta lhes causa (ou ameaça causar) danos físicos ou
psíquicos.
Concordo realmente com o conteúdo deste texto, uma vez que, apesar de, no
caso dos bombeiros, a sua profissão ser sempre valorizada e respeitada por todos,
ainda há uma falha: é que estes profissionais, como referem os próprios no texto,
ainda não possuem todos os meios necessários para exercerem a sua profissão em
segurança. Já no caso dos professores e enfermeiros, pode verificar‐se, não só pelo
que se pode ler nos seus testemunhos ao longo do texto, mas também por aquilo que
podemos observar nos meios de comunicação social, que estes estão a perder a sua
autoridade que lhes era característica, através de desrespeitos por parte daqueles
para quem trabalham: pacientes e alunos.
É uma página que, apesar de não ser propriamente atractiva, contém
informação útil para o estudo da problemática das profissões de risco, uma vez que
apresenta opiniões de especialistas de profissões “normais”, acerca dos riscos que
apresentam as suas profissões e penso que melhor fonte de informação que os
protagonistas da problemática em estudo não há.
O texto é redigido de forma clara e directa, daí que a informação que se
transmite passar seja de fácil aquisição. Apesar disto aponto algumas falhas, como o
facto de o tamanho da letra do texto ser demasiado pequeno, o que torna a leitura
maçadora e cansativa também. Como também já referi atrás, sou da opinião que o
sítio deveria ser mais atractivo, não só relativamente ao tamanho da letra, mas
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também em relação à própria apresentação da página que, uma vez que tem como
objectivo realçar e chamar à atenção para os riscos das profissões de que fala,
deveria conter elementos que chamassem a atenção do visitante, nomeadamente
tipos e cores de letras mais atractivos e chamativos, especialmente no título.
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4. FICHA DE LEITURA
Título da publicação: Oficina do CES – Trabalho e Risco no Sector da Construção
Civil em Portugal: Desafios a uma Cultura de Prevenção
Autor: Teresa Maneca Lima
Local onde se encontra: Biblioteca da F.E.U.C
Data de publicação: 2004
Número: 211
Local de edição: Coimbra
Cota: D.331.4 LIM
Nº de páginas: 13
Assunto: Os riscos profissionais no sector da construção civil
Palavraschave: riscos profissionais; segurança.
Data de leitura: Dezembro de 2008
Observações: Nenhuma a registar
Notas sobre o autor: Teresa Maneca Lima é investigadora do Centro de Estudos
Sociais, licenciada em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra e mestranda em Sociologia pela mesma faculdade, estando a concluir a tese
“Vítimas do quê e de quem? Acesso ao Direito e à justiça no caso de Acidente de
Trabalho Mortal”. Participou em vários projectos de investigação desenvolvidos no
Centro de Estudos Sociais sobre temas como relações laborais e acesso ao direito. Os
seus actuais interesses de investigação centram‐se nas áreas do acesso ao direito e à
justiça, dos riscos profissionais e dos direitos humanos no trabalho.
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Resumo
O texto refere‐se às mudanças nas estruturas da sociedade que o fenómeno
da globalização tem trazido, nomeadamente a concorrência entre empresas e a sua
modernização, que têm sido um contributo para aumentar o número de erros dos
trabalhadores, o que leva a mais acidentes de trabalho. Refere‐se também às falhas
no sector, que juntas resultam num grande número de acidentes de trabalho e,
portanto, a considerar o sector como sendo de elevado risco profissional.
Estrutura
As alterações na organização do trabalho e as consequentes mudanças ao
nível da estruturação das empresas aumentaram os riscos para os trabalhadores,
causando situações de stress e posteriormente mais erros na realização das suas
tarefas. Isto a juntar às deficiências existentes no sector, como a falta de formação
dos trabalhadores e a pouca utilização dos meios de segurança, fazem com que este
sector seja de alto risco para quem lá trabalha.
Este sector tem uma grande importância económica, tem características
muito próprias que o distinguem dos demais sectores, não só ao nível dos seus
trabalhadores mas também relativamente às condições e locais de trabalho, que
implicam rotatividade, características que fazem deste sector um dos mais propícios
à ocorrência de acidentes de trabalho.
Assim, a autora termina referindo que deve batalhar‐se numa promoção de
atitudes de prevenção, apostando na formação dos trabalhadores e promoção do
cumprimento das normas de segurança, para assim reduzir ao máximo os acidentes
no sector.
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5. CONCLUSÃO
Não há dúvida que existem duas palavras‐chave para concluir este trabalho:
prevenção e formação. Se existem vários sectores que só por si podem afectar
gravemente quem neles trabalha, devem ser tomadas medidas para que os
trabalhadores possam exercer a sua profissão em segurança, não tendo de se
preocupar se mais tarde ou mais cedo podem vir a sofrer danos que podem ser
irreparáveis na sua saúde.
As empresas devem certificar‐se que os seus colaboradores trabalham em
segurança, não só para o bem deles mas para o seu próprio bem, pensar que mais
vale pagar para que tenham formação que pagar‐lhes indemnizações para tentar
reparar aquilo que deveriam ter prevenido. A aposta no trabalho qualificado deve
ser uma das prioridades das empresas, quanto mais não seja para obterem melhores
resultados finais. Porque a sabedoria popular não é a única fonte de saber, a
informação passada dos mais velhos para os mais novos não é a única fonte de
conhecimento e as empresas se querem evoluir devem apostar em qualificações
especializadas dos seus trabalhadores, para evitarem ou pelo menos atenuar
situações de risco.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia
Faria, Maria da Graça Lobato (1995), O Erro Humano. Lisboa: IDICT.
Lima, Teresa Maneca (2004), “Trabalho e Risco no Sector da Construção Civil em
Portugal: Desafios a uma cultura de Prevenção”, Oficina do CES, 211. Coimbra:
Centro de Estudos Sociais.
Martins, António Maria (1997), “Sistema de emprego e novos perfis profissionais”.
Sociologia – Problemas e Práticas, 24, 115‐139.
Webgrafia
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http://www.aeportugal.pt/Inicio.asp?Pagina=/Aplicacoes/Noticias/Noticia&Codigo
=4302
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acidentes nas instalações agrícolas”. Página consultada a 22 de Dezembro de 2008,
disponível em
http://www.ishst.pt/downloads/Bolsa_Textos/Bolsa_Artigos_SHST_15.pdf
Lopes, Luís (2002), “Avaliação de Riscos”. Página consultada em 10 de Dezembro de
2008, disponível em:
http://www.itcilo.it/actrav/english/calendar/2002/A1_2744/recurosos/avaliacao_
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Mateus, Cátia, Antunes, Marisa (2006), “Profissões de Risco”. Página consultada em
10 de Dezembro de 2008, disponível em:
http://clix.expressoemprego.pt/scripts/Actueel/displayarticle.asp?ID=1604&artCo
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Merck Sharp & Dohme (s.d.), “Seção 4 – Distúrbios dos Pulmões e das Vias Aéreas”.
Página consultada em 26 de Dezembro de 2008, disponível em http://www.msd‐
brazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/mm_sec4_38.html
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (2003), “Acidentes de Trabalho
2003”. Página consultada a 29 de Dezembro de 2008, disponível em:
http://www.dgeep.mtss.gov.pt/estatistica/acidentes/atrabalho2003.pdf
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (2008), “Boletim Estatístico”.
Página consultada a 30 de Dezembro de 2008, disponível em:
http://www.dgeep.mtss.gov.pt/estatistica/be/beout2008.pdf
Organización Internacional del Trabajo (2003), “La seguridad en cifras”. Página
consultada em 20 de Dezembro de 2008, disponível em:
http://www.osl.upf.edu/pdfs/report_esp.pdf.
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Anexo I – Página da Internet avaliada
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Anexo II – Texto de suporte da Ficha de Leitura Lima, Teresa Maneca (2004), “Trabalho e Risco no Sector da Construção Civil em
Portugal: Desafios a uma cultura de Prevenção”, Publicação seriada do Centro de
Estudos Sociais. Coimbra: Centro de Estudos Sociais. (versão para impressão)