Projecto Sustentável da Odebrecht
1 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
Prémio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável – Angola 2011
REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CONDENSAÇÃO DE AR
CONDICIONADO
RESUMO
O aproveitamento da água proveniente da condensação da humidade
existente no ar pelos aparelhos do ar condicionado para fins não potáveis não
é um conceito recente.
Em Angola, podemos verificar que a preocupação com as questões
ambientais é cada vez mais notória. Embora o aproveitamento deste recurso
nas nossas residências ainda seja desperdiçado.
Com este trabalho, pretendemos demonstrar a importância do
aproveitamento das águas que saem do aparelho de ar condicionado e propor
a implementação deste projecto nas novas urbanizações e não só.
Para melhor compreensão sobre este tema, elaboramos um pequeno
projecto com o objectivo de demonstrar a quantidade de água que andamos a
desperdiçar e convidar os leitores,a autoridade e a população angolana em
geral, prestarem atenção sobre a importância e benefícios económicos, sociais
e ambientais, que a concepção deste projecto de reaproveitamento da água de
ar condicionado vai trazer para a população angolana.
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2 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
1. INTRODUÇÃO
O aproveitamento das águas provenientes da condensação da
humidade existente no ar pelos aparelhos do ar-condicionado para fins não
potáveis, não é um conceito recente. Porém, infelizmente, ainda é no seio da
população Angolana.
Entrevistámos diversas pessoas sobre este tema e, curiosamente,
embora muitas delas já tivessem vivido em países mais desenvolvidos, todas,
no entanto, afirmaram nunca terem pensado ou ouvido falar disso. Ou seja, era
novidade para todos.
Entretanto, assim que terminávamos de explicar aos entrevistados sobre
as possibilidades da utilização dessas águas, as questões mais imediatas que
surgiam eram sobre as vantagens económicas desse sistema. Houve uns que
disseram que a família realmente fazia uso dessa água para utilização nas
sanitas quando há corte de água da rede, embora essa prática seja impulsiva e
não realmente calculada, ou seja só quando falta água na torneira é que a
atenção é orientada para essa. Outros afirmavam ter conhecimento de que
essa água era utilizada nas baterias das viaturas, mas não tinham a
sustentação técnica que lhes permitisse usá-la de forma fiável. Por outras
palavras, as pessoas, por vezes, embora inconscientemente, fazem práticas
sustentáveis, pelo que bem informadas e orientadas abraçarão amplamente
essas soluções, porquanto têm vantagens.
Em Angola, é cada vez mais notória a preocupação com as questões
ambientais, e com maior frequência as pessoas buscam recursos sustentáveis,
alguns por alternativa à precariedade, outros por benefícios imediatos e a longo
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prazo, de qualquer forma é patente o foco, embora gradual, que as questões
ambientais têm recebido. Entretanto, apesar de existir a vontade de usar
recursos sustentáveis, o seu aproveitamento nas nossas residências é mínimo
ou não existe, pelo que isso é um grande desperdício.
Sendo assim, atendendo ao crescimento urbano em Angola, pensamos
em implementar um sistema de captação, tratamento e aproveitamento da
água de condensação de ar-condicionado para diversas finalidades, dentro de
uma política sócio-ambiental, uma vez que em todos os prédios existem
aparelhos de ar condicionado. Pois, para quê mais desperdiçar recursos?
2. OBJECTIVO GERAL
O nosso objectivo geral, consiste em demonstrar a importância do
aproveitamento das águas que sai do ar-condicionado e propor a
implementação deste projecto nas novas urbanizações e não só; o que vamos
fazer pela demostração da utilidade de criação de um sistema de captação,
armazenamento e aproveitamento das águas de condensação dos aparelhos
de ar condicionado.
3. OBJECTIVOS ESPECÍFICO
Como objectivo específico pretendemos:
- Definir os conceitos termodinâmicos básicos, associados ao fenómeno de
condicionamento do ar bem como o processo de refrigeração por compressão
de vapor.
- Simular a quantidade prevista da produção da água para um determinado
edifício.
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- Definir as diversas aplicações das águas do ar condicionado. Demonstrar os
benefícios económicos, sociais e ambientais, que a concepção do projecto de
reaproveitamento da água de ar-condicionado traz para a população angolana.
4. REFERÊNCIAL TEÓRICO
4.1. MÁQUINAS FRIGORÍFICAS (AR-CONDICIONADO)
Sabe-se por experiência, que o calor se escoa na direcção da
diminuição da temperatura. Ou seja, de regiões de temperatura mais elevada
para as de menor temperatura. Este processo de transferência de calor ocorre
na natureza sem necessidade de qualquer dispositivo. Contudo, o processo
inverso não ocorre espontaneamente. A transferência de calor de uma região a
uma baixa temperatura para outra a uma temperatura elevada requer
dispositivos especiais denominados máquinas frigorificas.
As máquinas frigoríficas são dispositivos cíclicos sendo o fluido operante
denominado frigorigénio ou freon (como habitualmente é chamado).
A função de uma máquina frigorífica é manter o espaço arrefecido a uma
temperatura baixa através da remoção de calor que é descarregada para um
meio a uma temperatura mais elevada (função esta, desempenhada por um ar-
condicionado).
Em engenharia, encontramos várias misturas gás-vapor. A mistura ar-
vapor é a mistura gás-vapor mais comum na prática. E o condicionamento do
ar é a principal aplicação de misturas ar-vapor de água.
Para analisarmos melhor os fenómenos de condicionamento do ar, bem
como o processo de refrigeração por compressão de vapor, é conveniente
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debruçarmos primeiro sobre os conceitos, o que certamente levará à melhor
compreensão deste processo.
4.2. A LEI BÁSICA DE REFRIGERAÇÃO
A lei básica de refrigeração determina que:
a) Todos os líquidos quando se evaporam, absorvem o calor do meio
ambiente.
b) A temperatura a que qualquer líquido se vapora ou vaporiza depende
directamente da pressão a que está sujeito.
c) Qualquer vapor pode condensar-se ou liquefazer-se se for
convenientemente comprimido e arrefecido.
4.3. TRANSFORMAÇÕES DO FLUIDO REFRIGERANTE (CICLO
FRIGORÍFICO)
Numa máquina frigorífica o fluido refrigerante, em cada ciclo, é sujeito
(em termos teóricos) a quatro transformações bem definidas a saber (ver
fig1):
a) Uma compressão: aumento de pressão e temperatura com diminuição do
volume específico, realizada no compressor à custa do trabalho exterior
(do motor que acciona o compressor).
b) Uma condensação: o gás comprimido é condensado ou liquefeito, com
diminuição do seu volume específico, mantendo-se constante a pressão e
a temperatura. Nesta transformação, realizada no condensador, o fluido
cede o seu calor latente de vaporização ao meio ambiente (água ou ar).
c) Uma expansão: na válvula expansora o fluido é submetido a uma queda de
pressão acompanhada de um aumento do seu volume específico e à
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Ciclo de refrigeração teórica no diagrama
entrópico (T-s)
1-2 Compressão adiabática (compressor)
2-3 Condensação e P const. (condensador)
3-4 Expansão adiabática (válvula expansora)
4-1 Vaporização, T e P const. (evaporador)
descida da temperatura. Inicia-se aí a mudança de fase (a vaporização) e
é neste órgão (a válvula expansora) que na realidade é produzida a
temperatura mais baixa do ciclo.
d) Uma vaporização (ebulição): a mudança de estado (passagem completa
do líquido a gás ou vapor) processa-se no evaporador e corresponde a
uma transformação que decorre a pressão e temperatura constantes com
aumento do volume específico do fluido. E nesta fase do ciclo que se dá a
absorção de calor do meio a arrefecer, pelo fluido. O meio ambiente (as
serpentinas e espaços a arrefecer) vê assim a sua temperatura baixar por
lhes ser removida parte do calor.
4.4. DEFINIÇÃO DO REFRIGERANTE
Qualquer substancia utilizada em refrigeração, que facilmente absorve
ou cede calor, designa-se como refrigerante. Este pode mudar do estado
líquido para o estado de vapor ao baixar-lhe a pressão a que está sujeito, ou
vice-versa, quando lhe aumentarmos a pressão ou o sujeitarmos a um
arrefecimento.
Fig.1.Esquema do diagrama T-s de um ciclo frigorífico ideal de compressão de vapor
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Fig.2. Diagrama psicrométrico que representa a
zona de conforto
Assim quando o refrigerante passa do estado liquido para o estado de
vapor absorve o calor latente de vaporização.
Quando passa de estado de vapor ao estado líquido cede o calor latente
ao exterior.
5. DESENVOLVIMENTO
O objectivo deste trabalho não visa conceber um projecto de captação e
armazenamento mas sim demonstrar a sua importância e que é possível fazê-
lo. Não podemos falar directamente da água de condensação e da sua
aplicação sem primeiro explicarmos o fenómeno associado à sua formação,
poishá a necessidade de percebermos de que forma ou quais os conceito que
estão por detrás da produção da água da condensação, o que nos levará a
umaexplicação sumária das propriedades da ar.
5.1 PROCESSO TERMODINÂMICO PARA OBTENÇÃO DA
CONDENSAÇÃO
Em alguns processos, a água é removida do ambiente, e noutros é
adicionada a este, pois, a quantidade de vapor de água no ambiente tem
grande influência no conforto humano. Essa quantidade de vapor de água,
varia com a temperatura do ar. A finalidade do ar condicionado é criar
condições e conforto no local a
climatizar.
A sensação de conforto varia
segundo as pessoas, seu metabolismo,
idade, sexo, estado físico, roupas que
usa, actividade que desenvolve,
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condições atmosféricas exteriores, estação do ano, características do edifício,
etc.
Depois de diversos estudos e investigação feita chegou-se à chamada
zona de conforto marcada no diagrama psicrométrico, que representa
estatisticamente a zona aceitável de conforto (ver fig.2).
5.1.1. AR SECO E AR ATMOSFÉRICO
O ar seco é uma mistura de azoto, oxigénio e de outros gases em
pequenas quantidades. O ar da atmosfera contém normalmente algum vapor
de água (ou humidade), e é designado por ar atmosférico. O ar que não
contém vapor de água é designado por ar seco.
Embora a quantidade de vapor de água no ar seja pequena, ela
desempenha um papel importante para o conforto do corpo humano, sendo um
elemento importante em aplicação de ar condicionado.
5.1.2. FACTORES QUE AFECTAM O CONFORTO TÉRMICO
5.1.2.1. Humidade
Se o ar for muito seco, as mucosas da boca, nariz e pulmões são
afectadas, resultando uma sensação de secura e desconforto.
Se o ar for muito húmido o corpo sua constantemente, não conseguindo
manter um regime adequado de evaporação.
Assim, variando conforme as pessoas e a época do ano, a humidade
deve variar entre 40 % a 60 %: A humidade no ar que por ele é retida, no acto
do seu condicionamento exprime-se em %.
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Esta por sua vez recebe três designações que passamos a descrever:
a) Humidade Absoluta que é a massa de água por unidade de volume de
ar (1 kg/m3) ou (glcm3).
b) Humidade Especifica que é a massa de água por unidade de massa de
ar seco(1 Kg/ Kg ar seco) ou (1g /cm ar seco).
c) Humidade Relativa que é a relação entre o peso de vapor de água
contido no ar húmido e o peso que essa mesma amostra pode conter
quando saturada à mesma temperatura expressa em %.
Esta última descrita é a mais importante, é o factor de maior importância
na sensação de conforto.
Outro aspecto importante que nos falta abordar para completar a nossa
breve análise sobre o processo do aproveitamento da água de condensação
éo conhecimento sobre a temperatura de orvalho.
5.1.2.2. Temperatura / Calor do Ar
O corpo humano está a uma temperatura constante e agradável de
37oC (no interior e não na superfície). Sabendo que qualquer afastamento
deste valor pode ser perigoso para a saúde. Assim o nosso corpo mantém
"automaticamente" o equilíbrio da temperatura graças a uma perda contínua
do calor que recebe do meio ambiente e dos processos internos.
Para se verificar transferência de calor entre dois corpos é necessários
que tenham temperaturas diferentes, assim para que o corpo receba calor do
meio ambiente, este deve estar a uma temperatura superior a 37 oC e vice-
versa.
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Esses ganhos ou perdas de calor podem acontecer pelos processos
normais de transferência de calor que são: radiação, irradiação, convecção,
condução e ainda pelos processos que os seres vivos comportam, como a
evaporação (pelo suor) e pelos processos internos que provêm da oxidação do
alimentos e outros processos químico do nosso metabolismo.
5.2. TEMPERATURA DE ORVALHO
O nosso clima é ligeiramente húmido. E por isso estamos habituados a
ver, ao levantarmos nas manhas, as relvas húmidas e temos a plena certeza
que durante a noite não choveu. Então o que aconteceu? Bem, o excesso de
humidade no ar simplesmente condensou-se nas superfícies frias, formando o
que nós designamos por orvalho.
No verão, uma quantidade significativa de água vaporiza-se durante o
dia. À medida que a temperatura baixa durante a noite, também diminui a
“capacidade de retenção de humidade” do ar, que é a máxima quantidade de
humidade que o ar suporta.
O que é que acontece a humidade relativa durante este processo?
Passando algum tempo a humidade do ar iguala a sua capacidade máxima.
Neste ponto, o ar esta saturado, sendo a humidade relativa de 100%.
Qualquer diminuição de temperatura, resulta na condensação de parte
da humidade, iniciando-se o processo de formação de orvalho.
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Fig.3. Arrefecimento do ar húmido a uma
pressão constante e à temperatura de
orvalho, representado no diagrama de T-s
para a água
A temperatura de orvalho (Torv) é
definida como a temperatura sob a qual
a condensação se inicia, quando o ar é
arrefecido a uma pressão constante. Por
outras palavras, Torv é a temperatura de
saturação da água correspondente à
pressão de vapor.
A medida que o ar arrefece à pressão constante, a pressão do vapor
permanece constante. Assim, (ver fig.3) o vapor presente no ar (estado1) sofre
um arrefecimento à pressão constante até atingir a linha de vapor saturado
(estado2).
A temperatura neste ponto é Torv e, caso a temperatura baixe ainda
mais, condensa algum vapor. Como consequência, a quantidade de vapor no
ar diminui levando a uma diminuição da pressão de vapor (Pv). O ar mantém-se
saturado durante o processo de condensação, seguindo um percurso de 100%
de humidade relativa (a linha de vapor saturado), e assim a temperatura
corresponde à temperatura de orvalho do ar saturado.
Com melhores esclarecidos sobre o tema, vamos agora analisar os
fenómenos reais de condensação do ar que ocorre no nosso dia-a-dia.
Trouxemos situações simples e de fácil compreensão. Viajem connosco.
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Fig.4.
Fig.5.
1ª Situação
Imaginemos uma lata de bebida fresca (ver fig.4)
Quando tiramos uma lata de bebida fresca de um
frigorífico num dia quente e húmido, vemos que se formam
gotas de água à superfície da lata. E estas gotas são a
formação de orvalho na lata, o que indica que a sua temperatura é inferior à
temperatura de orvalho do ar circundante.
2ª Situação
Imaginemos o embaciamento da janela da nossa casa (ver fig.5)
No tempo de cacimbo, ocorre
frequentemente condensações nas faces interiores
dos vidros das nossas janelas, devido às
temperaturas mais baixas nas suas proximidades.
Imaginemos uma casa com o ar a 20ºC e 75% de
humidade relativa. A condensação de humidade do
ar nas faces interiores dos vidros vai iniciar-se a uma
temperatura de 15,3ºC.
Vamos ver então como ocorre este fenómeno:
A distribuição da temperatura numa casa não é geralmente uniforme;
quando a temperatura exterior diminui no cacimbo, também diminui a
temperatura interior junto às janelas e às paredes. Por conseguinte, o ar junto à
janelas e às paredes permanece a uma temperatura mais baixa que nos
espaços mais interiores da casa, não obstante, a pressão total e a pressão de
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13 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
vapor permanecem constantes por toda a casa. Como resultado, o ar junto às
janelas e parede sofre um arrefecimento à pressão constante, até que a
humidade do ar começa a condensar. Tal acontece quando o ar atinge a
temperatura de orvalho Torv.
A temperatura de orvalho é determinada a partir da equação seguinte:
(tabela A-5,ver no anexo)
Em que
(tabela A-4,ver no anexo)
Assim:
(tabela A-5, ver no anexo)
Em conclusão, a fase interna da janela deverá ser mantida acima de
15,3 ºC caso se pretenda evitar a condensação nas suas superfícies.
Depois desta nossa viagem, podemos afirmar que estamos aptos para
partir para a etapa seguinte, que consiste na elucidação sobre a necessidade
da criação dum sistema de captação, armazenamento e aproveitamento das
águas de condensação dos aparelhos de ar condicionado.
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5.3. ÁGUA DESTILADA - ÁGUA DE CONDENSAÇÃO DE AR
CONDICIONADO
A água destilada é a água obtida por meio da destilação
(condensação do vapor de água obtido pela ebulição ou pela evaporação)
de água não pura (que contém outras substâncias dissolvidas).
Para além da sua produção em laboratório, por meio dacombustão
do gás hidrogênio, a água destilada pode ser recolhida dos
desumidificadores, pelos aparelhos de ar condicionado e ainda sob a forma
de chuva.
A água destilada é,em princípio, uma substância pura e isenta de
sais dissolvidos, em detrimento da água potável que é uma solução. A água
destilada tem pH neutro (pH7), e em sua composição existem unicamente
as moléculas de água, constituídas pelos elementos 0xigénio e Hidrogênio.
A água destilada em outros termos água pura tem uma densidade
(ou massa volumétrica) de 1 grama por centímetros cúbico (1 g/cm3) ou
1000 quilograma por metros cúbicos (1000 kg/m3).
A água da chuva é naturalmente destilada, porque a evaporação
elimina os sais dissolvidos, mas torna-se levemente acidificada, tendo pH
inferior a 7, pela absorção do CO2, o dióxido de carbono atmosférico. Pelo
facto da água destilada estar em contacto com a atmosfera, irá dissolver o
dióxido de carbono (entre outros gases).Na prática, muito dificilmente
poderemos assegurar a pureza total de uma água destilada.
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15 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
Em algumas bibliografias não recomendam o consumo da água
destilada porque ela não contém sais que o nosso organismo precisa para
realizar as suas funções. Porém, existem outras bibliografias que afirmam que
a água destilada ou desmineralizada pode ser consumida, desde que a
alimentação contenha os sais necessários ao nosso organismo. Alguns autores
afirmam que a água destilada pode prevenir ou diminuir o risco de
aparecimento de pedras nos rins. Há riscos também em tomar água destilada,
na maioria dos casos ela causa diarréia.
Em diversos países da Ásia, são comercializadas diversas marcas de
água destilada para consumo humano. No entanto, o consumo desta água
desmineralizada não deverá ser assumido como benéfico para toda a gente,
uma vez que o seu efeito no organismo dependerá de diversos fatores, a maior
parte dos quais não controlamos. Em determinadas situações, poderá provocar
carências iônicas e desmineralização.
A água destilada é utilizada em vários procedimentos de âmbito medico-
hospitalar, odontologicos e laboratoriais porque este produto apresenta uma
qualidade isenta de iões e impurezas orgânicas também apresenta uma
baixíssima condutividade electrica, permitindo sua utilização com total
compatibilidade química em contacto com equipamentos e utensílios.
5.4. REAPROVEITAMENTOSPOSSÍVEIS DA ÁGUA DE
CONDENSAÇÃO DO APARELHO DE AR CONDICIONADO
Conforme foi aflorado na introdução, existe pouco conhecimento sobre o
aproveitamento possível da água de condensação. Procuramos, entretanto,
trazer ao leitor e ao público angolano em geral, uma panóplia de diversificadas
formas como esta água pode ser aproveitada.
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16 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
A água destilada pode ser utilizadas para diferentes fins, e ainda tem a
vantagem de evitar a acumulação de calcários:
a) Baterias ou acumuladores do automóvel;
b) Reservatórios de limpa vidros dos automóveis.
c) Radiadores de automóveis.
d) Ferros de engomar a vapor e descoladores a vapor;
e) Irrigação das áreas verdes e pomares
f) Lavagem das roupas
g) Lavagem das viaturas
h) Serviços gerais como lavagem de pisos de fachadas, passeios etc
i) Reserva para combate ao incêndio (no caso de um condomínio)
j) Utilização e alimentação de bacias sanitárias, etc
5.5. CALCULO SIMULADO DA QUANTIDADE DE ÁGUA DE
CONDENSAÇÃO DE A.C.PRODUZIDA
Escolhemos para o estudo simulado, 30 prédios de 14 andares do
projecto habitacional situado no município de Viana, em Luanda. (Ver fig.5.)
Cada prédio contém 112 apartamentos.
Fig.5.Projecto habitacional
do Zango
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Como pressuposto teórico, afixamos alguns parametros que serviram de
suporte para tornar o nosso estudo viável e simplificado.
PRESSUPOSTOS
1. Cada apartamento tem 4 compartimentos
2. Cada compartimento tem 1 ac, perfazendo 4 ac’s, sendo 3 com 9000 btu e 1 com 12000 btu.
3. O aparelho de 12000 btu localiza-se na sala.
4. Os aparelhos de 9000 btu localizam-se nos quartos.
5. Cada aparelho de 9000 btu produz 500 ML/H.
6. Cada aparelho de 12000 btu produz 750 ML/H.
7. Os aparelhos trabalham em média 20 h/dia.
LISTAGEM DOS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS AO CÁLCULO
Nº DESIGNAÇÃO DESCRIÇÃO
1 Projecto Aproveitamento da água de condensação do ar condicionado
2 Localidade Zango - ao sair da via express
3 Instalação - designação Prédio zango
4 Quantidade de prédio 30
5 Nº de andar por prédio 14
6 Nº de apartamento por andar 8
7 Nº de comportamento por apartamento 4
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8 Nº de ac por compartimento 4
9 Nº de ac de 9000 btu por compartimento 3
10
Nº de ac de 12000 btu por
Compartimento 1
11 Nº de ac de 9000 btu por prédio 336
12 Nº de ac de 12000 btu por prédio 112
13 Total dos ac’s de 9000 btu em 30 prédios 10.080
14
Total dos ac’s de 12000 btu em 30
Prédios 3.360
15 Total dos ac´s por prédio 448
16 Total de ac´s em 30 prédios 13.440
17 Produção de água no ac de 9000 btu /h 0,5 l/h
18 Produção de água no ac de 12000 btu/h 0,75 l/h
Resolução :
Num prédio,
Água produzida por ac de 9000 btu/h 168 l/h = 0,168 m3/h
Água produzida por ac de 9000 btu/dia 3.360 l/dia =3,36 m3/dia
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Água produzida por AC de 9000 BTU/més 100.800l/mês =100,8 m3/mês
Água produzida por AC de 9000 BTU/ANO 1.209.600 L/ANO = 1209,6 M3/ANO
Água produzida por AC de 12000 BTU/H 84 L/H = 0,084 M3/H
Água produzida por AC de 12000 BTU /DIA 1.680 L/DIA = 1,68 M3/DIA
Água produzida por AC de 12000 BTU /MÊS 50.400 L/MÊS =50,4 M3/MÊS
Água produzida por AC de 12000 BTU /ANO 604.800 L/ANO =604,8 M3/ANO
Em 30 prédios,
Água produzida por AC de 9000 BTU /H 5.040 L/H =5,04M3/H
Água produzida por AC de 9000 BTU /DIA 100.800 L/DIA = 100,8 M3/DIA
Água produzida por AC de 9000 BTU /MÊS 3.024.000 L/MÊS = 3024 M3/MÊS
Água produzida por AC de 9000 BTU /ANO 36.288.000 L/ANO =36.288 M3/ANO
Água produzida por AC de 12000 BTU /H 2.520 L/H = 2,52 M3/H
Água produzida por AC de 12000 BTU /DIA 50400 L/DIA = 50,4 M3/DIA
Água produzida por AC de 12000 BTU /MÊS 1.512.000 L/MÊS =1512 M3/MÊS
Água produzida por AC de 12000 BTU /ANO 18.144.000 L/ANO = 18.144 M3/ANO
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20 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
CONCLUSÃO:
Cada prédio produziria:
Por hora 252 l/h = 0,252 m3/h
Por dia 5040 l/dia = 5,04 m3/dia
Por mês 151200 l/mês = 151,2 m3/mês
Por ano 1.814.400 l/ano = 1.814,4 m3/ano
E todos os prédios no total de 30 produziriam,:
Por hora 7560 l/h = 7,56 m3/h
Por dia 151.200 l/dia = 151,2 m3/dia
Por mês 4.536.000 l/mês =4.536 m3/mês
Por ano 54.432.000 l/ano = 54.432 m3/ano
Os valores de produção de água por hora, para o aparelho com
capacidade de 9000 BTU’s e 12000 BTU’s foram encontrados a partir de
experiências que efectuámos, recolhendo água por um período de 24 horas
dos dois aparelhos, tendo condensado respectivamente 12 e 18 litros.
As experiências não foram feitas nas condições propícias devido àfraca
energia eléctrica. O que nos leva a concluir que em situação de funcionamento
com energia estável produzir-se-á mais água de condensação.
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21 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
6. CONCLUSÃO
A quantidade de água que um ar condicionado libera, depende muito da
marca, da potência e do ambiente em que o aparelho de ar condicionado está
a funcionar. Há alguns anos atrás, a água era barata porque era abundante.
Com o crescimento populacional acentuado e desordenado, caso da cidade de
Luanda, o que era abundante está a tornar-se hoje escasso.
Da pressão económica e sócio-ambiental aos novos empreendimentos,
no que concerne à implementação de medidas que visam a diminuição de
consumo de água potávele a procura da fontes alternativas de água, todos
esses factores obrigam a materialização de uma política de aproveitamento das
águas com urgência.
Nesta óptica, o reaproveitamento da água da condensação do ar
condicionado (água destilada), pela sua característica química e física, e pelas
suas diversidades de aplicações, reduziria radicalmente o uso de água potável
para diversos fins.
Pelo baixo custo da construção de uma instalação para captação e
conservação destas águas, e pela sua obtenção a custo zero, em pouco tempo
recupera-se o custo de investimento da construção da instalação para dar lugar
ao ganho significativo e benefício económica e sócio-ambiental da população
angolana, conforme apresentamos no cálculo simulado da sua captação.
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22 Reaproveitamento da Água do Ar-condicionado
7. BIBLIOGRAFIA
Dr. Yunus A. Çengel, Dr. Michael A. Boles – Thermodynamics na Engineering
Approach– McGraw-Hill - Second Edition
FRANKLIN, Benjamin, Cooling by Evaporation (carta a John Lining), Londres, 17 de Junho de 1758
CHAVES, Flávio, Instalações de Climatização e Refrigeração, Abrantes: Instituto Politécnico de Tomar, 2009
Dicionário Técnico – Científico Ilustrado