PROPOSTA DE LEI
da REFORMA DO IRS
TAX FLASH
ROGÉRIO ALVES & ASSOCIADOS
SOCIEDADE DE ADVOGADOS, RL
AVENIDA ÁLVARES CABRAL, n.º 61 · 4.º 1250 - 017 LISBOA
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OUTUBRO 2014
INTRODUÇÃO
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2014 ficará marcado, no plano fiscal, como o ano das reformas. Se a proposta de Lei do Orçamento
do Estado para 2015 foi parca em alterações relevantes, tal deve-se ao facto de ter existido uma
opção pela apresentação de medidas impactantes através de documentos autónomos.
Nesta senda, o Governo apresentou, em 23 de outubro último, a Proposta de Lei da Reforma do
IRS, a qual contém modificações significativas ao regime atualmente em vigor.
Embora ainda sujeita a discussão e aprovação pela Assembleia da República, apresentamos uma
análise das principais medidas constantes daquela Proposta.
Sem prejuízo de não se alterarem as taxas deste imposto, nem sendo introduzidos novos escalões,
a Proposta contém, em geral, uma reforma positiva.
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INTRODUÇÃO
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A tributação conjunta deixa de ser imposta, passando a regra a ser a da tributação separada,
assim se eliminando a discriminação negativa de contribuintes casados.
A família é, finalmente, considerada de forma relevante, nomeadamente através da introdução de
um quociente familiar, atendendo ao número de dependentes e de ascendentes que compõem o
real agregado familiar.
Reconhece-se, também ao nível fiscal, a realidade que hoje é vivida pelos Portugueses,
designadamente quanto à mobilidade laboral – nacional e internacional – que, imposta ou
escolhida, é conhecida de todos.
É, consequentemente, alterado o regime da residência fiscal, passando a prever-se o conceito de
residência parcial.
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INTRODUÇÃO
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Através de uma cláusula de salvaguarda, garante-se que o imposto a pagar referente aos
rendimentos de 2015, 2016 e 2017 não será superior àquele que resultaria das regras de 2014.
Aguardaremos, no entanto, a verificação do modo de funcionamento da cláusula de salvaguarda
(introduzida agora na Proposta – já que não constava daquela apresentada pela Comissão de
Reforma).
De facto, a eliminação de algumas deduções tradicionalmente consideradas (como aquelas
referentes a juros de empréstimos à habitação e de rendas relativas a habitação própria e
permanente) por um lado, bem como a sujeição da consideração dos previstos abatimentos e
deduções ao sistema da “e-fatura”, por outro lado, poderá aumentar substancialmente o imposto
a pagar em 2015.
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TRIBUTAÇÃO SEPARADA
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“Quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a cada cônjuge
ou unido de facto, (…), a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta.”
Atualmente, os contribuintes casados apresentam, obrigatoriamente, a sua declaração de
rendimentos de forma conjunta. Tal configurava-se como uma discriminação em relação aos
contribuintes não casados que se pretende, assim, eliminar.
Nestes termos, a regra passa a ser a da tributação separada. Apenas será conjunta se os
contribuintes casados ou unidos de facto assim o pretenderem e declararem, em cada ano.
Tal alteração origina uma importante consequência: a responsabilidade dos cônjuges pelo
pagamento do imposto (no caso de tributação separada) seguirá o regime constante do Código
Civil quanto às dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges. Na prática, no entanto, revelar-se-
á, certamente, de execução complexa.
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TRIBUTAÇÃO SEPARADA
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Os contribuintes casados que não optem pela tributação conjunta poderão incluir, nas respetivas
declarações, os dependentes. Assim, cada dependente poderá passar a integrar duas
declarações de rendimentos.
Neste caso, cada progenitor declarará 50% dos rendimentos do dependente, considerando
também apenas 50% do valor das deduções à coleta previstas.
Passa a ser considerado dependente o descendente que não tenha mais de 25 anos que não
aufira rendimento superior ao valor da remuneração mensal mínima (eliminando-se a atual
exigência de frequência de estabelecimento de ensino).
Apesar da individualização do imposto, no caso de falecimento de um dos cônjuges, o cônjuge
sobrevivo deverá cumprir as obrigações declarativas de ambos, mesmo em caso de tributação
separada.
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QUOCIENTE FAMILIAR
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Introduz-se um quociente familiar, ao invés do atual quociente conjugal (nos termos do qual, no
caso de contribuintes casados, a taxa de imposto é aplicada ao rendimento coletável dividido por
dois).
Assim:
Nos casos em que haja opção pela tributação conjunta, cada dependente e/ou ascendente será
considerado em 0,3. O rendimento coletável será dividido por 1+1+(0,3 x número de dependentes
ou ascendentes);
Sendo a tributação separada, cada dependente e/ou ascendente será considerado em 0,15. O
rendimento coletável será dividido por 1+(0,15 x número de dependentes ou ascendentes).
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QUOCIENTE FAMILIAR
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É, no entanto, fixado um limite máximo para a redução da coleta em função deste quociente
familiar. Esta redução não pode ser superior a:
Quando haja tributação separada,
(a) €300,00 nos agregados com um dependente; (b) €625,00 nos agregados com dois
dependentes; (c) €1.000,00 nos agregados com três ou mais dependentes.
Quando haja tributação conjunta,
(a) €600,00 nos agregados com um dependente; (b) €1.250,00 nos agregados com dois
dependentes; (c) €2.000,00 nos agregados com três ou mais dependentes.
No caso de famílias monoparentais,
(a) €350,00 nos agregados com um dependente; (b) €750,00 nos agregados com dois
dependentes; (c) €1.200,00 nos agregados com três ou mais dependentes.
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QUOCIENTE FAMILIAR
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À semelhança do fixado na Proposta do Orçamento do Estado para 2015, no caso de serem
positivos os resultados alcançados com a presente reforma, por um lado, e de ser também positiva
a evolução económica e financeira do País, por outro (fórmula demasiado ampla e genérica, quase
vazia de conteúdo), determina-se já a possibilidade de aumentar o quociente do dependente e
ascendente, em 2016 e 2017.
2016: 0,4 no caso de tributação conjunta e 0,2 no caso de tributação separada
2017: 0,5 no caso de tributação conjunta e 0,25 no caso de tributação separada
Os limites à redução da coleta apurada por aplicação do quociente familiar serão, nos mesmos
termos, aumentados em 12,5% em cada um dos anos indicados.
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RESIDÊNCIA FISCAL
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No âmbito da definição da residência fiscal em Portugal, são introduzidas alterações
significativas, designadamente através da introdução da residência parcial.
O critério geral referente ao número de dias de permanência em Portugal (183) passa a relevar
para qualquer período de 12 meses, com início ou fim no ano em causa. Considera-se como dia de
presença em Portugal qualquer dia, completo ou parcial, que inclua dormida em território nacional.
Assim, a pessoa passa a considerar-se residente fiscal em Portugal a partir do primeiro dia do
período de permanência neste país, e deixa de o ser quando abandone o mesmo.
Consequentemente, o contribuinte que passe a ser, ou que deixe de ser, residente em Portugal,
deve comunicar à Administração Tributária e Aduaneira tal situação, no prazo de 60 dias a
contar da verificação do facto (ao contrário do normativo hoje vigente, que não estabelece um
prazo para o efeito).
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RESIDÊNCIA FISCAL
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“A residência fiscal é aferida em relação a cada sujeito passivo do agregado”. Elimina-se, e como
consequência da introdução da tributação separada, a norma que prevê que uma pessoa é
residente sempre o seu cônjuge o seja – norma que, no cenário de mobilidade internacional
atual, é causadora de dificuldades de complexa resolução.
Sem prejuízo da residência parcial apresentada, nos casos em que o sujeito passivo perca a
qualidade de residente em Portugal, mas em que:
Permaneça em território nacional, mais de 183 dias, seguidos ou interpolados, nesse ano; e
Obtenha, durante esse ano e após o último dia em que foi residente em Portugal, rendimentos que
seriam sujeitos e não isentos de IRS caso fosse residente,
Então será tributado como residente durante a totalidade do ano em que perca essa qualidade
(salvo se demonstrar que os rendimentos auferidos são tributados por imposto idêntico devido no
país da atual residência).
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RESIDÊNCIA FISCAL
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Adicionalmente, o sujeito passivo considerar-se-á também residente durante a totalidade do ano,
sempre que volte a adquirir a qualidade de residente durante o ano subsequente àquele em que
perdeu essa qualidade.
A medida é de aplaudir: atualmente, no ano da “mudança” de país, o contribuinte depara-se com
dificuldades extremas relativas aos seus rendimentos, as quais poderão ser atenuadas com o novo
regime.
Em termos práticos, sempre que, no mesmo ano, um contribuinte tenha dois estatutos de
residência, procederá à entrega de duas declarações de rendimentos: uma relativa ao período
em que foi residente, outra referente àquele de não residência (se aqui obtiver rendimentos
durante o mesmo).
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ABATIMENTOS
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Quanto às despesas de formação e educação, deixam de ser dedutíveis à coleta, passando a ser
dedutíveis à totalidade dos rendimentos líquidos do sujeito passivo, com o limite de €1.000,00
por cada sujeito passivo ou dependente (se o dependente constar de mais do que uma declaração,
o limite é de €500,00 por cada uma).
Estas despesas de formação e educação só são dedutíveis se constarem de faturas devidamente
emitidas com o número fiscal do sujeito passivo ou dependente e comunicadas pelo respetivo
emitente à Autoridade Tributária e Aduaneira. As faturas deverão conter apenas despesas
dedutíveis e ser enquanto tal discriminadas pelo sujeito passivo no Portal das Finanças.
É, também aqui, reforçado o papel do contribuinte no combate à fraude e evasão fiscal.
Sem prejuízo dos limites supra indicados, este abatimento não pode exceder €2.250,00 por
declaração de rendimentos, sendo elevado para o dobro em caso de tributação conjunta.
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DEDUÇÕES À COLETA
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Deduções dos dependentes e ascendentes
Dedução por cada dependente: montante fixo de €325,00.
(se o dependente integrar mais do que uma declaração de rendimentos, o valor é reduzido a
metade)
Dedução por cada ascendente que não aufira rendimento superior à pensão mínima: montante fixo
de €300,00.
Dedução das despesas gerais familiares
Institui-se a possibilidade de dedução de 40% do valor de quaisquer despesas (desde que
constantes de faturas com o número fiscal do contribuinte e comunicadas à Autoridade Tributária e
Aduaneira), salvo despesas de saúde, com o limite de €300,00 por cada sujeito passivo.
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DEDUÇÕES À COLETA
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Dedução de despesas de saúde
Passa a ser dedutível à coleta 15% do valor suportado em despesas de saúde, com o limite de
€1.000,00.
À semelhança das deduções anteriores, as faturas deverão ter sido objeto de comunicação à
Autoridade Tributária e Aduaneira.
Dedução pela exigência de fatura
Mantém-se o regime atual, de dedução de 15% do IVA suportado referente a faturas (devidamente
comunicadas) de serviços de manutenção automóvel, alojamento, restauração, salões de
cabeleireiro e institutos de beleza.
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DEDUÇÕES À COLETA
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Dedução de pensão de alimentos
Mantém-se a dedução à coleta de 20% do valor suportado relativamente a pensões de alimentos,
embora sem limite (atualmente sujeito a limite mensal de um IAS por beneficiário).
Eliminação de deduções
São revogadas as previsões especiais relativas a deduções de encargos com lares e com imóveis
(designadamente juros de empréstimos e rendas).
Estas despesas passariam a integrar as despesas gerais familiares (abatimento). No entanto, a regra
para a dedução é, sem dúvida, a dependência da chamada “e-fatura”. Ora, as instituições de
crédito não comunicam à Autoridade Tributária e Aduaneira os juros pagos. Nem os senhorios,
pessoas singulares, comunicam as rendas pagas se apenas passarem um recibo.
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DEDUÇÕES À COLETA
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As deduções são possíveis apenas nos casos em que a declaração de rendimentos seja entregue
no prazo estabelecido para o efeito. Fora desse prazo, a dedução deixa de operar.
A Autoridade Tributária e Aduaneira disponibilizará, até ao final do mês de fevereiro do ano
seguinte ao da emissão das faturas, o montante das deduções à coleta. No caso de o contribuinte
não concordar com o mesmo, poderá apresentar reclamação graciosa até 15 de março do ano
seguinte ao da emissão das faturas.
Na prática, é conferido ao contribuinte o prazo de 15 dias para confirmar se constam do Portal das
Finanças todas as faturas que lhe foram emitidas.
Considerando a quantidade de despesas de um agregado familiar, durante um ano, parece ser
excessivamente curto o prazo para tal confirmação. Adicionalmente, temos dúvidas sobre a
aplicabilidade prática deste mecanismo, excessivamente complexo.
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CLÁUSULA DE SALVAGUARDA
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Da aplicação das normas decorrentes da utilização do quociente familiar, da dedução das despesas
de educação e formação, bem como das demais deduções à coleta, não poderá resultar,
relativamente aos rendimentos de 2015, 2016 e 2017 um imposto superior ao que resultaria
das disposições em vigor em 2014.
Os sujeitos passivos poderão optar pela aplicação do regime mais favorável na declaração de
rendimentos apresentada dentro do prazo legal, devendo, nesse caso, confirmar na mesma todas
as despesas de saúde, educação e habitação, e discriminar no Portal das Finanças todas as faturas,
procedendo, se for o caso, à recolha das que estiverem em falta.
A Autoridade Tributária e Aduaneira enviará, nestes casos, a nota demonstrativa da
liquidação mais favorável ao contribuinte.
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TRABALHO DEPENDENTE
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Passam a ser considerados rendimentos de trabalho dependente os resultantes de empréstimos
sem juros ou a taxa de juro inferior à de referência, concedidos ou suportados pela entidade
patronal, com exceção dos que se destinem à aquisição de habitação própria e permanente de
valor não superior a €180.426,40 (atualmente, €134.675,43) e cuja taxa não seja inferior a 70%
(hoje, 65%) da taxa mínima de proposta aplicável às operações principais de refinanciamento pelo
Banco Central Europeu, ou de outra taxa legalmente fixada como equivalente.
O rendimento anual decorrente da atribuição de viatura pela entidade patronal passa a
corresponder ao produto de 0,75% do seu valor de mercado (atualmente, do seu custo de
aquisição), reportado a 1 de janeiro do ano em causa, pelo número de meses de utilização da
mesma. O valor de mercado é aferido em função do coeficiente de desvalorização estabelecido.
O conceito de entidade empregadora passa a abranger as entidades em relação de simples
participação.
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TRABALHO DEPENDENTE
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A dedução específica aos rendimentos brutos de trabalho dependente, por titular que os aufira,
aumenta para o valor fixo de €4.104,00.
Deixa de ser dedutível o valor pago a título de quotizações para ordens profissionais.
As importâncias suportadas pelas entidades patronais com encargos, indemnizações ou
compensações, pagos no ano da deslocação, em dinheiro ou em espécie, devidos pela mudança
de local de trabalho, quando este passe a situar-se a uma distância superior a 100 km do local de
trabalho anterior, são excluídas de tributação.
Tal exclusão refere-se, todavia, à parte que não exceda 10% da remuneração anual e tem o limite
de €4.200,00 por ano. Mais, o sujeito passivo apenas pode beneficiar da exclusão uma vez em
cada período de três anos.
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TRABALHO DEPENDENTE
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É criado um benefício fiscal para trabalhadores que se desloquem do seu local normal de
trabalho para o estrangeiro, por período não inferior a 90 dias, dos quais 60 necessariamente
seguidos, nos termos do qual é isenta de IRS a parte da remuneração auferida referente à
compensação pela deslocação e permanência no estrangeiro.
O montante isento não poderá exceder a diferença entre o valor anual da remuneração (incluindo a
compensação) e o montante anual das remunerações regulares com caráter de retribuição sujeitas
a imposto auferidas no ano anterior. Não poderá, todavia, exceder, em caso algum, o valor de
€10.000,00. Sem prejuízo, os rendimentos isentos deverão sempre ser englobados, para efeitos de
determinação da taxa de imposto.
A isenção fica sempre dependente de acordo escrito entre o trabalhador e a entidade
empregadora, o qual deverá especificar o destino e período de deslocação, bem como a
remuneração total a pagar e a compensação devida pela deslocação.
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TRABALHO INDEPENDENTE
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O arrendamento – quando haja opção pela tributação no âmbito da categoria B – passa a constar
expressamente da lista de atividades comerciais.
Tal opção deverá ser concretizada em declaração de início de atividade ou de alterações.
Neste âmbito, o resultado positivo dos rendimentos prediais corresponderá ao rendimento
líquido da categoria F. O mesmo é dizer que somente são dedutíveis as despesas previstas para o
apuramento deste tipo de rendimento (cfr. capítulo “RENDIMENTOS PREDIAIS”), e não todas as
efetivamente suportadas com referência à atividade, como reclamava o setor.
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TRABALHO INDEPENDENTE
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Quanto ao regime simplificado, introduz-se a possibilidade de deduzir, após aplicação do
competente coeficiente aos respetivos rendimentos, e até à concorrência do rendimento líquido da
categoria, os montantes suportados com contribuições obrigatórias para regimes de proteção
social, conexas com a atividade, na parte em que excedam 10% dos rendimentos brutos.
Para incentivar o empreendedorismo, os coeficientes aplicáveis aos rendimentos resultantes de
prestações de serviços e subsídios destinados à exploração, são reduzidos em 50% no período de
tributação de início de atividade (após 1 de janeiro de 2015) e 25% no seguinte (desde que o
sujeito passivo não aufira rendimentos das categorias A ou H).
O benefício indicado não é aplicável nos casos em que tenha ocorrido cessação da atividade há
menos de 5 anos.
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TRABALHO INDEPENDENTE
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Clarifica-se que os contribuintes que realizem atos isolados estarão sempre dispensados de dispor
de contabilidade organizada.
Assim, na determinação do respetivo rendimento, aplicar-se-ão os coeficientes do regime
simplificado, se os rendimentos forem inferiores a €200.000,00, e as regras aplicáveis aos sujeitos
passivos com contabilidade organizada, se o valor for superior.
Por fim, é eliminada a obrigatoriedade de permanência no regime escolhido (simplificado ou
contabilidade organizada) por período mínimo de 3 anos. O sujeito passivo poderá proceder à
alteração que pretenda até ao final do mês de março do ano em questão.
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RENDIMENTOS DE CAPITAIS
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Procede-se à clarificação da redação da norma de incidência e qualificação de rendimentos
desta categoria, nela se incluindo expressamente rendimentos de juros de contas de títulos com
garantia de preço, rendimentos distribuídos de unidades de participação em fundos de
investimento e indemnizações que visem compensar perdas de rendimento desta categoria.
Adicionalmente, todos os rendimentos de capitais auferidos por residentes passam a estar sujeitos,
como regra, a retenção na fonte, a título definitivo, à taxa liberatória de 28%. Quando não for
aplicável a taxa liberatória, será, em princípio, aplicada a taxa autónoma, também de 28% (caso em
que não existiu retenção na fonte).
Como incentivo à poupança, estabelece-se que os rendimentos derivados da remuneração de
depósitos ou de aplicações em instituições financeiras, ou ainda de títulos de dívida pública,
constituídos por prazo mínimo de 5 anos, poderão ser excluídos de tributação em 1/5 ou 3/5,
respetivamente, se o capital não for mobilizado antes de decorridos 5 a 8 anos ou mais de 8 anos.
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MAIS-VALIAS
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Passam a ser considerados como mais-valia:
O reembolso de obrigações e outros títulos de dívida;
O resgate de unidades de participação em fundos de investimento e a liquidação destes fundos;
A cessão onerosa de créditos, prestações acessórias e prestações suplementares;
O valor atribuído em resultado da liquidação, revogação ou extinção de estruturas fiduciárias,
àqueles que as constituíram (quando atribuído a terceiros, estará sujeito a Imposto do Selo).
Quanto às mais-valias decorrentes da alienação de partes sociais, passa a poder corrigir-se o valor
de aquisição por aplicação dos coeficientes de desvalorização monetária (desde que a aquisição
tenha ocorrido há mais de 24 meses), medida há muito reclamada.
Adicionalmente, passam a acrescer ao valor de aquisição das partes sociais os custos inerentes à
respetiva aquisição.
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MAIS-VALIAS
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Quanto às mais-valias imobiliárias, é introduzida uma medida transitória de extrema importância:
é excluído de tributação o ganho proveniente da transmissão onerosa de habitação própria e
permanente se o valor de realização for aplicado na amortização de eventual empréstimo
contraído para a respetiva aquisição.
Se o valor de realização for apenas parcialmente aplicado na amortização de empréstimo, a
exclusão de tributação abrangerá somente a parte proporcional dos ganhos correspondente à
aplicação.
O regime apenas será aplicável se o sujeito passivo não for, à data da alienação, titular de outro
imóvel habitacional.
A exclusão de tributação aplica-se às alienações ocorridas entre 2015 e 2020, em que os contratos
de empréstimo tenham sido celebrados até 31 de dezembro de 2014.
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MAIS-VALIAS
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Ainda em sede de reinvestimento de ganhos com a transmissão onerosa de imóveis afetos a
habitação própria e permanente, é alargado o prazo para afetação de novo imóvel a este fim,
de 6 para 12 meses.
Para os demais casos de reinvestimento (aquisição de terreno para construção e/ou respetiva
construção e ampliação ou melhoramento de outro imóvel) é também alargado o prazo para
inscrição do imóvel na matriz: passa de 24 para 48 meses. Deixará de ser imposto um prazo
para início das obras respetivas (que hoje é de 6 meses após o termo do prazo em que o
reinvestimento deva ser efetuado).
Para a determinação das mais-valias, passam a acrescer ao valor de aquisição os encargos com a
valorização dos bens, realizados nos últimos 12 anos (atualmente, 5).
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MAIS-VALIAS
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Para apuramento da mais-valia imobiliária, introduz-se, finalmente – na sequência das
reclamações desde há muito apresentadas pelos agentes do setor – a possibilidade de ilidir a
presunção de que o valor de venda corresponde ao valor que serve de base à liquidação do
IMT, sempre que este seja superior ao valor declarado.
No caso de o preço de venda de bem imóvel sofrer algum ajuste, o sujeito passivo poderá
apresentar uma declaração de substituição destinada a declarar o valor definitivo da venda.
Por fim, prevê-se hoje que o valor de aquisição de um bem imóvel adquirido por doação isenta é
o valor patrimonial tributário constante da matriz até dois anos anteriores à doação. Propõe-se
que o valor de aquisição seja, agora, o valor patrimonial tributário à data da doação.
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RENDIMENTOS PREDIAIS
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Esclarece-se e alarga-se o conceito de despesas dedutíveis aos rendimentos prediais.
Deduzem-se, relativamente a cada prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos pelo
sujeito passivo para obter ou garantir tais rendimentos, exceto gastos de natureza financeira,
relativos a depreciações e a mobiliário, eletrodomésticos e artigos de conforto e decoração.
No caso de fração autónoma são deduzidos também – acrescendo aos anteriormente indicados –
os encargos que o condómino deva obrigatoriamente suportar. Se o sujeito passivo tiver mais do
que uma fração do mesmo prédio em regime de propriedade horizontal, os encargos do
condomínio serão imputados de acordo com a permilagem atribuída a cada fração.
Já se o arrendamento for de parte de prédio suscetível de utilização independente, os encargos do
condomínio serão imputados de acordo com o respetivo valor patrimonial tributário.
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RENDIMENTOS PREDIAIS
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O IMI e o Imposto do Selo pagos em cada ano apenas são dedutíveis quando respeitem a prédio
cujo rendimento seja objeto de tributação nesse ano.
Finalmente, poderão ser deduzidos os gastos suportados e pagos nos 24 meses anteriores ao
início do arrendamento, relativos a obras de conservação e manutenção do prédio, desde que
entretanto o imóvel não tenha sido utilizado para outro fim que não o arrendamento.
Mantém-se a necessidade de comprovação documental das despesas dedutíveis.
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PENSÕES
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As pensões de alimentos, hoje tributadas às taxas progressivas, passarão a ser objeto de
tributação autónoma à taxa de 20%.
Esta medida é, essencialmente, a compensação da dedução do mesmo valor que o sujeito passivo
que paga a pensão pode realizar, prevendo-se, assim, a respetiva neutralidade.
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OUTROS
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As perdas apuradas nos rendimentos prediais poderão ser deduzidas aos ganhos da mesma
categoria no prazo de 6 anos (atualmente, 5);
O resultado líquido negativo na categoria B poderá ser deduzido nos 12 anos seguintes, nos
termos das regras de reporte de prejuízos fiscais, em sede de IRC;
O saldo negativo dos incrementos patrimoniais pode ser reportado em 5 anos (hoje, 2).
O crédito de imposto pago relativamente a rendimentos auferidos no estrangeiro poderá ser
reportado para os 5 anos seguintes;
O representante fiscal poderá renunciar à respetiva representação;
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OUTROS
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Os rendimentos brutos das categorias A, B e H auferidos por sujeitos passivos com deficiência
são considerados apenas por 90%, sendo o limite máximo de rendimento excluído de tributação,
por categoria, de €2.500,00;
Deixa de haver prazos diferentes para entrega da declaração anual em suporte papel e por
via eletrónica: será, em ambos os casos, de 15 de março a 15 de abril, quando sejam auferidos
apenas rendimentos de trabalho dependente e pensões, e de 16 de abril a 16 de maio, para os
restantes casos (aplicáveis apenas em 2016, por referência aos rendimentos auferidos em 2015);
A declaração anual poderá ser entregue até 31 de dezembro, se for declarado rendimento de fonte
estrangeira e for solicitado crédito de imposto por dupla tributação (se não for determinado o
imposto final pago na fonte nos prazos normais);
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OUTROS
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Os sujeitos passivos que tenham auferido rendimentos de trabalho dependente ou pensões de
valor anual inferior a €8.500,00 (hoje, €4.104,00) ficam dispensados de apresentar declaração
anual de IRS;
Os sujeitos passivos que tenham auferido apenas rendimentos tributados às taxas liberatórias, se
não tiverem optado pelo seu englobamento, ficam dispensados de apresentar declaração anual
de IRS.
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CONTACTOS
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ANA PEDROSA AUGUSTO ADVOGADA ASSOCIADA SÉNIOR
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