Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas
Anemia na Doença Renal Crônica-
Alfaepoetina
Agosto/2016
2016 Ministério da Saúde.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que
não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da
CONITEC.
Informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 8° andar
CEP: 70058-900, Brasília – DF
E-mail: [email protected]
http://conitec.gov.br
CONTEXTO
Em 28 de abril de 2011, foi publicada a Lei n° 12.401, que altera diretamente a Lei nº 8.080
de 1990 dispondo sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologias em saúde no
âmbito do SUS. Essa lei define que o Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC, tem como atribuições a incorporação, exclusão ou
alteração de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constituição ou
alteração de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) são documentos que visam a garantir o
melhor cuidado de saúde possível diante do contexto brasileiro e dos recursos disponíveis no
Sistema Único de Saúde. Podem ser utilizados como material educativo dirigido a profissionais de
saúde, como auxílio administrativo aos gestores, como parâmetro de boas práticas assistenciais e
como documento de garantia de direitos aos usuários do SUS.
Os PCDT são os documentos oficiais do SUS para estabelecer os critérios para o diagnóstico
de uma doença ou agravo à saúde; o tratamento preconizado incluindo medicamentos e demais
tecnologias apropriadas; as posologias recomendadas; os cuidados com a segurança dos doentes; os
mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos a
serem buscados pelos profissionais de saúde e gestores do SUS.
Os medicamentos e demais tecnologias recomendadas no PCDT se relacionam às diferentes
fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde a que se aplicam, bem como incluem as tecnologias
indicadas quando houver perda de eficácia, contra-indicação, surgimento de intolerância ou reação
adversa relevante, provocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira escolha. A
nova legislação estabeleceu que a elaboração e atualização dos PCDT será baseada em evidências
científicas, o que quer dizer que levará em consideração os critérios de eficácia, segurança,
efetividade e custo-efetividade das intervenções em saúde recomendadas.
Para a constituição ou alteração dos PCDT, a Portaria GM n° 2.009 de 2012 instituiu na
CONITEC uma Subcomissão Técnica de Avaliação de PCDT, com as seguintes competências: definir os
temas para novos PCDT, acompanhar sua elaboração, avaliar as recomendações propostas e as
evidências científicas apresentadas, além de revisar periodicamente, a cada dois anos, os PCDT
vigentes.
Após concluídas todas as etapas de elaboração de um PCDT, a aprovação do texto é
submetida à apreciação do Plenário da CONITEC, com posterior disponibilização do documento em
consulta pública para contribuição de toda sociedade, antes de sua deliberação final e publicação.
O Plenário da CONITEC é o fórum responsável pelas recomendações sobre a constituição ou
alteração de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, além dos assuntos relativos à
incorporação, exclusão ou alteração das tecnologias no âmbito do SUS, bem como sobre a
atualização da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). É composto por treze
membros, um representante de cada Secretaria do Ministério da Saúde – sendo o indicado pela
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) o presidente do Plenário – e um
representante de cada uma das seguintes instituições: Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
ANVISA, Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, Conselho Nacional de Saúde - CNS, Conselho
Nacional de Secretários de Saúde - CONASS, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde -
CONASEMS e Conselho Federal de Medicina - CFM. Cabe à Secretaria-Executiva da CONITEC –
exercida pelo Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS/SCTIE) – a
gestão e a coordenação das atividades da Comissão.
Conforme o Decreto n° 7.646 de 2011, a publicação do PCDT é de responsabilidade do
Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos após manifestação de anuência do titular
da Secretaria responsável pelo programa ou ação, conforme a matéria.
Para a garantia da disponibilização das tecnologias previstas no PCDT e incorporadas ao SUS,
a lei estipula um prazo de 180 dias para a efetivação de sua oferta à população brasileira.
APRESENTAÇÃO
A presente proposta de Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Anemia na Doença Renal
Crônica - Alfaepoetina pretende atualizar as recomendações sobre o assunto, conforme estabelecido
no Decreto n° 7.508 de 28/06/2011, Art.26, parágrafo único.
A proposta foi avaliada pela Subcomissão Técnica de Avaliação de PCDT da CONITEC e
apresentada aos membros do Plenário da CONITEC, em sua 47ª Reunião Ordinária, que
recomendaram favoravelmente ao texto. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Anemia na
Doença Renal Crônica - Alfaepoetina segue agora para consulta pública a fim de que se considere a
visão da sociedade e se possa receber as suas valiosas contribuições, que poderão ser tanto de
conteúdo científico quanto um relato de experiência. Gostaríamos de saber a sua opinião sobre a
proposta como um todo, assim como se há recomendações que poderiam ser diferentes ou mesmo
se algum aspecto importante deixou de ser considerado.
DELIBERAÇÃO INICIAL
Os membros da CONITEC presentes na reunião do plenário, realizada nos dias 03 e 04 de
agosto de 2016, deliberaram que o tema fosse submetido à consulta pública com recomendação
preliminar favorável à atualização do PCDT.
PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS
ANEMIA NA DOENÇA RENAL CRÔNICA - ALFAEPOETINA
1. METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAÇÃO DA LITERATURA
Foi realizada busca de artigos nas bases de dados do MEDLINE/PubMed, Embase e Cochrane,
limitada aos últimos 10 anos, até a data de 31 de janeiro de 2010. Foram selecionados ensaios
clínicos randomizados, metanálises e revisões sistemáticas envolvendo o tratamento farmacológico
da anemia na doença renal crônica e cujos desfechos fossem clinicamente relevantes. Foram
excluídos os estudos cujos desfechos não tivessem relevância clínica ou cujo fármaco não tivesse
registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
No MEDLINE/PubMed, foi utilizada a estratégia: "Kidney Failure, Chronic"[Mesh] AND
"Anemia"[Mesh] AND ("humans"[MeSH Terms] AND (Meta-Analysis[ptyp] OR Randomized
Controlled Trial[ptyp]). A busca resultou em 107 estudos, dos quais 24 foram julgados relevantes
para o protocolo. Nova busca com a mesma estratégia, porém sem limite de data, identificou outros
quatro estudos que foram incluídos tendo em vista a sua importância histórica.
No Embase, foi utilizada a estratégia ‘chronic kidney failure’/exp AND 'drug therapy'/exp AND
([cochrane review]/lim OR [controlled clinical trial]/lim OR [meta analysis]/lim OR [randomized
controlled trial]/lim OR [systematic review]/lim) AND [humans]/lim AND [embase]/lim. A busca
identificou 86 estudos que foram analisados individualmente. Foram incluídos três estudos
adicionais em relação àqueles já identificados na busca do PubMed.
Na biblioteca Cochrane, utilizando-se a expressão “chronic kidney failure anemia”, foram
localizadas três revisões sistemáticas, incluídas na elaboração do protocolo.
Foi consultado ainda o UpToDate®, versão 17.3, através do site
http://www.uptodateonline.com e livros-texto de Nefrologia.
Em 11/01/2016, foi realizada atualização da busca, utilizando-se os critérios de inclusão e
exclusão da busca inicial. Na base MEDLINE/PubMed, foi utilizada a estratégia “"kidney failure,
chronic"[MeSH Terms] AND "anemia"[MeSH Terms] AND ((Meta-Analysis[ptyp] OR Randomized
Controlled Trial[ptyp] OR systematic[sb]) AND ("2010/02/01"[PDAT]: "3000/12/31"[PDAT]) AND
"humans"[MeSH Terms] AND (English[lang] OR Portuguese[lang] OR Spanish[lang]))”, localizando-se
55 estudos. Foram selecionados nove estudos para leitura na íntegra, sendo que nenhum foi
incluído.
Na base Embase utilizou-se os termos de busca “'chronic kidney disease'/de AND
'therapy'/exp AND ('anemia'/exp OR 'anemia'/de) AND ([systematic review]/lim OR [randomized
controlled trial]/lim OR [meta analysis]/lim) AND ([english]/lim OR [portuguese]/lim OR
[spanish]/lim) AND [humans]/lim AND [1-1-2010]/sd AND [1-2-2010]/sd”, tendo sido localizados 132
estudos; destes, foram selecionados 11 para leitura; sendo que somente um estudo foi incluído.
Na biblioteca Cochrane, utilizando-se os termos “kidney failure, chronic” AND “anemia”,
foram localizadas quatro revisões sistemáticas sobre o tema publicadas a partir de 2010; destas,
uma foi selecionada para leitura. Essa busca não resultou na inclusão de novos estudos.
A publicação eletrônica UpToDate® versão 19.3, a página da agência americana Food and Drug
Administration (FDA) e artigos de conhecimento dos autores também foram consultados a respeito
do tema, resultando na inclusão de cinco referências.
2. INTRODUÇÃO
A anemia é definida como um estado de deficiência de massa eritrocitária e de hemoglobina,
resultando em aporte insuficiente de oxigênio para órgãos e tecidos. Os valores normais de
hematócrito e hemoglobina variam em relação a idade, gênero, raça e outros fatores. Utilizando-se a
definição clássica de anemia pela Organização Mundial de Saúde (hemoglobina inferior a 13 g/dL em
homens e mulheres na pós-menopausa e inferior a 12 g/dL em mulheres pré-menopausa), essa
condição estará presente em até 90% dos pacientes com doença renal crônica (DRC), com taxa de
filtração glomerular inferior a 25-30 mL/min (1-3).
A anemia na DRC pode se desenvolver em decorrência de qualquer uma das condições
hematológicas que afetam a população em geral; entretanto, sua causa mais comum é a deficiência
de eritropoetina, sobretudo naqueles com doença mais avançada. Essa glicoproteína, produzida
pelos rins atua na medula óssea estimulando as células progenitoras da série eritroide. Os maiores
estímulos para a sua produção são a presença de anemia e hipóxia tecidual. Em pacientes com DRC,
ocorre deficiência relativa de sua produção, ou seja, os níveis produzidos estão aquém do esperado
para o grau de anemia apresentado. Isso decorre da perda progressiva de néfrons ao longo da
história natural da DRC (4, 5).
Além da menor produção de eritrócitos, em decorrência dos níveis insuficientes de
eritropoetina, pacientes com DRC apresentam também uma menor meia-vida eritrocitária,
decorrente de um pequeno grau de hemólise. Tal alteração pode ser parcialmente corrigida com a
suplementação de eritropoetina exógena (alfaepoetina) (5).
A manutenção de estoques corporais adequados de ferro é fundamental para adequada
resposta ao tratamento com alfaepoetina, sendo a deficiência de ferro ou a sua reduzida
disponibilidade as principais causas de falha ao tratamento. Estima-se que pacientes em hemodiálise
percam em média 2 g de ferro por ano pelo método dialítico em si, além de outras perdas
(gastrointestinais, coletas de sangue frequentes, etc.), justificando a necessidade de avaliação
sistemática e de reposição apropriada (6).
A presença de anemia acarreta uma série de consequências ao paciente com DRC. A qualidade
de vida é afetada, uma vez que, sintomas como fadiga, dispneia, prejuízo na capacidade cognitiva,
entre outros, decorremda anemia. Há ainda uma maior predisposição a eventos cardiovasculares (7-
9), com aumento da mortalidade cardiovascular (10) e, possivelmente, aumento da mortalidade
geral (11, 12). O maior número de eventos acaba por levar a um maior número de hospitalizações,
com aumento de custos ao sistema de saúde (4, 5).
O tratamento da anemia com o uso de alfaepoetina praticamente suprimiu a necessidade de
transfusões sanguíneas e os riscos a elas associados e, além disso, promoveu benefícios, como a
melhora na qualidade de vida e no desempenho físico e cognitivo e a redução do número de
hospitalizações (13). Entretanto, estudos recentes têm demonstrado que a manutenção de um alvo
de hemoglobina acima de 13 g/dL está associada a um aumento da morbimortalidade (14). Diante
disso, a faixa terapêutica atualmente recomendada para hemoglobina situa-se entre 10 e 12 g/dL.
No Brasil, estima-se, a partir dos dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, que,
em 2008 e 2009, respectivamente 72.730 e 75.822 pacientes submeteram-se a diálise, em torno de
90% dos quais a hemodiálise. O uso de alfaepoetina fez parte do tratamento de mais de 80% desses
pacientes.
3. CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS À
SAÚDE (CID-10)
- N18.0 Doença renal em estádio final
- N18.8 Outra insuficiência renal crônica
4. DIAGNÓSTICO
A presença de anemia deve ser sistematicamente avaliada em pacientes com DRC, sobretudo
naqueles pacientes com sinais/sintomas sugestivos, como fadiga, dispneia, descoramento de
mucosas, taquicardia, entre outros. Uma avaliação clínica completa deve ser realizada a fim de
excluir outras causas de anemia.
O diagnóstico de anemia se dá pela presença de hemoglobina inferior a 13 g/dL em homens e
mulheres na pós-menopausa e inferior a 12 g/dLem mulheres na pré-menopausa. A avaliação
laboratorial deve incluir hemograma completo, dosagem de ferritina e saturação da transferrina. A
necessidade de exames adicionais, para diagnóstico diferencial de outras doenças que cursam com
anemia, dependerá da avaliação clínica individualizada.
Em pacientes com anemia decorrente da DRC, o hemograma costuma revelar anemia do tipo
doença crônica, ou seja, normocítica e normocrômica. As reservas de ferro devem ser avaliadas e
corrigidas conforme Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Anemia na DRC –
Reposição de Ferro III.
5. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Serão incluídos neste protocolo os pacientes com DRC que apresentarem todas as condições a
seguir:
- Doença renal crônica nos estágios 3 a 5, definida como taxa de filtração glomerular calculada
inferior a 60 mL/min por 1,73 metros quadrados (3);
- Presença de anemia com nível de hemoglobina menor ou igual a 10 g/dL tanto para homens
quanto para mulheres;
- Reservas adequadas de ferro, definidas por ferritina sérica maior que 100 ng/dL e saturação
da transferrina maior que 20% em pacientes em tratamento conservador ou diálise peritoneal e
ferritina sérica maior que 200 ng/dL e saturação da transferrina maior que 20% em pacientes em
tratamento com hemodiálise.
6. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Serão excluídos deste protocolo os pacientes que apresentarem:
- Hipersensibilidade/intolerância ao medicamento proposto ou a um de seus componentes;
- Hipertensão arterial sistêmica não controlada (níveis acima de 140/90 mmHg) mesmo com
uso de três anti-hipertensivos;
- Anemia de outras etiologias.
7. CASOS ESPECIAIS
Os riscos e benefícios do uso de alfaepoetina em gestantes com DRC devem ser
criteriosamente avaliados antes de sua utilização. Há evidências de que o medicamento causa
anormalidades em animais, mas o risco em humanos ainda não está definido. O benefício do
medicamento, porém, pode justificar o risco na gravidez. Não se sabe se o medicamento é excretado
no leite materno.
O uso de alfaepoetina para tratamento da anemia em pacientes com câncer está associado
com aumento nas taxas de recidiva de tumores sólidos e potencial aumento da mortalidade
relacionada à doença. Diante disso, o uso desse medicamento em pacientes com anemia por DRC e
diagnóstico de câncer exige muita cautela (15, 16).
8. TRATAMENTO
A suplementação de alfaepoetina em pacientes com DRC tem o potencial de reduzir de forma
importante a necessidade de transfusões e os riscos a ela associados, além de contribuir para evitar
a sobrecarga de ferro, reduzir a massa ventricular esquerda e melhorar a qualidade de vida dos
pacientes (13).
Os benefícios do tratamento foram avaliados em metanálise publicada por Jones et al. (17).
Além do aumento dos níveis de hemoglobina e consequente melhoria da qualidade de vida e
redução da necessidade de transfusões, os pacientes tratados ainda tiveram uma substancial
redução na taxa de hospitalizações.
Existem diferentes agentes estimuladores da eritropoese (erythropoiesis-stimulating agents,
ESA), como alfaepoetina, betaepoetina, darbepoetina e ativadores contínuos do receptor da
eritropoetina, sendo a posologia a principal diferença entre eles. A alfaepoetina, por ser o
representante mais bem estudado, com maior experiência de uso clínico e perfil de segurança em
longo prazo conhecido, permanece como agente de escolha no tratamento da anemia na DRC.
Quando comparada à alfaepoetina, a darbepoetina não mostrou vantagens em termos de eficácia
(18, 19).
Pacientes em tratamento conservador e em diálise peritoneal
Pacientes com DRC em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal
beneficiam-se do uso de alfaepoetina para correção da anemia. Estudo publicado por Revicki et al.
(20) comparou seu uso contra observação em 83 pacientes com DRC em tratamento conservador. A
anemia foi corrigida em 79% dos pacientes que receberam alfaepoetina e em 0% dos controles.
Houve ainda melhora significativa no desempenho físico e cognitivo, além de outros itens
relacionados à qualidade de vida.
O impacto da correção da anemia na qualidade de vida de pacientes com DRC em tratamento
conservador foi avaliado em estudo publicado por Alexander et al. (21). Os autores demonstraram
que a correção da anemia se correlacionou com melhoras estatisticamente e clinicamente
significativas em escores de qualidade de vida. Uma revisão sistemática da Cochrane (22) buscou
avaliar a eficácia da alfaepoetina no tratamento da anemia em pacientes com DRC em tratamento
conservador. Os autores concluíram que o tratamento corrige a anemia, evita transfusões, melhora
a qualidade de vida e a capacidade física.
Apesar de a anemia ser um conhecido fator de risco para a progressão da DRC, persiste
motivo de debate se a sua correção poderia retardar a necessidade de hemodiálise. Em estudo
publicado por Gouva et al. (23) incluindo 88 pacientes com DRC em tratamento conservador, o uso
precoce de alfaepoetina (definido como início de alfaepoetina com hemoglobina entre 9-11 g/dL)
associou-se com um retardo na progressão da doença e na necessidade de diálise em relação ao
grupo que iniciou alfaepoetina tardiamente (início quando hemoglobina menor que 9 g/dL). Por
outro lado, no estudo CREATE (24), que randomizou 603 pacientes com DRC estágios 3 e 4 em
grupos com alvos de hemoglobina entre 11-12,5 g/dL (grupo intervenção) ou 10,5-11,5 g/dL (grupo
controle), não houve diferença em relação à progressão da doença e mais pacientes no grupo
intervenção necessitaram de diálise. A massa ventricular esquerda também não parece diferir
quando a alfaepoetina é iniciada mais precocemente (25, 26).
No estudo TREAT, que incluiu 4.038 pacientes com DRC em tratamento conservador
portadores de diabetes mellitus tipo 2, o uso de darbepoetina alfa (alvo de hemoglobina de 13
mg/dL ou placebo, com uso de darbepoetina alfa de resgate se hemoglobina menor que 9 mg/dL)
não mostrou diferenças entre os grupos quanto à ocorrência de DRC terminal ou de eventos
cardiovasculares e mortalidade. Houve, entretanto, um aumento estatístico de incidência de
acidente vascular cerebral no grupo tratado, em comparação ao grupo placebo (hazard ratio 1,92,
intervalo de confiança de 95% 1,38-2,68; p < 0,001). Adicionalmente, os autores relataram que entre
pacientes com história de câncer no início do estudo ocorreram 60 mortes em 188 pacientes
randomizados para darbepoetina e 37 mortes em 160 pacientes do grupo placebo (p=0,13) (16).
A frequência de administração de alfaepoetina em pacientes com DRC em tratamento
conservador foi motivo do estudo PROMPT (27). Os pacientes foram randomizados para um dos
quatro braços de tratamento com alfaepoetina subcutânea: 10.000 unidades internacionais (UI) uma
vez por semana; 20.000 UI a cada 2 semanas; 30.000 UI a cada 3 semanas e 40.000 UI a cada 4
semanas. O desfecho primário foi o nível de hemoglobina ao final das 16 semanas de tratamento.
Não houve diferença estatisticamente significativa em relação aos níveis de hemoglobina e às
medidas de qualidade de vida ao final do tratamento. Cerca de 90% dos pacientes dos grupos que
receberam alfaepoetina a cada 1 ou 2 semanas e 75% daqueles dos grupos que receberam a cada 3
ou 4 semanas mantiveram hemoglobina superior a 11 g/dL ao final do estudo. Os autores concluíram
que uma menor frequência de administração de alfaepoetina pode ser efetiva e flexibilizaria o
tratamento da anemia nesse grupo de pacientes.
Em outro estudo, publicado por Pergola et al. (28), a administração de alfaepoetina
semanalmente ou a cada 2 semanas mostrou-se igualmente eficaz em pacientes com DRC estágios 3
ou 4.
Pacientes em hemodiálise
Os benefícios do uso de alfaepoetina no tratamento da anemia em pacientes com DRC em
hemodiálise foram claramente demonstrados no clássico estudo publicado por Eschbach et at. (13).
Os 333 pacientes incluídos, com hematócrito inferior a 30% e reservas adequadas de ferro,
virtualmente eliminaram a necessidade de transfusões sanguíneas após 2 meses de tratamento com
alfaepoetina, uma vez que tiveram sua anemia corrigida. A dose média de alfaepoetina,
administrada por via intravenosa no estudo, foi de 75 UI/kg, três vezes por semana. Os pacientes
tiveram ainda melhora significativa na qualidade de vida A frequência de administração de
alfaepoetina em pacientes em hemodiálise foi estudada por Lee et al. (29). Os 84 pacientes foram
randomizados em dois grupos: o grupo intervenção, que recebia alfaepoetina uma vez por semana
por via subcutânea; e o grupo controle, que recebia alfaepoetina duas ou três vezes por semana
(conforme uso prévio), por via subcutânea. Não houve diferença estatisticamente significativa em
relação aos níveis de hemoglobina e doses de alfaepoetina após 12 semanas, desfechos principais do
estudo. Tais resultados sugerem que o uso de dose única semanal de alfaepoetina pode ser uma
opção no tratamento de manutenção desse grupo de pacientes.
Uma revisão sistemática da Cochrane, publicada anteriormente ao estudo de Lee et al.,
avaliou o impacto de diferentes frequências de administração subcutânea de alfaepoetina na
correção da anemia em pacientes em diálise (30). Os níveis de hemoglobina foram semelhantes,
independentemente da frequência do uso da alfaepoetina (uma, duas ou três vezes por semana). A
dose única semanal associou-se com necessidade adicional de 12 UI/kg de alfaepoetina. Não houve
diferença em relação à ocorrência de efeitos adversos.
Uma revisão dos dados do estudo Normal Hematocrit Cardiac Trial publicada por Coyne, em
2010, entretanto, mostrou que a administração de eritropoietina em pacientes em hemodiálise está
associada a riscos. No estudo de Besarab et al., de 1998, foram avaliados 1.233 pacientes em
hemodiálise com cardiopatia clinicamente evidente, tratados com eritropoietina alfa por 14 meses,
tendo como alvo níveis de hemoglobina de 10 a 11 g/dL ou a normalização da hemoglobina (13 a 15
g/dL) (31). O estudo foi terminado precocemente devido a um aumento do número de mortes,
embora não estatisticamente significativo. A revisão de Coyne, entretanto, mostrou que havia
muitas inconsistências no relato anterior do estudo e que havia, sim, um aumento significativo do
risco de morte (risco relativo 1,27, intervalo de confiança de 95% 1,04-1,54) nos pacientes tratados
com eritropoietina alfa com o objetivo de normalizar os níveis de hemoglobina, sem que houvesse
benefício consistente na qualidade de vida dos pacientes (32). Esses dados foram posteriormente
incorporados aos dados de outros estudos e nas recomendações de segurança do FDA sobre uso de
epoetina a pacientes com doença renal crônica.
Reservas de ferro
A manutenção de reservas adequadas de ferro associa-se à necessidade de menores doses de
alfaepoetina para correção da anemia. Em vista disso, todos os pacientes devem ser avaliados e
conduzidos de acordo com o PCDT de Anemia na DRC – Reposição de Ferro.
Via de administração
A melhor via de administração de alfaepoetina permanece motivo de debate, sobretudo nos
pacientes em hemodiálise. Pacientes em tratamento conservador e em programa de diálise
peritoneal são tratados preferencialmente pela via subcutânea. Kaufman et al. (33), em estudo
comparando as vias de administração subcutânea e intravenosa de alfaepoetina, observou que o uso
subcutâneo foi capaz de manter os níveis de hemoglobina utilizando uma dose de alfaepoetina 30%
menor do que aquela utilizada por via intravenosa, o que gerou significativa redução de custos ao
tratamento. A taxa relatada de desconforto no local da aplicação foi muito baixa, com 86% dos
pacientes que receberam alfaepoetina por via subcutânea graduando o desconforto relacionado
como leve ou ausente.
Estudo publicado por Messa et al. (34) avaliou a eficácia da administração intravenosa em
relação à subcutânea no tratamento da anemia em pacientes em hemodiálise; concluiu-se que a
administração intravenosa semanal foi inferior à subcutânea semanal e à intravenosa dividida em
três doses semanais.
Níveis Alvo de Hemoglobina
Por muito tempo, os estudos sobre o uso de ESA para o tratamento da anemia em pacientes
com DRC avaliaram os níveis de hemoglobina e a necessidade de transfusões como os desfechos
primários de interesse. Nos últimos anos, desfechos clinicamente mais relevantes, como
mortalidade, eventos cardiovasculares, trombose de acessos vasculares e qualidade de vida,
passaram a ser considerados em qualquer intervenção relativa ao tratamento da anemia em
pacientes com DRC(35).
A metanálise publicada por Phrommintikul et al. (14) incluindo mais de 5.000 pacientes
provenientes de nove ensaios clínicos, entre eles os recentes estudos CREATE (24) e CHOIR (36),
buscou avaliar a relação entre o nível alvo de hemoglobina e eventos cardiovasculares e mortalidade
geral e atualizou os resultados de revisão sistemática prévia da Cochrane (37). Os autores
verificaram que a manutenção de níveis mais elevados de hemoglobina (entre 12 e 16 g/dL)
associou-se com aumento da mortalidade geral, bem como com aumento do risco para trombose de
fístula arteriovenosa e hipertensão de difícil controle. Não houve diferença em relação à ocorrência
de infartos do miocárdio ou hipertrofia ventricular esquerda.
Em 2010, Palmer et al. publicaram nova metanálise, incluindo o resultado de 27 estudos
(10.452 pacientes), inclusive o estudo TREAT (38). Os autores concluíram que um nível mais alto de
hemoglobina (13 g/dL) estava associado a um aumento no risco de acidente vascular cerebral,
hipertensão e trombose do acesso vascular, quando comparado com alvos terapêuticos mais baixos
(média do grupo 10,1 g/dL de hemoglobina), achados consistentes tanto em pacientes em diálise
como em pacientes pré-dialíticos.
Em outra metanálise, publicada por Clement et al. (39), não foram observadas vantagens
clinicamente relevantes em relação à qualidade de vida na manutenção da hemoglobina em níveis
superiores a 12 g/dL. Visando a avaliar especificamente o impacto do nível de hemoglobina na
hipertrofia ventricular esquerda, Parfrey et al. publicaram metanálise demonstrando ausência de
benefício em manter níveis acima de 12 g/dL quando comparado a níveis convencionais (40).
Diante desses resultados, pode-se concluir que buscar a correção completa da anemia não
traz benefícios adicionais em relação ao controle sintomático e à qualidade de vida e pode levar a
aumento da morbimortalidade. Com base nesses dados, recomenda-se que seja utilizada menor
dose individualizada eficaz e capaz de obter controle sintomático, evitando a necessidade de
transfusões de sangue; adicionalmente, recomenda-se que a hemoglobina não ultrapasse o valor de
12 g/dL (41-43).
8.1 FÁRMACO
- Alfaepoetina: frasco-ampola com 1.000 UI, 2.000 UI, 3.000 UI, 4.000 UI e 10.000 UI.
8.2 ESQUEMAS DE ADMINISTRAÇÃO
Pacientes em tratamento conservador ou em programa de diálise peritoneal podem ser
tratados inicialmente com uma das seguintes opções, ajustadas posteriormente de acordo com a
resposta terapêutica:
- 50-100 UI/kg, por via subcutânea, divididas em uma a três aplicações por semana
- 10.000 UI, por via subcutânea, uma vez por semana
- 20.000 UI, por via subcutânea, uma vez a cada 2 semanas
Pacientes em hemodiálise podem ser tratados inicialmente com uma das seguintes opções,
ajustadas posteriormente de acordo com a resposta terapêutica:
- 50-100 UI/kg, por via subcutânea, divididas em uma a três aplicações por semana
- 50-100 UI/kg, por via intravenosa, divididas em três aplicações por semana
Diversos nomogramas para ajuste de dose de alfaepoetina foram descritos em pacientes com
DRC (44-46). A maioria, contudo, não foi validada de forma prospectiva. Inexistem comparações
diretas entre diferentes estratégias de ajuste de dose. Sugere-se que os pacientes tenham a sua
hemoglobina monitorizada a cada 2 semanas após cada ajuste de dose até a estabilização e, a partir
de então, a cada 4 semanas. As doses devem ser corrigidas conforme o nível de hemoglobina:
- Se, após 4 semanas de tratamento, a elevação de hemoglobina for inferior a 0,3 g/dL por semana:
aumentar a dose em 25%, respeitando-se o limite da dose máxima, que é de 300 UI/kg/semana por
via subcutânea e 450 UI/kg/semana por via intravenosa.
- Se, após 4 semanas de tratamento, a elevação de hemoglobina estiver no intervalo de 0,3-0,5 g/dL
por semana: manter a dose em uso.
- Se após 4 semanas, a elevação de hemoglobina for maior que 0,5 g/dL por semana ou o nível de
hemoglobina estiver entre 12 e 13 g/dL: reduzir a dose em 25 a 50%, respeitando o limite da dose
mínima recomendada, que é de 50 UI/kg/semana por via subcutânea.
- Suspender temporariamente o tratamento se o nível de hemoglobina estiver superior a 13
g/dL.Quanto ao reinício, não há recomendação específica; entretanto, deve-se aguardar a
queda da hemoglobina, quando hemoglobina menor ou igual a 12 g/dL, para reiniciar
eritropoetina com dose menor.
8.3. TEMPO DE TRATAMENTO – CRITÉRIOS DE INTERRUPÇÃO
O tratamento deve ser mantido de forma contínua com vistas à manutenção da hemoglobina
em níveis estáveis e compatíveis com os objetivos do tratamento. Recomenda-se redução de dose se
a hemoglobina for igual ou superior a 12 g/dL, conforme esquemas de administração, e suspensão
temporária quando superior a 13 g/dL, reiniciando-se quando menor ou igual a 10 g/dL. Deve ser
considerada a suspensão do tratamento na ocorrência de evento adverso grave, conforme item
Monitorização.
8.4. BENEFÍCIOS ESPERADOS
O tratamento com alfaepoetina tem como benefícios a correção da anemia, com consequente
redução da necessidade de transfusões, melhora sintomática e da qualidade de vida, redução no
número de hospitalizações, melhora da capacidade cognitiva e do desempenho físico.
9. MONITORIZAÇÃO
A resposta ao tratamento deve ser acompanhada por meio de dosagens de hemoglobina a
cada 2 semanas até a estabilização dos seus níveis, e após cada ajuste de dose. Quando houver nível
de hemoglobina estável após duas medidas consecutivas, a frequência de aferição pode ser mensal.
Deve-se atentar para a necessidade de monitorização concomitante das reservas de ferro, conforme
o PCDT específico.
Tendo em vista que o uso de alfaepoetina está associado com o desenvolvimento de
hipertensão arterial de difícil controle, os pacientes devem ter sua pressão arterial aferida pelo
menos quinzenalmente, independentemente da história prévia de hipertensão arterial sistêmica.
Deve ser considerada a suspensão da alfaepoetina na presença de hipertensão arterial estágio 2
(pressão sistólica maior ou igual a 160 mmHg ou pressão diastólica maior ou igual a 100 mmHg)
refratária ao tratamento com três diferentes fármacos em dose alvo, uma vez que essa situação
pode estar relacionada com aumento da mortalidade (14).
A aplasia pura da série eritroide é um evento raro que pode decorrer do uso de ESA. A
condição clínica caracteriza-se por anemia grave, baixa contagem de reticulócitose ausência de
precursores eritroides na medula óssea, na presença de normalidade das outras séries (leucócitos e
plaquetas), e decorre da produção de anticorpos neutralizantes da eritropoetina, seja endógena ou
exógena. Sua ocorrência é estimada em 1,6 por 10.000 pacientes/ano com o uso de alfaepoetina por
via subcutânea, havendo raros relatos de caso com o uso intravenoso. Recomenda-se que sejam
avaliados para essa condição os pacientes em uso de alfaepoetina há pelo menos 4 semanas que
desenvolvam:
- Queda da hemoglobina maior do que 0,5-1 g/dL por semana na ausência de transfusões ou a
necessidade de transfusão de pelo menos uma unidade de hemácias por semana para manter os
níveis de hemoglobina e;
- Contagens normais de leucócitos e plaquetas e;
- Contagem absoluta de reticulócitos inferior a 10.000/microlitros.
Na ocorrência de aplasia pura da série eritroide, o uso de alfaepoetina deve ser suspenso e
tratamento específico instituído, conforme PCDT da Aplasia pura adquirida da série vermelha.
Considera-se resposta inadequada ao tratamento a persistência de anemia (nível de
hemoglobina inferior a 10 g/dL) ou a necessidade de doses muito altas de alfaepoetina (300
UI/kg/semana por via subcutânea e 450 UI/kg/semana por via intravenosa). Tais pacientes devem
ser inicialmente avaliados em relação à sua adequada reserva de ferro, de acordo com o PCDT
Anemia em Pacientes com DRC – Reposição de Ferro, pois essa é a causa mais comum.
Nos pacientes com reservas de ferro adequadas, outras causas devem ser afastadas, como
outras anemias carenciais (deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico), hiperparatireoidismo
secundário não controlado, terapia dialítica inadequada, doenças inflamatórias/infecciosas crônicas,
neoplasias (sólidas e hematológicas), mielofibrose, síndromes mielodisplásicas, hemoglobinopatias,
intoxicação por alumínio, aplasia pura da série eritroide. Nesses casos, tratamento específico deve
ser instituído (4, 47).
10. REGULAÇÃO/CONTROLE/AVALIAÇÃO PELO GESTOR
Os pacientes devem ser acompanhados em serviços especializados de hemodiálise/nefrologia.
Devem ser observados os critérios de inclusão e exclusão de doentes neste protocolo, a duração e a
monitorização do tratamento, bem como a verificação periódica das doses do medicamento
prescritas e dispensadas e da adequação de uso.
11. TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE - TER
Sugere-se cientificar o paciente, ou seu responsável legal, sobre os potenciais riscos,
benefícios e efeitos adversos relacionados ao uso dos medicamentos preconizados neste Protocolo,
levando-se em consideração as informações contidas no TER.
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Hsu CY, Bates DW, Kuperman GJ, Curhan GC. Relationship between hematocrit and
renal function in men and women. Kidney Int. 2001;59(2):725-31.
2. Kazmi WH, Kausz AT, Khan S, Abichandani R, Ruthazer R, Obrador GT, et al. Anemia:
an early complication of chronic renal insufficiency. Am J Kidney Dis. 2001;38(4):803-12.
3. Levey AS, Stevens LA, Schmid CH, Zhang YL, Castro AF 3rd, Feldman HI, et al. A new
equation to estimate glomerular filtration rate. Ann Intern Med. 2009;150(9):604-12.
4. Berns JS. Erythropoietin for the anemia of chronic kidney disease in hemodialysis patients
[Internet]. UpToDate; 2009. [acesso em 31 Jan 2010]. Disponível em:
http://www.uptodate.com/contents/erythropoietin-for-the-anemia-of-chronic-kidney-disease-in-
hemodialysis-patients.
5. Fishbane S. Hematologic aspects of kidney disease. In: Brenner BM. Brenner and
Rector's The Kidney. 8th ed. Philadelphia: Saunders; 2007. p. 1728-38.
6. Eschbach JW, Cook JD, Scribner BH, Finch CA. Iron balance in hemodialysis patients.
Ann Intern Med. 1977;87(6):710-3.
7. Abramson JL, Jurkovitz CT, Vaccarino V, Weintraub WS, McClellan W. Chronic kidney
disease, anemia, and incident stroke in a middle-aged, community-based population: the
ARIC Study. Kidney Int. 2003;64(2):610-5.
8. Jurkovitz CT, Abramson JL, Vaccarino LV, Weintraub WS, McClellan WM. Association
of high serum creatinine and anemia increases the risk of coronary events: results from the
prospective community-based atherosclerosis risk in communities (ARIC) study. J Am Soc
Nephrol. 2003;14(11):2919-25.
9. Sarnak MJ, Tighiouart H, Manjunath G, MacLeod B, Griffith J, Salem D, et al. Anemia
as a risk factor for cardiovascular disease in The Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC)
study. J Am Coll Cardiol. 2002;40(1):27-33.
10. McClellan WM, Flanders WD, Langston RD, Jurkovitz C, Presley R. Anemia and renal
insufficiency are independent risk factors for death among patients with congestive heart
failure admitted to community hospitals: a population-based study. J Am Soc Nephrol.
2002;13(7):1928-36.
11. Locatelli F, Pisoni RL, Combe C, Bommer J, Andreucci VE, Piera L, et al. Anaemia in
haemodialysis patients of five European countries: association with morbidity and mortality
in the Dialysis Outcomes and Practice Patterns Study (DOPPS). Nephrol Dial Transplant.
2004;19(1):121-32.
12. Levin A. The relationship of haemoglobin level and survival: direct or indirect effects?
Nephrol Dial Transplant. 2002;17 Suppl 5:8-13.
13. Eschbach JW, Abdulhadi MH, Browne JK, Delano BG, Downing MR, Egrie JC, et al.
Recombinant human erythropoietin in anemic patients with end-stage renal disease. Results
of a phase III multicenter clinical trial. Ann Intern Med. 1989;111(12):992-1000.
14. Phrommintikul A, Haas SJ, Elsik M, Krum H. Mortality and target haemoglobin
concentrations in anaemic patients with chronic kidney disease treated with erythropoietin:
a meta-analysis. Lancet. 2007;369(9559):381-8.
15. Tonia T, Mettler A, Robert N, Schwarzer G, Seidenfeld J, Weingart O, et al. Erythropoietin or
darbepoetin for patients with cancer. Cochrane Database Syst Rev. 2012;12:CD003407.
16. Pfeffer MA, Burdmann EA, Chen CY, Cooper ME, de Zeeuw D, Eckardt KU, et al. A trial of
darbepoetin alfa in type 2 diabetes and chronic kidney disease. N Engl J Med. 2009;361(21):2019-
32.
17. Jones M, Ibels L, Schenkel B, Zagari M. Impact of epoetin alfa on clinical end points in
patients with chronic renal failure: a meta-analysis. Kidney Int. 2004;65(3):757-67.
18. Vanrenterghem Y, Bárány P, Mann JF, Kerr PG, Wilson J, Baker NF, et al. Randomized
trial of darbepoetin alfa for treatment of renal anemia at a reduced dose frequency
compared with rHuEPO in dialysis patients. Kidney Int. 2002;62(6):2167-75.
19. Palmer SC, Saglimbene V, Mavridis D, Salanti G, Craig JC, Tonelli M,et al.
Erythropoiesis-stimulating agentes for anemia in adults with chronic kidney disease: a
network meta-analysis. Cochrane Database Syst Rev. 2014;12:CD010590.
20. Revicki DA, Brown RE, Feeny DH, Henry D, Teehan BP, Rudnick MR, et al. Health-
related quality of life associated with recombinant human erythropoietin therapy for
predialysis chronic renal disease patients. Am J Kidney Dis. 1995;25(4):548-54.
21. Alexander M, Kewalramani R, Agodoa I, Globe D. Association of anemia correction
with health related quality of life in patients not on dialysis. Curr Med Res Opin.
2007;23(12):2997-3008.
22. Cody J, Daly C, Campbell M, Donaldson C, Khan I, Rabindranath K, et al. Recombinant
human erythropoietin for chronic renal failure anaemia in pre-dialysis patients. Cochrane
Database Syst Rev. 2005(3):CD003266.
23. Gouva C, Nikolopoulos P, Ioannidis JP, Siamopoulos KC. Treating anemia early in
renal failure patients slows the decline of renal function: a randomized controlled trial.
Kidney Int. 2004;66(2):753-60.
24. Drüeke TB, Locatelli F, Clyne N, Eckardt KU, Macdougall IC, Tsakiris D, et al.
Normalization of hemoglobin level in patients with chronic kidney disease and anemia. N
Engl J Med. 2006;355(20):2071-84.
25. Macdougall IC, Temple RM, Kwan JT. Is early treatment of anaemia with epoetin-
alpha beneficial to pre-dialysis chronic kidney disease patients? Results of a multicentre,
open-label, prospective, randomized, comparative group trial. Nephrol Dial Transplant.
2007;22(3):784-93.
26. Roger SD, McMahon LP, Clarkson A, Disney A, Harris D, Hawley C, et al. Effects of
early and late intervention with epoetin alpha on left ventricular mass among patients with
chronic kidney disease (stage 3 or 4): results of a randomized clinical trial. J Am Soc Nephrol.
2004;15(1):148-56.
27. Provenzano R, Bhaduri S, Singh AK. Extended epoetin alfa dosing as maintenance
treatment for the anemia of chronic kidney disease: the PROMPT study. Clin Nephrol.
2005;64(2):113-23.
28. Pergola PE, Gartenberg G, Fu M, Wolfson M, Rao S, Bowers P. A randomized
controlled study of weekly and biweekly dosing of epoetin alfa in CKD Patients with anemia.
Clin J Am Soc Nephrol. 2009;4(11):1731-40.
29. Lee YK, Kim SG, Seo JW, Oh JE, Yoon JW, Koo JR, et al. A comparison between once-
weekly and twice- or thrice-weekly subcutaneous injection of epoetin alfa: results from a
randomized controlled multicentre study. Nephrol Dial Transplant. 2008;23(10):3240-6.
30. Cody J, Daly C, Campbell M, Donaldson C, Khan I, Vale L, et al. Frequency of
administration of recombinant human erythropoietin for anaemia of end-stage renal
disease in dialysis patients. Cochrane Database Syst Rev. 2002;(4):CD003895.
31. Besarab A, Bolton WK, Browne JK, Egrie JC, Nissenson AR, Okamoto DM, et al. The
effects of normal as compared with low hematocrit values in patients with cardiac disease
who are receiving hemodialysis and epoetin. N Engl J Med. 1998;339(9):584-90.
32. Coyne DW. The health-related quality of life was not improved by targeting higher
hemoglobin in the Normal Hematocrit Trial. Kidney Int. 2012;82(2):235-41.
33. Kaufman JS, Reda DJ, Fye CL, Goldfarb DS, Henderson WG, Kleinman JG.
Subcutaneous compared with intravenous epoetin in patients receiving hemodialysis.
Department of Veterans Affairs Cooperative Study Group on Erythropoietin in Hemodialysis
Patients. N Engl J Med. 1998;339(9):578-83.
34. Messa P, Nicolini MA, Cesana B, Brezzi B, Zattera T, Magnasco A, et al. Efficacy
prospective study of different frequencies of Epo administration by i.v. and s.c. routes in
renal replacement therapy patients. Nephrol Dial Transplant. 2006;21(2):431-6.
35. Manns BY, Tonelli M. The new FDA labeling for ESA--implications for patients and
providers. Clin J Am Soc Nephrol. 2012;7(2)348-53.
36. Singh AK, Szczech L, Tang KL, Barnhart H, Sapp S, Wolfson M, et al. Correction of
anemia with epoetin alfa in chronic kidney disease. N Engl J Med. 2006;355(20):2085-98.
37. Strippoli GF, Navaneethan SD, Craig JC. Haemoglobin and haematocrit targets for the
anaemia of chronic kidney disease. Cochrane Database Syst Rev. 2006(4):CD003967.
38. Palmer SC, Navaneethan SD, Craig JC, Johnson DW, Tonelli M, Garg AX, et al. Meta-
analysis: erythropoiesis-stimulating agents in patients with chronic kidney disease. Ann
Intern Med. 2010;153(1):23-33.
39. Clement FM, Klarenbach S, Tonelli M, Johnson JA, Manns BJ. The impact of selecting
a high hemoglobin target level on health-related quality of life for patients with chronic
kidney disease: a systematic review and meta-analysis. Arch Intern Med.
2009;169(12):1104-12.
40. Parfrey PS, Lauve M, Latremouille-Viau D, Lefebvre P. Erythropoietin therapy and left
ventricular mass index in CKD and ESRD patients: a meta-analysis. Clin J Am Soc Nephrol.
2009;4(4):755-62.
41. Berns JS. Anemia of chronic kidney disease: Target hemoglobin/hematocrit for
patients treated with erythropoietic agents [Internet]. UpToDate; 2014. [acesso em 14 Set
2014]. Disponível em: http://www.uptodate.com/contents/anemia-of-chronic-kidney-
disease-target-hemoglobin-hematocrit-for-patients-treated-with-erythropoietic-agents.
42. FDA. U.S. Food and Drug Administration [Internet]. [acesso em 14 Set 2014].
Disponível
em:http://www.fda.gov/Drugs/DrugSafety/PostmarketDrugSafetyInformationforPatientsan
dProviders/ucm109375.htm.
43. Information for Healthcare Professionals: Erythropoiesis Stimulating Agents (ESA)
[Aranesp (darbepoetin), Epogen (epoetin alfa), and Procrit (epoetin alfa)] Acessado em :<
http://www.fda.gov/Drugs/DrugSafety/PostmarketDrugSafetyInformationforPatientsandPro
viders/ucm126481.htm FDA: 08/14/2013 ]. [PARA DOSE INDIVIDUALIZADA]
44. Tolman C, Richardson D, Bartlett C, Will E. Structured conversion from thrice weekly
to weekly erythropoietic regimens using a computerized decision-support system: a
randomized clinical study. J Am Soc Nephrol. 2005;16(5):1463-70.
45. Brimble KS, Rabbat CG, McKenna P, Lambert K, Carlisle EJ. Protocolized anemia
management with erythropoietin in hemodialysis patients: a randomized controlled trial. J
Am Soc Nephrol. 2003;14(10):2654-61.
46. Patterson P, Allon M. Prospective evaluation of an anemia treatment algorithm in
hemodialysis patients. Am J Kidney Dis. 1998;32(4):635-41.
47. Rossert J, Gassmann-Mayer C, Frei D, McClellan W. Prevalence and predictors of
epoetin hyporesponsiveness in chronic kidney disease patients. Nephrol Dial Transplant.
2007;22(3):794-800.
TERMO DE ESCLARECIMENTO E RESPONSABILIDADE
ALFAEPOETINA
Eu,_____________________________________________________ (nome do(a) paciente),
declaro ter sido informado(a) claramente sobre os benefícios, riscos, contraindicações e principais
efeitos adversos relacionados ao uso do medicamento alfaepoetina, indicado para o tratamento da
anemia na doença renal crônica.
Os termos médicos me foram explicados e todas as minhas dúvidas foram resolvidas pelo
médico ______________________________________________ (nome do médico que prescreve).
Assim, declaro que fui claramente informado(a) de que o medicamento que passo a receber
pode trazer os seguintes benefícios:
- correção da anemia e consequente redução da necessidade de transfusões;
- melhora sintomática e da qualidade de vida;
- redução no número de hospitalizações;
- melhora da capacidade cognitiva e desempenho físico.
Fui também claramente informado(a) a respeito das seguintes contraindicações, potenciais
efeitos adversos e riscos:
- não se sabe ao certo os riscos do uso da alfaepoetina na gravidez; portanto, caso engravide,
devo avisar imediatamente ao meu médico.
- os efeitos adversos mais comumente relatados são os seguintes: tonturas, sonolência, febre,
dores de cabeça, dores nas juntas e nos músculos, fraqueza e aumento da pressão arterial. Também
podem ocorrer problemas graves no coração, como infarto do miocárdio, acidentes vasculares
cerebrais (derrame), além da formação de trombos. Ausência da produção de células vermelhas do
sangue foi relatada raramente após meses a anos de tratamento com alfaepoetina.
- reações no local da injeção, como queimação e dor, podem ocorrer, mas mais
frequentemente em pacientes que receberam o medicamento por via subcutânea que por via
intravenosa.
- o medicamento está contraindicado em casos de hipersensibilidade (alergia) a ele ou aos
componentes da fórmula e em casos de pressão alta não controlada.
- o risco da ocorrência de efeitos adversos aumenta com a superdosagem.
Estou ciente de que esse medicamento somente pode ser utilizado por mim,
comprometendo-me a devolvê-lo caso não queira ou não possa utilizá-lo ou se o tratamento for
interrompido. Sei também que continuarei a ser atendido, inclusive se desistir de usar o
medicamento.
Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazerem uso de informações
relativas ao meu tratamento, desde que assegurado o anonimato.
( ) Sim ( ) Não
Local: Data:
Nome do paciente:
Cartão Nacional de Saúde:
Nome do responsável legal:
Documento de identificação do responsável legal:
_____________________________________
Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico responsável: CRM: UF:
___________________________
Assinatura e carimbo do médico
Data:____________________