UNIVERSIDADE FEDERAL DE sAN'IA CATARINA ' c_URso DE GRADUAÇÃO EIvI CIÊNCIAS
EcoNôIvIIcAs
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EXPLORAÇAO DE PEDREIRAS PARA A PRQDUÇAO DE BRITAS NA REGIAO DA GRANDE FLoRIANÓI=oLIsz AsPEcTos
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E s`ÓcIo-E‹':oNõIvIIcos E AMBIENTAIS! - ú
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Monografia submetiia ao Departamento de Ciências Econôrnicas para obtençãoide carga horária na disciplina CNM 5262.0 - Monografia
Por: Sílvia Lúcia Gerolamo Guimarães . ú. .
oziénçaúozz Prof. Dz. HoYEDo NI_INEs LINs
Área de Concentração: EcoNomIA REGIONAL E URBANA Palavras Chaves: MINERAÇÃD, MEIO-AMBIENTE, ExI›I.oRAçÃo DE PEDREIRAs
Florianópolis, outubro de 1996 '
ll
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA .
CURSO DE GRADUAÇAO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 5 à aluna Sílvia Lúcia
Gerolamo 'Guimarães, na disciplina CNM 5420 - Monografia, pela apresentação
deste trabalho. V
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Prof. _r.' yêdo Nunes Lins -
/ esidente
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Âdèi M .
Prof. QlLf›‹f¢%‹p l'\â»/T€v‹2z‹»;« Membro
Ao meu filhinho Bruno, meu maior estímulo, e a todos que direta ou
indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho.
iv
SUMÁRIO
LISTA DE ANEXOS .......................................................................................... .. vii
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... .. viii
LISTA DE GRÁFICOS ....................................................................................... .. ix
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... .. X
RESUMO .......................................................................................................... _. xi
CAPÍTULO 1
1. O PROBLEMA ............................................................................................. .. 1
1.1. Introdução .............................................................................................. .. 1
1.2. Formulação da Situação-Problema ........................................................... .. 2
1.3. Objetivos ..... ......................................................................................... .. 5
1.3.1.. Geral ............................................................................................ ._ 5
1.3.2. Específicos ................................................................................... ._ 5
1.4. Metodologia ........................................................................................... _. 6
CAPÍTULO 2 2. ASPECTOS DA IVTINEPCAÇÃO No BRASIL ............................................... .. s
2.1. Desenvolvimento da mineração no Brasil ................................................ ._ 8
2.2. Importância da mineração na economia nacional ..................................... .. 12
2.2.1. Desempenho do setor mineral - década de 80 ............................... .. 14
2.2.2. Evolução e perspectivas ................................................................ .. 15
2.3. Estrutura atual da atividade mineral ........................................................ .. 16 ' 2.3.1. Setor governamental ..................................................................... .. 18
2.4. Mineração em áreas urbanas ................................................................... .. 19
2.5. Ocupação de mão-de-obra e relações trabalhistas .................................... _. 21
2.6. Tributação no setor mineral ............ _. ...................................................... .. 23
CAPÍTULO 3
3. ASPECTOS DA MINERAÇAO EM SANTA CATARINA 3.1. Características Sócio-Econômicas ............................................................ ..
3.2. Principais Ocorrências minerais ................................................................ ._
3.3. Órgãos ambientais em Santa Catarina ...................................................... ..
CAPÍTULO 4
4. PROBLEMÁTIÇA AMBIENTAL RELAÇIONADA À MINERAÇÃO ......... ..
4.1. Temática ambiental ................................................................................. ..
4.2. Notas sobre a evolução da problemática ambiental em nível mundial ......... ..
4.2. 1. Nova postura empresarial nos países desenvolvidos ........................ ..
4.3. Quadro sócio-ambiental brasileiro: evolução ............................................ ._
4.4. Mineração e o meio-ambiente ................................................................. ..
4.4.1. Compatibilização da mineração com o meio-ambiente: Legislação Ambiental Brasileira ................................................................... ._
4.4.2. A questão da mineração em unidades de conservação: Brasil .......... ..
CAPÍTULO 5 1
5. EXPLORAÇÃO DE PEDRETRAS PARA PRODUÇÃO DE ERITAS NA REGIÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS ............................................... ..
5.1. Aspectos das empresas exploradoras de britas: importância da atividade no processo de expansão urbana recente da Grande Florianópolis ................ ..
5.2. Exploração de britas na região da Grande Florianópolis: exame da produção, faturamento e nível de emprego ...................... .................................. ..
5.2.1. Saibrita - Mineração e Construção Ltda: atuação no período recentei
5.2.2. Pedrita e Sulcatarinense ....................... ...................................... ..
CAPÍTULO ó
6. PROBLEMAS AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPLORAÇÃO DE PEDREIRAS .............................................................................................. ..
6.1. Impactos ambientais: caracterização e descrição .................................... ..
6.1.1. Medidas de controle ambiental ..................... ............................ ..
6.2. Problemas ambientais decorrentes da extração de britas na Grande_
Florianópolis: ações das empresas ....................................................... ._
6.3. Recuperação de áreas degradadas (exploradas)
CAPÍTULO 7
7. CONCLUSÃO .................................................... ..
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... ..
ANEXOS ................................................................ _.
ANEXO 1 -
ANEXO 2 -
ANEXO 3 -
vii
LISTA DE ANEXOS
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS ............................ .. 84
REPORTAGEM Do JQRNAL DIÁRIO CATARINENSE, 09/04/95 ........................................................................... .. 91
EXEMÍPLOS DE PEDREIRAS DE BOA GESTAO AMBIENTAL ...... .Ç ...................................... .z ................ .. 93
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - DEPARTAMENTO NACIONAL DA PRODUÇAO MINERAL: ORGANOGRAMA 1994) ............................................... ..
vii
19
GRÁFICO 1
GRÁFICO 2
› r GRAFICO 3
GRÁFICO 4
GRÁFICO 5
GRÁFICO 6
GRÁFICO 7
GRÁFICO s
GRÁFICO 9
LIs'I*A DE GRÁFICOS
~ A - PARTICIPACAO DAS SUBSIANCIAS MINERAIS NA
ARRECADAÇÃO DO ICMS - 1990 .......................... ..
- EIVIPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL POR 1\/IUNICÍPIO DA REGIÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS - 1980 E 1992 .......................................................................... ..
'
- PRODUÇÃO DA SAIBRITA - 1984/1994 .................. .. - FATURAMENTO DA SAIBRITA - 1984/1994 .......... ..
- NÍVEL DE EI\`/IPREGO NA SAIBRITA - 1980/1994 - PRODUÇÃO DA PEDRITA - 1984/ 1994 ................... ..
- PRODUÇÃO DA SULCATARINENSE - 1984/1994 - F ATURAMENTO DA PEDRITA - 1984/1994 .- ............ ..
- FATURAIVIENTO DA SULCATARINENSE - 1984/1994 GRÁFICO 10 - NÍVEL DE EMPREGO NA PEDRITA _ 1980/1994 .... ..
GRÁFICO Il - NÍVEL DE EMPREGO NA SULCATARINENSE-1980/1994
xi
RESUMO u .
Os bens minerais são essenciais a qualidade de vida almejada pela
humanidade e à sua própria sobrevivência. Sabe-se que atualmente, a qualidade de vida
dos países desenvolvidos, sonho da maioria das pessoas, é sustentada pela oferta anual
de bens minerais da ordem de dez toneladas por habitante (como areia, brita, ferro,
fosfato, petróleo e carvão) (Souza, 1995).
Os bens minerais constituem-se recursos naturais não renováveis, sendo
fisicamente finitos. Dessa forma, torna-se crucial a utilização racional dos recursos
minerais, evitando-se o seu desperdício e assegurando seu uso a futuras geraç~es.
_
Outro aspecto importante no aproveitamento dos recursos minerias está relacionado com -a questão ambiental. Não há dúvida de que a atividade mineral gera impactos ambientais, pelo próprio fato do bem mineral constituir-se também como recurso ambiental.
A atividade minerána e a proteção do meio ambiente não podem ser
enfocadas sob o prismado eventual confronto, mas sim sob o da compatibilização, o que implica visualizar a mineração como atividade de aproveitamento em beneficio da
sociedade, de recurso ambiental em sintonia com o próprio ambiente, com todas as implicações jurídicas e desafios técnicos aí envolvidos.
É fundamental que os responsáveis por essa atividade estejam conscientes dos desafios oriundos do exercício da mineração com a qualidade ambiental. Constata-se que essa conscientização não está presente no campo da pequena mineração e nos países menos desenvolvidos.
Destaca-se no âmbito nacional, como exemplo da conscientização -
ambiental, o IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração, responsável por ações e
políticas ambientais direcionadas às empresas de mineração.
A exposição desse estudo foi sistematizada ao longo de sete capítulos, nos quais procurou-se contextualizar a importância da mineração no Brasil e em Santa Catarina, com vistas a um aprofundamento analítico da Exploração de Pedreiras para a
produção de britas na Região da Grande Florianópolis. Sendo a exploração de pedreiras um segmento específico da atividade mineral.
xii
Foi realizada uma abordagem sobre a evolução da Problemática Ambiental em nível mundial, suas implicações no quadro sócio-ambiental brasileiro, caracterizando- se ainda os principais problemas ambientais decorrentes da exploração de pedreiras, as
formas de minimização dos impactos e as medidas adotadas pelas empresas na região
analisada.
vv.
1
1. O PROBLEMA
1 . 1. Introdugão
O presente trabalho apresenta sete capítulos em sua totalidade. O primeiro refere-se à formulação da situação problema, assim como aos objetivos e metodologia.
No capítulo II, foi realizada uma análise abrangente do setor mineral,
buscando compreender aspectos políticos e institucionais que condicionaram o
desenvolvimento da mineração no Brasil, bem como sua evolução e importância na economia nacional.
Do mesmo modo, o capítulo III, procura compreender a importância do setor mineral catarinense, a partir do enfoque das principais substâncias minerais
produzidas no Estado.
› O capitulo IV analisa alguns acontecimentos importantes que marcaram a
evolução da Problemática Ambiental em nivel mundial e suas implicações no Quadro Sócio-Ambiental Brasileiro, com vistas a compreensão da atual .Legislação ambiental Brasileira relacionada à Mineração.
' O capítulo V procura demonstrar a importância da exploração de pedreiras para produção de britas no processo de expansão urbana recente da Grande Florianópolis através do exame de algumas variáveis como produção, faturamento e
emprego.
A
O capítulo VI trata dos problemas ambientais decorrentes da exploração de pedreiras, caracterizando os principais impactos sobre o Meio ambiente, assim como as formas de controle e prevenção, buscando identificar as implicações e a intensidade
desses impactos na Região da Grande Florianópolis.
E, por fim, o último capítulo apresenta as conclusões obtidas desse estudo.
2
1.2. Formulação da Situação Problema
“A procura do ponto de equilíbrio, entre 0 atendimento das necessidades de desenvolvimento das nações, mediante a exploração inteligente dos recursos minerais e a
preservação do meio-ambiente, vem se constituindo num dos paradoxos mais agudos desta virada de milênio” (Souza, 1995, p. 10).
Os bens minerais têm um papel muito importante na sociedade, em virtude da crescente necessidade de utilização destes recursos, para promover a melhoria da qualidade de vida do homem. São utilizados como matéria-prima para a indústria,
necessários â edificação de habitações, produção de energia, vias de transporte,
telecomunicações, saneamento, constituindo-se base de progresso e civilização.
O Brasil apresenta um considerável potencial de recursos do subsolo, ainda parcialmente conhecidos, ou seja, carentes de informações geológicas, que possibilitem um melhor aproveitamento econômico destes recursos.
A atividade mineral, embora potencialmente agressiva ao meio ambiente, contribui, consideravelmente, para o desenvolvimento da Nação.
Para uma compreensão mais precisa da real importância da mineração no contexto geral da economia brasileira, torna-se necessário destacar que ela é a base da indústria de transformação, incorporando a siderurgia, a metalurgia em geral, a
fabricação de cimento, a indústria quírnica, a indústria cerâmica e do vidro, cujos
processos industriais agregam valor à matéria-prima mineral.
Em 1992, segundo dados divulgados pelo DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral, a indústria extrativa mineral foi responsável por 2% do PIB -
Produto Interno Bruto; na sua seqüência, a indústria de transformação mineral atingiu 6% do PIB (DNPM, 1993).
Considerando-se apenas as relações internas no setor industrial, verifica-se que a participação total da mineração, neste agregado, foi de 32% (DNPM, 1993).
A importância da mineração fica, mais uma vez, evidenciada, quando se
avalia a sua contribuição para o comércio exterior.
3
Em 1992, as exportações brasileiras atingiram a cifra de US$ 36 bilhões, sendo que 27% deste total, foram originários da mineração, compreendendo produtos primários, semimanufaturados e manufaturados (DNPM, 1993).
A mineração constitui-se, também, numa grande fonte empregadora de mão- de-obra, sendo, portanto, propulsora do desenvolvimento nacional.
Constata-se, de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro (1991), que em 1990, foram proporcionados 97.902 empregos, em 25 unidades da Federação, advindos de atividades de Lavra e Beneficiamento de substâncias minerais. A região Sudeste liderou a oferta de mão-de-obra, absorvendo 52% do total do pais.
1 No mesmo ano, a região Sul absorveu 15,7% da mão-de-obra, sendo que o
Estado de Santa Catarina representou 45% deste total.
O Estado de Santa Catarina se destaca, no cenário nacional, por contar com mais de 700 empresas de mineração em atividade, empregando, diretamente na extração de substâncias minerais, um contingente humano de 13.500 pessoas, envolvendo,
indiretamente, cerca de meio milhão de habitantes (DNFM - SC - 1987). SÉ o maior produtor de carvão mineral e fluorita, além de importante
produtor de argilas e insumos básicos para a indústria cerâmica.
A exploração de pedreiras, para a produção de britas no Estado reforça a
posição de destaque da mineração catarinense ao nível nacional. A produção catarinense de pedra britada é realizada por, aproximadamente, 75 empresas. A atividade tem como principal mercado consumidor a indústria de construção civil, constituída por vários
segmentos, como: concreteiras, lojas de materiais de construção e indústria de pré-
moldados.
V Destacam-se, entre outros importantes consumidores, a Rede Ferroviária Federal S/A., Prefeituras Municipais e Empreiteiras de Obras Viárias.
Contando com uma formação geológica privilegiada, onde ocorrem rochas do embasamento cristalinol e basaltos, a produção de britas no Estado é bem distribuída geograficamente.
1 Rochas do Embasamento Cristalino: Rochas onde predominam os granitos e gnaisses em suas diversas formas. Formação geológica caracteristica do Leste Catarinense. / Ver Geologia de Santa Catarina: FURTADO, S.M.A. & SCHEIBE, L.F., 1987.
4
Basicamente, o leste catarinense produz britas de granitos e gnaisses,
enquanto o planalto e o oeste do Estado dispõem de basaltos.
Da produção estadual de britas, cerca de 63% é oriunda da porção leste (DNPM - SC - 1987), destacando-se a região da Grande Florianópolis, onde 3 Empresas realizam a extração: Saibrita Ltda., Pedrita Ltda. E Sulcatarinense Ltda.
A produção de britas está diretamente relacionada ao aumento populacional, pelo fato de constituir-se num insumo quase que insubstituível na construção civil.
Como toda atividade mineral, a implantação e funcionamento de uma pedreira, acarreta transformações significativas sobre o meio-ambiente, como focos de erosão, poluição sonora, visual, geração de poeira, além das questões de segurança.
Desta forma, torna-se imprescindível o respeito aos critérios e medidas que norteiam a exploração mineral, no sentido de prevenir e/ou minimizar as conseqüências dos impactos, na maioria das vezes, inevitáveis.
O acompanhamento técnico e a realização de estudos prévios de impactos ambientais, permitem que a exploração seja executada de forma racional e ordenada,
obedecendo às diretrizes básicas de um projeto, uma vez que haja preocupação com a
preservação e reabilitação da área.
O cumprimento da legislação, em todos os seus aspectos, permite melhor direcionar o aproveitamento dos recursos naturais não renováveis, visando a
harmonização da mineração com 0 meio ambiente.
Para que os resultados sejam satisfatórios, deve haver uma conscientização, por parte da iniciativa privada, na elaboração e execução de projetos ambientais, bem como a participação efetiva do Estado exercendo uma fiscalização eficiente.
5
1 .3. Objetivos
1.3.1. Geral
Enfocar a exploração de pedreiras com vistas à produção de britas na região da Grande Florianópolis, destacando aspectos sócio-econômicos e ambientais, no quadro da estrutura da atividade mineral brasileira e catarinense e de evolução das preocupações
com a proteção do meio ambiente.
1.3.2. Específicos
a) Identificar os princípios que norteiam o aproveitamento de recursos
minerais no Brasil;
b) Detectar as implicações da evolução da política ambiental em nivel mundial para o quadro sócio-ambiental brasileiro;
c) Apontar os diversos segmentos da atividade mineral no Brasil e em Santa Catarina;
_
d) Estudar a extração de britas na Grande Florianópolis, mediante análise do desempenho das principais empresas envolvidas, exame da produção, nível de emprego e
iniciativas de melhora da atividade;_
e) Identificar os principais problemas ambientais decorrentes da extração de
rocha, para produção de britas, na Grande Florianópolis.
6
1.4. Metodologial
l
- Para a realização do presente trabalho, utilizou-se basicamente informações
estatísticas disponíveis junto ao DNPM - Departamento Nacional da Produção Mineral, bem como o levantamento da Legislação referente aos Recursos Minerais e ao Meio Ambiente.
Devido a complexidade que envolve este tema abrangente e atual, foram utilizados ainda, trabalhos técnicos apresentados em eventos científicos, além de teses especificas.
Ressalta-se que no capítulo referente aos aspectos da mineração no Brasil
(capítulo 2) a pesquisa concentrou-se nas publicações periódicas da Divisão de
Planejamento e Economia Mineral do DNPM como Anuários Minerais, Sumários
Minerais e Estudos recentes de Política e Economia mineral, a fim de possibilitar uma breve abordagem da importância da atividade mineral no quadro sócio-econômico
brasileiro.
Já no capítulo seguinte (capítulo 3) que trata dos aspectos da mineração em Santa Catarina, em virtude da carência de obras recentes publicadas pelo 11° Distrito Regional do DNPM-SC, a análise concentrou-se no último perfil da produção mineral catarinense publicado em 1987, além de reportagens de jornal e revistas especializadas.
O capítulo seguinte (capítulo 4) referente a evolução da Problemática
Ambiental relacionada à Mineração teve como suporte teórico obras recentes da APED -
Associação de Pesquisa e Ensino, Ecologia e Desenvolvimento, IBRAM - Instituto
Brasileiro de Mineração e Meio Ambiente, além de bibliografia específica relacionada a
Legislação Minerária e Ambiental Brasileira.
O capítulo seguinte (capítulo 5) que trata da análise de uma região
geográfica bem delimitada, enfocando a Exploração de Pedreiras na Região da Grande Florianópolis incorporou a análise do exame da produção, faturamento e nível de emprego de três empresas: Saibrita, Pedrita e Sulcatarinense, no período 1984 à l994.
Ressalta-se que o acesso às informações sobre os determinantes internos, que condicionaram o comportamento dessas variáveis: produção, faturamento e emprego nas
7
empresas analisadas, só foi permitido pela Saibrita, através de questionários específicos e
entrevista realizada junto ao gerente da empresa em 13.03.96.
Por fim, no último capítulo (capítulo 6), que aborda problemas ambientais
decorrentes da Exploração de Pedreiras, foram utilizados estudos técnicos especializados
com a questão ambiental como EIA - Estudos de Impacto Ambiental, além de
informações obtidas junto a Extrativa - Engenharia de Mineração e Meio Ambiente -
empresa que presta consultoria a alguns estabelecimentos (pedreiras) do Estado.
8
2. ASPECTOS DA MINERAÇAO NO BRASIL
2.1. Desenvolvimento da mineração no Brasil
A .mineração faz parte da história do Brasil desde seu descobrimento.
Entretanto, as riquezas do nosso subsolo começaram a ser aproveitadas somente no século XVII, pois, inicialmente, a colonização do Brasil foi baseada no aproveitamento da flora (ciclo do pau-brasil) e, em seguida, da agropecuária (ciclos do açúcar, cereais, fumo e gado).
O aproveitamento dos recursos minerais no Brasil evoluiu do regime
dominial, adotado na Colônia e no Império, para o regime fundiário, na primeira fase Republicana e, a partir da Constituição de 1934, para o dominio federal sobre os
YCCUFSOS ITllI]€I`ãlS.
A Constituição de 16 de julho de 1934 estabeleceu o regime de concessão federal para o aproveitamento dos recursos minerais, constituindo-se num importante instrumento jurídico para a promoção do desenvolvimento da mineração (Souza, 1995).
ç
Ainda no ano de 1934, caracterizado pela nova fase da legislação minerária brasileira, foi criado o DNPM - Departamento Nacional da Produção Mineral, com a
função de administrar os recursos minerais no pais, tendo como principal atribuição a
outorga de autorizações de pesquisa e das concessões de Lavra,
Torna-se importante salientar que a Constituição de 1934, ao instituir o
regime de concessão para o aproveitamento dos recursos minerais no Brasil,
revolucionou o aproveitamento do subsolo brasileiro, consagrando o interesse público sobre esse aproveitamento. Caracteriza-se, portanto, como um fato moldador do desenvolvimento da mineração no Brasil.
O desenvolvimento da mineração no Brasil foi ainda fortemente influenciado or al uns fatos de ordem econômica e olítica, como a olitica de industrializa ãoÇ
baseada na substitui ão de im orta ões além de uma se üência de eventos recentes em7
9
que se destacam a Constituição Federal de 1988, a abertura da economia brasileira e a
Emenda Constitucional de 1995. Estes fatos serão analisados a seguir.
a) Implementação da política de industrialização baseada na substituição de importações
O modelo de desenvolvimento baseado na substituição de importações
priorizava a produção nacional de bens de consumo, especialmente os duráveis. Essa política de industrialização fortaleceu a estrutura industrial do país, reduzindo a
dependência extema e aumentando o valor agregado das exportações.
A partir de 1956 _- fase caracterizada por maior participação do governo em investimentos e pela entrada de capital estrangeiro em alguns setores -, várias indústrias instalaram-se no país: automobilística, siderúrgica, petrolífera, metalúrgica, química,
entre outras.
Essa nova fase do processo de desenvolvimento por substituição de
importações levou ao fortalecimento do setor mineral. Buscava-se, através de uma política direcionada, a auto-suficiência do setor mineral, propiciando ao mesmo condições de responder às demandas do intenso ̀ procesvs_o_,de crescimento da economia brasileira.
Dentro desse contexto, priorizou-se o setor de não-ferrosos (alumínio,
chumbo, cobre, estanho, níquel e zinco). Além destes, o carvão e o minério-de-ferro foram considerados prioritários, tanto pela utilização como insumo siderúrgico e
energético, quanto pela possibilidade de exportação do minério-de-ferro.
O primeiro choque do petróleo desestruturou o ritmo de crescimento das economias desenvolvidas, devido à perda de dinamismo do “modelo de desenvolvimento dos duráveis nos países industrializados.
A opção brasileira realizada em 1974 caracterizou-se no sentido de sustentar o processo de desenvolvimento interno.
O governo brasileiro, em resposta à crise mundial de energia, reorientou a
nação através do II PND - Plano Nacional de Desenvolvimento, rumo a um modelo de crescimento voltado às atividades vitais como a siderurgia, a petroquímica e o setor de fertilizantes e metais não ferrosos, conduzindo ainda o setor privado a essas áreas,
consideradas de baixa rentabilidade e longo período de maturação.
10
Com o segundo choque do petróleo, intensificaram-se os empréstimos
internacionais tomados pelo país com forma de financiar o defficit da balança comercial. A dívida externa sofreu aumentos significativos.
A moratória do México, em agosto de 1982, tornou problemática a obtenção de novos recursos no Sistema Financeiro Intemacional. Nesse momento, a política
econômica nacional passou a priorizar a obtenção de saldos positivos na balança
comercial.
O setor mineral contribuiu naquela orientação, intensificando a auto-
suficiência dos metais-não-ferrosos, por um lado, e gerando superávits comerciais, por outro.
Cabe salientar, entretanto, que:
“Os anos 80 mostraram o esgotamento do padrao de desenvolvimento conduzido pelo setor dos duráveis de consumo, só que a liderança parcial exercida pelo setor mineral não foi suficiente para definir um novo padrão industrial, em virtude do comprometimento ao modelo de metalurgia adotado no País, ao padrão de consumo de metais definido a nível interno e externo, e aos próprios paradigmas tecnológicos” (Corrêa, I 993,
ç
p. 26).
b) A Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal de 1988 conferiu à União caráter patrimonial sobre
os recursos minerais existentes no Território Nacional, limitando a participação de
empresas estrangeiras na atividade. Em seu artigo 176, inciso 1°, determinou que o
aproveitamento dos recursos minerais só poderia ser efetuado por empresa brasileira de
capital nacional. Em seu artigo 177, estabeleceu o monopólio da União sobre a pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e gás natural, bem como a pesquisa, lavra, industrialização e comércio de minerais nucleares e seus derivados (Souza, 1995).
Ao atribuir à União a propriedade dos recursos minerais e o efetivo controle sobre eles, evidencia-se que a intervenção do Estado na propriedade privada para a
exploração e o aproveitamento dos recursos minerais permanece realidade no Brasil.
Merece destaque o fato de que a restriçao aos investimentos estrangeiros na atividade mineral ocorreu no momento em que muitos países liberavam suas leis de
investimentos estrangeiros e políticas de comércio exterior. '
1 1
c) A abertura da economia brasileira A política brasileira de abertura da economia caracteriza-se como fator
relevante para o desenvolvimento da mineração no Brasil.
A redução de tarifas de importação para equipamentos de mineração tem possibilitado às companhias nacionais de mineração a aquisição de equipamentos de alta
tecnologia, imprescindíveis à obtenção de economias de escala e competitividade.
d) A Emenda Constitucional de 1995 A Emenda Constitucional promulgada pelo Congresso Nacional em 1995,
desconsiderou a diferença entre empresa de capital brasileiro e estrangeiro, permitindo,
assim, maior presença do capital de risco externo no processo de desenvolvimento da
mineração. Com a alteração do artigo 176 da Constituição, retomou-se a tradicional concepção adotada nas constituições de 1934, 1942 e na Carta de 1969, onde exigia-se
apenas que a empresa de mineração fosse constituída sob as leis brasileiras e que tivesse
sede e administraçao no país. i A emenda sobre “empresa nacional”2 caracteriza-se como fato extremamente
favorável para a mineração. Ao eliminar a discriminação contra capitais estrangeiros na pesquisa e lavra de substâncias minerais, possibilitará uma possível reversão do quadro atual, que vem registrando queda de quase 50%, desde 1989 (DNPM, 1995).
Para a atração de investimentos externos, tornam-se relevantes: o nível de
conhecimento geológico do país, a infra-estrutura, os recursos humanos e a maior eficiência de atuação do Estado no setor.
4
2Ver anexo sobre Dispositivos Constitucionais.
12
2.2. Importância da mineração na economia nacional
O Brasil apresenta considerável potencial mineral, decorrente da diversidade geológica de seus terrenos e da extensão continental de seu território, que ocupa 8,5 milhões de Km?
Com cerca de 160 milhões de habitantes, o país constitui o 8° parque
industrial do mundo. Suas reservas naturais, conhecidas e potenciais, ajudam a fazer dele um dos mercados mais dinâmicos do mundo, alcançando a nona posição no mercado mundial e representando um terço da economia latino-americana (DNPM, 1995).
O país destaca se na produçao mundial de minério de ferro3, ouro, bauxita, manganês, caulim, gemas, estanho e tântalo.
A produção mineral brasileira atingiu, em 1993, 10,8 bilhões de dólares e seu Produto Interno Bruto (PIB) girou em torno de 456 bilhões de dólares, conforme estatísticas do Departamento Nacional da Produção 1\/fineral, em recente estudo sobre “Economia Mineral do Brasil”, desenvolvido conjuntamente com o “US Bureau 0ƒ1\/[ines - USBM” (DNPM, 1995).
Torna-se importante salientar a existência de significativa produção informal,
não regulamentada e não declarada, como é o caso dos bens minerais utilizados na construção civil (britas, areias e argila). Embora não faça parte das estatísticas, admite-se que a produção informal de bens minerais alcançou, em 1993, valores ao redor de 2
bilhões de dólares.
O Brasil importa bens minerais primários: petróleo, carvão, cobre, potássio, enxofre e zinco; e exporta principalmente semi-elaborados de estanho, alumínio, ferro,
cobre, nióbio, manganês, zinco e níquel, além de derivados de petróleo, elaborados de
ferro, alumínio, argila, etc.
Entre 1988 e 1990, os saldos da balança comercial no setor mineral
apresentaram-se sempre superavitários. Em 1990, a receita cambial originada com as exportações de bens minerais foi de cerca de 9,4 bilhões de dólares, sendo que a
3As reservas brasileiras de minério de ferro ultrapassam um quarto do total (DNPM, 1995).
13
participação do setor mineral na pauta das exportações globais brasileiras foi de 30% (DNPM, 1991).
Em 1993, foram exportados US$ 9,9 bilhões em produtos de origem mineral. O setor contribuiu com 26% das exportações e 33% do saldo comercial obtido no ano (DNPM, 1994). Entre os maiores mercados consumidores de produtos minerais
brasileiros, destacam-se os EUA e o Japão. As exportações compreendem produtos semi-manufaturados e manufaturados, entre os produtos mais exportados, destacam-se:
minério de ferro, alumínio, derivados de petróleo e estanho.
Com relação às importações, em 1990, o setor mineral foi responsável por 37% do total das importações brasileiras, assim distribuídas: bens primários, 28%; semi- acabados, 4%; manufaturados, 2,5% e compostos químicos, 2,5%. Os principais
produtos importados foram: petróleo, carvão, cobre, ferro, aço, derivados de petróleo e
fertilizantes potássicos (DNPM, 1991). Os maiores fornecedores de produtos minerais ao mercado brasileiro em 1990, foram: os EUA, Irã, Iraque e Arábia Saudita.
Torna-se importante ressaltar o desempenho da indústria extrativa mineral, que compreende a transformação de minerais não-metálicos, metalurgia e petroquímica. A participação dessa indústria tem girado em torno de 2% do PIB e representando cerca de 26% do produto industrial brasileiro.
O aproveitamento dos recursos minerais, quando comparado às demais
atividades econômicas, apresenta características específicas, com elevados graus de dificuldades como a rigidez locacional da jazida e da mina4, determinada pela natureza, a
longa maturação dos projetos minerários (atualmente, em média, com dez anos entre o
início da pesquisa e o começo da lavra) e por fim a disposição de elevados investimentos extremamente dependentes de mercados dinâmicos e variáveis, sujeitos às constantes
alterações tecnológicas dos processos industriais, resultando, na maioria das vezes, na
substituição de matérias-primas.
4Jazida: toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando a superficie, ou existente no interior da terra, que possua valor econômico; Mina: jazida em Lavra, ainda que suspensa, podendo ocorrer a céu aberto ou subterrânea (Código de Mineração e Legislação Correlativa do Brasil. BRASIL, 1987).
14
2.2.1. Desempenho do setor mineral - década de 80
Considerando-se as altas taxas de crescimento que o Brasil apresentou nos anos 60 e 70, foi inevitável o crescimento do consumo interno por bens minerais.
O aumento da demanda interna caracterizado nessa fase deve-se,
principalmente, ao processo de industrialização rápida, ao lançamento de infra-estrutura
de transportes e energia, além do ritmo frenético verificado pelo setor de construção civil nas regioes metropolitanas. .
Durante a década de 80, o comportamento da, produção mineral, comparado a outros setores da economia, apresentou-se de forma irregular, conforme observa-se na tabela 1:
TABELA 1,
PRODUÇÃO NACIONAL: CRESCIMENTO POR s1‹:ToREs ,,,,,,,,,,,, __
S`Éš'E`(3§ë lfãfâil 3935 “âärêšfi 198? Ífšãšfi 1148?? 19955 1993 E992 1993 Ê'§'í¿M|
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Comércio 8,3 7 -
19,6 10,6 19,2 9,0 19,6 6,7 10,7 13,6: hoo ._.
servâç. mà. uú1ióaâzpúb1.,,, 10,5 10,2 8,3 ~
3,3 5,8Í
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(JJ
Fonte: IBGE, apud DNPM, 1995. _
`
O desempenho foi melhor na primeira metade do período, declinando a partir de 1985, sendo que em 1987, acusou taxa negativa.
O setor mineral apresentou ainda, um desempenho mais significativo que o
PIB e outros setores da economia, como a agropecuária e o conjunto da indústria de transformaçao.
“O Brasil é, seguramente, um dos países com maior potencial mineral do mundo, juntamente com a Rússia, EUA, Canadá, China eAustrál1`a” (DNPM 1995, p. J 1).
15
Reconhece-se que sua produção mineral poderá crescer significativamente,
em bases ecologicamente sustentáveis, a partir de maiores investimentos e de uma política e legislação adequadas, de modo a estimular investidores, qualquer que seja a
origem do capital. Entretanto, os recentes programas governamentais de austeridade,
aliados ao enfraquecimento da economia nos últimos anos, têm consistido em obstáculos ao desenvolvimento da mineração.
Existe amplo espaço para o crescimento da indústria mineral, principalmente
considerando-se o potencial de recursos minerais existente no país, .a própria economia e
a infra-estrutura.A
As últimas alterações constitucionais, eliminando a restrição aos
investimentos estrangeiros na mineração e outras medidas propostas, tais como: a
revisão do sistema tributário, simplificação do papel do Estado na economia e
Orçamento Público equilibrado, devem estabelecer um clima favorável para o
desenvolvimento do setor.
2.2.2. Evolução e perspectivas
Apesar dos desafios com que se defronta a indústria mineral brasileira, em virtude da crise econômica que perdura por mais de dez anos, seu desempenho tem sido razoável, sustentando perspectivas favoráveis.
Tomando-se as décadas de 70 e 80, mais precisamente o período 1977/88, verifica~se que, enquanto o PIB crescia à taxa de 4,7% ao ano, o PMB (Produto Mineral Brasileiro) crescia a uma taxa de 14% ao ano (DNPM, 1995).
Mesmo com a retração da década de 80, constata-se uma expansão do PMB a uma taxa média de 6,7% anuais, registrada no período 1980/88, enquanto o PIB apresentou variação de 2,6% ao ano (DNPM, 1995).
Em 1990, o PMB obteve um crescimento de 10% em relação ao ano
anterior. No mesmo ano, a indústria de transformação mineral, incluindo a siderurgia, metalurgia e petroquímica, participou com 29% na formação do PIB.
16
De acordo com o DNPM (1995), a estabilização da economia, aliada a
reformas estruturais que propiciem maior integração do Brasil no cenário mundial, possibilitará à indústria mineral os seguintes beneficios:
0 acesso a novos mercados e novas tecnologias;
0 atraçao de capitais externos;
0 promoção de novos empreendimentos;
0 integraçoes intersetoriais.
A recuperação do crescimento econômico possibilitará a intensificação dos mercados de insumos básicos (aços, ferroligas, metais não-ferrosos, fertilizantes,
cimento, etc). ›
A concentração de esforços na geração de intra-estruturas sociais (educação, saúde, habitação, saneamento, etc) e na recuperação e fortalecimento de infra-estruturas
econômicas (transporte e energia), resultará na intensificação da demanda de materiais de construção.
Em conseqüência, com a estabilização da economia e com base na nova política que vem sendo adotada relacionada ao capital estrangeiro, .as perspectivas
parecem animadoras com relação à maior participação do capital de risco externo no processo de retomada do desenvolvimento brasileiro.
Com relação aos recursos minerais mais abundantes no território brasileiro (minério de ferro, bauxita, cassiterita, ouro, nióbio, manganês, gemas, caulim, etc), o
país tem expandido continuamente a verticalização da produção e intensificado esforços na pesquisa e desenvolvimentos desses recursos.
Torna-se previsível, assim, a busca de um padrão próprio de produtividade que contenha um estilo tecnológico compatível com as características e disponibilidades de seus recursos.
2.3. Estrutura atual da atividade mineral_
17
Atualmente, a maior parte da indústria mineral brasileira está concentrada nas
maos de investidores brasileiros privados e companhias estrangeiras.
As exceções, ou seja, as empresas de propriedade estatal, incorporam a
produção de gás natural e as indústrias de petróleo, através da Petróleo Brasileiro S.A.
(Petrobrás).
O processo de privatização da indústria mineral foi iniciado em outubro de 1991, quando o governo vendeu ações da segunda maior indústria de aço do Brasil, a
USIMINAS.
A Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) foi a segunda empresa estatal a
ser privatizada, adquirida por um consórcio liderado pela CVRD - Companhia Vale do Rio Doce, Banco Bozano Simonsen e pelo Unibanco.
Entre 1992 e 1994, foram adquiridas 5 empresas de fertilizantes e 5 empresas
no segmento petroquímico. Em 1993, também no setor siderúrgico, foram privatizadas: a
ACESITA, a CIA Siderúrgica Nacional, a COSIPA e a Açominas.
A indústria mineral no Brasil é bastante diversificada em termos do número de substâncias que produz e da quantidade de empresas que atuam no setor. Conforme o
DNPM (1995), são produzidas cerca de 80 substâncias minerais, com aproximadamente 1.400 empresas. ^
Em 1993, as empresas privadas foram responsáveis por- 53% da produção mineral brasileira. As estrangeiras e as estatais participaram com 25% e 22%, respectivamente (DNPM, 1995).
A estrutura da indústria mineral brasileira é formada por um número pequeno de grandes empresas, várias de tamanho médio e um número ,grande de pequenas empresas.
A participação das grandes empresas (as 100 maiores) no valor da produção mineral em 1993, atingiu 56%. A estatal CIA Vale do Rio Doce respondeu por 16% do valor da produção mineral no referido ano, salientando-se que sua receita bruta, em 1993, foi de 5,8 bilhões de dólares (DNPM, 1995).
Existem ainda vários grupos importantes que atuam no setor mineral, como: Votorantim, Moreira Sales, Banco Simonsen, General Miniing Corporation, entre
outros.
18
_ Com relação às pequenas e médias companhias (consideradas pelo DNPM como aquelas cuja produção anual não ultrapassava 50 mil toneladas de minério),
levantamentos efetuados indicam a existência de aproximadamente 500 pequenas e
médias companhias de mineração, operando com cerca de 8 mil instalações isoladas, totalizando 56% das minas brasileiras (DNPM, 1995).
As pequenas e médias companhias de mineração empregam 24% da mão-de- obra do setor mineral. Destaca-se como ramo principal para essas empresas o setor de materiais de construção, correspondendo a 52% do total produzido nas PMCMs -
Pequenas e Médias Companhias de Mineração.
2.3.1. Setor governamental
A atividade mineral no Brasil possui como órgão fiscalizador federal,
diretamente subordinado ao Ministério das Minas e Energia, o Departamento Nacional da Produção Mineral - DNPM que, através das disposições legais, visa fomentar a
exploração e o aproveitamento dos depósitos minerais existentes no território brasileiro, buscando ampliar o desenvolvimento do setor no contexto econômico nacional.
É de inteira responsabilidade do DNPM a execução do Código de Mineração e Legislação Correlativa, bem como a fiscalização de atividades concernentes à extração e ao beneficiamento e comércio de matérias-primas de origem mineral. O objetivo é
racionalizar o aproveitamento econômico dos recursos minerais existentes no país, tanto para consumo intemo, como para exportação.
Ainda como atribuições diretas, o DNPM deve: 0 promover a aplicação de investimentos privados na pesquisa e no
aproveitamento dos recursos minerais, e
0 disciplinar e administrar condições de aproveitamento dos recursos
minerais, de acordo com a legislação vigente.
Os levantamentos geológicos executados no país são de responsabilidade da CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, criada em agosto de 1969.
Os programas promovidos pela CPRM consistem basicamente em:
19
0 Levantamentos geológicos básicos;
0 Levantamentos hidrológicos;
0 Sistema de informação de recursos minerais; e
0 Serviço de captação de águas subterrâneas.
FIGURA 1 '
DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL: ORGANOGRAMA (1994)
Coordenadoria de Administração
Diretor-Geral
Diretor-Geral Adjunto
Procuradoria Geral
Diretoria de Exploração Mineral
Coordenadoria de Informática
Diretoria de Desenvolvimento e Diretoria de Operações Economia Mineral
D`wisão de D¡V¡Sã° de
I
Geologiae
I
R.e°ur§°S . Minerais e
P¡i¡$:eL:,|:¡a Hidricos Subterrânea S
Divisão de Minas e Controle
Ambiental na Mineração
_ _ _ r d Economina Autorizaçao e _
° .°'e- e
Mineral Concessões F's°a|'Zaça° e
Divisão de Divisão de DMsã° de C nt
Normatização
Fonte: DNPM, 1995.
2.4. Mineração em áreas urbanas
Considerando que a população brasileira está concentrada em mais de 70% em áreas urbanas, este fato vem a exercer forte pressão na demanda de materiais para uso imediato na construção civil, principalmente ao redor das grandes cidades.
No final da década de 80, a produção brasileira de pedras britadas -e
ornamentais aproximou-se de 60 milhões de metros cúbicos, compreendendo granitos, gnaisses, basaltos e mármore (DNPM, 1995).
20
Atualmente, o Estado de São Paulo lidera a produção de pedras britadas e
ornamentais, respondendo por 43% do total; em seguida, vêm os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
As regioes metropolitanas destacam-se na produção de pedras britadas em função do ritmo intenso da construção civil no Brasil, decorrente do êxodo rural e do crescimento demográfico, que apresentou uma taxa de 2,19% ao ano na década de 80 (DNPM, 1995).
O segundo insumo mais importante é a areia, cuja produção em 1989 atingiu o montante de 39 milhões de metros cúbicos. Entre os maiores produtores, destacam-se os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais.
Em terceiro lugar, por ordem de importância, aparece o calcário, empregado na indústria de cimento. Em 1989, a produção de calcário atingiu o nível de 66 milhões de toneladas.
`
As argilas correspondem ao quarto insumo por ordem de importância, principalmente as utilizadas na fabricação de cerâmica vermelha usadas em tijolos, pisos, telhas, etc. Em 1989, a produção brasileira de argilas atingiu o montante de 24,7 milhões de toneladas. Destacam-se os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina
(indústria cerâmica), Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
A importância econômica desses bens minerais pode ser constatada na
arrecadação de impostos. Em 1989, a contribuição desses insumos correspondeu a
23,5% do ICMS recolhido pelo setor mineral (DNPM, 1995).
É importante destacar que a exploração de materiais de uso imediato na construção civil caracteriza-se como uma atividade conflitante com as comunidades em virtude da própria localização. A exploração, geralmente, é realizada próxima aos
núcleos populacionais, objetivando a redução dos custos de transporte (fretes). Dessa
forma, a população é extremamente prejudicada pelos efeitos negativos da degradação
ambiental como: poluição visual e sonora, poeira, focos de erosão, assoreamento de vales e cursos d°água, etc.
Na extração de pedra britada e de calcário para cimento, as 'empresas de mineração geralmente são de grande e médio porte.
21
Já no caso da extração de areia ou argila é usual o engajamento de pequenas
ou micro-empresas, muitas das quais operam de forma clandestina. Esses pequenos
empreendimentos não costumam respeitar a legislação ambiental, realizando
desmatamentos nas margens dos rios, assoreamento do leito e, ainda mais, nao
recuperando as áreas degradadas pela mineração.
' Tendo em vista o grande número desses pequenos empreendimentos, a
fiscalização toma-se problemática, exigindo ações energéticas do DNPM, prefeituras e
Órgãos ambientais.
2.5. Ocupação de mão-de-obra e relações trabalhistas
Os dados referentes à mão-de-obra utilizada na indústria extrativa mineral compreendem informações constantes dos Relatórios Anuais de Lavra, preenchidos pelas empresas de mineração e entregues ao DNPM.
A mão-de-obra com vínculo empregatício é composta por técnicos de nível superior e nível médio, pessoal, administrativo e, na grande maioria, por mineiros de
superficie e subsolo.
É oportuno salientar que a mão-de-obra utilizada em garimpos e áreas
correspondentes aos trabalhos de pesquisa mineral e licenciamentos não está computada nas estatísticas oficias, bem como a mão-de-obra utilizada na pesquisa, produção e lavra de urânio, petróleo e gás natural, prejudicando, dessa forma, o exame da real
participação do setor mineral em termos de geração de empregos.
Conforme o Anuário Mineral de 1991, constata-se que, em 1990, a indústria extrativa mineral, através de atividades de lavra e beneficiamento de minerais,
proporcionou a geração de 97.902 empregos, caracterizando um aumento de 18% em relação a l980. '
As substâncias minerais responsáveis por mais de 50% do total da oferta de empregos no setor mineral foram: minério de ferro, ouro, calcário, brita, rochas
ornamentais e carvão.
22
A maior concentração de empregos foi observada na Região Sudeste, com mais de 52% de participação, seguidas das Regiões Sul e Nordeste, com 16 e 15%, respectivamente, e as Regiões Norte e Centro-Oeste, com 8% cada uma.
Os salários praticados nos segmentos que mantêm vínculos formais de
emprego, seguem, em linhas gerais, a política salarial do país.
Informações recolhidas pelo DNPM (1995) junto a entidades sindicais
indicam que, entre as grandes empresas, o piso salarial praticado estaria ao redor de 2,5
salários mínimos.
Quanto à estrutura sindical, estimativas de órgãos de classe sugerem que o
contingente de mão-de-obra sindicalizado seria de apenas 3%.›
No final de 1992 foi criada a CNTSM - Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Setor Mineral, objetivando integrar pequenas entidades setoriais
isoladas e pouco representativas. A CNTSM agregou os sindicatos vinculados às
atividades de pesquisa, prospecção, extração e beneficiamento, tratamento, transporte e , .
comercio.
A iniciativa de criação da CNTSM, sinalizou a busca, pelos mineiros, de um maior poder de barganha, introduzindo uma nova perspectiva nas relações industriais.
Merece registro a recente aproximação da CNTSM com a Federação
Internacional dos Mineiros - FIM, com sede em Bruxelas, em busca de melhores condiçoes nas áreas de saúde, segurança e formação sindical.
Torna-se importante destacar, que as atividades relacionadas à produção de
ouro, ferro, carvão, bauxita, manganês e rochas ornamentais, são as que apresentam maior participação sindical.
A natureza das reivindicações usualmente defendidas pelos sindicatos, estão preponderantemente associadas a aumentos reais de salarios, melhoria nas condiçoes de
trabalho, saúde e segurança, além da adoção de jornadas de 40 horas semanais.
Atualmente, na maioria das empresas, as atividades de subsolo duram 36 horas (com turno de revezamento de 6 horas) e, nas minas a céu aberto, 44 horas S€ITla~I`lalS.
23
Deve-se enfatizar a experiência inédita de autogestão desenvolvida pela
CBCA - Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguás. Após a decretação da
falência, em função do elevado passivo trabalhista remanescente, a empresa passou a ser administrada pelos próprios trabalhadores, em forma de cooperativa.
2.6. Tributação no setor mineral
Até 1988, todas as substâncias minerais eram incidentes do IUM - Imposto Único sobre Minerais, obedecendo a uma alíquota de 15%.
Com a promulgação da Constituição de 1988 houve a extinção do referido imposto, em fevereiro de 1989, e as substâncias minerais passaram ao campo de incidência do ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e
sobre Prestaçao de- Sen/iços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação.
Sendo o ICMS um imposto de competência dos Estados e do.Distrito
Federal, a sua regulamentação fica a critério de cada unidade federativa.
As alíquotas do ICMS obedecem à seguinte regra:
a) Operações dentro do próprio Estado 1 17%
b) Operações interestaduais 12%
c) Importações 17%
d) Exportações . 13%
De acordo com o artigo 153, Parágrafo 5° da Constituição, o ouro é definido como ativo financeiro, permanecendo, dessa forma fora do campo de incidência do ICMS.. O ouro, sendo destinado ao mercado financeiro, sujeita-se, desde sua extração, à
incidência do IOF - Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros,
obedecendo a uma alíquota de 1%.
Além do ICMS, incidem ainda outros tributos sobre as substâncias minerais:
5 A CBCA foi pioneira na extração de carvão em Crciúma, conhecida como um dos grupos econômicos mais tradicionais de Santa Catarina (Liberatore; Bicca, 1988).
24
0 Contribuição Social sobre o Lucro : 9,09%
0 PIS 0,65%
0 Confins . 2% Constata-se, de acordo com O Anuário Mineral Brasileiro (1991), que em
1990 O minério de ferro liderou a arrecadação de ICMS no setor mineral, seguido do granito, calcário, argila, alumínio, areia e carvão, conforme demonstra o Gráfico 1:
GRÁFICO 1
4
PARTICIPAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS MINERAIS NA ARRECADAÇÃO DO ICMS - 1990
El Outros
IJ Ferro
4,6% 4›1°/‹› 4›°°/° 29,0% .zzzznzzo
s 5% M 7,9% Icamârio
I Argila
IAIumInio
17'1% 26,0% ¡Are¡a
I Carvão
Fonte: DNPM. 1991
A mineração está sujeita também ao pagamento de encargos específicos oriundos dessa atividade econômica, a saber:
0 Compensação financeira: corresponde a um imposto de compensação financeira devida pela exploração dos recursos minerais. Na verdade, trata-se de um royalty ad valorem (DNPM, 1995). Para a maioria dos minerais, a alíquota aplicável é de 2%.
0 Taxa anual para áreas com alvará de pesquisa: os titulares de alvará de pesquisa estão obrigados ao pagamento de uma taxa anual cujo valor por hectare é de 0,258 UFIR, vigente na data do pagamento.
25
0 Participação do proprietário do solo: o proprietário do solo deve receber uma participação dos resultados da lavra de 50% do valor da compensação financeira pela exploração de recursos minerais - Lei n° 8.901, de 30 de junho de 1994 (DNPM, 1995).
3. ASPECTOS DA MINERAÇÃO EM SANTA CATARINA
3.1. Características sócio-econômicas
Ocupando apenas 96.000 Km2, o equivalente a 1,12% do território nacional, o Estado de Santa Catarina constitui-se num dos maiores produtores de matérias-primas de origem mineral do país, sendo responsável por aproximadamente 40% da produção total de bens minerais da Região Sul (DNPM-SC, 1987).
Sua posição de destaque no cenário nacional pode ser explicada pelo grande número de empresas de mineração em atividade.
Conforme estudo realizado pelo 11° Distrito Regional do .DNPM-SC (1987), o Estado contava naquele ano com aproximadamente 700 empresas de mineração, que empregavam diretamente na extração de substâncias minerais cerca de 14.000 pessoas.
Torna-se importante salientar que, indiretamente, o setor mineral envolve
cerca de meio milhão de pessoas em Santa Catarina, incluindo-se os trabalhadores
engajados na indústria de transformação mineral (transformação de minerais não-
metálicos, metalurgia e química).
O Estado caracteriza-se como “tradicionalmente mineiro” em virtude de7
possuir um contexto geológico favorável à ocorrência de depósitos minerais
economicamente exploráveis.V
Santa Catarina ocupa a 7° posição em termos do valor da produção mineral nacional. O Estado destaca-se, historicamente, na produção de carvão metalúrgico -
26
único produtor nacional, ~ carvão energético, fluorita, britas e argilas (DNPM - SC -
1987). V
O Estado possui ainda um dos mais importantes parques cerâmicos da América Latina.
3.2. Principais ocorrências minerais
Em Santa Catarina são explorados mais de 40 substâncias minerais, segundo o chefe do 11° Distrito Regional do DN]?M-SC (Diário Catarinense, 21./04/96).
Entre as que possuem maior importância econômica, destacam-se: carvão, fluorita, água mineral, bauxita, pedras britadas e ornamentais, calcário, fosfato, louro e
argilas. '
a) Carvão -
Historicamente, já foi o carro-chefe da produção mineral catarinense. As primeiras ocorrências no Estado datam do início do século XIX.
Em 1986 havia aproximadamente 16.000 pessoas trabalhando no setor e
foram extraídos cerca de 15 milhões de toneladas, o correspondente a 66% da produção nacional (Diário Catarinense, 21/04/96).
Em 1988, representava 75% da produção mineral total no Estado, suprindo, de maneira significativa, a nível nacional, a indústria energética de termoeletricidade e a
indústria cimenteira, como substituto do óleo combustível (Giacomo, Bicca, 1988).
Com a abertura das importaçoes e a retirada de subsídios do carvão, apartir de 1990, houve variação negativa dos preços, que levou o Brasil a importar 0 produto pela 'própria competitividade com relação aos preços praticados no mercado internacional. Entre os principais fornecedores, destacam-se os EUA, Polônia, Canadá e
Austrália.
No Estado de Santa Catarina, a política de abertura de importaçoes e
retirada total de subsídios do carvão, gerou graves problemas sociais no Sul do Estado, em virtude das grandes carboníferas localizarem-se nessa região. O desemprego cresceu consideravelmente na região.
27
O Estado de Santa Catarina é o único produtor de can/ão metalúrgico, destacando-se na produção nacional de carvão energético. O 'carvão metalúrgico é
basicamente empregado na indústria siderúrgica. Já o carvão energético é utilizado nas
termoelétricas e na indústria cimenteira.
Em 1986, a Usina Jorge Lacerda da Eletrosul consumiu 95,1% da Fração Energética do carvao produzido no Estado.
Atualmente, o setor carbonífero catarinense emprega 3.200 pessoas e produz entre 3,5 e 5 milhões de toneladas por ano. A maior parte da produção destina-se às usinas termoelétricas (Diário Catarinense, 21/04/96).
b) Fluorita
Constitui-se num dos minerais mais utilizados pela indústria, sendo aplicado na produção de ácido fluorídrico e para fluoretar a água no combate às cáries.
Na siderurgia, é essencial no processo de produção de alumínio.
O Estado de Santa Catarina destaca-se a nível nacional quanto à reserva e
produção de fluorita.
As reservas catarinenses de fluorita encontram-se distribuídas nos municípios de Armazém, Orleans, Rio Fortuna, Tubarão, Morro da Fumaça, Pedras Grandes, entre outros, destacando-se que o Sul do Estado detém 95% do total das reservas.
Em 1986, a produção de fluorita empregou aproximadamente 1.000 pessoas, e foi o segundo bem mineral em importância econômica na arrecadação do IUM _ Imposto Único sobre Minerais - no Estado (DNPM - SC - 1987).
As principais jazidas são exploradas atualmente pelo Grupo Votorantin, para , . consumo proprio.
Com a abertura de mercado, México e China entraram na concorrência com preços mais baixos, gerando instabilidade, em virtude do aumento da oferta no mercado mundial. Os custos internos de produção são muito elevados, quando comparados aos preços praticados no mercado internacional, além da imensa disponibilidade do produto neste mercado (DNPM, 1994).
c) Água mineral
28
As fontes de águas minerais de Santa Catarina, principalmente as termais, são muito conhecidas, destacando-se, entre as mais famosas do Estado: Caldas da
Imperatriz.
Em 1986, dez empresas no Estado possuíam concessões de Lavra para água mineral e a produção catarinense representava 2,6% do valor nacional (DNPM - SC -
1987).
Atualmente existem 15 concessões de Lavra, sendo que cerca de 30 pedidos
de pesquisa encontram-se protocolizados no DNPM.
O Estado conta com 5 engarrafadoras e a produção oficial atinge 33,3 milhões de litros por ano (Diário Catarinense, 21/04/96).
A atividade não absorve grande númerode mão-de-obra. Gravatal destaca-se por concentrar o maior número de trabalhadores no Estado, correspondendo a
aproximadamente 58% do total.
d) Bauxita
A bauxita constitui-se num insumo utilizado para a fabricação do alumínio. As reservas catarinenses de bauxita possuem pequena expressão no contexto
nacional. Da ordem de 0,2% da reserva-base brasileira, que atinge cerca de 3,2 bilhões de toneladas.
A pequena representatividade no contexto nacional não diminui o potencial e
a importância deste minério, considerando-se que o depósito catarinense de bauxita constitui-se no mais meridional do continente, reduzindo-se, dessa forma, os altos custos de fiete _ fator decisivo em vários empreendimentos.
A produção catarinense de bauxita, em 1987, atingiu aproximadamente
4.578 toneladas, sendo basicamente destinada ao setor industrial produtor de sulfato,
instalado na região de Lages ((DNPM, 1987).
e) Pedras britadas e ornamentais
A brita constitui matéria-prima fundamental para a construção civil,
destacando~se assim seu papel estratégico ao se verificar a ausência de substitutos
imediatos.
29
As pedras britadas em Santa Catarina constituem-se basicamente de granitos, gnaisses e basaltos.
'
_
O Leste catarinense destaca-se na produção de brítas de granitos e gnaisses e
o Oeste, na produção de brítas de basaltos.
A produção catarinense de pedras britadas é geograficamente bem distribuída devido à favorável situação geológica do Estado á ocorrência desses bens minerais.
De acordo com DNPM-SC (1987), da produção estadual de brita, cerca de 63% é oriunda da porção Leste, destacando-se a microrregião da Grande Florianópolis.
A mão-de-obra utilizada na produção de britas envolve pessoal ligado ao desmonte na Frente de Lavra e britagem, além do pessoal administrativo e técnicos.
Com relação à tecnologia utilizada na produção desse insumo mineral,
constata-se que na porção Leste e Nordeste de Santa Catarina, concentram-se os
maiores britadores. Este fato traduz-se na diminuição do pessoal envolvido na
explotação (extração economicamente viável).
O mesmo não se verifica nas porções Oeste, Meio-Oeste e Extremo-Oeste, onde as empresas são de menor porte e o grau de mecanização é mais baixo,
aumentando, dessa forma, o pessoal envolvido na produção.
A produção de brítas é praticamente toda consumida no Estado, tendo na construção civil seu principal mercado consumidor.
Torna-se importante destacar que o mercado da construção civil é
constituído por vários segmentos. Entre eles, destacam-se: as concreteiras, as lojas de
comercialização de materiais de construção e as indústrias de pré-moldados.
Outros importantes consumidores são: Rede Ferroviária Federal SA., que utiliza a brita em obras de engenharia ao longo das ferrovias; as prefeituras municipais; e
as construtoras de estradas _ geralmente responsáveis por grande demanda de brítas. Possuem ainda seus próprios britadores em função da amplitude de suas obras.
E importante ressaltar, na atividade de extração de britas no Estado de Santa Catarina, o problema da clandestinidade que perpetua no setor, dificultando,
sobremaneira, aos Órgãos oficiais a obtenção de dados sobre a real importância
econômica da atividade no contexto estadual. Conforme reportagem no jornal “a
extração clandestina de pedras, fizgíu ao controle das autoridades ambientais, em função do
30
ritmo acelerado de crescimento da atividade nos últimos anos ”. (Diario Catarinense, 09/04/95, p. 36).
Estima-se que, atualmente, em 80% dos casos, a exploração não é legalizada.
O problema da clandestinidade já foi detectado em todas as regiões, do Extremo-Oeste ao Litoral.
De acordo com levantamentos efetuados pelo DNPM, pouco mais de 40 empresas de exploração de pedras e outras 40 de saibro -operam legalmente em Santa Catarina.
V
_
Constata-se que as pequenas exploradoras não fazem questão de
regularização, que implica em pagamento de taxas, impostos e beneficios sociais.
Além da iniciativa privada, a exploração clandestina de pedras também é
realizada por prefeiturasõ de pequenas cidades do Planalto, Vale do Itajaí e Oeste.
1) Calcário
O calcário se constitui no carbonato de cálcio que encontra-se distribuído abundantemente na crosta terrestre.
O calcário apresenta numerosas aplicações, tais como a fabricação de
cimento, vidro e corretivos de solo destinados à agricultura.
A reserva-base catarinense de calcário corresponde a apenas 0,49% da reserva-base brasileira.
De acordo com o DNPM-SC (1987), em 1985 a produção catarinense de calcário atingiu 64.934 toneladas, sendo que 48% da produção foi -destinada á fabricação de cimento e o restante, 52%, para a agricultura.
As principais jazidas concentram-se na região de Vidal Ramos (Bacia do Rio Itajaí-Mirim).
Atualmente, a produção é pequena, mas há projetos de instalação de
indústrias cimenteiras. O Grupo Votorantim é detentor das jazidas de Vidal Ramos. _ g) F osƒato Insumo utilizado para a fabricação de fertilizantes agrícolas.
ÕA Lei Constitucional 8.429 de julho de 1989 impede a exploração mineral por parte do Poder Público.
31
A única jazida conhecida de rocha fostática, no Sul do Brasil, está localizada no município de Anitápolis/ SC.
Sendo estimada em 200 milhões de toneladas, sua existência ganha
importância estratégica no contexto do Mercosul.
Ainda não foi explorada comercialmente pela detentora do direito de Lavra “Adubos Trevo”. A maior parte do fosfato utilizado no Brasil vem de Marrocos e tem excelente qualidade.
h) Ouro
As reservas de ouro em Santa Catarina representam apenas 0,12% da reserva-base nacional (Liberatore; Bicca, 1988). Encontram-se distribuídas nos
municípios de Gaspar, Ilhota, Botuverá e Brusque.
A produção oflcial em 1987 foi de l2,5Kg, sendo totalmente comercializada com a joalherias do Estado (Liberatore, Bicca, 1988).
i) Argilas (indústria cerâmica)
Santa Catarina possui um dos mais importantes parques cerâmicos da
América Latina, fato que o torna um grande consumidor de minerais. A estrutura predominante entre as empresas produtoras é a verticalização da
produção, ou seja, a própria empresa ceramista produz insumos necessários à sua
indústria. “
As argilas constituem-se num dos insumos mais importantes utilizados pela indústria cerâmica. Em Santa Catarina a produção de argilas é praticamente toda voltada ao abastecimento do parque cerâmico do Estado, utilizadas na fabricação de produtos de
revestimentos, na indústria de louça, papel e cimento.
Fãce à inconstante composição química, elas são classificadas em dois
grupos:
0 argilas para cerâmica branca ou nobre: empregadas na fabricação de azulejos, louças e vidros;
0 argilas para cerâmica vermelha: empregadas na fabricação de lajotas, manilhas, tijolos e telhas (produtos considerados não nobres).
32
Geograficamente, em toda a extensão territorial catarinense, encontram-se depósitos de argila. .
As argilas do Oeste do Estado (ricas em ferro) são destinadas à fabricação de cerâmica vermelha.
As microrregioes do Alto Vale do Itajaí, Sul do Estado, Vale do Tijucas e
Vale do Itajai-Mirim, são detentoras das maiores reservas de argila nobre do Estado.
A produção de argilas, assim como a produção de britas no Estado de Santa Catarina, tem como característica específica a predominância de “Lavras Clandestinas” espalhadas por todo o Estado.
O problema de lavras clandestinas, como já foi citado anteriormente, dificulta aos Órgãos oficiais o controle sobre preços, arrecadação de impostos e produção.
3.3. Órgãos ambientais em Santa Catarina
O Estado de Santa Catarina possui como órgao responsável pelo controle ambiental de atividades minerárias, a Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio- Ambiente - FATMA.
A FATMA foi instituída pelo artigo 84 da Lei Estadual n° 5.089 de 30/04/75 - transformada em Fundação do Meio-Ambiente pelo artigo 55 da Lei n° 8.245 de 18/O4/91.
A FATMA possui como atribuições diretas: 0 executar projetos específicos, incluindo os de pesquisa científica e
tecnológica, de defesa e preservação do meio-ambiente;
0 fiscalizar, acompanhar e controlar a poluição urbana e rural;
0 promover a integração do Governo Estadual com a ação dos Governos Federal e Municipal, através de seus organismos especializados nas questões pertinentes
ao meio-ambiente,
0 proceder a análises das potencialidades dos recursos naturais com vistas ao seu aproveitamento racional;
33
o promover a execução de programas, visando a criação e administração de parques e reservas florestais; e ~ A
0 executar atividades de fiscalização de pesca por delegação do Governo Federal.
Compete à FATMA analisar todas as solicitações de licenciamentos
ambientais, relativas à mineração, formalizar exigências adequadas à legislação ambiental
e emitir licenças específicas à implantação de qualquer atividade mineral no Estado.
De acordo com o artigo 2° da Resolução n° OO1, de 23/O1/86, do CONAMA - Conselho Nacional do Meio-Ambiente, a exploração mineral depende da .elaboração de Estudos de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental -
RIMA, a ser submetido à aprovação da F ATMA.
Torna-se importante ressaltar que as Portarias n° 15 e 16 de 1992 - FATMA, determinam que, a critério da FATMA, qualquer empreendimento mineral, em função de sua natureza, localização, -porte e demais peculiaridades, poderá ser dispensado dos
EIA/RIMA, devendo, nesta. hipótese, ser apresentado um Relatório de Controle
Ambiental - RCA.
34
4. PROBLEMÁTICA AMBIENTAL RELACIQNADA À MINERAÇAO
4. 1 . Temática Ambiental
O ensino e a pesquisa sobre o Meio Ambiente tem avançado muito nas últimas décadas. '
O fato deve-se principalmente à cristalização, ao nível mundial, de uma consciência planetária dos riscos sócio-ambientais embutidos no processo hegemônico da civilização tecnológica e industrial, ocorrida no início dos anos 70, a partir da realização da 1” Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972 -
Estocolmo. '
A pesquisa passa a focalizar um conhecimento mais profundo dos processos interativos da sociedade-meio ambiente, disseminando-se rapidamente em todo mundo.
“ A medida que novos recursos físicos tornam-se mais escassos, evidencia-se que devemos investir mais nas pessoas - unico recurso que possuimos em abundância. Com efeito, a consciência ecológica torna Óbvio, que temos que conservar nossos recursos físicos e
desenvolver nossos recursos humanos. ” (Maimon(b), J 992, p. 78)
A problemática ambiental está relacionada a conflitos de interesses, tanto da esfera pública como privada, mas também da sociedade civil através de organizações não govemamentais nacionais e internacionais. Estas organizações visam o estabelecimento
de normas técnicas de gerenciamento ambiental para o exercício de atividades
consideradas degradadoras do meio-ambiente. Pode ser citada, como exemplo de
entidade não govemamental de âmbito internacional, a “ISO - International Organization for Standartization”, que recentemente lançou as séries das Normas ISO - 14000,
conhecidas como importantes instrumentos de qualidade ambiental.
Uma política ambiental depende, para sua implementação e sucesso, da
disponibilidade de recursos financeiros, técnicos e humanos, além de uma ação efetiva do
35
Estado, através de macro-políticas direcionadas ao desenvolvimento tecnológico,
planejamento energético, gestão regional e urbana e educação ambiental.
Investir na formação educacional e cultural de cada cidadão, ajudando a
moldar a sociedade para maior consciência e responsabilidade, é crucial para se alcançar
o desenvolvimento econômico em bases sustentáveis, ou seja, onde a satisfação das ~ ~ necessidades presentes nao prejudique as futuras geraçoes de proverem suas próprias
necessidades.A
Dentro de toda complexidade que envolve a temática ambiental, ninguém está dispensado de buscar melhores soluções para os problemas existentes em seu bojo, já que, atualmente, o Meio Ambiente constitui-se numa das maiores preocupações da humanidade.
4.2. Notas Sobre a Evolução da Problemâtica j
Ambiental em Nível Mundial
A preocupação mundial com a questão ambiental é decorrente do modelo de desenvolvimento econômico adotado a partir da 2” Guerra Mundial, que provocou
destruição desordenada dos recursos naturais, além do enorme endividamento dos países do Terceiro Mundo.
Pelo menos desde a criação da ONU - Organização das Nações Unidas -
enfatizou-se a importância do tema “Desenvolvimento Econômico”, com o emprego de mecanismos internacionais para a promoção econômica de todos os povos. Entretanto, veio a nascer o receio da escassez dos recursos naturais, especialmente água, ar, solo e
subsolo. Até então, praticamente não se cogitava da proteção dos ecossistemas naturais.
A partir de meados da década de 60 floresce o movimento de proteção ambiental com a repercussão internacional, face à constatação de que o uso irracional dos recursos ambientais poderia afetar todos os habitantes do planeta.
O debate em nível mundial sobre a relação Meio Ambiente / Crescimento Econômico contava com duas vertentes:
36
- os que apontavam “Limites do Crescimento”, devido à disponibilidade
limitada dos Recursos Naturais;
- os que afirmavam que a Problemática Ambiental teria sido criada pelos Países Desenvolvidos para frear a ascensão do Terceiro Mundo.
No final da década de 60, foi elaborado o “Relatório do Clube de Roma”, a
partir de conclusões advindas de um modelo econométrico que previa o esgotamento dos Recursos Naturais Renováveis e não Renováveis. (Retomou-se a Problemática Clássica,
em particular a Malthusiana, da compatibilidade no longo prazo entre o crescimento e a
demografia nos limites do Patrimônio Natural Fixo.
Em 1972 foi realizada em Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano; considerada marco inicial da conscientização da
humanidade quanto à necessidade de proteção dos Recursos Naturais, como garantia de sobrevivência e qualidade de vida.
A declaração aprovada no final da Conferência ressaltava que: “Para se
atingir o desenvolvimento econômico, a prioridade ambiental era fimdamental - desta dependia não somente a qualidade de vida, mas a própria vida humana” (/Maimonfa), 1992, p. 21).
Em contrapartida, os países em desenvolvimento posicionavam-se de forma defensiva. Para eles, o problema ambiental teria sido inventado pelo mundo desenvolvido para impedir o desenvolvimento dos demais países, destacando ainda, que a pior
poluição seria a da pobreza.
A poluição da pobreza está associada principalmente à inadequação das condições de habitação, a falta de uma rede de abastecimento de água, à inadequação de um sistema de esgotamento sanitário e de coleta de lixo.
No início da década de 80, foi elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o “Relatório Bmndtland”7, mais tarde denominado “Nosso Futuro Comum”. Publicado em 1987, ele definiria a abordagem global dos problemas e endossaria ao nível planetário uma política ambiental.
70 Relatório Brundtland, posteriormente denominado “Nosso Futuro Comum”, foi realizado sob a presidência da 1” Ministra da Noruega, contando com uma equipe composta de 22 membros intemacionais. (Maimonfb), 1992)
37
Torna-se importante destacar, nesse contexto, que “a década de 80 foi
marcada pela interdependência globalizante de todas as regioes do planeta, facilitada pela
informatização dos sistemas de comunicações” (Maimon(b), 1992, p.65).
_ O Relatório Nosso Futuro Comum, enriqueceu a problemática ambiental, na medida em que lançou o conceito de Desenvolvimento Sustentável, propondo ainda, espírito de responsabilidade comum como processo de mudança, visando a construção harmoniosa de um futuro seguro, justo e próspero.
. O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi introduzido a partir de três vertentes: crescimento econômico, eqüidade social e equilíbrio ecológico. Essa nova
concepção, baseada na idéia da satisfação das necessidades presentes sem prejuízo da capacidade de futuras geraçoes proverem suas necessidades, passou a nortear os
princípios internacionais de proteção ambiental.
Em 1992, entre 3 e 14 de junho, foi realizada no Rio de Janeiro a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, da qual resultou a Declaração de Princípios da Conferência do Rio de Janeiro, estabelecendo a
norma do Desenvolvimento Sustentável.
Conforme ressalta Souza (1995), a Declaração foi assinada por todos os
representantes dos países-membros, não havendo sequer uma abstenção, fato que
caracteriza o “Desenvolvimento Sustentável”, como fundamento de todos os princípios internacionais de proteção ambiental.
Os princípios internacionais de proteção ambiental constantes na Declaração do Rio de Janeiro foram assimilados pelas legislações da maioria dos Estados,
destacando-se o Brasil. -
4.2.1. Nova Postura Empresarial nos Países Desenvolvidos
38
A década de 80, profundamente marcada pela difusão da consciência
ecológica ao nível mundial, alterou significativamente a postura das empresas nos países
desenvolvidos.
A preocupação ambiental passou, gradativamente, a fazer parte da estratégia de comportamento das empresas, diferenciando o produto ou serviço a ser vendido, influenciando ainda, a política de marketing e a própria competitividade.
A preocupação ambiental possibilita maiores garantias de inserção no mercado internacional, onde a globalização dos problemas ambientais acarretou maior pressão de acionistas e órgãos de financiamento.
A forma e intensidade da preocupação ambiental ocorre de forma
diferenciada entre países e setores industriais, devido às diferentes políticas ambientais
implementadas pelos governos e ao fato da pressão exercida por movimentos ambientalistas se concentrar em setores específicos. ›
Para uma ilustração mais precisa dessa nova postura empresarial, pode-se, de acordo com análises efetuadas por Maimon(a) (1992) confrontar investimentos
industriais relativos ao Meio Ambiente, ocorridos nos EUA, Japão e Antiga Alemanha Ocidental. '
- EUA: 2
Constata-se que entre 1972 e 1982, o investimento total em Meio Ambiente efetuado por parte das empresas apresentou um crescimento de 3% ao ano; passando para 4,3% ao ano no período de 82 para 87.
O aumento verificado no período de 82/87 foi decorrente da implantação do programa “gasolina sem chumbo”, já que no mesmo período, verifica-se que a taxa de investimentos industriais consagrados pelo setor foi negativa.
Cerca de 50% dos investimentos ambientais das indústrias estão voltados para os problemas relativos à poluição do ar.
- Japão:
A preocupação ambiental no Japão consta do final da década de 60 embora7
o crescimento com as despesas ambientais, tenha sido registrado somente a partir do 1° choque do petróleo.
39
Em 1981, as despesas relativas ao Meio Ambiente atingiram 1,7% do PNB -
Produto Nacional Bruto; sendo que, desse total 65% dos investimentos industriais foram direcionados à luta contra a poluiçao do ar.
Verifica-se, como nos EUA, uma predominância de investimentos industriais direcionados a despoluição do ar, fato que contraria a tendência européia, onde a maior
parte dos investimentos são direcionados principalmente a despoluição da água e dejetos
industriais.
- Antiga Alemanha Ocidental:
A Antiga Alemanha Ocidental adotou a preocupação ambiental como critério de competitividade industrial, sendo líder na venda de tecnologias limpas e de produtos
com endosso ecológico.
Em 1988 os investimentos industriais para a proteção do Meio Ambiente foram da ordem de 4 bilhões de dólares, equivalentes ao dobro do início da década.
Os recursos são destinados principalmente, a proteção da camada de ozônio ea programas de despoluição das águas.
4.3. Quadro Sócio-Ambiental Brasileiro - Evolução
A década de 70, marcada mundialmente pela difusão da consciência
ambiental, não provocou mudanças significativas no quadro sócio-ambiental brasileiro.
O projeto “Brasil Grande Potência”, que ocupava o centro das decisões políticas e econômicas, tratava com certo desinteresse a questão ambiental. O modelo econômico, que estimulava a internacionalização da economia, era desprovido de uma política de controle ambiental.
Este fato, aliado à abundância de recursos naturais no país, foram atrativos a
investimentos externos em setores que já sofriam restrições nos países desenvolvidos, como é o caso da mineração, indústria quimica e construção naval. '
A posição oficial do Governo Brasileiro na Conferência de Estocolmo - 1972 - era de que “O desenvolvimento poderia continuar de forma predatória, com preocupações secundárias em relação às agressões à natureza” fl\laz`mon(a), 1992, p. 100).
40
Os dois choques do petróleo 1973 e 1979 também não acrescentaram
alterações na concepção do crescimento econômico brasileiro. Ao mesmo tempo, ampliava-se a divulgação na mídia de informações relativas ao agravamento das
condições ambientais no País. Paralelamente, formavam-se numerosos gmpos de
associações ambientalistas.
Na esfera governamental foram criados órgãos envolvidos com o controle e
regulamentaçao do Meio Ambiente.
Em 1973, através do Decreto 73030, foi instituída a SEMA - Secretaria
Especial do Meio Ambiente. Vinculada ao Ministério do Interior, tinha como principal função propor normas contra a poluição, sendo a conservação dos Recursos Naturais um de seus objetivos.
As realizações da SEMA foram bastante tímidas em função da insuficiência de recursos financeiros e humanos para uma fiscalização eficiente.
No mesmo período foram criadas algumas agências estaduais ligadas à
proteção do Meio Ambiente, como a CETESB em São Paulo e a FEEMA, no Rio de Janeiro. Ambas acumulavam funções relacionadas ao controle da poluição industrial.
Em 1975, a temática ambiental foi contemplada pela primeira vez no Il PND: “Em seu capítulo X a política compreendia 3 linhas de ação: política de preservação dos recursos naturais, política ambiental na área urbana e política de proteçao à saúde humana” (ll/[aimon (a), 1992, p. 102).
A década de 80 é marcada pelo crescimento da consciência ecológica no Brasil. Este fato influiu diretamente na formulação da Legislação Ambiental. lnicia-se a
participação do setor privado na discussão da gestao do Meio Ambiente de forma institucional.
Em 1981 define-se a Política Nacional do Meio Ambiente através da Lei 6.93 8/81, que incorpora os princípios intemacionais de proteção ambiental.
“A política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio econômico, aos interesses da segurança nacional, e a proteçao à dignidade humana - Lei 6. 938/8] - artigo 2"” (Souza, 1995, p. 28).
41
Em seu artigo Terceiro, inciso I, a Lei 6.938/81, define o Meio Ambiente, como sendo o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem fisica,
química e biológica, que permite e rege a vida em todas as suas formas.
Em 1984 é criado o CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Órgão deliberativo e consultivo da Política Ambiental, tem como firnção, promover a
integração do Governo Federal com os govemos estaduais no que conceme às normas regulamentadoras da Política Nacional do Meio Ambiente.
Finalmente, com a promulgação da Constituição de 1988, a política de
proteção ambiental foi definitivamente consagrada no País, mediante a instituição de um capítulo específico relativo ao Meio Ambiente, intitulado “Ordem Social”.
A própria Constituição preocupou-se também em conciliar o
desenvolvimento econômico com a proteção dos Recursos Ambientais.
4.4. Mineração e o Meio Ambiente
Os bens minerais são parte integrante da natureza, constituindo-se espécie do gênero Recurso Natural. Face à essa condição, eles são pertencentes ao Patrimônio
Ambiental; merecendo, conseqüentemente, proteção nas mesmas condições que os
demais recursos ambientais como a água, o ar, o solo e a vegetaçao. '
Por tratar-se de Recurso Natural não Renovável, o aproveitamento dos bens minerais deve ser realizado de maneira a evitar o seu esgotamento, assegurando à
coletividade o beneficio firturo da utilização dos mesmos. Trata-se do exercício da
mineração fundado no princípio do desenvolvimento Sustentável, que prevê o
atendimento das necessidades presentes sem o comprometimento da capacidade de futuras gerações atenderem também as suas necessidades.
Os bens minerais são essenciais ao bem estar, conforto e melhoria da
qualidade de vida do homem; utilizados como matéria-prima para a indústria e
necessários para diversas atividades como: saneamento, produção de energia,
telecomunicações entre outras.
,42
Como características específicas da atividade mineral, existe a sua interface direta com o Meio Ambiente. Segundo Souza (1995), não há como extrair um bem mineral sem interferir profiindamente sobre o Meio Ambiente, pelo fato do bem mineral fazer parte do próprio Meio Ambiente.
Dessa forma, como Recurso Natural, o bem mineral necessita de cuidados especiais, que incluem a adoção de tecnologias de aproveitamento que minimizem o
impacto ambiental decorrente da atividade minerária.
4.4.1. Compatibilizaçao da Mineraçao com o Meio Ambiente- Legislação Ambiental Brasileira
A Legislação Brasileira, ao acolher os princípios internacionais de Proteçao Ambiental, considerou a característica de Recurso Natural dos bens minerais.
` De acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente, os recursos minerais devem ser utilizados de forma racional, com vistas a preservação e disponibilidade permanente.
O aproveitamento dos bens minerais no Brasil deve obedecer o princípio internacional do desenvolvimento sustentável, que prevê a utilização racional dos
mesmos, evitando-se o perigo do seu esgotamento futuro, e assegurando total
participação da humanidade nos beneficios de tal uso.
O Brasil possui um subsolo dotado de uma vasta gama de recursos minerais. Dessa forma, o aproveitamento desses recursos tem papel relevante no desenvolvimento da Nação.
A compatibilização da mineração com o Meio ambiente é premissa fixada pela Constituição. Na prática, entretanto, essa compatibilização nem sempre é fácil de ser alcançada, conforme salienta Souza (1995).
Tendo em vista a determinação constitucional, a Administração Pública deve: controlar, fiscalizar e disciplinar a atividade minerária, solucionando eventuais conflitos,
43
para que os beneficios decorrentes dessa importante atividade econômica sejam
estendidos à toda sociedade. '
O Meio Ambiente ecologicamente equilibrado constitui direito social,
assegurado pela Constituição em seu artigo 225, que prevê ainda, a garantia da defesa, preservaçao e reparação desse direito.
Os instrumentos legais de que dispõe a Administração Pública para assegurar a compatibilização entre o Aproveitamento dos recursos minerais e a proteção do Meio Ambiente são: EIA - Estudo Prévio de Impacto Ambientals, Recuperação Ambiental de Áreas degradadas, Licenciamento Ambiental e a Contraprestação pela utilização dos
Recursos Naturais. `
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o Licenciamento Ambiental são instrumentos legais que visam o controle das atividades que compoitem riscos ao Meio Ambiente. São exigidos para todas as atividades econômicas em geral, nelas incluida a
atividade de aproveitamento dos recursos minerais.
Outro importante instrumento de controle estabelecido pela Constituição
consiste na Recuperação Ambiental de Áreas degradadas pela atividade mineral; é
exigido de acordo com solução técnica solicitada pelo órgão competente.
A contraprestação pela utilização dos recursos minerais baseia-se no princípio internacional do “usuário pagador”9, sendo de suma relevância para a defesa do Meio Ambiente. Consiste num encargo específico de 3% sobre o faturamento total das empresas que exploram recursos minerais no Território Nacional, como prevê a
Constituição, para os Estados, Municipios e Distrito Federal, além de órgãos da
administraçao direta da União.
Tais instrumentos serão devidamente analisados a seguir:
a) .ELA - .Estudo Prévio de Impacto Ambiental
8 A lei 6.938/81 define impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades fisicas, químicas e biológicas do meio-ambiente, causadas por qualquer fonna de matéria ou energia, resultante de atividades humanas que afetem a segurança e 0 bem estar da população. (Souza, 1995). 9 O princípio internacional do usuário pagador consiste na variante moderna do poluidor pagador, que atualmente tem orientado a formulação de politicas de proteção ambiental em todo mundo. (SOUZA, 1995)
44
É a medida constitucional exigida para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação ambiental.
Tem como objetivo conciliar o desenvolvimento econômico com a
conservação da natureza, ou seja, com a preservaçao do meio ambiente.
O EIA nasceu como instrumento de controle dos impactos ambientais
oriundos de 'empreendimentos potencialmente causadores de significativa degradação
ambiental..
Tem como objetivo coibir a poluição, ou pelo menos, minimiza-la por
intermédio de medidas mitigadoras e/ou alternativas para o impacto ambiental da atividade a ser implantada. Essas medidas constituem se no resultado da conclusao dos estudos realizados para a implementação do empreendimento.
De acordo com Souza (1995), o EIA têm sido definido como instrumento preventivo de danos causados ao meio-ambiente, além de atuar como forma de avaliação dos impactos ambientais considerados significativos.
“A Legislação Federal define impacto ambiental como toda alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio-ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas, que, direta ou indiretamente, afetem: a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condiçoes estéticas e sanitárias do meio-ambiente; a qualidade dos recursos ambientais” (IBRAM, 1992, p.]4 - art. 1°, Resolução CONAÂL4 001/86).
Dessa forma, pode-se considerar o EIA, com sendo 0 estudo das prováveis modificações nas diversas características sócio-econômicas e bio-fisicas do meio-
ambiente, que podem resultar de um projeto proposto.
O EIA comporta ainda um conjunto de atividades científicas e técnicas que incluem: diagnóstico ambiental, identificação, valoração e a definição das medidas mitigadoras e de programas de monitoraçao destas atividades.
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental deve ser realizado por técnicos
habilitados, no qual constituirá o RIMA - Relatório de Impacto Ambiental, elaborado em linguagem acessível, reflete as conclusões do EIA, para o público em geral.
45
O Rima tem como objetivo comunicar os resultados alcançados no EIA à
população, de modo que ela possa conhecer as vantagens e eventuais desvantagens do empreendimento, bem como as conseqüências ambientais de sua implementação.
O RIMA deve ser tornado público, através de audiência pública, com a
finalidade de oferecer maiores informações sobre o projeto a ser implantado.
b) Licenciamento Ambiental de Atividades Minerárias
O Licenciamento Ambiental consiste no procedimento indispensável para a
localização, instalação, ampliação ou funcionamento de atividades que utilizam os
recursos ambientais ou causam degradação ambiental, visando controlar as atividades que comportem risco ao meio-ambiente.
O Licenciamento Ambiental definido pela Lei 6.938/81, estabelece: “A
construção, instalação, ampliação e ,funcionamento de estabelecimentos e atividades
utilizadores de recursos ambientais, consideradas efetivas e potencialmente poluidores, bem como os capazes sob qualquer fiarma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente e do IBAJMA, em carater supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis”. (Souza, 1995, p. 127).
O Licenciamento Ambiental comporta as seguintes licenças:
b. 1) Licença Prévia - LP: Exigida para a fase preliminar do projeto. Deve conter requisitos básicos a serem atendidos na fase de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo;
b. 2) Licença de Instalação - LI: Consiste na autorização da implantação do empreendimento, de acordo com as especificações constantes do projeto; e
b.3) Licença de Operação - LO: Consiste na autorização do início da
atividade, assim como o filncionamento de seus equipamentos de controle de poluição, de acordo com o previsto nas respectivas Licenças Prévias e de Instalação.
46
Essas três modalidades de Licenças são, na verdade, atos sucessivos e
dependentes entre si, constituindo-se num procedimento administrativo composto de três fases distintas.
A :Mineração utiliza recursos minerais (ambientais), e dessa forma a
construção, instalação, ampliação e funcionamento de atividades minerais, devem ser licenciadas pela Administração Pública.
Torna-se importante salientar que, o Licenciamento Ambiental deve ser
exigido para toda atividade mineral, o que já não ocorre para o EIA, que só é obrigatório
para empreendimentos minerais de significativa degradação ambiental.
Nesses empreendimentos, o EIA - Estudo de Impacto Ambiental é elaborado previamente à instalação da atividade mineral.
c) Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas
_
A Recuperação do Meio Ambiente degradado pela atividade mineral
constitui-se num importante instrumento de controle de que dispõe a Administração
Pública.
Conforme assinala Souza (1995), de acordo com a Constituição, a
exploração dos recursos minerais' só pode ser realizada mediante a obrigação da
Recuperação do Meio Ambiente degradado pela atividade.
Dessa forma, o aproveitamento dos Recursos Minerais existentes no Território Brasileiro, só pode ser realizado mediante a concessão da União.
A reabilitação da área minerada depende de solução técnica advinda de órgão competente.
d) A Contraprestação Pela Utilização dos Recursos Minerais Consiste na compensação financeira pela exploração do recurso mineral de
até 3% do faturamento líquido, resultante da venda do produto mineral, obtida após a
última etapa do processo de beneficiamento adotado e antes de sua transformação industrial.
47
Torna-se importante destacar, que no Brasil, para a maioria dos minerais a
alíquota aplicável desse encargo específico da atividade mineral, é de 2%.
A compensação financeira provém do pagamento pela utilização de um bem público, conforme já foi mencionado, os bens minerais sao considerados sob forma da lei
como Bens Públicos.
4.4.2. A questão da mineração em Unidades de Conservaçao - Brasil
O estabelecimento de áreas protegidas no Brasil, iniciou-se há mais de 50 anos.
Tais áreas conhecidas como “Áreas de Preservação Permanente”, constituem instrumento essencial para a proteção da biodiversidade do pais.
Cerca de 3% do Território Nacional, encontram-se atualmente sob proteção governamental na forma de: parques nacionais, reservas biologicas, estações ecológicas,
florestas nacionais, reservas extrativistas e áreas de proteçao ambiental.
As unidades de conservação obedecem a três esferas govemamentais:
federal, estadual e municipal._
O exercício da atividade mineral é vedado em: parques nacionais, reserva biológicas, estações ecológicas e reservas extrativistas, sendo admitido sob restrições nas
florestas nacionais e nas áreas de proteção ambiental.
Encontra-se em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei do Poder Executivo que cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, redefinindo
as diversas categorias e dando à matéria tratamento sistemático e mais adequado.
48
5. ExPLoRAçAo DE PEDREIRAS PARA PRoDUçAo DE BR1rAs NA REG1Ão DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
5.1. Aspectos das empresas exploradoras de britas -
Importância da ' atividade no processo de expansão urbana recente da Grande Florianópolis
A Região da Grande Florianópolis é composta pelos municípios de
Florianópolis (capital do Estado), São José, Biguaçu e Palhoça.
A Exploração de Pedreiras para a produção de britas na Região, atualmente, encontra-se realizada por 3 empresas localizadas nos Municípios de Florianópolis,
Palhoça e Biguaçu respectivamente: Pedrita - Planejamento e Construção Ltda, Saibrita -
Mineração e Construções Ltda e Sulcatarinense - Mineração, Artefatos de Cimento,
Britagem e Constmçao Ltda.
O início efetivo dos trabalhos de lavra de cada uma das empresas não foi exatamente estabelecido, em virtude dos mesmas não encontrarem-se oficialmente
regularizados desde seu princípio”. A produção comercial das 3 empresas Saibrita,
Pedrita e Sulcatarinense consta do início da década de 80, periodo marcado pelo crescimento do número de empresas ligadas à construção civil na região, derivado do aumento populacional e do desenvolvimento sócio-econômico da Região (Bertelli,
1995).
A expansão urbana da “Grande Florianópolis” foi decorrente, entre diversas coisas, de importantes obras de infra-estrutura, destacando-se, do ponto de vista
educacional e social, a fundação da Universidade Federal de Santa Catarina - IHFSC em
1° A Regularização de Pedreiras compreende um requerimento de pesquisa e concessão de lavra -
aprovado pelo DNPM, além das licenças ambientais exigidas pela FATMA - Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente.
49
1960 e, em relação ao transporte, a abertura da BR-101, que corta o litoral catarinense de norte a sul.
A abertura da BR-101, especialmente, promoveu o aumento populacional na região da Grande Florianópolis, intensificando o crescimento de São José, Palhoça e
Biguaçu, num movimento que atraiu força de trabalho e resultou na aglomeração de diversas famílias ao longo da rodovia, fonnando vilas e bairros.
Na década de 70, Florianópolis deixou de ser uma “cidade individual”, para constituir junto com São José, Biguaçu e Palhoça, um processo de conurbação urbana. Ainda na década de 70, diversas obras intensificaram a urbanização da área, como a
Ponte Colombo Machado Sales, o aterro da Baía Sul e o aterro da Baía Norte com a
Avenida Rubens de Arruda Ramos.
No ramo da atividade industrial, essas obras de infra-estmturae urbanização constituíram-se no embrião das empresas de construção civil que predominaram na regiao na década de 80.
Através do Gráfico 2 verifica-se a concentração de empresas de construção civil na Grande Florianópolis para os anos de 1980 e 1992. (Bertelli, 1995)
GRÁFICO 2
EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL POR MUNICÍPIO DA REGIAO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS - 1980 E 1992
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Fonte: BERTELLI, I 995
50
Florianópolis concentra o maior número de empresas nos 2 períodos, seguida por São José, Palhoça e Biguaçu.
` Torna-se importante destacar que “a década de 80 foi marcada por uma multiplicação no número de edificações nos balneários de Florianópolis, sendo que tal
ampliação pode ser vista como uma evolução derivada do progressivo fortalecimento da Região como importante núcleo turístico ”. (LINS, 1991, p.1J).
A expansão urbana da região da grande Florianópolis, os incentivos ao turismo, as obras de infra-estrutura e a predominância das empresas de construção civil
na região estão intimamente relacionadas ao aumento da demanda por britas (a brita constitui-se insumo de aplicação direta na construção civil). Nesse sentido, a
proximidade das pedreiras: Saibrita, Pedrita e Sulcatarinense junto aos centros
consumidores considerados na análise: Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu,
viabilizaram o processo de ocupação dos espaços nestes municípios, especialmente, pela
diminuição dos custos de transportes (fretes).
Por outro lado, a proximidade dessas Pedreiras junto às comunidades gerou graves problemas ambientais que serão discutidos no capítulo 6.
As empresas exploradores de britas na Região, encontram-se filiadas ao Sindipedras - SC / Sindicato das Pedreiras de Santa Catarina, diretamente ligado à
ANEPAC - Associação Nacional dos Produtos Agregados de Concreto.
_
As empresas apresentam algumas especificidades com relação ao destino da produção, conforme pode ser constatado mediante entrevistas.
A Saibrita destina 80% de sua produção ao subsetor de edificações, sendo que o restante é direcionado a obras de infra-estrutura.
A Pedrita e a Sulcatarinense atendem conjuntamente tanto o subsetor de edificações, como obras de infra-estrutura viária.
Importante destacar que a Pedrita e a Sulcatarinense consomem grande parte da produção, em virtude das mesmas possuírem usinas de asfaltos e usinas de solos (base e sub-base de Leitos de Rodovias para Pavimentação).
.A comercialização de Pedra britada, assim como todos os produtos de origem mineral, está sujeita, com a nova Constituição, à incidência do ICMS - Imposto sobre Operação Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
51
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação, o que representa
contribuição para a arrecadação dos Municípios.
De acordo com o EIA-1989, os salários correspondentes ao pessoal
envolvido com a lavra, praticados pelas 3 pedreiras apresentam-se superiores às médias Estaduais, salientando-se que algumas atividades estão sujeitas a níveis de periculosidade
e/ou insalubridade acima da média das profissões manuais e os salários oferecidos não
chegam a contemplar estas características.
A mineração, em geral, como já foi mencionado, está associada a uma série de processos industriais que normalmente ocorrem à sua volta como a metalurgia, a
indústria química, a siderurgia, etc. A extração de pedras de uso na construção civil pode ser considerada uma exceção. Na maioria dos casos o produto é comercializado sem maiores transformações industriais, passando apenas por tratamento que lhe confere as
granulações necessárias. -
Os processos industriais mais próximos à extração de britas consistem em: fabricação de pré-moldados de cimento e usinagem de concreto asfáltico.
5.2. Exploração de britas na região da Grande Florianópolis - exame da Produção
I
-
Faturamento e Nível de Emprego
Nesta seção enfoca-se principalmente o funcionamento da Saibrita -
Mineração e Construção Ltda., uma das três empresas que exploram pedreiras na Grande Florianópolis. A seção restringe-se a esta empresa devido ao fato de esta ter sido a única a fornecer explicações sobre os dados solicitados, sobre produção, faturamento e
emprego.H
52
5.2-.1. Saibrita - Min. e Const. Ltda.: atuação no período recente
A Empresa Saibrita, com sede à Rodovia BR-101, Km 205 - Barreiros - São José, vem explorando granito para uso imediato na construção civil desde fevereiro de 1984 (em terrenos de sua propriedade). A exploração mineral vem sendo realizada no Morro do Cambirela - local denominado Guarda do Cubatão - Municipio de Palhoça, à
margem direita (direção Noite-Sul) da BR-101, no Km 222, distante aproximadamente 22 km de Florianópolis.
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O local supra-citado, escolhido para a prática da mineração deste tipo de rocha, teve como condicionantes principais, a proximidade junto aos centros
consumidores e facilidades de acesso, onde a comercialização do produto pudesse ser realizada em qualquer época do ano, independente do fato climático. (O local apresenta condição favoráveis de tráfego, mesmo em tempos de chuva).
A empresa, embora detentora dos direitos de Lavra” até o ano 2001, após entendimentos com Órgãos competentes DNPM, Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente do Estado e FATMA, decidiu, em 1987, pelo futura desativação da Lavra no Morro do Cambirela, com sua conseqüente e gradativa mudança para o local
denominado Forquilhas - Município de São José (em terrenos de sua propriedade).
O Requerimento de Transferência de Lavra enviado ao DNPM em outubro de 1987 - aprovado por este órgão - foi acompanhado de um Projeto de Recuperação Ambientall2_para a Pedreira do Morro do Cambirela, visando solucionar o problema do impacto visual da pedreira. As alternativas constantes no Plano de Recuperação
Ambiental serão discutidas no capítulo 6. _
Para a implantação da nova unidade (Pedreira) em Forquilhas foram
realizados, conforme determinação da FATMA, Estudos de Impacto Ambiental - EIA e
conseqüente Relatório' de Impacto Ambiental - RIMA - aprovado por este órgão em 1989.
“ Lavra: Trata-se do conjunto de operações coordenadas, objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das substâncias minerais, que contiver até o beneficiamento das mesmas. - ver Código de Mineração e Legislação Correlativa - (Brasil , 1987). 12 Plano de Lavra e Projeto de Recuperação Ambiental - 1987 - referente processo DNPM, n° 815.018/83.
53
Em junho de 1993, a empresa solicitou ao DNPM a continuidade dos trabalhos de Lavra na unidade de Palhoça, visando garantir o abastecimento do mercado, além de problemas de ordem financeira relativos a implantação da nova Pedreira em Forquilhas conforme “alteração do Plano de Aproveitamento Econômico” de 21/O6/93 -
aprovado pelo DNPM.
O início das operações comerciais da nova unidade (Forquilhas) só foi
iniciado em 1993, desse modo, a análise não incorporou o desempenho (produção, faturamento e nível de emprego) dessa pedreira, haja vista que as informações obtidas
junto à empresa através de questionários específicos referem-se somente a unidade
localizada no Morro do Cambirela. , _ E importante enfatizar, com referência ao caso específico, a importância da
Constituição de 1988, que dispensando um capítulo especial ao Meio Ambiente,
incorporou, como já foi discutido no capítulo 3, todas as normas internacionais de
proteção ambiental, incluindo-se a realização de Estudos de Impacto Ambiental - EIA para todas as atividades causadoras de danos ao Meio Ambiente.
Como se observa, a conscientização por parte da iniciativa privada na
preservação do meio ambiente e a eficiência de órgãos ambientais na aplicação da Legislação Ambiental constituem-se instrumentos importantes para a harmonização da
Mineração com o Meio Ambiente.
Os dados referentes ao exame da produção, faturamento e nível de emprego foram fornecidos pela própria empresa, extraídos de seus balanços econômicos anuais
para o período 1984 a 1994.
As informações sobre a diversificação das atividades, participação percentual no mercado, principais consumidores, além da procedência de máquinas e equipamentos foram obtidos através de questionários específicos.
A Empresa Saibrita - Mineração e Construção Ltda. Possui como atividade principal a extração mineral de pedra britada com comercialização própria.
Conforme prevê o Contrato Social da empresa, a diversificação das
atividades consiste basicamente em: desmonte de rochas, obras de construção civil,
pavimentação asfáltica, obras de arte (ponte, elevados, túneis, viadutos) e artefatos de
cimento.
54
A participação percentual no mercado da Grande Florianópolis é de
aproximadamente 45%. Entre os principais consumidores destacam-se: as concreteiras,
construtoras, empreiteiras, Órgãos públicos, revendas comerciais, além de pequenos
consumidores para uso próprio. -
As máquinas e equipamentos utilizados pela empresa são em sua maioria de procedência nacional. Consistem basicamente em: conjuntos de britagem, tratores,
carregadeiras, carretas de perfuração, escavadeiras hidráulicas, rompedores hidráulicos,
marteletes, caminhões fora de estrada, caminhões leves, equipamentos de solda e de
apoio de oficina, além de inúmeros bens de natureza duráveis utilizados no processo de
produçao.
A empresa destina 5% de seu faturamento anual à projetos ambientais. A produção é direcionada principalmente ao subsetor de edificações, sendo
que apenas 20% da produção são destinados a obras de infra-estrutura. Neste ano (1996) a empresa participará de algumas licitações públicas: duplicação da BR-101, SC-401, Via Expressa Sul e conclusão da BR-282 (podendo alcançar índices maiores).
- Comportamento da Produção - Período 1984-1994
O comportamento da produção da Saibrita durante o período 1984-1994, pode ser observado pelo Gráfico 3.
A análise compreende informações fornecidas pelo gerente administrativo da empresa, Sr. Pedro Madalena através de entrevista realizada em 13.03.96.
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55
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PRODUÇÃO DA SAIBRITA - 1984 - 1994
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Fonte: Saíbriza, elaborado pela autora.
Constata-se um comportamento irregular da quantidade produzida em todo o
período. As oscilações positivas da quantidade produzida devem-se ao cumprimento de prazos, além da realização de grandes obras.
Verifica-se que a produção apresenta momentos de auge nos anos de 1986 e
1991, decorrentes do aumento nos turnos de trabalho.
É Em 1993, a produção atinge seu pico, totalizando 264.255 m3 de britas.
Após este ano ocorre uma queda acentuada chegando em 1994 a produção de 168.966 m3
_ Este fato deve-se à finalização de obras importantes, além da empresa ter trabalhado
com estoques. 9
Segundo o Gerente da empresa, o crescimento' turístico trouxe construção, explosão nas praias, alicerçando o crescimento da empresa.
56
No início da década de 80, a empresa contava apenas com uma unidade. Atualmente, possui 3 unidades (Palhoça, Forquilhas e Maracajá), além de uma indústria de Pré-Moldados.
- Faturamento
GRÁFICO 4
FATURAMENTO DA SAIBRITA - 1984 - 1994
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Fonte: Saibrita, elaborado pela autora.
Durante o período analisado, verifica-se uma tendência crescente do faturamento até 1990. A ós este ano constata-se uma ueda acentuada até 1992,7
quando o faturamento volta a crescer novamente, com pequenas oscilações.
A queda acentuada do faturamento, registrada entre 1990 e 1992 foi
concomitante com a tendência crescente do aumento da produção (Gráfico 3). Este fato pode ser explicado pela queda de preços da brita, ocorrida no periodo, além da entrada substancial da Sulcatarinense no mercado da Construção Civil.
Segundo o Gerente da Empresa, outro fator importante, que pressionou a
queda no faturamento, foram as Concreteiras que conseguiram preços mais acessíveis,
diferenciados das Construtoras.
Ainda como fator determinante das oscilações negativas no faturamento, deve-se considerar a fase recessiva da Economia Brasileira no período analisado.
- Nível de Emprego
GRÁFICO 5
NÍVEL DE EMPREGO NA SAIBRITA - 1980 - 1994
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Fonte: Saibrita, elaborado pela autora.
A mão-de-obra utilizada na Empresa é composta por diversos segmentos furação, cabo de fogo, marteleteiros, motoristas pesados, eletricistas, operadores de
carregadeiras, operadores de britagem, soldadores, mecânicos pesados, mecânicos de
58
oficina, lubrificadores, além do pessoal administrativo que compreende técnicos de nível
superior e nível médio.
A média salarial gira em .tomo de 5 salários mínimos. Não há quadro informal. A Empresa oferece alguns beneficios sociais como: seguro de vida, planos de saúde e participação nos lucros.
Atualmente, uma empresa de consultoria (PRODEL) promove treinamento operacional, gerencial e cursos de aperfeiçoamento de pessoal.
A análise incorporou apenas os dados referentes ao pessoal ocupado com vínculo empregatício, salientando-se a existência de contratações temporánas de técnicos
(empresas) especializadas na elaboração de projetos ambientais como: EIA, RIMA, Licenças Ambientais, Projetos de Recuperação Ambiental entre outros (biólogos,
geólogos, sociólogos, técnicos agrícolas, etc).
5.2.2. Pedrita e Sulcatal-i'nense‹
Apresentam-se aqui dados sobre produção, faturamento e emprego das
empresas em questao. Tendo em vista a impossibilidade de entrevista, nas empresas, com vistas ao esclarecimento de aspectos da evolução, os comentário sobre os dados são
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GRÁFICO 7
PRODUÇÃO DA SULCATARINENSE - 1984-1994
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Fonte: Sulcatarinense ., elaborado pela autora
Os gráficos 6 e 7 demonstram alternância nos momentos de auge e declínio da produção, verificado pelas 2 empresas, durante todo o período analisado.
Considerando que as duas empresas possuem usinas de asfalto e de solos, direcionando maior parte da produção para obras de infra-estrutura viária, além de
consumirem parte da produção, este fato pode ser explicado pela significativa
concorrência entre elas, visto que trata-se de uma hipótese, já que a Saibrita detém 45% do mercado da Grande Florianópolis. '
O fato das duas empresas consumirem grande parte da produção,
proporciona uma diminuição da oferta de produtos (britas) na região, aumentando o
poder de barganha da Saibrita.
61
Os anos de 86, 88 e 92, de acordo com o gráfico 6, caracterizaram-se em momentos de auge da produção para a Pedrita. J á para a Sulcatarinense, esses momentos são verificados nos anos de 87, 89 e 94, conforme o gráfico 7.
Torna-se importante destacar com relação à Sulcatarinense uma evolução positiva no comportamento da produção durante todo o período analisado (esta variável aplica-se também ao comportamento da produção da Saibrita, conforme gráfico 3, item 5.2.1). A produção inicial de 112.049 m3 de brita em 1985 foi superada de forma
significativa, dados as devidas oscilações, no final do periodo analisado. Em 1994, a produção atingiu 187.150 mf' (gráfico 7).
Com relação à Pedrita, através do gráfico 6, verifica-se como tendência declinante da quantidade produzida constatada a partir de 1992.
- Faturamento
GRÁFICO s FATURAMENTO DA PEDRITA - 1984-1994
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Fonte: Pedrita. elaborado pela autora
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GRÁFICO 9
FATURAMENTO DA SULCATARINEN SE - 1984-1994
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Fonte: Sulcatarinense., elaborado pela autora
A partir dos gráficos 8 e 9, verifica-se o comportamento do faturamento das duas empresas.
Com relação à Pedrita (gráfico 8) constata-se uma queda acentuada do faturamento a partir de 1992. _
É possível considerar que foi decorrente do processo de declínio da
produção verificado a partir de l992, conforme demonstra o gráfico 6.
O faturamento na Sulcatarinense durante o período analisado apresenta, com pequenas oscilações, uma tendência crescente até 1990. Após este ano, verifica-se uma pequena queda no faturamento até 1992, quando volta a subir novamente (gráfico 9).
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65
6. PROBLEMAS AMBIENTAIS DECORRENTES DA EXPLORAÇAO DE PEDREIRAS
6.1. Impactos ambientais: caracterização e descrição
A interação homem-ambiente, a partir da análise dos impactos que possam ser provocados pela implantação de um empreendimento mineral, levanta problemáticas que constituem-se indicadores importantes para que sejam estabelecidas novas formas de
relação nos processos de desenvolvimento da região a ser explorada.
Todo e qualquer empreendimento causa impactos, uma vez que impõe modificações no modo de vida local, sendo que na mineração o impacto visual e no caráter da região, ás vezes, é irreversível, devido a grandes movimentos de terra, retirada da cobertura vegetal e alteração do relevo natural (EIA, 1989).
A implantação de uma pedreira pode causar danos irreparáveis se não houver controle rigido, em termos ambientais, pelos prejuízos que poderá causar nas
propriedades que estão à sua volta (região), e não apenas pelos impactos que causará na área específica do empreendimento.
Em virtude desses fatores, torna-se obrigatória a utilização de tecnologias que controlem os efeitos degradadores do meio-ambiente, sem ocasionar a expulsão, quase sempre obrigatória, do homem. É fiindamental que esse processo torne-se prática na implantação de qualquer atividade industrial, assim como também devem ser criadas novas formas de incentivo para subsidiar a pesquisa de novas tecnologias direcionadas ao
aproveitamento dos recursos naturais.
Além dos impactos ambientais, que serão discutidos a seguir, a instalação de uma pedreira próxima às comunidades provoca desvalorização imobiliária das
propriedades incluidas no raio de ação do empreendimento, sejam elas: residências,
estabelecimentos comerciais, áreas de lazer, incluindo-se propriedades agrícolas de
subsistência.
66
Por outro lado, este tipo de empreendimento altera consideravelmente a
dinâmica social da localidade onde é instalado: atraindo infra-estrutura (melhores
sen/iços de energia, telecomunicações e acessos rodoviários) e modificando a estrutura econômica da localidade, proporcionando a geração de empregos.
Os principais impactos ambientais decorrentes da exploraçao de pedreiras, caracterizam-se em: impacto visual, vibrações e ruídos, ultra-lançamento de fragmentos,
resíduos sólidos, resíduos líquidos' e residuos atmosféricos (EIA, 1989).
A seguir, serão descritos e analisados estes impactos: 0 Impacto visual: É decorrente da grande remoção das camadas de solo e
estéreisn que encobrem o corpo mineral. As pedreiras no Brasil geralmente são
ex loradas a céu aberto. Em termos aisa ísticos esse ti o de ex lora ao mineral P ›
provoca forte agressão visual.
0 Vibrações e ruídos (estremecimento e barulho): As detonaçoes de cargas explosivas geram vibrações e ruídos, que propagam-se facilmente pela atmosfera.
O funcionamento dos equipamentos de britagem também provoca ruídos, diferentes dos ruídos originados pelas detonações, uma vez que estes são temporários e
aqueles, contínuos.
Segundo pesquisa efetuada junto às comunidades por técnicos responsáveis pela elaboração do EIA (1989), este tipo de impacto é fortemente apontado como sendo uma das maiores preocupações dos moradores em virtude do “receio da casa cair” (EIA, 1989,13. só).
0 Ultra-lançamento de fragmentos: São caracterizados pelo lançamento descontrolado de fragmentos rochosos no momento da detonação (explosão). Constitui- se num dos mais graves efeitos das detonações, uma vez que lançam pedaços de rocha, de maneira desordenada, podendo provocar sérios acidentes.
o Resíduos sólidos: São decorrentes do desmatamento e decapeamento do material estéril que recobre a jazida, provenientes tanto das atividades de Lavra, como da abertura de acessos e terraplenagem, para a construção de edificações e implantação de
usina de britagem, além dos resíduos domésticos.
13Estéreis: rochas cujas características fisico-químicas impedem seu aproveitamento econômico.
67
Os volumes de resíduos produzidos, dependem, respectivamente, do porte e
densidade da vegetação, da espessura e área a ser decapeada e do número de
fimcionários.A
0 Resíduos líquidos: Os efluentes líquidos sao provenientes do carreamento de partículas, proporcionado pelas águas pluviais, oriundos das frentes de Lavra, do
pátio de armazenamento, dos produtos finais e da poeira gerada no processo de
britagem, do uso doméstico, que produz despejos de origem cloacal, da lavação de
veículos, oficinas, depósitos, etc. '
Estes últimos contribuem com taxas de óleos significativas nos efluentes.
0 Resíduos atmosféricas: Ocorrem na forma de gases e pós, por ocasião das detonações. Os gases são provenientes dos explosivos (queima de pólvora) e os pós, da fragmentação da própria rocha.
O sistema de britagem também é responsável pelo lançamento de resíduos atmosféricos, através de poeiras fugitivas, principalmente nos britadores, peneiras e
transferências de correias transportadoras. Importante destacar que o sistema é contínuo
durante todo o período de operaçao.
Além dos impactos descritos anteriormente, constata-se, através do EIA (1989), a ocorrência do “impacto psicológico”, caracterizado pela forte preocupação por
parte dos moradores que antecede a instalação de uma pedreira. Existe uma “sensação de perigo” como algo inerente ao empreendimento, principalmente com relaçao à omissao de informações relativas à periculosidade da atividade.
A instalação de uma pedreira pode também influenciar o abastecimento de água das moradias próximas ao empreendimento. Em alguns casos a extração mineral provoca desmatamentos em áreas que dão origem a algumas nascentes. A erosão, provocada pela retirada de cobertura vegetal, presente na extração de britas, conduz a
sérios problemas de assoreamento de córregos.
Deve-se salientar ainda, as modificações ocorridas no tráfego local,
decorrentes da instalação de uma pedreira. Tratando-Se de uma atividade industrial,
implica em transporte regular dos produtos. O transporte geralmente é efetuado por veículos de médio e grande porte (caminhões com capacidade de transporte entre 5 e 26 m3 de britas).
68
O empreendimento provoca aumento considerável no número de veículos e o
tráfego pesado acarreta buracos nas estradas. O deslocamento constante de caminhões provoca suspensão no ar de uma grande quantidade de elementos particulados,
ocasionando incomodaçoes domésticas (deposição de pó sobre os móveis), problemas de
saúde (alergias), além de prejuízos econômicos à agricultura.
Da mesma forma que a poeira, os ruídos provocados' pelos escapamentos dos veículos acarretam prejuízos domésticos, de saúde e econômicos.
Além dos ruídos, os escapamentos lançam na atmosfera uma grande
quantidade de monóxido de carbono, trazendo problemas de saúde às pessoas que residem próximas aos limites laterais da estrada, onde é realizado o escoamento da
produçao.
O aumento do número de veículos poderá acarretar ainda maior incidência de acidentes, envolvendo, direta ou indiretamente, habitantes da localidade próxima no empreendimento.
A intensidade da manifestação destes impactos ocorre de forma diferenciada ao longo dos quilômetros que compõem o sistema viário local. As opções de trajeto diferenciam as expressões desses impactos.
6.1.1. Medidas de controle ambiental
Os impactos gerados pela mineração podem ser controlados pela adoção de medidas preventivas e corretivas. O controle preventivo pode evitar a ocorrência ou minimizar os efeitos negativos dos impactos. “Já está comprovado que as medidas
preventivas representam custos expressivamente menores comparados aos custos necessários para realizar correções posteriores” (IBRA.M, J 992, p. 45).
As medidas de controle ambiental se caracterizam como alternativas
passíveis de reduzir a índices aceitáveis, permitidos pela Legislação Ambiental os
impactos ambientais (muitas vezes, inevitáveis), a serem promovidos, quando da
instalação de qualquer atividade mineral. No caso específico do estudo, essas medidas referem-se aos impactos ambientais causados pelas pedreiras, conforme discrição
69
efetuada no item 6.1, sejam eles: impacto visual, vibração e ruídos, ultra-lançamento de
fragmentos, resíduos sólidos, resíduos líquidos e resíduos atmosféricos.
As informações sobre as medidas de controle ambiental foram obtidas
através do EIA (1989).
0 .Impacto visual: A minimização do impacto visual compreende a escolha do local onde será instalada a pedreira. Devem ser evitadas áreas próximas às
comunidades, centros históricos ou turísticos, além de pontos facilmente visíveis à
distância. A minimização da “agressão visual” pode ser realizada mediante um trabalho de recuperação da cobertura vegetal, utilizando-se plantas nativas do próprio local.
o Vibrações e resíduos: A minimização das vibrações depende de um plano de fogo (projeto de detonação) bem elaborado e executado sob a supervisão de um engenheiro de minas, além do prévio conhecimento geo-fisico do maciço (rocha) a ser detonado. Relativamente aos ruídos, o bom funcionamento, a manutenção e a perfeita operaçao dos equipamentos de britagem podem reduzir esses efeitos.
A escolha do local onde será instalada a usina de britagem, também constitui fator preponderante na diminuição dos ruídos sobre a população circunvizinha à área do empreendimento. A instalação da usina em cota topográfica mais elevada permite
dispersar pela atmosfera as ondas provocadas pelos equipamentos de britagem,
reduzindo a intensidade desta ondas junto às edificaçoes adjacentes.
0 Ultra-lançamento de fragmentos: A redução desse impacto, assim como nas “vibrações”, depende de um plano de fogo” bem elaborado, executado sob a
supervisao de um engenheiro de minas.
Evitar blocos soltos nas faces ou acima das bancadas constituem medidas importantes ao desaparecimento desses efeitos.
o Resíduos sólidos: Os resíduos sólidos devem ser adequadamente
depositados, em locais previamente estabelecidos, com taludes de suaves declividades, onde devem ser plantados, de preferência, leguminosas, para permitir a absorção de nitrogênio, conservando assim o solo e evitando a erosão, que acarreta 0 assoreamento
de vales e cursos d°água próximos ao local onde é realizada a exploração mineral.
“Plano de Fogo: consiste no dimensionamento e/ou projeto de um desmonte de rochas com explosivos.
70
Importante destacar que os processos erosivos constituem-se em barreiras fisicas ao próprio transporte do material que será comercializado.
Os resíduos sólidos provenientes de escritório, refeitório, vestiário, etc,
devem ser devidamente acondicionados para recolhimento por parte da limpeza pública, visando um destino final adequado.
o Resíduos líquidos: Deve ser projetado um sistema específico de drenagem que possibilite coletar águas incidentes sobre a área de forma que se possa promover a
decantação do material particulado (sólidos), dotado de um sistema adequado de limpeza temporária, a fim de que sejam reduzidos os impactos devidos a efluentes líquidos.
Normalmente é previsto ainda um sistema convencional, constituído por
fossa séptica ou filtro anaeróbico de fluxo ascendente (tratamento de esgoto) e valas de
infiltração, precedidos por caixas de inspeção e de gordura, onde se fizerem necessárias, para tratamento dos despejos cloacais. Geralmente as áreas onde situam-se as pedreiras
nao são servidas pelo sistema de tratamento de esgoto municipal.
Efluentes contendo óleos devem ser tratados através de um sistema
separador, constituído por tanques para retençao destes poluentes, procedidos por caixas
de retenção de partículas em suspensão.
0 Resíduos atmofiéricos: Para a minimização dos problemas com partículas em suspensão e poeiras fugitivas, deve ser efetuada a aspersão de água para umectação das vias de acesso, bem como a implantação de um sistema de aspersão, através de projeto específico de britagem. Implantação de cortinas verdes, com árvores de porte, nas margens dos acessos defronte às frentes de Lavra e no entomo da usina de britagem, também contribuem como elemento filtrante da poeira fugitiva.
Com relação aos problemas verificados no abastecimento de águas de
moradias próximas a uma pedreira, decorrentes dos desmatamentos de áreas que dão origem a nascentes (item 6.1), o problema pode ser minimizado através de um sistema específico de drenagem (EIA, 1989).
Com relação às modificações do tráfego local, decorrentes da instalação de uma pedreira (item 6.1), altemativas constantes no EIA (1989) procuram solucionar ou minimizar esses impactos, conforme ações do empreendedor. Serão analisadas a seguir essas medidas.
71
As medidas relativas ao sistema viário envolvem:
0 Adequação e conservação do leito de rodovias: devem ser desenvolvidas ações de alargamento de faixas de acesso, além de melhoria e conservação do leito de
rodovias, evitando-se o esburacamento e atoleiros. As pontes também devem receber atençao.
0 Controle da poeira: as alternativas que buscam minimizar o controle da poeira consistem em:
a) Regação do leito dos trajetos sem pavimentação, onde encontram-se concentrações habitacionais, ou atividades econômicas sensíveis à poeira. Este serviço poderá ser executado regularmente através de um “caminhao pipa”.
b) Plantio de árvores e/ou arbustos na frente de residências e escolas, que localizam-se próximas à margem da estrada, onde será realizado o
escoamento da produção (cortinas verdes). i
0 Controle do ruído e fumaça provenientes dos veiculos: as alternativas
consistem em: regulagem dos motores e escapamentos dos veículos pertencentes ao
empreendedor, realizada em oficina própria, construída na área onde será instalada a
pedreira. V
Torna-se importante destacar que o transporte de considerável parcela dos rodutos é realizado or “freteiros” sendo ue a altemativa descrita acima não ermite P >
total controle do impacto. Dessa forma, as “cortinas verdes”, apresentadas como forma de controle da poeira, terão eficiência também na minimizaçao destes impactos. Deve se ainda prevenir problemas de ventilação e/ou iluminação.
0 Riscos de acidentes: algumas medidas devem ser tomadas de forma a
conter essa possibilidade:
a) Os caminhoes deverao transitar com suas cargas tampadas com lonas, a
fim de evitar lançamentos acidentais de britas sobre casas, veículos ou pessoas.
b) Deverão ser dispostas lombadas, devidamente sinalizadas nos trechos
percorridos, que apresentem maiores concentraçoes populacionais
72
(escolas, estabelecimentos comerciais, moradias, pontos de parada de
ônibus, etc).
c) Deverá ser evitado o tráfego de caminhões 15 minutos antes e 15 depois
dos horários de entrada e saída, dos alunos de estabelecimentos escolares
da região a ser percorrida pelos veículos.
As medidas de controle ambiental, analisadas anteriormente, devem ser
implementadas juntamente com programas de controle ambiental, que envolvem: a
comunicação social, supervisão ambiental, programas de monitoramento e relatórios
ambientais.
0 Comunicação social: permite identificar as preocupações manifestadas pelos moradores, decorrentes da instalação do empreendimento (pedreira) e de sua
futura operacionalizaçao.
O Plano de Comunicação Social, elaborado por equipe técnica responsável pelo EIA, minimiza a presença do subjetivo impacto de natureza psicológica, já que as
preocupações dos moradores antecedem à instalação do empreendimento, estando
relacionadas principalmente aos prejuízos materiais e riscos à segurança fisica.
O Plano de Comunicação Social, possibilita a divulgação aos moradores da Área de Influência Direta do empreendimento, de informações relativas aos impactos detectados e das medidas tomadas pela empresa para mitigá-los. A divulgação também é
realizada na área de influência indireta junto às entidades de bairro, escolas, clubes,
igrejas, etc.
O Plano de Comunicação Social possibilita ainda o esclarecimento aos
moradores da área de influência direta, o horário e regularidade das detonações e o
cumprimento das medidas de segurança inerentes.
0 Supervisão ambiental: consiste na criação de um fórum permanente que possibilite a interpretação e análise das conseqüências dos impactos provocados pela
instalação de uma pedreira, assim como a eficácia das medidas de controle ambiental. O Fórum poderá ser representado pela comunidade, prefeitura municipal, FATMA e
representantes da empresa a ser instalada.
73
0 Programas de monitoramento: consiste no acompanhamento periódico de uma equipe de técnicos capacitados, que registrem as dimensões dos impactos e graus de suficiência das ações mitigadoras propostas.
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Esta equipe deve ser composta de cientistas sociais, pedagogos e psicólogos
que, através de instrumentos de pesquisa, como questionários e entrevistas, avaliem as alterações sociais promovidas e orientem a partir das informações coletadas, o melhor
direcionamento de novas açoes.
O início do acompanhamento deve ser concomitante ao inící.o da implantação do empreendimento.
Posteriormente ao primeiro ano do de operação, os levantamentos devem ter periodicidades quadrimestral, passando a semestral para o restante da vida útil do empreendimento.
0 Relatórios ambientais: procuram demonstrar de maneira periódica o
estágio da implementação dos programas de controle ambiental à comunidade e aos órgãos de controle ambiental.
»
74
6.2. Problemas Ambientais decorrentes da extração de britas naVGrande Florianópolis - Ações das Empresas
As Pedreiras, consideradas na análise: Saibrita, Pedrita e Sulcatarinense
encontram-se localizadas em perímetro urbano, estando portanto, próximas às
comunidades. Dessa forma, constata-se a existência de praticamente todos os problemas descritos e analisados no item 6.1, salientando-se que a intensidade dos impactos ocorre de forma diferenciada, em virtude da produção diária de britas de cada empresa (o nível dos impactos é diretamente proporcional à produção de britas).
Será realizada a seguir uma breve abordagem dos impactos mais
significativos de cada empresa, conforme informações obtidas junto a Extrativa -
Engenharia de Mineração e Meio Ambiente, a partir de consultas informais realizadas. ~ \
- Saibrita (Palhoça)
. Situada no Morro do Cambirela, atualmente considerado reserva estadual
(área de proteção permanente) apresenta forte impacto visual, devido a instalação em cota elevada (a localização é das piores em termos ambientais). A
As vibrações e ruídos são controlados e não ha ocorrência de ultra
lançamentos de fragmentos.
Os resíduos sólidos encontram-se controlados e dispostos de maneira
adequada.
Não há projeto específico de drenagem para a minimização dos efluentes líquidos, significando, portanto, problemas de carreamento de partículas. Não foi
constatado problemas de assoreamento de vales e cursos dӇgua.
Verifica-se a geração de partículas em suspensão, já que a empresa não dispõe de caminhão-pipa para a umectação dos acessos.
A usina de britagem promove a ocorrência de poeiras fugitivas. A empresa dispõe de projeto de sistema de aspersão, embora não tenha sido implantado;
75
- Pedrita (Florianópolis)
Os impactos visuais são bastante acentuados em virtude da péssima
localização, considerando-se a vocação turística da Ilha de SC e o elevado grau no ângulo de observação.
As vibraçoes e ruídos ocorrem de forma intensa, tendo em vista a
proximidade das edificações._
Já foram verificados casos de ultra lançamentos de fragmentos rochosos
conforme anexo do Jornal Diário Catarinense de 09/04/95.
Os resíduos sólidos são controlados, mas constata-se a ocorrência de
efluentes líquidos, partículas em suspensão e poeiras fugitivas.
- Sulcatarinense (Biguaçu)
A localização é favorável, significando dizer que o ângulo de visão das
atividades é bastante restrito, não permitindo a percepção a longa distância, além de não haver tráfego frequente e intenso ao redor da área, limitando a agressão visual a um número reduzido de transeuntes, minimizando o impacto visual de forma global, ao contrário da Saibrita em Palhoça, por exemplo, que está totalmente exposta a quem trafega pela BR 101 nas proximidades, além de atingir o campo de visão a longa distância.
As vibrações e ruídos são controlados.
Não foram constatados casos de ultra lançamentos de fragmentos rochosos.
Os resíduos sólidos são controlados.
Constata-se, assim como na Pedrita, a ocorrência de efluentes líquidos e
partículas em suspensão. ›
Existe forte geração de poeiras fugitivas.
Torna-se importante destacar, que todas as pedreiras em estudo foram legalizadas sem a apresentação de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e conseqüentes
76
Relatórios de Impacto Ambiental (RIMA). Estes estudos quando bem elaborados,
fornecem dados importantes para análise e qualificação dos impactos a serem causados
pelas pedreiras, assim como as formas de minimiza-los a ponto de viabilizar, o
empreendimento, ou em determinados casos, impedir a instalação de uma pedreira.
A Saibrita e a Sulcatarinense tiveram seus processos analisados
anteriormente a Legislação Ambiental, que através da Resolução CONAMA - OO]/86 determinou a apresentação de EIA/RHVIA para toda atividade causadora de danos ao meio-ambiente (Souza, 1995).
No caso específico da Pedrita, não foi exigida a apresentação desses estudos pelo Órgão ambiental competente - FATMA.
A Constituição de 1988 determinou que a critério do Órgão ambiental
competente poderia ou não ser solicitada a apresentação de EIA/RIMA, conforme o
potencial de degradação ambiental da atividade (Souza, 1995).
O processo de recuperação ambiental das áreas onde estão localizadas as pedreiras Saibrita, Pedrita e Sulcatarinense torna-se excessivamente mais complexo e
oneroso, já que todas foram exploradas sem prévio planejamento.
Merece destaque, como algo pioneiro entre os três Estados do Sul a
implantação de um projeto de recuperação ambiental na Saibrita no Morro do Cambirela, iniciado em 1987. Atualmente, encontra-se na fase de revegetação.
Através de métodos adequados, foram plantadas várias espécies vegetais nas “bermas” superiores, buscando a redução dos impactos visuais, que agrediam o Morro.
Bancadas com alturas de até 26 metros, entretanto não permitem a completa cobertura vegetal da área. Conforme explicações do engenheiro de minas da Saibrita, estes
constituem problemas cruciais de recuperação em forma de correção, já que não houve projeto prévio, prevendo esta fase (Plano de Lavra e Projeto de Recuperação Ambiental,
1987).
A empresa pretende, após a exaustão da jazida, criar um lago na parte mais baixa da mina, destinado a psicultura, com possibilidade - ainda em estudo - de uma pequena turbina para geração de energia elétrica.
A área será totalmente revegetada, de forma apropriada, visando ja
construção futura de um hotel fazenda.
77
6.3. Recuperação de áreas degradadas (exploradas)
A recuperação de uma área minerada é um processo lento, devendo ser
iniciada na fase de planejamento do projeto mineiro, e finalizada muito tempo após o
término da Lavra, quando as relações entre os componentes bióticos (seres vivos) e o
ambiente apresentarem condições de equilíbrio.
O trabalho de recuperação inclui diagnósticos efetuados nos estudos
ambientais que identificaram características específicas da mina e do local onde ela está instalada. Essas características referem se aos aspectos fisicos como topografia,
geologia, solos, rede hidrográfica, paisagem; aos aspectos biológicos como fauna e
flora,; e aos aspectos sócio-econômicos da região. A avaliação dessas características permite definir objetivos e hierarquizar medidas a serem executadas pelo plano de
recuperação.
Geralmente, os objetivos ou metas de recuperação a serem alcançados dividem-se em três longos períodos: curto, médio e longo prazos (IBRAM, 1992).
A curto prazo:I
0 recomposição da topografia do terreno;
0 controle da erosão do solo;
0 revegetação do solo;
0 correção dos níveis de fertilidade do solo;
0 amenização do impacto na paisagem;
0 controle da deposição de estéreis e rejeitos.
A médio prazo:
0 surgimento do processo de sucessão vegetal;
0 reestruturação das propriedades fisicas e químicas do solo;
0 ocorrência de reciclagem dos nutrientes;
0 reaparecimento da fauna.
A longo prazo:
78
0 auto sustentação do processo de recuperaçao;
0 inter-relacionamento dinâmico entre solo-planta-animal;
0 utilização futura da área.
A revegetação consiste numa etapa complementar aos trabalhos de
recuperaçao. Ocorre no momento em que se promove a reimplantaçao de diversas espécies vegetais na área, efetivando o processo de recuperação propriamente dito.
A escolha correta do tipo de vegetação a ser implantada deve atender aos seguintes critérios:
0 espécies indicadas para auxiliar a reestruturaçao do solo;
0 cobertura rápida para o controle da erosão;
0 utilização futura da área;
0 aspectos paisagísticos;
0 espécies nativas da regiao da mina;
0 espécies existentes e tolerantes a baixos níveis de fertilidade do solo.
A vegetaçao rasteira apresenta rápido crescimento, propicia uma boa cobertura do solo e auxilia no controle da erosão. As principais espécies de vegetação rasteira pertencem às famílias das gramíneas e leguminosas. As gramíneas são eficientes na reestruturação do solo, já as leguminosas auxiliam na recuperação da fertilidade do
solo, devido a sua capacidade de fixar nitrogênio, além da grande quantidade de massa verde que produzem e incorporam o solo (IBRAM, 1992).
As espécies nativas a serem utilizadas na revegetaçao devem ser selecionadas dentre aquelas que ocorrem na região.
O processo de recuperação de uma área exige o constante controle e
acompanhamento dos resultados obtidos pelas medidas adotadas. As técnicas utilizadas no processo de recuperação de uma área minerada visam a obtenção de um novo nível ecológico que possibilitará a essa área uma nova forma produtiva, salientando-se que essas técnicas devam levar em consideração os aspectos locais e as características
particulares de cada região.
79
7. CONCLUSÃO
Através da análise abrangente da Mineração no Brasil, tanto em seus aspectos institucionais, como sócio-econômicos foi possível demonstrar a importância de seus diversos segmentos no contexto geral da economia brasileira. Verificou-se a
contribuiçao da atividade mineral para o comércio exterior, como importante fonte de geração de divisas, além da contribuição na oferta de mão-de-obra, possibilitando a
criação de inúmeros empregos diretos e indiretos.
Do mesmo modo verificou-se que o desempenho da indústria extrativa
mineral (que compreende a transformação de minerais não metálicos, metalurgia e
química), tem sido significativo na participaçao do PIB industrial brasileiro, girando .em torno de 26% desse agregado (DNPM, 1995).
Outros fatores como abertura da economia brasileira e as últimas alterações constitucionais, eliminando as barreiras aos investimentos estrangeiros tem sido
extremamente importantes ao aproveitamento dos recursos minerais no Brasil, que apresenta considerável potencial de recursos de subsolo. .
Com relação à proteção dos Recursos Naturais o País tem caminhadoia um sistema sólido de proteção ambiental, seja por iniciativa institucional, seja. pela pressão e
participação da sociedade civil.
O tratamento dado ao tema ambiental pela Constituiçao de 1988, comprova a inclusão de todos os princípios internacionais de proteção ambiental. A Constituição instituiu uma democracia econômica e social, 'onde a liberdade para o exercício de
qualquer atividade econômica, no caso específico a mineração tem de estar alinhada com as restrições de interesse social.
- A atividade mineral apesar de representar nos dias atuais base de importante segmento da economia nacional, apresenta algumas peculiaridades: primeiramente trata-
se de uma atividade orientada para o aproveitamento de um bem público exaurível, cuja extração e comercialização possivelmente não se constituam em atividades sustentáveis; por outro lado provoca a impressão corrente de que sua atuação venha a resultar em prejuízo sensível e duradouro aos recursos ambientais.
80
Entretanto, desde que o homem começou a construir, a necessidade da
mineração tornou-se imperiosa e fundamental, uma vez que, suprimindo a madeira em uma residência, por exemplo, todos os demais elementos que compõem a edificação vem da mineração, em especial das Pedreiras, cujo produto final “a brita” é de imediato e
exclusivo emprego na construção civil.
A análise possibilitou verificar a importância das pedreiras no processo de expansão urbana recente da Grande Florianópolis, caracterizado pelo -crescimento
populacional e desenvolvimento sócio-econômico da Região.
A produção de britas é diretamente proporcional ao crescimento
populacional, na medida em que se caracteriza como insumo básico nas construções de edificações e redes viárias, como também na manutenção desses empreendimentos, além de absorver grande quantidade de mão-de-obra.
Apesar de degradadoras do Meio Ambiente, essas pedreiras são essenciais à
própria continuidade de ocupação dos espaços.
O que se pode notar, entretanto, é que não existe ainda uma consciência por parte dos empresários, relativa a necessidade preemente de preservação ambiental.
A conscientização da iniciativa privada referente ao cumprimento da
Legislação Ambiental em todos os seus aspectos é imprescindível para que se possa alcançar a harmonização da mineração com o meio ambiente.
81
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F' DÍSPÓSITIVÓS CÓN5T|TUC|ÓNÂ|S
Artigos da Constituição Federal, de 5 de ou- tubro de I988, referentes a recursos minerais e
temas conexos, como geologia, minérios e ativi- dades nucleares, metais e metalurgia. atividade
garimpeira e recursos naturais, com o texto
original dos dispositivos que sofreram alteração ou foram revogados.
São alinhados ainda outros preceitos alusivos a petróleo, gás natural. combustiveis, gás canali- zado, pesquisa e atividades cientificas e tecnoló- gicas, tributação especifica e preservação do meio ambiente. bem como outros artigos impor- tantes, necessários para a compreensão do as- SZIÍIÍO.
Art. 20. São bens da União: V -- os recursos naturais da plataforma conti-
nental; IX - os recursos minerais, inclusive os do
subsolo;`
§ l.° É assegurada, nos termos da lei, aos Es- tados, ao Distrito Federal e aos municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petró- leo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma conti-
nental, mar tenitorial ou zona econômica exclu- siva, ou compensação financeira por essa explora- çao.
Art. 21. Compete à União: XV - organizar e manter os serviços oficiais
de estatistica, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; ,
XXIII - explorar os serviços e instalações nu- cleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento
e reprocessamento, a industrialização e o comércio
ANEXO
de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
a) toda atividade nuclear em território nacio- nal somente sera admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional;
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análogas;
_c) a responsabilidade civil por danos nuclea- res independe da existência de culpa;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em fomia associativa .
Art. 22. Compete privativamente à União le- gislar sobre:
vi - sistema monetário e de medidas, titulos e
garantias dos metais; XII _ jazidas, minas, outros recursos minerais
e metalurgia; .z_
XVUI - sistema estatistico, sistema cartográ- fico e de geologia nacionais; e
XXVI - atividades nucleares de qualquer natu- reza;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios:
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conserva- ção da natureza, defesa do solo e dos recursos na- turais, proteção do meio ambiente e controle da poluição.
A
Art. 25.
§ 2.° Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
253
Economic Mineral do Brasil
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
Redução origiiizil do art. 25, § 2.”, ull‹›raz1'u pela Í'Ínimi‹Iu Con.rti'ri1cío›ia/ n.
° 5, de 15 de agosto da 1995.'
§ 2." Cabe aos Estados explorar diretamente. ou mediante concessão a empresa estatal. com cxcltisivi- dade de distribuição, os serviços locais de gas canali- zado.
Art. 49. É da competência exclusiva do Con- gresso Nacional.
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XVI -- autorizar, em terras indígenas, a explo- ração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
Art. 91.
§ 1.° Compete ao Conselho de Defesa Nacio- nal:
III - propor os critérios e condições de utili- zação de áreas indispensáveis à segurança do terri- tório nacional e opinar sobre seu efetivo uso, es-
pecialmente na faixa de fronteira e nas relaciona- das com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias as- seguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios:
III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja
sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
Art. 153. Compete a União instituir impostos sobre:
1- importação de produtos estrangeiros; It -_ exportação, para o exterior, de produtos
nacionais ou nacionalizados; § 5.° O ouro, quando definido por lei como
ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o território, conforme a origem;
U - setenta por cento para o município de ori- gem.
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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
H - operações relativas à circulação de mer- cadorias e sobre prestações de serviços de trans- porte interestadual e intermunicipal e de comuni- cação, ainda queas operações e as prestações se iniciem no exterior;
§ 2.° O imposto previsto no inciso H atenderá ao seguinte:
X - não incidirá; b) sobre operações que destinem a outros
Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combus- tiveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;
c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5.°;
-
§ 3.° À exceção dos impostos de que tratam o inciso 11 do caput deste artigo e o art. 153, I e 11,
nenhum outro tributo podera incidir sobre opera- ções relativas a energia elétrica, serviços de tele- comunicações, derivados de petróleo, combusti- veis e minerais do Pais.
Redação 0›'i'gi'¡1a1 do art. 155. § 3.°, almwdn pela Emen- da Coiisrililcíoiial ri. ° 3. de 1 7 de março de /993:
§ 3.° À exceção dos impostos de que tratam o inci- so t, b. do caput deste artigo e os arts. 153, i e ii, e 156, iii, nenliiim outro tributo poderá incidir sobre operações relativas a energia eletrica. combustiveis lí- quidos e gasosos. lubrificantes e minerais do País.
Art. 156. Compete aos municípios instituir
impostos sobre:
Redação do i`›ici`so Hi, revogado pela E›iir››i‹1'u ('o›i.‹r1'riici-
anal ›i.° 3, de 1 7 de março de 1993.'
Iii - vendas a varejo de combiistíveis líquidos e gasosos. exceto óleo diesel;
Art. 171. (Revogado).
Redação do inciso 11 e do § 1.°, il, a e b, rcvogar1'o.\' pela Emenda C`on.s'lí!iiciona1 n.°6. de 15 du agosto dv 1995:
Art. 171. São consideradas: ii - empresa brasileira de capital iiacioiial aqiiela
cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas fisicas
domiciliadas e residentes no Pais ou de entidades de direito publico iiitemo. entendendo-se por controle efetivo da empresa a titiilaridade da maioria de seu capital votante e o exercício. de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas atividades.
§ l.° A lei podera, ein relação d empresa brasileira de capital nacional:
tt - estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao desenvolvimento tecnológico nacio- nal, entre outras condições e requisitos:
a) a exigência de que o controle referido no inciso [1 do caput se estenda as atividades tecnológicas da empresa, assim entendido o exercício, de fato e de di- reito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia;
b) percentuais de participação, no capital, de pes- soas fisicas domiciliadas e residentes no Pais ou enti- dades de direito pttblico intemo.
Art. 174. § 3.° O Estado favorecerá a organização da idade garimpeira em cooperativas, levando em ta a proteção do meio ambiente e a promoção aômico-social dos garimpeiros. § 4.° As cooperativas a que se refere o pará- í`o anterior terão prioridade na autorização ou cessão para pesquisa e lavra dos recursos e
das de minerais garimpáveis, nas áreas onde jam atuando, e naquelas fixadas de acordo i o art. 21, XXV, na forma da lei. Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e de- s recursos minerais e os potenciais de energia 'áulica constituem propriedade distinta da do ›, para efeito de exploração ou aproveitamento, :rtencem à União, garantida ao concessionário opriedade do produto da lavra § l.° A pesquisa e a lavra de recursos mine- e o aproveitamento dos potenciais a que se re o caput deste artigo somente poderão ser uados mediante autorização ou concessão da ão, no interesse nacional, por brasileiros ou ›resa constituida sob as leis brasileiras e que .a sua sede e administração no Pais, na forma ei, que estabelecerá as condições especificas ido essas atividades se desenvolverem em a de fronteira ou terras indígenas. Redação original do art. 176, § 1.”, alterada pela Emen-
§ l.° A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o
aproveitamento dos potenciais a que se refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse naci- onal, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condi- ções especificas quando essas atividades se desenvol- verem em faixas de fronteira ou terras indígenas.
§ 2.° É assegurada participação ao proprietá- lo solo nos resultados da lavra, na fomia e no r que dispuser a lei.
.^1a C onsrimcional n. ° 6, de 15 de agosto de 1995:
An. I. Dispositivos Constitucionais
§ 3.° A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e con- cessões previstas neste artigo não poderão ser ce- didas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do Poder concedente.
Art. 177. Constituem monopólio da União: I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petró-
leo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; II - a refinação do petróleo nacional ou es-
trangeiro; HI -- a importação e exportação dos produtos
e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;
FV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de pe- tróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus deti- vados e gás natural de qualquer origem; ' V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.
§ l.° A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo, observadas as condições que a lei estabelecer.
Redação oi-r`gi`nal do arr. 177, § 1.”, alterada pela Emen- da C onsrimcíonal ›i. °9, de 9 de novembro de 1995:
§ l.° O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto no art. 20, § l.°.
§ 2.° A lei disporá sobre o transporte e a utili- zação de materiais radíoativos no território nacio- nal.
§ 3.° A lei a que se refere o § l.° disporá so-
bre: I - a garantia do fomecimento dos derivados
de petróleo em todo o território nacional; 11 -- as condições de contratação; III - a estrutura e atribuições do órgão regula-
dor do monopólio da União. Art. 186. A função social é cumprida quando
a propriedade rural atende, simultaneamente, se-
gundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
II - utilização adequada dos recursos naturais disponiveis e preservação do meio ambiente.
255
Economia Mineral do Brasil
Art. 195.
§ 8.° O produtor, o parceiro, o meeiro e o ar- rendatário rurais, o garimpeiro e o pescador arte-
sanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribui- rão para a seguridade social mediante aplicação de urna alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos beneficios nos termos da lei. ~
Art. 202. É assegurada aposentadoria, nos termos da lei, calculando-se o beneficio sobre a
média dos trinta e seis últimos salarios de contribuição, corrigidos monetariamente mês a
mês, e comprovada a regularidade dos reajustes dos salários de contribuição de modo a preservar seus valores reais e obedecidas as seguintes condi-
çoes: I - aos sessenta e cinco anos de idade, para o
homem, e aos sessenta para a mulher, reduzido em cirico anos o limite de idade para os trabalha- dores rurais de ambos os sexos e para os que exerçarn suas atividades em regime de economia familiar, neste incluídos o produtor rural, o garim-
peiro e o pescador artesanal;
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento cientiñco, a pesquisa e a capaci- tação tecnológicas.
§ l.° A pesquisa cientifica básica receberá
tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.
§ 2.° A pesquisa tecnológica voltar-se-á pre- ponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e. para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
§ 4.° A lei apoiará e estimulará. as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao Pais, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.
§ 5.° É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentá- ria a entidades públicas de fomento ao ensino e à
pesquisa cientifica e tecnológica.
256
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Art. 219, O mercado intemo integra o pa- trimônio nacional e será incentivado de modo a vi- abilizar 0 desenvolvimento cultural e sócio-eco- nômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do Pais, nos termos de lei federal.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, im- pondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras gerações.
§ l.° Para assegurar a efetividade desse direi- to, incumbe ao poder público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publi- cidade;
V -- controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
§ 2.° Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degra- dado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
. § 4.° A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Gros- sense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sus utilização far-se-a, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 6.° As usinas que operem com reator nucle- ar deverão ter sua localização definida em lei fede- ral, sem o que não poderão ser instaladas.
Art. 231. § 2.° As terras tradicionalmente ocupadas pe-
los índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufiiito exclusivo das riquezas dos solos, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3.° O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Con- gresso Nacional, ouvidas as comunidades afeta-
das, ficando-lhes assegurada participação nos re- sultados da lavra, na fomia da lei.
§ 6.° São nulos e extintos, não produzindo os jurídicos, os atos que tenham por objeto a
ração, o dominio e a posse das terras a que se re este artigo, ou a exploração das riquezas rais do solo, dos rios e dos lagos nelas existen- ressalvado relevante interesse público da
ão, segundo o que dispuser lei complementar, gerando a nulidade e a extinção direito a in-
zação ou a ações contra a União, salvo, na ia da lei, quanto as benfeitorias derivadas da :ação de boa-fé. § 7.° Não se aplica às terras indígenas o dis- io no art. 174, §§ 3.° e 4.°.
Art. 238. A lei ordenará a venda e revenda de ibustiveis de petroleo, álcool carburante e ou- combustiveis derivados de matérias-primas
›váveis, respeitados os princípios desta Consti-
ão.
ATO DAS DISPOSIÇOES_ CONSTITUCIONAIS TRANSITORIAS
Art. 34. O sistema tributário nacional entrara vigor a partir do primeiro dia do quinto mês .iinte ao da promulgação da Constituição, man- , até então, o da Constituição de 1967, com a
tção dada pela emenda n.° 1, de 1969, e pelas tenores.
§ 1.° Entrarão em vigor com a promulgação Íonstituição os arts. 148, 149, 150, 154,1, 156,
e 159, 1, c, revogadas as disposições em trário da Constituição de 1967 e das emendas a modificaram, especialmente de seu art. 25,
§ 6.° Até 31 de dezembro de 1989, o disposto art. 150, IU, b, não se aplica aos impostos de tratam os arts. 155,1, a e b, e 156, II e III, que .em ser cobrados trinta dias após a publicação ei que os tenha instituído ou aumentado. § 7.° Até que sejam fixadas em lei comple- itar, as alíquotas máximas do imposto municí- sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos isosos não excederão a três por cento. § 9.° Até que lei complementar disponha so- a matéria, as empresas distribuidoras de ener- elétrica, na condição de contribuintes ou de stitutos tributários, serão as responsáveis, por sião da saida do produto de seus estabeleci-
An. I. Dispositivos Constitucionais
mentos, ainda que destinado a outra unidade da Federação, pelo pagamento do imposto sobre ope- rações relativas a circulação de mercadorias inci- dente sobre energia elétrica, desde a produção ou importação até a última operação, calculado o im- posto sobre o preço então praticado na operação final e assegurado seu recolhimento ao Estado ou ao Distrito Federal, conforme o local onde deva ocorrer essa operação.
Art. 43. Na data da promulgação da lei que disciplinar a pesquisa e a lavra de recursos e jazi- das minerais, ou no prazo de um ano, a contar da promulgação da Constituição, tomar-se-ão sem efeito as autorizações, concessões e demais titulos atributivos de direitos minerários, caso os traba- lhos de pesquisa ou de lavra não hajam sido com- provadamente iniciados nos prazos legais ou este- jam inativos.
Art. 44. As atuais empresas brasileiras titula- res de autorização de pesquisa, concessão de lavra de recursos minerais e de aproveitamento dos po- tenciais de energia hidráulica em vigor terão qua- tro anos, a partir da promulgação da Constituição, para cumprir os requisitos do art. 176, § 1.°.
§ 1.° Ressalvadas as disposições de interesse nacional previstas no texto constitucional, as em- presas brasileiras ficarão dispensadas do cumpri- mento do disposto no art. 176, § 1.°, desde que, no prazo de até quatro anos da data da promulgação da Constituição, tenham o produto de sua lavra e beneficiamento destinado a industrialização no território nacional, em seus próprios estabeleci-
mentos ou em empresa industrial controladora ou controlada
§ 3.°^ As empresas brasileiras referidas no
§ 1.° somente poderão ter autorizações de pesqui- sa e concessões de lavra ou potenciais de energia hidráulica desde que a energia e o produto da lavra sejam utilizados nos respectivos processos indus- triais.
Art. 45. Ficam excluídas do monopólio esta- belecido pelo art. 177, 11, da Constituição as refi- narias em funcionamento no País amparadas pelo art. 43 e nas condições do art. 45 da Lei n.° 2.004, de 3 de outubro de 1953.
Parágrafo único. Ficam ressalvados da veda- ção do art. 177, § 1.°, os contratos de risco feitos com a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás), para
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Economic Mineral do Brasil
pesquisa de petróleo, que estejam em vigor na data da promulgação da Constituição. .
EMENDA CONSTITUCIONAL N.° 3, de 17 de março de 1993 r
Art. 2.° A União poderá instituir, nos termos de lei complementar, com vigência até 31 de de- zembro de 1994, imposto sobre movimentação ou transmissão de valores e de créditos e direitos de natureza financeira. A V
§ 2.° Ao imposto de que trata este artigo não se aplica o art. 150, 111, b, e VI, nem o disposto no art. 5.° do art. 153 da Constituição.
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Art. 4.° A eliminação do imposto sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e ga-
sosos, de competência dos municípios, decorrente desta Emenda Constitucional, somente produzirá efeitos a partir de l_° de janeiro de 1996, redu- zindo-se a correspondente alíquota pelo menos, a um e meio por _cento no exercício financeiro de 1995.
EMENDA CONSTITUCIONAL N.° 6, de I5 de agosto de 1995
Ãrt. 3.° Fica revogado o art. 171 da Cons- tituição Federal.
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