COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO – GOIÂNIA
GRUPO DE TRABALHO SOBRE REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA
RELATÓRIO DA PESQUISA REALIZADA
EM OBRAS
Profa. Dra. Helena Carasek Eng. Marcelo Inocêncio F. Correa
Eng. César Júlio da Silva Acad. Eng. Luciano Sarno Soares
NUTEA – UFG
Goiânia 2006
Relatório da Pesquisa Realizada em Obras
Grupo de Trabalho em Revestimentos de Argamassa
1
Comunidade da Construção Goiânia
RELATÓRIO DA PESQUISA REALIZADA EM OBRAS - GRUPO DE TRABALHO SOBRE REVESTIMENTOS DE
ARGAMASSA
APRESENTAÇÃO
Este relatório apresenta os principais resultados obtidos na pesquisa realizada em
obras sobre o tema argamassas, alvenarias e revestimentos de argamassa, realizado no âmbito
do Grupo de Trabalho sobre Revestimentos de Argamassa da Comunidade da Construção de
Goiânia. Foi realizada uma pesquisa de campo em onze construções pertencentes a sete
empresas construtoras regionais, localizadas nas cidades de Goiânia, Anápolis e Brasília. A
descrição das obras visitadas, bem como suas principais características, encontra-se no Anexo
A.
As obras visitadas consistiram em construções verticais de padrões variados, a
maioria de edifícios residenciais, com estruturas de concreto armado ou alvenaria estrutural, e
vedações verticais externas em alvenaria de blocos de concreto ou cerâmico.
O levantamento de dados foi realizado através de planilhas, elaboradas para essa
finalidade baseadas em bibliografia e nas normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). Um modelo das planilhas de levantamento é apresentado em um arquivo
separado.
Através da pesquisa de campo, buscou-se conhecer a tecnologia construtiva
empregada na produção dos revestimentos de argamassa interno e externo, desde a etapa de
recebimento e armazenamento de materiais até a de execução, além de avaliar o desempenho
desses revestimentos pela observação de manifestações patológicas de curto prazo.
O levantamento foi realizado através de entrevista (com engenheiro, mestre-de-
obras e funcionários responsáveis diretamente pela execução), coleta de dados específicos de
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Comunidade da Construção Goiânia projetos e de avaliação de procedimentos padronizados pelas empresas, além de um
acompanhamento da execução de serviços in loco. Ao final do levantamento em cada obra,
realizou-se uma reunião com o engenheiro responsável para eliminar eventuais dúvidas e
observações incorretas.
A partir dessas informações, foi feita a sistematização e a análise dos dados
coletados, comparando-os com as determinações das normas brasileiras e as recomendações
da bibliografia.
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS OBRAS VISITADAS
As principais características das construções visitadas são apresentadas na
Tabela 1. Cada uma das obras recebeu uma identificação composta por um número, que
indica a construtora, e uma letra, que indica a obra. Assim, por exemplo, as obras 1A e 1B são
obras distintas pertencentes a uma mesma construtora.
Tabela 1 – Características gerais das obras visitadas.
Obra No pvtos. Padrão Área apto. tipo (m²) Aptos/Andar
1 A 20 Médio Alto 79 04
1 B 25 Alto 164 02
2 A 18 Médio Baixo 57 06
2 B 25 Médio Baixo 69 04
3 A 15 Médio Alto 109 04
3 B 15 Médio Alto 109 04
4 A 20 Médio 79 04
4 B 13 Médio 92 04
5 A 27 Alto 260 01
6 A 07 Alto -- (*) -- (*)
7 A 08 Médio Baixo 65 04 (*) A obra 6A é uma obra comercial, não sendo aplicáveis essas informações.
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Observa-se que a maioria das obras são construções verticais altas e com
diversificados padrões de acabamento1, desde edifícios de alto padrão, com um apartamento
por andar e área de 260 m², até edifícios mais simples, com seis apartamentos por andar e área
de 57 m². Isso fez com que a pesquisa tivesse uma abrangência bastante interessante.
Outro aspecto observado foi o tipo de estrutura das obras. Constatou-se que os
edifícios possuíam as seguintes concepções estruturais (Figura 1):
• Concreto armado moldado in loco, com pilares, vigas e laje maciça de concreto
(sete obras);
• Concreto armado moldado in loco, com pilares, vigas e laje nervurada de
concreto (três obras);
• Alvenaria Estrutural (uma obra).
1
73
L. MaciçaL. NervuradaAlv. Estrutural
Figura 1 – Concepção estrutural das construções visitadas (em número de obras).
1 Os padrões de acabamento das obras foram declarados pela própria construtora e somente têm intenção de fornecer informações sobre características gerais dos edifícios. Não foi realizado nenhum aprofundamento nesse sentido por não constituir objeto do presente estudo.
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2. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DE SERVIÇOS
Um dos fatores ligados às manifestações patológicas no revestimento é o
desrespeito de intervalos mínimos de execução entre serviços. Por essa razão, a NBR 7200
(ABNT, 1998) estabelece que as bases devem ter as seguintes idades mínimas2:
• Estruturas de concreto e alvenarias estruturais: 28 dias;
• Alvenarias de vedação: 14 dias;
• Chapisco: três dias; para climas quentes e secos, com temperatura acima de 30ºC,
este prazo pode ser reduzido para dois dias;
• Revestimento de camada única: 21 dias, para execução de acabamento decorativo.
Além dos prazos citados anteriormente, a mesma norma define que quando
argamassa for aplicada em mais de uma demão, deve-se respeitar prazo de 24 horas entre
aplicações. É o caso de revestimentos com espessuras elevadas, que necessitam de uma
“cheia”, ou seja, são aplicados em várias demãos.
Os dados obtidos nas obras são apresentados nas Figuras 2 a 5.
184
292
133
214210
117
17
0
50
100
150
200
250
300
350
1 A 1 B 2 A 2 B 3 B 4 A 4 B
Dia
s
28 dias
Figura 2 – Intervalos de execução entre os serviços de Estrutura e Revestimento de Argamassa (em dias). A linha em vermelho representa o mínimo de 28 dias, previsto pela NBR 7200.
2 Esses prazos são para argamassas preparadas em obra, objetos de estudo deste trabalho. No caso de argamassas industrializadas, a NBR 7200 (ABNT, 1998) permite que eles sejam alterados, se houver instrução específica do fornecedor e com comprovação através de ensaios de laboratório credenciado pelo INMETRO.
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124
93
120
94
160
82
0
50
100
150
200
1 A 1 B 2 B 2 A 3 B 4 B
Dia
s
14 dias
Figura 3 – Intervalos de execução entre os serviços de Alvenaria e Revestimento de Argamassa (em dias). A linha em vermelho representa o mínimo de 14 dias, previsto pela NBR 7200.
1208782
180
0
50
100
150
200
1 A 1 B 2 A 3 B
Dias
3 dias
Figura 4 – Intervalos de execução entre os serviços de Chapisco (Interno) e Revestimento de Argamassa (em dias). A linha em vermelho representa o mínimo de 03 dias previsto pela NBR 7200. As obras 1A, 1B e 2A são
referentes a chapisco rolado na estrutura; a obra 3B utiliza chapisco convencional lançado fechado sobre estrutura e alvenaria.
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62 60
216
80
0
50
100
150
200
250
1 A 1 B 2 A 2 B
Dia
s
21 dias
Figura 5 – Intervalos de execução entre os serviços de Revestimento de Argamassa e Acabamento Decorativo
(em dias). A linha em vermelho representa o mínimo de 21 dias previsto pela NBR 7200.
Observa-se que quase todos os intervalos apresentados são superiores aos
previstos pela norma, com exceção da obra 4A, cujo intervalo entre o fim da execução da
estrutura e o início do revestimento interno de argamassa é de 17 dias. Cabe ressaltar que
foram considerados os menores intervalos ao longo de todo edifício. Nessa obra, por exemplo,
a situação crítica ocorreu no último pavimento.
De fato, é importante que os serviços consecutivos sejam executados obedecendo-
se esses intervalos de tempo. Os substratos necessitam de um período até que se atinja uma
certa estabilidade de deformações para que essas não sejam transferidas ao revestimento de
argamassa. Essas deformações são oriundas do peso próprio dos componentes, de
carregamentos progressivos do edifício e de propriedades de retração dos materiais à base de
cimento.
Apesar de os intervalos serem superiores aos especificados pela
NBR 7200 (ABNT, 1998), todas as obras apresentaram fissuras no revestimento na região
entre a estrutura e a alvenaria. Esse fato demonstra que somente esse tipo de controle não é
suficiente para se prevenir o aparecimento de fissuras. Mais adiante serão feitas considerações
sobre possíveis causas dessas fissuras.
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Comunidade da Construção Goiânia 3. ESPECIFICAÇÃO, RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE
MATERIAIS
Sendo o objeto desse estudo as argamassas de revestimento produzidas em obra,
foram obtidos dados dos materiais cimento, cal e areia relativos à especificação no momento
da compra, aos métodos e critérios utilizados no recebimento e ao armazenamento desses
materiais no canteiro de obras.
3.1. Materiais ensacados
Observou-se em todas as obras que a escolha do tipo de cimento e cal tinha como
principal critério o preço no momento da compra, nem sempre sendo levados em conta
critérios técnicos. Além disso, essa compra era realizada pelo comprador da empresa, que
geralmente não é um técnico ou engenheiro.
Em relação ao tipo de cimento utilizado, todas as obras utilizavam o CP II, sendo
nove delas o CP II – F 32 e duas o CP II – Z 32. Quanto à cal, cinco obras utilizavam a CH-I e
seis obras a CH-III.
Quanto ao recebimento dos ensacados, a única verificação feita pelas construtoras
é a inspeção visual dos sacos, em que são observados sacos rasgados, material empedrado,
úmido etc. Nenhum outro ensaio, como massa dos sacos, resistência à compressão ou teor de
impurezas é realizado. Esses ensaios validam a qualidade do material e, sempre que possível,
devem ser realizados periodicamente.
Os materiais ensacados, como o cimento e a cal hidratada, devem ser
armazenados em locais bem secos e bem protegidos para preservação da qualidade. As pilhas
devem ser colocadas sobre estrados secos e não devem conter mais de 10 sacos, no caso de
cimento (NBR 11578), e 20 sacos, no caso de cal (NBR 7175). Os locais também devem
permitir fácil acesso à inspeção e à identificação de cada lote.
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Além disso, a utilização desses materiais deve ser feita segundo a ordem de
compra, de maneira que sacos mais velhos sejam utilizados primeiramente, não ultrapassando
os prazos de validade.
Outra recomendação é que o espaço de armazenamento seja próximo à central de
produção (não superior a 20 m) e que o mesmo seja planejado com antecedência, de forma a
evitar a pré-estocagem em locais inadequados, interferência com outros serviços da obra ou a
necessidade de transporte horizontal interno.
Considerando essas informações, foram observados no levantamento em campo
quatro critérios nas obras:
• Altura da pilha;
• Existência de estrado de madeira ou proteção satisfatória contra umidade;
• Utilização de sacos mais velhos antes dos novos;
• Existência de local adequado contra goteiras e vazamentos.
Os resultados obtidos estão apresentados nas Figuras 6 e 7. Observa-se que boa
parte dos requisitos são atendidos, apesar de nenhum deles ser obedecido em 100% das obras.
55%
91% 91%73%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
A B C D
A – Pilhas com no máximo 10 sacos.
B – Estrado de madeira ou proteção satisfatória.
C – Uso de sacos mais velhos antes dos novos.
D – Local adequado contra goteiras e vazamentos
Figura 6 – Porcentagem de obras que atendem aos requisitos de armazenamento de cimento considerados satisfatórios
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82%91%91%91%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
A B C D
A – Pilhas com no máximo 20 sacos.
B – Estrado de madeira ou proteção satisfatória.
C – Uso de sacos mais velhos antes dos novos.
D – Local adequado contra goteiras e vazamentos
Figura 7 – Porcentagem de obras que atendem aos requisitos de armazenamento de cal hidratada considerados satisfatórios
No caso do cimento, apesar de apenas 55% das obras possuírem pilha máxima de
10 sacos, prevista pela NBR 11578, observou-se que todas elas possuem pilhas inferiores a 12
sacos. Segundo recomendações de alguns autores, pilhas de até 15 sacos podem ser adotadas
sem maiores problemas por períodos curtos de tempo.
Nas Figuras 8 a 10 são apresentadas algumas deficiências observadas no
armazenamento de materiais ensacados, que devem ser corrigidas pelas construtoras a fim de
se evitar perdas de material e comprometimento de suas características no momento da
execução do revestimento de argamassa.
Figura 8 – Armazenamento de ensacados sobre tábuas e lonas (não oferece uma proteção adequada contra a umidade do solo).
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Figura 9 – Armazenamento em local onde não se permite o uso de sacos mais velhos antes dos novos.
Figura 10 – Exemplos de armazenamento em local com buraco no telhado, sujeito à água de chuva.
3.2. Areia
No recebimento da areia em obra, dois itens importantes devem ser verificados: a
qualidade e a quantidade de material (cubicagem).
A qualidade da areia, ou aspecto, deve ser verificada visualmente quanto à
granulometria, a cor, o cheiro, a existência de impurezas, a presença de matéria orgânica,
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Comunidade da Construção Goiânia torrões de argila ou qualquer outro tipo de contaminação. É importante lembrar que cor escura
e cheiro forte caracterizam a presença de matéria orgânica em excesso.
Areia muito fina e de distribuição granulométrica descontínua, e areia contendo
excesso de material argiloso não deve ser utilizada.
Em obra, o teor de impurezas pode ser determinado qualitativamente de forma
simples: coloca-se em um frasco de vidro transparente uma porção de areia e água, agita-se a
mistura vigorosamente no sentido horizontal, deixando-a repousar em seguida por um período
de 20 minutos. Se a água que sobrenadar ao depósito for clara, provavelmente a areia ensaiada
tem baixos teores de impurezas orgânicas ou de natureza argilosa. Caso a água fique muito
turva, é provável que a areia seja de má qualidade, devendo-se repetir o ensaio com outra
amostra. Persistindo a dúvida, é possível verificar ou contestar a qualidade da areia
solicitando o ensaio de determinação do teor de argila (NBR 7218) e o de impurezas
orgânicas (NBR 7220) para um laboratório especializado.
Na pesquisa de campo das obras, constatou-se que as únicas verificações
realizadas são o aspecto visual e a cubicagem do material. Somente uma das obras declarou
fazer periodicamente o ensaio de teor de impurezas em laboratório. Sendo a areia um material
não industrial, é importante que suas características sejam controladas a fim de se evitar
problemas no revestimento.
Quanto à cubicagem da areia, verificou-se no levantamento nas obras que o
número de medidas tomadas da altura da carga do caminhão varia para cada construtora,
oscilando de três a nove medidas (Figura 11). Para verificar o efeito dessa variação no
volume, foi realizado um pequeno estudo simulando-se o volume obtido com diferentes
números de medições para 9 romaneios. O resultado desses volumes e as diferenças entre eles
estão apresentados nas Tabelas 2 a 4. Tomou-se como referência o volume obtido com o
maior número de pontos (nove).
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9 5 7
3 (b) 3 (c)3 (a)
Figura 11 – Formas de medida da altura de areia nos caminhões praticadas pelas empresas.
Tabela 2 - Volume (em m³) de areia em função da quantidade e forma de medida da altura de areia no caminhão.
Número de pontos medidos
Romaneio 09 07 05 03 (a) 03 (b) 03 (c)
R1 13,3 12,7 12,9 13,4 13,6 15,6
R2 13,6 12,9 13,3 13,6 13,8 16,0
R3 13,5 13,1 13,4 14,0 13,5 14,9
R4 14,2 13,9 14,1 14,8 14,4 15,8
R5 13,3 12,7 12,9 13,6 13,4 15,6
R6 13,4 12,9 13,1 13,5 13,8 15,8
R7 14,2 13,9 14,0 14,2 14,5 15,6
R8 12,0 11,8 11,8 11,9 11,8 12,2
R9 11,5 11,3 11,4 11,4 11,5 12,2
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Tabela 3 – Diferença (%) do volume de areia em relação à medida de 9 pontos.
Nº. pontos 09 07 05 03 (a) 03 (b) 03 (c)
0,0 -4,1 -2,5 1,0 2,8 17,6
0,0 -5,1 -2,7 -0,3 1,5 17,6
0,0 -2,4 -0,6 4,0 0,1 10,5
0,0 -2,1 -0,5 4,5 1,1 11,3
0,0 -4,2 -2,9 2,3 0,8 17,7
0,0 -4,2 -2,7 0,6 2,7 17,6
0,0 -2,2 -1,7 -0,3 1,7 9,6
0,0 -1,1 -1,2 -0,8 -1,4 2,2
Dife
renç
a (%
)
0,0 -1,7 -1,7 -1,3 -0,2 5,3
Tabela 4 – Média, Valor Máximo e Valor Mínimo (%) das diferenças do volume de areia em relação às medidas de nove pontos.
Nº. pontos 09 07 05 03 (a) 03 (b) 03 (c)
Média (%) 0,0 -3,0 -1,8 +1,1 +1,0 +12,1
Máximo (%) 0,0 -1,1 -0,5 +4,5 +2,8 +17,7
Mínimo (%) 0,0 -5,1 -2,9 -1,3 -1,4 +2,2
Observa-se que, para a medida da altura da areia tomada em três pontos ao longo
do eixo longitudinal do caminhão [3(c)], a variação do volume pode ser de até 17,7% superior
à tomada com nove pontos. De fato, no eixo da carroceria estão as maiores altura, como pode
ser visto na Figura 12. Como o volume de areia pago é aquele medido na obra, as construtoras
que adotarem essa forma de medida poderão ter um prejuízo muito grande.
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Figura 12 – Cubicagem sendo realizada no caminhão de areia.
Todas as demais formas de medida implicam em variações pequenas de volume
(no máximo 5%) e podem ser adotadas sem maiores prejuízos.
Com relação ao armazenamento em obra, segundo a NBR 7200 (ABNT, 1998), os
agregados devem ser identificados pela natureza e classificação granulométrica, tais como
areia grossa e areia fina. Essa identificação deve ser visível e as granulometrias devem estar
devidamente separadas.
Ainda segundo essa norma, os agregados devem ser armazenados em um espaço
confinado de três lados, comumente chamado de baia, com fundo inclinado e drenado, de
sorte a evitar saturação e contaminação (Figura 13). Se não houver drenagem, deve-se evitar o
emprego de material em contato com o solo até uma altura de 15 cm.
Os locais de estocagem também devem estar limpos e devidamente protegidos da
contaminação de resíduos da obra, tais como serragem, pontas de ferro, arames, pregos etc.
(ABNT, 1998).
Recomenda-se ainda que o espaço de armazenamento seja próximo à central de
produção e que ele seja planejado com antecedência, a fim de evitar a estocagem em calçadas
públicas ou em áreas que interfiram com outros trabalhos ou serviços.
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Areia Fina
Fundo Drenado
Figura 13 – Armazenamento correto de areia no canteiro de obras, por meio de baias.
Assim, da mesma forma que os materiais ensacados, foram avaliados nas obras
quatro critérios de armazenamento da areia, quais sejam:
• A estocagem da areia em baias;
• A separação de granulometrias, com identificação visível;
• Local de estocagem limpo, livre de pontas de ferro, entulho, matéria orgânica
etc.;
• Local de estocagem próximo à central de argamassa.
A porcentagem de obras que atendem a esses critérios é apresentada na Figura 14.
Observa-se que o único critério atendido em 100% das obras é a estocagem próxima à central
de argamassa, pois implica em maior produtividade e retorno direto para a empresa.
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82%73% 73%
100%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
A B C D
A – A areia é estocada em baias
B – Granulometrias separadas, com identif. visível
C – Local de estocagem limpo
D – Local próximo à central de argamassa
Figura 14 – Porcentagem de obras que atendem aos requisitos de armazenamento de areia considerados satisfatórios.
A seguir são apresentados dois exemplos de estocagem de areia encontradas nas
obras visitadas. A forma da Figura 15 (a) está de acordo com a norma brasileira. Já a
estocagem segundo a Figura 15 (b) é totalmente desaconselhável, podendo acarretar
desperdício de material, contaminação da areia e prejuízo na qualidade do revestimento de
argamassa.
Figura 15 – Armazenamento de areia de maneira correta, em baias identificadas e protegidas (a) e de forma não adequada, exposta ao ar livre e sem identificação (b).
(b) (a)
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4. PRODUÇÃO DE ARGAMASSA
A fase de produção é muito importante no processo de execução de revestimentos
de argamassa, fato evidenciado por manifestações patológicas nos revestimentos cuja origem
encontra-se nessa etapa. A seguir, são feitas as principais considerações a respeito da
composição de traço da argamassa produzida em obra, da medição dos materiais que a
compõe e do preparo da mistura.
4.1. Composição da argamassa
A composição, também chamada de traço, é definida como a indicação das
proporções dos componentes da argamassa. Essa proporção pode ser em massa ou volume.
Nas obras, é comum encontrar os traços convertidos em proporções estabelecidas entre sacos
inteiros de aglomerantes e padiolas de agregados.
A norma brasileira de execução de revestimentos de argamassa atual (NBR 7200)
não especifica traços para as argamassas de revestimento. Ela apenas estabelece que este deve
ser definido pelo projetista ou construtor.
A dosagem da argamassa tem grande influência sobre suas propriedades, tanto no
estado fresco quanto no estado endurecido, bem como no desempenho dos revestimentos,
sendo que sua definição deve considerar os seguintes aspectos:
• Requisitos e critérios estabelecidos;
• Condições de exposição do revestimento;
• Exigências quanto ao custo;
• Condições de produção e controle da argamassa;
• Natureza e característica da base de aplicação.
Nem sempre esses aspectos são levados em consideração na escolha do traço da
argamassa, muitas vezes sendo adotados aqueles tradicionais, determinados a partir da
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Comunidade da Construção Goiânia experiência prática em obra. Assim, pode-se estar empregando uma quantidade de materiais
inadequada, superior à necessária (gerando custos adicionais) ou inferior (podendo prejudicar
as propriedades da argamassa e o desempenho do revestimento).
4.2. Medição dos materiais
Em relação à medição de materiais para a composição das argamassas, a
NBR 7200 estabelece os seguintes critérios:
• A medição pode ser realizada em volume, cabendo responsabilidade ao
construtor a conversão do traço em massa;
• A medição dos materiais em volume deve ser feita utilizando-se recipientes de
volume conhecido e identificados através de cores diferenciadas ou símbolos,
claramente distintos, no intuito de orientar melhor os trabalhadores;
• Sempre que um material for medido, deve-se utilizar régua para retirar o
excesso do recipiente, assegurando-se a constância do volume medido;
• Não são admitidos instrumentos ou recipientes que não assegurem a constância
de volume na medição dos materiais, tais como pás e latas;
• No dimensionamento dos recipientes de medição, devem ser considerados
como referência volumes compatíveis com o consumo de sacos inteiros do
aglomerante;
• A quantidade de água na argamassa deve ser corrigida em função da umidade
dos agregados, visando obter argamassas com mesma trabalhabilidade e
proporcionalidade.
Nas obras pesquisadas, o tipo e tamanho das padiolas de areia encontradas foram
diversificados. Das sete empresas consultadas, três utilizavam padiolas em forma de carrinho
trapezoidal (que possibilita melhores condições de trabalho e de medição do material), duas
utilizavam caixas de madeira com dimensões definidas e uma delas fazia uso de carrinhos-de-
mão comerciais, sem qualquer tipo de padronização. Cabe ressaltar que esse último tipo está
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Comunidade da Construção Goiânia em desacordo com a NBR 7200 e é totalmente desaconselhável, podendo implicar em
variações significativas na composição da argamassa.
Observou-se que em algumas obras as padiolas eram coloridas, facilitando a
identificação pelo trabalhador (Figura 16a). Essa prática é aconselhável quando se tem
diversos tipos de padiolas e pode evitar erros de medição, além de ser recomendado pela
norma.
Figura 16 – (a) Padiola em carrinho adequada, com dimensões definidas e coloridas para facilitar a identificação. (b) Carrinho de mão comercial utilizado para medição de materiais (não recomendável).
(a) (b)
Em relação ao cimento, três obras utilizavam padiolas para a sua medição,
conforme está ilustrado na Figura 17. A NBR 7200 não deixa clara a permissão ou proibição
dessa prática, mas para que se tenha um controle melhor da produção recomenda-se a
utilização de sacos inteiros de cimento.
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Figura 17 – Padiolas utilizadas para medição de cimento.
As formas de medição da água de amassamento nas obras, no entanto, estão muito
aquém daquelas consideradas ideais. Todas elas utilizam medidores precários, como baldes e
latas (Figura 18), produzindo argamassas com diferentes consistências. Isso pode gerar dois
problemas: se a argamassa chegar ao pedreiro com excesso de água, este terá que esperar um
tempo até que ela adquira a consistência adequada, implicando em perdas de produtividade e
de desempenho (pois parte do enrijecimento da argamassa se dará pela hidratação do
cimento); por outro lado, se a água da argamassa for escassa, o trabalhador acrescentará água
o que também prejudicará a produtividade, implicando em remistura da argamassa.
Figura 18 – Baldes e latas utilizadas para a medição de água.
(b) (a)
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21
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De fato, sabe-se que é praticamente impossível fixar a quantidade de água para as
argamassas preparadas em obra, por causa das variações de umidade da areia. No entanto,
aconselha-se que o trabalhador tenha uma “medida base”, realizando pequenos ajustes na
quantidade para obtenção da melhor trabalhabilidade. Acredita-se que essa medida pode
ajudar a resolver os dois problemas citados anteriormente.
A Figura 19 ilustra o controle de água na argamassa. Pode-se utilizar um
recipiente transparente graduado ou mesmo fazer um corte lateral no balde no nível correto
para que facilmente o nível correto de água seja atingido, permitindo a vazão da água em
excesso.
Figura 19 – (a) Detalhe do balde graduado; (b) colocação da água na argamassadeira. (Fonte: Revista Téchne, set. 2005).
(b) (a)
4.3. Mistura da Argamassa
A NBR 7200 estabelece que as argamassas devem ser misturadas por processo
mecanizado até a obtenção de massa perfeitamente homogênea. A mistura por processo
manual deve ser feita somente em casos excepcionais.
Quanto ao tempo de mistura, a mesma norma fixa que o mesmo não deve ser
inferior a três minutos e nem superior a cinco minutos, para as argamassas preparadas em
obra.
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22
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Observou-se que em todas as obras são utilizadas betoneiras de eixo inclinado
com carregador, como está apresentado na Figura 19.
Os tempos de mistura também foram medidos em algumas obras. Observou-se
que estes eram muito variáveis e quase nunca dentro do intervalo de três a cinco minutos
especificado pela NBR 7200.
Figura 19 – Betoneira com eixo inclinado e carregador de materiais, utilizada em todas as obras visitadas.
4.4. Outros aspectos
Os equipamentos de transporte encontrados também foram bastante
diversificados, desde os mais simples, como carrinhos-de-mão e jericas (Figura 20), até
alguns bem planejados, como a masseira plástica (Figura 21a), que permite o transporte de
grandes volumes, e a masseira metálica (Figura 21b), de fácil movimentação no interior dos
apartamentos.
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23
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Figura 20 – Equipamentos para transporte de argamassa: (a) jerica; (b) carrinho-de-mão.
(a) (b)
Figura 21 – Equipamentos para transporte de argamassa: (a) caixa plástica com grandes dimensões; (b) masseira
metálica.
(a) (b)
Para facilitar a transmissão das informações dos traços ao trabalhador, algumas
empresas utilizam quadros de traço. Estes podem ser simples folhas com as proporções dos
materiais (Figura 22) ou quadro ilustrativos de fácil entendimento e dimensões adequadas
para rápida visualização à distância (Figura 23). Por causa do baixo nível de escolaridade dos
funcionários da construção civil brasileira, estes últimos são mais indicados.
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24
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Figura 22 – Exemplo de quadro de traços.
(a) (b)
Figura 23 – Exemplo de quadro de traços com cores e de dimensões adequadas e fácil entendimento.
(a) (b)
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25
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Outro aspecto interessante observado na produção da argamassa é o uso do
peneirador mecânico de areia, que aumenta a produtividade e reduz o esforço físico do
trabalhador. Esse equipamento é utilizado em apenas uma empresa.
Figura 24 – Peneirador mecânico de areia.
5. ESPESSURAS DOS REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA
A norma brasileira de especificação de revestimentos de argamassa (NBR 13749)
estabelece limites para espessura de revestimento, que são apresentados na Tabela 5. Segundo
a referida norma, quando houver necessidade de espessuras superiores, devem ser tomados
cuidados especiais de forma a garantir a aderência do revestimento, seguindo as
recomendações da NBR 7200.
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26
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Tabela 5 – Espessuras admissíveis de revestimentos internos e externos (ABNT, 1996).
Revestimento Espessura (mm)
Parede interna 5 ≤ e ≤ 20
Parede externa 20 ≤ e ≤ 30
Nas obras visitadas foram verificadas as espessuras do revestimento interno. As
medidas foram tomadas por amostragem, comparando-as com os limites citados
anteriormente. Foram tomadas 15 espessuras de revestimento ainda no estado fresco,
imediatamente após a conclusão do serviço pelo pedreiro, em diferentes locais da frente de
produção presente no dia da visita à obra. Cabe ressaltar que o objetivo da coleta foi apenas
realizar um comparativo e que a média das espessuras não necessariamente representa toda a
obra. Na Tabela 6 são apresentados os resultados, estando as medidas em vermelho fora das
especificações da norma.
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27
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Tabela 6 – Medidas de espessura de revestimento interno (mm). Os valores em vermelho estão fora dos limites da NBR 13749.
Obra 1A 1B 2A 2B 3B 4A 4B 5A
18 10 20 18 18 22 25 16
20 30 25 17 13 24 27 15
20 15 16 23 20 25 27 14
13 10 15 26 16 25 24 17
19 20 21 13 15 21 24 14
20 30 15 15 17 22 29 15
13 35 18 13 22 23 25 13
18 20 15 15 18 21 32 13
18 25 8 23 20 20 29 13
13 30 12 22 20 22 30 15
14 25 25 13 20 24 27 16
14 30 32 20 25 22 20 15
15 15 20 20 23 20 19 14
17 28 18 08 26 26 18 16
Esp
essu
ras (
mm
)
20 10 20 12 19 20 22 11
Média (mm) 16,8 22,2 18,7 17,2 19,5 22,5 25,2 14,5
Observa-se que muitas medidas de espessura estão fora dos limites da norma,
sendo o percentual delas apresentado na Figura 25. Em algumas obras esse índice chega a ser
80%. Tais valores podem explicar as diferenças existentes entre os preços orçado e executado
do metro quadrado do revestimento de argamassa, fato comum nas construtoras. Espessuras
de 15 mm especificadas no orçamento são executadas com até 35 mm, diferença de 133%.
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28
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Destacaram-se as obras 1A e 5A, em que nenhuma espessura medida foi superior
a 20 mm nem inferior a 5 mm.
0%
27% 27% 27%
80% 80%
0%
53%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1A 1B 2A 2B 3B 4A 4B 5A
Figura 25 – Porcentagem de espessuras fora dos limites da NBR 13749.
Na Figura 26 são comparadas as médias de espessuras entre as obras. Os limites
da NBR 13749 não estão relacionados às médias, mas a cada espessura individualmente. Essa
forma de ilustração tem como objetivo apenas comparar o desempenho das obras, e não a
espessura em si.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
1A 1B 2A 2B 3B 4A 4B 5A
20 mm – Limite Superior da NBR 13749 (ABNT, 1996).
5 mm – Limite Inferior da NBR 13749 (ABNT, 1996).
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29
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Figura 26 – Média das espessuras de revestimento interno (mm). As barras em vermelho estão fora dos limites da NBR 13749.
6. DETALHES CONSTRUTIVOS
6.1. Tela de reforço embutida no revestimento entre alvenaria e estrutura
Thomaz (2001) aponta o relativo sucesso do emprego das telas metálicas
embutidas no revestimento, nas junções da alvenaria com pilares, lajes ou vigas, cuja função é
evitar a formação de fissuras no revestimento pela movimentação diferencial da estrutura e da
alvenaria. No entanto, o autor alerta que se houver cobrimento muito pequeno de argamassa
ou for utilizada tela não galvanizada, poderá ocorrer a corrosão do reforço metálico.
Nas obras visitadas foram encontradas três tipos de tela de reforço, tela hexagonal
galvanizada do tipo viveiro (Figura 27 a), tela de estuque (Figura 27 b) e tela de fibra de
vidro.
Figura 27 – Tela reforço: (a) tela de viveiro; e (b) tela de estuque.
(a) (b)
Na Figura 28 e na Tabela 7 estão indicados os tipos de tela reforço utilizados
pelas obras. Observa-se que a maior parte das obras utiliza a tela de viveiro. A obra 7A, sendo
uma obra de alvenaria estrutural, não possui esse detalhe construtivo. Nas obras 2A e 2B,
além da tela de viveiro, foi utilizada a tela de fibra de vidro nos locais definidos como críticos
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30
Comunidade da Construção Goiânia pela construtora, a partir de experiências de obras anteriores, ou para reparos de fissuras já
existentes.
73
2
Tela de viveiroTela de estuqueTela de fibra de vidro
Figura 28 – Tipos de telas utilizadas nas obras
Na Tabela 9 estão apresentadas a largura de tela utilizada e a ocorrência de
fissuras na interface estrutura-alvenaria visualizada no revestimento de argamassa. Com
exceção da obra 4A, todas as outras apresentaram fissuras, independentemente do tipo de tela
e de sua largura, que indica que esse detalhe construtivo não tem conseguido impedir a
fissuração nesses locais, como exemplificado na Figura 29.
A ocorrência de fissuras pode ser atribuída à excessiva movimentação da
estrutura, além daquela suportada pela tela de reforço, ou ao método pelo qual a tela é fixada.
As larguras das telas de reforço são bem variáveis (de 15 a 40 cm) sendo que as menores não
garantem adequada ancoragem. Além disso, a fixação da tela em todas as obras é feita com
argamassa, que nem sempre consegue manter a tela totalmente esticada. Cabe destacar que
informações aprofundadas sobre este tema são apresentadas por Sahb (2005).
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31
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Tabela 9 – Tipos de tela, largura de fixação e ocorrência de fissuração nas obras.
Obra Tipo de Tela Largura (cm) Fissuração
4A Viveiro 15 Não
4B Viveiro 15 Sim
2A Viveiro 20 Sim
2B Viveiro 23 Sim
5A Viveiro 25 Sim
1A Viveiro 40 Sim
1B Viveiro 40 Sim
3A Estuque 25 Sim
3B Estuque 25 Sim
6A Estuque 25 --(*)
2A Fibra de vidro 20 --(**)
2B Fibra de vidro 20 --(**)
7A -- -- --(***)
(*) A obra 6A não possuía revestimento em execução no período de visitas do trabalho. (**) Nas obras 2A e 2B, pelo curto prazo de aplicação da tela, não foi possível observar a presença
de fissuração. (***) Na obra 7A não foi possível qualquer verificação.
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32
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Figura 29 – Fissuras entre interface estrutura-alvenaria em viga (a) e pilar (b)
(a) (b)
3.7.1. Vergas e contravergas.
Com o objetivo de absorver as tensões atuantes nos contornos das aberturas,
advindas de deformações impostas, devem ser previstas vergas e contravergas contínuas, com
trespasse mínimo de 40 cm para cada lado do vão. Essas peças devem ser convenientemente
armadas, recomendando-se uma armadura mínima de 2 φ 6,0 mm ao longo da peça, podendo
a mesma ser executada com concreto convencional (THOMAZ, 2001)
Em todas as obras as vergas utilizadas foram de concreto armado (Figura 30),
sendo bastante variável o comprimento delas, a quantidade e a bitola do aço empregado. As
contravergas não se apresentavam uniformes nas diversas obras, sendo suas características
descritas na Tabela 10.
Com exceção da obra 7A (em alvenaria estrutural), todas as obras apresentaram
fissuras na região das janelas, independentemente do tipo, forma e tamanho de vergas e
contravergas (Figura 31). Tal como a tela de reforço, esse detalhe construtivo não tem sido
completamente eficiente.
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33
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var. var.
Figura 30 – Exemplo de verga utilizada em todas as obras.
(b) (a)
Figura 31 – Fissuras que deveriam ser evitadas pelo uso de contra-verga, do lado interno (a) e externo (b) do
edifício.
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Tabela 10 – Tipos de contraverga utilizados nas obras.
Obra Esquema Foto Fissuras
1A Sim
1B
Peças de Concreto Armado Separadas
Sim
2A
Peças de Concreto Armado Separadas
Sim
2B
Duas fiadas de tijolos maciços com barras
de aço entre elas
Sim
3A Sim
3B Peças de Concreto Armado em “L”
Sim
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Tabela 10 – Tipos de contra-verga utilizados nas obras (continuação).
Obra Esquema Foto Fissuras
4A Sim
4B Sim
6A
Peças de Concreto Armado Contínua
--1
5A
Peças de Concreto Armado em “L”
--2
7A Canaleta com concreto ao longo de todo
perímetro do prédio
Não
1 A obra 6A não possuía revestimento em execução no período de visitas do trabalho. 2 Na obra 5A, não foram verificadas fissuras porque o reboco fora executado recentemente.
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36
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3.7.2. Frisos e pingadeiras no revestimento externo
O uso de juntas no revestimento externo tem como objetivo absorver a
movimentação diferencial entre bases de materiais diferentes, e, portanto, com
movimentações distintas.
De acordo com NBR 7200, a profundidade dos riscos e sulcos deve ser inferior à
espessura da camada de acabamento e não ultrapassar 10 mm.
Das obras consultadas, seis executam juntas de trabalho (frisos) no revestimento
externo, sendo quatro com sistema convencional com frisador (Figura 32) e duas com
utilização de frisos de alumínio (Figura 33). As demais obras utilizam pingadeiras. Não foi
observada nenhuma manifestação patológica relacionada a esse detalhe construtivo.
Figura 32 – Friso no revestimento externo (a) executado com frisador (b)
(b) (a)
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37
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Figura 33 – Friso em alumínio no revestimento externo.
7. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE CURTO PRAZO OBSERVADAS NAS OBRAS
Segundo Thomaz (2001), o tema “patologia e qualidade na construção” assume cada
vez mais importância, não se podendo aceitar o elevado nível de prejuízo de materiais
decorrentes de problemas que se manifestam nas edificações.
As causas mais comuns das manifestações patológicas são a inexistência de projeto,
desconhecimento das características dos materiais empregados e utilização de materiais
inadequados, erros de execução (tanto no preparo da base, como por deficiência de mão-de-
obra), desconhecimento ou não observância de Normas Técnicas e por falhas na manutenção.
Em muitos casos as causas são várias, porém em um determinado momento, uma delas,
embora de pequena importância isoladamente, se torna preponderante e, atuando no limite,
ocasiona a manifestação patológica.
A fissuração da superfície do revestimento é um problema que, tem muita importância,
pois pode ser sinal de comprometimento da segurança da estrutura ou principalmente do
desempenho da vedação quanto à estanqueidade, durabilidade e isolação acústica, além de
causar constrangimento psicológico aos usuários.
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38
Comunidade da Construção Goiânia
Existem várias razões para a formação de fissuras nos revestimentos, mas a
deformação excessiva da estrutura pode ser apontada como uma das principais. Os edifícios
de hoje são mais altos e esbeltos, a concepção privilegia grandes vãos, há menos pilares e as
lajes apresentam espessuras reduzidas. Essas características trouxeram implicações e tornaram
as estruturas mais deformáveis.
A atual construção muito se difere da construção de vinte ou trinta anos atrás. Além
das estruturas esbeltas, o concreto e aço são muito mais resistentes. Racionalizaram-se os
processos construtivos, a construção é muito mais sujeita a variações térmicas e higroscópicas
ou à ação do vento. Assim, muitos problemas têm surgido justamente porque essa nova
arquitetura e tipologia construtiva vêm sendo orientadas com técnicas antigas e tradicionais de
projeto e construção.
De uma maneira geral, todas as obras visitadas apresentaram algum tipo de
manifestação patológica no revestimento. Essas manifestações foram levantadas nas próprias
obras e são, portanto, de curto prazo. Apenas na obra 3A pode-se visitar um edifício idêntico
já entregue e habitado.
As principais manifestações patológicas no revestimento de argamassa
encontradas nas obras foram:
• Fissuras devido ao sarrafeamento prematuro da argamassa (Figura 61);
• Fissuras mapedas de retração da argamassa (Figura 62);
• Fissuras em caixilhos, na região de verga e contraverga (Figura 63);
• Fissuras na interface alvenaria-estrutura (Figura 64).
Observou-se que, de uma maneira geral, as obras de uma mesma empresa
apresentavam manifestações patológicas semelhantes. A seguir são apresentados alguns
exemplos das fissuras observadas.
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39
Comunidade da Construção Goiânia
Figura 61 – Fissuras de execução devido ao sarrafeamento da argamassa com consistência mole (fissuras
tipicamente horizontais).
Figura 62 – Fissuras mapeadas devido à retração de argamassa de revestimento, provavelmente devido à
composição da argamassa.
Figura 63 – Fissuras na região de contraverga.
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Figura 64 – Fissuras entre estrutura e alvenaria, encontradas em quase todos os pavimentos dos edifícios.
Em algumas obras foram observados alguns outros defeitos construtivos. Na Figura 65 está
ilustrado um defeito onde a verga foi colocada acima da altura correta gerando a necessidade
da execução de uma fiada de tijolos ou camada de argamassa espessa logo abaixo dela,
originando descolamento nesta região.
Figura 65 – Descolamento de material abaixo da verga.
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41
Comunidade da Construção Goiânia Na Figuras 66 são ilustradas fissuras encontradas na alvenaria em vários pavimentos devido à
movimentação da estrutura (possivelmente devido à concepção estrutural inadequada) e na
Figura 67 fissuras entre estrutura e alvenaria no último pavimento devido à movimentação
térmica
Figura 66 – Fissuras expressivas na alvenaria, verticais e horizontais.
Figura 67 – Fissuras no último pavimento.
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42
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8. ESTUDO DE CASO: MAPEAMENTO DE FISSURAS
Em uma das obras visitadas, onde foi observada uma grande incidência de fissuras
na ligação de estrutura e alvenaria, foi realizado um pequeno estudo de caso com o objetivo
de mapear essas fissuras ao longo do edifício e identificar suas possíveis causas.
O levantamento das fissuras foi realizado pela inspeção visual interna de todos os
apartamentos, registrando-se cada fissura de acordo com o tipo, localização (pavimento,
apartamento) e local (parede da fachada ou do interior). Além disso, esse levantamento foi
realizado em duas visitas, com intervalo de 15 dias entre elas. A orientação do edifício está
apresentada na Figura 68.
C
D
A
LB O
S
N
Apto. 2 Apto. 1
circulação
Figura 68 – Localização e orientação da obra do estudo de caso. As letras A, B, C, D indicam os quatro lados da
fachada do edifício.
A seguir é apresentada a distribuição das fissuras em cinco locais do pavimento e
ao longo de edifício.
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8.1 Fissura entre viga-alvenaria e pilar-alvenaria – fachada “C”
D
B
A
C
S
N
O
Legenda:
Fissura 1ª Visita
Local Não Inspecionado
Fissura 2ª Visita
Figura 69 – Localização da fissura (no pavimento e ao longo do edifício) e exemplo de ocorrência.
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8.2 Fissura entre pilar-alvenaria – interna (quarto)
D
B
A
C
S
N
OL
Legenda:
Fissura 1ª Visita
Local Não Inspecionado
Fissura 2ª Visita
Figura 70 – Localização da fissura (no pavimento e ao longo do edifício) e exemplo de ocorrência.
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Comunidade da Construção Goiânia
8.3 Fissura entre pilar-alvenaria – interna (sala 01)
D
B
A
C
S
N
OL
Legenda:
Fissura 1ª Visita
Local Não Inspecionado
Fissura 2ª Visita
Figura 71 – Localização da fissura (no pavimento e ao longo do edifício) e exemplo de ocorrência.
Relatório da Pesquisa Realizada em Obras
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Comunidade da Construção Goiânia
8.4 Fissura entre pilar-alvenaria – interna (quarto)
D
A
BC
S
N
OL
Legenda:
Fissura 1ª Visita
Local Não Inspecionado
Fissura 2ª Visita
Figura 72 – Localização da fissura (no pavimento e ao longo do edifício) e exemplo de ocorrência.
Relatório da Pesquisa Realizada em Obras
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8.5 Fissura entre pilar-alvenaria – fachada “A”
D
A
BC
S
N
OL
Legenda:
Fissura 1ª Visita
Local Não Inspecionado
Fissura 2ª Visita
Figura 73 – Localização da fissura (no pavimento e ao longo do edifício).
Relatório da Pesquisa Realizada em Obras
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48
Comunidade da Construção Goiânia
As causas das fissuras entre alvenaria e estrutura observadas no edifício podem
ser relacionadas a dois fatores. O primeiro é a deformação da estrutura, conforme descrito
anteriormente. O segundo fator que pode ser atribuído é a falta de tela de reforço entre a
estrutura e a alvenaria. Para que não haja fissuras é de fundamental importância a presença de
algum elemento que absorva as deformações entre os dois elementos. Dois aspectos, no
entanto, devem ser observados: a ancoragem (largura) da tela e a sua correta fixação
(posicionada no local correto e bem esticada).
Inicialmente, não foi observado um padrão lógico para a existência das fissuras
espalhadas quase que aleatoriamente nos diferentes pavimentos. Tendo em vista que a
construtora informou que em todos os locais com fissuras estava especificada a tela de reforço
(tipo viveiro), decidiu-se com o consentimento da empresa, quebrar o revestimento nos locais
com fissura para verificar a presença e as condições da tela de reforço.
Assim, para saber se realmente havia tela de reforço nos diferentes locais do
edifício, foram quebradas várias partes da ligação entre vigas, pilares e alvenaria. De fato, em
quase todos os lugares não havia tela. Nos poucos lugares onde foi encontrada, a tela não
estava fixada adequadamente, aparecendo na superfície do revestimento.
Segundo a administração desta obra, o serviço de revestimento de argamassa é
feito por equipe terceirizada e a fixação da tela é executada juntamente com a execução do
reboco. Isso implica em dois fatores importantes: em primeiro lugar, o pedreiro coloca a tela
com a própria argamassa do reboco, muitas vezes inadequadamente, deixando-a pouco
esticada, mal posicionada (não centralizada na interface) ou mesmo muito próxima da
superfície do revestimento. Em segundo lugar, a construtora fica impossibilitada de conferir o
serviço de fixação de tela.
Para que não ocorram problemas como estes, recomenda-se a separação dos
serviços de fixação de tela e da execução do revestimento de camada única (reboco). Desta
forma, há condições de verificar a existência da tela, além da sua largura correta, sua
adequada fixação (firme, e não solta) e seu correto posicionamento. Outra medida que pode
minimizar a ocorrência de fissuras é prolongar os intervalos de tempo entre serviços (por
exemplo, entre a execução da estrutura e a da alvenaria).
Relatório da Pesquisa Realizada em Obras
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49
Comunidade da Construção Goiânia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No atual contexto de competitividade entre empresas do setor de construção civil,
um dos aspectos vitais é a melhoria contínua. Construtoras que se propõe a participar de
estudos como este, mesmo expondo alguns de seus aspectos negativos, têm uma grande
possibilidade de analisar criticamente seus processos e desenvolver continuamente obras de
melhor qualidade, mais econômicas e mais duráveis.
Dessa forma, muitos aspectos positivos do processo de execução do revestimento
foram levantados, assim como alguns pontos que necessitam de melhorias e que podem
prejudicar o desempenho esperado do revestimento.
As principais considerações finais do trabalho são:
• Em relação aos intervalos de execução de serviços, observou-se que a grande
maioria eram superiores aos previstos pela norma. No entanto, todas as obras apresentaram
fissuras no revestimento na região entre a estrutura e a alvenaria, demonstrando que somente
esse tipo de controle não é suficiente para se prevenir o aparecimento de fissuras.
• No que se refere ao armazenamento dos materiais, observou-se também que
a maior parte das obras atende aos requisitos das normas brasileiras e àqueles sugeridos pela
bibliografia técnica atual, apesar de nenhum deles ser obedecido em 100% das obras.
Algumas deficiências apresentadas podem ser corrigidas com ações simples, sem grandes
custos para as empresas.
• Com o pequeno estudo de caso da cubicagem de areia, mostrou-se que as
diferentes formas de medidas adotadas pelas construtoras não têm grande influência no
volume calculado, exceto se os pontos medidos forem tomados somente ao longo do eixo
longitudinal do caminhão – forma 3(c). Neste caso o volume pode ser até 17,7% superior
àquele tomado com nove pontos.
• Quanto à produção de argamassa, procurou-se enfatizar principalmente os
aspectos positivos encontrados nas obras, recomendando-os a todas construtoras, tais como:
uso de padiola do tipo carrinho trapezoidal, identificado por cores; medição de cimento e cal
Relatório da Pesquisa Realizada em Obras
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50
Comunidade da Construção Goiânia em sacos inteiros, em vez de padiolas; uso de quadro de traços ilustrativos, coloridos, de
dimensões adequadas (placas de rápida visualização à distância) e de fácil entendimento;
utilização de peneirador mecânico de areia, que aumenta a produtividade e reduz o esforço do
trabalhador; e, por fim, melhoria dos equipamentos de medição de água e, conseqüentemente,
sua respectiva quantidade nos traços, homogeneizando a produção.
• Em relação às espessuras do revestimento, observou-se que muitas delas
estavam fora dos limites da NBR 13749. Em algumas obras, 80% das espessuras eram
superiores a 20 mm. Ressalta-se que tais valores podem explicar as diferenças existentes entre
os preços orçado e executado do metro quadrado do revestimento de argamassa, fato comum
nas construtoras. Espessuras de 15 mm especificadas no orçamento são executadas com até 35
mm, diferença de 133%.
• Com o estudo de caso de mapeamento de fissuras em uma obra específica,
observou-se que em muitos locais, apesar de especificado, não havia tela de reforço embutida
no revestimento ou esta não estava fixada adequadamente. Assim, chegou-se à conclusão da
necessidade de separação dos serviços de colocação de tela e reboco, criando condições de se
verificar a existência da tela, a largura (ancoragem) e posicionamento corretos além da a
adequada fixação (bem esticada), e não solta). Outra medida que pode minimizar a ocorrência
de fissuras é prolongar os intervalos de tempo entre serviços. Assim, a estrutura pode se
deformar suficientemente sem que parte significativa das tensões seja transmitida à alvenaria
e ao revestimento.
• A principal função dos detalhes construtivos apresentados (telas de reforço e
contravergas) é evitar o aparecimento de fissuras em locais críticos da construção. Observou-
se na maioria das obras que eles não têm desempenhado seu papel adequadamente e o
aparecimento de fissuras parece inevitável.
De fato, os detalhes construtivos apresentados foram pensados e testados com
estruturas de 20 ou 30 anos atrás e funcionaram bem. Atualmente, com estruturas de grandes
vãos, flechas excessivas, dimensões reduzidas das peças e altamente deformáveis, esses
detalhes tornaram-se insuficientes para evitar o aparecimento de manifestações patológicas.
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Vale ressaltar que o problema é nacional, conforme relatado em reportagem
técnica realizada por Medeiros (2005) e que algumas construtoras já estão percebendo a
gravidade do problema no futuro e tomando algumas medidas, como, por exemplo,
aumentando os prazos de execução dos serviços, principalmente os da estrutura de concreto.
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BIBLIOGRAFIA
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Revestimento de paredes e tetos de argamassa inorgânica: determinação da resistência de aderência à tração; método de ensaio – NBR 13528. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Revestimento de paredes e tetos de argamassa inorgânica; especificação – NBR 13749. Rio de Janeiro, 1996.
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BAUER, R.J.F. Patologia em revestimentos de argamassa inorgânica. In: II SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DE ARGAMASSAS, Salvador, 1997. Anais.
CARASEK, H; CASCUDO, O; SAHB, C.A.S; JUCÁ, T.R. Projeto de revestimento das fachadas do condomínio Gran Campinas. Construtora Moreira Ortence, 2005.
CARASEK, H. Aderência de argamassas à base de cimento Portland a substratos porosos: avaliação dos fatores intervenientes e contribuição ao estudo do mecanismo de ligação. São Paulo, 1996. 285 p. Tese (Doutorado). Escola Politécnica, USP.
CARASEK, H. Tecnologia dos Revestimentos. Curso de Especialização em Construção Civil, Escola de Engenharia Civil – UFG. Notas de aula, 2005.
CEOTTO, L.H.; BANDUK, R.C.; NAKAKURA, E.H. Revestimentos de Argamassa: boas práticas em projeto, execução e avaliação. ANTAC. Porto Alegre, 2005.
CINCOTTO, M.A.; SILVA, M.A.C.; CARASEK, H.; Argamassa de revestimento: características, propriedades e métodos de ensaio. São Paulo, IPT, 1995. (Boletim 68)
COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO. Fechamento do 1º Ciclo. Fortaleza, 2004 (CD ROM).
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COZZA, E. Argamassa para revestimento. Téchne, edição 102, p. 22-23, set. 2005.
FIORITO, A.J.S. Manual de argamassas e revestimentos: estudos e procedimentos de execução. São Paulo, Ed. PINI, 1994.
LOTURCO, B. Fissuras no último pavimento. Téchne, edição 99, p.32-35, junho 2005.
LOTURCO, B. Como verificar aderência de argamassas. Téchne, edição 88, p.42-45, julho, 2004.
MACIEL, L.L. O projeto e a tecnologia construtiva na produção dos revestimentos de argamassa de fachada. São Paulo, 1997. Dissertação (Mestrado). Escola Politécnica, USP.
MEDEIROS, H. Alerta! Deformações excessivas. Téchne, edição 97, p. 46-51, abril 2005.
SAHB, C.A.S. Contribuição ao estudo da interface estrutura-alvenaria externa em edifícios verticais. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2005, 418 p.
SOUZA, R; MEKBEKIAN, G. Qualidade na aquisição de materiais. São Paulo, Ed. PINI, 1996.
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THOMAZ, E. Trincas em edifícios: causas, prevenções e recuperação. São Paulo, Editora PINI, 1989.
THOMAZ, E. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. São Paulo, Editora PINI, 2001.
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ANEXO A: Principais características das obras visitadas
Obra: 1 A
Nº. de Pvtos: 20
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: 79 m²
Padrão: Médio Alto
Estrutura: Laje Nervurada
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: 24 GPa Vedação: Bloco Cerâmico
Obra: 1 B
Nº. de Pvtos: 25
Nº. Aptos / Andar: 02
Área do Apto: 164 m²
Padrão: Alto
Estrutura: Laje Nervurada
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: 26 GPa Vedação: Bloco Cerâmico (*)
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Obra: 2 A
os Blocos d
Nº. de Pvtos: 18
Nº. Aptos / Andar: 06
Área do Apto: 57 m²
Padrão: Médio Baixo
Estrutura:
Não Disponível
Laje Maciça
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Metálica
M dó . Elasticidade: âmico (*) 25 GPa Vedação: Bloco Cer
(*) Nas escadas são utilizad e Concreto
Obra: 2 B
os Blocos d
Nº. de Pvtos: 25
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: 69 m²
Padrão: Médio Baixo
Estrutura: Laje Maciça
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Madeira
M dó . Elasticidade: râmico (*) 26 GPa Vedação: Bloco Ce
(*) Nas escadas são utilizados Blocos de Concreto
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Obra: 3 A
Nº. de Pvtos: 15
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: m² 109
Padrão: Médio Alto
Estrutura: Laje Maciça
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: ado Vedação: Bloco Cerâm co Não especific i
Obra: 3 B
Nº. de Pvtos: 15
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: m² 109
Padrão: Médio Alto
Estrutura: Laje Maciça
Não Disponível
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: ado Vedação: Bloco Cerâmico Não especific
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Obra: 4 A
Nº. de Pvtos: 20
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: ² 79 m
Padrão: Médio
Estrutura: Laje Maciça
Fck: 30 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: Vedação: Bloco Cerâmico 25 GPa
Obra: 4 B
Nº. de Pvtos: 13
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: ² 92 m
Padrão: Médio
Estrutura: Laje Maciça
Fck: 25 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: Não Especificado Vedação: Bloco Cerâm co i
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Obra: 5 A
Nº. de Pvtos: 27
Nº. Aptos / Andar: 01
Área do Apto: m² 260
Padrão: Alto
Estrutura: Laje Nervurada
Fck: 30 – 50 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: Vedação: Bloco de Concreto 30 GPa
Obra: 6 A
Nº. de Pvtos: 07
Nº. Aptos / Andar: --
Área do Apto: --
Padrão: Alto
Estrutura: Laje Maciça
Fck: 20 MPa Tipo de Forma: Madeira
Mód. Elasticidade: ado Vedação: Bloco Cerâmico Não Especific
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Obra: 7 A
Nº. de Pvtos: 08
Nº. Aptos / Andar: 04
Área do Apto: ² 65 m
Padrão: Médio Baixo
Estrutura: Alvenaria Estrutural
Não Disponível
Fck: -- Tipo de Forma: --
Mód. Elasticidade: Vedação: Bloco de Concreto Estrutural
--