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2014
Nuno Albuquerque
Augusto José Rocha Miguel
05-12-2014
RELATÓRIO DO ADMINISTRADOR DA INSOLVÊNCIA (art.º 155.º CIRE)
Tribunal Comarca de Vila Real
Peso da Régua - Inst. Local
Secção de Competência Genérica – J2
Processo n.º 41/14.0T8PRG
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 3
2. IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO GERAL DO INSOLVENTE ................................................. 4
2.1. IDENTIFICAÇÃO DO INSOLVENTE ................................................................... 4
2.2. COMISSÃO DE CREDORES ................................................................................ 4
2.3. ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA ............................................................... 4
2.4. DATAS DO PROCESSO ........................................................................................ 4
3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS INCLUÍDOS NO DOCUMENTO REFERIDO NA ALÍNEA C) DO N.º 1
DO ARTIGO 24ª ............................................................................................................................. 5
3.1. DOCUMENTOS DISPONIBILIZADOS ................................................................ 5
3.2. EXPLICITAÇÃO DA ACTIVIDADE DA INSOLVENTE NOS ÚLTIMOS TRÊS
ANOS .................................................................................................................................. 6
3.3. CAUSAS DA INSOLVÊNCIA ............................................................................... 6
4. CONTABILIDADE, DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO
FINANCEIRA ................................................................................................................................. 7
5. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA ................................................................. 8
6. CENÁRIOS POSSÍVEIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA OS CREDORES ................................... 9
7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO ....... 11
7.1. DA APREENSÃO DO VENCIMENTO ............................................................... 11
7.2. DO INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA .......................... 13
7.3. DO PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ......................... 14
8. INVENTÁRIO (ART.S 153.º E 155º CIRE) ............................................................................. 23
9. RELAÇÃO PROVISÓRIA DE CREDORES (ART. 154º CIRE) ..................................... 23
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1. INTRODUÇÃO
O devedor Augusto José Rocha Miguel apresentou-se à insolvência, tendo sido
proferida sentença em 28 de Outubro de 2014.
Nos termos do art.º 155.º do CIRE, o administrador de insolvência deve elaborar um
relatório contendo:
a) A análise dos elementos incluídos no documento referido na alínea c) do n.º
1 do artigo 24.º;
b) A análise do estado da contabilidade do devedor e a sua opinião sobre os
documentos de prestação de contas e de informação financeira juntos aos
autos pelo devedor;
c) A indicação das perspectivas de manutenção da empresa do devedor, no
todo ou em parte, da conveniência de se aprovar um plano de insolvência,
e das consequências decorrentes para os credores nos diversos cenários
figuráveis;
d) Sempre que se lhe afigure conveniente a aprovação de um plano de
insolvência, a remuneração que se propõe auferir pela elaboração do
mesmo;
e) Todos os elementos que no seu entender possam ser importantes para a
tramitação ulterior do processo.
Ao relatório devem ser anexados o inventário e a lista provisória de credores.
Assim, nos termos do art.º 155.º do CIRE, vem o administrador apresentar o seu
relatório.
O Administrador da insolvência
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2. IDENTIFICAÇÃO E APRESENTAÇÃO GERAL DO INSOLVENTE
2.1. IDENTIFICAÇÃO DO INSOLVENTE
Nome Augusto José Rocha Miguel
NIF 194839826
CC 09627536 7ZY5
Morada Rua Visconde da Régua, 5050-285 Peso da Régua
Estado Civil Divorciado
2.2. COMISSÃO DE CREDORES
Não nomeada
2.3. ADMINISTRADOR DE INSOLVÊNCIA
Nuno Carlos Lamas de Albuquerque
NIF/NIPC: 188049924
Rua Bernardo Sequeira, 78, 1.º - Apartado 3033 – 4710-358 Braga
Telef: 253 609310 – 253 609330 – 917049565 - 962678733
E-mail: [email protected];
Site para consulta: Informações sobre o processo
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2.4. DATAS DO PROCESSO
Data e hora da prolação da sentença: 28-10-2014 pelas 09h00m
Publicado no portal Citius – 28 de Outubro de 2014
Fixado em 30 dias o prazo para reclamação de créditos.
Assembleia de Credores art.º 155.º CIRE: 15-12-2014 pelas 14:00 horas
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3. ANÁLISE DOS ELEMENTOS INCLUÍDOS NO DOCUMENTO REFERIDO NA ALÍNEA C) DO N.º 1 DO ARTIGO 24ª
3.1. DOCUMENTOS DISPONIBILIZADOS
Dispõe a al ínea c) do n.º 1 do artigo 24ª do CIRE que o devedor
deve juntar, entre outros, documento em que se expl icita a
actividade ou actividades a que se tenha dedicado nos últimos
três anos e os estabelecimentos de que seja ti tular, bem como o
que entenda serem as causas da situação em que se encontra.
O devedor procedeu, de acordo com o disposto no nº 1 do artigo
24º do CIRE, à junção dos seguintes documentos:
a) Relação de credores;
b) Assentos de nascimento;
c) Mútuo com hipoteca;
d) Processo de divórcio por mútuo consentimento;
e) Recibo de vencimento;
f) Certidão de imóvel;
g) Caderneta predial ;
h) Central de responsabil idade de crédito;
i) Cartas cobrança;
j) Atestado de residência;
k) Comprovativos de despesas;
l ) Despesas mensais;
m) Cartão de cidadão;
n) Declarações de IRS dos anos de 2011, 2012 e 2013;
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3.2. EXPLICITAÇÃO DA ACTIVIDADE DA INSOLVENTE NOS
ÚLTIMOS TRÊS ANOS
O insolvente exerce as funções de professor de educação física
no ensino básico e secundário, no Agrupamento de Escolas da Sé,
em Lamego e aufere a remuneração l íquida mensal de € 1.259,55.
3.3. CAUSAS DA INSOLVÊNCIA
As conclusões que infra se enunciam sobre as causas da
insolvência resultam da anál ise efectuada à informação
colocada à disposição do Administrador de Insolvência (petição
inicial e documentos fornecidos), bem como das dil igências
efectuadas por este.
Deste modo, indicam-se os motivos justif icativos da actual
situação de insolvência do devedor:
O devedor é divorciado desde 13 de Fevereiro de 2013,
sendo que dessa união nasceram dois f i lhos, ainda a cargo
do insolvente de 18 e 13 anos de idade;
A situação económico-financeira do devedor tem vindo a
agravar-se com o passar dos anos, em virtude do acumular
de dívidas, na vigência do casamento, e do sustento que
tem de providenciar para a seu agregado famil iar,
constituído por este e pelos seus dois f i lhos;
Juntamente com a sua ex-cônjuge compraram um imóvel
para habitação própria permanente, com recurso ao crédito
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bancário, cujas prestações mensais não teve capacidade
financeira para cumprir;
Na constância do casamento, os devedores contraíram,
ainda, diversas dividas, junto de várias insti tuições financeira
para créditos pessoais e ao consumo.
A conjugação destes factores, levaram a que o Requerente se
visse totalmente impossibil i tado de cumprir com as suas
obrigações.
4. CONTABILIDADE, DOCUMENTOS DE PRESTAÇÃO DE CONTAS E DE INFORMAÇÃO FINANCEIRA
No relatório apresentado ao abrigo do art.º 155.º do CIRE, deve o
Administrador da insolvência efectuar uma anál i se do estado da
contabil idade do devedor e a sua opinião sobre os documentos
de prestação de contas e de informação financeira juntos pelo
devedor.
Contudo, o presente dispositivo não tem apl icação porquanto
não sendo o insolvente comerciante, não está obrigado
legalmente a ter contabil idade organizada.
No que se refere à informação financeira prestada pelo devedor
e que se encontra descrita em termos de activos e passivos,
sal ienta o signatário, que foram entregues as declarações de IRS
dos anos de 2011, 2012 e de 2013, das quais resulta, o seguinte:
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Rendimento Cat.
A/H € 50.837,39 € 43.748,80 € 25.143,84
Rendimento Cat. B € 0,00 € 2.007,00 € 1.251,00
Rendimento Cat. E-
Capitais - - -
Rendimentos
prediais - - -
Mais valias
Alineação onerosa
imóveis
- - -
Alienação onerosa
de partes sociais - - -
Juros de retenção
poupança - - -
Nota: As declarações de rendimentos dos exercícios de 2011 e
2012, têm reflectivos os rendimentos do devedor em conjunto
com a sua ex-cônjuge.
5. PERSPECTIVAS DE MANUTENÇÃO DA EMPRESA
Tendo em conta o supra referido, designadamente, a
circunstância do insolvente não ser no momento comerciante,
não se referenciou qualquer empresa de que aquele seja titular,
não tendo, por isso, apl icabil idade o presente dispositivo.
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6. CENÁRIOS POSSÍVEIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA OS CREDORES
A assembleia de credores de apreciação do relatório del ibera
sobre o encerramento ou prosseguimento do processo de
Insolvência.
Decorre do artigo 1.º do CIRE, que o processo de insolvência tem
como escopo a l iquidação do património de um devedor
insolvente e a repartição do produto obtido pelos credores
Estão sujeitos a apreensão no processo de insolvência todos os
bens integrantes da massa insolvente, a qual abrange todo o
património do devedor à data da declaração de insolvência,
bem como os bens e direitos que ela adquira na pendência do
processo.
Como referem Carvalho Fernandes e João Labareda[ 1], da
conjugação dos n.ºs 1 e 2 do art. 46.º resul ta que, em rigor, a
massa não abrange a total idade dos bens do devedor
susceptíveis de aval iação pecuniária, mas tão só os que forem
penhoráveis e não excluídos por disposição especial em
contrário, acrescidos dos que, não sendo embora penhoráveis ,
sejam voluntariamente oferecidos pelo devedor, quanto a
impenhorabil idade não seja absoluta.
1Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, 4.ª ed., p. 236-237.
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São absolutamente impenhoráveis “os bens imprescindíveis a
qualquer economia doméstica que se encontrem na residência
permanente do executado (…)”.
Assim, não se procedeu à apreensão dos bens móveis existentes
na residência do devedor por se tratar de bens imprescindíveis à
respectiva economia doméstica.
O signatário encetou dil igências no sentido de averiguar a
existência de bens no património do insolvente, nomeadamente
junto da Conservatória do Registo Predial e Automóvel e
Repartição de Finanças, tendo sido local izado os bens infra
indicados no inventário.
O cenário possível que se apresenta para os credores é , pois, no
sentido da l iquidação do activo.
Assim, considerando que:
1. É notória a situação de insolvência e a insuficiência de
valores activos face ao Passivo acumulado;
2. Os bens apreendidos a favor da massa são provavelmente
de valor inferior às dívidas contraídas;
3. Não havendo Plano de Pagamentos;
O Administrador da Insolvência propõe que se del ibere no sentido
da l iquidação do activo e partilha da massa insolvente .
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7. OUTROS ELEMENTOS IMPORTANTES PARA A TRAMITAÇÃO ULTERIOR DO PROCESSO
7.1. DA APREENSÃO DO VENCIMENTO
No relatório apresentado nos termos do disposto no artigo 155.º
do CIRE, deve ser feita menção quanto à apreensão (montante
apreendido) ou não do vencimento do insolvente pessoas
singular e, no caso de não apreensão, deverá constar, de forma
sucinta, a justificação para a não apreensão.
O vencimento deve ser apreendido com destino à satisfação dos
credores do insolvente, fazendo parte da massa insolvente que
abrange todo o património do devedor e os bens e direitos que
ele adquira na pendência do processo (art.º 46.º, n.º 1, do CIRE).
Na execução singular (art . 824ºdo C.P.C.) determina-se que a
impenhorabil idade estabelecida no n.º 1 do preceito (2/3 dos
vencimentos, salários ou prestações de natureza semelhante
auferidos pelo devedor e bem assim das prestações periódicas
auferidas a tí tulo de aposentação ou qualquer outra regal ia
social) tem como l imite máximo o montante equivalente a três
salários mínimos nacionais à data de cada apreensão e, como
l imite mínimo, quando o executado não tenha outro rendimento
(e o crédito exequendo não seja de al imentos), o montante
equivalente ao salário mínimo nacional.
Na execução universal em que a insolvência se traduz, e no caso
particular em que é requerida a exoneração do passivo restante,
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estabelece a lei o princípio de que todos os rendimentos que
advenham ao devedor consti tuem rendimento disponível , a ser
afecto às f inal idades previstas no art. 241º do C.I .R.E.
(cumprimento das obrigações do devedor), excluindo porém
desse rendimento disponível – e logo dessa afectação do
património do devedor ao cumprimento das obrigaç ões para
com os seus credores – o razoavelmente necessário para o
sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado
famil iar, não devendo essa exclusão exceder, salvo decisão
fundamentada do juiz em contrário, três vezes o salário mínimo
nacional.
Uma diferença entre os dois regimes é de realçar, desde logo o
facto da norma do C.I .R.E. não mencionar qualquer l imite
mínimo objectivo, aludindo antes a um conceito indeterminado –
o razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno
do devedor e seu agregado.
Assim, considera-se adequado dever interpretar-se o art. 239º, nº
3, b), i) do C.I .R.E. no sentido de que a exclusão aí prevista tem
como l imite mínimo o que seja razoavelmente necessário para
garantir e salvaguardar o sustento minimamente digno do
devedor e seu agregado famil iar.
Ora, veri fica-se que, in casu, o insolvente é professor de
educação física do ensino básico e secundário, no Agrupamento
de Escolas da Sé, em Lamego e aufere a remuneração l íquida
mensal de € 1.259,55.
Face ao entendimento supra manifestado e ao valor do salário
auferido pelo insolvente bem como ao conjunto de despesas
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elencadas por este (Água - € 15,00; Luz - € 40,00; Gás - € 46,00;
Telemóvel – 30,00; Gasol ina - € 200,00; Internet - € 11,58; Seguro
do carro - € 13,77; Telefone - € 29,59; Pensão de al imentos - €
200,00; Al imentação - € 400,00), considera-se não dever ser
aprendido qualquer montante do rendimento auferido por
aquele, pois que o mesmo é imprescindível para o respectivo
sustento condigno do agregado famil iar, consti tuído por este e
dois fi lhos a frequentar o ensino escolar.
7.2. DO INCIDENTE DE QUALIFICAÇÃO DA INSOLVÊNCIA
Caso disponha de elementos que justifiquem a abertura do
incidente de qual ificação da insolvência, na sentença que
declarar a insolvência, o juiz declara aberto o incidente de
qual ificação, com carácter pleno ou l imitado – cfr. al . i) doa rt.º
36.º do CIRE.
Nos presentes autos a sentença que decretou a insolvência não
declarou, desde logo, aberto aquele incidente.
Assim, nos termos do n.º 1 do art.º 188.º do CIRE, até 15 dias após
a real ização da assembleia de apreciação do relatório, a
administradora da insolvência ou qualquer interessado deverá
alegar, fundamentadamente, por escri to, em requerimento
autuado por apenso, o que tiver por conveniente para efeito da
qual ificação da insolvência como culposa e indicar as pessoas
que devem ser afetadas por tal qual ificação, cabendo ao juiz
conhecer dos factos alegados e, se o considerar oportuno,
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declarar aberto o incidente de qual ificação da insolvência, nos
10 dias subsequentes.
Sem prejuízo, regista-se, desde já a inexistência de indícios que
fossem do conhecimento do administrador e passíveis de
determinar a qualificação da insolvência como culposa .
7.3. DO PEDIDO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE
O insolvente veio requerer a exoneração do passivo restante,
nos termos do disposto no art.º 235. ess do CIRE.
Deve, nos termos do n.º 4 do art.º236.º do CIRE, a administradora
da insolvência pronunciar -se sobre o requerimento.
É possível del inear a seguinte factual idade com interesse para a
emissão do presente parecer, face aos elementos documentais
constantes do processo (petição inicial e informaç ões prestadas
pelos Requerentes, sentença que decretou a insolvência bem
como a relação provisória de credores apresentada no s termos
dos artºs 154.º e 155º CIRE):
1. O devedor é divorciado desde 13 de Fevereiro de 2013,
sendo que dessa união nasceram dois f i lhos, ainda a cargo
do insolvente de 18 e 13 anos de idade;
2. Exerce as funções de professor de educação física no ensino
básico e secundário, no Agrupamento de Escolas da Sé, em
Lamego e aufere a remuneração l íquida mensal de €
1.259,55.
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3. A situação económico-financeira do devedor tem vindo a
agravar-se com o passar dos anos, em virtude do acumular
de dívidas, na vigência do casamento, e do sustento que
tem de providenciar para a seu agregado famil iar,
constituído por este e pelos seus dois f i lhos;
4. Juntamente com a sua ex-cônjuge compraram um imóvel
para habitação própria permanente, com recurso ao crédito
bancário, cujas pres tações mensais não teve capacidade
financeira para cumprir;
5. Na constância do casamento, os devedores contraíram,
ainda, diversas dividas, junto de várias insti tuições f inanceira
para créditos pessoais e ao consumo.
6. Vive em casa da sua mãe;
7. Tem em média as seguintes despesa mensais:
Água - € 15,00;
Luz - € 40,00;
Gás - € 46,00;
Telemóvel – 30,00;
Gasol ina - € 200,00;
Internet - € 11,58;
Seguro do carro - € 13,77;
Telefone - € 29,59;
Pensão de al imentos - € 200,00;
Alimentação - € 400,00;
8. Os seus credores e respectivos créditos, são os seguintes:
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Credores Fundamento Montante Data
Constituição Data
Vencimento
Barclays Bank PLC Contratos de crédito
Barclaycard e contrato de crédito reestruturado
50.341,18 ND ND
Banco BPI, S.A.
Contrato de compra e venda e mútuo com
hipoteca e contrato de abertura de crédito com
hipoteca
127.649,51 01-03-2005 01-11-2014
Banco BPI, S.A. Contrato de crédito não
hipotecário 8.007,54 11-03-2013 30-07-2014
Banco Santander
Consumer Portugal,
S.A.
Contrato de financiamento para
aquisição a crédito n.º 2010.054471.01 - veículo com matrícula 23-90-XG
7.936,31 15-06-2010 ND
Cofidis, Sucursal em
Portugal, S.A.
Contrato de crédito "Valor Top"
10.143,02 26-06-2007 01-09-2014
Meo - Serviços de
Comunicações e
Multimédia, S.A.
Facturação 7,37 ND ND
9. O devedor, de acordo com a informação constante da
certidão do registo de nascimento, nunca foi declarado
insolvente nem nunca beneficiou anteriormente de
exoneração do passivo restante.
10. Apresentou-se à insolvência em 14 Outubro de 2014, a qual
foi decretada por sentença proferida no 28 do mesmo mês .
*-*
Isto dito:
Dispõe o disposto no art.º 235º do CIRE, que ”se o devedor for
uma pessoa singular, pode ser -lhe concedida a exoneração dos
créditos sobre a insolvência que não forem integralmente pagos
no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores no
encerramento deste”.
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Os cri térios de apl icação deste instituto estão previstos nos art.ºs
237.º segs. do CIRE. Não sendo aprovado e homologado na
assembleia de apreciação do re latório qualquer plano de
insolvência, cumprir -se-á dessa forma o requisi to da al ínea c) do
art.º 237.º.
Quanto aos requisitos estabelecidos no art.º 238º (apl icáveis por
força do art.º 237º., al ínea a) do CIRE), o pedido foi deduzido
conjuntamente com a apresentação à insolvência, pelo que nos
termos do art.º 236, n.º 1, ele mostra-se tempestivo.
Nada consta nos autos ou foi apurado pel o administrador de
insolvência quanto a ter o devedor fornecido informações falsas a
que se refere a al ínea b) ou ter beneficiado anteriormente desta
exoneração do passivo restante (al ínea c)).
A apl icação do disposto na al ínea d) do nº 1 do artigo 238.º do
CIRE pressupõe a verificação de uma das seguintes situações:
o devedor não cumprir o dever de apresentação à
insolvência, com prejuízo para os credores,
ou se não existi r esse dever, se se tiver abstido dessa
apresentação nos seis meses seguintes à verificação da
situação de insolvência, com prejuízo para os credores e
sabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, não
existi r qualquer perspectiva séria de melhoria da sua
situação económica.
Estando em apreciação um pedido que foi formulado por pessoa
singular, não está o insolvente obrigado a apresentar -se à
insolvência no prazo estabelecido no art. 18, nº 1 do CIRE, tal
como flui do nº 2 deste mesmo preceito, pelo que não se cuida
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de verif icar a verificação em concreto da parte inicial da al ínea
d).
No que se reporta aos demais requisi tos desta al ínea d), de
preenchimento cumulativo, são os seguintes:
que o devedor/requerente não se apresente à insolvência
nos seis meses seguintes à verif icação da situação de
insolvência;
que desse atraso resul te um prejuízo para os credores;
que o devedor soubesse, ou pelo menos não pudesse
ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva
séria de melhoria da sua situação económica.
Carvalho Fernandes e João Labareda sobre esta matéria
escrevem que “para além da não apresentação à insolvência, a
relevância deste comportamento do devedor, para efeito de
indeferimento l iminar, depende ainda, em qualquer destas
hipóteses, de haver prejuízo para os credores e de o devedor
saber ou não poder ignorar, sem culpa grave, que não existe
«qualquer perspectiva séria da melhoria da sua situação
económica».
Está aqui em causa apurar se a não apresentação do devedor à
insolvência se pode justificar por el a estar razoavelmente
convicta de a sua situação económica poder melhorar em termos
de não se tornar necessária a declaração de insolvência”[…]
Importa, pois , verificar se a apresentação do requerente à
insolvência se verificou nos seis meses seguintes à verificação
desta s ituação e, em caso negativo, se e desse facto advieram
prejuízos para os credores.
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Ora, o conceito de prejuízo pressuposto na al ínea d) do nº 1 do
artigo 238 do CIRE consiste num prejuízo diverso do simples
vencimento dos juros, que são consequência normal do
incumprimento gerador da insolvência, tratando-se assim dum
prejuízo de outra ordem, projectado na esfera jurídica do credor
em consequência da inércia da insolvente (consistindo, por
exemplo, no abandono, degradação ou dissipação de bens no
período que dispunha para se apresentar à insolvência).
Entende-se que o simples acumular do montante de juros não
integra o conceito de “prejuízo” a que se refere o art. 238, nº 1 ,
al . d) do CIRE. [ ].
Com efeito, a mora resul tante do atraso no pagamento, em
abstracto, contr ibui sempre para o avolumar da dívida,
designadamente em virtude dos juros que lhe estão associados,
em especial quando estamos perante dívidas a instituições
financeiras.
Ora, sendo a insolvência uma situação de impossibil idade de
cumprimento de obrigações vencidas (cfr. art. 3, nº 1 do CIRE),
lógica é a constatação de que estas vencem juros (cfr. arts. 804 e
segs. do Cód. Civil ), o que se traduz no aumento qua ntitativo do
passivo do devedor.
Não pode, pois, considerar -se que o conceito normativo de
prejuízo previsto na al ínea d) do nº 1 do artº 238º do CIRE inclua
no seu âmbito o típico, normal e necessário aumento do passivo
em decorrência do vencimento dos ju ros incidentes sobre o
crédito de capital , sob pena de se estar a esvaziar de sentido úti l
a referência legal a tal requisito (prejuízo de credores).
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É que se tivesse sido essa a f inal idade da lei, bastaria ter
estabelecido o indeferimento l iminar do pedido de exoneração
do passivo restante quando o devedor se abstivesse de se
apresentar à insolvência no período de seis meses posterior à
verificação dessa situação.
Terá, assim, que se entender que o simples decurso do tempo (seis
meses após a verificação da situação de insolvência) não é
suficiente para se poder considerar preenchido o requisi to aqui
em anál ise, uma vez que tal representaria, estar a valorizar -se um
prejuízo que sempre estaria ínsito nesse decurso e que seria
comum a todas as situações de insolvência, o que não se mostra
compatível com o estabelecimento do prejuízo dos credores
como requisito autónomo do indeferimento l iminar do incidente.
Tratando-se o prejuízo dos credores de um requis ito autónomo
deste indeferimento l iminar, acrescerá o mesmo aos demais
requisi tos, surgindo, por isso, como um pressuposto adicional, que
traz exigências distintas das pressupostas pelos outros, não
podendo considerar-se preenchido por circunstâncias que já
estão contidas num desses outros requisitos.
Neste contexto, terá que se dar ênfase particular à conduta do
devedor, devendo apurar-se se esta se pautou pela l icitude,
honestidade, transparência e boa-fé, no que respeita à sua
situação económica, só se justif icando o indeferimento l iminar
caso se conclua pela negativa.
Ao estabelecer, como pressuposto do indeferimento l iminar do
pedido de exoneração, que a apresentação extemporânea do
devedor à insolvência haja causado prejuízo aos credores, a lei
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visa os comportamentos que façam diminuir o acervo patrimonial
do devedor, que onerem o seu património ou mesmo aqueles que
originem novos débitos, a acrescer aos que integravam o passivo
que estava já impossibil i tado de satisfazer. São estes
comportamentos desconformes ao proceder honesto, l ícito,
transparente e de boa-fé, os quais, a verif icarem-se na conduta
do devedor, impedem que a este seja reconhecida a
possibil idade, preenchidos os demais requisi tos do preceito, de se
l ibertar de algumas das suas dívidas, para dessa forma lograr a
sua reabil itação económica. Como tal , o que se sanciona são os
comportamentos que impossibil i tem, dif icultem ou diminuam a
possibil idade de os credores obterem a satisfação dos seus
créditos, nos termos em que essa satisfação seria conseguida
caso tais comportamentos não ocorressem.
Face à matéria fáctica que atrás se considerou relevante, nada
foi apurado no sentido que aponte para que o insolvente não
tenha adotado uma atitude de l icitude, honestidade,
transparência e boa-fé no que respeita à sua situação
económica.
Por outro lado, igualmente não foi trazido aos autos qualquer
elemento que aponte no sentido da culpa do devedor na criação
ou agravamento da situação de insolvência – está também
preenchida a al ínea e) do art.º 238.º.
Sem prejuízo e considerando que não se mostra junta aos autos a
certidão de registo criminal, importará que seja apurado se o
devedor foi, alguma vez, condenada por sentença transitada em
julgado por algum dos crimes previstos e punidos nos artigos 227.º
a 229.º do Código Penal nos 10 anos anteriores à data da entrada
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em juízo do pedido de declaração da insolvência ou
posteriormente a esta data – al ínea f) do n.º 1 do artº 238.º do
CIRE.
Por último, não resulta que o devedor tenha violado qualquer dos
deveres de informação, apresentação ou colaboração previstos
no CIRE – al íneas i) e g) do artº 238.º
Com salvaguarda da necessidade de ser junta aos autos as
certidões de registo criminal, os demais pressupostos formais
previstos no CIRE estão preenchidos e não há elementos que
levem o signatário a emitir parecer que pudesse concluir pelo
indeferimento do pedido.
Assim, sendo tendo em conta que nada há que aponte no sentido
de ter mantido uma conduta contrária ao Direito, emite -se
parecer no sentido que deve ser concedido à insolvente a
possibil idade de após o período de cinco anos previsto no artº.
239, n.º 2 do CIRE, se exonere dos compromissos que até então
não lhe seja possível saldar, sob condição de, após ser junta
certidão de registo criminal, se comprovar que o devedor nunca
foi condenado por sentença transitada em julgado por algum dos
crimes previstos e punidos nos artigos 227.º a 229.º do Código
Penal nos 10 anos anteriores à data da entrada em juízo do
pedido de declaração da insolvência ou posteriormente a esta
data – al ínea f) do n.º 1 do artº 238.º do CIRE).
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RIO
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rt.s
15
3.º
e 1
55
º C
IRE)
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8. INVENTÁRIO (ART.S 153.º E 155º CIRE)
VERBA n.º 1
Meação conjugal da Fracção Autónoma, designada pela letra
“I”, habitação do tipo T-quatro no quinto andar esquerdo, com
garagem número dois no rés-do-chão, do prédio urbano sito na
Avenida Sacadura Cabral – Vinha da Porta, freguesia de Godim,
concelho de Peso da Régua, descrito na Conservatória do Registo
Predial da Régua sob o número MIL CENTO E NOVENTA E DOIS –
GODIM e actualmente inscri to na respectiva matriz predial urbana
sob o artigo 2º da União de Freguesia de Peso da Régua e Godim,
o qual proveio do artigo 1834º da freguesia de Godim, com o
valor patr imonial de ---------------------------------------------€ 132.458,70.
VERBA Nº 2
Viatura l igeira de passageiros da marca CITROEN , modelo XSARA
PICASSO, com a matrícula 81-90-SF, no valor de---------------€ 750,00
VERBA Nº 3
Viatura l igeira de passageiros da marca AUDI, modelo A3 1.9 TDI
ATRACTION, com a matrícula 23-90-XG no valor de -------€ 4.500,00
Nota: Veículo detido pelo devedor com reserva de propriedade
do Banco Santander Consumer Portugal, SA, cujos valores em
dívida ascendem a ------------------------------------------------- € 7.936,31.
9. RELAÇÃO PROVISÓRIA DE CREDORES (ART. 154º CIRE)
Em anexo