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Relatório de considerações
finais e orientações
Produção Intelectual 3
Elaborado por “Consorzio di cooperative sociali EVT”
O presente projeto foi financiado com o apoio da Comissão Europeia. Esta produção intelectual reflete apenas o ponto de vista
do autor, não podendo a Comissão ser responsabilizada por qualquer utilização que possa ser feita das informações nela contidas. Programa Erasmus+/Convenção de Subvenção número: 2015-1-UK01-KA202-013690
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
1 METODOLOGIA DO PROJETO EFT .................................................................................. 4
1.1 A ACT enquanto estratégia de intervenção na formação e inclusão social ................................ 8
1.2 Abordagem do projeto EFT ....................................................................................................... 10
1.3 O modelo belga ......................................................................................................................... 11
1.4 Perfil de Competência do “Formador em ambiente de aprendizagem em contexto de
trabalho” ................................................................................................................................................ 12
2 FORMAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO PARA TÉCNICOS ...................................................... 15
2.1 Visitas e experiências ................................................................................................................ 17
2.1.1 Restaurante de Formação Le Torri ....................................................................................... 17
2.1.2 SIIL Faenza (Suporte integrado para a inclusão no trabalho) ............................................... 18
2.1.3 Consórcio Fare Comunità (Bagnacavallo, Província de Ravenna)......................................... 20
2.1.4 Cooperativa Social CEFF Faenza ........................................................................................... 21
2.1.5 “Circolo ufficiali” (Oficers’ Club) ........................................................................................... 23
2.1.6 IRECoop ................................................................................................................................ 24
2.2 Resultados da sessão de formação ........................................................................................... 26
2.2.1 Metodologia de Aprendizagem em Contexto de Trabalho .................................................. 27
2.2.2 Comunicação/Branding ........................................................................................................ 29
2.2.3 Avaliação inicial e contínua das competências ..................................................................... 29
2.2.4 Integração no mercado de trabalho ..................................................................................... 30
3 RECOMENDAÇÕES E ORIENTAÇÕES............................................................................. 34
3.1 Abordagem de formação na ACT .............................................................................................. 34
3.2 Análise das competências dos formadores da ACT .................................................................. 36
3.3 Formação de ACT para formadores: dicas e sugestões ............................................................ 39
3.4 Perspetiva da ACT: considerações finais ................................................................................... 41
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 45
ii
O consórcio do projeto consiste em seis parceiros ativos no setor do ensino e formação
profissional do RU, Áustria, Bélgica, Itália, Portugal e Turquia.
Consórcio
ASPIRE IGEN GROUP The Opportunity Centre 21-27 CheapsideOnward House, 2 Baptist Place Bradford BD1 4HR Reino Unido www.aspire-igen.com
BEST - INSTITUT FUR BERUFSBEZOGENE WEITERBILDUNG UND PERSONALTRAINING GMBH Mariahilfer Straße 8 1070 Wien Áustria http://www.best.at/
Consorzio di cooperative sociali EVT via Marco Bressan, 1 35042 Este (PD) Itália http://www.evtnetwork.it/
AID - Actions Intégrées de Développement Complexe Aeropolis, AID Coordination - 4e étage 579, Chaussée de Haecht - 1030 Bruxelles Bélgica http://www.aid-com.be/
Sociedade Portuguesa de Inovação - Consultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, S.A. Avenida Marechal Gomes da Costa 1376 Porto, Portugal www.spieurope.eu
INNOVATIVE EDUCATORS ASSOCIATION (Yenilikci Egitimciler Dernegi) Esenşehir Mah. Kürkçüler Cad. Safir Sok. No:11 Kat:1 Oda:3 Dudullu Ümraniye, İstanbul Turquia http://www.innovativeduca.com/
3
INTRODUÇÃO
1
INTRODUÇÃO
A terceira produção intelectual consiste na produção final do projeto EFT. O primeiro capítulo
revisita as atividades, a metodologia e os resultados das fases anteriores do projeto. Além
disso, analise as teorias e os significados da Aprendizagem em Contexto de Trabalho (ACT).
O projeto EFT também criou um modelo de formação ACT específico (ver Produção intelectual
1) que deverá ser usado com indivíduos desfavorecidos com dificuldades de aprendizagem
face aos métodos de ensino tradicionais. O capítulo Um apresenta a síntese deste modelo,
igualmente útil enquanto estratégia de facilitação de processos de integração no mercado do
trabalho e em contextos sociais. É discutido um exemplo específico belga - Entreprise de
Formation par le Travail (EFT – Empresa de Formação em Contexto de Trabalho) – e usado
como modelo de referência na conceção e implementação de futuras práticas ACT.
O projeto EFT também desenvolveu um perfil de competências para formadores engajados em
projetos e serviços relacionados com a Aprendizagem em Contexto de Trabalho, resultado
original do projeto (ver Produção Intelectual 2). Não se trata de um produto acabado, uma vez
que as especificações e os conteúdos serão formulados tendo em consideração as futuras
experiências e práticas de formação. No Capítulo Dois encontram-se resumidas as atividades
principais de formadores que exercem funções no âmbito da Aprendizagem em Contexto de
Trabalho e de competências associadas a este papel profissional.
Com base nos resultados dessas fases prévias do projeto, foi planeada e levada a cabo uma
sessão de formação específica. Formadores, tutores, educadores e trabalhadores sociais que
pertencem às organizações parceiras do projeto frequentaram essas atividades de formação.
No Capítulo Três estão explicadas as estratégias, conteúdos, escolhas e ferramentas
metodológicas dessa sessão de formação de pessoal conjunta. Durante a sessão de formação
foram realizadas várias visitas a experiências relevantes inspiradas pela metodologia de
Aprendizagem em Contexto de Trabalho. O Relatório também apresenta um conjunto das
principais observações e sugestões que os formadores, que frequentam a sessão de formação,
expressaram em relação às visitas.
2
Por último, no Capítulo Quatro estão mencionadas algumas recomendações e orientações.
Estas referem-se especificamente à formação ACT para formadores e às atividades e projetos
de Aprendizagem em Contexto de Trabalho. Essas recomendações visam criar melhores
iniciativas futuras adotando a abordagem ACT.
3
1. METODOLOGIA DO PROJETO EFT
4
1 METODOLOGIA DO PROJETO EFT
No desenvolvimento do projeto, cada fase de atividades culmina na produção de um resultado
específico.
A primeira produção intelectual consistiu no desenvolvimento de um quadro comum de
Aprendizagem em Contexto de Trabalho que concluiu a atividade de Investigação1. O IO1 teve em
consideração o debate mais alargado sobre a Aprendizagem em Contexto de Trabalho na Europa
de hoje, relativo tanto ao ensino profissional inicial e contínuo como à formação. A investigação
encontrou e analisou algumas boas práticas de ACT nos países que participam no projeto. Em
conclusão, o IO1 elaborou:
Uma síntese de termos de referência sobre a ACT, selecionados a partir de fontes
europeias (ex. CEDEFOP, EC), considerada durante a implementação do Modelo EFT. É
uma espécie de lista de palavras-chave, um glossário dos termos mais importantes (ou
seja, educação de adultos, competência, aprendizagem ao longo da vida, formação
profissional…) usado nas atividades e projetos de Aprendizagem em Contexto de
Trabalho;
Modelo de Aprendizagem em Contexto de Trabalho Comum EFT (Experience For Training).
Tendo em conta os aspetos relevantes dos contextos nacionais e a grande diversificação
de experiências de ACT, a proposta EFT sobre a ACT é um modelo híbrido. Esta reúne
diferentes exemplos de ACT descritos nas melhores práticas e analisados no âmbito do
projeto. O quadro comum elaborado é flexível a diferentes contextos nacionais (em
termos de objetivos, legislação, regras, etc.). Ao usar as orientações gerais do modelo
sobre como realizar uma abordagem EFT em relação à ACT, os formadores deverão ser
capazes de desenvolver programas EFT específicos às suas próprias necessidades e
contextos particulares. Um dos principais objetivos do modelo é a inclusão social de
adultos com baixas qualificações/desempregados/marginalizados e/ou jovens. O modelo
EFT assenta em 6 elementos-chave que resumimos a seguir;
1 A produção Intelectual 1 intitulada “Investigação e Quadro Comum ” foi elaborada por BEST, o parceiro austríaco. Está disponível nos idiomas dos parceiros do projeto no sítio Web: www.eft-project.eu
5
Alguns conselhos para o desenvolvimento e implementação de ações de ACT futuras. Na
perspetiva do desenvolvimento do programa de formação de ACT, os conselhos
assentaram em quatro desafios principais: 128
1. Grupo alvo a considerar: grupos desempregados, com baixas qualificações e
marginalizados);
2. Vários modelos, metodologias, métodos, prática de ACT a adotar;
3. A crise económica atual que afeta alguns países cria dificuldades em
encontrar financiamento que assegure a sustentabilidade financeira de um
programa EFT e/ou empresa social;
4. Não há legislação adequada.
A Produção Intelectual 22 tinha como objetivo o desenvolvimento de um perfil de competências
de qualquer formador que trabalhe em ambientes de Aprendizagem em Contexto de Trabalho, o
que inclui uma lista de verificação de competências. A lista de verificação foi assumida como um
ponto de referência comum para comparar diferentes práticas profissionais, compreender a
especificidade de cada uma, mas também o que têm em comum.
De forma a “traduzir” os resultados e os principais elementos da IO1-IO2 nos conteúdos das
sessões de formação, os parceiros decidiram providenciar um questionário aos seus formadores,
trabalhadores sociais e tutores para compreender melhor os aspetos metodológicos e
organizacionais das suas atividades diárias, nos quais a formação para o formador se basearia. As
respostas às perguntas (informações, opiniões, sugestões …) deram lugar a quatro áreas de
interesse que devem ser analisadas pormenorizadamente durante as atividades de formação:
Comunicação/Branding: Implementar (individualmente ou em equipa) atividades produtivas que
considerem aspetos pedagógicos, bem como obrigações técnicas e económicas.
Avaliação inicial e contínua de competências: avaliação dos formandos no início e durante os seus
percursos de formação.
2 A Produção Intelectual 2 intitulada “Perfil de Competências Profissionais no Âmbito da Aprendizagem em
Contexto de Trabalho ” foi elaborada por AID, o parceiro belga. Está disponível nos idiomas dos parceiros no sítio Web: www.eft-project.eu
6
Integração no mercado de trabalho: Estratégias para organizar e implementar a integração dos
formandos no mercado de trabalho normal, com foco nas relações com terceiros.
Metodologia de Aprendizagem em Contexto de Trabalho: Estratégias e medidas que permitam a
aprendizagem em locais de trabalho reais. Experiência de trabalho estruturado que facilite o
desenvolvimento de competências formalmente reconhecidas (certificação).
7
2. APRENDIZAGEM EM CONTEXTO DE TRABALHO:
ESTRATÉGIA, A ABORDAGEM DO PROJETO EFT E O MODELO
BELGA
8
Aprendizagem em Contexto de Trabalho: estratégia, a abordagem do projeto EFT e o modelo belga
1.1 A ACT ENQUANTO ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA FORMAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL
A Aprendizagem em Contexto de Trabalho é uma abordagem pedagógica e formativa cada vez
mais usada em atividades de formação com adultos e jovens. Na Europa, há um grande leque
de atividades, projetos e serviços que recorrem à ACT para facilitar os percursos de inclusão e
os processos de integração no mercado de trabalho. É dada uma atenção especial a indivíduos
desfavorecidos.
A ACT abrange vários tipos de processos de aprendizagem:
Aprendizagem em contextos formais/informais;
Aprendizagem intencional/espontânea;
Formação formal/ formação não formal;
Formação em “sala de aula” /formação no trabalho
A ACT difere de outras abordagens semelhantes, colocando a ênfase na importância do
trabalho no processo de aprendizagem. Recordemos algumas abordagens:
A Aprendizagem no Local de Trabalho é um processo de aprendizagem que ocorre
diariamente no local de trabalho. Nos seus locais de trabalho, os funcionários
desenvolvem competências de resolução de problemas ou atingem os resultados
esperados. Não está previsto qualquer reconhecimento formal para o processo de
aprendizagem;
A Aprendizagem Relacionada com o Trabalho diz respeito às “atividades planeadas
que usam o contexto laboral para desenvolver conhecimentos, competências e
perceber o propósito no trabalho. Tal inclui a aprendizagem pela experiência de
trabalho e aprendizagem de competências para o trabalho” (QCA, Londres, 2003);
Integração da Aprendizagem Baseada no Problema (ABP) de projetos de trabalho
real (e sociais) no EFP ou em currículos do ensino secundário;
A Aprendizagem em Contexto de Trabalho (ACT) é uma experiência de trabalho
estruturado que conduz à certificação de competências e ao diploma.
9
A ACT é atualmente um aspeto fundamental da formação profissional3; está diretamente
relacionada com a missão do EFP de ajudar os alunos a adquirir conhecimentos, aptidões e
competências essenciais na vida profissional.
Combina a aprendizagem adquirida em contextos formais (sistema escolar ou EFP) com a
aprendizagem adquirida pela experiência em contextos não formais ou informais no trabalho.
A Aprendizagem em Contexto de Trabalho pode ser integrada na herança pessoal e cultural do
formando. É avaliada e conduz à aquisição de competências ou qualificações.
A ACT pode ser usada de formas diferentes (Owens-Rutherford, 2007, pp. 361-366):
Como parte do ensino superior ou dos currículos académicos. Nesses casos, a
aprendizagem prévia do adulto é reconhecida como forma válida de aprendizagem
por instituições do ensino superior ou Universidades (Gray - Cundell - Hay - O'Neill,
2004);
Como parte de um programa de aprendizagem organizado de promoção do
emprego;
Como medida de responsabilidade individual ou coletiva num contexto de trabalho.
As três formas mais comuns da ACT na Europa (no EFPI – Ensino e Formação Inicial) – como já
referido na IO1 do nosso projeto – são:
a) A aprendizagem;
b) A formação no trabalho em empresas;
c) Os programas escolares com integração da ACT (EC 2013, 6).
Quanto à aprendizagem, os “sistemas duais” alemães, austríacos e suíços são sempre
designados como melhores práticas. Também no projeto EFT, designamos a experiência do
parceiro austríaco como relevante. As definições/termos associados à aprendizagem diferem
nos países europeus; em qualquer caso, a aprendizagem é sempre uma forma de ACT a longo
prazo e a tempo inteiro.
3 Para mais detalhes:
http://ec.europa.eu/dgs/education_culture/repository/education/policy/vocational-policy/doc/alliance/work-based-learning-in-europe_en.pdf
10
A formação no trabalho inclui estágios, colocações e estágios de formação, incorporados nos
programas de EFP como um elemento obrigatório ou opcional, que conduzem a qualificações
formais. Normalmente, representam cerca de 25-30% (mas pode ser menos) do programa de
formação. Dependendo do país e do programa seguido, os mesmos poderão constituir um pré-
requisito para concluir com aprovação um curso de EFP. Muitas empresas, em particular PME,
continuam a considerar um fardo o facto de assumir estagiários/formandos/alunos, na medida
em que os procedimentos administrativos para designação de formadores, a cooperação com
escolas EFP etc., são morosos e dispendiosos.
A ACT é integrada em programas escolares sob a forma de laboratórios no local, workshops,
empresas jovens/empresas de formação prática, empresa virtual ou real/atribuições de
projeto industrial.
Estes podem fazer parte da infraestrutura existente da escola ou de iniciativas comerciais
individuais estabelecidas pela escola para apoiar a criação de determinadas instalações (tais
como um restaurante comercial no local composto por estudantes). O objetivo é criar
ambientes de trabalho da “vida real” para estabelecer contactos e/ou cooperação com
empresas ou clientes reais, desenvolvendo competências empresariais. Os formadores
concebem atividades de aprendizagem em cooperação com as empresas.
1.2 ABORDAGEM DO PROJETO EFT
No projeto EFT, a Aprendizagem em Contexto de Trabalho é concebida nestes termos: “Os
programas de ACT são programas organizados que assentam na sua totalidade, ou
predominantemente, num cenário de trabalho, ou seja, num contexto de trabalho ou no
próprio local de trabalho. Visam o desenvolvimento de conhecimentos, aptidões e
competências que são – em sentido lato – relevantes para o mundo de trabalho. O trabalho e
as tarefas de trabalho são usados como o contexto predominante para a aprendizagem” (EFT,
IO2).
Considerando esta definição, o projeto EFT produziu um modelo de Aprendizagem em
Contexto de Trabalho comum (Modelo EFT). A estrutura do modelo identifica seis
características principais da formação da seguinte forma:
11
1. É direcionado para "grupos marginalizados” para quem a formação tradicional, os
estágios e percursos normais de emprego deixaram de ser uma solução eficaz para
integração no mercado de trabalho. Estes formandos poderão necessitar de apoio
especializado para enfrentarem barreiras mais abrangentes, tais como apoio para
reforçar a confiança e auto capacitação, ou reconstruir redes sociais e relações;
2. Recorre a fundos não públicos. Tal ocorre porque a crise económica levou a uma
diminuição do financiamento público e dos recursos para a educação e a formação
em toda a Europa. Assim, outras fontes e modelos de financiamento são essenciais
para apoiar os programas de formação, com um foco nos fundos não públicos (por
exemplo, combinando estrategicamente a formação profissional à indústria);
3. A atividade de formação está intrinsecamente ligada à atividade da produção;
4. Acompanha os desenvolvimentos europeus (e mais globais) na ACT;
5. Trata-se de uma atividade aceite e reconhecida em todos os países parceiros e
funciona de acordo com a legislação; e com as práticas atuais nesses países (foram
recolhidas informações a esse respeito nas melhores práticas);
6. As Melhores Práticas belgas devem servir de modelo exemplar para o modelo EFT
mais amplo.
1.3 O MODELO BELGA
A Entreprise de Formation par le Travail (EFT – Empresa de Formação em Contexto de
Trabalho)4. É uma empresa de formação focada na integração de indivíduos desfavorecidos no
mercado de trabalho. Assenta em três elementos principais: económico, social e pedagógico.
Na realidade, o projeto inclui várias possibilidades, estratégias e intervenções:
4 Ver documentação em http://emploi.wallonie.be/Pour_Vous/Associations/EFT.html
www.aid-com.be/presentation_reseau.php. As EFT são levadas a cabo com a colaboração
institucional da FOREM, o instituto público do emprego e formação profissional
12
Inclusão (dimensão social no sentido de desenvolver competências relacionais e
autoconsciência, orientada para a integração de indivíduos no mercado de trabalho;
Trabalho e produção (dimensão económica), fomentando as competências e os
conhecimentos técnicos;
Formação, para o desenvolvimento de competências sociais e técnicas (dimensão
pedagógica).
Os formandos têm o estatuto de aprendiz e poderão receber apoio social. São considerados
“alunos (indivíduos em formação)” e não são “trabalhadores”. Têm no mínimo 18 anos, estão
à procura de um trabalho, não possuem o diploma do ensino secundário, e encontram-se em
situação de desemprego há pelo menos 24 meses.
A nível pedagógico, o pressuposto é de que os indivíduos aprendem melhor através de uma
experiência produtiva real e concreta do que em situações simuladas.
O projeto EFT opta pelo modelo belga como referência positiva para a implementação de
futuros exemplos. É claro que é necessário adaptar esse modelo às situações específicas dos
diferentes países.
1.4 PERFIL DE COMPETÊNCIA DO “FORMADOR EM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM EM CONTEXTO DE
TRABALHO”
A adoção de uma abordagem de ACT requer o desenvolvimento de competências específicas
por parte dos formadores. É necessário que estes estabeleçam uma relação pedagógica
diferente e eficaz com os vários grupos, ou indivíduos, para facilitar a aquisição dos seus
conhecimentos e competências, e o desenvolvimento de atitudes e comportamentos
apropriados ao seu desempenho profissional.
À luz da experiência belga no âmbito da EFT, a abordagem ACT adotada pelo projeto assenta
em três tipos de objetivos: objetivos sociais, pedagógicos e económicos. O formador da ACT
deverá desenvolver competências relacionadas com estas três dimensões e objetivos. Na IO2,
ao introduzir o perfil profissional do “formador ACT”, consideramos diferentes funções. Assim,
o formador ACT ao mesmo tempo (IO2 – projeto EFT , pág. 7):
13
Transmite e avalia conhecimentos, aptidões e competências;
Cria condições que contribuem para a boa execução dos cursos de formação.
O formador ACT é um técnico de um setor económico específico (que compreende as
competências profissionais e acompanha as mudanças) e um promotor de bens e/ou serviços
de qualidade. Estabelece relações entre os formandos e os serviços sociais; entre os
formandos e os estágios externos e/ou o emprego. Por fim, colabora e comunica de forma
eficaz e positiva com todos os serviços e funcionários do centro de formação de forma a
satisfazer o propósito social do centro de formação.” Essas diferentes missões encontram-se
especificadas na lista de verificação de competências, organizada em 7 atividades chave. Para
cada atividade Chave, existem algumas competências específicas (com diferente relevância,
desde “opcional” a “competência essencial”).
Atividades Chave
1. Orientar e implementar atividades de formação;
2. Fazer parte da avaliação do sistema de formação das atividades de formação
específicas;
3. Estar envolvido na organização e na equipa;
4. Estar envolvido nas políticas de formação contínuas da organização;
5. Contribuir para a atividade de produção;
6. Acompanhar os formandos no seu percurso para a inclusão social e profissional;
7. Competências transversais.
O perfil de competências elaborado como produção intelectual 2 foi usado durante a
formação, como referência e guia para descrever as experiências italianas visitadas.
14
3. FORMAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO PARA TÉCNICOS
15
2 FORMAÇÃO DE CURTA DURAÇÃO PARA TÉCNICOS
Catorze formandos são oriundos dos países parceiros (RU, Áustria, Bélgica, Portugal, Turquia e
Itália), incluindo técnicos, formadores, tutores profissionais, pessoas que trabalham
diariamente no setor da formação, e aqueles que trabalham na área da abordagem da
Aprendizagem em Contexto de Trabalho. Durante a sessão de formação, participaram vários
especialistas dos centros de EFP de Itália, do setor empresarial social e não social.
O principal objetivo da sessão de formação consistiu em familiarizar os formadores com as
abordagens metodológicas da aprendizagem em contexto de trabalho. Além disso, os
participantes foram convidados a discutir e a refletir sobre os conteúdos do projeto,
desenvolvido nos termos da IO1 e IO2.
Os conteúdos da formação foram decididos com base nas respostas dos formadores e tutores
ao questionário do projeto (Capítulo 1, pág. 4) e mediante uma discussão entre gerentes
nacionais de organizações parceiras.
A ideia subjacente à organização da semana de
formação foi o recurso a uma “abordagem ativa”,
assente na aprendizagem pela experiência direta. A
semana de formação começou com uma introdução
em torno da panorâmica da ACT e das empresas
sociais italianas, uma panorâmica dos resultados
prévios e os principais resultados das fases
anteriores do projeto, e uma visita ao restaurante de
formação Le Torri. Nos três dias seguintes foi
organizada uma visita de estudo por dia em
diferentes organizações com uma reunião de
balanço final para o desenvolvimento de conteúdos
e partilha de opiniões entre os participantes.
16
Foi planeada uma sessão de avaliação final para combinar os principais elementos,
relacionados com as 4 áreas de interesse de “linha vermelha”, decorrentes da análise do
questionário dos formadores:
1. Comunicação/Branding;
2. Avaliação inicial e contínua das competências;
3. Integração no mercado de trabalho;
4. Metodologia de Aprendizagem em Contexto de Trabalho.
O programa da sessão de formação foi desenvolvido no seguimento dessa “linha vermelha” e
cada visita foi selecionada tendo em consideração a sua relevância no que toca aos 4 tópicos e
à relação com o Consórcio EFP:
Tabela 1 - Distribuição original das visitas de estudo no seguimento dos 4 tópicos principais da sessão de formação
COMUNICAÇÃO/BRANDING Restaurante de formação “Le Torri”
Consórcio Fare Comunità
AVALIAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA DAS COMPETÊNCIAS SIIL Faenza
Officers’ Club Restaurante de formação “Le Torri”
INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO SIIL Faenza
Cooperativa social CEFF IRECoop
METODOLOGIA ACT
Restaurante de formação “Le Torri” Cooperativa social CEFF
Officers’ Club IRECoop
Durante a sessão, foram usados vários métodos de formação em relação a diferentes
atividades de formação e era necessário que os participantes tomassem notas durante as
visitas, conferências e grupos de trabalho, no âmbito das quatro áreas de interesse acima
indicadas. As suas notas pessoais eram posteriormente discutidas em grupo e usadas no
desenvolvimento desta produção intelectual.
17
2.1 VISITAS E EXPERIÊNCIAS
Encontram-se a seguir uma breve descrição da organização e uma síntese dos principais
aspetos de interesse para cada visita, enumerados pelos participantes. Esses elementos
surgiram durante os grupos de trabalho dos participantes após cada visita. O símbolo “+”, ao
lado de cada frase, indica o número de indivíduos que concordaram com a observação,
lembrando as quatro áreas diferentes de interesse propostas para a sessão:
“Comunicação/Branding”, “Avaliação inicial e contínua das competências”, “Integração no
mercado de trabalho”, “Metodologia de Aprendizagem em Contexto de Trabalho”.
2.1.1 RESTAURANTE DE FORMAÇÃO LE TORRI
O Le Torri é o primeiro restaurante de formação em Itália. Foi criado pela CEFAL, uma entidade
de formação profissional pertencente ao sistema de formação regional da Emilia-Romagna e
associada a uma cooperativa social It2, membro do Consórcio EFP.
O restaurante está sedeado em Bolonha, perto do centro; dispõe de uma ampla sala de
refeições para 100 pessoas e uma cozinha, onde podem trabalhar até 15 formandos. Os
indivíduos que trabalham no restaurante – jovens e adultos em risco de exclusão social – são
formandos do ponto de vista formal e estão integrados numa empresa real, com clientes reais.
Durante o ano passado, 80 formandos dos percursos de formação de cozinha da CEFAL
trabalharam no restaurante Le Torri, no seguimento de uma formação específica sobre a
cozinha bolonhesa.
18
O pessoal do restaurante é composto por três profissionais: um chef e dois ajudantes de
cozinha -sala de refeições.
Os participantes sublinharam que este ambiente de aprendizagem permite a
rotatividade laboral dos formandos, podendo assim experimentar todos os diferentes
papéis profissionais no âmbito da gestão do restaurante (+++). Trata-se de um local de
trabalho real, com clientes reais da zona, mas protegidos e supervisionados de forma a
assegurar um bom processo de aprendizagem para os formandos que, desta forma,
podem aumentar as suas competências em termos de autonomia e sentir-se mais
responsáveis pelo seu trabalho e pelas atividades diárias (++++). A atividade de
reunião de balanço levada a cabo no final do dia de trabalho em grupos entre o
formador e os formandos é um interessante caso de avaliação de competências (++).
Alguns participantes também realçaram o facto de poder ser difícil transferir este tipo
de experiência para outros países europeus, uma vez que exige uma legislação
adequada e recursos disponíveis para fazer este tipo de investimento (++).
2.1.2 SIIL FAENZA (SUPORTE INTEGRADO PARA A INCLUSÃO NO TRABALHO)
SIIL é um serviço orientado para indivíduos desfavorecidos, em particular aqueles com
incapacidade. Pertence ao Consórcio Fare Comunità, membro da rede EFP. Visa assegurar uma
colocação do indivíduo “focada”, graças aos percursos de “inclusão mediada”, em
conformidade com a lei italiana 68/99.
O SIIL destina-se a:
Indivíduos desfavorecidos com problemas de saúde mental;
Indivíduos com deficiências físicas e sensoriais que precisam de apoio;
Indivíduos socialmente desfavorecidos.
Alguns tipos de planos pessoais são personalizados para os indivíduos com deficiências,
incluindo:
Cursos de formação: segurança, TIC, cozinha, e mais serviços de requalificação para
substituição, avaliação de competências, flexibilidade e novas competências;
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Aconselhamento e percursos profissionalizantes;
Projetos pedagógicos de acompanhamento;
“Mediação” para os projetos de trabalho;
Projetos destinados a apoiar a empregabilidade.
O “Mediador” é o profissional que supervisiona muitos aspetos do serviço.
Gere grupos operacionais, estabelece e mantém a rede com os serviços sociais de saúde e
serviços de especialização. Consulta todos os indivíduos envolvidos num percurso individual:
beneficiários/famílias/formadores/empresas/serviços sociais e de saúde. Em parceria com as
empresas, está envolvido em processos de consultoria e monitorização (supervisão).
O SIIL gere cerca de 350 projetos individuais e aproximadamente 80 contratações todos os
anos.
Os aspetos mais interessantes para os participantes da formação estão relacionados com 2 dos
4 tópicos que constituíram a linha vermelha da sessão: “Avaliação inicial e contínua das
competências” e “Integração no mercado de trabalho”.
Avaliação inicial e contínua das competências:
A consultoria e mentoring (entrevistas extensas) levadas a cabo no início do processo
de conceção do percurso individual para encontrar o curso/trabalho que o indivíduo
desfavorecido pode seguir; esta técnica poderá prevenir o abandono escolar ++
Esta fase inicial de conhecimento do indivíduo poderá garantir uma espécie de
transparência e reconhecimento de competências a implementar ++
Integração no mercado de trabalho:
O SIIL tenta desenvolver novos cursos, ou atualizar os já existentes, envolvendo
empresas locais de forma a satisfazer tanto quanto possível as suas necessidades ++
O SIIL ajuda indivíduos em situação de desemprego, com deficiência, desfavorecidos
socialmente a encontrar um trabalho; teve origem e ainda tem uma orientação forte
social para a comunidade local ++
20
Em função da apreciação e da fase de avaliação do indivíduo, é possível começar um
processo de requalificação das carreiras ++
2.1.3 CONSÓRCIO FARE COMUNITÀ (BAGNACAVALLO, PROVÍNCIA DE RAVENNA)
É uma agência de desenvolvimento local para o bem-estar comunitário e luta contra a
exclusão social. O Consórcio Fare Comunità é constituído por 10 membros, todos com sede na
Província de Ravenna: cooperativas sociais (5), cooperativas a operar no campo da
investigação/serviços e desenvolvimento territorial (2), Centros de Formação Profissional (3).
As empresas com fins lucrativos e as Autoridades Públicas enfrentam cada vez mais
dificuldades em responder às complexas necessidades da comunidade. O Consórcio Fare
Comunità tenta contribuir para satisfazer algumas dessas necessidades, favorecendo os
processos de inclusão social e laboral de grupos desfavorecidos, bem como implementar
percursos e redes para a inovação social. O Consórcio Fare Comunità leva a cabo atividades
específicas:
Projetos/serviços para a inclusão no trabalho de pessoas desfavorecidas;
Projeta, investiga e apoia atividades relacionadas com o Desenvolvimento Económico
Sustentável, a Coesão Social, a Participação do Cidadão na criação do bem-estar
comunitário.
Através da investigação e da gestão do projeto, o Fare Comunità e os seus parceiros planearam
processos de desenvolvimento que promovem ativamente o bem-estar comunitário de forma
partilhada/participada, envolvendo os cidadãos, as Autoridades Públicas e as empresas
privadas. Os projetos do Fare Comunità podem ser distribuídos por 5 categorias: comunicação
social, economia social, finança ética, turismo social e serviços de emprego.
21
Durante o debate do último dia,
quase todos os participantes
(+++++++++++++) categorizaram esta
experiência no âmbito do tópico
Integração no mercado de trabalho,
sublinhando a capacidade do Fare
Comunita de criar sinergias para a
comunidade e usar recursos comuns.
Segundo as ideias dos formadores, esta “abordagem territorial” para o bem-estar comunitário
e a luta contra a pobreza e a exclusão social é algo a ter em mente ao redesenhar e atualizar as
estratégias internas e as missões das suas organizações.
2.1.4 COOPERATIVA SOCIAL CEFF FAENZA
A CEFF (Cooperativa Pedagógica Famiglie Faentine) "Francesco Bandini" ONLUS é uma
cooperativa social, membro do consórcio EFP, que presta serviços sociais, de saúde e
pedagógicos (tipo A) e que produz bens e serviços (tipo B), de acordo com a lei italiana 381/91.
Foi fundada em 1977 e opera na província de Faenza com indivíduos com deficiência e
desfavorecidos.
A CEFF gere dois serviços sociais e pedagógicos, em concertação com os Serviços Sociais do
Município de Faenza:
"Il Sentiero", um workshop protegido, onde se verificam as competências eficazes dos
indivíduos e se definem os projetos individuais. O serviço é focado nos jovens e
adultos com deficiências físicas, mentais, físicas e sensoriais médias/significativas;
O Workshop Integrado é um serviço de formação cujo objetivo é a Integração no
mercado de trabalho. Os indivíduos com um nível médio/baixo de incapacidade e os
indivíduos desfavorecidos participam na formação e nas atividades sociais e
pedagógicas do centro.
22
A CEFF oferece dois tipos de serviços de formação:
Serviços pedagógicos, com projetos individuais definidos tendo em consideração as
capacidades pessoais dos indivíduos com deficiência;
Atividades de trabalho produtivo em vários setores: mecânico, ambiental, jardinagem,
limpeza, arte e criatividade. Essas atividades – funcionando em colaboração com
muitos parceiros económicos, institucionais e sociais – visam inserir os indivíduos com
incapacidade e desfavorecidos no mercado de trabalho normal.
Durante a reunião de balanço surgiu um elemento da
ACT muito interessante que consistiu na “integração de
indivíduos capacitados e indivíduos com deficiência
(deficiência física e mental). O contexto relacionado com
os serviços pedagógicos (tipo A) é protetor, mas o apoio
social, as atividades de formação e a produção de
trabalho estão todos sob a mesma insígnia, tal como no
triângulo do modelo belga” (+++).
Os participantes também realçaram a importância de “organizar algumas atividades em
paralelo com o trabalho, tais como teatro, workshop cerâmico, viagens, etc., que fazem com
que os indivíduos se sintam ativamente envolvidos” ++++.
A mensagem retida pelos participantes consistiu no facto de ser uma empresa real, que não
comercializa o facto de serem “sociais”, mas que associa o seu sucesso ou insucesso à
qualidade dos seus produtos (+++). Esse aspeto permitir-lhes-á sobreviver mesmo na falta de
fundos públicos, sendo mais sustentável (++).
“A forte relação e o profissionalismo do pessoal são os elementos chave que podem ajudar os
indivíduos desfavorecidos no seu plano de formação e no processo de Integração no mercado
de trabalho” (++).
23
2.1.5 “CIRCOLO UFFICIALI” (OFICERS’ CLUB)
O Officers’ Club é um restaurante situado em Bolonha no histórico Palazzo Grassi. Dispõe de
três salas de refeições com uma capacidade máxima de 150 pessoas; são organizados eventos
e banquetes mediante convite.
O restaurante abriu em setembro de 2016, graças à colaboração entre o Comando Militar do
Exército - Emilia Romagna, a empresa Armonia Living e o centro EFP FOMAL, uma organização
social, pedagógica e formativa promovida pela Diocese de Bolonha, ligada a um dos membros
EFP: a cooperativa social FANIN. Dentro do sistema de formação regional, a FOMAL
providencia atividades de formação, cursos, percursos de orientação, projetos personalizados
de integração no trabalho para indivíduos com deficiência e adultos desempregados em risco
de exclusão social.
Foi realizado um curso de formação de “técnico de cozinha” (formalmente um “quarto ano” no
currículo de formação regional) no Officers’ Club. O curso é elaborado em colaboração com as
empresas parceiras; o modelo de formação é a “empresa de formação”, onde os formandos
aprendem a trabalhar num contexto de mercado normal. O curso tem a duração de 1000
horas: 500 na “empresa de formação” Officers’ Club e 500 horas noutros restaurantes
parceiros. A experiência é inspirada no modelo de aprendizagem alemão. Os formandos ficam
2 dias no Officers’ Club e 3 dias em empresas parceiras.
A colaboração incomum entre diferentes entidades, tais como o Comando do Exército, o
Centro de Formação e Empresas permite – por um lado – usar e destacar um local inteligente e
importante na cidade e – por outro – prosseguir os objetivos da inclusão social, inovação na
formação e criação de postos de trabalho para jovens.
Os participantes consideraram o acordo entre o centro EFP FOMAL e 20 empresas locais da
indústria de restauração & alimentar local e o envolvimento destes na fase de conceção e
24
organização dos conteúdos de formação, enquanto estratégica da ACT e abordagem da
Comunicação/Branding, útil para o desenvolvimento local e interessante para uma eventual
transferência para outros países (++++). Os participantes reconheceram a importância dada à
comunicação entre formadores e formandos e a capacidade de encontrar compromissos e
soluções para as necessidades dos formandos: por exemplo, no início das atividades os
formandos podem indagar sobre a possibilidade de desempenhar um papel específico nesse
dia (cozinha, bar, sala de refeições, etc.) e discutem com os respetivos formadores as razões
subjacentes a um SIM ou NÃO, abordando-as em termos de avaliação de competências.
O acordo acima mencionado facilita a boa organização da experiência de trabalho do plano de
formação dos formandos, uma vez que os estudantes sabem logo desde o início em que
empresa permanecerão durante esse período (++). Segundo os participantes, esta abordagem
está relacionada tanto com a Comunicação/Branding como com a Integração no mercado de
trabalho e garante uma boa preparação dos formandos para o estágio (+++).
Numa perspetiva da ACT, a FOMAL proporciona formação para empresas de acolhimento
(seminários, workshops, reuniões) sobre diferentes assuntos de forma a ajudá-las a lidar com
os mais novos, durante o período que estes teriam de passar nas suas organizações (++++).
2.1.6 IRECOOP
A IRECoop é uma entidade formadora no mundo italiano da cooperação.
Durante a reunião com os participantes
foram apresentados dois projetos
relacionados com a abordagem de ACT.
Como não houve a possibilidade de
visitá-los, apenas de colaborar numa
apresentação de atividades e
resultados, a reunião de balanço final
foi organizada de forma diferente,
como um debate em grande escala
entre os parceiros.
25
Scoop – Cooperiamo a scuola
Este projeto leva a cabo workshops de sensibilização e formação para formandos e formadores
em torno do desenvolvimento e disseminação da “cultura cooperativa”.
É um projeto executado em escolas que investem na educação para a cooperação com o
intuito de:
1. Ajudar a criar uma nova geração de jovens envolvidos em experiências cooperativas;
2. Promover a difusão da cultura cooperativa e de empresas cooperativas no meio social;
3. Criar sólidos laços entre as escolas e o sistema de cooperação.
A experiência envolveu 2500 estudantes e 25 escolas de 2007 a 2015. O projeto ministrou 180
cursos de formação para um total de 2200 horas de formação.
Foram incluídos no projeto diferentes tipos de atividades:
Sensibilização e formação: 27 percursos (12 horas cada) no ensino secundário; 2
percursos (25 horas cada) na Universidade;
Simulação da constituição de uma cooperativa: 4 percursos (30 horas cada um);
Reforço das capacidades para formadores: workshops de formação;
Comunicação: desenvolvimento e utilização de uma marca comum, produção de um
vídeo, narração das atividades.
Empresa Simulada: Projeto- Associação Cooperativa Escolar – Instituto “Calvi” Finale Emilia
(MO)
A IRECoop promoveu um outro projeto em colaboração com o Centro de Formação
Profissional, o Instituto “Calvi”, sito em Finale Emilia (Província de Modena). Sete estudantes
com alguns formadores fundaram uma cooperativa na área da agricultura (lúpulo, cerveja,
produção de urtiga) e criação de espécies ornitológicas em risco de extinção.
O projeto tem alguns objetivos de formação claros:
1. Desenvolver processos de aprendizagem de cooperação;
26
2. Aumentar as competências cognitivas dos estudantes através da resolução concreta
de problemas;
3. Aumentar o nível de autonomia e de autoconfiança.
Na estrutura geral do projeto, um tutor é responsável por diferentes funções:
a. Acompanhar estudantes nas diferentes fases de trabalho;
b. Fomentar as escolhas dos estudantes respeitando a sua autonomia;
c. Criar uma rede dentro da escola e entre a escola e o setor social, envolvendo
diferentes organismos públicos e privados de forma a apoiar a experiência
cooperativa.
Os participantes consideraram estes dois projetos interessantes quanto a uma transferência
nos seus países: a criação de uma “ponte” entre o setor de formação e o terceiro setor é um
elemento inovador que poderá criar novos perfis profissionais e tipos de empreendedorismo
social para os mais jovens.
2.2 RESULTADOS DA SESSÃO DE FORMAÇÃO
Durante as visitas de estudo, os participantes tomaram as
suas notas nos seus cadernos, seguindo indicações
propostas. Durante a discussão, os formadores partilharam
os elementos observados. Podemos agora ler essas notas e
opiniões organizadas em quatro áreas de interesse
definidas como as mais importantes para as organizações
parceiras.
Integração no mercado de trabalho Comunicação/Comunicação/Branding
Avaliação inicial e contínua das competências Metodologia de Aprendizagem em Contexto de Trabalho
No final dos grupos de trabalho dedicados à reunião de balanço das visitas, foi solicitado aos
participantes que indicassem quão significativas tinham sido as visitas no que toca às quatro
27
dimensões da análise adotada. No quadro abaixo, os números nas colunas indicam as
preferências dos participantes.
Tabela 2 - Categorização dos participantes das visitas de estudo durante a última sessão de balanço
INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
COMUNICAÇÃO/ BRANDING
AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
ACT TOTAL
Restaurante de formação Le Torri
0 3 5 6 14
SIIL Faenza 7 0 7 0 14
Consórcio Fare Comunità
12 2 0 0 14
Coop. soc CEFF 5 1 3 5 14
Officers’ Club 4 1 2 7 14
IRECoop 1 5 1 7 14
Tabela 3 - Percentagem da categorização dos participantes das visitas de estudo durante a última sessão de balanço
INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
COMUNICAÇÃO/ BRANDING
AVALIAÇÃO DE COMPETÊNCIAS
ACT TOTAL
Restaurante de formação Le Torri
0% 21.44% 35.7% 42.86% 100%
SIIL Faenza 50% 0% 50% 0% 100%
Consórcio Fare Comunità
85.7% 14.3% 0% 0% 100%
Coop. soc. CEFF 35.7% 7.15% 21.44% 35.7% 100%
Officers’ Club 28.55% 7.15% 14.3% 50% 100%
IRECoop 7.15% 35.7% 7.15% 50% 100%
2.2.1 METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM EM CONTEXTO DE TRABALHO
Ao analisar várias visitas e projetos apresentados, os formadores enfatizaram alguns
elementos importantes relacionados com a abordagem de Aprendizagem em Contexto de
Trabalho. Podem ser distinguidos em diferentes dimensões:
28
Sobre a estratégia de ACT geral, os formadores indicam o “triângulo” do modelo belga:
“Associar três aspetos da ACT EFT: formação, produção económica e inclusão social”.
Também consideram que a “ACT favorece a empregabilidade e a inclusão no trabalho
de grupos alvo vulneráveis”. Esta nota é coerente com um dos elementos
fundamentais do modelo de formação de Aprendizagem em Contexto de Trabalho
EFT, focado nas necessidades dos indivíduos desfavorecidos.
Sobre o modelo de formação em contexto de trabalho, os formadores valorizaram o
facto de que um “plano de formação longo (3-4 anos) pode personalizar o percurso de
cada aluno, que poderá tentar diferentes funções e tarefas, e posteriormente
especializar-se. O modelo de ACT oferece oportunidades de aprendizagem num
contexto de trabalho real, onde todas as atividades são geridas em simultâneo. Um
ambiente de trabalho permite “assegurar uma abordagem holístico: todos têm
experiência em todas as áreas (sala de refeições, cozinha, etc.)”. A abordagem de ACT
prevê uma organização específica da aprendizagem que pode ser descrita como
“formação + estágio na empresa”, para manter um ambiente em contexto de trabalho
também na componente da formação (exemplo: Officers’ club);
Sobre o processo de aprendizagem, os participantes referiram alguns elementos como
relevantes. Primeiro, é importante (como verificado no projeto do Restaurante de
Formação “Le Torri”) “conferir aos estudantes a possibilidade de desenvolver as suas
competências num ambiente protegido”. A situação protegida permite aprender em
termos de tempos, relações e complexidade crescente das atividades e competências
exigidas. Este tipo de ambiente de trabalho protegido permite também “envolver os
estudantes nas decisões relacionadas com o seu percurso de formação”. A situação de
trabalho é protegida, mas todavia real; oferece oportunidades de aprendizagem e
desenvolve competências (técnicas, sociais e relacionais) através das relações com os
colegas, gestores e clientes: “Prestar atenção às relações com o cliente: competências
interrelacionais e competências sociais”.
Sobre os formadores. O modelo de formação de ACT, na realidade, pede aos
formadores (tutores, educadores, trabalhadores sociais) que reforcem as suas
competências e desenvolvam outras. Assim, os participantes referiram como
relevante: “criar uma atividade económica real ou simulada, os formadores devem
29
melhorar as suas competências: precisam tanto de competências técnicas como
pedagógicas”. Os formadores devem trabalhar em contacto direto com as empresas,
preparar e gerir percursos de formação para os alunos, tentar ultrapassar a lacuna
tradicional existente entre a formação e o trabalho: “formadores e empresas devem
trabalhar juntos para colmatar a lacuna entre empresa/mercado de trabalho e escola”.
Sobre o trabalho com as empresas. Considerando a necessidade de trabalho entre
formadores e empresas, é também necessário “formar as empresas (envolvê-las em
seminários ou workshops) sobre como lidarem com os mais jovens” de forma a
promover projetos de formação comuns no trabalho.
2.2.2 COMUNICAÇÃO/BRANDING
As visitas de estudo munem os participantes de algumas ideias e modelos para obter mais
estratégias de Comunicação/Branding. Analisando as experiências italianas e partilhando as
práticas nos seus países, os participantes expressaram algumas sugestões para promover as
atividades de Comunicação/Branding. Algumas estratégias podem ser direcionadas aos
clientes: “para a Comunicação/Branding é útil tornar visível o processo de produção (ex. o
cliente pode ver os estudantes na cozinha)”, ou numa empresa social/formativa é boa ideia
informar o cliente sobre as especificidades da empresa (ex. carta para cada cliente em cima da
mesa do Officers’ Club a explicar a experiência de formação que está a ser levada a cabo)”. De
uma forma geral, sugerem que é importante ”falar sobre a Comunicação/Branding para
valorizar os serviços e a produção de bens associados aos aspetos sociais”. Os projetos de ACT
precisam de novas estratégias de Comunicação/Branding, assim os participantes consideram
importante “ser criativo para oferecer novos serviços (através da empresa social), descobrindo
novos potenciais setores de mercado (ex. serviços no setor do turismo)”.
2.2.3 AVALIAÇÃO INICIAL E CONTÍNUA DAS COMPETÊNCIAS
Esta dimensão foi analisada pelos participantes que encontraram vários elementos de
interesse nas experiências visitadas:
30
Os objetivos da avaliação de competências, orientados “para requalificar o perfil profissional
dos estudantes e – a nível da formação – “para ajudar os estudantes a desenvolver
competências sociais e transversais”. Os formadores realçam que “a formação no trabalho
realizada num contexto de formação (ex. empresa formativa) permite uma primeira avaliação
das competências dos estudantes, adequando melhor o estágio às empresas locais”.
No início, durante as primeiras fases dos projetos de aprendizagem, é importante “prestar
atenção à realização de uma boa entrevista/avaliação, para determinar quais os formandos
(em particular adultos) que estariam ou não aptos, adaptando o programa ao indivíduo”. Por
exemplo, uma escolha estratégica recai sobre o “envolvimento das principais pessoas na vida
do formando (família, serviços sociais, psicólogo, etc.) na primeira fase de avaliação de
acompanhamento e de competências”.
Durante o percurso de formação, para assegurar uma “avaliação de competências contínua (os
tutores podem fazê-lo)” necessária, os formadores sugerem a inclusão da avaliação diária da
atividade “para prever o tempo específico para o balanço/avaliação das atividades diárias com
os estudantes”, “fazer uma avaliação de competências diária (no final do dia)”. Em relação às
formas de utilização da “avaliação inicial e contínua de competências”, os formadores
observam que poderá ser útil “envolver os estudantes em todos os tipos de atividades
desenvolvidas na empresa (exemplo: rotatividade laboral do Restaurante de Formação Le
Torri)”, em conjunto com a abordagem de ACT, assente nos recursos de aprendizagem
existentes nas organizações de trabalho.
2.2.4 INTEGRAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
O balanço das visitas realizadas pelos participantes centrou-se na dimensão importante da
colocação para os formandos. O grupo descobriu algumas estratégias de intervenção: deu-se
grande importância à colaboração com as empresas. Os formadores sugeriram a “planificação
dos cursos de acordo com as necessidades locais/das empresas e, além disso a “criação de
uma rede ampla de relações com as empresas locais de modo a garantir maior
empregabilidade dos indivíduos desfavorecidos”. Os protocolos (“protocolo com as empresas
31
locais”, “protocolos entre o centro de formação profissional e as partes interessadas”) são
considerados ferramentas úteis para implementar a estratégia de colaboração.
Por outro lado, “ter um ambiente de trabalho real (cozinha, verificação do tempo, sala de
pessoal) todos os dias” é uma outra estratégia para o desenvolvimento das ações de
Integração no mercado de trabalho, de acordo com a abordagem formativa de ACT.
Por último, é feita uma recomendação relativamente à importância da duração da formação e
da subsequente Integração no mercado de trabalho: “A monitorização durante um longo
período (12 meses) depois da entrada do formando no mercado de trabalho ajuda a assegurar
um resultado sustentável”.
É interessante sublinhar que a Tabela 1 reflete a ideia original dos organizadores da
distribuição das visitas relacionadas com os quatro assuntos principais. Conforme descrito no
documento, os resultados finais, obtidos a partir da discussão de balanço final, confirmam ou
alteram completamente esta visão em relação a certas visitas.
Tabela 4 - Resumo da distribuição das visitas de estudo, seguindo os 4 tópicos principais, após o último debate da sessão de formação (SF)
antes da sf depois da sf status
COMUNICAÇÃO/BRAN
DING
1. Restaurante de formação “Le Torri” 2. Consórcio Fare Comunità
1. --- 2. --- 3. IRECoop
ALTERAR ALTERAR ALTERAR
AVALIAÇÃO INICIAL E
CONTÍNUA DAS
COMPETÊNCIAS
1. SIIL Faenza 2.Officers’ Club 3. Restaurante de formação “Le Torri”
1. SIIL Faenza 2. --- 3. Restaurante de formação “Le Torri”
CONFIRMADO ALTERAR
CONFIRMADO
INTEGRAÇÃO NO
MERCADO DE
TRABALHO
1.SIIL Faenza 2. Cooperativa social CEFF 3. IRECoop
1.SIIL Faenza 2. Cooperativa social CEFF 3. --- 4. Consórcio Fare Comunità 5. Officers’ Club
CONFIRMADO CONFIRMADO
ALTERAR ALTERAR ALTERAR
METODOLOGIA DE
ACT
1. Restaurante de formação “Le Torri” 2. Cooperativa social CEFF 3. Officers’ Club 4. IRECoop
1. Restaurante de formação “Le Torri” 2. Cooperativa social CEFF 3. Officers’ Club 4. IRECoop
CONFIRMADO CONFIRMADO CONFIRMADO
32
Para concluir a análise, no primeiro dia da sessão de formação, os participantes responderam à
questão: “Entre os 4 tópicos, nos quais se baseou a sessão, qual(quais) é(são) o(s) mais
importante(s) para as suas atividades diárias e a sua organização?”. Todos os formadores
mencionaram a “metodologia de ACT” e a “Avaliação inicial e contínua das competências”
como os temas mais importantes.
Foi interessante colocar a mesma pergunta no final da semana de formação, já que a resposta
foi completamente diferente: depois de 5 dias de visitas de estudo, debates e trabalhos de
grupo, os participantes identificaram a “Comunicação/Branding” e a “Integração no mercado
de trabalho” como fundamentais para os seus trabalhos.
Concluíram que os 4 tópicos estão
claramente relacionados entre si, sendo
importantes para a sobrevivência das
organizações, mas a “metodologia de ACT” e
a “Avaliação inicial e contínua das
competências” estão mais associadas ao seu
trabalho diário com os formandos, enquanto
a “Comunicação/Branding” e a “Integração
no mercado de trabalho” podem ser consideradas, quer como “atividades”, quer como
“objetivos” que as suas organizações devem atingir.
33
4. RECOMENDAÇÕES E ORIENTAÇÕES
34
3 RECOMENDAÇÕES E ORIENTAÇÕES
A sessão de formação permitiu a partilha de experiências entre os formadores parceiros
envolvidos nas atividades e projetos de ACT. Observaram também alguns exemplos locais
italianos, analisando-os à luz de alguns aspetos da qualidade: projeto de Aprendizagem em
Contexto de Trabalho, Comunicação/Branding, Avaliação inicial e contínua das competências e
Integração no mercado de trabalho. Todas a sessão de formação proporcionou vários
elementos úteis tanto para a implementação de serviços como para os projetos inspirados
pela perspetiva de ACT, e ambos para a preparação de atividades de formação futuras dos
participantes.
3.1 ABORDAGEM DE FORMAÇÃO NA ACT
Os elementos da análise produzida pelos formadores e discutidos durante as visitas e grupos
de trabalho proporcionaram uma melhor definição, princípios e ferramentas da abordagem
formativa de ACT. Já foi considerada na IO1 (debate sobre a ACT e aspetos fundamentais) e
traduzida para uma hipótese de perfil de competências EFT do formador de ACT (IO2).
Um primeiro elemento confirmado na sessão formativa é a validade dos aspetos fundamentais
deste modelo. Significa que – ao analisar as experiências visitadas e ao partilhar informações e
sugestões sobre outras experiências nos seus países – os formadores reconheceram a
presença dos principais aspetos do modelo EFT, com alusão específica ao modelo belga.
A ACT é descrita – no projeto EFT – nestes termos: “Os programas de ACT são programas
organizados que assentam na sua totalidade ou predominantemente no ambiente de trabalho,
i.e. num contexto de trabalho ou no próprio local de trabalho. Os mesmos visam desenvolver
conhecimentos, aptidões e competências que sejam – em sentido lato – relevantes para o
mundo do trabalho. O trabalho e as atividades laborais são usados como contexto
predominante para a aprendizagem” (EFT, IO2).
Tendo em mente, e combinando, o quadro geral e os elementos específicos do modelo de
aprendizagem em contexto de trabalho, observemos algumas notas adicionais relacionadas
com cada elemento decorrentes das atividades durante a sessão:
35
1. A ACT é orientada para "grupos marginalizados” normalmente excluídos dos
percursos de formação tradicionais e do mercado de trabalho. Nesse sentido, a
abordagem de ACT oferece oportunidades formativas em ambientes formativos e
laborais protegidos, usando metodologias e ferramentas específicas. Uma grande
parte das experiências italianas locais visitadas, ou apresentadas, são levadas a cabo
com indivíduos desfavorecidos;
2. Em alguns casos, a ACT recorre a fundos privados. Seria necessário aumentar o uso
de fundos privados, tendo em conta a redução de recursos alocados a políticas de
bem-estar em toda a Europa. Nesta fase, muitas organizações recorrem a fundos
públicos (sobretudo de financiamento para atividades de formação), enquanto
desenvolvem atividades e serviços “no mercado”. As experiências importantes têm
uma duração longa e são sustentáveis com a sua atividade económica;
3. A atividade de formação está intrinsecamente ligada a uma atividade produtiva que
gera rendimento (i.e. a EFT vende os seus produtos e/ou serviços no mercado). Este
elemento está estritamente relacionado com o primeiro, já que é feito por muitas
experiências italianas locais visitadas;
4. Segue os desenvolvimentos europeus (e mais globais) na ACT. A partilha e
comparação das experiências de ACT nos países parceiros do projeto EFT confirmam
esta orientação. Existem características específicas nos contextos nacionais, mas
podemos também encontrar elementos comuns na aplicação da abordagem de ACT;
5. A ACT é uma atividade aceite e reconhecida em todos os países parceiros (Áustria,
Bélgica, Itália, Portugal, Turquia e o Reino Unido) e funciona em conformidade com a
legislação e as práticas atuais nesses países (as informações a esse respeito foram
recolhidas a partir das MP). Esse aspeto foi confirmado durante a sessão de
formação; os elementos da lei italiana relativos às cooperativas sociais e ao sistema
de formação e educação foram aprofundados, bem como a legislação belga relativa
ao trabalho para indivíduos desfavorecidos;
6. As melhores práticas belgas deverão servir de exemplo para o modelo EFT
(Enterprises de Formation par le Travail) mais abrangente.
Durante a sessão de formação foram considerados os princípios, estratégias e ferramentas do
modelo belga em relação às condições específicas das experiências italianas. Foram
36
igualmente identificados aspetos semelhantes relativamente a outros contextos nacionais.
Esta análise confirmou a possibilidade de adaptar os principais elementos do modelo belga a
diferentes situações, considerando os contextos específicos a nível cultural, social, institucional
e legislativo. A ligação entre as três dimensões - social, pedagógica e económica – é
fundamental e encontramo-la de formas específicas, nos exemplos italianos visitados, ou
noutros projetos levados a cabo em diferentes países.
3.2 ANÁLISE DAS COMPETÊNCIAS DOS FORMADORES DA ACT
A decisão sobre conteúdos e atividades relativas à sessão de formação para formadores da
ACT teve também em consideração o perfil de competências desenvolvido na fase anterior do
projeto.
Já explicamos que esta “lista de verificação de competências” não representa um perfil formal
e definitivo, mas pode ser usado como uma referência para reforçar, alterar e integrar. De
notar também que as competências dos formadores foram definidas em conformidade com o
modelo de ACT EFT desenvolvido, referente à experiência belga da EFT.
Na IO2, ao introduzir o perfil profissional do “formador de ACT”, consideramos diferentes
funções (IO2 – projeto EFT):
Transmitir e avaliar conhecimentos, know-how e comportamentos (função
pedagógica);
Implementar as condições relacionais que facilitam a aprendizagem em situações de
trabalho real (dimensões pedagógica e organizacional);
Assegurar um elevado nível de produção/ serviço para o mercado, de acordo com as
competências dos indivíduos envolvidos enquanto aluno (dimensões comercial,
organizacional e pedagógica);
Estabelecer e manter uma ligação social entre o formando e os serviços sociais
(dimensão social);
Acompanhar os formandos nos estágios externos e/ou no trabalho (dimensões social e
pedagógica);
37
Colaborar e comunicar eficaz e positivamente com todos os serviços e funcionários no
centro de formação para satisfazer o objetivo social do centro de formação (dimensão
social).
Estas diferentes funções foram especificadas numa lista de verificação, incluindo 7 atividades
profissionais chave e outras atividades transversais. Para cada atividade chave, existem
algumas competências específicas (que têm diferentes níveis de relevância, que vão desde
“opcional” até “competência central”). No parágrafo que se segue resumimos, para cada
atividade chave, os principais elementos resultantes das atividades da sessão de formação.
Atividades chave
Conduzir e implementar atividades de formação (Atividade chave 1 – IO2)
Esta atividade implica o recurso a várias competências, todas consideradas “competências
centrais”. Ao visitar as experiências italianas locais e ao analisá-las durante a reunião de
balanço, os formadores confirmaram a relevância dessas competências. Por exemplo, é
importante que o formador seja capaz de “implementar uma atividade de formação na sua
área de especialidade”. Este é, na verdade, um formador especializado numa área específica;
não se pode limitar a seguir apenas as atividades profissionais, deve também preparar e gerir
percursos de formação para os formandos (“colocar o formando numa situação de
aprendizagem que esteja relacionada com o seu projeto de formação”). Acima de tudo, este
pode “implementar uma metodologia de aprendizagem com base no trabalho”, através da
escolha de atividades, ferramentas, timing… adaptadas não só às características pessoais e
grupais dos formandos, mas também ao contexto profissional. Esta atividade chave e as
competências a ela associadas constituem claramente a parte central do perfil profissional do
formador de ACT.
Participar na avaliação do sistema de formação e nas atividades de formação específicas
(Atividade chave 2 – IO2)
A responsabilidade da formação é uma atividade importante para o formador. Durante a
sessão de formação, a avaliação contínua das competências dos formandos foi um aspeto
específico considerado pelos formadores. É uma função essencial que os mesmos deverão
38
gerir, que requer competências específicas, tais como: “facilitar a melhoria contínua do curso
de formação com base nas opiniões/comentários/críticas expressas pessoalmente e em
colaboração com os colegas” e “em conjunto com outras pessoas envolvidas, participar na
avaliação do sistema de formação em todas as suas dimensões (ou seja, em situações formais
e informais, considerando por exemplo aspetos técnicos ou sociais)”.
Contribuir para a atividade de produção (Atividade chave 5 – IO2)
Esta atividade chave é inovadora para o perfil de competências do formador. Este deverá
possuir algumas competências que pertencem a uma dimensão de produção estritamente
concebida, tais como: “assegurar o contacto com o cliente enquanto o trabalho está a ser
realizado” ou “garantir que os padrões de qualidade do cliente são atendidos”. Contudo, o
formador deverá também considerar importantes os aspetos pedagógicos e sociais das
atividades de ACT, devendo ser capaz de “implementar as ações de produção, respeitando em
simultâneo o aspeto pedagógico, bem como os constrangimentos técnicos e económicos”. O
desenvolvimento pessoal e coletivo das visitas levadas a cabo durante a sessão de formação
confirmaram a relevância destas competências no desenvolvimento profissional dos
formadores.
Acompanhar os formandos no seu percurso para integração social e profissional (Atividade
chave 6 – IO2)
A avaliação de competências do formando no decurso da implementação do projeto é uma
ferramenta que ajuda o formador na sua função de acompanhar o formando. A análise de
experiências visitadas, considerando as dimensões de “Integração no mercado de trabalho ” e
“Avaliação inicial e contínua das competências”, sublinhou a relevância das competências
relacionadas com esta atividade chave. A sessão de formação confirmou como competências
fundamentais: “enquanto membro de uma equipa, trabalhar no sentido de promover a
integração social e profissional dos formandos (por exemplo, em termos de orientação,
assessoria, ensino de competências técnicas, etc.) ” e “assegurar que as práticas de formação
para todos os formandos promovem a emancipação social individual e coletiva”. Esta
39
importante competência implica uma dimensão ”política” fundamental da formação e a
inclusão social dos indivíduos desfavorecidos.
Duas atividades chave do perfil de competências do formador ACT – “Estar envolvido na
organização e na equipa” (Atividade chave 3 – IO2) e “Estar envolvido nas políticas de
formação contínuas da organização” (Atividade chave 4 – IO2) obtiveram menor relevância
durante a sessão de formação, mais centrada na formação e nos aspetos pedagógicos,
económicos e sociais.
Várias competências fundamentais incluídas nas atividades transversais (Atividade chave 7 –
IO2) foram confirmadas relevantes pelos formadores, tendo em conta os elementos de análise
das experiências italianas locais. Pretendemos, por exemplo, algumas competências
fundamentais como: “Dominar as competências técnicas relacionadas com o setor específico
da atividade (através da formação inicial e/ou experiência comprovada)”, “Possuir as
competências para ensinar a aprender”, “Ter as competências sociais, de cidadania e
psicológicas necessárias para manter relações positivas e saudáveis com o ambiente do outro
(formandos, colegas, responsáveis hierárquicos, parceiros,…)”.
3.3 FORMAÇÃO DE ACT PARA FORMADORES: DICAS E SUGESTÕES
No final da sessão de formação, tendo em conta os elementos de análise daí decorrentes,
podemos dar algumas dicas de forma a preparar e executar futuras atividades de formação
para formadores. Fazemos a distinção entre “dimensão de conteúdos” e “ abordagem
metodológica”.
Dimensão de conteúdos
Em relação a este aspeto, alguns conteúdos são importantes para formar formadores nas
perspetivas de Aprendizagem em Contexto de Trabalho e poderão ser reforçados em futuras
colaborações:
Definição e abordagens de ACT: distinção de outras abordagens semelhantes, como
Aprender Fazendo, Aprendizagem relacionada com o trabalho, Aprender no trabalho;
Elementos fundamentais da metodologia de Aprendizagem em Contexto de Trabalho
e, em particular, dos modelos como a EFT – modelo de formação de ACT;
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Objetivos, estratégia e formas de validar as experiências, como o modelo belga
Enterprises de Formation par le Travail;
Legislação e regras que regulam a formação, a ACT, a Integração no mercado de
trabalho nos diferentes países;
Aspetos específicos da formação e da ACT com indivíduos desfavorecidos: dificuldades,
recursos, oportunidades e estratégias;
Perfil de competências do formador de ACT: uma lista de verificação em curso de
atividades profissionais e competências associadas.
Abordagem metodológica
Algumas escolhas metodológicas (atividades, métodos e ferramentas) revelaram resultados
positivos durante a sessão de formação, portanto podemos recomendar a sua reaplicação em
futuras atividades de formação:
Visitar algumas experiências e reuniões com os profissionais (formadores, tutores e
formandos) envolvidos no projeto e em serviços de ACT. As visitas precisam de uma
atividade de balanço posterior para sua análise e discussão;
As conferências de especialistas proporcionam conhecimentos úteis para
compreender as visitas de estudo;
Usar ferramentas de observação (jornais, notebooks…) para tomar notar durante as
visitas, grupos de trabalho, conferências. As notas escritas podem ser usadas
posteriormente para partilha e análise de grupo;
Os workshops e os grupos de trabalho permitem partilhar experiências, opiniões e
avaliações; precisam de uma função de facilitação específica com as ferramentas
apropriadas;
Os métodos de formação ativos (discussão, produção de documentos comuns,
entrevistas) têm efeitos positivos no envolvimento dos participantes na atividade de
formação;
Analisar conjuntamente, durante a sessão de formação, os documentos do projeto, ou
relacionados com experiências nacionais, facilita um conhecimento comum mais
profundo;
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(No caso de atividades de formação transnacionais) adotar um único idioma de
trabalho (neste caso, o inglês) planeando um serviço de apoio de tradução, se
necessário.
3.4 PERSPETIVA DA ACT: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em conta a dimensão mais abrangente da abordagem metodológica de Aprendizagem
em Contexto de Trabalho, o projeto EFT gerou resultados significativos de conteúdo, úteis para
futuras atividades e projetos:
Em termos teóricos, a Aprendizagem em Contexto de Trabalho pode ser considerada
uma abordagem específica, diferente de outras semelhantes, tais como a
“aprendizagem relacionada com o trabalho”, ou a “aprendizagem no local de trabalho
”. A ACT é especificamente definida pela formação deliberada que recorre a ambientes
de trabalho real para a aprendizagem. A ACT é uma perspetiva metodológica geral no
quadro da “Aprendizagem Experimental”; inclui vários modelos e métodos de
intervenção. Todos estão centrados no processo de aprendizagem e visam superar a
distinção tradicional entre trabalho e formação.
A nível operacional, são necessárias algumas condições concretas para levar a cabo as
atividades, projetos e serviços de ACT. Em primeiro lugar, a estratégia de ACT assenta
no indivíduo em aprendizagem; significa que os conteúdos, as modalidades, os
horários e as soluções de ensino têm de ser definidos tendo em consideração as
características pessoais, as capacidades, os recursos e as dificuldades dos indivíduos
em questão. Além disso, a ACT é baseada –como tipicamente no modelo belga
Entreprise de Formation par le Travail – na combinação entre a formação e os aspetos
pedagógicos, sociais, organizacionais e económicos. Estão envolvidos diferentes
contextos e tipos de organizações. É necessária a preparação e adoção de acordos
específicos (documentos, protocolos, contratos comuns…) de modo a facilitar as
colaborações.
A ACT representa uma metodologia inovadora que valoriza as situações e ambientes
reais, bem como as práticas laborais. Esta perspetiva é adequada a indivíduos
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desfavorecidos que normalmente não têm sucesso na aprendizagem escolar
tradicional.
Tendo em consideração a relevância da realidade na abordagem da ACT, os aspetos
organizacionais e económicos passam a ser estratégicos. Como demonstrado na
experiência belga, as empresas de formação combinam os aspetos pedagógicos,
sociais, organizacionais e económicos. Todos estes aspetos requerem uma
monitorização pela gestão do projeto ou pelas organizações envolvidas.
Os formadores (professores, educadores e outros trabalhadores sociais) que
trabalham a nível da ACT mudam significativamente os seus papeis profissionais. Estes
levam a cabo novas atividades estratégicas, que pertencem não apenas à dimensão
pedagógica tradicional, mas também relacionadas com aspetos económicos,
organizacionais e de comunicação. Por isso, é necessário que desenvolvam
competências específicas. O perfil de competências do formador de ACT criado pelo
projeto representa uma referência útil a ser detalhada, adaptada e integrada por
diferentes organizações em procedimentos futuros.
Alguns aspetos são muito importantes para o resultado positivo de projetos e
atividades de ACT. O projeto EFT centrou-se em quatro elementos específicos: aspetos
metodológicos de ACT, estratégias de Comunicação/Branding, colocação de
formandos em empregos e avaliação de competências durante o percurso de
formação. São fundamentais temáticas adequadas para implementar estas estratégias
em projetos futuros e noutras organizações.
É importante planear sistemas de monitorização e avaliação das experiências de ACT.
Por outro lado, é importante proporcionar provas documentais das experiências e
comunicar os resultados gerados pelos projetos num contexto social mais abrangente.
Os aspetos legislativos, tais como iniciativas que promovam leis inovadoras sobre
formação e inclusão social, são estratégicos para futuramente reforçar a abordagem
de ACT.
O contexto pedagógico dos formadores na ACT é assim muito específico:
1. Dimensões pedagógica, económica e social;
2. Incorporação no contexto económico;
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3. Formandos com problemas específicos;
4. etc.
Por conseguinte, os formadores são convidados a desenvolver conteúdos e metodologias para
processos de aprendizagem, de coaching e de avaliação específicos. Nesse sentido, parece-nos
que deverá ser adaptada a ministração de formação contínua para esses formandos. A mesma
deve ser coerente e estar em sintonia com as suas necessidades e realidade profissional.
Somos da opinião que esta oferta formativa não está suficientemente desenvolvida, sendo
necessário prestar-lhe uma atenção especial.
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BIBLIOGRAFIA
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BIBLIOGRAFIA
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