UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CAMPUS CURITIBANOS
COORDENADORIA ESPECIAL DE BIOCIÊNCIAS E SAÚDE ÚNICA
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Tainã Kuwer Jacobsen
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA
ÁREA DE CLÍNICA, CIRURGIA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS
Curitibanos
2019
Tainã Kuwer Jacobsen
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA
ÁREA DE CLÍNICA, CIRURGIA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS
Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais
da Universidade Federal de Santa Catarina como
requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Grasiela De Bastiani
Supervisor: M.V. Esp. Diego Rafael Palma da Silva
Curitibanos
2019
Tainã Kuwer Jacobsen
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA
ÁREA DE CLÍNICA, CIRURGIA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
Médica Veterinária e aprovado em sua forma final.
Curitibanos, 29 de novembro de 2019.
_______________________
Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Tavela
Coordenador do Curso
Banca Examinadora:
________________________
Prof.ª Dra. Grasiela de Bastiani
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
________________________
Prof. Dr. Giuliano Moraes Figueiró
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
________________________
Prof. Dr. Marcos Henrique Barreta
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Este trabalho é dedicado à minha família,
que sempre me apoiou na realização desse sonho.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, Edgar Jacobsen Neto e Ana Paula Kuwer, por me
proporcionarem um estudo de qualidade, apoio nos momentos difíceis e fazerem do meu sonho
o seu. Nada disso seria possível sem vocês, muito obrigada.
Agradeço ao meu irmão Marcelo Kuwer Maciel, pelas palavras de carinho, apoio e
tantas risadas, tenho muito orgulho da nossa relação de amizade e companheirismo.
Agradeço à Deus por me iluminar durante toda essa caminhada e me manter forte
quando eu mais precisava.
Agradeço aos meus amigos, em especial meus colegas de faculdade, vocês tornaram a
vida acadêmica mais leve através de abraços, consolos e muitas risadas.
Agradeço aos meus professores, em especial Grasiela De Bastiani e Giuliano Figueiró,
por todo conhecimento dividido, oportunidades e conselhos.
Agradeço a toda equipe da Clínica de Equinos Santa Maria, Diego da Silva, Gabriele
Biavaschi e Cícero Cunha, por todo aprendizado, confiança e amizade, não poderia ter
escolhido um lugar melhor.
Agradeço a todas pessoas que de alguma forma me ajudaram durante esses anos de
faculdade, todas palavras de carinho serão sempre guardadas.
RESUMO
O estágio curricular obrigatório tem por finalidade aprimorar os conhecimentos teóricos e
principalmente práticos da área escolhida para posterior formação e atuação no mercado de
trabalho. A clínica de Equinos Santa Maria, localizado na cidade de Santa Maria, estado do Rio
Grande do Sul, foi o local escolhido para realização do estágio curricular com enfoque nas áreas
de clínica, cirurgia e reprodução de equinos. O estágio decorreu entre as datas de 01/08/2019 a
15/11/2019, totalizando 616 horas. Neste relatório serão descritas as estruturas, atividades
realizadas, casuística e discussão de alguns casos atendidos.
Palavras-chave: Equinos. Clínica. Reprodução. Cirurgia.
ABSTRACT
The curricular internship aims to improve the theoretical and mainly practical knowledge of the
area chosen for further training and performance in the labor market. The Santa Maria Horse
Clinic, located in the city of Santa Maria, state of Rio Grande do Sul, was the place chosen for
the curricular internship focusing on the areas of clinical, surgery and reproduction of horses.
The internship took place between 08/01/2019 to 15/11/2019, totaling 616 hours. This report
will describe the structures, activities performed, case series and discussion of some cases
attended.
Keywords: Equine. Clinic. Reproduction. Surgery.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Galpão principal. A – Vista externa. B – Vista interna. ....................................... 16
Figura 2 – Cocheira. A – Vista externa. B – Vista interna. .................................................. 16
Figura 3 – Vista interna do ambulatório: A – Geladeira e bancada. B – Armário. ................ 17
Figura 4 – Ambulatório. A – Microscópio e Estufa. B – Centrífuga para hematócrito e
refratômetro ......................................................................................................................... 18
Figura 5 – Vista externa do galpão principal e casa. ............................................................ 18
Figura 6 – A – Ducha. B – Depósito................................................................. 19
Figura 7 – Redondel ............................................................................................................ 20
Figura 8 – Piquetes. A – Garanhões. B – Maternidade. ........................................................ 20
Figura 9 – Demarcação dos piquetes. .................................................................................. 21
Figura 10 – Ficha clínica ..................................................................................................... 22
Figura 11- Ficha clínica de animais em terapia intensiva. .................................................... 23
Figura 12 – Dentes superiores com presença de excesso de pontas de esmalte dentário, antes
do grosamento (A). Após grosamento das pontas (B). .......................................................... 25
Figura 13 – Ficha odontológica. .......................................................................................... 27
Figura 14 – Ficha de controle reprodutivo para garanhões. .................................................. 28
Figura 15 – Ficha de controle reprodutivo para éguas. ......................................................... 28
Figura 16 – Ferida na articulação metatarsofalangeana (A). Estudo radiológico com
evidenciação da formação do flap e comunicação com a articulação (B). ............................. 37
Figura 17 – Lavagem articular evidenciando a comunicação entre a ferida e a articulação
metatarsofalangeana (A). Curativo com bandagem de algodão e cooflex® (B). .................... 39
Figura 18 – Segunda lavagem articular (A). Terceira lavagem articular (B). Quarta lavagem
articular (C). Quinta lavagem articular (D). Membro engessado (E). .................................... 40
Figura 19 – Ferida após remoção do gesso. ......................................................................... 41
Figura 20 – Estudo radiológico membro torácico esquerdo (A) e membro torácico direito (B).
............................................................................................................................................ 43
Figura 21 – Casco após casqueamento e remoção da área da linha branca afetada (A). Palmilhas
com elevação na região dos talões (B). ................................................................................. 43
Figura 22 – Crioterapia. ...................................................................................................... 45
Figura 23 –Visualização das lâminas do casco após casqueamento para abertura da linha de
gás. ...................................................................................................................................... 46
Figura 24 – Ultrassonografia torácica pulmonar evidenciando a presença de líquido e debris
celulares (fibrina) entre as pleuras. ....................................................................................... 48
Figura 25 – Após tricotomia e antissepsia cirúrgica (A). Dreno fixado no tórax esquerdo (B).
Dreno fixado no tórax direito (C). ........................................................................................ 49
Figura 26 – Conteúdo de aspecto leitoso e coloração amarelo claro (tórax esquerdo) e conteúdo
de aspecto líquido e coloração amarelo escuro (tórax direito). .............................................. 50
Figura 27 – Reposicionamento do dreno torácico. ............................................................... 52
Figura 28 – Secreção nasal bilateral. ................................................................................... 53
Figura 29 – Presença de líquido purulento na cavidade pleural (A). Abscesso pulmonar (B).
Fístula broncopleural (C). .................................................................................................... 54
Figura 30 – Aumento de volume (edema) na região mais cranial da cabeça, afetando as regiões
mandibular e maxilar (A e B). .............................................................................................. 56
Figura 31 – Edema na região das narinas e boca (A e B). Edema nos membros posteriores (C
e D). ..................................................................................................................................... 58
Figura 32 – Estudo radiológico da região da cabeça, sem alterações dignas de nota. ............ 59
Figura 33 – Diminuição do edema na região da cabeça (A e B) e dos membros (C). ............ 59
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Alterações odontológicas acompanhadas durante o estágio obrigatório na Clínica
de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. ............................... 26
Tabela 2 – Procedimentos odontológicos acompanhadas durante o estágio obrigatório na
Clínica de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. ................... 26
Tabela 3 – Atividades na área de reprodução acompanhadas durante o estágio obrigatório na
Clínica de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. ................... 27
Tabela 4 – Sistemas acometidos. ......................................................................................... 29
Tabela 5 – Detalhamento dos casos atendidos. .................................................................... 30
Tabela 6 – Exames complementares acompanhados durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. .................................... 32
Tabela 7 – Infiltrações articulares acompanhadas durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. .................................... 34
Tabela 8 – Bloqueios perineurais acompanhados durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. .................................... 35
Tabela 9 – Lavagens articulares acompanhadas durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro. .................................... 35
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
FC - Frequência Cardíaca PSC – Puro Sangue de Corrida
FR - Frequência Respiratória
TPC - Tempo de Preenchimento Capilar
ºC - Graus Celsius
mpm – Movimento por Minuto
bpm – Batimento por Minuto
g - Gramas
ml - Mililitro
kg - Quilogramas
mg - Miligramas
RL – Ringer com Lactato
SF – Solução Fisiológica
% - Porcentagem
PM – Pré-molar
M – Molar
VO – Via Oral
IV - Intravenoso
IM - Intramuscular
SID – Uma vez ao dia
BID – Duas vezes ao dia
TID – Três vezes ao dia
® - Marca Registrada
CID – Coagulação intravascular disseminada
HT – Hematócrito
PPT – Proteína Plasmática Total
EDTA – Ácido Etilenodiamino Tetra-acético
MPA – Medicação Pré-Anestésica
AINE – Anti-inflamatório não esteroidal
TFDP – Tendão Flexor Digital Profundo
EVA - Espuma Vinílica Acetinada
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15
2 CLÍNICA DE EQUINOS SANTA MARIA ......................................................... 15
2.1 DESCRIÇÃO DAS ESTRUTURAS ....................................................................... 15
2.2 FUNCIONAMENO DA CLÍNICA E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............ 21
2.2.1 Internação ............................................................................................................... 21
2.2.2 Rotina de Internação ............................................................................................... 22
2.2.3 Atendimentos externos ........................................................................................... 24
2.2.4 Reprodução ............................................................................................................ 27
2.2.5 Casqueamento e Ferrageamento.............................................................................. 29
2.3 CASUÍSTICA ........................................................................................................ 29
3 DISCUSSÃO DE CASOS ..................................................................................... 36
3.1 SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO ................................................................ 36
3.1.1 Artrite séptica por trauma perfurante na articulação metatarsofalangeana ............... 36
3.1.2 Laminite aguda/crônica .......................................................................................... 41
3.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO .................................................................................. 47
3.2.1 Pleuropneumonia .................................................................................................... 47
3.3 SISTEMA VASCULAR ......................................................................................... 55
3.3.1 Púrpura Hemorrágica .............................................................................................. 55
4 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 61
REFERÊNCIAS........................................................................................................63
15
1 INTRODUÇÃO
O estágio curricular obrigatório oferece ao graduando a oportunidade de aprimorar os
conhecimentos teóricos práticos e, bem como o desenvolvimento e aprimoramento da
capacidade de diagnóstico clínico, além da troca de experiência com outros estagiários e
médicos veterinários. A vivência da rotina de trabalho com o médico veterinário é de extrema
importância para o acadêmico na capacidade de desenvolvimento de interação com as situações
da rotina clínica equina e a forma de gerenciar o seu próprio negócio.
Neste trabalho serão relatadas a estrutura do local de estágio, rotina do internamento e
as atividades desenvolvidas nas áreas de clínica, cirurgia e reprodução de equinos, as quais
foram realizadas na Clínica de Equinos Santa Maria. O estágio foi supervisionado pelo médico
veterinário especialista Diego Rafael Palma da Silva, durante o período de 1º de agosto de 2019
a 15 de novembro de 2019, totalizando 616 horas.
2 CLÍNICA DE EQUINOS SANTA MARIA
A clínica conta atualmente com dois médicos veterinários sócios proprietários, um
médico veterinário residente e um funcionário para serviços gerais, como limpeza das
cocheiras, alimentação dos animais internados e manutenção das estruturas. Localiza-se na
cidade de Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul, BR 287 - KM 255, nº 900, a uma latitude
de 29°41'10.5 sul e a uma longitude de 53°55'15.3 oeste, estando a uma altitude de 113 metros.
2.1 DESCRIÇÃO DAS ESTRUTURAS
As instalações contam com um galpão principal (Figura 1) que possui 12 cocheiras de
alvenaria de 3x3 m² com portas de madeira (Figura 2.A) e uma cocheira de alvenaria de 5x3 m²
com porta de madeira. Cada cocheira contém três cochos de cimento, um para alimentação, um
para água e outro para o sal mineral que é oferecido aos animais a cada 15 dias (Figura 2.B). A
cama das cocheiras é composta de casca de arroz, cuja limpeza é realizada diariamente. O
dormitório dos estagiários localiza-se na parte superior do galpão, com dois quartos, cozinha e
banheiro (Figura 1.B).
16
Figura 1 – Galpão principal. A – Vista externa. B – Vista interna.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Figura 2 – Cocheira. A – Vista externa. B – Vista interna.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
17
O ambulatório encontra-se ao lado do galpão principal, espaço destinado à organização
e preparação dos materiais utilizados na rotina, procedimentos cirúrgicos, além das fichas dos
animais internados (Figura 3). A sala é composta de uma geladeira para acondicionamento de
vacinas, bolsas de sangue e soluções que necessitam de refrigeração, bancada (Figura 3.A),
armários para estocagem de medicamentos e materiais (Figura 3.B), balcão com pia,
microscópio (Figura 4.A), estufa para esterilização (Figura 4.A), centrífuga para hematócrito e
um refratômetro (Figura 4.B). Todos os fármacos (anestésicos, antibióticos, anti-inflamatórios)
e materiais utilizados na rotina são armazenados neste local. A clínica conta com um
equipamento de radiografia digital, um ultrassom, um endoscópio e materiais para os
atendimentos odontológicos (duas canetas longas, grosa manual, abridor de boca, boticões e
suporte de cabeça).
Figura 3 – Vista interna do ambulatório: A – Geladeira e bancada. B – Armário.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
18
Figura 4 – Ambulatório. A – Microscópio e Estufa. B – Centrífuga para hematócrito e
refratômetro
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Juntamente com o galpão das cocheiras e ambulatório, encontra-se uma casa destinada
ao médico veterinário residente (Figura 5).
Figura 5 – Vista externa do galpão principal e casa.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
19
A ducha de alvenaria localiza-se a alguns metros atrás do galpão principal, servindo
como local para banhar os animais bem como, para a realização de curativos e a limpeza de
materiais (Figura 6.A). O depósito situa-se logo após a ducha sendo utilizado para o
acondicionamento da alimentação dos animais, caixas de soro fisiológico, glicose e ringer
lactato (Figura 6.B).
Figura 6 – A – Ducha. B – Depósito.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Ao lado do depósito encontra-se em construção um espaço destinado a triagem dos
animais e primeiros socorros. Este local irá contar com um tronco de contenção de madeira, um
ambulatório e um banheiro. Futuramente a clínica pretende disponibilizar um centro cirúrgico
que, também se encontra em fase de construção.
O local possui ainda um redondel de madeira (Figura 7) e 17 piquetes que possuem a
seguinte distribuição: três destinados aos garanhões compostos por pastagem de tifton 85
(Figura 8.A); a reprodução (pré-parto e maternidade) com cerca de 1,5 hectare de pasto nativo
que, ficam próximos ao galpão principal facilitando desta forma, o acompanhamento das
20
parições, desenvolvimento dos potros e recuperação das éguas pós-parto (Figura 8.B); nove são
destinados aos animais internados na clínica bem como, para a plantação de pastagem (azevém
no inverno e capim sudão no verão) que servem de alimentação para os animais internados
(Figura 9).
Figura 7 – Redondel
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Figura 8 – Piquetes. A – Garanhões. B – Maternidade.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
21
Figura 9 – Demarcação dos piquetes.
Legenda: Piquetes maternidade/reprodução (vermelho); Piquetes garanhões (azul); Piquetes pastagem (verde);
Redondel (amarelo).
Fonte: Google (2019).
2.2 FUNCIONAMENO DA CLÍNICA E ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
2.2.1 Internação
O procedimento obrigatório dos animais que são internados na clínica consiste na
filmagem do animal descendo do veículo que o transportou, posteriormente pesagem com fita,
avaliação da frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), tempo de preenchimento
capilar (TPC), coloração da mucosa oral, temperatura corporal e motilidade intestinal todos
devidamente registrados em uma ficha clínica. Após o exame físico, conforme a necessidade,
22
são realizados os exames complementares como (hematócrito (HT), proteína total (PPT),
endoscopia, radiografia digital e ultrassonografia.
2.2.2 Rotina de Internação
Os animais internados onde após a constatação clínica seja diagnosticada como estável
eram avaliados duas vezes ao dia, às 06:00 e às 18:00 horas, momento em que é designado aos
estagiários a avaliação e monitoramento dos parâmetros como FC, FR, TPC, coloração da
mucosa oral, temperatura corporal, motilidade intestinal e bem como, efetuar a medicação
prescrita pelo médico veterinário responsável. Todos os dados devem ser preenchidos nas fichas
clínica de identificação dos animais, com o intuito de controlar a evolução e eficácia do
tratamento instituído (Figura 10).
Figura 10 – Ficha clínica
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019).
23
Animais internados em terapia intensiva eram avaliados com uma frequência maior, já
que os mesmos estavam em estado instável com iminente risco de vida e necessitavam de maior
atenção quanto aos parâmetros clínicos e administração dos fármacos (Figura 11).
Figura 11- Ficha clínica de animais em terapia intensiva.
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019).
Os animais eram alimentados três vezes ao dia no turno da manhã, meio dia e a noite.
Recebiam volumoso (alfafa, azevém ou capim sudão) e após 40 minutos do fornecimento do
volumoso o concentrado (ração). A quantidade e tipo de ração alternava conforme a idade, peso,
afecção e necessidade de cada animal.
Após o acompanhamento dos parâmetros clínicos e a alimentação dos animais,
iniciava-se a preparação dos materiais para realização das atividades individuais de cada
paciente. As atividades realizadas consistiam na limpeza de síntese cirúrgica, ferimentos, troca
de bandagens, higienização do traqueotubo, limpeza dos cascos, drenagem de líquido torácico,
fluidoterapia, transfusão sanguínea, transfusão de plasma, crioterapia e terapia de jugular.
Alguns exames complementares eram realizados na clínica, como mensuração do HT,
que consiste na coleta de sangue em tubo com anticoagulante (EDTA), preenchimento de três
24
capilares com sangue, selagem de uma das extremidades com fogo e posicionamento dos
capilares na centrífuga por 6 minutos. Em seguida, utiliza-se uma placa com escala de 0 a 100
para interpretação do exame, além de um refratômetro para a avaliação da PPT. Dados estes
associados ao TPC são de extrema importância para estimar o grau de desidratação corporal e,
comumente utilizados na prática veterinária devido a sua facilidade e eficácia.
Exames de endoscopia, ultrassonografia e radiografia digital eram disponibilizados e
utilizados conforme a necessidade de cada animal. Exames de hemograma, bioquímico e cultura
e antibiograma de líquidos corporais coletados eram enviados para laboratórios externos.
2.2.3 Atendimentos externos
Os estagiários em alguns momentos acompanharam algum dos médicos veterinários
responsáveis nos atendimentos a campo que, consistiram no exame do aparelho locomotor,
infiltrações articulares, bloqueios perineurais, inseminações, controle folicular ou gestacional e
consulta odontológica.
2.2.3.1 Atendimentos Odontológicos
A arcada dentária dos equinos pode ser numerada conforme o sistema Triadan, o qual
inicia pelos dentes superiores do lado direito, a partir dos incisivos (101, 102 e 103), canino
(104, normalmente ausente nas fêmeas), primeiro pré-molar (PM) (105, pode ou não estar
presente), segundo PM (106), terceiro PM (107), quarto PM (108), primeiro molar (M) (109),
segundo M (110), terceiro M (111). Igualmente é contabilizada no lado superior esquerdo (201,
202, 203...), lado inferior esquerdo (301, 302, 303...) e lado inferior direito (401, 402, 403...)
(CORREIA, 2014).
As consultas odontológicas devem ocorrer de forma periódica, já que os equinos
possuem dentição hipsodonte, isto é, de crescimento contínuo. O movimento mastigatório
lateral do equino, associado ao desgaste inadequado predispõe a formação de pontas de esmalte.
Essas pontas de esmalte estão relacionadas a ocorrência de lesões laterais na mucosa da
bochecha (maxila) e lesões na língua (mandíbula) consequentemente acarretando desconforto
25
mastigatório, diminuição de apetite e emagrecimento. O grosamento das pontas de esmalte é o
tratamento ideal e deve ser monitorado a cada 6 meses (Figura 12) (CORREIA, 2014).
Figura 12 – Dentes superiores com presença de excesso de pontas de esmalte dentário, antes
do grosamento (A). Após grosamento das pontas (B).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
A diminuição da prevalência do primeiro PM ou dente de lobo nos equinos se dá pela
evolução da espécie, já que o mesmo não apresenta função mastigatória e pode causar
desconforto quando em contato com a embocadura. Por isso, em cavalos de esporte recomenda-
se a extração dos primeiros pré-molares, a fim de se evitar diminuição do rendimento. Conforme
o tamanho da raiz dentária, somente a tração com o boticão é suficiente para a extração,
entretanto, se necessário é realizada a anestesia local com lidocaína (HOLE, 2016; ALENCAR-
ARARIPE, CASTELO-BRANCO e NUNES-PINHEIRO; 2013; DIXON et al., 1999).
Durante o estágio foram realizados 22 atendimentos odontológicos, onde, o
grosamento foi realizado na maioria, afim de corrigir o excesso de pontas de esmalte. Na tabela
1 são evidenciadas as principais alterações encontradas, seguida da tabela 2 com os
procedimentos realizados nos atendimentos.
26
Tabela 1 – Alterações odontológicas acompanhadas durante o estágio obrigatório na Clínica
de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Alterações
Total
nº %
Ponta excessiva de esmalte dentário 19 61,29
Retenção de dentes decíduos 5 16,12
Fístula dentária 2 06,45
Abscesso periapical 2 06,45
Diastema 2 06,45
Fratura dentária 1 03,22
Total 31 100
Fonte: Autora (2019).
Tabela 2 – Procedimentos odontológicos acompanhadas durante o estágio obrigatório na
Clínica de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Procedimentos
Total
nº %
Grosamento 20 60,60
Extração do primeiro pré-molar 9 27,27
Extração do elemento dentário Triadan 306 1 03,03
Extração do elemento dentário Triadan 106 1 03,03
Extração do elemento dentário Triadan 107 1 03,03
Extração do elemento dentário Triadan 108 1 03,03
Total 33 100
Fonte: Autora (2019).
Igualmente, as consultas odontológicas possuem uma ficha específica (Figura 13), que
consiste no preenchimento das alterações encontradas, como pontas de esmalte, retenção de
dentes decíduos, rampas, degraus e fraturas e no tratamento realizado, como nivelamento
dentário e extração de primeiro pré-molar.
27
Figura 13 – Ficha odontológica.
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019).
2.2.4 Reprodução
A clínica trabalha com animais destinados ao manejo reprodutivo, executando coleta
de sêmen, avaliação e envio do mesmo, monta controlada, inseminações, transferência de
embriões, diagnóstico de gestação, controle folicular, gestacional e neonatologia. A tabela 3
evidencia as atividades acompanhadas durante o estágio.
Tabela 3 – Atividades na área de reprodução acompanhadas durante o estágio obrigatório na
Clínica de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Atividades
Total
nº %
Controle folicular 129 68,61
Inseminação 20 10,63
Controle gestacional 11 05,85
Diagnóstico de gestação 10 05,31
Coleta e avaliação de sêmen 9 04,78
Lavagem uterina 4 02,12
Parto 2 01,06
Monta controlada 2 01,06
Exame andrológico 1 00,53
Total 188 100
Fonte: Autora (2019).
28
Os garanhões que são acomodados na clínica para a estação de monta possuem uma
ficha destinada ao controle das coletas e parâmetros (Figura 14) e outra ficha para as éguas de
cria (Figura 15). Durante a temporada de reprodução o controle folicular e, posteriormente,
gestacional eram realizados em caderno que serve de arquivo para acompanhamento e
documentação de cada égua.
Figura 14 – Ficha de controle reprodutivo para garanhões.
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019)
Figura 15 – Ficha de controle reprodutivo para éguas.
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019)
29
2.2.5 Casqueamento e Ferrageamento
Mensalmente a clínica avalia a necessidade de casqueamento/ferrageamento corretivo
dos animais internados. Durante o estágio foram acompanhados 10 casqueamentos, sendo
quatro guiados por radiografia digital.
2.3 CASUÍSTICA
Os sistemas acometidos são apresentados na tabela 4, onde o sistema músculo
esquelético apresentou a maior casuística, seguido do sistema tegumentar. Um maior
detalhamento dos casos atendidos é explanado na tabela 5.
Tabela 4 – Sistemas acometidos.
Sistema
Total
nº %
Músculo Esquelético 42 70,00
Tegumentar 6 10,00
Respiratório 5 08,33
Reprodutor 4 06,66
Gastrointestinal 1 01,66
Sensorial Especial 1 01,66
Vascular 1 01,66
Total 60 100
Fonte: Autora (2019).
30
Tabela 5 – Detalhamento dos casos atendidos.
Patologias
Total
nº %
Sistema Músculo Esquelético
Síndrome do Navicular 5 08,33
Abscesso subsolear 4 06,66
Laminite Crônica 3 05,00
Osteoartrite na interfalangeana distal 3 05,00
Fratura de 3º carpiano 2 03,33
Osteoartrite “Ringbone” na interfalangeana proximal 2 03,33
Hérnia umbilical 2 03,33
Artrite séptica na articulação metatarsofalangeana 1 01,66
Osteocondrite dissecante no côndilo medial do fêmur 1 01,66
Osteocondrite dissecante no tarso 1 01,66
Lipoma na bainha do tendão extensor digital longo 1 01,66
Doença da Linha Branca 1 01,66
Laminite Aguda 1 01,66
Fratura de 2º metacarpiano 1 01,66
Exostose no 2º metatarsiano 1 01,66
Fratura de Axis 1 01,66
Fratura de metatarso 1 01,66
Fratura de rádio 1 01,66
Fratura de tíbia 1 01,66
Cisto subcondral no côndilo medial do fêmur 1 01,66
Abscesso periarticular na falange proximal 1 01,66
Osteoartrite no carpo 1 01,66
Cisto no 2º carpiano 1 01,66
Luxação na articulação metatarsofalangeana 1 01,66
Ferida dilacerante na articulação do tarso com ruptura do
tendão extensor
1 01,66
Continua
31
Patologias
Total
Nº %
Osteíte séptica 1 01,66
Fratura de metacarpo 1 01,06
Artrite séptica na interfalangeana distal 1 01,66
Sistema Respiratório
Sinusite 2 03,33
Condrite da aritenoide 1 01,66
Pleuropneumonia 1 01,66
Hematoma etmoidal 1 01,66
Sistema Reprodutor
Laceração de períneo 2 03,33
Parto distócico 1 01,66
Retenção de placenta 1 01,66
Sistema Tegumentar
Ferida dilacerante no metatarso 2 03,33
Ferida dilacerante no tarso 2 03,33
Tecido de granulação exuberante na quartela 1 01,66
Miíase no prepúcio 1 01,66
Sistema Gastrointestinal
Desconforto abdominal 1 01,66
Sistema Vascular
Púrpura hemorrágica 1 01,66
Sistema Sensorial Especial
Úlcera de córnea 1 01,66
Total 60 100
Fonte: Autora (2019).
Os exames complementares oferecidos pela clínica são descritos na tabela 6, os quais
se referem aos exames de imagem sendo, a radiografia digital o método mais utilizado durante
o período de estágio seguidos por ultrassonografia e endoscopia.
32
Tabela 6 – Exames complementares acompanhados durante o estágio obrigatório na Clínica
de Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Exames Total
nº %
Estudo radiológico
Casco 23 20,72
Articulação femorotibiopatelar 11 09,90
Cabeça 11 09,90
Articulação metacarpofalageana 8 07,20
Quartela 8 07,20
Articulação metatarsofalangeana 7 06,30
Infiltração da bursa podotroclear guiado por
radiografia
7 06,30
Articulações do tarso 6 05,40
Articulações do carpo 3 02,70
Articulação do carpo 2 01,80
Metacarpo 1 00,90
Metatarso 1 00,90
Escapulo umeral 1 00,90
Úmero radial 1 00,90
Ultrassonografia
Articulação fêmuro-tíbiopatelar 6 05,40
Tórax 3 02,70
Abdômen 3 02,70
Traqueia 2 01,80
Quartela 1 00,90
Metacarpo 1 00,90
Endoscopia
Vias aéreas superiores 5 04,50
Total 111 100
Fonte: Autora (2019).
33
O exame de claudicação visa identificar o membro claudicante e a causa, para tanto, é
importante saber o histórico clínico do animal e seguir uma sequência sistemática do exame
clínico, o qual inicia pela inspeção visual do animal, membros e articulações. Em seguida,
avaliação do casco quanto a sua estrutura/casqueamento (ângulo, comprimento, largura,
simetria e talões), pulso digital e limpeza da sola para visualização de possíveis lesões. A pinça
de casco é utilizada para evidenciar algum ponto de sensibilidade na sola, pressionando regiões
do talão, quarto, ombro, pinça, ranilha e centro (bursa do navicular), afim de identificar algum
estímulo de dor.
Seguidamente, inicia-se a palpação das estruturas mais distais do membro, acima da
coroa, quartela (cartilagem alar, articulação interfalangeana proximal, ligamentos colaterais e
sesamóideos), boleto (ossos sesamóides, inserção do ligamento suspensório, flexão da
articulação metacarpo/metatarso falangeana), metacarpo/metatarso (tendões flexores digitais
superficial e profundo, origem do ligamento suspensório), carpo (1ª e 2ª fileira de ossos,
articulações radiocarpiana, intercapiana e carpometacarpiana), região cervical, lombar, tarso
(articulações tibiotarsiana, intertársica proximal e distal e tarsometatarsiana, teste de churchill),
rótula e garupa (ALVES, 2014).
Posterior ao exame de palpação inicia-se avaliação em movimento, ao passo e ao trote
em linha reta, observando movimento de garupa e cabeça, associado ao comprimento e som
dos passos. Os testes de flexão podem exacerbar o foco da dor e auxiliar no diagnóstico, os
quais devem iniciar pelo membro não claudicante, durante 30 segundos (articulações distais) a
1 minuto (articulações proximais) a articulação é flexionada e em seguida o animal é avaliado
ao trote. Normalmente após todos os testes realizados o membro claudicante é identificado,
entretanto, não se sabe a causa e a articulação ou osso afetados.
Bloqueios perineurais e sinoviais são exames complementares que auxiliam na
localização da lesão e extensão da mesma, com o objetivo de insensibilizar as estruturas
situadas abaixo do bloqueio perineural efetuado ou da articulação infiltrada. Os bloqueios
perineurais necessitam de antissepsia local com álcool, agulha 13x0,45mm e lidocaína,
enquanto as infiltrações devem ser realizadas com antissepsia cirúrgica, agulha 20x0,55 ou
25x0,6mm e a associação de fármacos como a acetato de triancinolona. Após o bloqueio, o
animal permanece por dez minutos em repouso enquanto o fármaco dissocia e insensibiliza as
estruturas, posteriormente, o animal é avaliado ao passo e trote novamente para identificação
34
da continuidade ou não da claudicação. Igualmente ao exame de palpação, os bloqueios devem
iniciar das estruturas mais distais e conforme a resposta do animal continuar em sentido
proximal até melhora significativa da claudicação.
Da mesma forma, as infiltrações articulares e bloqueios perineurais são formas de
tratamento curativo ou paliativo, dependendo da extensão e grau da lesão encontrada.
Como evidenciado anteriormente, os estudos radiográficos e ultrassonográficos são
métodos complementares que corroboram ao exame clínico de claudicação a um diagnóstico
final fidedigno.
A tabela 7 apresenta a descrição das articulações infiltradas e a tabela 8 os tipos de
bloqueios perineurais realizados durante o estágio.
Tabela 7 – Infiltrações articulares acompanhadas durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Articulação
Total
nº %
Interfalageana distal 23 28,39
Tarsometatarsiana 14 17,28
Intertársica distal 11 13,58
Femorotibiopatelar 8 09,87
Bursa do navicular 7 08,64
Metatarsofalangeana 5 06,17
Intercapiana 4 04,93
Metacarpofalangeana 4 04,93
Interfalangeana proximal 2 02,46
Radiocarpiana 1 01,23
Escapulo umeral 1 01,23
Cotovelo 1 01,23
Total 81 100 Fonte: Autora (2019).
35
Tabela 8 – Bloqueios perineurais acompanhados durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Bloqueio
Total
nº %
Abaxial 18 54,54
Palmar digital 9 27,27
Voltar alto 4 12,12
Volar baixo 1 03,03
Tibial 1 03,03
Total 10 100 Fonte: Autora (2019).
Lavagens articulares são comumente utilizadas no tratamento de artrites sépticas,
como forma de limpeza do espaço articular, eliminando os produtos inflamatórios (fibrina) e
diminuindo a celularidade do líquido sinovial, que causam danos a cartilagem (ANNEAR,
FURR e WHITE, 2011). Durante o estágio foram realizadas 10 lavagens articulares, conforme
ilustrado na tabela 9.
Tabela 9 – Lavagens articulares acompanhadas durante o estágio obrigatório na Clínica de
Equinos Santa Maria, no período de 1º de agosto a 15 de novembro.
Articulação
Total
nº %
Metatarsofalageana 4 40,00
Femorotibiopatelar 4 40,00
Interfalangeana distal 2 20,00
Total 10 100 Fonte: Autora (2019).
36
3 DISCUSSÃO DE CASOS
O sistema músculo esquelético destacou-se dos demais em decorrência da maior
casuística no período de realização do estágio, efetivando dessa forma a descrição de dois casos
clínicos abaixo referidos, além de outros dois casos relacionados ao sistema respiratório e
vascular.
3.1 SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO
3.1.1 Artrite séptica por trauma perfurante na articulação metatarsofalangeana
3.1.1.1 Relato de Atendimento
A artrite séptica é caracterizada por uma contaminação do compartimento articular de
origem bacteriana, diversas vias de infecção são citadas, como hematógena, ferida penetrante,
cirúrgica ou infiltrações intra-articulares. Comumente potros desenvolvem a doença através da
via hematógena (onfaloflebite, falha na imunidade passiva e septicemia) que apresenta como
agente principal bactérias gram-negativas (Escherichia coli, Salmonella spp.), diferentemente
dos adultos que geralmente desenvolvem através de feridas ou cirurgicamente associado a
bactérias gram-positivas (Staphylococcus spp. e Streptococcus spp.) (HEPWORTH-WARREN
et al., 2015; ANNEAR, FURR e WHITE 2011).
Os potros possuem maior propensão em colonizar bactérias nas articulações pelo fato
de apresentarem uma alta vascularização na epífise que por sua vez, possui ramificações diretas
com a superfície articular. Essas ramificações apresentam baixo fluxo sanguíneo e pressão,
propiciando a deposição de bactérias no local (HARDY, 2006; ANNEAR, FURR e WHITE
2011).
No dia 12 de agosto de 2019 foi atendida na clínica uma potra, crioula, de
aproximadamente 8 meses de idade, com presença de laceração na região da articulação
metatarsofalangeana do membro pélvico esquerdo e claudicação grau V. No exame físico o
animal apresentava FC de 64 bpm (batimentos por minuto), FR de 24 mpm (movimentos por
minuto), TPC 2 e temperatura de 38,3 ºC (graus celsius).
O animal foi sedado com medicação pré-anestésica (MPA) a base de cloridrato de
xilazina a 10% (Sedanew®) na dose de 1 mg/kg e maleato de acepromazina a 1%
37
(Apromazin®) na dose de 0,05mg/kg, posteriormente a indução foi realizada com cloridrato de
cetamina (Cetamin®) na dose de 3 mg/kg e diazepam na dose de 0,1 mg/kg e a manutenção
com metade das doses de cloridrato de xilazina e cetamina. Após posicionamento do animal em
decúbito lateral direito e realizada a limpeza da ferida com PVPI degermante e álcool a 70%,
pode-se avaliar a extensão do ferimento através do exame visual e realizar um estudo
radiológico (Figura 16). A formação de um flap da cápsula articular acarretou em comunicação
com a articulação metatarsofalageana e consequentemente o desenvolvimento da artrite séptica.
Figura 16 – Ferida na articulação metatarsofalangeana (A). Estudo radiológico com
evidenciação da formação do flap e comunicação com a articulação (B).
Fonte: Arquivo pessoal (A). Clínica de Equinos Santa Maria (B) (2019).
O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos de efusão articular, aumento de
temperatura local, claudicação, hipertermia, dor e possíveis alterações nos parâmetros. Exames
de imagem (radiografia e ultrassonografia) avaliam a extensão e grau da lesão associado à
cultura e análise citológica do líquido sinovial. Comumente o líquido apresentará alteração na
coloração, viscosidade, aumento na contagem de células nucleadas, aumento na porcentagem
de neutrófilos e proteína total. Importante salientar que as principais articulações envolvidas
são a tibiotarsiana, metacarpofalangeana, metatarsofalangeana, carpo e fêmurotíbiopatelar
38
(VOS e DUCHARME, 2008; BECCATI et al., 2015; GLASS e WATSS, 2017; COUSTY et
al., 2016). No presente caso o diagnóstico se baseou no histórico clínico e na avaliação
radiográfica e como, anteriormente reportado descreve-se o envolvimento das estruturas que
compõem a articulação metatarsofalangeana como a cápsula articular.
A lavagem articular age na limpeza da articulação e na renovação do líquido sinovial,
removendo detritos como a fibrina, associada à infiltração intra-articular e perfusão regional
com amicacina ou gentamicina, além da administração sistêmica de antibióticos de amplo
espectro para eliminar o agente causador. Em casos de grande quantidade de fibrina e lavagem
articular ineficiente, métodos como artroscopia ou artrotomia podem ser necessários. O uso de
anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) diminuem a ação inflamatória local que pode levar a
danos na cartilagem, além do controle da dor (MEIJER; VAN WEEREN e RIJKENHUIZEN,
2000; RÚBIO-MARTÍNEZ e CRUZ, 2006).
O tratamento foi constituído por antissepsia cirúrgica, localização da articulação e
posterior punção com agulha 40x12 guiado por radiografia digital, coleta do líquido sinovial
(coloração amarelo escuro e diminuição da viscosidade) e lavagem articular com um litro de
solução ringer com lactato (RL) (Figura 17.A). Após a lavagem, realizou-se infusão intra-
articular de 4 ml (1 grama) de sulfato de amicacina e perfusão regional intravenosa de 4 ml (1
grama) de sulfato de amicacina diluídos em 16 ml de solução RL com garrote por 20 minutos.
A ferida foi protegida por bandagem de algodão e cooflex® (Figura 17.B).
39
Figura 17 – Lavagem articular evidenciando a comunicação entre a ferida e a articulação
metatarsofalangeana (A). Curativo com bandagem de algodão e cooflex® (B).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Instituiu-se o tratamento sistêmico com flunixim meglumine (Chemitec®) na dose de
1,1 mg/kg intravenoso (IV) – quatro vezes ao dia (QID), sulfato de gentamicina (Gentopen®)
na dose de 6,6 mg/kg IV – uma vez ao dia (SID), ceftiofur (Excede®) na dose de 6,6 mg/kg,
intramuscular (IM), a cada 96 horas e omeprazol na dose de 4,4 mg/kg via oral (VO) – SID.
A segunda lavagem articular (Figura 18.A) ocorreu da mesma forma 48 horas após a
primeira, a terceira lavagem articular (Figura 18.B) 72 horas após e a quarta lavagem articular
cinco dias após a terceira (Figura 18.C). Na quinta e última lavagem (oito dias após a quarta
lavagem) observou-se o fechamento da comunicação entre a ferida e a articulação dessa forma,
foram realizadas duas punções com agulha 40x12 na articulação para posterior lavagem (Figura
18.D), adicionalmente, optou-se pela infiltração intra-articular de 2 ml (20mg) de ácido
hialurônico (Hyacoat®) com o objetivo de suporte para a qualidade do líquido sinovial e por
fim, o membro acometido foi estabilizado com gesso e o animal recebeu alta (Figura 18.E).
40
Figura 18 – Segunda lavagem articular (A). Terceira lavagem articular (B). Quarta lavagem
articular (C). Quinta lavagem articular (D). Membro engessado (E).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Após 25 dias da última lavagem, realizou-se a remoção do gesso e nova avaliação da
ferida, a qual apresentava coloração rósea viva e sem comunicação com a articulação (Figura
19), por isso, novamente a ferida foi protegida por uma bandagem Robert Jones.
41
Figura 19 – Ferida após remoção do gesso.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Diferentes causas podem promover o aparecimento de uma artrite séptica, o
prognóstico varia muito e está diretamente relacionado a fatores como idade, septicemia,
quantidade de articulações afetadas, presença de osteomielite, tempo decorrido desde o início
dos sinais, tratamento precoce e resposta ao mesmo. Em casos de apenas uma articulação
acometida, rápida instituição do tratamento associado a não presença de sinais de septicemia,
como é o caso relatado, o prognóstico se torna favorável (VOS e DURCHARME, 2008; SMITH
et al., 2004).
3.1.2 Laminite aguda/crônica
3.1.2.1 Relato de Atendimento
A laminite se caracteriza por uma inflamação das lâminas do casco que acarreta em
enfraquecimento da membrana basal e pode evoluir para o descolamento entre a parede dorsal
do casco e da terceira falange, ocasionando rotação ventral da mesma (THOMASSIAN et al.,
2000; BAXTER, 1994; BUSCH, 2009).
Várias são as etiologias e fatores desencadeantes da laminite, a sua fisiopatologia é
complexa e variável, podendo ser de cunho traumático (exercício prolongados ou em solos
42
inadequados e fraturas ou ferimentos que levam ao apoio excessivo no membro contralateral),
vascular (vasoconstrição periférica associado a hipoperfusão com agregação plaquetária e
isquemia), enzimático (ativação das metaloproteinases por endotoxinas que levam a destruição
das proteínas da membrana basal), sobrecarga alimentar (aumento na produção de ácido lático
que acarreta consequentemente uma disbiose cecal e liberação de endotoxinas para a corrente
sanguínea), septicemia (secundária a doenças como desconforto abdominal, pleuropneumonias,
endometrite, retenção de placenta), obesidade que acarreta em distúrbios metabólicos como a
resistência à insulina e a síndrome metabólica (WYLIE et al., 2013; ORSINI, 2014; KATZ e
BAILEY, 2012).
No dia 08 de agosto de 2019 deu entrada a clínica uma égua, crioula de
aproximadamente 6 anos de idade, com o histórico clínico de aumento de FC, FR, presença de
pulso digital nos dois membros torácicos, edema na região das quartelas, afundamento da banda
coronária, dificuldade de locomoção e diminuição do peristaltismo intestinal. No exame físico
a paciente apresentava relutância em movimentar-se com claudicação variando de grau III ao
IV, apatia, FC de 60 bpm, FR de 64 mpm, TPC de 3 segundos, temperatura de 39,1 ºC, HT de
29% e PPT 7 g/dL, movimentos intestinais diminuídos no lado direito, sobrepeso e presença de
pulso digital forte nos membros torácicos.
A fase prodrômica da doença se caracteriza pela ausência de sinais clínicos e duração
rápida, a partir do momento que o animal apresenta sinais de dor, dificuldade de locomoção
(atitude antálgica), claudicação, aumento do pulso digital e temperatura do casco, além de
alterações nos parâmetros (aumento da FC, FR, TPC e temperatura) define-se como fase aguda.
Nos casos de resposta ineficiente ao tratamento, piora dos sinais e irregularidade na distância
entre a parede dorsal do casco e da falange distal (rotação) no exame radiográfico, a doença
apresenta-se na fase crônica (THOMASSIAN et al., 2000; KATZ e BAILEY, 2012).
Devido à presença de sinais de dor associado ao temperamento do animal optou-se
pela realização do bloqueio abaxial nos dois membros torácicos para facilitar o exame físico e
radiográfico. No estudo radiológico não se observou rotação ventral da terceira falange
indicando inicialmente um quadro de laminite aguda (Figura 20). Em seguida os cascos do
animal foram aparados para remoção do excesso de pinça e talões, onde observou-se a presença
de um processo infeccioso na linha branca (Figura 21.A). Uma palmilha alemã com elevação
na região dos talões foi posicionada nos membros torácicos para aumentar o conforto, diminuir
43
a pressão sobre o tendão flexor digital profundo (TFDP) e prevenir a rotação da terceira falange
(Figura 22.B).
Figura 20 – Estudo radiológico membro torácico esquerdo (A) e membro torácico direito (B).
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019).
Figura 21 – Casco após casqueamento e remoção da área da linha branca afetada (A).
Palmilhas com elevação na região dos talões (B).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
44
Após o diagnóstico por meio dos sinais clínicos, histórico e imagens radiográficas,
além da definição da fase em que a doença se apresenta, é instituído o tratamento adequado. O
combate à inflamação com o uso de AINE é amplamente utilizado nos casos de laminite, onde,
a fenilbutazona é a mais indicada nos casos de controle da dor (DIVERS, 2008; BAXTER,
1994; BELKNAPE 2010), a qual foi administrada (Equipalazone®) na dose de 1,1 mg/kg, IV
– duas vezes ao dia (BID) associado ao omeprazol na dose de 4 mg/kg, VO - SID para prevenção
de úlceras gástricas. Moore (2008) descreve a utilização do maleato de acepromazina para
vasodilatação periférica e aumento da irrigação sanguínea nas lâminas dos cascos, o qual foi
instituído no tratamento (Apromazin®) na dose de 0,05 mg/kg, IM – BID, juntamente com 8
gramas (g) de Pentoxifilina VO – três vezes ao dia (TID), que também atua no aumento do
fluxo através da diminuição da viscosidade do sangue, aumento da deformação das células
sanguíneas e redução da agregação plaquetária.
Institui-se fluidoterapia com solução RL associada à lidocaína na dose de 1,3 mg/kg
in bolus no primeiro litro e 0,05 mg/kg na manutenção, a qual possui efeitos pró-cinético e
analgésico. Associado a fluidoterapia, três litros de glicose a 5% com 100 ml de
dimetilsulfóxido (DMSO) por litro por 3 dias, que atua como carreador de radicais livres e ação
anti-inflamatória (MOORE, 2008 e BAKER, 2012).
A crioterapia é indicada nos casos de laminite aguda e na fase de desenvolvimento,
reduzindo a atividade inflamatória e inibindo a expressão das metaloproteinases pela
diminuição do metabolismo celular (VAN EPS et al., 2014; VAN EPS e POLLITT, 2004). Os
membros torácicos do animal foram posicionados em bolsas térmicas com gelo e água pelo
máximo de tempo possível durante as primeiras 72 horas (Figura 22).
45
Figura 22 – Crioterapia.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Após 8 dias do início do tratamento foi realizado o casqueamento e ferrageamento
corretivos com utilização de talonete para elevação dos talões, guiado por radiografia digital. A
elevação dos talões é indicada para diminuir a tensão do TFDP e da terceira falange, prevenindo
a rotação da mesma (BAKER, 2012 e THOMASSIAN et al., 2000). Horas após o
procedimento, o animal apresentou diarreia, sudorese, tremores musculares e desconforto. A
partir dos sinais de diarreia suspendeu-se a administração de fenilbutazona e, acrescentou-se
administração de 5g de Floramax® VO – SID para recomposição da microbiota intestinal e
enrofloxacina (Kinetomax®) na dose de 6 mg/kg – SID durante três dias. Somado a diarreia, o
animal apresentou diminuição da PPT (4,4 d/l) e aumento do HT (38%) necessitando de
transfusão de bolsas de plasma e fluidoterapia até estabilização dos exames.
Após 11 dias do ferrageamento verificou-se que o animal não estava adaptado aos
ferros pelos sinais clínicos de pulso digital forte, desconforto e relutância em movimentar-se,
46
logo, os mesmos foram removidos e reposicionadas as palmilhas de espuma vinílica acetinada
(EVA) com elevação nos talões, as quais eram trocadas a cada 48 horas.
Em nova avaliação radiográfica, observou-se a presença de linhas radiolucentes
possivelmente de gás entre a parede dorsal do casco e a terceira falange, indicando uma sutil
rotação ventral da 3º falange. Realizou-se casqueamento da parte dorsal do casco guiado por
radiografia até abertura da linha de gás (Figura 23).
Figura 23 –Visualização das lâminas do casco após casqueamento para abertura da linha de
gás.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Como descrito por Thomassian et al. (2000), a inflamação das lâminas e rotação da
falange prejudicam a circulação sanguínea local e predispõe a degeneração do tecido como,
consequentemente complicações como abscesso subsolear são frequentes em animais
acometidos pela laminite. Com o decorrer da internação o animal apresentou abscesso subsolear
nos dois membros torácicos, necessitando de casqueamento guiado por radiografia para
abertura dos mesmos, limpeza com água oxigenada, iodo e álcool, pedilúvio com água morna
e sulfato de magnésio por 15 minutos até fechamento dos pontos de drenagem. O animal
47
continuou internado durante e após o período de estágio, com acompanhamento diário do
conforto e parâmetros, associados ao curativo tópico com troca das palmilhas a cada 48 horas,
até completa renovação do casco e resolução dos sinais clínicos.
O prognóstico da doença varia conforme a extensão da lesão, fase da doença, resposta
ao tratamento e ao grau de rotação da falange distal. Segundo Stick et al. (1982), animais com
grau igual ou menor que 5,5 possuem prognóstico favorável e podem voltar a vida atlética, grau
entre 6,6 a 11,5 prognóstico reservado e grau maior que 11,5 prognóstico desfavorável e não
retornarão a vida atlética. O presente relato apresentou um grau mínimo de rotação, entretanto,
os sinais de pulso digital forte, complicações, dor, relutância em movimentar-se e crescimento
lento dos cascos tornaram o tratamento prolongado.
3.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO
3.2.1 Pleuropneumonia
3.2.1.1 Relato de Atendimento
A pleuropneumonia é definida como uma infecção do trato respiratório inferior após
o comprometimento dos mecanismos de defesa, como diminuição do movimento mucociliar e
ação dos macrófagos alveolares (RACKLYEFT, RAIDAL e LOVE, 2000; RAIDAL, 1995).
As causas que levam a esse comprometimento estão relacionadas principalmente ao transporte
prolongado associado ao posicionamento da cabeça erguida, que sugerem o acúmulo de
secreção pela incapacidade da depuração mucociliar. Exercícios extenuantes também acarretam
em aspiração de detritos e hemorragias pulmonares induzidas, que podem predispor a um
quadro de infecção secundária. O aumento de cortisol pelo estresse nos casos de viagens longas,
exercício exacerbado e cirurgias podem afetar diretamente a ação fagocitária dos macrófagos
alveolares. Infecções virais (influenza vírus, adenovírus, herpes vírus) também são citadas
como fatores de risco para o sistema de defesa respiratório (FERRUCCI et al., 2008; REUSS e
GIGUÈRE, 2015).
Devido ao exercício, viagens longas e confinamento com a cabeça erguida serem
alguns dos fatores predisponentes, a raça Puro Sangue de Corrida (PSC) é a mais relatada pela
literatura, já que os mesmos possuem uma rotina de treinos, corridas e viagens constantes
(COLLINS, HODGSON e HUTCHINS, 1994; RUSH e MAIR, 2004).
48
No dia 07 de agosto de 2019 deu entrada a clínica uma potra, PSC, 1 ano e 10 meses,
com queixa de dispneia, perda de peso e sem resposta ao tratamento antimicrobiano. No exame
físico a paciente estava alerta, com FC de 84 bpm, FR de 36 mpm, TPC de 3 segundos,
movimentos intestinais dentro da normalidade, temperatura de 38,2 ºC, mucosas normocoradas,
HT de 36% e proteína total de 6,4 g/dL.
O diagnóstico da doença é baseado no histórico do animal, sinais clínicos de
taquicardia, taquipneia, dispneia, hipertermia, perda de peso, alterações na ausculta pulmonar e
cardíaca, e em casos mais avançados relutância em movimentar-se, secreção nasal e edema
ventral. O exame ultrassonográfico pode evidenciar irregularidade e espessamento da superfície
pleural (pleura parietal e visceral), consolidação pulmonar, presença de líquido anecóico
associado a fibrina e podendo concomitantemente ocorrer formação de abscessos (caudas de
cometa). A partir do exame radiográfico visualiza-se aumento da radiopacidade, margens
irregulares e padrão pulmonar alveolar (broncogramas aéreos). A endoscopia auxilia na
visualização de possíveis secreções hemorrágicas e na coleta de material traqueobrônquico
para cultura e antibiograma (REUSS e GIGUÈRE, 2015 e FERRUCCI et al., 2008).
Realizou-se o exame de ultrassonografia de ambos os lados da cavidade torácica, onde
constatou-se acúmulo de líquido pleural e debris celulares (fibrina) entre as pleuras parietal e
visceral, além de consolidação pulmonar e espessamento da parede do mesmo (Figura 24).
Figura 24 – Ultrassonografia torácica pulmonar evidenciando a presença de líquido e debris
celulares (fibrina) entre as pleuras.
Fonte: Cortesia Clínica de Equinos Santa Maria (2019).
49
A toracocentese é realizada de forma diagnostica e terapêutica, já que o procedimento
permite a coleta de líquido pleural para posterior avaliação citológica, cultura e antibiograma,
além da drenagem do líquido, lavagem da cavidade pleural e infusão de medicamentos,
proporcionando um maior conforto ao animal (RUSH e MAIOR, 2004; ARROYO et al., 2017).
Após avaliação do exame físico e das imagens, foi realizada uma intervenção cirúrgica
para fixação de drenos torácicos bilaterais. Através da ultrassonografia delimitou-se o ponto
mais ventral para incisão, realizou-se tricotomia, bloqueio local com lidocaína e antissepsia
cirúrgica (Figura 25.A). A técnica realizada iniciou pela incisão da pele e musculatura (músculo
grande dorsal e serrátil ventral) (toracocentese) e posicionamento do dreno. Do lado esquerdo
do tórax foram recuperados 13 litros de conteúdo de aspecto leitoso e coloração amarelo claro
e, do lado direito do tórax foram recuperados quatro litros de conteúdo de aspecto líquido e
coloração amarelo escuro (Figura 26). O dreno foi fixado com sutura em bolsa de tabaco e
finalizado com ponto chinês com fio monofilamentar (Nylon).
Figura 25 – Após tricotomia e antissepsia cirúrgica (A). Dreno fixado no tórax esquerdo (B).
Dreno fixado no tórax direito (C).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
50
Figura 26 – Conteúdo de aspecto leitoso e coloração amarelo claro (tórax esquerdo) e
conteúdo de aspecto líquido e coloração amarelo escuro (tórax direito).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
A gentamicina é indicada no controle das bactérias gram-negativas associado à
penicilina como antimicrobiano de amplo espectro para o combate da classe gram-positivas e
metronidazol para as anaeróbicas (ARROYO et al., 2017). O ceftiofur é apropriado em casos
de possível infecção por enterobactérias que são espécies anaeróbicas facultativamente gram-
negativas, além da ação sobre gram-posivitas (REUSS e GIGUÈRE, 2015). Após fixação de
um cateter internacional intravenoso, o tratamento instituído iniciou com antibioticoterapia a
base de gentamicina (Pangram®) na dose de 6,6 mg/kg, IV – SID, metronidazol na dose de 25
mg/kg, VO – TID e ceftiofur (Excede®) na dose de 6,6 mg/kg, IM a cada 96 horas.
Administração de flunixim meglumine (Chemitec®) na dose inicial de 1,1 mg/kg, IV – SID e
posteriormente na dose de 2,2mg/kg, TID, juntamente com omeprazol na dose de 4 mg/kg, VO
– SID. Fluidoterapia duas vezes ao dia com três litros de solução RL e dois litros de solução
51
fisiológica (SF) associado a dois litros de glicose com 100 ml de DMSO em cada por cinco
dias. O DMSO reduz adesão das fibrinas e agregação plaquetária, além da ação anti-
inflamatória (RAIDAL, 1995).
Visto que o animal apresentou um quadro de flebite de veia jugular, fez-se necessária
a instituição de terapia constituída por dez minutos de calor (bolsa de água quente) e posterior
10 minutos de frio (gelo) sobre o local, além de massagem com pomada anti-inflamatória a base
de diclofenaco - BID. Pela presença de pulso digital nos membros torácicos, foi realizada a
remoção dos ferros e acomodação de palmilhas com elevação nos talões para prevenção de
laminite. Além da flebite e laminite, outras complicações como colite, celulite na área de
fixação do dreno, coagulação intravascular disseminada (CID), fístulas broncopleurais e
pneumotórax também podem ocorrer (RUSH e MAIR, 2004; SPRAYBERRY e BYARS, 1999;
RENDLE, ARMSTRONG e HUGHES, 2012; ARROYO et al., 2017; REUSS e GIGUÈRE,
2015).
Após alguns dias de internação, o animal apresentou diminuição sérica da PPT (4,6
d/L) e presença de edema ventral, necessitando de reposição com plasmoterapia. Para auxiliar
na recuperação e melhora na condição nutricional do paciente, administrou-se 20 ml de
Hemolitan® e 15 ml de Glicopan Energy® VO, SID durante todo tratamento.
A drenagem do líquido acumulado entre as pleuras era realizada de forma diária,
associada inicialmente a lavagens da cavidade com solução fisiológica (SF) ou RL aquecidos e
posterior infusão de um litro de SF aquecida com 4 ml (1 grama) de sulfato de amikacina de
cada lado. Era notável nas drenagens que o lado direito apresentava um líquido mais
esbranquiçado e leitoso quando comparado ao lado esquerdo, entretanto, os dois lados possuíam
considerável quantidade de fibrina.
Reuss e Giguère (2015) relatam que o método de aspirado traqueobrônquico
apresentada melhores resultados quanto ao crescimento bacteriano em comparação a cultura do
líquido pleural (43% dos casos negativos). O caso relatado não apresentou crescimento
bacteriano no líquido pleural coletado, é possível que o tratamento antibacteriano possa
mascarar os resultados.
Após dez dias da fixação dos drenos torácicos, houve a necessidade da remoção dos
mesmos pelas complicações de celulite e deiscência dos pontos no local da inserção. Associado
52
as dificuldades nas drenagens, optou-se pelo reposicionamento dos drenos em áreas mais
ventrais do tórax (Figura 27).
Figura 27 – Reposicionamento do dreno torácico.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
Com o decorrer das lavagens, observou-se pouco progresso nos líquidos drenados e
nos sinais clínicos do animal, optando-se pela mudança nas infusões torácicas com a utilização
de PVPI degermante diluído em água, que visualmente drenava melhor a fibrina. Após infusão
e drenagem do mesmo, modificou-se as infusões de SF aquecida com sulfato de amicacina para
10 ml de enrofloxacina (Kinetomax®). Após sucessivas lavagens com diferentes princípios
ativos, como água oxigenada e água sanitária, o iodo continuou sendo o melhor método de
lavagem.
53
Após 20 dias de internação, o animal começou a apresentar dificuldade para
locomoção, prostração, hiporexia, dispneia com respiração abdominal, aumento da FC para 100
bpm, FR para 52 mpm e temperatura de 39,8 ºC, além de muita tosse e secreção nasal purulenta
bilateral (Figura 28). Em nova avaliação ultrassonográfica, evidenciou-se no lado direito
consolidação pulmonar em praticamente toda superfície associado a áreas de hepatização
pulmonar e acúmulos circunscritos de líquido, sugerindo múltiplos abscessos. Com a piora dos
sinais e autorização do proprietário foi realizada a eutanásia do animal após 21 diasdw de
tratamento. Realizada a necrópsia confirmou-se a presença de abscessos anteriormente
observados na avaliação ultrassonográfica, grande quantidade de líquido purulento e fístula
broncopleural (Figura).
Figura 28 – Secreção nasal bilateral.
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
O prognóstico da pleuropneumonia depende principalmente do tempo decorrido desde
o momento em que o animal sofre o fator desencadeante ou início dos sinais clínicos até o
tratamento, além da resposta aos antibióticos e desenvolvimento de complicações que implicam
na volta a vida atlética. Observou-se altas taxas de recuperação e volta as pistas na literatura
estrangeira, pelo fato da rápida detecção dos sinais e posterior tratamento adequado (RENDLE,
54
ARMSTRONG e HUGHES, 2012; SPRAYBERRY e BYARS, 1999; COLLINS, HODGSON
e HUTCHINS, 1994; BODECEK, 2011; TOMLINSON et al., 2015). O paciente relatado foi
encaminhado a clínica com um quadro avançado de pleuropneumonia e resposta ineficiente ao
tratamento antibacteriano anteriormente instituído, logo, o prognóstico reservado e as
complicações posteriores impossibilitaram o sucesso do tratamento.
Figura 29 – Presença de líquido purulento na cavidade pleural (A). Abscesso pulmonar (B).
Fístula broncopleural (C).
Fonte: Universidade Federal de Santa Maria (2019).
55
3.3 SISTEMA VASCULAR
3.3.1 Púrpura Hemorrágica
3.3.1.1 Relato de Atendimento
A púrpura hemorrágica é descrita como uma vasculite imunomediada, a qual se dá
pela produção excessiva de imunocomplexos (antígeno + anticorpo) que se depositam na parede
dos vasos sanguíneos, acarretando em inflamação e necrose dos mesmos. A partir dessas lesões
ocorrem as perdas de proteínas, líquido e eritrócitos para o espaço extracelular, evoluindo para
edema subcutâneo e hemorragias petequeais nas mucosas (WIEDNER et al., 2006; BOYLE et
al., 2017).
As principais causas relatadas estão associadas a animais que tiveram uma infecção
prévia por Streptococcus equi ou foram vacinados contra o mesmo, em alguns casos a
quantidade de antígeno (proteína M) excede a de anticorpos (imunoglobulina A (IgA)), como
forma de compensação, ocorre a formação de pequenos imunocomplexos (proteína M + IgA)
que não são filtrados e circulam pela corrente sanguínea depositando-se na parede dos vasos.
São citados relatos de animais com histórico de infecção viral recente também, entretanto, 10 a
20% dos casos não possuem histórico clínico (PUSTERLA et al., 2003; WIEDNER et al.,
2006).
A doença se caracteriza pela presença de edema subcutâneo na cabeça, membros e
parte ventral, petéquias na mucosa, letargia, anorexia, hipertemia, relutância em mover-se e
alterações nos parâmetros. Esses complexos antígeno-anticorpo podem se depositar em outros
órgãos gerando complicações como pneumonia, diarreia, cólica, glomerulonefrite, miopatias e
infecções articulares. As principais alterações hematológicas e bioquímicas citadas são anemia
moderada, leucocitose, hipoalbuminemia, hiperfibrinogenemia e aumento das enzimas
musculares (PUSTERLA et al., 2003; BOYLE et al., 2017; WEIDNER et al., 2006).
No dia 22 de agosto, em atendimento externo foi examinada uma égua, crioula,
aproximadamente 5 anos, com queixa de inchaço na região da cabeça, prostração, decúbito e
sudorese. Ao exame físico apresentava FC de 64 bpm, FR de 20 mpm, TPC 3, mucosa cianótica,
motilidade intestinal presente, temperatura de 38,5 ºC, diarreia fétida e aumento de volume na
região da mandíbula e lábios. Inicialmente o animal foi medicado com flunixin meglumine
(Chemitec®) na dose de 1,1mg/kg - IV, gentamicina (Gentopen®) na dose de 6,6mg/kg - IV e
56
15 litros de solução RL – IV. Realizou-se imagens radiográficas da cabeça, afim de descartar
uma possível fratura mandibular. Após a diminuição da temperatura e reidratação considerável,
a paciente foi encaminhada para a clínica.
Em nova avaliação o animal apresentou FC de 60 bpm, FR de 16 mpm, 37,8 ºC,
aumento da motilidade intestinal, HT de 41,6%, PPT de 3,9 g/dL, albumina de 1,15 g/dL e
fibrinogênio de 1.000 mg/dL. A partir dos sinais de diarreia, desidratação, hiperfibrinogenemia
e hipoproteinemia, administrou-se 10 litros de solução RL, quatro bolsas de plasma, 350 gramas
de carvão ativado via sonda nasogástrica e 16 litros de solução eletrolítica livre escolha. O
animal continuou apresentando aumento de volume na região da cabeça, hipertermia e diarreia
com aspecto líquido, fétida e escura (Figura 30).
Figura 30 – Aumento de volume (edema) na região mais cranial da cabeça, afetando as
regiões mandibular e maxilar (A e B).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
57
O diagnóstico da doença é baseado nos sinais clínicos, histórico de infecção ou
vacinação recente, biópsia de pele (vasculite leucocitoclástica necrosante) e teste de ELISA
positivo para anticorpos contra proteína tipo M do Streptococcus equi. Pelo fato de uma
porcentagem de animais não possuírem o histórico citado pela literatura e nem todos sinais
comuns da doença como é o caso relatado, é importante iniciar o tratamento dos sinais clínicos
encontrados e avaliar a resposta do animal. O tratamento deve combater a inflamação e resposta
imune exacerbada com o uso de AINE (fenilbutazona, flunixin meglumine) associado a protetor
gástrico (omeprazol), corticóides (dexametasona) e antibiótico de amplo espectro (penicilina
potássica ou sódica). A terapia de suporte inclui fluidoterapia, plasma (hipoproteinemia),
duchas e compressas de água fria nos locais afetados, bandagens nos membros e exercícios
leves (WEIDNER et al., 2006; PUSTERLA et al. 2013; KAESE et al., 2005).
O tratamento inicial constituiu-se na administração de flunixin meglumine
(Chemitec®) na dose de 1,1 mg/kg, IV – QID, omeprazol na dose de 4m/kg, VO – SID, 5g de
Floramax®, VO – SID, dexametasona (Dexacort®) na dose inicial de 0,2 mg/kg, IV – BID e
posterior decréscimo por cinco dias, benzilpenicilina potássica na dose de 20.000 UI, IV – QID,
gentamicina (Gentopen®) na dose de 6,6 mg/kg, IV – SID e oito litros de solução eletrolítica
livre escolha, BID. Conforme os resultados do HT e PT, que eram realizados diariamente,
avaliava-se a necessidade de fluidoterapia a base de solução RL e transfusão de plasma.
O edema tornou-se mais evidente nas áreas da narina e boca, além de afetar os quatro
membros (Figura 31), por isso, optou-se pela ducha diária de água fria nos locais afetados e
utilização de bandagem compressiva nos membros.
O estudo radiológico da cabeça foi realizado novamente afim de descartar alterações
nas bolsas guturais, já que o animal apresentava secreção nasal bilateral purulenta fétida e a
doença normalmente está associado ao contato prévio com o Streptococcus (garrotilho) (Figura
32).
58
Figura 31 – Edema na região das narinas e boca (A e B). Edema nos membros posteriores (C
e D).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
59
Figura 32 – Estudo radiológico da região da cabeça, sem alterações dignas de nota.
Fonte: Clínica de Equinos Santa Maria (2019).
Após 13 dias de tratamento, a secreção nasal e o edema nos membros e cabeça
diminuíram consideravelmente (Figura 33), associado aos sinais clínicos, a redução dos
leucócitos (13.000/ul) e do fibrinogênio (500 mg/dL) indicaram uma melhora significativa,
determinando a alta do animal.
Figura 33 – Diminuição do edema na região da cabeça (A e B) e dos membros (C).
Fonte: Arquivo pessoal (2019).
60
O prognóstico normalmente é favorável nos casos de rápido diagnóstico, tratamento
precoce e não ocorrência de complicações. O caso relatado apresentou considerável dificuldade
na determinação do diagnóstico final, já que o mesmo não possuía histórico e inicialmente
apenas sinais de diarreia e aumento de volume na região da mandíbula, fato que levou a suspeita
de acidente ofídico. A escolha do tratamento rápido baseado nos sinais clínicos, terapia
intensiva e evolução durante a internação determinaram o sucesso do caso.
61
4 CONCLUSÃO
A escolha de realizar o estágio curricular em apenas um local possibilitou o
acompanhamento completo da maioria dos casos apresentados, desde o diagnóstico, definição
do tratamento e evolução. O fato de a clínica possuir uma rotina de internação intensiva
contribuiu de forma significativa no aprendizado da avaliação diária dos parâmetros e evolução
dos animais, na realização de curativos e procedimentos cirúrgicos, organização de
fichas/materiais e no treinamento do diagnóstico clínico correto.
Acompanhar os três setores de clínica, cirurgia e reprodução em conjunto ressaltou
como uma área complementa a outra, onde, na maioria das situações a importância de associá-
las foi fundamental para o diagnóstico final.
Ao final do estágio pude perceber uma notável evolução como pessoa e futura médica
veterinária, a convivência com diferentes pessoas e animais, o trabalho em equipe e a prática
vivenciada foram de grande contribuição para a formação final.
62
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