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Boletim Trabalhista n° 19 - Outubro/2015 - 1ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações legais.

DIREITO DO TRABALHO

RESCISÃO COMPLEMENTARDiferenças de Verbas Rescisórias, Ressalva no TRCT, FGTS, GFIP, Multa

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO2. EQUÍVOCO NA APURAÇÃO DAS VERBAS RESCISÓRIAS - APURAÇÃO A MENOR3. COMISSÕES APÓS A RESCISÃO 4. APOSIÇÃO DE RESSALVA PELO HOMOLOGADOR NO TRCT5. FGTS - DIFERENÇAS DE DISSÍDIO COLETIVO APÓS RESCISÃO

5.1. Código de Recolhimento5.2. Características

6. GFIP - RECOLHIMENTO E DECLARAÇÃO COMPLEMENTAR PARA O FGTS6.1. Recolhimento e Declaração Complementar para o FGTS6.2. Centralização de Recolhimento e Prestação de Informações ao FGTS6.3. Remuneração Complementar para o FGTS6.4. Base de Cálculo da Previdência Social6.5. Recolhimento/declaração Complementar ao FGTS6.6. Retificação de Informações

7. RESCISÃO COMPLEMENTAR E MULTA DO ART. 477, § 8°, DA CLT8. JURISPRUDÊNCIA

1. INTRODUÇÃO

A rescisão complementar deve ser efetuada quando existirem valores se serem pagos após quitada a rescisão contratual, várias situações podem ensejar pagamento complementar, quais sejam:

- equívoco na apuração das verbas rescisórias;

- existência de comissões pagas ao empregado comissionista após a rescisão;

- anotação de ressalva pelo no termo de rescisão pelo homologador;

- superveniência de instrumento coletivo (dissídio coletivo) após a data-base/rescisão.

É muito comum que as empresas possuam casos que sejam necessários efetuar a rescisão complementar, portanto é necessário observar as regras que serão expostas neste boletim.

2. EQUÍVOCO NA APURAÇÃO DAS VERBAS RESCISÓRIAS - APURAÇÃO A MENOR

Quando por algum motivo o empregador acaba efetuando o pagamento das verbas rescisórias a menor, tais como saldo de salário, adicionais (insalubridade, periculosidade, horas extras, noturno, prontidão ou sobreaviso, entre outros), avos de férias, ou 13° salário, orienta-se que a empresa efetue a complementação da rescisão contratual, pois se não o fizer o empregado poderá ingressar com reclamatória trabalhista solicitando tais diferenças.

O procedimento neste caso é o de retificação da folha de pagamento, do mês de competência correspondente.

Além disso, a empresa deverá retificar a GFIP do mês de competência em que ocorreu o envio com informações erradas, para isso é necessário usar a modalidade conforme o caso:

Conforme manual da SEFIP 8.4 a utilização de cada modalidade deve ser a seguinte:

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- Modalidade Branco é utilizada para recolhimento ao FGTS e prestação de informações à Previdência, nesta modalidade além de enviar informações ao FGTS e a Previdência é gerado pelo aplicativo da SEFIP as guias de recolhimento;

- Modalidade 1 é utilizada quando não é recolhido o FGTS mês de competência, configurando a confissão de débito para o Fundo de Garantia, bem como para prestar informações à Previdência;

- Modalidade 9 é utilizada para confirmação ou retificação das informações prestadas anteriormente, para trabalhador que constou em GFIP/SEFIP anterior, em qualquer modalidade.

Além disso, com a confirmação dos empregados, é cabível a geração da nova GFIP/SEFIP com todos os empregados para a Previdência.

3. COMISSÕES APÓS A RESCISÃO

No caso da rescisão contratual dos comissionistas, os mesmos podem receber as comissões, por meio da rescisão complementar, segundo o artigo 466 da CLT:

Art. 466 - O pagamento de comissões e percentagens só é exigível depois de ultimada a transação a que se referem. § 1° - Nas transações realizadas por prestações sucessivas, é exigível o pagamento das percentagens e comissões que lhes disserem respeito proporcionalmente à respectiva liquidação. § 2° - A cessação das relações de trabalho não prejudica a percepção das comissões e percentagens devidas na forma estabelecida por este artigo.

Além disso, a Lei n° 3.207/1957, que regulamenta as atividades dos empregados vendedores, viajantes ou pracistas, menciona em seu artigo 6° que a cessação das relações de trabalho, ou a inexecução voluntária do negócio pelo empregador, não prejudicará a percepção das comissões e percentagens devidas

Consequentemente, o empregado que recebe comissões terá direito de recebe-las, após a rescisão contratual, conforme o empregador for recebendo as mesmas.

O Manual da SEFIP/GFIP, versão 8.4, menciona que as comissões pagas nas regras do artigo 466 da CLT e da Lei n° 3.207/1957, até mesmo após a rescisão contratual, deverá ser informada na GFIP/SEFIP, de acordo que forem pagas, junto com os demais trabalhadores.

Se já tiver acontecido a rescisão contratual, deverá a empresa informar a movimentação no código V3.

O código de movimentação V3 é usado quando a legislação permitir efetuar recolhimentos à Previdência e/ou ao FGTS após o encerramento de vínculo.

Já em relação a data de movimentação é necessário corresponder ao último dia do vínculo.

4. APOSIÇÃO DE RESSALVA PELO HOMOLOGADOR NO TRCT

Se for identificado no ato da homologação que as verbas rescisórias foram pagas a menor, caberá ao homologador efetuar as devidas ressalvas no verso do termo de rescisão, com o intuito de instruir ambas as partes, o empregado das diferenças existentes, já o empregador a elaborar corretamente a respectiva rescisão.

Neste caso, o empregador poderá por meio da rescisão complementar regularizar o pagamento das diferenças de valores existentes não pagas.

Em relação a GFIP deverá o empregador por meio da retificação transmitir os dados, conforme instruções do item 2 deste boletim.

5. FGTS - DIFERENÇAS DE DISSÍDIO COLETIVO APÓS RESCISÃO

Nas situações de dispensa sem justa causa ou por culpa recíproca, em que seja necessário a recolhimento da multa do FGTS, em decorrência de reajuste salarial após a rescisão contratual, as diferenças devem ser recolhidas por meio da GRRF complementar ou em GRF, nas rescisões por pedido de demissão ou dispensa com justa causa.

Em relação ao recolhimento e informações do INSS decorrente das alterações ocasionadas pelo dissídio coletivo após a data-base da categoria, conforme manual da GFIP/SEFIP versão 8.4 devem ser adotadas as seguintes orientações:

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5.1. Código de Recolhimento

Para a inclusão de informações na GFIP, devem ser usados os seguintes códigos:

650Recolhimento ao FGTS e informações à Previdência Social relativo a Anistiados, Reclamatória Trabalhista, Reclamatória Trabalhista com Reconhecimento de Vínculo, Acordo, Dissídio ou Convenção Coletiva, Comissão de Conciliação Prévia ou Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista;

660Recolhimento exclusivo ao FGTS relativo a Anistiados, Conversão de Licença Saúde em Acidente de Trabalho, Reclamatória Trabalhista, Acordo, Dissídio ou Convenção Coletiva, Comissão de Conciliação Prévia ou Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista.

5.2. Características

Para recolhimento/declaração referente às verbas pagas em decorrência de acordo coletivo, dissídio coletivo ou convenção coletiva para reajuste salarial, sendo o pagamento retroativo à data-base é necessário usar as características 05, 06 e 07.

- Característica 05 - Para recolhimento/declaração referente a verbas pagas em decorrência de Acordos Coletivos.

- Característica 06 - Para recolhimento/declaração referente a verbas pagas em decorrência de Dissídios Coletivos.

- Característica 07 - Para recolhimento/declaração referente a verbas pagas em decorrência de Convenções Coletivas.

Nos eventos de acordo coletivo, necessita tranmitir uma GFIP/SEFIP com código 650, para a competência da celebração do acordo, devendo conter os seguintes dados:

Bases de Incidência

Cód. Rec Modalidade Competência N° Processo Ano Vara Período Início e

Período Fim

FGTS e Previdência 650 Branco ou 1

Mês da celebração do acordo

Número do processo administrativo ou n° para controle do contribuinte (*)

Ano da celebração do Acordo

05

Competência inicial e final do período a que se referem as diferenças pagas

(*) Pode ser um número atribuído pelo empregador/contribuinte, para seu controle. Havendo necessidade de retificar a GFIP/SEFIP para a Previdência Social, deve ser informado o mesmo número, uma vez que para o código 650, a informação contida nesse campo compõe a chave da GFIP/SEFIP.

Característica 06 - Dissídio coletivo

No caso de dissídio coletivo, deve ser transmitida uma GFIP/SEFIP com código 650, para a competência do trânsito em julgado da sentença, com as seguintes informações:

Bases de Incidência

Cód. Rec Modalidade Competência N°

Processo Ano Vara Período Início e Período Fim

FGTS e Previdência 650 Branco ou

1

Mês do trânsito em julgado da sentença que decidir o dissídio

Número do processo

Ano do processo

Vara Trabalhista ou a Junta de Conciliação e Julgamento - JCJ

Competência inicial e final do período a que se referem as diferenças pagas

Característica 07 - Convenção coletiva

No caso de convenção coletiva, deve ser transmitida uma GFIP/SEFIP com código 650, para a competência da celebração da convenção, com as seguintes informações:

Bases de Incidência

Cód. Rec Modalidade Competência N° Processo Ano Vara Período Início e

Período Fim

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FGTS e Previdência 650 Branco ou 1

Mês da celebração da convenção

Número de referência ou de identificação da Convenção

Ano da celebração da Convenção

07

Competência inicial e final do período a que se referem as diferenças pagas

Observa-se que nos casos de acordo coletivo, dissídio coletivo ou convenção coletiva que possuam decisões ou acordos entre as partes no período de 08/2005 a 03/2007, a competência da GFIP/SEFIP em relação a previdência, será mês da prestação dos serviços.

Já para o FGTS será o mês da sentença ou da homologação do acordo.

Consequentemente, devem ser transmitidas GFIP/SEFIP distintas para a Previdência Social/RFB (código 650) e para o FGTS (código 660) com as seguintes informações:

Bases de Incidência

Cód. Rec Modalidade Competência Período Início e Período Fim

Previdência 650 1 Cada mês do período de prestação dos serviços Igual à competência da GFIP/SEFIP

FGTS 660 Branco ou 1 Mês da sentença ou da homologação do acordo

Competência inicial e final do período a que se referem às diferenças pagas

Os campos N° Processo, Ano e Vara devem ser preenchidos conforme as orientações contidas nas tabelas acima, nos subitens 8.5.5.1, 8.5.5.2 e 8.5.5.3 DO Manual da GFIP 8.4.

O Código de GPS para o recolhimento do INSS deve ser o seguinte:

2950 - Acordo Perante Comissão de Conciliação Prévia, Dissídio ou Acordo Coletivo e Convenção Coletiva – CNPJ.

6. GFIP - RECOLHIMENTO E DECLARAÇÃO COMPLEMENTAR PARA O FGTS

Para efetuar o recolhimento do FGTS complementar é necessário seguir algumas regras, impostas pelo manual da SEFIP versão 8.4, conforme será demonstrado nos próximos itens.

6.1. Recolhimento e Declaração Complementar para o FGTS

Conforme o Manual da SEFIP/GFIP o recolhimento e declaração complementar para o FGTS é o valor da diferença de remuneração do trabalhador das categorias 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07, sobre a qual não houve recolhimento e/ou declaração anterior.

Exemplo:

O empregador enviou a GFIP/SEFIP com 11 trabalhadores, com recolhimento ao FGTS. Para um trabalhador o valor da remuneração foi informado de forma parcial, ou seja, foi informado R$ 900,00, sendo que a remuneração integral era R$ 1.100,00.

Para recolhimento ao FGTS da diferença faltante deve ser gerada nova GFIP/SEFIP, na modalidade branco, informando a remuneração complementar deste trabalhador (R$ 200,00) no campo Remuneração sem 13° Salário e a remuneração integral (R$ 1.100,00) no campo Base de Cálculo da Previdência Social. Para tanto, deve ser informada a opção “Sim” no campo Remuneração Complementar para o FGTS. Os demais trabalhadores, que não possuem diferenças de remuneração, também devem constar da mesma GFIP/SEFIP, com a modalidade 9, e os mesmos dados e fatos geradores informados anteriormente.

Além disso as empresas devem possuir atentas a algumas situações, quais sejam:

1. Se existir diferença de remuneração em consequência de rescisão complementar, o recibo dos valores dos débitos do FGTS deve deverá ser pago em Guia de Recolhimento Rescisório do FGTS.

Além disso, será indispensável o envio de nova GFIP/SEFIP, para informação à Previdência Social, contendo o valor integral da remuneração, já considerado o complemento, com a devida indicação que o recolhimento do FGTS já foi realizado.

2. Se houver sido informado, na GFIP/SEFIP anterior, uma parcela do 13° salário, no campo Remuneração 13° Salário, esta parcela não deve ser repetida na GFIP/SEFIP com o recolhimento ou a declaração complementar para o FGTS.

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Portanto existindo complemento referente a 13° salário, será necessário informar apenas a eventual diferença a complementar no campo Remuneração 13° Salário.

6.2. Centralização de Recolhimento e Prestação de Informações ao FGTS

Empresas que possuírem mais de um estabelecimento poderá optar pela centralização parcial ou total dos recolhimentos e informações ao FGTS.

Não é necessário a aprovação da CAIXA, contudo é necessário manter, em relação àquelas unidades, o controle de pessoal e dos registros contábeis também centralizados.

É necessário para as situações de complemento do recolhimento ao FGTS, ao qual o estabelecimento centralizador não participe do movimento, eleição de um novo estabelecimento como centralizador entre aqueles que tiverem empregados com recolhimento na modalidade branco, mantendo os demais como centralizados.

O lugar do recolhimento complementar deve ser o que a empresa centraliza seu depósito regular do FGTS.

6.3. Remuneração Complementar para o FGTS

Neste campo deve conter a opção “sim” se for indispensável informar a diferença de remuneração paga, devida ou creditada ao trabalhador das categorias 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07, sobre a qual não houve recolhimento e/ou declaração anterior ao FGTS.

Deve-se analisar o item 6.1, deste boletim.

Já se não versar sobre o complemento de remuneração para o FGTS, este campo deve ser preenchido com a opção “não”.

6.4. Base de Cálculo da Previdência Social

Deverá preencher este campo com a base de cálculo das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração do segurado.

Em regra, este campo não deve ser preenchido, pois é automaticamente preenchido, na ocasião do fechamento, pelo valor informado no campo Remuneração sem 13° Salário.

A princípio, o campo Base de Cálculo da Previdência Social deve ser igual ao campo Remuneração sem 13° Salário.

O manual da SEFIP/GFIP versão 8.4 cita três situações em que o campo Base de Cálculo da Previdência Social deve ser informado pelo empregador, podendo ser diferente do valor informado no campo Remuneração sem 13° Salário. Nestas situações, o SEFIP não atribui automaticamente o valor do campo Remuneração sem 13° Salário.

E uma delas é o evento de recolhimento/declaração complementar ao FGTS (quando há “sim” no campo Remuneração Complementar para o FGTS).

6.5. Recolhimento/declaração Complementar ao FGTS

Se o empregador realizar o recolhimento/declaração complementar para o FGTS, nos moldes citados no item 6.1, deverá informar no campo Remuneração sem 13° Salário apenas a diferença de remuneração, e no campo Base de Cálculo da Previdência Social a remuneração integral do trabalhador.

Segue exemplo para melhor compreensão:

Empregador entregou uma GFIP/SEFIP na qual a remuneração do trabalhador Manuel de Oliveira com valor de R$ 1.100,00. Foi recolhido o FGTS (modalidade branco).

Em seguida, o empregador/contribuinte averiguou-se que a remuneração do trabalhador na verdade correspondia a R$ 1.600,00.

Neste caso, será necessário recolhimento/declaração ao FGTS sobre a diferença de remuneração correspondente a R$ 500,00, nos seguintes moldes:

- campo Remuneração sem 13° Salário - valor correspondente à diferença de remuneração (para incidência do FGTS) - R$ 500,00;

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- campo Remuneração Complementar para o FGTS - sinalizar o recolhimento/declaração complementar ao FGTS;

- campo Base de Cálculo da Previdência Social - valor correspondente à remuneração integral do trabalhador (base de cálculo da Previdência) - R$ 1.600,00;

- campo Modalidade - branco para recolhimento do FGTS ou 1 para declaração ao FGTS;

- Em relação ao demais campos precisam ser preenchidos em conformidade com as instruções do Manual da GFIP 8.4.

6.6. Retificação de Informações

Determina o capítulo V do Manual da GFIP versão 8.4, que as informações enviadas de forme incorreta ou indevidamente RFB precisam ser corrigidas por meio de nova GFIP/SEFIP.

Os fatos geradores omitidos também são informados por meio da apresentação de nova GFIP/SEFIP, neste caso, conterão todos os fatos geradores que já foram apresentados, acrescentando, se necessário, o recolhimento/declaração complementar ao FGTS, observando-se as regras do item 1.1.

Para melhor compreensão segue dois exemplos:

Exemplo 1: Se existir erro referente a informação da categoria, abrangendo alíquotas diferenciadas para o FGTS (alíquota maior para alíquota menor)

Determinada empresa transmitiu GFIP/SEFIP para o estabelecimento 0001, a competência 09/2015, o código de recolhimento 115 e o FPAS 507, contendo 30 trabalhadores (Modalidade branco ou 1). Existiu erro na informação da categoria de dois trabalhadores. Foi informada a categoria 01 (alíquota FGTS 8%) quando correto era a 07 (alíquota FGTS 2%).

Para correção, deve ser transmitida uma nova GFIP/SEFIP para a mesma chave da GFIP/SEFIP incorreta, contendo as informações devidas; ou seja, para o estabelecimento 0001, a competência 09/2005, o código de recolhimento 115 e o FPAS 507.

Na nova GFIP/SEFIP, os dois trabalhadores e os demais 28 trabalhadores, para os quais não houve retificação, devem ser informados com a Modalidade 9.

Se foi transmitida a Modalidade branco na GFIP/SEFIP anteriormente apresentada, será devida a devolução do valor recolhido a maior, devendo observar as orientações contidas na Circular CAIXA que trata da matéria.

Exemplo 2: Se existir erro na informação da categoria, abrangendo alíquotas diferenciadas para o FGTS (alíquota menor para alíquota maior)

Determinada empresa transmitiu GFIP/SEFIP para o estabelecimento 0001, a competência 09/2015, o código de recolhimento 115 e o FPAS 507, contendo 2 trabalhadores (Modalidade branco). Existiu erro na informação da categoria de um trabalhador. Foi informada a categoria 07 (alíquota FGTS 2%) quando o correto era a 01 (alíquota FGTS 8%).

Para correção, deve ser transmitida uma nova GFIP/SEFIP para a mesma chave da GFIP/SEFIP incorreta, contendo as informações devidas; ou seja, para o estabelecimento 0001, a competência 09/2015, o código de recolhimento 115 e o FPAS 507.

Na nova GFIP/SEFIP, o trabalhador João, da categoria 01, deve ser informado com a Modalidade branco e o indicativo de remuneração complementar para o FGTS. Já para o outro trabalhador, que não foi retificado, deve ser informado com a Modalidade 9.

Segue quadro exemplificativo:

GFIP/SEFIP 1 GFIP/SEFIP 2

Trab. Remun. Sem 13° Cat. Modalidade Remun.

Sem 13° Cat. Modalidade

João 1.000,00 07 Branco 750,00 * 01Branco - Ind. remuneração complementar

Maira 800,00 07 Branco 800,00 07 9

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Para o trabalhador João, deverá informar a remuneração de R$ 1.000,00 no campo Base de cálculo da Previdência Social da GFIP/SEFIP 2 e de R$750,00 no campo Remuneração sem 13°, com a opção “Sim” no campo Remuneração complementar para o FGTS, visto que o valor pago na GFIP/GRF incorreta (R$ 20,00) corresponde ao depósito de 8% sobre a remuneração de R$ 250,00, restando a recolher ao FGTS sobre R$ 750,00, logo (1.000,00 menos 250,00).

Para o FGTS, além da nova GFIP/SEFIP, observar as orientações da Circular Caixa que estabelece procedimentos pertinentes à retificação de informações ao FGTS, transferência de contas FGTS e à devolução de valores recolhidos ao FGTS.

7. RESCISÃO COMPLEMENTAR E MULTA DO ART. 477, § 8°, DA CLT

Estabelece o artigo 477, § 6° da CLT o prazo para o pagamento das verbas rescisórias quais sejam:

a) o primeiro dia útil imediato ao término do contrato, quando o aviso prévio for trabalhado; ou,

b) o décimo dia, contado da data da notificação da demissão, no caso de ausência de aviso prévio, indenização deste ou dispensa de seu cumprimento.

O não cumprimento do prazo mencionado no respectivo dispositivo legal, implica na aplicação da multa prevista no artigo 477, § 8°, da CLT em favor do empregado, correspondente ao valor de seu salário.

No entanto, em relação a rescisão complementar existem dois entendimentos jurisprudências, conforme serão demostrados a seguir:

- O primeiro defende que se as verbas rescisórias principais foram pagas no prazo não será devida a aplicação da multa imposta pelo artigo 477, § 8°, da CLT.

- O segundo entende que os valores pagos por meio da rescisão complementar integram as verbas rescisórias, neste caso é necessário aplicar as regras imposta no artigo 477, § 8°, da CLT, ou seja, o não pagamento do total das verbas rescisórias, ainda de forma complementar, constitui o direito ao empregado do pagamento da multa em favor do empregado correspondente ao valor do seu salário.

Se a empresa não concordar com a última corrente que defende o pagamento da multa e se o empregado se sentir prejudicado, poderá ingressar com ação na Justiça do Trabalho, cabendo ao Juiz a análise do caso concreto.

É importante mencionar que se o trabalhador, comprovadamente der causa à mora, não será devida a aplicação da multa em seu favor.

8. JURISPRUDÊNCIA

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. TRCT. PAGAMENTO COMPLEMENTAR FORA DO PRAZO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8°, DA CLT. INCIDÊNCIA. Caso em que o Tribunal Regional entendeu indevida a aplicação da multa do art. 477, § 8°, da CLT, considerando tempestiva a quitação das verbas rescisórias, bem assim que não incide a referida sanção por homologação tardia ou por atraso na liberação das guias do seguro desemprego. A situação, no entanto, é de pagamento complementar de parcela incontroversa decorrente do contrato de trabalho ("prêmio especial 2008") sem obediência ao prazo de que trata o § 6° do dispositivo citado. Diante de possível violação do art. 477, § 8°, da CLT, impõe-se o provimento do agravo de instrumento, para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de instrumento provido. II. RECURSO DE REVISTA. TRCT. PAGAMENTO COMPLEMENTAR FORA DO PRAZO. MULTA DO ARTIGO 477, § 8°, DA CLT. INCIDÊNCIA. Trata-se de hipótese em que a dispensa do Reclamante se deu em 4/12/2008, sendo que a Reclamada deu parcial quitação do contrato de trabalho em 11/12/2008 e, posteriormente, firmou um TRCT complementar, em 23/3/2009, assinalando o pagamento de "prêmio especial 2008", verba não indicada como controvertida. Predomina nesta Corte Superior o entendimento de que, embora a existência de diferenças de verbas rescisórias em favor do empregado, por si só, não enseje o pagamento da multa do art. 477, § 8°, da CLT, eventual pagamento complementar de parcelas incontroversas se sujeita à observância do prazo indicado no art. 477, § 6°, da CLT. Precedentes. Recurso de Revista conhecido e provido. (TST, Relator: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 08/04/2015, 7ª Turma).

MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT. PAGAMENTO DE DIFERENÇAS DAS VERBAS RESCISÓRIAS. MULTA INDEVIDA. O que enseja a condenação da multa prevista no artigo 477, parágrafo 8°, da CLT ao empregador é o atraso no pagamento das verbas rescisórias, não o fato de este pagamento ser complementado por diferenças "a posteriori". (TRT-2 - RO: 21315720105020 SP 20130028879, Relator: ROSANA DE ALMEIDA BUONO, Data de Julgamento: 07/05/2013, 3ª TURMA, Data de Publicação: 15/05/2013)

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ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDAAutora: Priscila da Silva Zonta

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