8/14/2019 resumo - direito internacional publico prof luciane amaral correa
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ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA FEDERAL DIREITO INTERNACIONAL PBLICO 2000.Prof. Dra. Luciane Amaral Correia Juza da 8 Vara Cvel de Porto Alegre/RSALUNA: Nara Maria de Freitas Nonnenmacher
1AULADIA 17-10-2000
DIREITO INTERNACIONAL PBLICO
FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL
BIBLIOGRAFIA:Manual de Resek
Manual Hildebrando Accioly
Curso de DIP Celso de A Mello
Ian Brownlic
Peter Malanczuck
Jean Combacaw
Thomas BurgenthalMalcon Shaw
Feldmam
Pastor Rijuerdo(espanhol)
INTRODUO
Vamos comear falando de notcias interessantes que esto atualmente em
todos os meios de comunicao, como o conflito no oriente que nos trs a
preocupao do aumento do preo do petrleo, etc. Outra notcia sobre a situao
de Milosevic na Iugoslvia, o Presidente da Iugoslvia quer dar anistia, e tem um
Tribunal Penal em Haia, constitudo especialmente para julg-lo, ento, discute-se
se ele poderia ser simplesmente levado para o Tribunal, se a Iugoslvia der anistia,
como isso se processa? H pouco tempo tivemos o caso Pinochet, que estava em
um outro Estado e se discutia se ele poderia ser ou no ser julgado, e uma srie de
outras questes.
A partir de tudo isso que estamos vendo, poderamos dizer que existe um
Direito Internacional? Que existe um ordenamento internacional? E se existe a partir
destas condies, quais seriam as fontes desse Direito Internacional?
Por exemplo, qual a maior briga dos Palestinos? A maior revolta? Eles tm
basicamente duas grandes reivindicaes: uma delas a questo da possibilidade
do retorno dos palestinos que ficaram refugiados, desde que Israel tomou
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determinados locais e eles tiveram de sair de suas casas e houve uma Resoluo
da Assemblia Geral da ONU, mais de 20 anos atrs, que determinando que esses
palestinos que tiveram que fugir de suas casas, que eles teriam ou o direito ao
retorno ou o direito a uma compensao financeira por tudo que eles perderam.
Um outro aspecto dessa questo, eles querem o direito aos lugares santos,
que tambm foi reconhecido por uma outra Resoluo do Conselho de Segurana
da ONU. Alm disso, no caso de Milosevic, se ele estiver na Iugoslvia, ele pode ser
simplesmente tirado da Iugoslvia e ser levado para Haia para ser julgado? Ser
que os EUA, a OTAN, tm fora para entrar no territrio de outro Estado e retir-lo
para ser julgado num Tribunal Internacional?
A partir disso, existe ou no existe um ordenamento Internacional, para que
ele serve? E quais seriam as fontes desse ordenamento?
Quanto s Resolues da ONU que ela quer que sejam cumpridas, o que se
pode concluir? O que isso com relao ao Direito Internacional?
Os pases que integram a Organizao tm que respeitar as resolues.
E o que so as Resolues? Seriam uma fonte de direito internacional? Sim.
E por que? Seriam decises de Organizaes Internacionais.
O Milosevic acusado de crime de genocdio, e existe um Tribunal Penal
em Haia que est constitudo para o seu julgamento, s que o novo Presidente daIugoslvia resolveu que vai lhe conceder anistia e portanto ele no vai poder ser
enviado para o Tribunal em Haia. A pergunta , se outro Estado pode simplesmente
forar a Iugoslvia, compeli-la a lev-lo ao Tribunal de Haia? Do ponto de vista
internacional isso possvel? Por que? Ser que ns podemos organizar uma fora
e entrar na Iugoslvia para carregar Milosevic para o Tribunal de Haia?
Observao: no h previso de extradio para Tribunais
Internacionais. A extradio sempre um acordo bilateral, entre
Estados. Existe a previso da criao de um Tribunal Internacional
permanente, que trabalho de Roma, de 1998, mas que ainda no foi
implementado. A princpio, no temos.
Existe um Direito Internacional Pblico que regula as relaes entre pessoas
jurdicas de Direito Internacional Pblico.
As pessoas jurdicas de direito internacional pblico por excelncia, so os
Estados, veremos depois quem so essas pessoas.
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Os Estados se tornam paradigmas para que a gente confira ou reconhea,
ou no, personalidade jurdica de direito internacional a outros tipos de pessoas,
como por exemplo s organizaes internacionais.
Esse direito internacional pblico, que se destina a regular as relaes entre
os Estados, tm como FONTES:
FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PBLICO:
*1)TRATADOS INTERNACIONAIS (ART.38 DA CIJ)
*2)COSTUME INTERNACIONAL (ART.38 CIJ)
*3)PRINCPIOS GERAIS DE DIREITO INTERNACIONAL PBLICO
(ART.38 CIJ)
*4)EQIDADE (ART. 38 CIJ)
*5)DOUTRINA (ART. 38 CIJ)
6)DECISES TOMADAS NO MBITO DE ORGANIZAO
INTERNACIONAL
7)JURISPRUDNCIA
8)ATOS UNILATERAIS
(*) Observao: os cincos primeiros esto reconhecidos no artigo 38 do Estatuto da
Corte Internacional de Justia CIJ (Tratados, Costume, Princpios Gerais de DIP,
Eqidade, e a Doutrina).
O que vimos aqui?
Porque os EUA no podem invadir a Iugoslvia e levar o Milosevic para
julgamento em Haia?
No tem nenhum tratado entre os EUA e a Iugoslvia que diga isso.
Nenhum tratado que diga que os EUA no podem entrar no territrio brasileiro e
invadir a Amaznia, que o pulmo do mundo.
Por que os pases no podem fazer isso? No existe um tratado
determinado dizendo que no possam fazer isso.
Porque existe um costume internacional, e at o comeo deste sculo
quase todo o direito internacional pblico era costumeiro. A partir do final do sculo
passado que comearam a surgir os Tratados Internacionais. E hoje em dia h
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uma proliferao muito grande dos Tratados Internacionais. Mas essas regras
bsicas, de no ingerncia, de no emprego da fora, claro, que elas j esto
reconhecidas, existe uma Declarao de Direitos Fundamentais expressados no
mbito da ONU, existem Declaraes diversas a respeito disso, mas isso se baseia
num costume internacional, ou seja, os Estados so soberanos, iguais, e por isso
nenhum sai invadindo o territrio do outro. Cada um tem o que se chama de
JURISDIO sobre o seu territrio e no se sai fazendo estripulia por ai, por isso
que ningum pode chegar na Iugoslvia pegar Milosevic e levar para o Tribunal de
Haia.
Existem tambm os princpios gerais de Direito Internacional Pblico,
que tambm se confundem com os costumes, na verdade tm origem no
costume,mas so considerados princpios maiores, por essa questo de soberania
de no interveno.
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1 FONTE : TRATADOS INTERNACIONAIS
I)CONCEITO
RESEK: Acordo formal, concludo entre sujeito de Direito Internacional
Pblico, e destinado a produzir efeitos jurdicos.
(Direito dos Tratados -para estudar Tratados- de Resek)
a)ACORDO FORMAL
Como acordo formal e destinado a produzir efeitos jurdicos, pode-se dizer
que o Tratado Internacional tanto um ato como uma norma, ou seja, ele um ato-
norma, porque? Ele um ato, no momento em que feito, celebrado um acordo,
todo o tratado internacional tem origem no consentimento, porque estamos falando
aqui de entidades ou Estados soberanos ou de pessoas de direito internacional
pblico que no esto compelidas celebrao de um Tratado, elas fazem se bem
entenderem. Ento, ns temos aqui, um ato, que repousa no consentimento, e esse
ato destinado produo de efeito jurdico, e por isso tambm se diz que tambm uma norma jurdica, ou seja, um ato-norma.
b)SUJEITOS OU PESSOAS DE DIP
Os primeiros sujeitos ou pessoas de direito internacional pblico, por
excelncia, so os Estados soberanos. Porque o DIP se destina primordialmente aregular as relaes entre Estados soberanos, todos os demais so criados
imagem e semelhana dos Estados, ou seja, os Estados so os paradigmas e eles
tenham ou no uma personalidade de DIP, a partir da relao ou da comparao
que feita com os Estados. Quais so os primeiros? Os Estados soberanos.
Ns temos comunidades indgenas, Naes no civilizadas, Governos
revolucionrios, Estados Federados. Tero estes entes capacidade para celebrar
Tratados Internacionais?
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Esses entes no tm personalidade jurdica.
Comunidades indgenas e Naes no civilizadas: no podem celebrar
tratados internacionais porque no tm personalidade jurdica de DIP. No tm
porque a personalidade jurdica de DIP toma sempre como paradigma os Estados
soberanos, os elementos que caracterizam o Estado so: o povo, o territrio, o
governo, a soberania, e um outro que o elemento teleolgico que os
constitucionalistas no reconhecem, ou seja, o Estado tem uma finalidade que o
bem estar do seu cidado, ele no existe por nada.Como as comunidades indgenas
e as Naes no civilizadas no tem qualquer relao com esse paradigma que o
Estado, composto por estes elementos que acabamos de enumerar, elas no
possuem personalidade jurdica de DIP.
Estados Federados: Estes no podem celebrar Tratados Internacionais
porque lhes falta a soberania. Alguns pases prevem na sua prpria constituio
que seus Estados federados podem celebrar Tratados Internacionais, como a
Sua.Isso do ponto de vista do DIP visto da seguinte maneira: certo que
celebrem, s que a responsabilidade do Estado federado. Sempre se considera
que havendo a celebrao o Estado federado sempre responsvel no planointernacional pelo cumprimento daquele Tratado. S que temos mais um problema:
a Conveno de Viena (1989) sobre o direito dos tratados, que no est em vigor no
Brasil, mas que utilizada como paradigma para a celebrao de Tratados no
mundo inteiro, no admite a celebrao de Tratados por parte de Estados membros
de uma Federao.
No nosso caso especfico a Constituio permite que apenas a Unio
Federal atravs do Presidente da Repblica, o nico que tem competncia paracelebrar Tratados Internacionais. No nosso regime, no nosso sistema constitucional
os Estados membros no podem celebrar Tratados Internacionais.
Governos Revolucionrios: a Organizao para libertao da Palestina
um movimento, um governo revolucionrio, por exemplo, que foi reconhecido. Cada
Estado livre e soberano para reconhecer quem ele bem entender1. Se for
reconhecido o Estado que reconheceu pode celebrar o Tratado Internacional. Da1 Por exemplo: at bem pouco tempo o Egisto no reconhecia o Estado de Israel.
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mesma forma os governos revolucionrios. Quando os Tratados so bilaterais, uma
vez celebrado o Tratado o reconhecimento implcito, automtico, agora, em
tratados multilaterais, no. O que um tratado multilateral? um GATT por
exemplo. Esses Tratados no momento que so celebrados no so obrigatoriamente
reconhecidos por todos os integrantes. O Estado pode declarar que em relao a tal
Estado no haver o reconhecimento, no ser aplicado porque no reconhecido.
Assim cada Tratado vai disciplinar a maneira como vai ser feita a RESERVA.
Santa S: A Santa S no um Estado porque no tem povo.Um dos
elementos essenciais para o paradigma de Estado. Ela tambm no tem o elemento
teleolgico. A Santa S no est preocupada com o bem social dos seus nacionais,
ela est preocupada com a Igreja Catlica, seus cultos e rituais e estabelecer
relaes relativas Igreja. Entende-se que ela tem capacidade jurdica internacional
porque se entende historicamente, como j se viu a personalidade jurdica de DIP
tem uma origem no costume. Ento como historicamente tem sido reconhecida esta
personalidade, assim continua.
Organizaes Internacionais: Temos a ONU, OMC, oMERCOSUL, uma srie de OIs, a Comunidade Europia. Essas Organizaes tem
que preencher alguns requisitos:2
1)Tratado Institucional em que se estabeleam finalidades comuns;
2)rgos destinados realizao dessas finalidades comuns(estrutura e competncia);
3)Estabelecimento da forma das relaes entre a entidade e seus Estados membros;
4)Autonomia: significa que suas decises tm que ser independentes das decises
tomadas por seus Estados membros;
5)Permanncia;
2 Um diplomata das ONU, foi em misso at Israel l ele foi assassinado , ele era francs e funcionrio da ONU.O que aconteceu? A ONU ingressou na Corte Internacional de Justia, postulando uma indenizao por dano emfuno da morte do seu funcionrio. A 1 questo que a CIJ teve que decidir, foi a seguinte: a ONU teriapersonalidade jurdica de DIP, que permita que ela postule este tipo de reparao? Na carta da ONU, ou seja, noseu tratado institucional (todo aquele que cria, constitui uma organizao internacional), no tinha previsonenhuma. Ento a CIJ estabeleceu os requisitos para determinar se uma organizao internacional tem ou nopersonalidade jurdica de DIP.
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Esses so os requisitos que conferem a uma organizao internacional
personalidade jurdica e conseqentemente capacidade para celebrao de tratados
internacionais.
muito importante que se saiba que essa capacidade vai estar sempre
limitada aos objetivos da organizao internacional, s competncias que lhe forem
asseguradas.
Por exemplo: eu no posso ter uma organizao internacional sobre
adoo de menores e de repente resolva celebrar um tratado sobre
letra de cmbio. S pode celebrar o tratado dentro de suas
competncias, dentro das suas finalidades. Um exemplo muito comum
o MERCOSUL. O mercosul, no tinha capacidade jurdica para
celebrar Tratados e no era uma pessoa jurdica de DIP, at o
Protocolo de Ouro Preto. Por que? Porque, no s porque, no
Protocolo de Ouro Preto, isso veio expresso, mas simplesmente
porque na poca do Tratado de Assuno, se analisarmos, veremos
que no tinha autonomia, permanncia, as decises eram um
somatrio das decises dos Estados Membros e portanto no
preenchia os requisitos que lhe dariam a capacidade de pessoa
jurdica de DIP. O que foi preenchido com o Protocolo de Ouro Preto.
c)EFEITOS JURDICOS
Por fim, o Tratado Internacional destinado produo de efeitos jurdicos,
um ato norma. Ele existe para regular situaes.Para produzir efeitos jurdicos.
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SUJEITOS DE DIP COM PERSONALIDADE JURDICA PARA CELEBRAR TRATADOS
ESTADOS SOBERANOS
GOVERNOS REVOLUCIONRIOS (tratados bilaterais- implica reconhecimento; tratadosmultinacionais, ex.: GAT, no pressupe reconhecimento de todos os Estados)
SANTA S: personalidade jurdica anmala.
ORGANIZAES INTERNACIONAIS: devem preencher requisitos.
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II)TERMINOLOGIA
Quanto nomenclatura dos Tratados Internacionais, fala-se emConveno, em Acordo, em Tratado, em Pacto, em Protocolo, etc. No existe
nenhuma diferena na nomenclatura. Quando falamos em Tratado Internacional,
estamos falando em FORMA. No estamos falando em contedo, forma uma
forma que se aplica independentemente de seu contedo, podemos cham-la de
qualquer uma das palavras nomeadas.
Existem alguns nomes que so reservados.
1)CONCORDATA: usado especificamente para um Tratado celebrado entre
a Santa S e um Estado qualquer e que regula situaes relativas Igreja e
ao culto eclesistico.
2)ACORDO DE SEDE E ACORDO DE SEDE EFMERA: so os Tratados
celebrados pelas Organizaes Internacionais com o Estado Soberano
para estabelecer a sua sede, ou permanente ou temporria, no caso de
acordo de sede efmera (por ex.: para um Congresso, temporrio), no
territrio daquele Estado Soberano.
3)TRATADO INSTITUCIONAL: o tratado que cria uma OIs.
4)PROTOCOLO: normalmente se trata de um tratado acessrio, de um
anexo a um tratado principal, que vai acabar tendo os mesmo efeitos do
principal. S que nem sempre, s vezes se utiliza protocolo de uma forma
equivocada, e se faz de um protocolo quase um tratado internacional. Mas,
normalmente o protocolo um anexo a alguma coisa, uma complementao
de um tratado internacional. (O MERCOSUL, tem usado o termo Protocolo comosinnimo de tratado.)
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III)ESTRUTURA DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
Organizao Internacional celebra Tratado
OIO OIs
MONISMO DUALISMO
( preciso uma incorporao. Maioria
dos pases entende que seja
necessria a INCORPORAO)
MONISMO: Entende que toda vez que for firmado um Tratado ele se integra
na ordem interna. Existe uma s ordem jurdica, internacional e interna. O
que significa que toda vez que se celebra um Tratado no mbito
internacional ele automaticamente passa a valer no mbito interno semnecessidade de qualquer procedimento de incorporao.
DUALISMO: Existem duas ordens jurdicas: uma ordem jurdica
Internacional, que se destina a regular as relaes entre Estados Soberanos
e entre pessoas jurdicas de DIP. Outra ordem jurdica interna, que se
destina a regular as relaes entre os Estados e seus cidados, os seusnacionais, e no tem nada que ver com a internacional. Assim, toda vez que
o Estado celebra um compromisso no mbito internacional, preciso um
procedimento de INCORPORAO, para que esse compromisso passe a
valer dentro do Estado, o Estado est comprometido no plano internacional,
nas suas relaes com outros Estados Soberanos, internamente no, s se
houver um procedimento de incorporao.
Isso para termos uma noo geral, porque a bem da verdade os
doutrinadores modernos de DIP, entendem que na verdade isso tudo uma
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grande bobagem, porque o que nos interessa ver como cada sistema
constitucional trata a matria, e a verdade que a maioria dos pases no
mundo hoje em dia entende pela necessidade de um procedimento de
INCORPORAO, ou seja, toda vez que o Estado celebra um compromisso
no plano internacional as normas no passam automaticamente a valer no
plano interno, necessria essa chamada incorporao.
No Brasil, a CF, no diz como se d, a INCORPORAO, um costume
constitucional, segundo muitos doutrinadores.
Dispe o artigo 49, inciso I da CF: da competncia exclusiva do
Congresso Nacional, resolver definitivamente sobre Tratados, Acordos ou
Atos Internacionais que acarretem encargos ou compromisso gravosos ao
patrimnio nacional.
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Na Constituio Federal:
Art. 84, inciso VIII: compete privativamente ao Presidente da Repblica, celebrartratados, convenes e atos internacionais, sujeitos a referendo do CongressoNacional
Art. 49, I: da competncia exclusiva do Congresso Nacional resolverdefinitivamente tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos oucompromissos gravosos ao patrimnio nacional.
Art. 102, inciso III, letra b: Compete ao STF, precipuamente, a guarda da CF,cabendo-lhe: declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal.
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IV) FASES
PLANO INTERNACIONAL PLANO INTERNO
1)NEGOCIAO
2)ASSINATURA/AUTENTICAO
(torna o contedo imutvel)
4)RATIFICAO- cabe ao Poder Executivo,
consentimento discricionrio, (o Presidente no
obrigado a ratificar pode engavetar), pode ser
condicionada ou no condicionada. um ato
internacional com que o sujeito de DIP, signatrio
de um Tratado exprime definitivamente, no Plano
Internacional, sua vontade de obrigar-se. O prazo
determinado pelo Tratado
5)VIGNCIA
3)APROVAO (atravs de decreto
Decreto Legislativo publicado no DOU-
art. 49, I, CF)
6) PUBLICAO DO DECRETO
PRESIDENCIAL
7)VIGNCIA
No nosso sistema constitucional vamos ter um plano internacional e um
plano interno, como vimos acima.
O nosso Presidente celebra um Tratado Internacional, por exemplo emParis. Essa fase chama-se NEGOCIAO e logo em seguida a
ASSINATURA/AUTENTICAO, isso serve simplesmente para dizer que existe um
texto pronto e acabado e que no vai mais ser mudado. At aqui o Brasil no est
comprometido com o texto deste tratado internacional.
Esse texto tem que vir para o plano interno, submetendo-o ao congresso
Nacional, que ser, se ocorrer, a APROVAO.
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Se no houver a APROVAO, morre aqui, o texto, o Tratado. O Brasil no
se compromete.
Se houver a APROVAO, pelo Congresso Nacional que se d atravs de
Decreto Legislativo e que publicado no DOU, o Presidente tem duas opes: a 1
engavetar o tratado. A 2 a RATIFICAO, volta para o plano internacional e se
d o consentimento definitivo, s a RATIFICAO que o comprometimento
definitivo do Brasil.
Uma vez ratificado esse texto vai ser PUBLICADO atravs de decreto
presidencial e s a ele passa a terVIGNCIA no Plano Interno.
O que importante saber que o Brasil para se comprometer por meio de
um Tratado Internacional ele precisa da conjuno de duas vontades: do poder
Legislativo e do Poder Executivo. Uma delas sozinha no basta. O que significa que
se o Presidente se comprometer e no obtiver a aprovao do Poder Legislativo,
no vai poder se comprometer no Plano Internacional. Se ele obtiver a aprovao
mas o Poder Executivo mudar de idia, ele no obrigado a ratificao.
Uma vez RATIFICADO, manifesta-se o consentimento definitivo do Brasil no
Tratado Internacional.
V)CONFLITOS DE TRATADOS INTERNACIONAIS E ODIREITO INTERNO:
CRITRIOS
So critrios utilizados para resoluo de conflitos entre os Tratados que so
incorporados ao direito interno e as normas que so de direito interno.
1)hierarquia o primeiro critrio que se aplica, porque conforme a
jurisprudncia do STF, os tratados entram na nossa ordem jurdica
interna como se fossem leis ordinrias, o que significa que eles tm
que se submeter Constituio. Eles tm que respeitar a CF. No h
hierarquia entre lei complementar e lei ordinria, o que h um
problema de competncia, ento, na verdade, no se pode dizer que os
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tratados no podem disciplinar matria reservada lei complementar
por problema de hierarquia, mas sim por um problema de competncia,
teoricamente os tratados so leis ordinrias e lei ordinria no tem
competncia para matrias de lei complementar.Quando se fala em
hierarquia, quer se dizer que os Tratados tm que respeitar a CF. Eles
podem ser ou no constitucionais. E o STF se fundamenta no art. 102,
III, b da CF, para apreciar a constitucionalidade dos Tratados
internacionais. Assim se possvel fazer um controle de
constitucionalidade de Tratado eles no podem vir na mesma
hierarquia de norma constitucional. S que com relao aos Direitos
Humanos no interessa se se acolhe como lei ordinria, interessa se
veicular contedo de Direito Fundamental teria que receber o
tratamento do 2 do artigo 5.
(Quanto a isto o STF j firmou posio com fundamento no art. 102, III, b, 2, da
CF. embora existam crticas.)
Existe um projeto de Emenda Constitucional de Zula Cobra no Congresso para que
os Tratados Internacionais passem a ter hierarquia de Emenda Constitucional. (A prof.
no acha positivo porque parece que est diminuindo o contedo do 2 do artigo 5 da CF,
mas alguns dizem que j que o STF j liquidou com esse dispositivo, pelo menos melhora a
situao.)
2)cronolgica como o STF entende que os tratados entram no
direito interno como lei ordinria, o efeito toda vez que surgir uma lei
ordinria posterior, se ela regular inteiramente a matria, ns vamos ter
uma revogao, a no ser que o tratado disponha sobre uma matria
especfica e a ento se aplica o critrio da especialidade.
3)especialidade: - o critrio de ESPECIALIDADE quando os
Tratados estabelecerem alguma questo especfica (Tratados
Contratuais que celebram um negcio especfico), nesse caso eles
prevalecem sobre a legislao que lhes sobrevenha. Porque so um ato
jurdico perfeito. (aplicao da LICC).
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Casos prticos trabalhados:
1) Caso: Iseno de tributos em mercadorias importadas que sejam isentasno pas - do art. 151, III da CF, que probe que a Unio conceda iseno de Tributos
Estaduais e Municipais, assim, na questo do ICMS o STJ, inicialmente firmou uma
posio dizendo que o GATT no teria sido recepcionado pela CF em virtude dessa
vedao. Logo em seguida, com bom senso, deram-se conta que essa uma
competncia do STF, ento no podem decidir sobre isso. E comearam a dizer que
essa questo no da alada do STJ, matria constitucional. No STF, a questo
est pendente. O 1 voto no sentido de que esta regra s valeria para acompetncia interna. E no para a competncia internacional. Porque a Unio
quando ela celebra Tratados Internacionais, ela um ente soberano dotado de
soberania e no tem aquela limitao, ou seja, equivale dizer que a regra do art.
151, inciso III da CF s de competncia interna.
O STJ tem resolvido a questo agora, mais ou menos no mesmo sentido,
ele sai pela tangente, e ele consegue resolver o problema, com as seguintes
posies:
a)Em primeiro lugar o problema do STF e no dele, e da ele tem que
simplesmente aplicar o Tratado, e finalizou.
b)A segunda posio, a seguinte: o STJ diz que na realidade quem
concede a iseno so os Estados, a Unio no est concedendo iseno nenhuma,
a Unio s est dizendo que as mercadorias importadas tero no territrio nacional o
mesmo tratamento que os similares nacionais.
c)A terceira posio diz que a cobrana de ICMS, na entrada,
simplesmente um ato inicial da circulao de mercadoria, como quando um produto
fabricado no Brasil e colocado em circulao, ento na verdade no cobrar o
ICMS na entrada, significa dar tratamento privilegiado s mercadorias importadas e
no tratamento nacional. Ento na verdade, necessria essa cobrana. S que
com relao s demais etapas da circulao ai se continua pondo a questo pode
ou no pode?. A questo est no STF, que vai decidir, mas as posies so essas.
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2 Caso: (ACRDO do TRF4-REO 90.04.23921-9/PR- AFRMM) Aumento
da alquota do imposto de importao: aplicao do art. 98 CTN 3, que muito
discutido. Essa questo vai se resolver pelo critrio da ESPECIALIDADE.
O artigo 98 do CTN diz: os Tratados e as Convenes Internacionais revogam ou
modificam a legislao tributria interna e sero observados pelas que lhe sobrevenham.
Muito se discutiu, dizendo-se, ento, em matria tributria os Tratados
prevalecem sobre as leis, como isso?
J se viu pela jurisprudncia estudada que os Tratados Internacionais so
incorporados como lei ordinria, sabemos tambm que uma lei ordinria posterior
revoga totalmente outra lei ordinria anterior. Ento, os Tratados Internacionais
sejam eles de matria tributria ou no, a princpio esto submetidos a essa regra
geral, ou seja, o Tratado vem como lei ordinria, lei ordinria posterior revoga aanterior. S que se interpreta o art. 98 do CTN, com a aplicao de um critrio de
ESPECIALIDADE, que diz o seguinte, que foi o que o Dr. TEORI interpretou: quando
os Tratados estabelecerem alguma iseno especfica (Tratados Contratuais que
celebram um negcio especfico), nesse caso eles prevalecem sobre a legislao
que lhes sobrevenha. Porque so um ato jurdico perfeito, uma norma especial.
Nesse caso aplica-se o CRITRIO DA ESPECIALIDADE.
Se regularem situaes gerais, operarem como lei, nesse caso serorevogados por lei ordinria que lhes sobrevenham.
Assim, o art. 98 do CTN s se aplica para o que o Dr. Teori no acrdo
chama de Tratados Contratuais.(O art. 98 do CTN posiciona os Tratados em nvel
igual ao da norma interna, atribuindo-lhe idnticos efeitos).
Na ordem internacional o tratado possui forma prpria de criao e
revogao, diferente da forma de criao e revogao das normas que atuam na
ordem interna. A revogao das normas internacionais, na ordem internacional, sera denncia4, a revogao da norma interna, na ordem interna, ocorre com lei
posterior (LICC art. 2).
O tratado internacional, enquanto norma internacional, atuando na ordem
internacional, somente ser revogado pela denncia, enquanto norma integrada ao
direito positivo interno, porm, sua revogao se dar pelo mesmo processo de
3 Artigo 98: Os tratados e as convenes internacionais revogam ou modificam a legislao tributria interna, esero observados pela que lhes sobrevenha.4DENNCIA: depois que o Tratado estiver em vigor se o Estado quiser se desobrigar ele denuncia o tratado, um ato praticado no plano internacional, para os tratados que j estejam em vigor.
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revogao das demais espcimes normativas da ordem interna. Realmente, se a
revogao de um tratado integrado legislao interna somente fosse possvel pela
denncia (forma de revogao na ordem internacional) estar-se-ia dando a tal
tratado uma condio superior a das prprias normas constitucionais, pois em nossa
Constituio inexiste dispositivo considerando irrevogvel lei positiva pelo fato de ter
sua origem em tratado internacional.
No existe na Constituio, nenhum dispositivo que impea ao membro do
Congresso de apresentar projeto que revogue, tcita ou expressamente, uma lei que
tenha sua origem em um tratado. Pode o Presidente da Repblica vetar o projeto, se
aprovado pelo Congresso, mas tambm seu veto pode ser recusado. A lei, provinda
do Congresso, s pode ter sua vigncia interrompida, se ferir dispositivo da
Constituio e, nesta, no h nenhum artigo que declare irrevogvel uma lei positiva
brasileira pelo fato de ter sua origem em Tratado.
Do contrrio, teramos, ento e isto sim, seria inconstitucional uma lei
que s poderia ser revogada pelo Poder Executivo, atravs da denncia do Tratado.
Portanto, ou o Tratado no se transforma, pela simples ratificao, em lei
ordinria, no Brasil, ou ento, poder ser revogada ou modificada pelo Congresso,
como qualquer outra lei.
No se diga estar a irrevogabilidade dos tratados e convenes por leiordinria interna consagrada no direito positivo brasileiro, porque est expresso no
art. 98 do CTN, como se verifica, o dispositivo refere-se a tratados e convenes.
Isto, porque os tratados podem ser normativos, ou contratuais. Os primeiros traam
regras sobre pontos de interesse geral, empenhando o futuro pela admisso de
princpio abstrato, so acordos entre governantes acerca de qualquer assunto. O
contratual, , pois, ttulo de direito subjetivo.
Da o artigo 98 do CTN declarar que tratado ou conveno no revogadopor lei tributria interna, que se trata de um contrato que deve ser respeitado pelas
partes. Sob pena de inconstitucionalidade, deve ser compreendido como limitado
aos acordos contratuais, durante a vigncia destes.
Observao: o STF entende que o GAT seria um tratado comercial.
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3) Caso: (Subsistncia das normas constantes da Conveno de
Varsvia, sobre transporte areo, ainda que disponham diversamente do
contido no CDC). LER ACRDO.
4) Caso: (Conveno n 158/OIT proteo ao trabalhador contra a
despedida arbitrria).LER ACRDO.
18
CASOS:
STF, ADIN 1480-3 (em anexo)
STF RE 249.970-RS (em anexo) e HC 77.631
STF, RE 229.096-RSSTJ: Resp 58.736-MG(em anexo)
TRF4, REO 90.04.23921-9/PR (em anexo)
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2 aula dia: 20-10-2000
RATIFICAO
A ratificao se d no PLANO INTERNACIONAL, e serve para exprimir a
vontade definitiva do Estado em obrigar-se, porque no momento da assinatura ele
simplesmente autentica o texto do tratado, mas ele no est comprometido
definitivamente, ele s vai se comprometer com a ratificao. Quem pratica a
ratificao o Poder Executivo (Chefe de Estado, Chefe de Governo, o Ministro
das Relaes Exteriores ou qualquer plenipotencirio qualquer pessoa que
represente essas figuras, porque somente a essas pessoas cabe a representao
no exterior).
a)CONCEITO DE RATIFICAO:
Ato internacional com que o sujeito de DIP, signatrio de um tratado,
exprime definitivamente, no Plano Internacional, sua vontade. (Resek)
b)EFEITOS DA RATIFICAO:
No momento da ratificao o Estado exprime a vontade definitiva de se
obrigar por meio de um tratado internacional, ele se compromete em carter
definitivo.
A ratificao sempre pressuposto da vigncia de um Tratado Internacional,
e cada tratado vai estabelecer como vai se dar, qual o nmero de ratificaes
necessrias para que ele entre em vigor. Ento, temos que distinguir dois
momentos, que vo corresponder a dois princpios: pacta sunt servanda e boa-
f.
Antes da vigncia e depois da vigncia do Tratado.
A ratificao em qualquer um desses dois momentos ela a princpio,
IRREVOGVEL.
Enquanto o tratado ainda no est em vigor, antes da vigncia, o que
sustenta esse carter irrevogvel da ratificao o princpio da boa-f. Sendo o
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princpio da boa-f a conseqncia, eventualmente numa demora insuportvel das
outras partes em ratificar,5 para que o Estado que se obrigou ratificando inverta a
seu favor o princpio da boa-f, desobrigando-se antes da vigncia, essa a nica
hiptese. Porque o que sustenta a irrevogabilidade antes da vigncia o princpio da
boa-f.
Depois da vigncia temos o princpio do pacta sunt servanda, ou seja, a
nica maneira de se descomprometer depois de sua vigncia a DENNCIA. No
se pode mais retirar a ratificao.
O efeito da ratificao ex nunc, porque s com a ratificao
manifestado o consentimento definitivo do Estado em obrigar-se e no pode
retroagir justamente porque necessria a conjuno de duas vontades, uma prvia
aprovao do Congresso Nacional, a assinatura s tem o efeito de autenticar o texto
do tratado, mas ela no compromete o tratado, o Estado s se obriga a partir do
momento que ele ratifica, por isso se diz que a ratificao tem efeitos ex nunc.
c)CARACTERSTICAS DA RATIFICAO:
I)CABE AO PODER EXECUTIVO: Quem pratica a ratificao o
Poder Executivo (Chefe de Estado, Chefe de Governo, o Ministro das
Relaes Exteriores ou qualquer plenipotencirio qualquer pessoa que
represente essas figuras, porque somente a essas pessoas cabe a
representao no exterior)
II)DISCRICIONRIA: o Estado no momento que assina ele s autentica
o texto do tratado ele no est a obrigado a se comprometer de forma
definitiva, se compromete se quiser.
5 EXEMPLO: imaginemos que o Brasil celebre um Tratado Internacional com o Chile e com a Argentina,passam 6 meses e o Brasil ratifica o tratado e passam-se 5 ou 10 anos e a Argentina e o Chile no ratificam esteTratado. A princpio esta ratificao do Brasil irrevogvel, s que com o passar do tempo ele pode concluir quea demora das outras partes em ratificar inverteu a seu favor a boa-f. Essa a nica hiptese em que pode serretirada uma ratificao, antes da vigncia.
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III)PRAZO DETERMINADO PELO TRATADO: o prazo da ratificao
determinado em cada tratado.6
IV)PRESSUPOSTO DA ENTRADA EM VIGOR DO TRATADO: apartir da ratificao ns temos o consentimento definitivo dos Estados, eles
s se obrigam a partir da ratificao, o que significa que no possvel um
tratado entrar em vigor antes dos Estados manifestarem o seu
consentimento definitivo.
V)EFEITOS EX NUNC: O efeito da ratificao ex nunc, porque s
com a ratificao manifestado o consentimento definitivo do Estado em
obrigar-se e no pode retroagir justamente porque necessria a conjuno
de duas vontades, uma prvia aprovao do Congresso Nacional e a
assinatura s tem o efeito de autenticar o texto do tratado, mas ela no
compromete o tratado, o Estado s se obriga a partir do momento que ele
ratifica, por isso se diz que a ratificao tem efeitos ex nunc.
VI)ADMITE:
I)RESERVAS: quando se celebra um Tratado possvel que
alguns Estados adiram a todos e alguns adiram a
alguns aspectos. Existem reservas que esto
previstas no prprio corpo do Tratado, por exemplo a
Lei Uniforme de Genebra. Outros no tm previso
nenhuma e o Estado pode fazer.
Pode ser feito no momento da ASSINATURA, no
momento da RATIFICAO, ou no momento da
ADESO.
Ex.: Lei Uniforme de Genebra alguns anexos no
so admitidos no Brasil.
6 QUESTO DE CONCURSO:dizendo que os prazos para ratificar estariam determinados na Conveno deViena sobre direito dos tratados de 1979, esta Conveno no estabelece prazos para ratificao dos tratados :cada tratado estabelece o prazo para a sua ratificao. Essa Conveno de Viena no est em vigor no Brasil. Oque significa que no nos interessa aqui.
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II)CONDIO SUSPENSIVA: alguma coisa s passa a produzir
efeito a partir do momento do
acontecimento ou implemento de
determinada condio. Manifestado
o consentimento definitivo que s vai
produzir efeito a partir do momento
de determinada condio.
Normalmente esse implemento o
seguinte: uma condio at que tal
Estado ratifique.
VII)UNILATERAL: cada Estado assume a sua obrigao (ratificao
discricionria e unilateral).
VIII)IRRETRATVEL:
Antes da vigncia: (princpio da boa-f)
Depois da vigncia: (pacta sunt servanda)
IX)EXPRESSA: no existe RATIFICAO tcita. Ela tem que ser
manifestada atravs de um documento formal.Nos contratos multinacionais
surge a figura do DEPOSITRIO. O depositrio aquele que vai ficar com
os instrumento de ratificao.O Estado pode fazer parte ou no. Pode ser
criada a obrigao para um terceiro, desde que ele aceite no tem problema
nenhum.
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RESERVAS
1)CONCEITO
Qualificativo do consentimento que visa excluir ou modificar o efeitojurdico de certas disposies do tratado em relao ao Estado que a formula .
(Resek)
2)CARACTERSTICAS
(a)Unilateral: um qualificativo do consentimento, ou seja, a assinatura
uma forma de manifestao do consentimento, assim como a ratificao e a adeso.
A reserva pode se manifestar em cada um desses momentos: ou na autenticao,
ou na ratificao, ou na adeso. Se ela pode se manifestar em cada um desses
trs momentos, ela um (b)qualificativo do consentimento, ela uma forma de
alterar esse consentimento. Ora se o consentimento unilateral, a reserva tambm
ser, como qualificativo desse mesmo consentimento. Ela (c)s existe em tratados
multilaterais, porque por uma questo de lgica, se for bilateral no tem
necessidade de reservas. Mas existem tratados multilaterais que no aceitem
reservas. Ento, alm de ser admitidas s em tratados multilaterais, ainda, tratados
multilaterais que aceitem reservas. Existem dois Tratados multilaterais, por
excelncia, que no aceitam reservas: as Convenes Internacionais do Trabalho
(OIT) e os Tratados Institucionais (criam organizaes).
(d)Utilizada para o reconhecimento ou no de outra parte. Normalmente,
a celebrao de um tratado bilateral acarreta o reconhecimento da outra parte. No
caso do reconhecimento de Estado, quando se tem dvida se seria ou no umEstado, no caso de tratados multilaterais no. A simples participao ao lado de um
Estado que no reconhecemos, num tratado multilateral, no significa que esteja
sendo aceito. Normalmente utiliza-se de reservas para dizer do no reconhecimento
de um determinado Estado que tambm faz parte do Tratado. E com relao a este
no cumprido o Tratado.
(e)Compatibilidade com o objeto e a finalidade do Tratado: Existem
tratados aonde as reservas vm previstas no prprio texto. Quando so assim, no
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se perquire sobre compatibilidade com o objeto ou finalidade. Presume-se que se
elas esto previstas no prprio texto do tratado elas so compatveis com o seu
objeto e finalidade. Elas no descaracterizam o tratado. Agora, os tratados que no
tm reservas previstas, tambm, se for o caso, se no contiverem uma proibio
nesse sentido, podem ser objeto de reserva. Nesse caso a reserva tem que ser
compatvel com o objeto do tratado e com a sua finalidade. E aqui surge a figura da
OBJEO.
Exemplo: se o Brasil celebra um tratado com determinados pases e
resolve fazer uma reserva no momento da ratificao, mas um dos
pases diz que acha que aquela reserva no compatvel, nem com o
objeto e nem com a finalidade do tratado, ento, em funo disso o
pas faz uma OBJEO, e isso significa que com relao ao Brasil
aquele pas no se sente comprometido. Porque, em sntese, ficou
entendido que a reserva que o Brasil fez no compatvel com o
objeto e a finalidade.
A OBJEO7 s se admite com relao a reservas que no estejam
previstas no prprio corpo do tratado. Por exemplo, no caso da LUG as reservas
esto previstas ali. Ento, se o Brasil fez uma srie de reservas nenhum outro pas
signatrio daquele tratado pode dizer que no vai cumprir porque no compatvel.
Se for prevista no prprio corpo do tratado so compatveis.
3)COMPETNCIA
A COMPETNCIA para reservar a mesma para consentir. O que significa
que no caso do Brasil nos precisamos mais uma vez da chamada conjuno das
duas vontades Poder Legislativo mais Poder Executivo.
Ora, supondo que o Brasil tenha assinado um Tratado Internacional sem
qualquer reserva, e que submete o texto aprovao do Congresso Nacional, e o
Congresso decide aprov-lo com reservas. Pergunta-se se o Brasil for ratificar, ele
pode ratificar sem reservas? NO. Porque preciso que as duas vontades estejam
presentes. A competncia para reservar a mesma competncia para consentir, e a
ratificao, ou qualquer expresso do consentimento definitivo tem que se dar nos
7 A Objeo como uma contra-reserva, ou seja, algum diz que no cumpre com relao a quem reservou.
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limites da aprovao pelo Congresso Nacional. O que significa que se o Congresso
aprovar com reservas, o Brasil somente pode ratificar com reservas, ou aderir com
reservas.
ADESO:
J vimos a forma padro de comprometimento em Tratado Internacional.
Inicia-se pela negociao, depois autentica, assina, vem para a aprovao no
Congresso Nacional, se o Poder Legislativo aprova, ratifica. Esta a forma usual de
manifestao do consentimento definitivo, pela ratificao.
Mas existe uma outra forma de comprometer-se que a ADESO.
Qual a diferena da ADESO para a RATIFICAO?
Na ADESO o tratado j existe, est em vigor; na RATIFICAO o tratado
est em andamento.
1)CONCEITO:
Forma de expresso definitiva do consentimento do Estado em
relao a um Tratado Internacional. (Resek)
2)CARACTERSTICAS:
a)TRATADO MULTILATERAL ABERTO: para que se possibilite a
ADESO, preciso em primeiro lugar a existncia de um tratado multilateral aberto.
Tratados bilaterais no admitem ADESO. O tratado tem que ser multilateral e
aberto. Aberto ao qu? Aberto ADESO. Alm disso quem est pretendendoaderir, tem que ver os limites dessa abertura. Por exemplo: os Tratados que dizem
respeito s Comunidades Europias so tratados multilaterais abertos, mas se o
Brasil quiser aderir, no vai poder, porque so tratados multilaterais abertos a pases
europeus. Assim, como a China no pode aderir ao MERCOSUL, embora se trate de
um tratado multilateral aberto. Ento aberto, mas a adeso tem que se dar nos
limites dessa abertura.8 Alguns tratados impem requisitos a ser preenchidos para
8 o caso da China que est tentando aderir ao OMC. aberto contanto que os pases preencham a determinadascondies.
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que se d a ADESO. Alm de ser abertos tem que corresponder aos limites de
cada tratado
b)PODE SER CONDICIONADA: como manifestao de consentimento
definitivo a ADESO pode ser condicionada, e ela no caso do Brasil condicionada
prvia aprovao pelo Congresso para o consentimento definitivo, conjugando as
duas vontades, do Poder Executivo e do Poder Legislativo.
c)APROVAO PODER LEGISLATIVO: no caso especfico do
Brasil.
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2 FONTE: COSTUME
O artigo 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justia reconhece osTratados, o Costume, os Princpios Gerais de Direito Internacional Pblico, a
Eqidade, a Doutrina e a Jurisprudncia.
As demais, como as Decises das Organizaes Internacionais e os Atos
Unilaterais so reconhecidos por alguns autores.
O COSTUME a fonte de DIP, por excelncia, porque o DIP surgiu de
forma costumeira. Surgiu regulando as relaes entre os Estados, e foi notoriamentecostumeiro at um determinado perodo onde comearam a proliferar os
TRATADOS INTERNACIONAIS, ou seja, mais ou menos h cem anos atrs.
Mas muitas regras importantssimas sobre, por exemplo, imunidades de
jurisdio estatal, imunidades de representantes de Estado, isso tudo, essas regras
todas, so costumeiras, no so regras previstas em Tratados Internacionais.
O COSTUME uma prtica que reiterada por um determinado tempo, mas
no s uma prtica reiterada, mas com a convico de que se trata de uma prtica
jurdica, de que h uma obrigatoriedade quele procedimento. a chamada
opinius juris, ou seja, no basta a prtica, mas a prtica com a convico de que
aquilo jurdico, obrigatrio, vinculativo, de alguma maneira, das partes
O COSTUME no DIP no precisa ser alguma coisa repetida ao longo de
sculos. Pode ser uma prtica recente contanto que ela tenha fora suficiente para
caracterizar o COSTUME INTERNACIONAL. No precisa ser alguma coisa de
200/300 anos. No h um limite temporal, contanto que tenha caracterizada uma
prtica associada a esta Opinius Juris, ns temos um COSTUME
INTERNACIONAL.
Alm disso, existe uma peculiaridade ao COSTUME INTERNACIONAL, em
relao prova. A parte que invoca, a seu favor um COSTUME INTERNACIONAL,
ela tem que provar, no apenas a existncia do costume, como tambm a
oponibilidade parte adversa. Por que? No adianta o Brasil invocar contra os EUA
um determinado costume internacional, se ele no puder provar que os EUA sempre
agiram em conformidade com esse costume. Se os EUA disserem, realmente esse
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um costume internacional, a Europa, a sia agem assim, mas os EUA alegam que
reiteradamente agiram contra esse costume, ento esse costume no oponvel
contra os EUA, porque os EUA sempre agiram de forma diversa.
preciso provar no apenas a existncia do costume, mas tambm a
oponibilidade outra parte.
Alm disso, o COSTUME INTERNACIONAL pode revogar um TRATADO
INTERNACIONAL? Ou um TRATADO INTERNACIONAL revogar um COSTUME
INTERNACIONAL?
No h qualquer hierarquia entre TRATADO INTERNACIONAL e COSTUME
INTERNACIONAL.
Se as partes que assinaram e se comprometeram comearem a se
comportar de forma adversa, e esta forma acabar caracterizando um COSTUME
INTERNACIONAL contrrio a um TRATADO, considera-se que esse TRATADO foi
revogado pelo COSTUME e vice-versa.
Porque no PLANO INTERNACIONAL, TRATADO e COSTUME tm a
mesma hierarquia.
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3 FONTE: PRINCPIOS GERAIS DE DIP
Os PRINCPIOS GERAIS DE DIP, no divergem do COSTUME, eles soPRINCPIOS COSTUMEIROS. So a Pacta sun servanda, o princpio da boa-f,
o princpio do no emprego da fora, da no ingerncia nos negcios dos
outros Estados, na verdade no so nada mais nada menos do que um costume
internacional.
4 FONTE: EQIDADE
A EQIDADE tem uma previso expressa no artigo 38 da CIJ, e ela
utilizada para as decises das Cortes Internacionais, s que ela tem uma
peculiaridade, s pode ser aplicada se as partes estiverem de acordo, as partes tm
que dizer expressamente que aceitam a deciso com a utilizao da eqidade.
O Estatuto da Corte claro ao dispor, no 2 do art. 38 que o recurso
eqidade depende da aquiescncia das partes em litgio. Defrontando-se, pois, seja
com a flagrante impropriedade, seja o que bem mais comum em direitointernacional com a insuficincia das normas aplicveis espcie, a Corte no
poder decidir luz da eqidade por seu prprio alvitre. A autorizao das partes
de rigor.
CASO Haya de la Torre9: Esse caso rene tanto um caso de costumeinternacional como um caso de eqidade. Houve um golpe de Estadono Peru, e Haya de la Torre refugiou-se na embaixada da Colmbia, emLima. E o caso foi parar na CIJ. E a CIJ entendeu que o asilo polticono seria admissvel porque na verdade o costume internacional nocaso no poderia ser oponvel ao Peru. Porque o Peru nunca tinhaagido daquela maneira em relao a asilo poltico, etc. e ento naverdade a soluo do caso por aplicao do costume, seria mandardevolver o asilado, para ser preso pelo Peru. S que a Corte nopoderia fazer isso, ela via que no era justo, que o asilado era umpreso poltico, seria um problema srio, a soluo que ela teria seriaresolver pela EQIDADE. S que tinha um problema, as partes notinham concordado com a aplicao da eqidade. E a a CIJ no podefazer nada. Ela aplicou um leito de Procusto10. A Corte sabia queteoricamente ela tinha que mandar devolver o asilado, no podia
9 Manual do Resek.10 Procusto era uma figura da mitologia grega que tinha um leito e todo mundo tinha que se adequar ao tamanhoda cama, por exemplo, quando as pessoas eram maiores ele cortava as pessoas para que ficassem do tamanho dacama, quando as pessoas eram menores do que a cama, ele espichava as pessoas para que ficassem do tamanhoda cama.
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utilizar a eqidade, ento aplicou um Procusto, ela disse o seguinte:que realmente tinha que ser devolvida a pessoa, mas por uma questode direito humanitrio, etc., ela ia deixar a pessoa dentro daembaixada. O resultado foi que antes de uma composio polticasolver o problema, expedindo um salvo-conduto, Haya de la Torrepermaneceu trs anos no interior da embaixada, at poder deixar em
segurana o Estado territorial para encontrar abrigo definitivo noEstado que se dispunha a receb-lo.
Esse caso rene costume e eqidade.
5 FONTE: DOUTRINA/JURISPRUDNCIA
A prof. entende que a doutrina auxiliar na hora de interpretar, de julgar um
caso, mas no uma fonte de DIP. A jurisprudncia sim. Os precedentes
jurisprudenciais acabam criando regras, at vinculando as Cortes Internacionais,
elas so fontes at de Direito Interno.
A jurisprudncia acaba se formando uma verdadeira fonte de DIP.
6 FONTE: DECISES TOMADAS NO MBITODAS ORGANIZAES INTERNACIONAIS:
O exemplo mais comum as COMUNIDADES EUROPIAS, so OIs, cujas
decises vinculam impiedosamente os Estados membros. Naqueles assuntos em
que eles tm que resolver, os Estados membros so obrigados a obedecer. Depois
temos a OMC, ela decide e tem que ser cumprido. O MERCOSUL, por exemplo, j
tem trs laudos arbitrais, em que decidiram conflitos entre a Argentina e o Brasil.Essas decises so fontes de DIP. E as prprias decises da CIJ vincula os pases
e eles se submetem.
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7 FONTE: ATOS UNILATERAIS
Os ATOS UNILATERAIS, so retirados das prprias decises da CIJ. Soatos que so praticados unilateralmente, por um determinado Estado e que levam ao
reconhecimento de uma obrigao internacional perante outros pases.
Os ATOS UNILATERAIS, apresentam trs espcies:
a)RECONHECIMENTO:
Exemplo de RECONHECIMENTO: Em determinada pocahouve uma revoluo na Nicargua, isso foi parara na CIJ. OsEUA tinham assinado a Declarao europia da ONU, que no um tratado internacional, mas era uma simples declarao,sem maiores efeitos, sem efeito vinculante, no constitui umaobrigao internacional, a princpio no tem o mesmo efeito detratado internacional. S que temos que ter cuidado com o quese assina. Os EUA assinaram uma declarao, no mbito daONU, em que eles se manifestavam a favor da nointerveno, do no emprego da fora, etc. Quando chegou naCIJ esse caso da Nicargua, a CIJ reconheceu na assinaturadesse ATO pelos EUA, um ATO UNILATERAL dereconhecimento, que poderia caracterizar um costumeinternacional, ou seja, no momento que os EUA assinou aqueladeclarao ele se manifestou, reconheceu que no deveria serempregada a fora, que no se deveria intervir nos negcios deoutros Estados, etc. E com base nisso a Corte condenou osEUA no caso da Nicargua.
Esse o exemplo mais comum de RECONHECIMENTO.
b)AQUIESCNCIA:
Exemplo: O caso do TEMPLO DE PRAH VIMAR :A regio daTailndia e do Camboja, pertencia Indochina, quando foram separar asfronteiras da Tailndia com o Camboja, enviaram franceses para auxiliar afazer os mapas estabelecendo fronteiras. A Tailndia aprovou, divulgou osmapas. Mas a Tailndia entendeu que o Templo de Prah Vimar era seu,mas pelos mapas estava na regio do Camboja, que ainda pertencia Frana. A Tailndia resolveu invadir. Isto foi parar na Corte Internacional deJustia, que disse o seguinte: ela reconheceu e faz uma listagem de uma
srie de atos da Tailndia, por ex. a Tailndia que espalhou os mapas,esses mapas diziam que o templo estava no Camboja, a Tailndia fez
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cerimnias inclusive junto aos franceses, o rei da Tailndia participou deuma cerimnia em que os franceses estariam no templo, ele foi at otemplo, sabendo que era territrio sob o domnio da Frana, e ele nunca feznada, isso caracteriza AQUIESCNCIA, ou seja, ele concordou comaqueles mapas. Com todas as situaes. Ento no pode de um momentopara outro dizer que o Templo agora da Tailndia. Isso caracteriza um
ATO DE AQUIESCNCIA.
c)OPOSIO: A Inglaterra seus cidados comeassem a pescar numa rea
em que a Noruega entendia que era sua. A Inglaterra que no era da Noruega, que
aquelas guas eram afinal de contas internacionais, invocaram o costume
internacional contra a Noruega, dizendo que o costume tinha sido sempre este. O
que se identificou e se chamou foi o Princpio do Objetor Permanente, todos os
demais pases da rea concordavam com uma determinada delimitao que existia,
mas a Noruega desde 1800 e tanto, sempre tinha se manifestado de forma contrria,
inclusive editando decretos e normas internas que diziam que a sua delimitao era
diversa. Ento, a partir disso se reconheceu uma oposio permanente que se
tornou fonte de DIP, dizendo que nesse caso a Noruega sempre tinha agido de uma
forma diversa e portanto os ingleses tinham que sair daquele espao.
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PERSONALIDADE JURDICAINTERNACIONAL
a)ESTADOS: Governos Revolucionrios
Movimentos Libertao Nacional
b)ORGANIZAES INTERNACIONAIS
c)SANTA S
d)EMPRESAS TRANSNACIONAIS
a)ESTADOS
ELEMENTOS:
O DIP costumeiramente surgiu para regular relaes entre s Estados
soberanos, ento os Estados so na verdade o grande paradigma da personalidade
jurdica de DIP, todos os demais so olhados e vistos em relao aos Estados.
Depois aos poucos se foi reconhecendo a personalidade jurdica das OIs, a Santa
S foi sempre historicamente reconhecida. As empresas transnacionais comeam a
ser analisadas, se teriam ou no personalidade jurdica, sempre diante do
paradigma do Estado e se tem questionado muito, dizendo-se que elas no teriam,
porque no teriam como se relacionar com este paradigma. uma questo
altamente controvertida.
Os elementos principais que compe o Estado so:
Territrio; Nao (povo); Governo.
(A capacidade um atributo do Estado soberano, no um elemento, a capacidade de serelacionar com outros Estados justamente vem do fato de se tratar de um Estado soberano.)(A questo da SOBERANIA, alguns autores dizem que atributo do Estado, outros dizem que um quarto elemento, de qualquer maneira o DIP moderno deixou claro que SOBERANIAsignifica independncia, e Independncia tem um sentido mais banal possvel).
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Identifica-se tambm um outro elemento que TELEOLGICO que a
finalidade do Estado, ou seja o Estado existe para promover a segurana, a paz, o
bem comum de seus cidados, para organizar a sociedade.
Os trs primeiros elementos so os que nos interessam:territrio, Nao e
Governo.
O que o Territrio, porque nos interessa tanto? a base fsica onde o
Estado exerce a JURISDIO. Existe um princpio de DIP que se chama o princpio
da reserva territorial, reserva da jurisdio, o seguinte: dentro de um Estado s o
Estado manda, no seu territrio, ele tem sua jurisdio reservada, manda desmanda,
e nenhum outro Estado estrangeiro pode interferir. As conseqncias, por exemplo,
que temos da reserva de jurisdio, so os instrumentos de cooperao
internacional, de processo civil internacional, como por exemplo cartas rogatrias,
homologao de sentena estrangeira, porque ningum pode sair invadindo e
mandando num Estado alheio.
A Nao, chamada de Nao porque o que constitui o chamado povo de
um determinado Estado, na verdade, so os nacionais de determinado Estado.
Aqueles que vivem no territrio, sob a sua jurisdio. um princpio de DIP, que os
Estados devam estabelecer discriminaes, embora claro, tenham que garantir um
mnimo para os estrangeiros, mas um princpio de DIP, que os Estados devamdistinguir entre os seus nacionais e os estrangeiros. Porque seno ficaria
descaracterizado o elemento que a NAO.
O Governo, quem vai mandar, representa o poder poltico.
MODOS DE SURGIMENTO DO ESTADO:
MODO ORIGINRIO- estabelecimento de forma permanente de uma
populao sobre um territrio, no se v mais hoje
em dia.
MODOS DERIVADOS:
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a)fuso: dois estados se juntam e forma um outro Estado, aconteceu na
Alemanha, na Itlia.
b)separao: CISO PARCIAL: um pedao do territrio anexado a outro
Estado.
CISO TOTAL: por exemplo foi o que aconteceu na Unio
Sovitica - CEI, na Iugoslvia, e na
Tchecoslovquia.
c)emancipao: uma colnia que vai se tornar independente.
RECONHECIMENTO DE ESTADO
Todas as vezes que surgir um novo Estado no plano internacional, vai se
colocar um reconhecimento de Estado.
CONCEITO DE RECONHECIMENTO DE ESTADO:
Ato livre e unilateral pelo qual um Estado admite a existncia de outro,
manifestando assim, sua vontade de consider-lo como membro dacomunidade internacional.
Quanto s teorias temos as seguintes:
TEORIA CONSTITUTIVA:
O Estado enquanto no fosse reconhecido pela comunidade internacionalele no existia. A teoria acrescentava um outro elemento s caractersticas do
Estado, qual seja o RECONHECIMENTO pelos demais, no bastando a existncia
de territrio, povo, governo de soberania, de teleolgico, precisava tambm ser
reconhecido.Esse reconhecimento teria que ser da maioria dos membros da
comunidade internacional.
Essa foi a 1 teoria que apareceu quanto ao reconhecimento de Estado. Ns
brasileiros vivemos e sentimos na pele os efeitos desse reconhecimento, pela teoria
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constitutiva. Quando o Brasil declarou a Independncia no foi o ato s margens do
Ipiranga que nos deu a Independncia. O que aconteceu foi que Portugal
condicionou o reconhecimento de Estado ao pagamento de uma dvida para com a
Inglaterra, o Brasil aceitou, e este foi o Grito, a partir da a Inglaterra e Portugal
reconheceram a independncia e nos tornamos um Estado. Isto a teoria
CONSTITUTIVA.
O ato de reconhecimento DISCRICIONRIO, REVOGVEL, pode ser
CONDICIONADO.
O Estado s existe na medida em que reconhecido, quando deixar de
reconhecer no existe mais, ento, a qualquer tempo pode retirar o
reconhecimento.E tambm pode ser condicionado o reconhecimento, como Portugal
fez com o Brasil. Agora, o DIP moderno aboliu a Teoria Constitutiva e adota o que
chamamos de Teoria DECLARATRIA.
TEORIA DECLARATRIA
Pela Teoria DECLARATRIA o surgimento de um Estado no plano
internacional, uma realidade ftica. O Estado surge e basta a presena daqueles
elementos que j vimos sem a necessidade de um elemento que seria o
reconhecimento. Ele surge e uma realidade ftica. O reconhecimento acaba
marcando o incio das relaes diplomticas, das relaes do Estado com outros
Estados. Existindo uma populao, permanente, com uma base fsica, com um
governo, soberano, independente, ns temos um Estado soberano. Esta a Teoria
DECLARATRIA.
Para a teoria DECLARATRIA, o reconhecimento um ato
discricionrio tambm, porque o Estado mantm relaes diplomticas comquem entender,11 ele no entanto irrevogvel e incondicionado.
RECONHECIMENTO DE GOVERNO
O reconhecimento de Governo automtico na primeira vez que se
reconhece o Estado, posteriormente, toda vez que as transies forem
11 A pouqussimo tempo o Estado de Israel foi reconhecido pelo Egito.
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constitucionais, se derem de acordo com o regime, no se tem que perquirir sobre
reconhecimento de governo, ele presumido, ele automtico. A problemtica do
reconhecimento de governo, acontece toda vez que tivermos uma transio no
constitucional, um golpe de Estado alguma coisa assim.
O problema do reconhecimento de governo, o que entendido como nico
requisito necessrio, hoje em dia, a efetividade, ou seja, o controle da mquina
Estatal e conseqentemente a capacidade de fazer com que um Estado se obrigue e
que mantenha suas relaes internacionais, se houver efetividade desse controle
ningum vai interferir no territrio de outro Estado para dizer que o governo no
legtimo.
As duas principais TEORIAS para reconhecimento de Governo so
PRINCIPAIS TEORIAS:
1 Teoria TOBAR: pela doutrina Tobar se entendia o seguinte: toda vez que
houver uma modificao de governo com ruptura do sistema constitucional vigente,
este governo no deve ser reconhecido at que o povo desse pas eleja de uma
forma legtima os seus representantes.
2 Teoria ESTRADA: essa teoria diz que o que interessa para reconhecer o
governo saber se ele efetivo, se ele manda. Se ele tem controle da mquina
estatal. Se ele manda, ficar questionando a forma que ele chegou ao poder, uma
maneira indevida de ingerncia nos negcios de um Estado estrangeiro.
O que acaba acontecendo uma conciliao entre as duas: a doutrina
Estrada se aplica para o reconhecimento e a doutrina Tobar para manutenoou retirada de relaes diplomticas.
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RECONHECIMENTO DE INSURGNCIA
Insurreio com fins meramente polticos que assume propores de
guerra civil.
CONCEITO: Insurreio com fins puramente polticos que assume
proporo de guerra civil.
No h condies to especficas para o reconhecimento.
EFEITOS:
O efeito maior no tratar como terrorista ou como pirata quem participa
desta insurgncia. E quanto a responsabilidade civil internacional pelos atos
praticados pelos insurgentes a lei extremamente discutida e tem que ser
examinada caso a caso. No se tem uma regra clara sobre exonerao de
responsabilidade do Estado que reconhece a insurgncia, vai ter que ser examinada
caso a caso.
RECONHECIMENTO DE BELIGERNCIA:
Grupo que controla uma parte definida do territrio
Estatal.Fragmentao no interior do Estado, grupo com parte do territrio
estatal.
CONCEITO: fragmentao no interior de um Estado grupo controla parte
definida do territrio estatal.
As CONDIES de reconhecimento de beligerncia, como se trata de
uma parte definida do territrio estatal, so diferentes da insurgncia: esse grupo
tem que preencher essas condies, ele tem que ter a)fora para exercer poderes
anlogos aos do governo, de fato, ele no o governo, mas ele tem que controlar,
ter b)autoridade sobre parte do territrio estatal, ele tem que c)constituir um
governo responsvel, tem que ter autoridade sobre uma parte definida do territrio,
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tem que ter d)fora armada organizada com disciplina militar e e)disposio
para respeitar os direitos e deveres de neutralidade. So aqueles direitos e
deveres de guerra. Se algum estrangeiro passar por l ele no vai sair matando, vai
se comportar como um Estado em guerra.
Preenchidos todos esses requisitos possvel o RECONHECIMENTO.
O que decorre desse reconhecimento?
EFEITOS:
Se o Estado que est sofrendo a beligerncia reconhecer, ele fica
exonerado de responsabilidade internacional pelos atos praticados pelos
beligerantes dentro do territrio que eles controlam. E o 3 Estado que reconhea
esta beligerncia ele no pode participar, ele no pode participar entrar na guerra,
nem ao lado dos beligerantes ou do Estado que est sofrendo, ele tem que ser
neutro.
Outro efeito o de que se os beligerantes forem caados no podero ser
tratados como piratas, terroristas. Eles tm que ser tratados como se fossem
prisioneiros de guerra.
MODOS DERIVADOS
EFEITOS:
a)QUANTO AOS TRATADOS INTERNACIONAIS: tratados que foram
celebrados pelo Estado predecessor, so as seguintes Teorias:
1)TRATADO DA TABULA RASA: no cumprem os tratados, faz de conta
que no existem, ignoram.
2)TEORIA DA CONSULTA: uma teoria em que o Estado deveria ser
consultado, e sendo consultado se manifestaria se cumpriria esses tratados
ou no. O silncio seria visto como uma recusa no cumprimento.
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S que a doutrina e a prtica de direito internacional consagraram uma
disciplina diferenciada para esta questo, fazendo uma distino entre tratados
polticos, tratados que consagrem situaes objetivas como direitos fundamentais e
outros tratados:
TRATADOS POLTICOS: so aqueles tratados que dizem respeito a
relaes comerciais entre vrias outras situaes, que so feitas em funo
de um determinado governo, determinado Estado, e esses tratados no so
cumpridos.
TRATADOS QUE CONSAGREM SITUAES OBJETIVAS OU DIREITOS
FUNDAMENTAIS: so tratados de exemplo mais comum so tratados de
limites ou direitos fundamentais, estes, como so de interesse da
comunidade internacional, devem ser cumpridos. A questo dos limites tem
um problema, por ex.,quando h uma ciso total do territrio como o caso
da Iugoslvia (Bsnia, Crocia, Macednia, Eslovnia Srvia), nesse caso,
foi o mais recente, surgiu um problema com relao aos limites, parece que
entre a Bsnia e a Srvia, no sabiam exatamente como determinar
exatamente os limites entre os dois Estados, ento, no havia tratado, nada.
O princpio que se usa o UTI POSSIDETIS, para estabelecer os limitesna ausncia de tratado, que em suma o seguinte: quem est estabelecido
em cima de um territrio fica no territrio, assim que conseguiram
estabelecer os limites.
OUTROS TRATADOS: em relao a outros tratados tem que distinguir as
diversas situaes.
a)FUSO: normalmente se cumprem todos os tratados, a no ser que haja umacircunstncia impeditiva, extrema, quase como uma clusula de impreviso, com
acontece no direito interno, que haja uma circunstncia impeditiva de uma
gravidade extrema, que impea que se cumpra. A princpio os dois novos Estados
vo cumprir os tratados que estavam obrigados.
b)CESSO TERRITORIAL: quando ela for parcial, o que acontece que o
territrio que vai ser cedido passa a cumprir os tratados do Estado a que passa a
pertencer, a no ser quanto a limites, que continua sendo respeitado, com relao a
outros tratados que no seja nem polticos nem consagradores de situaes
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objetivas, ele passa a cumprir os tratados a que se vincula esse novo Estado a que
passa a pertencer.
c)CISO TOTAL: geralmente os tratados que foram celebrados pelo Estado
predecessor se estendem a todos os novos Estados, como no caso da
Iugoslvia, a no ser que tambm existam as circunstncias excepcionais
que impossibilitem o cumprimento, como a clusula da impreviso.
d)EMANCIPAO: A teoria dominante era a TEORIA DA TABULA RASA,
porque se dizia que o novo Estado tinha que ter completa autonomia para se
comprometer como quisesse para se gerir como quisesse, ento se deveria
fazer Tabula Rasa dos tratados celebrados pelo antigo dominador. Mas a
prtica tem consagrado o estabelecimento de acordos de devolues e dedeclaraes unilaterais. Esses acordos de devoluo, so tratados que so
feitos condicionando, estabelecendo quais as condies para emancipao
e determinando que iro cumprir tais e tais tratados e as declaraes
unilaterais so emitidas pelo Estado que ser emancipado num sentido de
cumprimento de determinados tratados internacionais.
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3 AULA DIA 24-10-2000
SUCESSO DE ESTADO
Como vimos existem MODOS ORIGINRIOS e DERIVADOS de surgimento
de Estado, no plano internacional J vimos que o MODO ORIGINRIO seria o
estabelecimento de uma populao, de um povo, de forma permanente, sobre uma
determinada base territorial, fixa, isso no existe mais, hoje em dia o que ns temos
so MODOS DERIVADOS, de surgimento de Estado, ou seja, a FUSO, a
SEPARAO ou CISO PARCIAL ou TOTAL, a EMANCIPAO.
Esses modos derivados que so chamados de SUCESSO DE
ESTADO.
Existe uma Conveno Internacional sobre SUCESSO DE ESTADO que
a Conveno que disciplina o estudo esquematizado a seguir. Essa Conveno
ainda no entrou em vigor, deve entrar em breve, o texto ainda est em ingls, no
foi traduzida ainda.
Estudaremos as regras bsicas dessa Conveno que vo ser aplicadas:
J vimos os EFEITOS quanto aos TRATADOS e agora vamos ver os efeitosquantos as demais obrigaes e demais aspectos.
OBRIGAES FINANCEIRAS:
1)OBRIGAES RELATIVAS A TODO O TERRITRIO: verifica-se quem
se beneficiou dessa obrigao financeira contrada, ento, imaginemos no
caso de SEPARAO, tnhamos a Tchecoslovquia, virou RepblicaTcheca e Repblica Eslovaca, supondo que a Tchecoslovquia tivesse
contrado uma obrigao financeira para melhorar condies de vida, de um
determinado local, a Tchecoslovquia teria contrado essa obrigao de
forma global, mas se verificaria que uma parte dela apenas, se beneficiou
dessa obrigao. Ento o territrio que se beneficiou que vai ficar com a
obrigao.
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2)OBRIGAES LOCALIZADAS TERRITORIALMENTE: por exemplo, um
determinado Estado federado contraiu uma obrigao, e depois acaba se
tornando um Estado independente, no plano internacional. Vai corresponder
a ele essa obrigao.
3)OBRIGAES DERIVADAS DE ATOS ILCITOS: obrigaes derivadas
de atos ilcitos tm uma natureza vinculada ao sujeito, elas no se
transmitem. Isso tanto no plano interno como no plano internacional.
Responsabilidade por ato ilcito a princpio no se transmite. O que
acontece? No plano internacional elas s vo se transmitir toda a vez que a
personalidade jurdica anterior for conservada. Por ex.: quando houve a
unificao da Alemanha; uma das Alemanhas, a Repblica Federal,
continuou sendo Repblica Federal da Alemanha, ento, apesar da fuso
todas as obrigaes por atos ilcitos que eventualmente tivesse, continuaram
mantidas, agora as demais no se transmitem.
4)SUCESSO E PARTICIPAO EM ORGANIZAES INTERNACIONAIS: Isso
vai ser verificado caso a caso. Tivemos um exemplo recente que foi o
exemplo da Unio Sovitica que virou Comunidades dos EstadosIndependentes (CEI). Eles queriam entrar na ONU. Quem poderia entrar?
Ficou decidido no mbito da ONU, que a Rssia como ela j era membro da
Onu, quando a ONU foi criada, antes da criao da Unio Sovitica, o
membro originrio era a Rssia. Ficou decidido ento, depois desta CISO
que a Rssia continuaria ocupando o seu lugar, inclusive no Conselho de
Segurana, e as demais entrariam para a ONU pelas formas convencionais
de acesso pela legislao internacional. Em cada caso e conforme aestrutura de cada organizao, se vai decidir.
5)SUCESSO DE DIREITOS NA ORDEM INTERNA: os direitos, os bens,
arquivos do Estado predecessor, a regra geral verificar se esses bens
esto dentro do Estado predecessor, Estado originrio, ou fora, se estiver
dentro vo ficar com quem ficou com o respectivo territrio, se estiverem
fora a regra geral venderem o bem e fazer a diviso do produto.
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6)AES E BENS MVEIS: Se eles puderem ser vinculados a um
determinado territrio vo ficar para o territrio correspondente, se no,
sero vendidos e dividido o produto.
7)ARQUIVOS: Os arquivos e documentos histricos de um determinado
Estado, ficam onde estiverem, eles tambm so vinculados ao territrio. S
que a Conveno prev o seguinte: todos os povos tm o direito a receber
uma cpia porque os arquivos fazem parte de sua histria. Ento quem tem
a posse dos arquivos tem que fazer cpias e mandar para os demais.
8)SITUAES JURDICAS PRIVADAS: So as dos nacionais, do Estado
predecessor ou as dos estrangeiros. Os direitos que a prtica consagra para
os nacionais so os direitos de consulta, que uma pronncia prvia sobre
a sucesso. Eles tm que se manifestar e dizer se concordam ou se no
concordam. E depois ento, eles vo poder optar pela nacionalidade,
principalmente no caso da separao. E os estrangeiros tm o direto a ter os
seus bens, os seus direitos e o territrio do Estado que sofreu a sucesso,
respeitados, o que no significa que no possa ocorrer nacionalizao de
bens estrangeiros. A nacionalizao ela aceita no DIP, contanto que hajaindenizao. A nacionalizao uma matria bastante especfica no Direito
Internacional.12
CASO: Um cidado ingls tinha uma empresa na Rssia quando houvea Revoluo Russa, ento nacionalizaram a empresa dele, e ele sofreuuma srie de prejuzos em funo dessa nacionalizao, acionaramessa pessoa nas cortes inglesas, ele invocou a total falta deresponsabilidade em funo da nacionalizao. S que naquela pocase utilizava a teoria constitutiva de reconhecimento de Estado, e aInglaterra no reconhecia a Rssia, depois da Revoluo, ento como
a Inglaterra no reconhecia a Rssia ela tambm no reconhecia anacionalizao, e o que aconteceu foi que teve que pagar toda aindenizao.
12 Obra especfica: Fausto de Quadros Nacionalizao de Empresas Estrangeiras.
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RELAES ENTRE ESTADOS:
1)IMUNIDADE DE JURISDIO
A primeira coisa que devemos levar em considerao sobre imunidade de jurisdio que ela tem trs aspectos. importante a distino porque nos dois
primeiros casos o que se aplica o COSTUME INTERNACIONAL, no h tratado
internacional a esse respeito. No terceiro caso, h a Conveno de Viena sobre
Relaes Diplomticas de 1961 e a Conveno de Viena sobre Relaes
Consulares de 1963, estas duas so as que esto em vigor no Brasil.
a)IMUNIDADE DE JURISDIO ESTATAL ou seja de um EstadoEstrangeiro:costume internacional.
b)IMUNIDADE DE JURISDIO DE UM REPRESENTANTE DO ESTADO
ESTRANGEIRO:costume internacional
c)PRIVILGIOS DIPLOMTICOS (Conveno de Viena sobre Relaes
Diplomticas/1961) E CONSULARES (Conveno de Viena sobre
Relaes Consulares/1963)
CASO: Supondo que os EUA contrataram uma pessoa na suaEmbaixada para servios domsticos. Uma empregada domstica noprdio da Embaixada em Braslia. Essa pessoa foi contratada e poralgumas razes no assinaram a CTPS, deixaram de pagar 13, frias,e vem a