RETROSPECTIVA ECONÔMICA 2016
dezembro de 2016
2
Maior recessão em 25 anos
A economia brasileira deve amargar em 2016 o segundo pior desempenho em 25 anos, desde 1990, ano do confisco da poupança e do Plano Collor. O PIB deve recuar 3,5% neste ano, após registrar perda de 3,8% no ano anterior.
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PIB Brasil - taxa de crescimento anual (%)Fonte: IBGE
Elaboração: REAG
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Contas públicas
Nelson Barbosa, ministro da Fazenda, recém-empossado pela até então presidente Dilma Rousseff para substituir Joaquim Levy, relatou em fevereiro de 2016 que o déficit das contas públicas seria de R$ 60,2 bilhões em lugar do superávit de R$ 30,5 bilhões aprovado em 2015. Após o ocorrido, Nelson Barbosa aumentou a previsão do déficit para R$96,7 bilhões.Com a cobertura do processo de impeachment em maio do mesmo ano e com o afastamento de Dilma por 180 dias, o vice Michel Temer assumiu a presidência interinamente e nomeou Henrique Meirelles para o Ministério da Fazenda. Com isso, a revisão da meta do déficit subiu para R$ 170,5 bilhões, havendo aprovação do Congresso dias depois.
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Resultado Primário do Setor Públicoem R$ bilhões e % do PIB
Fonte: Banco CentralElaboração e Projeção: REAG
Resultado primário do setor público (R$ bilhões) Resultado primário do setor público (% PIB)
Recessão, aumento de juros e ajuste fiscal atingiram em cheio o mercado de trabalho. O desemprego no país disparou de 6,8% no terceiro trimestre de 2014 para 8,9% no terceiro trimestre de 2015, maior taxa para o período desde o início da série histórica, em 2012. Em um ano, 2,274 milhões de trabalhadores engrossaram o contingente dos desempregados.
Desemprego
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Taxa de Desemprego (%)no trimestre encerrado do mês de referência
Fonte: IBGEElaboração e Projeção: REAG
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Taxas de Desemprego e de OcupaçãoFonte: IBGE - Pnad ContínuaElaboraçao e Projeção: REAG
Taxa de desemprego (PNAD contínua) Ocupação (crescimento %)
Dólar
A moeda americana disparou quase 50%: passou de R$ 2,662 no fim de 2014 para R$ 3,893 em 17 de dezembro. O movimento é puxado por insegurança com a economia, piora na dívida e turbulência política, além da expectativa de alta dos juros nos EUA. Recursos de investidores tendem a deixar o país, o que reduz a oferta de dólar.
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Taxa de câmbio R$/US$ (média no ano)Fonte: Banco Central
Elaboração e Projeção: REAG
Depois de um início de ano tenso, o dólar reverteu a tendência e passou a cair nos meses seguintes. Em janeiro, a cotação da moeda norte-americana fechou em R$ 4,16, no maior nível desde a criação do real, em meio ao agravamento da crise política e à queda nos preços internacionais do petróleo.A troca de governo no Brasil e a recuperação das commodities (bens primários com cotação internacional) acalmaram o mercado. Em outubro, o dólar aproximou-se de R$ 3,10, mas subiu cerca de R$ 0,30 após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos e o aumento de juros do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano.
Inflação
A alta do preço da energia elétrica, a disparada no custo dos alimentos, a valorização do dólar e o reajuste de combustíveis trouxeram a inflação para dois dígitos pela primeira vez desde 2003. A taxa chegou a 10,48% no resultado acumulado em doze meses até novembro. Só a energia subiu 51,27%, enquanto os alimentos tiveram alta de 11,56% em um ano.Em janeiro, a inflação oficial que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 10,71%, superior aos 10,67% registrados em 2015 e bem acima da meta de 6,5%.Projeções indicavam inflação em torno de 7% para 2016. Em fevereiro, a estimativa chegou a 7,62%. Durante o ano, a inflação desacelerou, chegando a 6,36% nos 12 meses encerrados em novembro. Com isso as projeções feitas pelo mercado se aproximaram do teto da meta.O Banco Central (BC) classificou a redução da inflação como positiva. A recessão econômica, o aumento do desemprego e a política monetária, contribuíram para que isso se concretizasse.
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IPCA - variação % acumulada em 12 meses Selic - taxa % a.a.
Fonte: IBGE e Banco CentralElaboração e Projeção: REAG
IPCA (IBGE - %) acumulado 12 meses teto da meta de inflação piso da meta de inflação centro da meta de inflação
O Brasil país perdeu o selo de bom pagador das três principais agências classificadoras de risco. Em fevereiro de 2016, a Moody’s rebaixou a nota do país. Em setembro/15, a S&P foi a primeira a rebaixar a nota de crédito soberano, seguida pela Fitch, em dezembro do ano passado.
Perda do Grau de Investimento
Com a desaceleração das expectativas para a inflação e a recessão econômica, o Banco Central iniciou, em outubro deste ano, o ciclo de queda de juros, que não eram reduzidos desde julho de 2015.
O BC baixou a Selic de 14,25% para 14% em outubro e reduziu mais 0,25 ponto percentual na última reunião do ano, em novembro, levando a taxa a encerrar 2016 em 13,75% ao ano, com perspectiva de novas reduções em 2017.
Sob a gestão de Ilan Goldfajn, que assumiu o BC em junho, a autarquia recebeu críticas por não ter feito um corte mais agressivo dos juros, diante da crise econômica. Goldfajn sustenta que a redução da taxa básica deve ocorrer de forma responsável para ser sustentável e não precisar se revertida no futuro.
Taxa de Juros
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IPCA - variação % acumulada em 12 meses Selic - taxa % a.a.
Fonte: IBGE e Banco CentralElaboração e Projeção: REAG
IPCA (IBGE - %) acumulado 12 meses teto da meta de inflação piso da meta de inflação
centro da meta de inflação Juros nominais (Selic final de período)
O estoque de crédito do País caiu e houve aumento de taxas de juros para acessar os recursos. Em novembro, o saldo de todas as operações de crédito estava em R$ 3,1 trilhões, com queda de 2,3% em 12 meses, sendo a queda da demanda por empréstimos um dos motivos para a redução, devido à retração da economia.Em um ano de recessão econômica, ocorreu o aumento de desemprego, com postergação de consumo. Empresas postergaram investimentos diante das incertezas sobre o futuro. Já os bancos, se tornaram mais seletivos na oferta de crédito devido à expectativa de aumento da inadimplência.Em novembro, a taxa média de juros para as famílias ficou em 33%, alta de 2 pontos percentuais em 12 meses.
Crédito
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Saldo da Carteira de Crédito e Taxa Média de Juros (% a.a.)Total - em R$ milhõesFonte: Banco Central
Saldo da carteira de crédito - Total - R$ (milhões) Taxa média de juros das operações de crédito - Total - % a.a.
A arrecadação de impostos e contribuições federais foi fortemente impactada pelo cenário econômico em 2016. De janeiro a outubro, chegou a R$ 1,060 trilhão, com queda real de 3,4% em relação ao mesmo período de 2015. Ao longo do ano, os técnicos da Receita Federal confirmaram os efeitos provocados pela recessão, com todos os indicadores macroeconômicos desfavoráveis.
Arrecadação
O resultado da arrecadação de
impostos e contribuições só não foi pior por causa da Lei da Repatriação, que autorizou a regularização de recursos no exterior mediante pagamento de 15% de Imposto de Renda e 15% de multa.
A arrecadação com a medida chegou a R$ 45,7 bilhões. Desse total, a União repassou R$ 9,4 bilhões de Imposto de Renda a estados e municípios, que recorreram à Justiça para receberem a repartição da multa. No fim de novembro, o governo fechou um acordo para os estados receberem R$ 5,3 bilhões da multa mediante medidas de ajuste fiscal. No início de dezembro, o presidente Michel Temer anunciou o repasse da parcela das multas também aos municípios.
Repatriação de Recursos no Exterior
A crise econômica deteriorou não apenas as contas do governo federal. Com a arrecadação em queda, os estados tiveram dificuldade em honrar compromissos, o que se refletiu em atrasos no pagamento de salários a servidores públicos e na prestação de serviços básicos, como saúde e segurança.A situação foi pior em estados afetados pela queda do preço do petróleo, como o Rio de Janeiro. O estado decretou estado de calamidade financeira em junho e recebeu ajuda de R$ 2,9 bilhões do governo federal. Em dezembro, foi a vez de Minas Gerais decretar emergência nas contas públicas.
Crise Fiscal nos Estados
O preço do petróleo manteve queda consistente ao longo do ano e o valor do barril já está próximo de US$ 36 por barril, nível visto pela última vez em 2004, no início do chamado superciclo das commodities.
Minério de ferro e soja são outros itens com recuo de preço, com desaceleração da expansão de países emergentes, especialmente a China.
Derrocada do preço do petróleo e das commodities
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou a taxa de juros nos EUA após sete anos em patamar próximo de zero (entre zero e 0,25% ao ano), desde a crise global de 2008. O movimento indica melhora nas condições da economia americana e pode levar à saída de capital de países emergentes em busca dos EUA.
Aumento da Taxa de Juros nos EUA
A economia mundial ainda guarda incertezas, com desaceleração no crescimento dos países em desenvolvimento e recuperação fraca da economia europeia. As dúvidas sobre o futuro da economia norte-americana sob o comando de Donald Trump, o futuro da União Europeia sem a Grã-Bretanha devem pautar, a crise imigratória na Europa e os atentados terroristas devem pautar a agenda econômica global.
Incerteza na Economia Mundial
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