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MINISTÉRIO DA CULTURA e VALE apresentam
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Projeto Vale dos Contos
Visitas de Educação Patrimonial ao Parque Vale dos Contos
Revista do Educador
João Alegria (org.)
Ouro Preto, Março de 2012
1- É proibido modificar o conteúdo da REVISTA DO EDUCADOR. 2- É vedada a criação de obras derivadas dos textos /imagens aqui publicados.3- A REVISTA DO EDUCADOR é pública e pode ser utilizada por qualquer pessoa, desde que sejam respeitados os itens anteriores. VENDA PROIBIDA.
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Ficha Técnica e CatalográficaExecução Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto - ADOPPresidente: Gabriel TrópiaGestor do Núcleo de Projetos: Vandeir Assis
Coordenação Geral do Projeto Vale dos ContosEdineia Araújo
Coordenadora ExecutivaMaria Theresa Fialho
Curadoria do Projeto de Educação PatrimonialJoão Alegria
Coordenadora do projeto deEducação PatrimonialMariana Figueiredo Barbosa MonitoresAna Cristina Vieira Ribeiro Bianca Nogueira de Souza Bernardes Luan Ludvick Ayres Maria Cecília da Silva Mendes Paula Nobre dos Reis Rafael José de Oliveira RodriguesSolimar Fátima da Silva Ferreira Vanilton Galvão Bitencourt
Curadoria do Projeto CulturalSecretaria Municipal de Turismo e Cultura Chiquinho de AssisProdutoraFernanda Prete BentoMonitoras Rúbia Ferreira e Silva
Curadoria do Projeto de Saúde e Atividades FísicasDepartamento de Medicina da UFOPSecretaria de Saúde
Aulas de Tai Chi ChanRicardo Silva Teixeira
SiteMasterix
Criação e Produção GráficaVitrine ComunicaçãoIlustraçãoDinho BentoFotografiaEduardo Tropia
Assessoria de ImprensaETC ComunicaçãoJihan KassasNúdia Fusco
Midias Sociais/Alimentação do siteFlávia Trópia
Produção de VT e Spot de RádioTV UFOPProdução: Fernanda LuizaVideografismo: Daniel Laia, Leo Lopes, Ricardo MaiaTratamento de áudio: PC BelchiorTrilha: All access
FotografiaDaniel Santos Laia
Assessoria JurídicaRezende Neves associados
Assessoria ContábilCTC - Contabilidade Teixeira e Carvalho
Segurança/Jardinagem/LimpezaProlimpe
Gestão CompartilhadaSecretaria Municipal de Meio AmbienteSecretaria Municipal de EducaçãoSecretaria Municipal de Turismo e Cultura
Agradecimentos EspeciaisPrefeito: Dr. Angelo Oswaldo de AraújoPresidente do IPHAN: Dr. Luiz Fernando de AlmeidaPresidente da Fundação Vale: Dr. Ricardo Piquet
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SumárioIntrodução ..............................................................................................................................................
Educação patrimonial e interpretação do patrimônio..................................................................................
A metodologia de trabalho da educação patrimonial .....................................................................
Interpretação do patrimônio .........................................................................................................
A educação patrimonial e a escola ...............................................................................................
Matriz conceitual e metodológica .................................................................................................
O criador e a criatura: o naturalista Joaquim Veloso de Miranda e o Horto Botânico
de Vila Rica............................................................................................................................................
Referências..................................................................................................................................
Roteiro de Visita ao Parque Horto dos Contos ...........................................................................................
Atividades ...............................................................................................................................................
1: A carta secreta do pai de Tenório...............................................................................................
2: As histórias de vida das plantas e dos animais ...........................................................................
3: Os recursos naturais: Ouro, Ferro, Carvão, Água ......................................................................
4: Mirante Sensorial......................................................................................................................
5: Interpretação da paisagem: a Ponte dos Contos e a paisagem horizontal, a Cascata dos
Contos e a vertical das eras, o Jardim do Banco do Brasil e a sobreposição dos tempos...............................
6: Atividade coletiva final: compartilhamento .................................................................................
7: Descubra quem são os Defensores do Planeta ...........................................................................
Materiais de consumo .............................................................................................................................
Materiais na mochila dos monitores ..............................................................................................
Materiais disponíveis no parque.....................................................................................................
Cuidados observados antes da visita ........................................................................................................
Lista de participantes ...............................................................................................................................
Autorização ............................................................................................................................................
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Introdução Em 23 de setembro de 2008, através da Lei Municipal 447, foi criado e passou a ser deno-
minado Parque Horto dos Contos, o “logradouro público situado nos fundos dos imóveis localizados
na Rua São José, na Rua Rodolfo Bretas, na Praça Américo Lopes, na Rua do Pilar, na Rua do Paraná
e na Praça Silviano Brandão” (PMOP, 2008), dentre outros, conforme detalhado no memorial que
acompanhou o Projeto de autoria do Prefeito Municipal Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, acolhi-
do pela Câmara de Vereadores de Ouro Preto naquele mesmo ano.
A criação do Parque Horto dos Contos trouxe de volta à vida da cidade o grande segmento
de espaço urbano que, em parte, formou um horto botânico colonial ali cultivado no final do sécu-
lo XVIII, como se verá no segundo capítulo desta Revista do Educador.
O Parque Vale dos Contos, como é chamado agora, compreende um importante território
de patrimônio histórico e cultural da cidade de Ouro Preto. Após sua criação, recebeu tratamento
paisagístico e a instalação de trilhas e de espaços receptivos (cantinas, quadras, praças, mirantes e
auditórios), para que possa ser reintegrado à vida cotidiana da população da cidade e visitado por
aqueles que vão a Ouro Preto em viagens de turismo e lazer.
Além do privilegiado conjunto de recursos naturais que abriga, com mata de floresta em
excelentes condições de preservação, fontes de água que alimentam o Córrego dos Contos, da ri-
queza e diversidade de flora e fauna, principalmente as muitas espécies de pássaros, o Parque Vale
dos Contos tem grande importância histórica e cultural.
Esse local nos remete à longa tradição de jardins e quintais coloniais, fonte de alimentos
e remédios, laboratório para a adaptação de plantas exóticas ao país e ao clima da região, parte
integrante do projeto de império ultramarino da Coroa Portuguesa nos oitocentos.
Quando se caminha pela cidade de Ouro Preto, ainda é possível perceber a forte presença
dos quintais, hortas e jardins nos fundos das residências de seu centro histórico. Mesmo naqueles
que já não recebem os mesmos cuidados de outrora, existem abacateiros, pitangueiras e jabuti-
cabeiras, que saltam por cima dos muros com seus galhos e folhagens de sombra fresca e frutos
saborosos.
Nas encostas da área protegida pelo parque, também são encontradas antigas entradas
de minas de ouro, fazendo com que o espaço inclua, dentre seus atrativos, um componente ma-
croeconômico e fundamental para a identidade regional e a trajetória socio-histórica da cidade de
Ouro Preto: a mineração.
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Como parte do Projeto de Educação Patrimonial, Cultural, Ambiental e Gestão do Parque Vale
dos Contos de Ouro Preto, que visa à ocupação e à revitalização desse importante espaço da cidade,
foi desenvolvida esta ação de educação patrimonial, beneficiada pela legislação de incentivo fiscal
do país e mantida com os recursos disponibilizados pela Fundação Vale (PRONAC 082762).
O Projeto é de autoria da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto
(ADOP), que reúne cidadãos e empreendedores locais numa organização sem fins lucrativos e em
defesa da cidade.
Nesta Revista do Educador, encontra-se o detalhamento das atividades de educação patri-
monial, bem como o conjunto de textos e informações que constituem uma “leitura mínima”, para
que todos os educadores envolvidos com a iniciativa possam se organizar e aproveitar melhor a
visitação ao Parque Vale dos Contos, contribuindo efetivamente para que as gerações mais jovens
de ouro-pretanos descubram e preservem mais este patrimônio histórico e cultural da cidade.
No primeiro capítulo, é apresentado o conceito de educação patrimonial com o qual o pro-
jeto opera, indicando-se as principais fontes bibliográficas utilizadas, para que possam ser acessa-
das pelos educadores que se interessarem em buscar um aprofundamento nesse campo. Apesar
da vasta bibliografia disponível sobre tal tema, este primeiro capítulo tem como objetivo funda-
mentar conceitualmente o projeto de educação patrimonial que será desenvolvido no Vale dos
Contos. Por essa razão, foram privilegiados aspectos da metodologia que fazem interagir valores
do patrimônio natural com o patrimônio histórico e cultural.
A tradicional metodologia da educação patrimonial será enriquecida com as técnicas de in-
terpretação do patrimônio e da paisagem cultural, mais comuns na condução de visitas turísticas,
e também com técnicas de condução de oficinas com crianças e adolescentes.
Para uma maior adesão do público-alvo principal – estudantes e educadores do 6o ano da
Educação Fundamental, no primeiro capítulo se encontra um exercício de aproximação entre o
universo de conteúdo curricular obrigatório às escolas e as possibilidades de exploração temática
oferecidas pelos atrativos do Parque Vale dos Contos.
O segundo capítulo foi escrito pelo historiador Moacir Rodrigo de Castro Maia e aborda
os aspectos históricos relativos ao Parque Vale dos Contos, explorando a inserção desse território
na tradição botânica dos jardins, quintais e hortos coloniais que foram mandados criar pela Coroa
Portuguesa na segunda metade do Século XVIII.
O texto é fundamental para que os educadores realizem uma contextualização do parque,
reconstituindo sua trajetória no tempo e no espaço urbanos de Ouro Preto.
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Já no terceiro capítulo, é feita a descrição do Roteiro de Visita Acompanhada ao Parque Vale
dos Contos, com o passo a passo de como essa atividade será conduzida pelos educadores da equi-
pe do parque e acompanhada pelos estudantes e professores que comparecerem ao espaço para
conhecê-lo.
No quarto capítulo, por sua vez, estão detalhadas todas as atividades que compõem o ro-
teiro de visita acompanhada, incluindo-se os materiais necessários, regras, informações técnicas e
outros aspectos importantes.
A Revista do Educador ainda conta com uma área de Anexos, na qual foram incluídos mo-
delos de documentos e recomendações sobre cuidados antes e durante a visita.
João Alegria
Ouro Preto, março de 2012
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Figura 1- Projeto de lei nº 51/08, de 23 de setembro de 2008, que cria o Parque do Horto dos Contos.
Fonte: Arquivo Público Municipal, Prefeitura Municipal de Ouro Preto.
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Educação patrimonial e interpretação do patrimônio
João Alegria
A educação patrimonial é um campo de práticas educacionais, com meto-
dologia de trabalho própria e já bastante difundida no Brasil. Em nosso país, a forma mais presente
é aquela inspirada na tradição inglesa, que se disseminou a partir da realização do I Seminário Sobre
o Uso Educacional de Museus e Monumentos, em julho de 1983, no Museu Imperial de Petrópolis.
O princípio básico da educação patrimonial é a experiência direta, vivenciada por indiví-
duos ou grupos, ao participarem de atividades planejadas para mediar a apreensão de bens na-
turais e culturais. A partir desse contato direto, ocorrem sucessivos movimentos de apropriação
e de produção de sentido, capazes de valorizar a existência desses bens e contribuir para a sua
conservação.
A educação patrimonial não tem como finalidade compreender e, depois,“aprisionar o
patrimônio” ao passado. Sua motivação maior é contribuir para que ele seja assumido por todos
como um bem comum, um conjunto de recursos ligados a uma comunidade e cultura, que pode
ser usufruído e conservado a partir de uma governança que conta com o compromisso de todos.
Para as autoras do Guia Básico de Educação Patrimonial, esta metodologia educacional é
um instrumento de “alfabetização cultural”, que contribui para que os indivíduos se preparem para
realizar a interpretação daquilo que está ao seu redor, levando cada um “...à compreensão do uni-
verso sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido” (GRUMBERG e outros,
1999).
Práticas de educação patrimonial podem ser apli-
cadas a qualquer evidência material ou manifestação da
cultura, patrimônio material ou imaterial. Um objeto úni-
co ou um conjunto de bens, um monumento ou todo um
sítio histórico ou arqueológico, uma paisagem natural,
um parque ou uma área de proteção ambiental, um cen-
tro histórico urbano ou uma comunidade da área rural,
uma manifestação popular de caráter folclórico ou reli-
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gioso, um processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares, os mo-
dos de fazer, lendas e crenças, danças e folguedos, modos de vestir e falar, processos de fabricação
de objetos e tudo o mais que constitui o “patrimônio vivo” (id., 1999).
No Parque Vale dos Contos, torna-se possível estabelecer uma rica articulação entre pa-
trimônio natural e patrimônio histórico e cultural de Ouro Preto, aliando a ideia de preservação e
conservação ambiental à de reconhecimento e proteção do grande legado histórico, cultural e ar-
tístico do município, com um conjunto de práticas de educação patrimonial que levam a exercícios
de interpretação da paisagem cultural desse espaço e da sua relação com a cidade.
A metodologia de trabalho da educação patrimonial
Como indicado, a educação patrimonial é um campo de práticas educacionais. Portanto, o
que a diferencia é sua metodologia de trabalho. A descrição de uma metodologia pode ser encon-
trada em vários lugares, incluindo livros, artigos acadêmicos, dissertações de mestrado e teses de
doutorado.
Como o faz Evelina Grumberg no Manual de Atividades Práticas de Educação Patrimonial
(2007), a metodologia mais utilizada pode ser resumida em quatro movimentos básicos: obser-
vação, registro, exploração e apropriação.
A observação envolve exercícios de percepção sensorial (visão, tato, olfato, paladar e au-
dição) por meio de perguntas, provas, medições, jogos de adivinhação e descoberta, de forma que
se possa experimentar, ao máximo, o bem cultural ou tema observado, durante as atividades de
educação patrimonial.
Os exercícios de observação apurada contribuem para o desenvolvimento da percepção
visual e simbólica, além de permitirem uma melhor identificação dos bens ou manifestações em
estudo, sua função e significado.
O contato físico e o uso dos sentidos são muito impor-
tantes para a observação, principalmente em atividades com
público infantil. Os sentidos são a primeira forma de media-
ção que o ser humano estabelece com o mundo a sua volta. A
percepção sensorial é uma forma de investigar e conhecer. O
desenvolvimento da capacidade de observar e de apreender
com ajuda dos sentidos potencializa as competências expres-
sivas do que Faiga Ostrower denomina “ser sensível”, em seu
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clássico livro Criatividade e Processos de Criação (1987).
O registro com desenhos, descrições orais ou escritas, gráficos, fotografias, maquetes,
mapas, busca organizar e comunicar o que foi observado, amplia as possibilidades da observação
e estimula o pensamento lógico e intuitivo. Quando as atividades são realizadas em grupo, o com-
partilhamento das observações e de notas pessoais amplia o campo de percepção, evoluindo para
a formulação de hipóteses e para os processos de produção coletiva do conhecimento. O registro
estimula o desenvolvimento da memória e a análise crítica do que foi observado.
A exploração envolve a análise do bem cultural, por meio de discussões, questionamentos,
avaliações, pesquisas em outros lugares (como bibliotecas, arquivos, cartórios, jornais, revistas,
entrevistas com familiares e pessoas da comunidade), desenvolvendo as capacidades de julga-
mento crítico, interpretando as evidências e os significados. Durante a exploração, podem ser in-
corporados documentos e outras fontes, de modo a buscar responder ou examinar hipóteses ou
questões que surgiram com a observação e a organização do registro.
A apropriação envolve a recriação do bem cultural, através da releitura, dramatização, in-
terpretação em diferentes meios de expressão (pintura, escultura, teatro, dança, música, foto-
grafia, poesia, textos, filmes, vídeos etc.) provocando, nos participantes, uma atuação criativa e
valorizando, assim, o bem trabalhado. Em movimentos sucessivos e cada vez mais profundos de
apropriação, a exposição a práticas de educação patrimonial podem levar ao surgimento de elos
de produção de sentido e identidade, entre os indivíduos e os bens por eles experimentados.
A apropriação é um processo dinâmico, estudado por Michel de Certeau (1994), que es-
tudou aquilo que denomina como “práticas cotidianas”, por intermédio das quais se estabelece
uma dinâmica de reinvenção de representações dominantes, definida, por ele, como permanente
combinação de “estratégias” e “táticas” de resistência.
Pensar a apropriação implica que se leve em conta uma circulação de modelos e práticas
culturais, bem como as posições de sujeito e as representações presentes num certo grupo social.
Por exemplo: vivendo num meio onde já existe um conjunto de hábitos e de formas de entender
o patrimônio histórico, qualquer alteração nesse modo de ver dominante e nas “práticas cotidia-
nas” que dele resultam, passará por uma revisão no complexo emaranhado de valores, posições
de sujeitos, forças e fragilidades dos grupos, visões dominantes e outras, periféricas, em disputa
declarada ou silenciosa. É um processo longo e sinuoso.
Ao se referir à conquista da América, o autor afirma que
equívoco rachava, por dentro, o “sucesso” dos colonizadores espanhóis entre as etnias indígenas:
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submetidos e mesmo consentindo na dominação, muitas vezes esses indígenas faziam das ações
rituais, representações ou leis que lhes eram impostas, outra coisa (...). Os indígenas as subvertiam
(...) pela sua maneira de usá-las para fins e em função de referências estranhas ao sistema do qual
não podiam fugir. (CERTEAU, 1994, p.39)
Apesar de organizados em quatro tópicos distintos, tais movimentos característicos da
metodologia de trabalho da educação patrimonial – observação, registro, exploração e apropria-
ção – podem ser realizados simultaneamente, ou um após o outro, como fases de um exercício de
apropriação. Tudo depende de como forem concebidas as atividades educativas. O importante é
perceber que elas não são etapas obrigatórias, a serem cumpridas na ordem em que foram apre-
sentadas.
Para potencializar esses quatro movimentos da metodologia de educação patrimonial, po-
dem ser adotadas algumas técnicas, de modo a ampliar a capacidade de percepção sensorial e de
interrogar os objetos e temas escolhidos. Maria de Lourdes Parreiras Horta (2012) faz várias suges-
tões, que foram adaptadas e apresentadas a seguir.
Quando pensamos nos bens materiais, eles podem ser observados pelo viés dos aspectos
físicos, pelo modo ou processo da sua construção e feitura, pela sua função ou seu uso, pelo de-
sign ou análise da forma e aparência, ou pelo seu valor e significado para certa cultura ou contexto
socio-histórico.
O que parece ser este objeto? Que cor tem? Tem cheiro? Produz algum ruído, som? De
que material é feito? Foi alterado, adaptado ou consertado? Está usado? Como você imagina que
ele foi feito? Onde foi feito? A mão ou a máquina? É uma peça única ou está dividido em partes?
Tem parafusos, pregos, encaixes? Para o que uso foi criado? Como foi ou é utilizado? Quem o teria
criado? O objeto tem uma boa forma? É bem desenhado? Ele é adequado para o uso para o qual
foi criado? De que maneira a forma indica a função? O material utilizado é adequado à função?
Então, por que este material foi utilizado? É decorado, ornamentado? Como é a decoração? O que
a forma e a decoração explicam sobre o objeto? A aparência é agradável? Quanto vale o objeto?
Qual valor tem para as pessoas que o fabricaram? E para aqueles que o utilizaram? Para quem o
guardou? Quanto vale para um banco? E para um museu? Quanto vale para você? Como você con-
taria a história deste objeto?
Quando o que está em estudo são espaços como o Parque Vale dos Contos, é importante
recuperar o conceito de meio ambiente histórico. Os monumentos e os sítios que conhecemos
hoje “...são fragmentos do cenário do passado, elementos de uma paisagem que sofreu modifica-
ções ao longo do tempo, e funcionam como ‘chaves’ para a reconstituição das sucessivas camadas
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da ocupação humana e dos remanescentes que chegaram até nós” (HORTA, 2012). Observar uma
paisagem, uma área rural, um centro histórico ou um parque natural, levando-se em conta a ocu-
pação humana em diferentes épocas amplia e aprofunda a percepção do lugar. O meio ambiente
histórico está em toda parte, “... em torno de nós, acima e abaixo de nossos pés (...). Você já pensou
alguma vez no que pode ter existido ou ainda estar soterrado debaixo do chão e do solo em que você
pisa agora?” (id., 2012).
A observação e análise do meio ambiente histórico sugere o estudo do espaço na hori-
zontal e na vertical. Uma e outra dimensão podem ser caracterizadas por evidências localizadas
durante a observação (estruturas, ruínas, construções, plantas, camadas do solo, etc.) ou durante
a exploração (fotografias, documentos, memórias e outras).
A dimensão horizontal diz respeito à paisagem, ao aspecto de toda uma área em deter-
minado período de tempo, no passado ou no presente. É possível reconstituir virtualmente, ou
na imaginação, uma paisagem como ela ocorreu no passado, através de fotografias, de mapas,
de descrições de cronistas e viajantes que estiveram no local, etc. Algumas vezes, a paisagem ob-
servada no presente é um “relato” de longa duração histórica. Isso acontece com algumas vistas
obtidas a partir dos mirantes do Parque Vale dos Contos, de onde é possível observar componen-
tes históricos da paisagem. O Pico do Itacolomi e a Ponte e Casa dos Contos são dois exemplos
notáveis desse aspecto.
A dimensão vertical pode ser explorada pela identificação das diferentes camadas de mo-
dificação de uma área ao longo do tempo. Assim como no caso da paisagem, o Parque Vale dos
Contos também é propício a esse gênero de observação. A face inferior da Ponte dos Contos ofe-
rece excelente oportunidade de leitura e de identificação de elementos que indicam diferentes
épocas da ocupação humana no local – é o caso das várias galerias de águas ali presentes. Os fun-
dos das casas da Rua São José também se prestam a
esses exercícios. Um bom exemplo é o da casa onde
se situa o Banco do Brasil, com afloramentos de mu-
ros coloniais e diferentes soluções de ajardinamento
para contenção da encosta.
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Interpretação do patrimônio
Devido à proximidade de campo existente entre a educação patrimonial e as técnicas de
interpretação do patrimônio (mais utilizadas em atividades turísticas), vale uma breve menção ao
texto de Stela Maris Murta e Brian Goodey, Interpretação do Patrimônio para Visitantes: um Quadro
Conceitual (2002).
Ao buscarem responder à pergunta “o que é interpretar o patrimônio?”, os autores
respondem:“...é o processo de acrescentar valor à experiência do visitante, por meio do fornecimento
de informações e representações que realcem a história e as características culturais e ambientais de
um lugar”. Depois, seguem com a definição de interpretação ambiental e sua importância:
A definição clássica de interpretação ambiental foi cunhada pelo “pai” do assunto, o norte-ameri-
cano Freeman Tilden, que a conceitua como “uma atividade educacional que objetiva revelar sig-
nificados e relações através da utilização de objetos originais, de experiências de primeira mão e
por meio de mídia ilustrativa, ao invés de simplesmente comunicar informações factuais”. Mais
que informar, interpretar é revelar significados, é provocar emoções, é estimular a curiosidade, é
entreter e inspirar novas atitudes no visitante, é proporcionar uma experiência inesquecível com
qualidade. (...) Enquanto arte de apresentar lugares e expressões culturais, a interpretação é ele-
mento essencial à conservação e gestão do patrimônio, uma vez que orienta o fluxo de visitantes
visando à proteção do objeto da visita. (...) Através da interpretação, a compreensão; através da
compreensão, a apreciação; através da apreciação, a proteção. (GOODEY & MURTA, 2002, p. 14)
Ao analisarmos os detalhes das técnicas utilizadas pelos profissionais que trabalham com
a interpretação do patrimônio, reencontraremos vários dos aspectos já ressaltados na metodolo-
gia de educação patrimonial: a exploração da percepção sensorial, a preocupação com provocar e
despertar a curiosidade para um envolvimento mais profundo e pessoal com os bens ou temas en-
focados, o valor do conhecimento tradicional e o equilíbrio do sujeito com informações e saberes
acadêmicos sobre o local e seu contexto, e uma série de outros aspectos que lembram a educação
patrimonial.
A menção às técnicas de interpretação do patrimônio, ou interpretação ambiental, como
foi inicialmente denominada por Freeman Tilden, é muito importante para este projeto. Princi-
palmente porque o Parque Vale dos Contos, foco principal da ação de educação patrimonial aqui
proposta, é um patrimônio natural da cidade de Ouro Preto. Como sua visitação também aporta
variantes históricas, econômicas e culturais, o que se buscará alcançar são práticas de educação
patrimonial que levem a movimentos sucessivos de apropriação e interpretação da paisagem cul-
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tural (uma noção mais completa de paisagem, que envolve os aspectos naturais e todos os outros
elementos históricos e culturais que a caracterizam).
Parafraseando Goodey & Murta, ao citarem Freeman Tilden, o compromisso de educação
patrimonial, aqui proposto, pode ser resumido da seguinte forma: através da interpretação (ob-
servação, registro, exploração e apropriação), a compreensão; através da compreensão, a aprecia-
ção; através da apreciação, a conservação (o usufruto, a revitalização, a reinserção do espaço na
dinâmica de produção de sentido e identidade da cidade de Ouro Preto e sua gente).
A educação patrimonial e a escola
As práticas de educação patrimonial também propõem que os envolvidos desenvolvam
suas capacidades de investigação e produção de conhecimento.
Nos artigos sobre educação patrimonial, que escreveu para uso dos professores que acom-
panham o programa Salto Para o Futuro, da TV Escola e TV Brasil, Maria de Lourdes Parreiras Horta
defende:
O aprendizado desse método investigatório [da metodologia da educação patrimonial] é uma das
primeiras capacitações que se pode estimular nos alunos, no processo educacional, desenvolvendo
suas habilidades de observação, de análise crítica, de comparação e dedução, de formulação de hi-
póteses e de solução de problemas colocados pelos fatos e fenômenos observados. (HORTA, 2012)
Nessa perspectiva, a educação patrimonial tem muito a contribuir com a escola e com as
práticas de aprendizagem que se dão no espaço escolar, principalmente por contar com uma me-
todologia que reveste de sentido o conhecimento construído coletivamente pelos estudantes e
educadores. A“...educação patrimonial consiste em provocar situações de aprendizado sobre o pro-
cesso cultural e, a partir de suas manifestações, despertar no aluno o interesse em resolver questões
significativas para sua própria vida, pessoal e coletiva” (id., 2012) ou seja, como um recurso utilizado
para o incremento das competências relativas ao ato de aprender, a metodologia da educação
patrimonial pode contribuir para um melhor desempenho escolar dos alunos por ela beneficiados.
Nos projetos de educação patrimonial, a parceria com escolas tende a ser estratégica, prin-
cipalmente por se estabelecer um aparato para agendamento e realização de visitas a museus, sí-
tios naturais e históricos ou manifestações de valor cultural, para os quais foram criadas atividades
educacionais específicas.
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Assim também se organiza o trabalho de educação patrimonial no Parque Vale dos Contos,
que conta com um serviço de agendamento de visitas escolares e com um roteiro de atividades
previsto para que tais atividades e visitas sejam produtivas.
Várias experiências anteriores de educação patrimonial demonstram que o aproveitamen-
to pleno das experiências de educação patrimonial é raro. Fazer com que as oportunidades sejam
mais bem aproveitadas pelas escolas, inclusive para que funcionem de forma multidisciplinar em
reforço aos currículos mínimos obrigatórios, é um desafio tanto dos professores e gestores escola-
res, como das equipes responsáveis por projetos de educação patrimonial.
Adriana Mortara Almeida, em seu texto Desafios da Relação Museu-Escola (1997), ao relatar
a análise de experiências desenvolvidas por museus no Brasil, constatou que, em vários casos, os
professores das escolas foram pouco ativos no processo de visitas aos museus, não tendo consul-
tado a bibliografia indicada, nem desenvolvido, no espaço escolar, o roteiro de preparação prévia
com os estudantes. A preparação prévia, bem como a avaliação posterior às atividades de educa-
ção patrimonial in loco, são tão importantes quanto a visita.
Outro aspecto relevante apontado pela autora é o fato de que, em nenhuma das visitas
analisadas, houve menção, por parte dos professores, de conteúdos disciplinares do currículo es-
colar, por mais que as situações propostas fossem propícias a que se explorassem essas relações.
Uma correta integração entre as experiências vividas nas visitas e a vida escolar dos estudantes, é
sempre desejável.
Em um dos casos estudados, a autora observou que “...durante a visita os professores tive-
ram atitude passiva, deixando os alunos livres no passeio. Os alunos se dispersaram e apenas alguns
acompanhavam os professores que faziam comentários e respondiam às dúvidas dos alunos” (AL-
MEIDA, 1997).
A responsabilidade por essa situação não é exclusiva dos pro-
fessores e das escolas. Muitas vezes, tais profissionais são
submetidos a projetos e a processos para os quais não tive-
ram a oportunidade de se preparar, ou que lhes são impostos
“de cima para baixo” e “de fora para dentro” da escola.
Algumas dessas intervenções estão muito desconec-
tadas das obrigações rotineiras e do conteúdo curricular disci-
plinar que os professores e as escolas estão obrigados a cum-
prir, transformando-se em empecilhos ao seu trabalho.
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Tais razões são mais que suficientes para que os projetos de educação patrimonial sejam
desenvolvidos de forma a permitir a maior ligação possível com os contextos sociais e educacio-
nais aos quais se destinam. Conhecer o sistema escolar que se pretende atingir, o currículo obriga-
tório das disciplinas e o corpo de professores disponíveis são, dentre outras, condicionantes que
orientam qualquer projeto nesse campo, fazendo com que tenham mais sucesso e aceitação pela
comunidade escolar.
Na legislação brasileira, a definição dos conteúdos curriculares é de competência dos sis-
temas de ensino. A Educação Fundamental é de responsabilidade dos municípios, que organizam
propostas curriculares próprias (MEC, 2009). No entanto, todo planejamento de conteúdo curri-
cular deve observar o conjunto de dispositivos legais sobre essa matéria, de modo a garantir uma
equivalência de aprendizagem por anos de escolarização, em todo o território nacional. O que
garante a equiparação entre os currículos é a chamada Base Comum Nacional: o conjunto de dis-
ciplinas e conteúdos aos quais todos os alunos devem de ter acesso.
Orientações para compor os currículos básicos se encontram na Constituição Federal (1988),
na Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/96), no Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.172/01), nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, nos Parâmetros Curriculares Nacionais,
nos Pareceres e nas Resoluções do Conselho Nacional de Educação e do sistema de ensino a que
as escolas pertencem, ou seja, existe um conjunto complexo de documentos, no qual o projeto
deve buscar auxílio para definir temáticas a serem abordadas durante as visitas de educação pa-
trimonial, visando a estabelecer algum nível de sintonia entre as atividades extracurriculares e os
conteúdos em estudo no 6o ano do Ensino Fundamental das escolas de Ouro Preto e região. Como
o projeto de educação patrimonial do Parque Vale dos Contos receberá visitas de estudantes e pro-
fessores de várias cidades, evitou-se trabalhar apenas com a grade curricular básica do município
de Ouro Preto e centrar esforços na Base Comum Nacional.
No Constituição Federal, encontra-se uma primeira indicação de conteúdo a ser permanen-
temente trabalhado nas escolas que será contemplado neste projeto. Lá se define que a educa-
ção ambiental é promotora da preservação do patrimônio natural brasileiro. Em seu Artigo 225,
Inciso VI, está escrito que se deve “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e
a conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Tal premissa legal é uma orienta-
ção à conformação dos currículos escolares, mas não apenas a eles, esperando-se que diferentes
iniciativas organizadas pelas instituições sociais e políticas colaborem, permanentemente, para a
educação e a conscientização ambiental. Certamente a educação ambiental será uma das linhas
norteadoras das atividades de educação patrimonial desenvolvidas no Parque Vale dos Contos.
20
A Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional(LDB) valida a opção feita por esta pro-
posta, ao definir, em seu Artigo 26, que “Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar,
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura,
da economia e da clientela”. Em seu Parágrafo 1o, no mesmo Artigo 26, estabelece que “Os currí-
culos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente
do Brasil”. Já no Parágrafo 4o, essa Lei orienta que“O ensino da História do Brasil levará em conta
as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente
das matrizes indígena, africana e a européia”.Tal conjunto de determinações curriculares fortalece
a importância de um projeto de educação patrimonial que, aliando-se aos sistemas de ensino de
Ouro Preto e região, volte suas atenções para o meio ambiente natural e histórico, bem como para
os conteúdos que explorem as diferentes configurações socioeconômicas e culturais que caracte-
rizam a região em sua trajetória histórica e seu tempo presente. Visto por esse prisma, o projeto de
educação patrimonial do Parque Vale dos Contos é uma contribuição importante e complementar
aos sistemas de ensino da região de Ouro Preto.
Na Base Comum Nacional dos conteúdos curriculares de Matemática, Língua Portuguesa,
Ciências, Geografia e História, há um conjunto de componentes curriculares que podem ser utiliza-
dos como fonte de sinergia entre o projeto e os estudantes e os professores do 6o ano da Educação
Fundamental.
Considerando a Matemática, podem ser trabalhados conteúdos e atividades relativos às
formas geométricas planas e tridimensionais mais simples, cálculos de frações e porcentagens,
medidas e cálculos simples de área e a representação de cálculos, números e grandezas em forma
gráfica e visual. No que se refere à Língua Portuguesa, os exercícios de produção de texto em seus
diferentes gêneros (crônica, conto, artigo de opinião, reportagem, blog, etc.), os conhecimentos
sobre a língua como as flexões de substantivos e adjeti-
vos, pronomes e primeiras regras de pontuação e acen-
tuação permitem possibilidades de se estabelecerem
pontes de interesse. Nas Ciências, destacam-se o estu-
do da ecologia, das cadeias e teias alimentares, as re-
lações entre seres vivos, os minerais e as rochas, o solo
e suas características, a hidrosfera e as águas. Vários
desses componentes curriculares têm correspondência
com a Geografia do 6o ano, em que se trabalha a noção
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de localização e orientação no espaço geográfico, elementos de cartografia e de representação
dos dados, história da Terra, o relevo continental e sua relação com os agentes internos e externos
que o influenciam, o clima e a paisagem, noções de extrativismo, agricultura, pecuária, produção
industrial, sociedade e espaço. Todos esses temas têm grande afinidade com as questões que po-
dem ser despertadas por visitas de educação patrimonial ao Vale dos Contos.
Ainda quando se pensa na Base Comum Nacional para o 6o ano da Educação Fundamental,
é preciso examinar o que está previsto para o estudo em História. Além de noções básicas sobre a
História e a Historiografia, nesta série se estudam os primórdios da civilização humana e a História
Antiga, indo até o declínio do Império Romano. Apesar dessa inadequação, a exploração do viés
histórico fica facilitada pelo fato de a cidade de Ouro Preto representar um dos maiores patrimô-
nios nacionais, no que se refere à História do Brasil, o que faz com que todas as crianças nascidas
na região se acostumem, desde muito cedo, a tornar presente em sua vida a perspectiva histórica,
uma das variáveis do seu processo de subjetivação e de produção de identidade. Tal marca de
identidade abre possibilidades de práticas de educação patrimonial que envolvam a história local,
mesmo não sendo o período do surgimento da cidade de Ouro Preto o assunto predominante na
seriação escolar dos estudantes.
Matriz conceitual e metodológica
Nas atividades de educação patrimonial do Vale dos Contos, serão consideradas as defi-
nições e técnicas da metodologia descrita anteriormente, mas sem prescindir dos ensinamentos
da pedagogia nem da realidade do contexto escolar que será atendido pelo projeto. Para orientar
o trabalho de todos os envolvidos, foi organizada a matriz conceitual apresentada e explicada a
seguir:
PROCESSO PEDAGÓGICO ETAPAS ATIVIDADES LOCALFormação de Identidades em Comum Introdução Preparação da Visita Escola
Construção de Território de Trabalho em
Comum
ObservaçãoEducação Patrimonial e
Visita ao Parque Vale dos
Contos
ParqueRegistro
ExploraçãoApropriação
Produção coletiva de conhecimentos Expressão CriadoraAvaliação e Compartilha-
mentoEscola
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A visita será organizada e orientada segundo um processo pedagógico criado para o proje-
to de educação patrimonial do Parque Vale dos Contos, que tem seu início e término na escola.
Como todo processo de produção coletiva de conhecimento, primeiro será necessário es-
tabelecer um território de trabalho em comum, no qual cada participante reconhecerá e identifi-
cará os outros pelas suas identidades particulares, à medida que o próprio grupo se constitui como
uma identidade coletiva.
No processo pedagógico aqui proposto, o objetivo é a percepção dos envolvidos como
parte do mundo natural, vivendo em suas particularidades, numa situação de codependência ine-
gável, que diz respeito à “ordem natural”. Utilizar, conservar e contribuir para a renovação dos
recursos naturais está na condição humana, mesmo quando desconhecemos esse fato, mesmo
quando o negamos, como na morte, quando a matéria do corpo humano se reintegra ao grande
movimento das cadeias alimentares do mundo.
A formação de identidades em comum, a construção de um território de trabalho em comum e
a produção coletiva de conhecimentos são as três fases do processo pedagógico proposto, as quais
abrangem etapas e atividades desenvolvidas na escola e no parque, como indicado na tabela an-
terior e posteriormente detalhadas no capítulo em que se apresenta o roteiro de visita e se descre-
vem as atividades a serem desenvolvidas.
23www.valedoscontos.com.br
Obras citadas
ALMEIDA, Adriana Mortara. Desafios da Relação Museu-Escola. Comunicação & Educação, no. 10,
set/dez 1997.
BRASIL. Lei no. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Leis de Diretrizes e Bases - LDB). Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/lei9394_ldbn1.pdf
CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: Artes do Fazer. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.
GOODEY, Brian & MURTA, Stela Maris. Interpretação do patrimônio para visitantes: um quadro
conceitual. In: ALBANO, Celina & MURTA, Stela Maris. Interpretar o Patrimônio: um exercício do
olhar. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.
GRUMBERG, Evelina; HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia
básico de educação patrimonial. Brasília, Petrópolis: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, Museu Imperial, 1999.
GRUMBERG, Evelina. Manual de atividades práticas de Educação patrimonial. Brasília: IPHAN,
2007.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras. Educação Patrimonial. Disponível em: http://xa.yimg.com/
kq/groups/18806513/1762518484/name/Educa%C3%A7%C3%A3o+Patrimonial.doc (Textos-base
preparados para programas da série Salto para o Futuro, realizados pela TV Escola/MEC e TV Bra-
sil). Acessado em 20 de Fevereiro de 2012.
MEC. Ensino Fundamental de nove anos. Passo a passo do processo de implantação. Brasília: MEC,
2009.
OSTROWER, Faiga. Criatividade e processos de criação. Petrópolis, Vozes, 1987.
PEREIRA, José Hermes Martins. Notas sobre II Encontro Nacional de Educação Patrimonial. IPHAN
Ouro Preto, MG. 17 a 21 de julho de 2011. (mimeo)
PMOP Prefeitura Municipal de Ouro Preto. Lei 447 de 23 de setembro de 2008. Denomina o Parque
Horto dos Contos. Ouro Preto: 2008. (mimeo)
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O criador e a criatura: o naturalista Joaquim Veloso de Miranda e o Horto Botânico de Vila Rica
Moacir Rodrigo de Castro Maia1
Para além dos quintais das residências mineiras e com outra finalidade, surgiu em Vila Rica,
no final do século XVIII, um dos primeiros jardins botânicos brasileiros. Era também chamado Hor-
to de Vila Rica, o que sugere que as palavras jardim e horto estavam diretamente relacionadas,
tendo sido ambas utilizadas para se referir ao grande terreno no centro de Vila Rica, nas cercanias
da chamada Casa dos Contos, preparado e cultivado com diferentes espécies de plantas frutíferas,
medicinais e ornamentais.
A orientação enviada da sede do reino português recomendava a criação do horto botânico
com a “maior economia” possível. Com esse intuito, relatou-se à época que: “achou-se um lugar
excelente e são as casas e terreiro do tenente coronel José Pereira Marques, devedor ainda de grande
quantia a Real Fazenda”.
A poucos passos do novo horto, encontrava-se também a casa do seu primeiro diretor, o
naturalista Joaquim Veloso de Miranda, cujo quintal dava para o pequeno curso de água que atra-
vessa a ponte da rua São José em Ouro Preto.
Joaquim Veloso de Miranda teve intensa vida científica em Minas Gerais após 1779, quan-
do regressou ao Brasil depois de passar anos em Portugal. Graduado e doutorado em Filosofia
Natural pela Universidade de Coimbra, foi discípulo do professor italiano Domingos Vandelli, fi-
gura principal na política de criação de jardins botânicos por todo o império português no final do
século XVIII. No Brasil, Joaquim Veloso de Miranda instalou residência no Distrito do Inficionado
(pertencente a Mariana) e em Vila Rica. Tendo o patrocínio do governo Português, dedicou-se, de
1780 até 1799, a múltiplas pesquisas científicas, especialmente nas áreas de botânica, química e
mineralogia. Empreendeu sucessivas expedições por extensa parcela do território mineiro para
recolher plantas, sementes, animais e artefatos indígenas, depois enviados para o Jardim Botânico
da Ajuda e Real Gabinete e Museu de História Natural em Lisboa, e para o Jardim Botânico da Uni-
versidade de Coimbra. Sua coleta e seus estudos das plantas de Minas Gerais foram amplamente
utilizados por Domingos Vandelli, quando publicou a obra Florae lusitanicae et brasiliensis specimen
(1788), baseada no sistema de classificação de Lineu para o mundo natural.
1 Historiador, Doutorando em História Social pela UFRJ.
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O poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, ouvidor de Vila Rica, parecia admirar o cien-
tista Joaquim Veloso de Miranda, uma vez que o associou ao personagem Damião, nas Cartas Chi-
lenas, nos seguintes versos: “o nosso Damião, enfim, abana, ao lento fogo com que, sábio, tira os
úteis sais da terra” Quase vinte anos passados de sua atuação científica, o naturalista propôs o seu
nome para o lugar de Secretário de Governo da Capitania de Minas Gerais. Justificava sua intenção
como medida de economia da Coroa, pois manteria as pesquisas científicas apenas com o ordena-
do relativo ao cargo público que passaria a ocupar. Em janeiro de 1799, tomou posse oficialmente
do cargo, permanecendo nele até abril de 1805, fazendo deste período um momento singular para
a história do Horto Botânico de Vila Rica.
Então, foi o naturalista e recém-empossado secretário da capitania de Minas Gerais, o dou-
tor Joaquim Veloso de Miranda, o primeiro diretor do Horto de Vila Rica, criado logo após a sua
posse na secretaria, por ordem enviada diretamente de Portugal.
“Figura: O Horto Botânico de Vila Rica, 1799. Fonte Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.”
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O primeiro jardim botânico criado em solo brasileiro foi iniciativa do Conde Maurício de
Nassau, nas terras do Recife (Pernambuco), durante a ocupação holandesa do nordeste. Junto ao
Palácio de Friburgo o conde ordenou a construção do jardim entre 1637 e 1644, iniciativa que se
perdeu com o fim da administração do domínio holandês.
O Estado Português, apenas no final do século XVIII, institui política de criação de jardins
botânicos na América Portuguesa, com instruções aos governadores para o estabelecimento des-
ses espaços em Belém, Salvador, Rio de Janeiro, Olinda, Ouro Preto, Goiás e São Paulo. Em 1796,
o Jardim de Belém foi o que se tornou realidade antes dos demais e teve significativo papel no
intercâmbio e na referência quanto ao ordenamento e ao plantio de espécies.
Na vizinha Guiana Francesa, a experiência botânica encontrava-se consolidada um século
antes, com a Habitation Royale des Épiceries, mais conhecida como Jardim La Gabrielle, do qual
partiram variadas espécies vegetais para o Jardim Botânico do Grão-Pará, as quais, posteriormen-
te, foram disseminadas em outras instituições luso-brasileiras, como o jardim de Olinda e do Rio
de Janeiro.
O hábil e conhecido naturalista Joaquim Veloso de Miranda idealizou o espaço do Horto Bo-
tânico de Vila Rica, que teve a planta desenhada por Manuel Ribeiro Guimarães em 1799, mesmo
ano de sua criação.
Do lado oposto à Casa dos Contos, apresentava-se o Horto com seus jardins ordenados
e simétricos, tendo-se utilizado a técnica dos patamares para a feitura dos canteiros de plantas.
Nascido em uma cidade com uma geografia montanhosa, a técnica dos patamares era amplamen-
te empregada também nas residências particulares de Ouro Preto.
A recém-criada instituição contava com casa de vivenda (que com alguma modificação po-
demos observar ainda hoje), terraço, pátio, sete patamares com canteiros de plantas desenhados
de forma simétrica e ordenada, ligados por sete escadas. Por fim, após os canteiros geométricos,
encontramos a área da mata, dividida em três partes, a conter árvores e plantas de diferentes
tamanhos e espécies. Estava, assim, instituído o segundo horto botânico da América Portuguesa,
precedido pelo Jardim Botânico do Grão-Pará e anterior aos de São Paulo, Olinda, Salvador e o da
Lagoa Rodrigo de Freitas (atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro).
Nessa fase inicial, foi importante a condução de plantas para o Horto Botânico de Vila Rica,
chamado também de Jardim Botânico. No ano de sua criação, o seu diretor ocupava-se simulta-
neamente da criação de uma fábrica para produção de salitre em sua fazenda chamada de Mau
Cabelo na, então, freguesia de Ouro Branco (atual cidade de Ouro Branco).
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Envolvido com tantas atividades científicas e sendo o superior da Secretaria do Governo
das Minas, o doutor Joaquim Veloso de Miranda encarregou o conterrâneo Luiz José de Godoy Tor-
res, médico também formado pela Universidade de Coimbra, como ajudante para a implantação
do Horto Botânico. Entre as despesas para a criação da instituição, encontrava-se a remuneração
com a condução das plantas para o local em que “trabalharam escravos e bestas”. O diretor cobra-
va o pagamento com as cavalgaduras necessárias para as jornadas que fizera em diligência e os
escravos precisos. O Horto de Vila Rica contava, no primeiro aniversário de funcionamento, em
1800, com aproximadamente quinhentas plantas, mantidas com “todo o asseio”.
Em correspondência, o ministro encarregado dos domínios ultramarinos de Portugal afir-
mava que o príncipe regente Dom João (futuro rei Dom João VI) parabenizava a implantação do
Horto. Lembrava como principal função “aclimatizar neste país as plantas das especiarias o cravo
da Índia, a canela, a pimenta, a árvore pão, em pelo mostrar o modo de cultivar debaixo de verda-
deiros princípios e com utilidade a Mandioca que na maior parte do Brasil só cultivamos destruindo
matas preciosas”.
No primeiro ano de funcionamento do Horto de Vila Rica, o diretor e seu assistente cons-
truíram os canteiros, iniciaram o cultivo de plantas e catalogaram as espécies já existentes na ins-
tituição. Ainda naquele ano, ordens vindas da sede do reino de Portugal mandavam investigar se
havia plantas que poderiam ser utilizadas para fabricar papel. Coube ao diretor analisar dezoito
espécies de árvores, dentre elas a guaxuma branca, a embira branca e vermelha e a gameleira,
análise que levou nove meses de trabalho. Para tal função, mandou construir “coches para as ex-
periências das embiras para o papel”.
Entre as funções do horto botânico, estava a aclimatação de plantas exóticas, de plantas
indígenas e a análise de sua importância para o desenvolvimento econômico. Além do estudo das
espécies vegetais, teria finalidade de propor novos cultivos e implantar modernas técnicas agríco-
las.
Desde sua criação, tratou o diretor Joaquim Veloso de Miranda de recolher ou mandar re-
colher espécies da flora mineira nas diversas paragens do extenso território. Para esse fim, o cargo
de secretário da capitania de Minas Gerais contribuía para a rapidez dos pedidos, pois se utilizava
da rede de informação existente na sede do governo.
Talvez não houvesse nas Minas outro indivíduo mais preparado para indicar o modo de
recolher as plantas e acondicioná-las, do que Joaquim Veloso de Miranda, que recolheu e enviou
muitas espécies vegetais, animais, minerais e objetos para a sede do Império Português.
Em 1801, solicitou, então, ao capitão-mor da vizinha cidade de Mariana que recolhesse ou
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mandasse recolher por terceiros algumas plantas que deveriam ser enviadas para Vila Rica de Ouro
Preto, por condutores de mantimentos que estivessem se dirigindo àquela cidade. Lembrava, con-
tudo, que tal solicitação não deveria atrapalhar os negócios dos tais condutores. Da sede da cidade
de Mariana pedia mudas de amoreiras; da freguesia de Piranga, desejava tamarindos; da localidade
de Calambau, pedia fruta de arará ou andaguçu, bacopão de todas as qualidades, palmitos, sapu-
caias e araxixá; em Passagem de Mariana, deveria ser recolhida muda de baunilha.
Da mesma forma, o diretor do Horto Botânico de Vila Rica também escreveu ao intendente
da Vila de Sabará. A lista de plantas que o intendente deveria buscar nessa localidade compreen-
dia, jenipapo; mangabas; romãs, “indaiá lorarteiro”; coqueiros de Macaúbas; caju rasteiro; gabin-
bas de todas as qualidades; “caju de amore”.
Joaquim Veloso de Miranda escreveu também ao sargento-mor da localidade de São José
(atual cidade de Tiradentes). Pedia as seguintes espécies: manga; castanheiro; nogueira; pequi ou
“péquia” (amêndoa); tamarindo; romã, caju de árvore; grumixama; laranja seleta.
Da longínqua Vila do Paracatu do Príncipe, no noroeste da capitania de Minas Gerais, o na-
turalista desejava obter: fruta-do-conde; ambu; jaca, coqueiro (chamado garimba); ata (também
denominada de fruta-do-conde).
Tais coletas de plantas pelo extenso território mineiro eram essenciais ao funcionamento
do Horto Botânico naquele período, pois uma de suas principais funções era a aclimatação de es-
pécies, seu estudo, classificação botânica e, consequentemente, a produção de sementes e possi-
bilidade de propagação de sua produção.
A criação do Jardim Botânico de Vila Rica encontrava-se inserida num contexto mais amplo
do final do século XVIII, dentro das políticas do reformismo ilustrado português.
Simultaneamente, foram incentivadas a estabelecerem na capitania de Minas Gerais uma
fábrica de ferro, a produção de salitre e a descoberta de outros minerais ou de novas minas de
ouro. Mantinha-se a política de incentivo à exploração dos recursos minerais, compreensiva numa
capitania com tantas jazidas. No entanto, a criação do horto botânico sinalizava a tentativa de
animar aprodução agrícola nas localidades mineiras.
O Horto Botânico de Vila Rica parece ter persistido enquanto durou tal política reformista,
embora sempre com poucos recursos empregados em sua manutenção. Em 1804, por exemplo,
a única despesa conhecida é o conserto de um andaime para a água do jardim botânico, trabalho
executado pelo arrematante de obras públicas Miguel Moreira Maia.
Em 1805, o naturalista Joaquim Veloso de Miranda deixava a Secretaria do Governo da Ca-
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pitania de Minas Gerais, com a chegada do novo secretário vindo de Lisboa. Sua atuação científica
manteve-se intensa durante o início dos Oitocentos. Fora consultado em diversas oportunidades
pelos governadores sobre a descoberta de novos minerais no território e sobre o cultivo e aclima-
tação de novas plantas.
A sua longa e reconhecida atuação no campo das ciências fazia-se sentir com as ordens
enviadas diretamente de Portugal. Em 1808, com a transferência da Corte para o Rio de Janeiro, a
sua participação continuou ativa até os primeiros anos da década de 1810.
Nos últimos anos de vida, encontrava-se em sua fazenda de Mau Cabelo, na freguesia de
Ouro Branco, dedicado principalmente à produção de tecidos de qualidade, produzindo a própria
tintura utilizada na produção têxtil. Entre os objetos encontrados em sua fazenda, havia microscó-
pio, mapas, doze quadros com estampas, materiais utilizados em expedições, uma viola, objetos
de laboratório químico, termômetro, teares, , além de muitos livros de botânica, química e mine-
ralogia. Faleceu no mesmo ano do seu antigo mestre Domingos Vandelli, em 1816.
Em período posterior, o Horto Botânico de Vila Rica atravessará anos de abandono, par-
ticularmente, com a ausência do doutor Joaquim Veloso de Miranda e de seu ajudante, o médico
Luiz José de Godoy Torres.
No final dos anos de 1820 e início de 1830, é fundado um novo Jardim Botânico em Ouro
Preto, dentro da política do recém-criado Império do Brasil. Instalado na localidade do Passa-Dez
de Cima, atravessará anos de muito êxito, particularmente na produção e na difusão da cultura
do chá. Seu diretor, Fernando Pereira de Vasconcelos, irmão do senador e ministro do Império
Bernardo Pereira de Vasconcelos, terá sua formação em ciências naturais na Europa, como acon-
teceu com o doutor Joaquim Veloso de Miranda, e, em seu estágio nos Jardim da Lagoa Rodrigo de
Freitas (atual Jardim Botânico do Rio de Janeiro), entrou em contato com a cultura do chá chinês
produzido na jovem corte do Rio de Janeiro. Entre períodos de auge, de estagnação e de arrenda-
mentos, o novo Jardim Botânico de Vila Rica não viu o final do século XIX.
Certamente, a criação do primeiro Horto Botânico de Vila Rica foi um importante legado
deixado pela geração do reformismo ilustrado em Minas Gerais, a qual tinha na exploração dos
recursos naturais, uma de suas principais políticas.
Passados mais de duzentos anos, a cidade de Ouro Preto conta com expressiva área ver-
de no centro da cidade. O espaço do antigo Horto foi incorporado ao Parque do Vale dos Contos,
inaugurado em 22 de junho de 2008, um espaço verde singular no coração da histórica Ouro Preto.
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Referências
Foram consultados diversos documentos manuscritos avulsos da Capitania de Minas Gerais (1680-
1832) pertencentes ao Arquivo Histórico Ultramarino e publicados pelo projeto Resgate.
MAIA, Moacir Rodrigo de Castro. Uma quinta portuguesa no interior do Brasil ou A saga do ilus-
trado dom frei Cipriano e o jardim do antigo palácio episcopal no final do século XVIII, in: Revista
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.16, n.4, out.dez. 2009. pp.881-902. Dis-
ponível no site da Revista na Scielo http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v16n4/03.pdf
Mapa do Horto Botânico de Ouro Preto (1799), original depositado no Arquivo Histórico Ultrama-
rino, Lisboa.
OLIVEIRA, Tarquínio J. B. de. Cartas chilenas: fontes textuais. São Paulo: Editora Referência, 1972.
31www.valedoscontos.com.br
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Roteiro de Visita ao Parque Vale dos ContosA visita acompanhada de educação patrimonial ao Vale dos Contos, obedece a uma organização
predeterminada, a saber:
o Chegada e identificação do grupo no escritório da coordenação do projeto.
o Checagem das autorizações dos responsáveis pelos participantes.
o Caminhada inicial até o Anfiteatro da parte superior do Vale dos Contos, onde o grupo
será reorganizado em três grupos menores, identificados por coletes coloridos.
A partir desse ponto, os subgrupos fazem trajetórias distintas e cada dupla de educadores do
projeto conduz seu grupo até a primeira atividade de cada trajetória prevista e daí por diante,
conforme indicado na ordem abaixo.
Atividade #1 – atividade prévia na escolaGRUPO VERDE GRUPO MARROM GRUPO AZUL
Atividade #2 Atividade #3 Atividade #4Atividade #3 Atividade #4 Atividade #2Atividade #4 Atividade #2 Atividade #3Atividade #5
(Banco do Brasil)
Atividade #5
(Passarela do Passo)
Atividade #5
(Cascata dos Contos)Atividade #6 Atividade #6 Atividade #6
Lanche Lanche LancheAtividade #7 – atividade posterior na escola
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MAPA
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Atividades
A seguir será apresentado o detalhamento das atividades previstas em todas as etapas do proces-
so pedagógico do projeto de educação patrimonial do Vale dos Contos.
#1: A carta secreta do pai de Tenório
Objetivos Preparar a visita dos estudantes ao Parque Vale dos Contos de Ouro Preto
Envolver os estudantes com a temática e as questões trabalhadas nas atividades de edu-
cação patrimonial do parque
Explorar a ludicidade da produção coletiva do conhecimento, envolvendo o grupo de estu-
dantes num jogo coletivo e de mistérioDuração Tempo necessário a ser planejado pelo educador na escolaParticipantes 40, sob a coordenação dos professores de sala de aulaRecursos Cadernos e canetas ou lápis. Laboratório de informática. Reprodução fotocopiada. Celular
ou outro equipamento com leitor de QR Code
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Descrição
Após se decidir pela visita ao projeto de educação patrimonial do Vale dos Contos, o educador deverá prepa-
rar seus estudantes para aproveitarem bem a experiência.
A estratégia adotada nesta atividade preparatória é um Jogo de Realidade Alternada (ARG - Alternate Rea-
lity Game), que conjuga elementos da realidade com elementos de uma narrativa ficcional criada exclusiva-
mente para este projeto e que conta com alguns materiais impressos e na internet, que deverão ser trabalha-
dos “com” e “pelos” estudantes.
Etapas envolvidas:
1. O professor reproduz o trecho do diário de Theo e a carta que seu pai recebeu de seu avô e que nunca
conseguiu decifrar, nos anexos desta atividade.
2. O educador apresenta esses materiais aos alunos, que devem ser desafiados a decifrar os mistérios
ali apresentados.
3. A anotação do diário cria um contexto de indagações sobre o fim do mundo em 2012 e o que poderia
vir a provocar isso, cuja resposta, possivelmente, estaria na carta cifrada que seu pai recebeu do avô.
4. Na carta, com um código difícil de ser desvendado, os estudantes vão encontrar também um QR Code.
Eles devem ser capazes de saber do que se trata e conseguir utilizar algum leitor de QR Code,para
descobrir que ele encerra um endereço no YouTube.
5. Quando conseguirem acessar o YouTube, em casa ou no laboratório de informática da escola, chega-
rão a um vídeo “de época”, onde descobrem um endereço de e-mail.
6. O endereço de e-mail, uma vez utilizado, vai responder indicando um site. Ao acessá-lo, os estu-
dantes conseguirão a chave de leitura para decifrar o código da carta recebida, fazer a tradução e
descobrir o que está escrito.
Todo esse processo deve ser utilizado para mobilizar os estudantes e ir provocando conversas sobre a histó-
ria, o patrimônio material e imaterial, o patrimônio e os recursos naturais, bem como sua utilização. São um
aquecimento e uma preparação para a visita. Com alguns pontos em aberto, que só se “fecharão” após as
atividades realizadas no parque.
Observações Recomenda-se a leitura conjunta do livro “O Manual do Defensor do Planeta”, de João Ale-
gria e Rodrigo Medeiros, editado pela Casa da Palavra.
As escolas municipais de Ouro Preto dispõem de exemplares deste livro em suas bibliote-
cas e muitos alunos já o conhecem.
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#2: As histórias de vida das plantas e dos animais
Objetivos Perceber que todos os seres vivos têm uma história de vida e que as histórias dos seres vivos
que nos cercam têm a ver com a nossa própria história.
Entender o Vale dos Contos como parte do processo histórico da cidade de Ouro Preto (da
“história de vida da cidade”) e componente do patrimônio natural, cultural e histórico da
cidade.Duração 20 minutosParticipantes 10 a 15, sob a coordenação de dois educadores.Recursos Fichas sem pauta. Canetas coloridas. Fita métrica. Brinquedos óticos.Descrição
O grupo se dirige a um local predefinido do Vale dos Contos, onde as crianças podem ter acesso direto a plan-
tas de maior porte, como árvores adultas, por exemplo.
Os monitores organizam o grupo para observar atentamente,fazer medições e tomar nota das características
que percebem na planta escolhida (seca ou verde, sadia ou doente, tem frutos ou flores, grande ou pequena,
nova ou idosa...). Cada participante escreve uma observação em uma das fichas distribuídas.
A partir da observação, o grupo é levado a formular hipóteses e a desenvolver uma história de vida da planta.
Isso deve ser feito através da metodologia de card sort, utilizando as fichas onde os participantes anotaram
suas observações e criando uma única narrativa coletiva.
A seguir, o grupo é convidado a se lembrar de plantas ou animais com os quais conviveram ou ainda têm con-
vivência, narrando de forma curta as histórias de vida desses animais.
Como conclusão dessa atividade, os monitores devem estimular e contribuir para que o grupo observe tam-
bém a paisagem e estabeleça ligações entre as histórias de vida das plantas e dos animais, especialmente
esta que foi analisada por todos, suas próprias histórias de vida e como isso se insere no processo histórico e
cultural maior, que pode ser revelado pela observação da paisagem do entorno e da cidade, que se avista do
parque.
Observações Atividade desenvolvida ao redor e sob a árvore da praça do chafariz, na parte superior do
parque.
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#3: Os recursos naturais: Ouro, Ferro, Carvão, Água
Objetivos Listar os recursos naturais disponíveis no espaço do Vale dos Contos e os descrever.
Perceber que o solo em Minas Gerais e na região de Ouro Preto apresenta composição mi-
neral.
Refletir sobre a importância da exploração mineral em diferentes fases da história da cida-
de e da região.Duração 20 minutosParticipantes 10 a 15, sob a coordenação de dois educadores.Recursos Fichas sem pauta. Canetas coloridas.
Mina de Ouro abandonada e fechada, cujo acesso se localiza em uma das laterais da “pra-
ça do chafariz”, no Vale dos Contos.
Amostras de minério de ferro, obtidas logo após a britagem, e amostras depois do primeiro
beneficiamento, em “pelotas”. Amostras de carvão vegetal e de água. As amostras devem
ser colocadas em bateias e arrumadas no tanque de areia da “praça do chafariz”.
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Descrição
O grupo de visitantes é conduzido até a entrada da mina de ouro abandonada, que se localiza próximo ao cha-
fariz na “praça do chafariz” no Vale dos Contos. Ali é estimulado a observar e formular hipóteses sobre o que
seria aquele túnel escuro e inundado. Logo que ocorrer a menção a “mina de ouro”, o educador deve promover
a conversa sobre a exploração do ouro em Ouro Preto, sua importância para história e a economia da cidade.
Caso essa menção não ocorra, conduzir a conversa para o nome da cidade, sua história remota e outros fatores
que possam facilitar a identificação pelos estudantes, sem, contudo, revelar explicitamente a função do túnel.
Imediatamente a seguir, estimulará o grupo a observar o solo exposto num barranco ao lado, pedindo que os
visitantes façam observações sobre suas características: aparência geral, coloratura, composição, brilho, de
modo a estimular a percepção da grande presença de minerais no solo. O grupo é, então, convidado a listar
outros minerais importantes para a região, tais como o alumínio e, principalmente, o ferro.
Já instalados ao redor das amostras de ferro (e pelotas), carvão e água, após serem estimulados a identificá-las
e a descrevê-las, o educador busca fazer com que os alunos estabeleçam pontes de raciocínio entre as amostras
e o próprio espaço do parque e da região, alcançando o conceito de “recursos naturais”.
O Minério de Ferro, sua importância, utilização na siderurgia
Praticamente todo tipo de minério de ferro é utilizado na fabricação do aço.
Depois de beneficiado, ele está presente em nossascasas, no transporte, na higiene, na alimentação, na segu-
rança, na comunicação, na produção agrícola, nos hospitais, etc. A cadeia produtiva do ferro e do aço é impor-
tante para a economia de Minas Gerias etambém representa uma parcela significativa da economia mundial.
O minério de ferro no Brasil e, particularmente, no Estado de Minas Gerais, é um grande gerador de empregos
em várias etapas do processo produtivo, desde a pesquisa geológica, extração, beneficiamento, transporte,
comercialização e utilização, sendo, portanto, propulsor de uma grande movimentação na economia.
Os produtos da mineração de ferro são conhecidos e comercializados pela sua especificação granulométrica
(tamanho e volume das partículas beneficiadas).Basicamente são três os tipos de produtos:
Granulado ou bitolado ou Lump Ore (- 50 + 6,3mm);
Sinter feed – (-6,3+ 0,15mm);
Pellet Feed fines – (- 0,15mm)
Em pequena escala, algumas minas produzem a hematitinha, utilizada por altos-fornos de pequeno porte, a
carvão vegetal, com granulometria entre 16 e 6,3mm.
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A indústria siderúrgica é a principal cliente da mineração de ferro. Em consequência disso, ocorre uma cons-
tante adaptação dos produtos da mineração para atender os requisitos da siderurgia.
O minério de ferro carregado nos fornos siderúrgicos deve ter tamanho de partícula limitada entre 6 e 35mm.
Partículas maiores e menores que essa faixa granulométrica, comprometem a operação e acarretam maior
consumo de combustível, tornando o processo mais oneroso.
As partículas finas para serem utilizadas são, necessariamente, primeiro unidasa quente, com adição de
aglomerantes e materiais úteis ao processo. Os principais processos de aglomeração são: a sinterização, que
utiliza o sinter feed e faz parte da usina siderúrgica; e a pelotização, que utiliza o pellet feed e faz parte da
mineração
Sob o ponto de vista de teores químicos, o minério de ferro é composto predominantemente, de ferro(Fe),
sílica(SiO2), alumina (Al2O3), manganês (Mn), fósforo (P) e perda por calcinação ou perda ao fogo (PPC).
As minerações, em geral, lavram hematita e /ou itabirito. Os primeiros são minérios ricos, com teores de ferro
superior a 64%. Sua obtenção consiste na extração, na britagem e na classificação por tamanho.
Mercado de Minério de Ferro
O mercado de minério de ferro é como qualquer outro produto de consumo em alta escala, dependente das
grandes economias mundiais e, nos últimos anos, tem experimentado uma demanda crescente, em função
do forte crescimento da economia chinesa. Além da forte demanda, nos últimos anos, o preço do minério de
ferro no mercado transoceânico teve uma elevação de preços nunca vista anteriormente.
O Brasil, como maior exportador e o segundo produtor de ferro, tem se destacado como uma potência no
setor. Atrelado a isso, a produção de aço tem crescido nas grandes economias, inclusive no Brasil. Pratica-
mente todas as siderúrgicas brasileiras estão em fase de expansão, consequentemente necessitando de mais
minério e outros recursos naturais.
Observações Atividade desenvolvida ao redor do tanque de areia próximo à “praça do chafariz”, no Par-
que Vale dos Contos.
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#4: Mirante Sensorial
Objetivos Exercitar a percepção sensorial do ambiente, da flora e da fauna do Vale dos Contos.
Ouvir, ver, sentir odores, texturas etc.Duração 20 minutosParticipantes 10 a 15, sob coordenação de dois educadores.Recursos Esta atividade será realizada no “mirante sensorial”, próximo à “praça do chafariz” na parte
superior do parque.Descrição
Ao serem estimulados pelos educadores, os estudantes presentes à visita, se concentram, fazem silêncio,
observam, tocam as plantas e formulam hipóteses e conclusões sobre a biodiversidade.
Os estudantes devem ser estimulados a identificar as espécies presentes no local.
O assunto biodiversidade pode ser lembrado durante toda a visita, pois, pelo parque, estão espalhadas
árvores de várias espécies, algumas delas devidamente identificadas por placas com seus nomes e outras
informações interessantes.
Também existem espécies frutíferas, que podem ser avistadas e identificadas, como as goiabeiras, abacatei-
ros, pessegueiros, etc.
Todas as caminhadas pelo parque, entre um ponto e outro, devem valorizar e explorar esses diferentes aspec-
tos da conformação natural e patrimonial do espaço.
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#5: Interpretação da paisagem: a Ponte dos Contos e a paisagem horizontal, a Cascata dos Contos e a vertical das eras, o Jardim doBanco do Brasil e a sobre-posição dos tempos
Objetivos Aprender a interpretar a paisagem e, na paisagem, a presença humana.
Perceber que a paisagem pode ser ampliada para além da sua dimensão horizontal-espa-
cial, avançando em direção à dimensão vertical-histórica e temporal-cultural, por exemplo.
Experimentar uma “leitura” e “interpretação” de diferentes dimensões da paisagem presen-
te na área da Ponte dos Contos.Duração 20 minutosParticipantes 10 a 15 pessoas em cada grupo, sob a coordenação de dois educadores.Recursos Fichas sem pauta.Canetas coloridas.Descrição
Esta atividade será realizada simultaneamente, mas com cada um dos grupos fazendo um diferente exercício
de interpretação.
Um grupo trabalha com paisagem horizontal, reunindo-se na passarela inacabada, que liga a Casa dos Con-
tos à cãs a contígua à ponte dos Contos. Outro grupo se reúne ao lado da cascata da Ponte dos Contos, para
fazer um exercício de interpretação da paisagem vertical. O terceiro grupo se reúne em frente aos fundos do
Banco do Brasil, para fazer um exercício de interpretação da paisagem temporal-cultural.
Todos os participantes terão um tempo de observação e de identificação, na paisagem, de elementos que
remetem à presença humana, aos diferentes tempos históricos, aos processos naturais e culturais. Depois,
devem desenhar coletivamente um “painel” com sua interpretação da paisagem, utilizando as fichas de pa-
pel cartão para montar panoramas horizontais, verticais ou painéis.
Estas produções devem ser conservadas para o compartilhamento durante a atividade final.
Observações Cada educador pode, à sua escolha, portar recortes de revistas ou outros tipos de imagem,
que estimulem os participantes na interpretação da paisagem e na composição de suas pro-
duções.
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#6: Atividade coletiva final: compartilhamentoObjetivos Compartilhar as experiências vividas pelos diferentes participantes e grupos.
Apresentar mutuamente os estudos de paisagem.
Avaliar oralmente a visita.Duração 20 minutosParticipantes 10 a 15, sob coordenação de dois educadores.Recursos Painéis produzidos nos estudos de paisagem.
Anfiteatro do Pilar ou Quadra.
Máquina fotográfica para registro do grupo.Descrição
Esta atividade acontecerá no Anfiteatro do Pilar, ou na Quadra, quando houver coincidência de atividades
no parque.
É o momento em que todos voltam a se encontrar para compartilhar suas experiências.
Para iniciar, cada grupo deve apresentar aos demais seus painéis de paisagem, ressaltando o que descobri-
ram com sua observação.
Logo a seguir, os educadores estimulam a troca de conhecimentos e experiências e realizam uma avaliação
oral da visita. Os educadores devem organizar-se de modo que um deles sempre se dedique a anotar todas as
observações e os pontos positivos e negativos apresentados. Reportando-os, posteriormente.
Por fim, ocorre o lanche coletivo.
Observações A máquina fotográfica é um elemento importante na visita, para documentação de todo o
processo.
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#7: Descubra quem são os Defensores do PlanetaObjetivos Planejar, realizar e relatar uma pesquisa de opinião.
Perceber que existem diferentes graus de consciência e de compromisso com a conservação
ambiental e definir um compromisso pessoal com o meio.
Recuperar e reforçar os conteúdos e conceitos apreendidos durante a preparação e a visita
ao Parque Vale dos Contos.Duração Variável, diferentes tempos na rotina escolar e doméstica dos estudantes.Participantes Até 40 estudantes de 9 a 12 anos.Recursos Papel, lápis e borracha para a pesquisa e relatório. Reprodução dos questionários. Cartoli-
nas e canetas coloridas para preparar e expor os resultados.
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Descrição
Na sala de aula, o educador deve estimular o compartilhamento das experiências pessoais e coletivas vividas
durante a visita ao parque. Convida o grupo a fazer essa pesquisa, partindo para a elaboração coletiva de um
questionário.O professor pode anotar as perguntas sugeridas no quadro e, depois definir os responsáveis por
gerar o questionário a ser reproduzido e utilizado por todos os estudantes do grupo.
Depois de reproduzido, os estudantes aplicam o questionário a seus pais, tios e avós e outros conhecidos,
realizando um painel de opiniões.
Após o tempo necessário para que isso ocorra (1 ou 2 dias), recolher os questionários e fazer a tabulação cole-
tiva dos resultados, utilizando diferentes representações gráficas, fracionárias e de organização de conjuntos
de opiniões e a preparação de cartazes e um relatório coletivo com os resultados. A tabulação de dados é útil
para explorar conteúdos de matemática.
Conclusão, com cada um dos estudantes assumindo um compromisso pessoal de conservação ambiental e
toda a turma fazendo um texto que seja um relatório dos resultados. É uma boa oportunidade para se traba-
lhar os gêneros textuais, como a reportagem, o relatório ou até a crônica.
Dicas para o questionário:
O questionário pode conter perguntas que podem ser respondidas com “sim” e “não”, apenas para o entrevis-
tado assinalar a resposta, por exemplo: “Já plantou uma árvore? Sim ou não?”.
Também pode contar com perguntas para o entrevistado responder com uma explicação, por exemplo: “O que
você tem feito para conservar a natureza e defender o nosso planeta?”.
Exemplo de questionário:
Nome do pesquisador:
Nome do entrevistado:
Perguntas
Você conhece ou você já visitou o vale dos contos?
Você já plantou uma árvore?
Você já cortou uma árvore?
Você já cortou alguma outra planta sem ter uma boa razão?
Você já cuidou de um animal ferido ou com fome?
Você já maltratou um animal?
Você fecha a torneira enquanto está escovando os dentes?
Você sabe para onde vai o lixo que sai de sua casa?
Você sabe o que é reciclagem?
Você sabe o que é biodiversidade?
Você sabe o que é o buraco na camada de ozônio?
Outras perguntas:
Quantos guardanapos você gasta para comer um sanduíche? Por quê?
O que você faz com as embalagens dos presentes que ganha?
O que você está fazendo para defender o planeta?
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Observações Atividade desenvolvida na escola, como conclusão do processo de visita ao parque. Será
interessante que cada escola envie este resultado final ao projeto Vale dos Contos, para que
ele possa ser utilizado como uma avaliação das atividades de educação patrimonial.
Materiais de consumo
Materiais na mochila dos monitores
1. Coletes coloridos e bonés (20 de cada cor).
2. Fichas de papel cartão, sem pauta.
3. Canetas coloridas suficientes para todos.
4. Fita métrica.
5. Brinquedos óticos: lupas, binóculos, caleidoscópios.
6. Fita cola (fita crepe)
7. Máquina fotográfica digital
8. Mapa do parque plastificado
9. Cartões de “enquadramento” plastificados
10. Lanterna recarregável.
Materiais disponíveis no parque
1. Amostras de minério
2. Amostras de “pelotas”
3. Amostras de carvão vegetal
4. Água
5. Bateias
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Cuidados observados antes da visita
1. Apresentar a proposta da visita ao Parque Vale dos Contos aos gestores da escola e aos es-
tudantes, explicando os objetivos do projeto e avaliando o desejo e a pertinência de agen-
dar a participação nas atividades de educação patrimonial.
2. Agendar a visita com a antecedência necessária e verificar todas as providências obrigató-
rias.
3. Organizar a lista de todos os alunos interessados e pedir para que seus pais preencham e
assinem a autorização para sua ida ao Parque. Os alunos que não apresentarem autoriza-
ção não poderão participar da visita e das atividades previstas.
4. No dia da visita, cumprir os horários combinados e contribuir para o desenvolvimento das
atividades de campo, inclusive tendo feito a preparação prévia, conforme o roteiro dispo-
nível neste Caderno do Educador.
5. Orientar os alunos para que se vistam de forma adequada para a visita, usando roupas con-
fortáveis e calçado fechado. É importante que as crianças levem consigo apenas o necessá-
rio, de modo a não serem obrigadas a carregar peso excedente. Os trajetos do Parque Vale
dos Contos exigem algum esforço físico e o peso a mais será apenas fonte de fadiga.
6. Os alunos devem levar um lanche reforçado para um momento coletivo, ao final da visita
e das atividades. Como ambas envolvem esforço físico, é comum que as crianças as termi-
nem com bastante apetite. A água é outro componente fundamental. Todos devem dispor
de água para seu consumo, principalmente nos dias mais quentes e ensolarados.
7. Crianças com algum tipo de cuidado especial, como uso de medicamentos em horários fi-
xos, deverão manter a mesma rotina com a qual estão já habituadas no espaço escolar. Por
exemplo, levando os medicamentos dos quais fazem uso e, preferencialmente, com algum
bilhete assinado pelos pais ou responsáveis, indicando as regras da uso deles. A equipe do
Parque, por questões de saúde e segurança, não está autorizada a manter medicamentos,
nem recomendá-los às crianças ou sugerir que elas os ingiram. As crianças que não estejam
se sentindo nas condições adequadas de saúde e bem-estar, devem optar por fazer a visita
em outra ocasião.
8. O Parque Vale dos Contos não dispõe de acessibilidade integral. Pessoas com dificuldade
de locomoção, principalmente cadeirantes, não poderão ter acesso à totalidade das ativi-
dades. É importante observar que as trilhas do Parque Vale dos Contos percorrem encostas
íngremes que podem oferecer risco, principalmente aos portadores de determinadas do-
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enças crônicas que interferem num correto senso de direção e equilíbrio, ou àqueles que
estão impedidos de esforço físico. Recomenda-se que tais pessoas evitem comparecer às
atividades lúdicas e educacionais aqui propostas.
9. Durante a visita, recomenda-se o comportamento adequado e preservacionista, não pro-
vocando danos ao meio ambiente e ao patrimônio natural, histórico e cultural que caracte-
riza o espaço do Parque Vale dos Contos. Recomendamos aos professores que conversem
com seus alunos sobre este tema, antes da visitação, instruindo-os e orientando-os quando
necessário.
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Lista de participantes
Caso seja necessário, a escola poderá utilizar mais de um formulário para a organização da lista de parti-
cipantes.
NOMES DOS PARTICIPANTES NOMES DOS PARTICIPANTES
CIDADE TEL DATA
RESPONSÁVEL
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Autorização do (a) responsável
Eu, _____________________________________________________________________ , porta-
dor da Carteira de Identidade número: ________________________ , responsável pelo aluno de
nome: ___________________________________________________ e atualmente cursando a
__________ série do Ensino Fundamental na escola: _____________________________________
___________________. Autorizo sua participação na visita escolar ao Parque Vale dos Contos, na
cidade de Ouro Preto, marcada para o dia _____________________, às ______________ horas.
Tenho conhecimento de que, durante esta visita, o aluno pelo qual sou responsável estará partici-
pando de atividades educativas voltadas para a educação patrimonial, conforme programa edu-
cacional mantido pela coordenação do Parque. Também estou consciente e concordo com o fato
que durante a visita poderão ser realizadas imagens das atividades desenvolvidas com presença
do aluno pelo qual sou responsável, e que essas imagens poderão vir a ser utilizadas com fins de
documentação e divulgação do projeto.
Sem mais, assino a presente.
(a) ___________________________________________________________
data: _________________________________________________________
telefone para contato: ___________________________________________
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