EDUCAmazônia Educação, Sociedade e Meio Ambiente- ISSN 1983-3423
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LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA – Revista EDUCAmazônia-Educação,
Sociedade e Meio Ambiente - ISSN 1983-3423 – Ano 1,Vol I, nº 1, pág. 128-139,
jul-dez, 2008.
BULLYING: DESAFIOS PARA A CONVIVÊNCIA ÉTICA NO COMBATE AO ASSÉDIO MORAL
Suely Mascarenhas, Eliane Regina Martins Batista, Ednailda Santos, Valdemir de Oliveira Tenório, Aldair Andrade de Oliveira, José María Avilés Martinez, Ana Maria Tomás de Almeida, Miguel Gonçalves,
Ireniza Silva, Irineide da Silva, André Moura, Cleiciane Freitas de Almeida, Elder Queiroz de Souza, Gelide de Souza e Silva, Joanilce Gomes de Oliveira, Margarida Ramos Martins, Maria da Conseição M. Vieira,
Maria de Fátima C. de Mendonça, Priscila Ranilza de Almeida Moraes, Romilson Brito de Azevedo, Manoel de Carvalho Parente, Julio Roberto Barros da Silva – UFAM
Valdoni Nezze e Maria de Nazaré Araújo – Diocese de Humaitá.
Resumo: Este artigo registra parte dos resultados de uma atividade de extensão universitária realizada junto a trabalhadores na educação e saúde do município de Humaitá, sul do Estado do Amazonas, onde foram realizadas atividades de reflexão-ação acerca da convivência ética e democrática. Está organizado em duas partes: a primeira destaca aspectos conceituais e filosóficos acerca do tema; a segunda parte apresenta os resultados da intervenção em contextos da educação e da saúde. Palavras-chave: Bullying. Convivência social. Ética.
BULLYING: CHALLENGES FOR THE ETHICAL COEXISTENCE IN THE COMBAT OF MORAL HARASSMENT ABSTRACT: This article gathers part of the results from an activity in the academic extension program that took place in the county of Humaitá (South Amazonas-Brazil) with educational and health care workers, where reflection-action activities were accomplished to check the ethical and democratic coexistential practices. This organized in two parts: the first detaches conceptual and philosophical aspects concerning the theme, and the second part presents the results of the intervention in the contexts of education and health fields. Keywords: Bullying. Social and Ethical coexistence.
Introdução
As atividades analisadas neste estudo são parte dos encaminhamentos de um
curso sobre o tema da gestão do bullying educação para a paz e a cidadania para
educadores e profissionais da área social que atuam em estabelecimentos de
educação formal e hospital regional de Humaitá, no primeiro semestre de 2007. A ação
é parte de uma atividade de extensão universitária que contou com a parceria
intelectual dos integrantes do Grupo Multidisciplinar de Pesquisa em Psicopedagogia,
Educação e Psicologia Escolar, linha de investigação Gestão do Bullying em contextos
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educativos formais, educação para a paz (CNPq/UFAM), aos quais registramos sinceros
agradecimentos. A investigação sobre o fenômeno bullying em contexto educativo e
laboral tem recebido relativa atenção da investigação em psicologia. Neste estudo,
apresenta-se o resultado de uma intervenção em psicologia escolar e educação, onde
os participantes foram orientados sobre aspectos teóricos da educação para valores
humanos que favorecem o combate ao bullying como fonte de mal-estar psicossocial e
possíveis doenças emocionais e psicológicas de difícil reversão ao longo da vida. Este
trabalho relata uma ação acadêmica desenvolvida no interior da Amazônia, lugar ainda
de pré-cidadania, considerado “terra sem lei” onde é adágio ou dito popular: “aqui a
lei não vale”, local onde os direitos humanos são violados à luz do dia sem protestos e
com relativa naturalidade. A violência “com força” ou “sem força” é uma realidade que
se caracteriza pela invasão desestruturante de uma ordem desejável que não se dá
apenas pelo uso da força, mas também pela indiferença, pela desqualificação moral do
outro, que, no interior da Amazônia/Humaitá/Amazonas/Brasil, se fortalece diante da
omissão do Estado. A violação de direitos humanos não é um privilégio da sociedade
do interior do Amazonas, em todos os contextos geográficos e sociais o fenômeno de
faz presente em razão do processo de perda de valores como respeito aos direitos
humanos e solidariedade.
A UFAM – Campus Vale do Rio Madeira, Curso de Pedagogia, realizou um
trabalho de extensão universitária, coordenado pelos autores, no primeiro semestre
acadêmico de 2007, quando ministrou curso sobre o tema da gestão do bullying
educação para a paz e a cidadania para n=30 educadores que atuam em n=7
estabelecimentos de educação formal e o hospital regional de Humaitá atingindo um
universo de n=2000 sujeitos estudantes e profissionais que atuam nos respectivos
ambientes educativos e laborais. O resultado foi a melhoria da consciência sobre a
dignidade e os direitos humanos e a necessidade de se desenvolver o ensino e a
aprendizagem do respeito mútuo, da ética, da justiça e da solidariedade como valores
que estabelecem os princípios da sociedade brasileira que se quer justa, democrática e
solidária, onde a saúde e o bem-estar sejam direitos usufruídos por todos.
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Diagnóstico e gestão do bullying
Diagnosticar, prevenir e combater o conjunto de comportamentos nocivos à
saúde psicossocial das pessoas que caracterizam o fenômeno bullying é uma atividade
que está sendo incorporada à gestão dos cenários educativos formais na atualidade,
dada a gravidade das conseqüências de seus efeitos sobre a saúde e o bem-estar
psicoemocional dos protagonistas. Os pesquisas indicam que ações desta natureza
podem afetar, condicionar e determinar uma ampliação no desenvolvimento da
consciência de cidadania num contexto social que se quer democrático. O cenário do
interior da Amazônia, numa das fronteiras do Brasil, onde esta atividade se efetivou,
exige amplos esforços e investimentos dado o contexto de privação econômica, baixo
IDH, condição de pré-cidadania e omissão das autoridades quanto a violação de
direitos humanos (Áviles, 2002, 2006; Almeida & Del Bairrio, 2002; Beaudoin & Taylor,
2006; Brasil, 1988; Mascarenhas & Almeida, 2006; Mascarenhas, 2006; Moran, 1999,
2002 e Santos 2002)
Aspectos conceituais
Bullying - Bullying, conforme a literatura internacional da área, é um conceito
conhecido há algum tempo. To bully tem o significado de tratar com desumanidade,
com grosseria. O protagonista do fenômeno na condição de agressor seria o bully,
pessoa grosseira e tirânica, que ataca os considerados “mais fracos”, ou que lhes causa
alguma suposta ameaça consciente ou inconsciente. O comportamento pode gerar
conseqüências trágicas para o futuro da saúde psicológica das vítimas, entendido como
um ato menor de violência psicológica no trabalho: intimidações e agressões recebidas
no ambiente laboral podendo ir de chacotas e isolamento até condutas abusivas de
conotação sexual, agressões físicas e psicológicas abertas ou sutis (HIRIGOYEN, 2006,
p. 78-80). O bullying caracteriza-se por micro-violências que registram micro-traumas
com efeitos de difícil reversão sobre a saúde e o bem-estar psicossocial dos
trabalhadores no contexto da empresa. Assédio moral ou agressão psicológica em um
local de trabalho caracteriza-se por toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se,
sobretudo, por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer
danos à personalidade, à dignidade ou a à integridade física ou psíquica de uma
pessoa, pôr em perigo o seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho
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(HIRIGOYEN, 2007, p.65). Bullying, entendido como subconjunto de comportamentos
agressivos, caracterizado por desequilíbrio de poder uma vez que o alvo não consegue
se defender com facilidade frente às atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que
ocorrem sem motivação evidente; é fenômeno gerador de um mal-estar que se
apresenta na perspectiva oculta causando traumas ao psiquismo das pessoas
vitimadas (ALMEIDA E DEL BAIRRIO, 2002; FANTE, 2005 E GONÇALVES, 1995).
Ética - Termo proveniente do grego ethos, “ costumes”, no sentido comum, é
entendido como sinônimo de moral como arte ou prática tendo como propósito a vida
boa e feliz. Do ponto de vista teórico visa à determinação dos objetivos da existência
humana, suas condições para uma vida feliz. A vida de acordo com a ética reside na
conformidade com as instituições e com os costumes racionais, nesta perspectiva, a
ética é entendida como os atos de uma comunidade estruturada, sendo a moral os
atos dos indivíduos, enquanto razão prática, na condição de pessoas (Clément,
DEMONQUE, HANSEN-LOVE & KAHN, 1997, P.136-137).
Moral - Expressão originada do latim mores, “costumes” e principalmente de
moralis, do grego èrbikos, “ relativo a costumes”, “moral”. Tem como sentido comum
o conjunto de regras de condutas e de valores no seio de uma sociedade ou de um
grupo (ex. moral “amazônica”, “brasileira’, “lusitana’, “espanhola”, “européia”, “latino-
americana”, “americana’, “indígena”, “asiática”, “africana”, “oriental”, “ocidental”,
“empresarial”, “acadêmica”, “jurídica”, “política”, “comercial”, “industrial”, “agrária”,
pedagógica”, “médica”, “psicológica”, “ educativa” e outras). Tem como núcleos
orientadores a questão dos fins, sob a autoridade da razão, a razão prática, princípio
que possa ser válido, a que todos os homens possam submeter-se livremente com o
livre arbítrio, visando à melhor escolha conforme as circunstâncias e o núcleo da
observação de princípios éticos onde o preferível seja a opção que discipline os
comportamentos humanos (CLÉMENT, DEMONQUE, HANSEN-LOVE & KAHN, 1997,
p.263).
Cidadania - condição do cidadão, do latim civis “cidadão”. Membro de uma
comunidade política que se define pelo exercício das liberdades públicas e pela
igualdade perante a lei. Defende-se que uma cidadania plenamente realizada deveria
basear-se idealmente numa política cosmopolita, isto é, em cidadãos do mundo e não
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apenas de uma só nação (CLÉMENT, DEMONQUE, HANSEN-LOVE & KAHN, 1997, p.57).
Neste trabalho refletiu-se sobre o papel da educação formal, numa perspectiva de
pedagogia da presença e educação em valores, onde os sujeitos sejam ensinados a
respeitar e se fazerem respeitar. A tônica é de que todo ser humano é único, só existe
compatibilidade absoluta consigo mesmo, é necessário aprender a conviver, a ser
cidadão, exercer os próprios direitos e respeitar os direitos dos pares.
Saúde – entendida como o bem-estar físico, mental, espiritual, social,
psicológico e emocional. A psicologia do trabalho integra o conjunto da psicologia
aplicada e da psicologia teórica que estuda as complexas relações mais ou menos
diferenciadas entre o trabalho humano e suas condições psicológicas (Dorsch, 2002). A
saúde enquanto um bem indisponível do cidadão, tutelado juridicamente, deve ser
promovida por todos. Como direito social de todos os cidadãos brasileiros a saúde é
um dever do Estado (Art. 6º, CF/88), será garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”
(Constituição do Brasil, 1988, artigo 196).
Bem-estar social - O bem-estar é um direito de todos sendo usufruído em
ambiente de respeito à dignidade, diferenças e necessidades dos indivíduos constitui
um dos objetivos jurídicos da sociedade brasileira. No preâmbulo do Texto
Fundamental de 1988, registra-se que o Brasil é um Estado Democrático de Direito
destinado a assegurar dentre outras condições o (....) bem-estar, (...) a igualdade e a
justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional , com a solução pacífica das controvérsias... A Constituição ainda
preconiza que ao Sistema Único de Saúde – SUS, compete colaborar na proteção do
meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (Art.200, VIII). A Atividade teve como
objetivo ampliar a compreensão de que a saúde psicológica exerce um efeito
importante no bem-estar dos indivíduos e que as relações interpessoais pautadas no
respeito à cidadania, à dignidade da pessoa humana e à construção de uma sociedade
livre, justa e solidária é responsabilidade de todos, inclusive no contexto laboral em
causa (CF, 1988, art. 1ª, II e III e art. 3º, I).
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Assédio moral – caracteriza-se por agressões à imagem e dignidade da pessoa
que minam sua saúde e bem-estar. Neste trabalho, destaca-se que a prevenção eficaz
do bullying na sua vertente de assédio moral e de todas as formas de desvios
relacionais pode produzir valor agregado e resultados positivos. Quando se maltrata a
pessoa, desperdiça-se talento. Por um lado, destrói-se a saúde de alguém e, por outro,
diminuem-se os resultados de sua ação de estudo-aprendizagem ou de produção
laboral (Hirigoyen, 2006).
Método
As atividades foram organizadas em três partes. A primeira parte foi teórica
(curso realizado nas dependências da UFAM). A segunda parte foi para aplicação dos
conhecimentos adquiridos no curso nos locais de trabalho, iniciando com atividade de
diagnóstico do fenômeno e criação de regras de convivência grupal pautadas no
respeito mútuo, diálogo, solidariedade e justiça (estudantes e trabalhadores). E a
terceira parte foi a apresentação dos resultados num seminário interno com temas
pertinentes relatando a aplicação dos conceitos e do Projeto bullying ninguém
merece!, adaptado às características de cada unidade educativa ou laboral.
Participantes
Curso de extensão UFAM - Participaram da atividade uma amostra de n=27
educadores, sendo 22 do sexo feminino (81,2%) e 5 do sexo masculino (18,8%), faixa
etária 18 a 56 anos, média 29 anos, tempo de serviço variando 1 a 33 anos, média 6,88
anos. Os sujeitos atuam em n=8 estabelecimentos de educação formal de educação
básica (4 mantidos pelo governo do Estado do Amazonas, 3 pela Diocese de
Humaitá/Centro de Formação Diocesano em comunidades localizadas em bairros
periféricos e Hospital Regional de Humaitá), atingindo um universo aproximado de
n=2000 sujeitos estudantes e profissionais que atuam nos respectivos ambientes
educativos e no Hospital Regional de Humaitá/Sul do Amazonas.
Atividade de aplicação
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Estabelecimentos de ensino -1550 estudantes matriculados em 4 Escolas
estaduais (Patronato Maria Auxiliadora, Colégio Oswaldo Cruz, Escola Tancredo Neves
e Escola Gilberto Mestrinho) e 150 crianças e adolescentes atendidas pela unidades
educativas mantidas pela diocese de Humaitá em bairros periféricos no projeto sócio-
educativo (Centro Diocesano de Formação, Comunidade de Nossa Senhora do Carmo e
Comunidade Nossa Senhora Aparecida).
Hospital regional -305 funcionários do Hospital Regional de Humaitá, A
atividade contou com a participação do Serviço Social da Unidade Hospitalar,
responsável pela gestão da área, coordenadora do programa de intervenção em causa.
Instrumento de avaliação do curso
Os dados analisados foram obtidos mediante a aplicação do questionário de
avaliação final do curso de extensão. Consta de 6 itens em que são avaliadas seis
dimensões (conteúdo, materiais, gestão, participação, aplicação dos conhecimentos,
sugestões novos eventos). Os sujeitos n=27 responderam voluntariamente ao
questionário, foram informados sobre a finalidade do trabalho e que os dados seriam
utilizados exclusivamente para o efeito de conhecer o fenômeno naquele contexto.
Neste trabalho são analisados parte dos dados disponíveis, conforme objetivo do
trabalho.
Tratamento dos dados
Com o apoio do programa SPSS versão 15.0 para Windows, foram verificadas
algumas propriedades psicométricas do instrumento de avaliação do curso de
extensão, em que se verificou o grau de eficiência do trabalho. A totalidade dos
participantes da ação em análise, n=27, entendem que podem aplicar o que
aprenderam em suas atividades na educação formal (Chi-Square 14,300; sig ,000).
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Quanto aos objetivos foram atingidos (F 30,556; P>,000) plenamente na opinião dos
integrantes do trabalho.
Resultados
Curso de extensão - A intervenção em estudo exerceu os efeitos previstos em termos
de ampliação conceitual sobre o fenômeno do bullying e a necessidade do seu
diagnóstico, prevenção e combate. Em seguida, são destacadas algumas concepções
de sujeitos participantes do projeto, sobre a conveniência do trabalho e sua possível
aplicação nos contextos educativos de educação formal onde atuam: 1. O que aprendi
será válido principalmente no que se refere às relações interpessoais; 2. As explicações
foram claras e coesas. Os materiais ajudaram na compreensão e entendimento dos
conteúdos. Certamente os conhecimentos adquiridos contribuirão para a melhoria dos
trabalhos. O trabalho pode ser intensificado; 3. Fui esclarecida sobre os crimes onde fui
vítima e os que fui agressor. Com minha participação no curso estou mais leve da
minha alma que vivia angustiada e triste. O que foi apresentado pode ser aplicado em
meu trabalho com minha família e todos com quem convivo; 4. Atendeu os objetivos
pois ajuda a compreender o conteúdo proposto. Os materiais são de fácil compreensão.
A participação de todos facilitou o aprendizado. Adquiri novos conhecimentos; 5. O
conteúdo atendeu aos objetivos, no entanto eu desconhecia tal assunto. O material
ajudou a aprofundar o tema. Hoje em minha casa tenho feito reflexões a respeito do
que aprendi aqui em relação à educação de meus filhos; 6.Os professores esclareceram
de maneira simples e objetiva o que quer o projeto. Com minha participação fiquei
sabendo de assuntos que me eram desconhecidos. Sobre a aplicação no trabalho,
sempre encontramos obstáculos mas vamos vencer; 7. Os conteúdos foram bem
esclarecedores e objetivos. Aprendi bastante com outros componentes. O trabalho
pode ser apresentado em qualquer lugar onde se queira paz; 8. O curso atendeu
completamente aos objetivos. Os materiais ampliaram a compreensão do tema; 9. Não
sabia da importância do tema. Vou saber fazer acontecer.
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Estabelecimento de ensino e hospital regional de Humaitá - Os participantes do curso
com apoio da equipe de docentes e discentes da UFAM realizaram atividades de
conscientização sobre o fenômeno bullying, basicamente a explicação do significado e
efeitos sobre a saúde e o bem-estar individual. A violação de direitos humanos e o
cunho criminal das ações de bullying uma vez que se caracterizam como micro-crimes
contra a dignidade da pessoa humana, atentado contra sua saúde psicológica e
emocional bem como contra sua segurança e bem-estar no grupo, destacando que as
agressões podem exercer efeitos irreversíveis sobre a saúde emocional e psicológica
dos protagonistas. Daí sua gravidade (apelidos, agressões verbais, exclusão,
tratamento silencioso, não dirigir a palavra, agressões físicas e atitudes hostis em geral
consideradas “brincadeira”). Foram realizadas: palestras, debates, conversas, criação
de campanhas de conscientização em cada unidade participante, criação de murais,
criação de frases, aplicação do projeto bullying ninguém merece! Nossa escola
combate essa prática. Em suas relações intepressoais não seja, agressor, não seja
observador, não seja vítima, seja humano, seja solidário. Seja ético. Respeito é bom e
todos gostam. Respeite e exija respeito.
Ao final todas as unidades apresentaram os resultados do trabalho em um
seminário interno no auditório da prefeitura de Humaitá quando a diocese de Humaitá
e a Pastoral da Educação ministraram as conferências de abertura e encerramento
conclamando a todos para atuar com ênfase na defesa dos direitos humanos e
combate às agressões e micro-violências que caracterizam o bullying.
Seminário interno de apresentação dos trabalhos - contou a presença de
diretores de escolas, da diocese, de familiares e estudantes das unidades escolares e
funcionários do Hospital Regional de Humaitá, além da equipe da UFAM. Na
oportunidade foram realizadas as seguintes atividades: abertura, conferência inicial
proferida pelo pároco salesiano da igreja matriz de Humaitá, Pe. Valdoni Nezze,
Pedagogia da presença – uma proposta de educação para a paz; apresentação do
projeto: respeito mútuo – construindo a cidadania, desenvolvido pela comunidade
Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora do Carmo e Centro Diocesano de formação
integrante do Projeto Sócio-Educativo, Diocese de Humaitá a partir do curso;
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apresentação do Projeto Relações interpessoais no trabalho uma breve avaliação na
unidade hospitalar de Humaitá; apresentação do Projeto Respeito é bom e todos
gostam, desenvolvido na escola Estadual Oswaldo Cruz; Apresentação do Projeto
Relações Interpessoais na Escola: Respeito Mútuo, ética e Cidadania desenvolvido no
Patronato “Maria Auxiliadora”; apresentação do projeto Determinando Regras para
Reflexão acerca das Relações Interpessoais na Escola, Educação para a Paz e a
Cidadania desenvolvido na Escola Estadual “Tancredo Neves”; apresentação do Projeto
Aprendendo a Ser Cidadão: Respeito Mútuo e às Diferenças do Outro – Desafio de
Todos e a conferência de encerramento: O desafio da Educação para a paz e a
cidadania – compromisso de todos, proferida pela Ir. Nazaré Araújo, presidente da
Pastoral da Educação, Diocese de Humaitá/Amazonas.
Conclusão
O resultado da atividade registrou uma ampliação da consciência dos
protagonistas sobre a natureza da dignidade e dos direitos humanos e a necessidade
de se desenvolver o ensino e a aprendizagem do respeito mútuo, da ética, da justiça e
da solidariedade como valores que estabelecem os princípios da sociedade brasileira
que se quer justa, democrática e solidária, onde a saúde e o bem-estar sejam direitos
usufruídos por todos. É uma contribuição conceitual com base empírica que fortalece
a oferta de dados sistematizados sobre a ocorrência do fenômeno bullying em
contextos educativos e laborais de Humaitá, apontando para a necessidade de ampliar
estudos no sentido de aprofundar a compreensão do fenômeno como eticamente
indefensável à luz dos atuais conhecimentos sobre direitos humanos e cidadania
(ALMEIDA & DEL BAIRRIO, 2002; AVILÉS, 2002; 2006; BEAUDOIN & TAYLOR, 2006;
CLÉMENT, DEMONQUE, HANSEN-LOVE & KAHN, 1997; GONÇALVES, 1995;
MASCARENHAS & ALMEIDA, 2006; MASCARENHAS, 2006; MORAN, 1999; SANTOS,
2002; SANTOS, 2006 E SILVA, 1997).
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