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ANO VI Nº 27 Janeiro a Março de 2006

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Revista da FENEIS - 3

DIRETORIA

Diretor-PresidenteAntônio Mário Sousa DuarteDiretor Primeiro Vice-PresidenteMarcelo Silva LemosDiretor Segundo Vice-PresidenteAntônio Carlos CardosoDiretora AdministrativaFlaviane Reis do CarmoDiretor Financeiro e de PlanejamentoMax Augusto Cardoso HeerenDiretora de Políticas EducacionaisMarianne Rossi Stumpf

DIRETORIAS REGIONAIS

Rio de Janeiro – RJDiretor Regional: Walcenir Souza Lima

Porto Alegre – RSDiretor Regional: Wilson MirandaDiretora Regional Administrativa: Vânia Elizabeth ChiellaDiretora Regional Financeira: Denise Kras Medeiros

Teófilo Otoni – MGDiretor Regional: Luciano de Sousa GomesDiretora Regional Administrativa: Sueli Ferreira da SilvaDiretora Regional Financeira: Rosenilda Oliveira Santos

Recife – PEDiretor Regional: Marcelo BatistaDiretor Regional Administrativo: Benevando Magalhães FariaDiretor Regional Financeiro: César Augusto da Silva Machado

Brasília – DFDiretor Regional: César Nunes NogueiraDiretor Regional Financeiro: Antônio Palhares Torres Ribeiro

Belo Horizonte – MGDiretora Regional: Rosilene Fátima Costa Rodrigues NovaesDiretor Regional Financeiro: Antônio Campos de Abreu

São Paulo – SPDiretor Regional: Neivaldo Augusto ZovicoDiretor Regional Financeiro: Richard Van Den BylaardtDiretora Regional Administrativa: Neiva de Aquino Albres

Curitiba – PRDiretora Regional: Karin Lílian StrobelDiretora Regional Administrativa: Iraci Elzinha Bampi SuzinDiretora Regional Financeira: Márcia Eliza de Pol

Manaus – AMDiretor Regional: Marlon Jorge Silva de AzevedoDiretora Regional Financeira: Waldeth Pinto Matos

Fortaleza - CEDiretor Regional: Willer Cysne Prado e VasconcelosDiretora Regional Administrativa: Andréa Michiles LemosDiretor Regional Financeiro: Joelisson José Maciel Ribeiro

Florianópolis – SCDiretor Regional: Fábio Irineu da SilvaDiretora Regional Administrativa: Idavania Maria de Souza BassoDiretor Regional Financeiro: Deonísio Schmitt

CONSELHO FISCAL

Efetivo1º Membro Efetivo e Presidente – José Tadeu Raynal Rocha2º Membro Efetivo e Secretário – Carlos Eduardo Coelho Sachetto3º Membro Efetivo – Moisés Gazalé

Suplentes1º Membro Suplente – Luiz Dinarte Faria2º Membro Suplente – Josélio Coelho

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Carlos Alberto Góes Shirley VilhalvaSílvia Sabanovaite Marcus Vinicius CalixtoBetiza Pinto Botelho

EDITORIA

Conselho Editorial Editora e Jornalista responsávelWalcenir Souza Lima Nádia Mello (MT 19333)Flávia MazzoRita de Cássia Madeira DiagramaçãoNádia Mello Olga Rocha dos Santos

Secom – Setor de ComunicaçãoRita de Cássia Madeira

Vitóriada Libras

O decreto que regula-menta a Lei da Libras, assi-nado em dezembro pelo pre-sidente Luiz Inácio Lula daSilva, era o que faltava paraque a comunidade surda bra-sileira retomasse a confiançae a esperança num Brasilcom oportunidades para to-dos. Agora sim, há razõespalpáveis, pelo menos nocampo das legislações, paraque a questão da inclusão ganhe um novo discurso. Na ver-dade, que assuma um discurso mais voltado para a realida-de do surdo: o de que não há inclusão educacional para osurdo sem o reconhecimento e a prática da Língua Brasileirade Sinais em salas de aula.

Foi essa a idéia defendida pela Feneis e seus aliados nodecorrer dos anos que lutamos e perseverantemente aguar-damos. Com a nova regulamentação, o Governo Federalterá um ano para transformar ou criar escolas e classesbilíngües.

Vitória! Vitória! São os gritos que ecoam em todos oscantos do nosso país em que se faz presente a comunidadesurda. Ela está alegre e feliz pelas expectativas que nascemcom o decreto. Entre as medidas previstas na regulamenta-ção está a realização de cursos de formação para professo-res das séries iniciais do ensino fundamental e a oferta deespecialização no curso de Letras para os que atuam a partirda 5ª série. O decreto que regulamenta a Lei 10.432/02 tor-na obrigatória ainda a disciplina de Libras nos cursos deLicenciatura e de fonoaudiologia e opcional nos demais. Alémdisso, as instituições serão obrigadas a ter em seus quadrosum tradutor e intérprete da Libras para atuar nos processosseletivos e nas salas de aula. Nesta revista, publicamos umamatéria especial sobre o assunto e também a íntegra do re-gulamento. É importante que conheçamos bem o documen-to para que possamos cobrar das autoridades competentes.

A Feneis esteve presente no início desse processo, quan-do diversas cidades e municípios brasileiros foram reconhe-cendo a Libras, e, mais tarde, na oficialização, por ocasiãodo Governo Fernado Henrique Cardoso. Estivemos partici-pando ativamente dos trâmites que nos levaram a essa con-quista, unindo a comunidade surda em torno dessa questão,que culminou, no Governo Lula, com a regulamentação.

Nossos agradecimentos aos homens e mulheres de bemdeste país, que foram sensíveis à nossa causa e se esforça-ram para que essa etapa chegasse ao fim. Lembramos, noentanto, que a missão de ver surdos bem preparados e inte-grados, com melhores condições de educação, e, conse-qüentemente, de vida e participação em nossa sociedadeapenas começou.

Antonio Mário Sousa DuarteDiretor-Presidente

FENEIS

palavra do presidente

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4 - Revista da FENEIS

� Espaço Aberto:A caminhada até a regulamentação

Artigo da lingüista Tanya Amara Filipe faz uma retrospecti-va da caminhada dos surdos até a conquista da regulamen-tação da Lei que oficializou a Libras. A partir da resolução45/91, da Organização das Nações Unidas, que destaca oconceito de uma Sociedade para Todos e a Declaração deSalamanca (UNESCO), de1994, ela aborda aspectos funda-mentais da Libras na Educação dos Surdos, cita Leis estadu-ais e municipais que evidenciam a luta dos surdos em qua-se todos os estados do Brasil, fala do Plano Nacional deEducação e das discussões que envolveram a comunidadesurda até o Decreto nº 5.626/2005.Páginas 13 a 20.

� Notícias RegionaisSimpósio discute comunicação com o surdo

Para discutir as dificuldades do dia-a-dia e questões ligadas àinclusão social e cultura surda, a Federação Nacional de Edu-cação e Integração dos Surdos (Feneis), por meio do EscritórioRegional de Teófilo Otoni (MG), promoveu nos dias 2 e 3 dedezembro o 5º Simpósio de Surdos. O Simpósio teve comobase de discussão o tema “Entendendo melhor a comunica-ção com surdos, teoria e prática”.Página 27

� Entrevista:Antônio Mário Sousa Duarte

Após a conquista da Lei 10.436, de 2002, que oficializou a Língua brasileira deSinais, a Feneis comemora agora a regulamentação dessa Lei. Desde 2001 àfrente da Federação, Antônio Mário Sousa Duarte diz que não faltaram esforçospara mobilização dos surdos, no sentido de despertar a sociedade para o reco-nhecimento da sua cidadania e cultura, apontando sempre para a importânciada Libras. Na entrevista abaixo, ele faz uma avaliação da caminhada até hoje emenciona conquistas, dificuldades e desafiosPáginas 10 e 11

� De surdo para surdo:Luciana Ruiz

No dia 4 de agosto de 2005 a surda Luciana Ruiz se tornou a primeira surda a segraduar como psicóloga no Estado do Rio, e a terceira no país. A deficiência nãoa impediu de se formar. É um exemplo de esforço e perseverança.Páginas 8 e 9.

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Revista da FENEIS - 5

SUMÁRIO

Surdos de todo o Brasil comemoram aregulamentação da Língua Brasileirade Sinais (Libras), que foi assinadapelo presidente Luís Inácio Lula daSilva, no dia 22 de dezembro. A partirde 2007 será matéria obrigatória paraestudantes dos cursos de licenciaturaem pedagogia e fonoaudiologia. Nodia 27 foi anunciada a regulamentaçãoda Lei de Libras pelo ministro daEducação, Fernando Haddad.

� Palavra do Presidente .............................................3

� Cartas .....................................................................6

� Comunicando ........................................................7

� De surdo para surdo ...............................................8

� Entrevista ..............................................................10

� Notícias - Nacional ..............................................12

� Documento : Regulamentação da Libras ..............21

� Notícias Regionais ................................................27

� Endereços/ Feneis pelo Brasil ................................30

� Infantil ..................................................................31

SUMÁRIOSUMÁRIO

� CAPA:

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6 - Revista da FENEIS

cartas do leitor

Novas Amizades Meu nome é Jeane Valéria e sou formada em Educa-

ção Artística. Tenho 36 anos, sou solteira e tenho defici-ência auditiva. Desejo muito fazer novas amizades comgarotas e rapazes surdos oralizados e que sejam estudan-tes universitários. Gostaria, se possível, que fossem pes-soas bem educadas, alegres e cristãs.

Os interessados podem escrever para o [email protected].

Regulamentação IIA regulamentação da lei 10.436, de 24 de abril de

2002, é uma vitória de todos que conhecem e lutam paramudar a realidade dos surdos brasileiros.

Surdos, pais e profissionais da área aguardavam comexpectativa essa regulamentação, que certamente nos traza esperança de um país mais justo e digno.

É uma vitória de toda Comunidade Surda Brasileira,que encerrou o ano de 2005 exultante e com a pers-pectiva de que 2006 seja um ano de muitas conquistase realizações. A todos que conosco trabalharam paraque este sonho se tornasse realidade, o nosso muito obri-gado. (Ler Palavra do Presidente, na pág. 3)

Antônio Mário Sousa Duarte - Diretor-presidente da Feneis.

RegulamentaçãoVitória!!!! A Comunidade

Brasileira dos Surdos está mui-to alegre! Isso porque foi publi-cado no Diário Oficial daUnião, o Decreto nº 5.626, de

22 de dezembro de 2005,que regulamenta a Lei de Libras.

Eu e a diretoria da Feneisqueremos dar os parabéns eagradecer especialmente a pro-fessora Marlene Gotti pela lutana defesa da Língua Brasileirade Sinais. Queremos tambémagradecer a professora ClaudiaDutra, Secretaária de EducaçãoEspecial.

Grato pela atenção,Antônio Campos de Abreu -

Conselheiro do Conade e representanteda Feneis (Belo Horizonte)

participações pelo Brasil

Antônio Mário (aocentro) durante reuniãodo CAS, em São Paulo

Na CBDS, o presidente daFeneis fala a respeito da

regulamentação da Libras

No Rio de Janeiro, MarianneStumpf, diretora de PolíticasEducacionais da Feneis, palestraaos representantes dos Celes detodo o Brasil

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Revista da FENEIS - 7

comunicando

BilingüismoO Instituto de Educação para

Surdos (SELI) promoveu em no-vembro o II Simpósio “O Bilin-güismo na Prática Pedagógicacom Crianças Surdas”, em Tatua-pé, São Paulo. Entre os temas abor-dados estavam uma Reflexão so-bre escolas de educação especiale a atual política de inclusão,profissionalização de surdos e sua

inserção no mercado de trabalho,conhecendo um pouco mais so-bre o surdocego, entre outros. Osimpósio contou com participa-ção do diretor regional da Feneis– SP, Neivaldo Zovico, além devários profissionais da área, comofonoaudiólogos da USP, professo-res da Feneis, do próprio SELI,AdefAV e Grupo Brasil.

Libras emeventosoficiais

O Projeto de Lei 5969/05, dodeputado Carlos Nader (PL-RJ),determina que todos os eventospúblicos realizados pelo gover-no federal tenham a presença deintérpretes da Língua Brasileirade Sinais (Libras). SegundoNader, o objetivo é ampliar osmecanismos de inclusão socialdos portadores de deficiênciaauditiva. “Além disso, a medidapermitirá que as realizações dogoverno sejam compreendidaspor uma parcela maior da popu-lação brasileira”, disse ele, acres-centando que a Libras é um ins-trumentos de cidadania.

Na foto, o presidente do Bra-sil, Luis Inácio Lula da Silva,

com o representante da Feneisjunto ao Conade Rodrigo Rocha

Matta, no Palácio da Al-vorada, Brasília (DF) em2 de dezembro de2004, no ato da assinatu-ra do Decreto nº 5.296.Esse Decreto regulamen-ta a acessibilidade daspessoas portadoras dedeficiência através dasLeis nº 10.048, de 8 denovembro de 2000, queprioriza o atendimento àspessoas que especifica, ede nº 10.098, de 19 dedezembro de 2000, queestabelece as normas ge-rais e critérios básicos

Legislações beneficiam deficientes

Interagindo comas diferenças

Fez parte da programação doevento “A Vez da Voz”, realiza-do em meados do ano passado,no Shopping Center Penha, SãoPaulo, muita dança, apresenta-ção de capoeira com cadei-rantes, participação de adoles-

centes surdos, canto e músicacom cegos da Fundação DorinaNowill, adolescentes Downs daFundação Apae/SP, além da par-ticipação de bailarinos da Aca-demia Ballet e Cia com a DownAndréa Karina (Cuca).

Instrutoressurdos

Foi realizado no último dia 3de dezembro o II simpósio deFormação de Instrutores Surdosde Pernambuco. O objetivo doevento foi dar continuidade aotrabalho iniciado no primeirocurso de formação, além de con-vidar novos instrutores.Presidente Lula e Rodrigo Rocha Matta

para a promoção de acessibili-dade das pessoas portadoras dedeficiência ou com mobilida-de reduzida e dá outras provi-dências”.

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8 - Revista da FENEIS

de surdo para surdo

Um exemplo de lutae persistênciaSurdez não impediu Luciana Ruiz de buscara graduação em Psicologia

“Falamos muito em força devontade, em sacrifícios e renún-cias, falamos daqueles que, porrazões por nós desconhecidas,desistiram... Você, Luciana, nãopoderia deixar jamais de ser ci-tada de uma maneira singular.Você é o exemplo vivo da forçade vontade de vencer os obstá-culos. Muitas vezes, quando odesânimo estava quase nos ga-nhando, olhávamos para vocêe víamos o quanto é e sempreserá uma guerreira, uma vence-dora e um exemplo a ser segui-do. Queremos dizer que vocêfoi um presente de Deus a nos-sa turma. Um exemplo de lutapara sempre em cada um denossos corações. Para você,nossa admiração!”.

Assim, os alunos de Psicolo-gia da Universidade Estácio deSá que terminaram o curso noprimeiro semestre, homenagea-ram a colega e também for-manda Luciana Dantas Ruiz. Nodia 4 de agosto de 2005 ela setornou a primeira pessoa porta-dora de surdez a se graduarcomo psicóloga no Estado doRio, e a terceira no país.

A surdez profunda (sem ne-nhuma audição), proveniente desua mãe ter tido rubéola durantesua gravidez, não impediuLuciana, hoje com 38 anos, ser

mãe de três filhos. Carioca, masmorando desde pequena emNova Friburgo, estudou até a 8ªsérie no Externato Santa Ignez.Depois, foi para o Colégio Nossasenhora das Mercês e fez o pré-vestibular no Colégio Anchieta.“Tive sorte de pegar o Santa Ignezno começo, quando as turmaseram pequenas ainda. Minhamãe sempre ia no primeiro dia deaula conversar com os meus co-legas de turma. Ela dizia que eutinha um dodói e que, por isso,

minha voz era diferente. Pediaque eles me ajudassem, mas foitudo muito difícil”, recorda.

A mãe, Maria José, por sinal,teve um grande papel no de-senvolvimento de Luciana,chegando a fazer cursos porcorrespondência em várias ins-tituições para ensinar a filha ase comunicar por meio da lin-guagem oral. “Sempre fui ora-lizada”, afirma Lucina, que tevecontato com a Língua Brasilei-ra de Sinais (Libras), só mais tar-de, aos 33 anos. “Em Friburgonão havia aulas de Libras. Noinício eu achava que os surdosque aprendessem só a Línguade Sinais ficariam limitados,mas depois vi que ela é de gran-de importância”, diz.

Luciana acredita que o ide-al é que as escolas tenham al-guns professores que saibam Li-bras. “É importante tambémque o aluno surdo tenha aces-so a um intérprete na sala deaula, ou a um reforço escolar,que é o que a minha mãe fa-zia. Na universidade, eu grava-va as aulas e entregava a fitapara uma monitora, que trans-crevia o conteúdo dado peloprofessor. Depois conseguiuma pessoa para fazer a tradu-ção e passei a entender muitomelhor as matérias”, conta.

“LUCIANA ACREDITA

QUE O IDEAL É QUE

AS ESCOLAS TENHAM

ALGUNS PROFESSORES

QUE SAIBAM LIBRAS.

‘É IMPORTANTE TAMBÉM

QUE O ALUNO SURDO

TENHA ACESSO A UM

INTÉRPRETE NA SALA

DE AULA, OU A UM

REFORÇO ESCOLAR,

QUE É O QUE A MINHA

MÃE FAZIA”

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Revista da FENEIS - 9

Animada, Luciana adora vi-ajar – inclusive dirigindo seucarro, ler e navegar na Internet.Já foi bailarina, modelo e ma-nequim, além de ter praticadovários esportes. Trabalhou tam-bém com pintura e porcelanas.Fez vestibular para Arquiteturae passou, mas os pais ficarampreocupados com o fato de elamorar e estudar no Rio de Ja-neiro. A idéia de se tornar psi-cóloga foi uma sugestão de umaamiga fonoaudióloga. “Um diafui ao Rio de Janeiro, na clínicadessa amiga, e ela me pergun-tou por que eu não fazia Psico-logia. A partir daí, comecei a tra-balhar essa idéia, mas muitagente não acreditou que eu con-seguiria. A descrença das pes-soas na capacidade do indiví-duo surdo, geralmente, é muitogrande. Até uma professora dafaculdade disse que eu jamaisseria uma psicóloga cem porcento”, afirma Luciana.

A Psicologia, aliada à vonta-de de ajudar outros surdos, le-vou Luciana a outro projeto: acriação do Centro Terapêuticode Família, uma organizaçãonão governamental (ONG).“Trabalho com dois clientes: ossurdos e suas famílias. Aborda-mos a violência doméstica, asuperproteção, que é muito co-mum, e também divulgamos eensinamos Libras para os doisgrupos. É muito importante acomunicação entre os surdos eseus familiares”, ressalta.

Luciana destaca três pontosfundamentais do trabalho reali-zado no Centro para a Educaçãode Crianças Surdas: a oralização,a comunicação total e obilingüismo. “A oralização foi o

trabalho que minha mãe fez co-migo. Usamos o método verbo-tonal. Já a comunicação total usatodo e qualquer meio que podeser usado para se comunicar; eo bilingüismo é o estudo de Li-bras, que, para os surdos, é a lín-gua materna, e o Português, que

é a nossa segunda língua”, ex-plica.

Além de presidente do Cen-tro, Luciana participa do Conse-lho Municipal das Pessoas Por-tadoras de Deficiência e está cri-ando um livro de capacitaçãovoltado para professores.

Luciana garante que a surdeznão atrapalha o trabalho, comoacreditava a professora da facul-dade. Muito pelo contrário. “Umpsicólogo ouvinte jamais vai sa-ber o que é viver a surdez. Euentendo profundamente as difi-culdades dessas crianças e ado-lescentes, porque passei por to-dos esses problemas. A depen-dência ainda é muito grande,assim como o isolamento. Ain-da tem muito surdo que vive sóno próprio mundo; alguns aténem saem de casa. A maioria ésuperprotegida pelos pais, o queacaba provocando um atrasomuito grande, até nas coisas maiscotidianas, como ir a um banco,ao comércio. E o que quero pas-sar é que eles precisam conquis-tar a própria independência”,acentua Luciana. “Afinal, todomundo tem uma deficiência”,complementa.

O Centro Terapêutico de Fa-mília fica na rua Antônio MoreiraFernanades (a Rua da Materni-dade) 11, no Centro – NovaFriburgo – RJ – Brasil. O telefo-ne para mais informações é (22)2523-0019.

Matéria enviada e cedida porLuciana Ruiz

F E N E I SFederação Nacional de Educação e Integração dos Surdos

Comunicandoatravés da Libras

“A DESCRENÇA DAS PESSOAS

NA CAPACIDADE DO

INDIVÍDUO SURDO,

GERALMENTE,

É MUITO GRANDE.

ATÉ UMA PROFESSORA

DA FACULDADE DISSE

QUE EU JAMAIS SERIA

UMA PSICÓLOGA

CEM POR CENTO”

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10 - Revista da FENEIS

entrevista

REVISTA DA FENEIS – Como osenhor avalia os últimos anos detrabalho da Feneis? Na sua opi-nião, que conquistas podemoscitar como importantes para acomunidade surda brasileira?

Antônio Mário Sousa Duarte– Ao longo dos trabalhos fomosobtendo várias conquistas. Pode-mos citar a abertura de filiais,cursos de capacitação para ins-trutores e o fortalecimento deuma política quanto à defesa daLibras, entre outros. O movimen-tos pelo Dia do Surdo aumentouem todo o Brasil. Tivemos tam-bém mais ofertas de trabalho edesenvolvemos alguns projetosem parceria com o Governo Fe-deral para formação de mul-tiplicadores em Libras.

REVISTA DA FENEIS -. Os sur-dos comemoram hoje a regula-mentação da Libras. Quais ospróximos passos para que a Li-bras seja de fato uma Línguamais utilizada por toda a socie-dade?

Antônio Mário – Sou defen-sor das salas especiais e da pre-sença dos surdos nas universi-dades, queremos o surdoaprendendo e também instru-

Avaliando a caminhada

Após a conquistada Lei 10.436, de 2002,que oficializou a LínguaBrasileira de Sinais, aFeneis comemora agora aregulamentação dessaLei. Desde 2001 à frenteda Federação, AntônioMário Sousa Duarte dizque não faltaram esforçospara mobilização dossurdos no sentido dedespertar a sociedadepara o reconhecimento dasua cidadania e cultura,apontando para aimportância da Libras. Naentrevista a seguir, ele fazuma avaliação dacaminhada até hoje emenciona conquistas,dificuldades e desafios.

Antônio Mário Sousa DuartePresidente da Feneis

indo. E isso é uma meta. Alémdisso, considero importantedesmistificar a questão da Li-bras, ajudar na conscientizaçãoe na divulgação do potencialdo surdo nas suas mais diver-sas áreas. Desde que estou àfrente da Feneis não faltaramesforços que buscassem levar àsociedade a importância da uti-lização da Libras como formade expressão reconhecida, nosmais diversos níveis da socie-dade, especialmente na área deEducação.

REVISTA DA FENEIS – O senhor,enquanto presidente da Feneis,tem viajado constantemente eacompanhado os trabalhos emtodo o Brasil. Quais as maioresdificuldades ainda enfrentadasem nosso país?

Antônio Mário - Sinto que amaior dificuldade está na regiãonorte, onde não existem associ-ações de surdos com forte repre-sentatividade. Este ano partici-parei de um evento no Amapá.Estarei reunindo os surdos da lo-calidade e orientando sobre aimportância de estar mobiliza-do. Naquela região quase nãoexistem trabalhos em relação ao

Por Nádia Mello

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Revista da FENEIS - 11

surdo e as atividades aconte-cem de forma muito informal.Não há um trabalho forte paraa formação de instrutores e paradespertar os ouvintes a respeitoda importância de aprender aLibras.

REVISTA DA FENEIS – Que pro-jetos e metas a Feneis pretendealcançar em 2006?

Antônio Mário – Uma dasmetas é ver a criação de escolaspara surdos de 1ª a 4ª série emvários lugares do Brasil. Estamostambém realizando o sonho deter uma casa voltada para a áreacultural, para estudo dos surdose trabalhos que envolvem o Cen-tro de Estudos de Libras e Edu-cação de Surdos. Esse centro vaifuncionar no Rio de Janeiro. Fu-turamente é bem possível queesse novo espaço da Feneis setorne uma escola.

REVISTA DA FENEIS - Comotem sido a sua experiência à fren-te da Diretoria da Feneis, que foieleita em 2004 para o segundomandato?

Antônio Mário – Não é umtrabalho fácil, são muitos desa-fios. A minha atuação à frenteda Feneis é voluntária e para mededicar à luta do surdo muitasvezes tenho que abrir mão demomentos em família. Mas valea pena. Constatar os bons resul-tados que temos tido nos últimosanos e as conquistas obtidas temsido bastante gratificante.

REVISTA DA FENEIS - Hoje, apósa regulamentação da Libras, quala maior preocupação da Feneise bandeira de luta em prol dossurdos brasileiros?

Antônio Mário – Uma dasnossas preocupações é o fortale-cimento do trabalho das Associa-ções dos Surdos, cujas atividadesdesenvolvidas estão diretamenteligadas às nossas idéias e convic-ções. É um trabalho em conjunto,tendo em vista que elas apóiamas nossas iniciativas e ajudam adifundi-las por todo o Brasil.

REVISTA DA FENEIS – Com a úl-tima reformulação do Estatuto, em2004, foi aprovada a criação daDiretoria de Políticas Educacionaisda Feneis. De que forma a Fede-ração tem marcado sua presençanos encaminhamentos e proces-sos educacionais no Brasil?

Antônio Mário – Por meiodessa Diretoria, temos feito con-tatos permanentes com os órgãosgovernamentais federais de Edu-cação, além de um trabalhocontínuo junto às instituições deensino e também de apoio aosCentro de Estudos de Libras eEducação de Surdos (Celes)implementados em nossos escri-tórios regionais. Temos participa-do ainda de eventos por todo opaís ligados à política de educa-ção. Do início ao fim participa-mos de todo o processo para aoficialização e, posteriormente,a regulamentação da Língua Bra-sileira de Sinais.

REVISTA DA FENEIS – A Feneistem incentivado a comunidadesurda brasileira a se mobilizar ecomemorar o Dia do Surdo. Naprática, qual a importância dodia 26 de setembro?

Antônio Mário – É precisomuita mobilização para que asociedade de um modo geraltenha mais conhecimento denossas causas, de nossos direi-tos. É fundamental aproveitar aoportunidade para divulgar aLibras. A unidade e força dosurdo fazem com que os pode-res locais percebam a impor-tância de nossos movimentos ereivindicações.

REVISTA DA FENEIS – Estamosno início de mais um ano. Comopresidente da Feneis, órgão demaior representatividade dossurdos no Brasil, que mensagemo senhor deixaria para a comu-nidade surda brasileira?

Antônio Mário – O meu de-sejo é que todos os surdos noBrasil permaneçam unidos aolado de voluntários e funcioná-rios da Feneis que têm ajudadoem nossa caminhada. Agradeçoa todos que colaboraram para asconquistas que tivemos até aqui.A minha orientação é tambémpara que os surdos procuremtomar conhecimento do Decre-to que regulamenta a Libras paraque ela possa funcionar na prá-tica e possamos cobrar das insti-tuições competentes mais umavez nossos direitos.

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12 - Revista da FENEIS

Os surdos já podemcomemorar. Afinal, a re-gulamentação da LínguaBrasileira de Sinais (Li-bras) foi assinada pelopresidente Luíz InácioLula da Silva no dia 22 dedezembro e a partir de2007 será matéria obriga-tória para estudantes doscursos de licenciatura empedagogia e fonoaudio-logia. Em 10 anos, se-guindo as metas esta-belecidas pela regula-mentação, todos os cursos dasuniversidades públicas e priva-das devem ter aulas de Libras.

No dia 27 de dezembro, foianunciada a regulamentação daLei de Libras pelo ministro daEducação, Fernando Haddad.De acordo com o ministro, “é oEstado aprendendo a respeitar asdiferenças dos portadores denecessidades educacionais espe-ciais e possibilitando o plenodesenvolvimento individual, queé condição sem a qual uma co-munidade não pode ser consi-derada desenvolvida”, afirma.

Estiveram presentes, além doministro, representantes de ins-tituições ligadas à área de surdez,entre eles o presidente da Fede-ração Nacional de Educação eIntegração dos Surdos, AntônioMário Souza Duarte. Segundoele, a luta pela regulamentaçãoda Lei 10436/02 começou em1983. “Os ministros da Educa-

Brasil regulamenta Libras

ção entravam e saiam. Com isso,nunca conseguimos nada. Ago-ra, o ministro Fernando Haddadnos deu este maravilhoso presen-te de Natal”, destacou.

O representante do Conse-lho Nacional dos Direitos daPessoa Portadora de Deficiência(Conade), Antônio Campos deAbreu, ressalta que o Brasil é oprimeiro país do mundo a regu-lamentar a Língua de Sinais. “Há79 países que já reconheceramos sinais como linguagem. Masfoi o Brasil quem primeiro regu-lamentou”, afirmou.

Para a titular da Secretaria deEducação Especial (Seesp/MEC),Cláudia Dutra, o momento defesta é resultado de um trabalhoárduo para transpor as barreirasexistentes na educação, e queagora os sistemas de ensino vãopoder contar com profissionaismais preparados. Já a represen-tante da Coordenadoria para

Integração da PessoaPortadora de Deficiên-cia (Corde), CarolinaSanchez, destacou asações governamentaisem prol da diversida-de e acessibilidade dosportadores de necessi-dades especiais. Disse,ainda, que a regula-mentação permitirá aconvivência e comuni-cação com pessoassurdas”. De acordocom ela, esse ato tor-

na possível que, em pouco tem-po, o Brasil alcance uma verda-deira inclusão social.

Além das universidades, a re-gulamentação também prevê arealização de cursos de forma-ção em Libras para professoresdo ensino fundamental. Paraisso, em 2006, o Instituto Naci-onal para Educação de Surdos(Ines) abrirá turmas para profes-sores, surdos ou não, que dêemaula de primeira à quarta série.

Já a Universidade Federal deSanta Catarina (UFSC) será a pri-meira a criar um curso de a gra-duação em Libras também nopróximo ano.

A lei prevê ainda que o Siste-ma Único de Saúde (SUS) e osórgãos públicos federais deverãoreservar 5% do quadro de vagaspara servidores tradutores ou in-térpretes de libras.

FONTE:RADIOBRAS e MEC

Ao lado do Ministro Fernando Haddad (terceiro da direitapara esquerda) representantes da Feneis, da Conade e de

outras instituições e órgãos que apoiaram a luta pelaregulamentação

Arquivo Pessoal

matéria de capa –regulamentação

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Revista da FENEIS - 13

espaço aberto – regulamentação

O PERCURSOA partir do momento em que

os Surdos puderam ingressar nasescolas, começaram as políticaspara essa educação formal e,dependendo de cada uma, elesvêm sendo denominados de de-ficientes auditivos (DA), pessoasportadoras de deficiência audi-tiva e pessoas com necessidadeseducativas/educacionais especi-ais. Em 1981, no ano interna-cional das pessoas deficientes,houve a semente do conceito deSociedade para Todos, quandose falou de participação plena ede igualdade.

Dez anos mais tarde, em1991, a Resolução 45/91 da Or-ganização das Nações Unidas -ONU destaca uma Sociedadepara Todos e coloca o ano 2010como sendo o limite para que asmudanças necessárias ocorram.Assim terá que haver:• aceitação das diferenças indi-

viduais;• valorização da diversidade

humana;• destaque e importância do

pertencer, do conviver, da co-operação e da contribuiçãoque gerarão vidas comunitá-rias mais justas.Em 1992 o Programa Mundi-

al de Ações Relativas às Pessoascom Deficiência propôs que aprópria sociedade mude para que

Finalmente,a Lei de Libras éregulamentada!

Felipe, Tanya A.1

as pessoas com deficiência pos-sam ter seus direitos respeitados.

A partir de 1994, com a De-claração de Salamanca (UNESCO)sobre necessidades educativas es-peciais, acirrou o debate sobre“Sociedade Inclusiva” que é con-ceituada como aquela sociedadepara todos, ou seja, a sociedadeque deve se adaptar às pessoas enão as pessoas à sociedade. Porisso, nessa sociedade inclusiva, oSistema Escolar deverá ser tambémbaseado em uma escola inte-gradora. Essa escola passou a serdenominada, a partir da políticaeducacional neoliberal no Brasil,de “Escola/Educação Inclusiva.

Em 1995,continuando nessaperspectiva de uma sociedadepara todos, na Declaração deCopenhague sobre Desenvolvi-mento Social e no Programa deAção da Cúpula Mundial para oDesenvolvimento Social, a ONUafirma que “Sociedade inclusivaprecisa ser baseada no respeitode todos os direitos humanos eliberdades fundamentais, diver-sidade cultural e religiosa, justi-ça social e as necessidades es-peciais de grupos vulneráveis emarginalizados, participaçãodemocrática e a vigência do di-reito”. (1995:9)

Em 1996, nas Normas sobre

Da esquerda para a direita: Antônio Campos de Abreu (conselheiro daConade), Malene Gotti (assessora da Coordenadoria de Educação Especial),

Tanya Filipe (pesquisadora de Libras/Feneis) e Antônio Mário Duarte(presidente da Feneis)

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14 - Revista da FENEIS

a Equiparação de Oportunidadespara Pessoas com Deficiência, aONU institui que todos os por-tadores de necessidades especi-ais “devem receber o apoio quenecessitam dentro das estruturascomuns de educação, saúde,emprego e serviços sociais (Na-ções Unidas, 1996 §26).

O termo “equiparação deoportunidades” significa o pro-cesso através do qual os diver-sos sistemas da sociedade e am-biente, tais como serviços, ativi-dades, informações e documen-tação, são tornados disponíveispara todos, particularmente, parapessoas com deficiência. (Na-ções Unidas, 1996 § 24)

Analisando todos esses docu-mentos pode-se perceber que oimperativo para haver uma “So-ciedade Inclusiva” perpassa pelainclusão na escola, no trabalho,no lazer e nos serviços de saú-de, mídia entre outros. Nesseprocesso de inclusão, trazendoa questão para um grupo diver-sificado de excluídos, que são os“portadores de deficiência”, a so-ciedade deveria adaptar-se àssuas necessidades específicas,constituindo-se a partir: da soli-dariedade humanística, da cons-ciência de cidadania, da neces-sidade de desenvolvimento dasociedade, da necessidade demelhoria da qualidade de vida,do combate à crise no atendi-mento, do cumprimento da le-

gislação, do investimento econô-mico e do crescimento do exer-cício do empowement.

Esses oito imperativos têmcomo alicerce o processo de re-jeição zero, independência, au-tonomia e empowerment (enten-dendo este último como o pro-cesso pelo qual uma pessoa ougrupo de pessoas utiliza o seupoder pessoal, inerente à suacondição, para fazer escolhas,tomar decisões e assumir o con-trole de sua vida).

Concomitantemente às essaspolíticas, a Federação Nacionalde Integração dos Surdos (Feneis)vem reivindicando, desde 1987,modificações para a Educaçãoda Pessoa Surda, lutando pelaoficialização da Libras, pelo re-conhecimento da função do Ins-trutor Surdo e do Intérprete deLibras nas escolas públicas e uni-versidades. Muitas capitais emunicipalidades já tiveram seusProjetos-Lei para Oficializaçãoda Libras, como língua naturaldas comunidades surdas brasilei-ras, aprovados por AssembléiasLegislativas e Câmaras de Vere-adores. No entanto, desde 1993,esperávamos que o CongressoNacional votasse o Projeto-Leipara a Oficialização da Libras emâmbito nacional e, tendo havi-do muito eventos, principalmen-te por iniciativa do MEC-SEESP,conseguiu-se avanços e conquis-tas que culminaram com a apro-

vação da Lei 10.436 de abril2002 e, agora, em dezembro/2005, com o decreto 5.626, queregulamenta esse lei.

Em 1996, a Coordena-doria Nacional para Integraçãoda Pessoa Portadora de Defici-ência Corde) realizou uma Câ-mara Técnica, que resultou nodocumento “Resultado da Siste-matização dos Trabalhos da Câ-mara Técnica sobre o Surdo e aLíngua de Sinais”, quando seconsubstanciaram propostas esugestões de seus participantesde todo o Brasil, ouvintes e sur-dos, referendadas e aprovadasem sessão plenária do evento, atítulo de subsídios para a legali-zação da Língua Brasileira deSinais no país e a caracterizaçãoda profissão de intérprete.

Em 1999, na semana antece-dente ao V Congresso Latino-Americano de Bilingüismo, osSurdos de todo o Brasil realiza-ram um Encontro Nacional queresultou no documento “ A edu-cação que nós Surdos queremos”.Em março de 2000, esse docu-mento, já entregue ao Ministérioda Educação, através da Secretá-ria de Educação Especial, foi ana-lisado pela Câmara Técnica, queformulou propostas e sugestõespara as Diretrizes para a Educa-ção dos Surdos. Esse documen-to, no entanto, não consta na ci-tação bibliográfica do no Relató-rio das Diretrizes (2001),

LEIS ESTADUAIS E MUNICIPAIS QUEOFICIALIZARAM A LIBRAS

Segundo o representante daFeneis no Conade-Corde, Antô-nio Campos de Abreu (2003)2, asconquistas da comunidade surdaestão intrinsecamente ligadas àsleis aprovadas pelo legislativo.

Dessa forma, a Feneis vem desen-volvendo um trabalho de divul-gação junto às entidades filiadase/ou não filiadas visando à mo-bilização e conscientização dossurdos a respeito da existência

dessas conquistas, a fim de queconheçam seus direitos em âm-bito federal, estadual e municipal.

Desde 1991, os Surdos têmconseguido aprovação de Proje-tos de Lei que reconhecem a Li-

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Revista da FENEIS - 15

bras em quase todo o Brasil.Apenas quatro estados ( Amazo-nas, Pará, Piauí, e Tocantins) ain-da não têm leis estaduais e mu-nicipais e dois ainda estão comprojetos de lei em andamento(Bahia e Sergipe). Em estados quejá possuem leis de Libras, váriosmunicípios também já possuemsuas leis e, em alguns, como, SãoPaulo e Santa Catarina, essas leismunicipais foram aprovadas an-teriormente às leis estaduais e àsmunicipais das capitais. O pri-meiro estado a ter uma lei ofici-alizando a Libras foi Minas Ge-rais, em 1991. Citando apenasas leis estaduais e das capitais,temos:

01. AcreRio BrancoLei Estadual nº 1.487, de 24

de janeiro de 2003.Institui a língua brasileira de

sinais - Libras no estado do acree dá providências.

02. AlagoasMaceioLei Estadual nº 6.060 de 15

de setembro de 1998.Dispõe sobre o reconheci-

mento e a implantação da Lin-guagem Brasileira de Sinais - Li-bras como língua oficial na redepública de ensino para surdos, eadota providências correlatas.

03. Amapá:MacapáLei n.º 0834, de 27 de maio

de 2004Reconhece no estado do

Amapá, a Língua Brasileira de Si-nais – Libras, como meio de co-municação objetiva de uso cor-rente, e dá outras providências.

04. AmazonasNão há nenhuma lei.

05. BahiaSalvadorProjetos de Lei – andamentosPL 11782/1999 – Estadual –

reconhecida LibrasPL 015/2000 – Municipal –

Libras

06.CearáFortalezaLei Estadual nº 13.100 de 12

de janeiro de 2001Reconhece oficialmente no

estado do Ceará como meio decomunicação objetiva e de usocorrente a Língua Brasileira deSinais - Libras, e dispõe sobre aimplantação da Libras como lín-gua oficial na rede pública deensino para surdos.

07. Distrito FederalBrasíliaLei Distrito Federal nº 2.089

de 29 de setembro de 1998.Institui a obrigatoriedade de

inserção, nas peças publicitáriaspara veiculação em emissoras detelevisão, da interpretação damensagem em legenda e na Lín-gua Brasileira de Sinais – Libras

Lei Distrito Federal nº 2.532,de 02 de março de 2000.

Determina a habilitação deservidores público do DistritoFederal para interpretação daexpressão gestual utilizada porportadores de necessidades es-peciais.

08. Espírito SantoVitóriaLei Estadual nº 6.22 de de-

zembro de 1995Institui a obrigatoriedade da

Língua Brasileira de Sinais – Li-bras na publicidade dos atos,programas, obras, serviços ecampanhas da administraçãopública direta e indireta e funci-onal, veiculada na televisão.

Lei Estadual nº 5.198 , de ju-nho de 1999.

Reconhece como meio decomunicação a linguagem ges-tual codificada - Libras

Lei Municipal nº5.917 de 09de junho de 2003.

Reconhece a linguagem ges-tual codificada na Língua Brasi-leira de Sinais – Libras comomeio de comunicação e de usocorrente no município de Vitó-ria – Espírito Santo

9. GoiásGoiânia- Lei Estadual nº 12.081, de

30 de agosto de 1993.Reconhece oficialmente, no

estado de Goiás , como meio decomunicação objetiva e de usocorrente, a linguagem gestualcodificada na Língua Brasileirade Sinais. Libras

10. MaranhãoSão LuisLei Estadual nº 248 de 01 de

novembro de 1994.Dispõe sobre a criação de

carreira de intérprete para defi-ciente auditivo no estado doMaranhão

11. Mato GrossoCuiabaLei Estadual nº 7.831 de 13

de dezembro de 2002.Dispõe sobre o reconheci-

mento oficial, no estado de MatoGrosso, da Linguagem Brasilei-ra de Sinais – Libras, como meiode comunicação objetiva e deuso corrente.

Lei Estadual nº 7.835, de 13de dezembro de 2002

Dispõe sobre a obrigatorie-dade do ensino da LinguagemBrasileira de Sinais - Libras nasescolas da rede pública do esta-do de Mato Grosso.

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16 - Revista da FENEIS

Lei Municipal nº 4.196, 02 demaio de 2002

Dispõe sobre o reconheci-mento oficial no município deCuiabá como meio de comuni-cação objetiva e de uso correntea linguagem gestual codificadana Língua Brasileira de Sinais –Libras

Lei Estadual nº 8.015, de 28de novembro de 2003

Dispõe sobre a obrigaçãopara a utilização da LinguagemBrasileira de Sinais – Libras naveiculação de propaganda ofici-al e dá outras providências.

12. Mato Grosso do SulCampo GrandeLei Municipal nº 2.997, de 10

de novembro de 1993.Dispõe sobre o reconheci-

mento oficial, no município deCampo Grande, como meio decomunicação objetiva e de usocorrente, a linguagem gestualcodificada na Língua Brasileirade Sinais - Libras

Lei Estadual n º 1.693, de 12de setembro de 1996

Reconhece no estado deMato Grosso do Sul, a línguagestual, codificada as LínguaBrasileira de Sinais – Libras,como meio de comunicaçãoobjetivo de uso corrente, e dáoutras providências.

Lei Estadual nº 2.469 , de 19de junho de 2002

Dispõe sobre a utilização derecursos visuais destinados aosportadores de deficiência audi-tiva na veicularão de propagan-da oficial.

13. Minas GeraisBelo HorizonteLei Estadual nº 10.379, de 10

de janeiro de 1991Reconhece oficialmente, no

estado de Minas Gerais, como

meio de comunicação objetivae de uso corrente, a linguagemgestual codificada na LínguaBrasileira de Sinais - Libras

Lei Municipal nº 8.122,de 29de novembro de 2000

O povo do município de BeloHorizonte, por seus representan-tes, decreta e eu saneio a seguin-te lei:

Parágrafo único – o executi-vo providenciará para que a Lin-guagem Brasileira de Sinais - Li-bras – seja reconhecida comolinguagem oficial no município.

14. ParáNão há nenhuma lei libras.

15. ParaíbaJoão PessoaLei Municipal n º 1.577 , de

23 de fevereiro de 1999Fica oficializada como meio

legal de comunicação e expres-são no âmbito do município deJoão Pessoa, o sistema lingüístico“ Língua Brasileira de Sinais –Libras “ - e outros recursos deexpressão a ela associados etoma outras providências.

Campina GrandeLei Municipal n º 3.771, de

14 de dezembro de 1999art.33 . § 4 º no caso especifi-

co dos portadores de surdez, afim de garantir que todos tenhamacesso à educação em LínguaBrasileira de Sinais, a educaçãodever ser preferencialmente emescolas especiais ou classes es-peciais em escolas regulares eserá complementada nas etapasseguintes: ensino fundamental,de jovens e adultos e profissio-nalizantes.

16. ParanáCuritibaLei Estadual nº 12.095, de 11

de março de 1998

Reconhece oficialmente, peloestado do Paraná, a linguagemgestual codificada na Língua Bra-sileira de Sinais - Libras, e ou-tros recursos de expressão a elaassociados, como meio de co-municação objetiva e de usocorrente.

17. PernambucoRecifeLei Estadual nº 11.686 de 18

de outubro de 1999Reconhece oficialmente no

estado de Pernambuco, comomeio de comunicação objetivae de uso corrente, a Língua Bra-sileira de Sinais - Libras, e dis-põe sobre a implantação destacomo língua oficial na rede pú-blica de ensino para surdos.

- Lei Municipal nº 16.529,de 05 de novembro de 1999

Reconhece, no âmbito terri-torial do município do Recife ,como sistema lingüístico, a Lín-gua Brasileira de Sinais - Libras

18. PiauíNão há nenhuma.

19. Rio de JaneiroRio de JaneiroLei Municipal nº 2.401, de 9

de abril de 1996Autoriza o poder executivo a

reconhecer oficialmente no mu-nicípio, como meio de comuni-cação objetiva e de uso corren-te, a linguagem gestual codifica-da na Língua Brasileira de Sinais– Libras

Lei Estadual nº 3.195, de 15de março de 1999

Dispõe sobre o reconheci-mento da Libras (Língua Brasilei-ra de Sinais), no estado de Riode Janeiro, para as pessoas por-tadoras de deficiência auditiva edá outras providências.

Lei Estadual nº 3.601, de 11de julho de 2001

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Revista da FENEIS - 17

Libras – Plano Nacionalde Educação

Repensando a Educação noBrasil, a Lei n°. 9.394/96 estabe-lece as diretrizes e bases da Edu-cação nacional. No que se refe-

Leis, decretos, resoluções e portaria aprovados emambito federal

Assegura às pessoas surdas odireito de serem atendidas, nas re-partições públicas estaduais, pormeio da Língua Brasileira de Sinais– Libras, e dá outras providências.

20. Rio Grande do NorteNatalLei Municipal n º5.409, de 05

de novembro de 2002Dispõe sobre a oficialização,

no âmbito deste município, daLíngua Brasileira de Sinais – Li-bras e dá outras providências.

21. Rio Grande do SulPorto AlegreLei Municipal nº 7.857, de 30

de setembro de 1996Institui a língua de sinais dos

surdos no municípios de PortoAlegre

20.2. Lei Estadual nº 11.405 ,de 31 de dezembro de 1999.

Dispõe sobre a oficializaçãoda Libras – Língua Brasileira deSinais e dá outras providências.

22. RondôniaPorto VelhoLei Estadual nº 1395 de 16 de

setembro de 2004Dispõe sobre reconhecimen-

to da libras

23 . RoraimaBoa Vista- Lei Estadual nº 353, de 21

de novembro de 2002

Dispõe sobre o reconheci-mento da Libras (Língua Brasilei-ra de Sinais), no estado deRoraima, para as pessoas porta-doras de deficiência auditiva edá outras providências.

24. Santa CatarinaBlumenau- Lei Municipal n º 5.417, de

02 de março de 2000Reconhece oficialmente, no

município, a Língua Brasileira deSinais – Libras

Florianópolis- Lei Estadual nº 11.869, de

06 de setembro de 2001Reconhece oficialmente, no

estado de Santa Catarina, a lin-guagem gestual codificada naLíngua Brasileira de Sinais – Li-bras - e outros recursos de ex-pressão a ela associados, comomeio de comunicação objetivae de uso corrente.

25 .SergipeAracaju- Projeto de Lei 356/2003, em

andamentoReconhecendo oficialmente

no estado , a linguagem gestualcodificada da Língua Brasileira deSinais como meio de comunica-ção objetiva e de uso corrente.

26. São PauloGuarulhos

Lei Municipal nº 4.980 de 03de julho de 1997

Dispõe sobre :autoriza o exe-cutivo a reconhecer oficialmen-te no município como meio decomunicação objetiva e de usocorrente a linguagem gestual,codificada na Língua Brasileirade Sinais – Libras

São Paulo- Lei Estadual nº 0.958 de 27

de novembro de 2001Oficializa a Língua Brasileira

de Sinais –Libras e dá outras pro-vidências

Decreto Municipal nº41.986, de 14 de maio de 2002

Regulamento a lei que re-conhece no município, a Lín-gua Brasileira de Sinais – Li-bras

art.1º - a lei nº1 3.304, de21 de janeiro de 2002, quereconhece, no âmbito de SãoPaulo, a Língua Brasileira deSinais – Libras como língua deinstrução, meio comunicaçãoobjetiva e de uso corrente dacomunidade surda, fica regu-lamento conformidade dasdisposições previstas nestedecreto.

27. TocantinsNão há nenhuma lei.

re à Educação Especial podemosdestacar:

§ Art. 58. Entende-se poreducação especial, para os efei-tos desta lei, a modalidade deeducação escolar, oferecida pre-ferencialmente na rede regular de

ensino, para educandos portado-res de necessidades especiais.

§ 1º Haverá, quando neces-sário, serviços de apoio especi-alizado, na escola regular, paraatender às peculiaridades da cli-entela de educação especial.

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18 - Revista da FENEIS

§ 2º O atendimento educaci-onal será feito em classes, esco-las ou serviços especializados,sempre que, em função das con-dições específicas dos alunos,não for possível a sua integraçãonas classes comuns de ensinoregular.

§ 3º A oferta de educação es-pecial, dever constitucional doEstado, tem início na faixa etáriade zero a seis anos, durante aeducação infantil.

§ Art. 59. Os sistemas deensino assegurarão aos edu-candos com necessidades espe-ciais:

I – currículos, métodos, téc-nicas, recursos educativos e or-ganização específicos, para aten-der às suas necessidades.

Comprovando que nossa lutanão está sendo em vão, em ja-neiro de 2001, a Lei No 10.172,que aprovou o Plano Nacionalde Educação e estabeleceu queos Estados, o Distrito Federal eos Municípios deveriam elabo-rar planos decenais correspon-dentes, não se omitiu em rela-ção aos surdos.

Na parte 8, referente à Edu-cação Especial, no item 8.3.Objetivos e Metas, consta que,em cinco anos e generalizandoem dez anos, deverá ser:

• implantado “o ensino deLíngua Brasileira de Sinais paraos alunos surdos e, sempre quepossível, para seus familiares epara o pessoal da unidade esco-lar, mediante um programa deformação de Instrutores, em par-ceria com organizações não-go-vernamentais”;

• incluído “nos currículosde formação de professores, nosníveis médio e superior, conteú-dos e disciplinas específicas paraa capacitação ao atendimentodos alunos especiais”;

• incluído ou ampliado,

“especialmente nas universida-des públicas, habilitação espe-cífica, em nível de graduação epós-graduação, para formar pes-soal especializado em educaçãoespecial, garantindo, em cincoanos, pelo menos um curso des-se tipo em cada unidade da Fe-deração”;

• incentivado, “durante adécada, a realização de estudose pesquisas, especialmente pelasinstituições de ensino superior,sobre as diversas áreas relacio-nadas aos alunos que apresen-tam necessidades especiais paraa aprendizagem”;

• “no prazo de três anos acontar da vigência deste plano,organizado e posto “em funcio-namento em todos os sistemas deensino um setor responsável pelaeducação especial, bem comopela administração dos recursosorçamentários específicos para oatendimento dessa modalidade,que possa atuar em parceria comos setores de saúde, assistênciasocial, trabalho e previdência ecom as organizações da socie-dade civil”.

Mas, mesmo que os Surdos játenham obtido vitórias em suaslutas, temos que concordar coma Declaração de Salamanca(1994:24) quando afirma no itemI.10 que:

A experiência, sobretudo nospaíses em via de desenvolvimen-to, indica que o alto custo das es-colas especiais3 supõe, na práti-ca, que só uma pequena minoriade alunos, normalmente oriundosdo meio urbano, se beneficia des-sas instituições. A grande maio-ria de alunos com necessidadesespeciais, particularmente nasáreas rurais, carece, em conseqü-ência, desse tipo de serviços. Emmuitos países em desenvolvimen-to, calcula-se em menos de umpor cento o número de atendi-

mento de alunos com necessida-des educativas especiais.

Ainda a Declaração de Sala-manca, abordando o conceito deescola integradora, propõe que:“nas escolas integradoras as cri-anças com necessidades educa-cionais especiais devem recebertodo apoio extra que elas pos-sam requerer para garantir suaeducação eficaz”. Propõe aindae que a escolarizaçãointegradora seria o meio maiseficaz para se formar solidarie-dade entre crianças com neces-sidades especiais e seus colegase que as escolas especiais pode-riam também servir como cen-tros de treinamento e de recur-sos para o pessoal de escola co-mum. Finalmente, as escolas “ouunidades especiais dentro de es-colas integradoras poderiamcontinuar a prover educaçãomais apropriada para um núme-ro relativamente pequeno de cri-anças que não podem freqüen-tar adequadamente classes ouescolas regulares” (1994:12)

Mas, com relação à educaçãode crianças surdas, no item 21afirma que:

“As políticas educativas deve-rão levar em conta as diferençasindividuais e as diversas situa-ções. Deve ser levada em consi-deração, por exemplo, a impor-tância da linguagem dos sinais4

como meio de comunicaçãopara os surdos, e ser asseguradoa todos os surdos acesso ao en-sino da linguagem de sinais deseu país. Face às necessidadesespecíficas de comunicação desurdos e de surdos-cegos, seriamais convincente que a educa-ção lhes fosse ministrada em es-colas especiais ou em classes ouunidades especiais nas escolascomuns.”5 (1994:30)

Em meio a tantas discussões,buscando qualidade e equidade

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Revista da FENEIS - 19

na Educação para todos, em ja-neiro de 2001, a Lei Federal nº10.172 aprova o plano nacionalde educação. Em seus objetivose metas, destacamos a implan-tação, “em cinco anos, e gene-ralizar em dez anos, o ensinoda língua brasileira de sinais paraos alunos surdos e, sempre quepossível, para seus familiares epara o país. dadas as discrepân-cia regionais e a insignificanteatuação federal, há necessidadede uma atuação mais incisiva daunião nessa área”.

Além dessas leis relacionadasao Plano Nacional de Educação,os Surdos também conseguiramoutras aprovações de leis, decre-tos, resoluções e portarias impor-tantes tais como:

• Lei Federal nº 8.160, de 8de janeiro de 1991, que dispõesobre a caracterização de símbo-lo que permita a identificação depessoas portadoras de deficiên-cia auditiva;

• Resolução TSE nº 14.550,de 1 de setembro de 1994, doTribunal Superior Eleitoral – TSE,que institui na propaganda elei-toral gratuita na TV, a utilizaçãode intérprete de Libras – LínguaBrasileira de Sinais;

• Portaria nº 1.679, de 2 dedezembro de 1999, e Portaria nº3.284, de 7 de novembro de2003, do Ministério da Educa-ção, que dispõe sobre requisitosde acessibilidade de pessoasportadoras de deficiências, parainstruir os processos de autori-zação e de reconhecimento decursos, e de credenciamento deinstituições;

• Lei no 10.098 de 19 de de-zembro de 2000, que estabele-ce normas gerais e critérios bási-cos para promoção da acessibi-lidade das pessoas portadoras dedeficiência ou com mobilidadereduzida e dá outras providên-

cias. Nessa lei, destaca-se que “A democracia, nos termos

em que é definida pelo Artigo Ida Constituição Federal, estabe-lece as bases para viabilizar aigualdade de oportunidades, etambém um modo de sociabili-dade que permite a expressãodas diferenças, a expressão deconflitos, em uma palavra, apluralidade. Portanto, no desdo-bramento do que se chama deconjunto central de valores, de-vem valer a liberdade, a tolerân-cia, a sabedoria de conviver como diferente, tanto do ponto devista de valores quanto de cos-tumes, crenças religiosas, expres-sões artísticas, capacidades e li-mitações. (...)

A consciência do direito deconstituir uma identidade pró-pria e do reconhecimento daidentidade do outro traduz-se nodireito à igualdade e no respeitoàs diferenças, assegurando opor-tunidades diferenciadas (eqüida-de), tantas quantas forem neces-sárias, com vistas à busca daigualdade. O princípio da eqüi-dade reconhece a diferença e anecessidade de haver condiçõesdiferenciadas para o processoeducacional.

Como exemplo dessa afirma-tiva, pode-se registrar o direito àigualdade de oportunidades deacesso ao currículo escolar. Secada criança ou jovem brasilei-ro com necessidades educacio-nais especiais tiver acesso aoconjunto de conhecimentos so-cialmente elaborados e reconhe-cidos como necessários para oexercício da cidadania, estare-mos dando um passo decisivopara a constituição de uma soci-edade mais justa e solidária.

A forma pela qual cada alu-no terá acesso ao currículo dis-tingue-se pela singularidade. Ocego, por exemplo, por meio do

sistema Braille; o surdo, por meioda Língua de Sinais e da LínguaPortuguesa; o paralisado cere-bral, por meio da informática,entre outras técnicas.”

Nessa Lei, em seu Artigo 2o,acessibilidade é definida comosendo a possibilidade e condi-ção de alcance para utilização,com segurança e autonomia,entre outras coisas, dos sistemase meios de comunicação, segun-do a mesma Lei, barreira na co-municação é qualquer entraveou obstáculo que dificulte ou im-possibilite a expressão ou o re-cebimento de mensagens por in-termédio dos meios ou sistemasde comunicação ou de massa.No seu Capítulo IV, Da acessibi-lidade nos edifícios públicos oude uso coletivo, no Artigo 12,está decretado que “os locais deespetáculos, conferências, aulase outros de natureza similar de-verão dispor de espaços reserva-dos para pessoas que utilizamcadeiras de rodas, e de lugaresespecíficos para pessoas com de-ficiência auditiva e visual”.

O Capítulo VII- Da acessibi-lidade nos sistemas de comuni-cação e sinalização, no Artigo18, estabelece que “o poder Pú-blico implementará a formaçãode profissionais intérpretes de ...língua de sinais ... para facilitarqualquer tipo de comunicaçãodireta...” e que “os serviços deradiodifusão e de sons e ima-gem adotarão plano de medidastécnicas com o objetivo de per-mitir o uso da linguagem de si-nais ou outra subtitulação, paragarantir o direito de acesso à in-formação às pessoas portadorasde deficiência auditiva” (Artigo19).

Diante do exposto, é precisoficar atento para contradiçõesnas Leis e Programas já existen-tes, uma vez que, alguns desses

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20 - Revista da FENEIS

programas, baseando-se e citan-do a própria Declaração deSalamanca na parte referente àspolíticas educacionais para sur-dos, inserindo-os na propostaneoliberal de escola inclusiva,não estão considerando a adver-tência da Declaração. Há Leistambém contraditórias, já quepode-se encontrar referências deque caberá aos pais e aos pró-prios surdos optar pelo tipo deescola. Por outro lado, queremassegurar o ensino infantil quan-do uma criança ainda não podefazer sua própria opção.

Com relação a se ter professor-intérprete em sala de aula parecetambém equivocada esta propos-ta, já que, por melhor que seja ointérprete, este nunca poderá subs-tituir um professor, e o processoiterativo, tão necessário à apren-dizagem, será prejudicado. Para osurdo é fundamental que o pro-fessor saiba e utilize a Libras, sen-do esta a língua de instrução.

O processo educacional depessoas surdas deve ser visto soba perspectiva do direito de igual-dade de oportunidades, expres-so na Constituição Federal nosartigos 205, 208 e na LDB arti-gos 4ª, 58, 59 e 60. Tal direitolhes vem sendo negado, fato quese pode ser observado pelo irri-sório número de alunos nos ní-veis mais elevados de ensino.

Um desafio apresentado aoseducadores é desenvolver méto-dos de ensino e materiais didáti-cos que ofereçam aos alunossurdos uma educação de quali-dade, proporcionando-lhes ex-periências necessárias para so-breviverem às exigências e ne-cessidades do mundo atual.Outro desafio, apresentado atoda a sociedade, é divulgar asinformações e os conhecimentossobre e para as ComunidadesSurdas e garantir o ingresso e

permanência dos surdos no mer-cado de trabalho, como cida-

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Revista da FENEIS - 21

Presidência da RepúblicaCasa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 5.626DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005

documento – regulamentação

Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, quedispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no usodas atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV,da Constituição, e tendo em vista o disposto na Leino 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 daLei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000,

DECRETA:

CAPÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436,de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no 10.098,de 19 de dezembro de 2000.

Art. 2o Para os fins deste Decreto, considera-sepessoa surda aquela que, por ter perda auditiva,compreende e interage com o mundo por meio deexperiências visuais, manifestando sua cultura prin-cipalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais -Libras.

Parágrafo único. Considera-se deficiência audi-tiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarentae um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiogramanas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e3.000Hz.

CAPÍTULO IIDA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO

DISCIPLINA CURRICULARArt. 3o A Libras deve ser inserida como discipli-

na curricular obrigatória nos cursos de formação deprofessores para o exercício do magistério, em nívelmédio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia,de instituições de ensino, públicas e privadas, do sis-tema federal de ensino e dos sistemas de ensino dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios.

§ 1o Todos os cursos de licenciatura, nas dife-rentes áreas do conhecimento, o curso normal denível médio, o curso normal superior, o curso de

Pedagogia e o curso de Educação Especial são con-siderados cursos de formação de professores e pro-fissionais da educação para o exercício do magis-tério.

§ 2o A Libras constituir-se-á em disciplinacurricular optativa nos demais cursos de educaçãosuperior e na educação profissional, a partir de umano da publicação deste Decreto.

CAPÍTULO IIIDA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E

DO INSTRUTOR DE LIBRASArt. 4o A formação de docentes para o ensino de

Libras nas séries finais do ensino fundamental, noensino médio e na educação superior deve ser reali-zada em nível superior, em curso de graduação delicenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras:Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.

Parágrafo único. As pessoas surdas terão prio-ridade nos cursos de formação previstos no caput.

Art. 5o A formação de docentes para o ensinode Libras na educação infantil e nos anos iniciaisdo ensino fundamental deve ser realizada em cur-so de Pedagogia ou curso normal superior, em queLibras e Língua Portuguesa escrita tenham consti-tuído línguas de instrução, viabilizando a forma-ção bilíngüe.

§ 1o Admite-se como formação mínima de do-centes para o ensino de Libras na educação infantile nos anos iniciais do ensino fundamental, a for-mação ofertada em nível médio na modalidadenormal, que viabilizar a formação bilíngüe, referi-da no caput.

§ 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cur-sos de formação previstos no caput.

Art. 6o A formação de instrutor de Libras, em ní-vel médio, deve ser realizada por meio de:

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I - cursos de educação profissional;II - cursos de formação continuada promovidos

por instituições de ensino superior; eIII - cursos de formação continuada promovidos

por instituições credenciadas por secretarias de edu-cação.

§ 1o A formação do instrutor de Libras pode serrealizada também por organizações da sociedadecivil representativa da comunidade surda, desde queo certificado seja convalidado por pelo menos umadas instituições referidas nos incisos II e III.

§ 2o As pessoas surdas terão prioridade nos cur-sos de formação previstos no caput.

Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publi-cação deste Decreto, caso não haja docente com tí-tulo de pós-graduação ou de graduação em Libras parao ensino dessa disciplina em cursos de educação su-perior, ela poderá ser ministrada por profissionais queapresentem pelo menos um dos seguintes perfis:

I - professor de Libras, usuário dessa língua comcurso de pós-graduação ou com formação superior ecertificado de proficiência em Libras, obtido por meiode exame promovido pelo Ministério da Educação;

II - instrutor de Libras, usuário dessa língua comformação de nível médio e com certificado obtidopor meio de exame de proficiência em Libras, pro-movido pelo Ministério da Educação;

III - professor ouvinte bilíngüe: Libras - LínguaPortuguesa, com pós-graduação ou formação su-perior e com certificado obtido por meio de examede proficiência em Libras, promovido pelo Minis-tério da Educação.

§ 1o Nos casos previstos nos incisos I e II, aspessoas surdas terão prioridade para ministrar a dis-ciplina de Libras.

§ 2o A partir de um ano da publicação deste De-creto, os sistemas e as instituições de ensino da edu-cação básica e as de educação superior devem in-cluir o professor de Libras em seu quadro do ma-gistério.

Art. 8o O exame de proficiência em Libras, re-ferido no art. 7o, deve avaliar a fluência no uso, oconhecimento e a competência para o ensino des-sa língua.

§ 1o O exame de proficiência em Libras deveser promovido, anualmente, pelo Ministério da Edu-cação e instituições de educação superior por elecredenciadas para essa finalidade.

§ 2o A certificação de proficiência em Librashabilitará o instrutor ou o professor para a funçãodocente.

§ 3o O exame de proficiência em Libras deveser realizado por banca examinadora de amploconhecimento em Libras, constituída por docentessurdos e lingüistas de instituições de educação su-perior.

Art. 9o A partir da publicação deste Decreto, asinstituições de ensino médio que oferecem cursosde formação para o magistério na modalidade nor-mal e as instituições de educação superior que ofe-recem cursos de Fonoaudiologia ou de formaçãode professores devem incluir Libras como discipli-na curricular, nos seguintes prazos e percentuaismínimos:

I - até três anos, em vinte por cento dos cursosda instituição;

II - até cinco anos, em sessenta por cento doscursos da instituição;

III - até sete anos, em oitenta por cento dos cur-sos da instituição; e

IV - dez anos, em cem por cento dos cursos dainstituição.

Parágrafo único. O processo de inclusão da Li-bras como disciplina curricular deve iniciar-se noscursos de Educação Especial, Fonoaudiologia, Pe-dagogia e Letras, ampliando-se progressivamentepara as demais licenciaturas.

Art. 10. As instituições de educação superiordevem incluir a Libras como objeto de ensino, pes-quisa e extensão nos cursos de formação de profes-sores para a educação básica, nos cursos deFonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Inter-pretação de Libras - Língua Portuguesa.

Art. 11. O Ministério da Educação promoverá,a partir da publicação deste Decreto, programasespecíficos para a criação de cursos de graduação:

I - para formação de professores surdos e ouvin-tes, para a educação infantil e anos iniciais do ensi-no fundamental, que viabilize a educação bilíngüe:Libras - Língua Portuguesa como segunda língua;

II - de licenciatura em Letras: Libras ou em Le-tras: Libras/Língua Portuguesa, como segunda lín-gua para surdos;

III - de formação em Tradução e Interpretaçãode Libras - Língua Portuguesa.

Art. 12. As instituições de educação superior,principalmente as que ofertam cursos de EducaçãoEspecial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cur-sos de pós-graduação para a formação de professo-res para o ensino de Libras e sua interpretação, apartir de um ano da publicação deste Decreto.

Art. 13. O ensino da modalidade escrita da Lín-

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gua Portuguesa, como segunda língua para pessoassurdas, deve ser incluído como disciplina curricularnos cursos de formação de professores para a edu-cação infantil e para os anos iniciais do ensino fun-damental, de nível médio e superior, bem como noscursos de licenciatura em Letras com habilitaçãoem Língua Portuguesa.

Parágrafo único. O tema sobre a modalidade es-crita da língua portuguesa para surdos deve ser inclu-ído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia.

CAPÍTULO IVDO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA

LÍNGUA PORTUGUESA PARA OACESSO DAS PESSOAS SURDAS À

EDUCAÇÃOArt. 14. As instituições federais de ensino de-

vem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdasacesso à comunicação, à informação e à educaçãonos processos seletivos, nas atividades e nos con-teúdos curriculares desenvolvidos em todos os ní-veis, etapas e modalidades de educação, desde aeducação infantil até à superior.

§ 1o Para garantir o atendimento educacionalespecializado e o acesso previsto no caput, as ins-tituições federais de ensino devem:

I - promover cursos de formação de professorespara:

a) o ensino e uso da Libras;b) a tradução e interpretação de Libras - Língua

Portuguesa; ec) o ensino da Língua Portuguesa, como segun-

da língua para pessoas surdas;II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação

infantil, o ensino da Libras e também da LínguaPortuguesa, como segunda língua para alunos sur-dos;

III - prover as escolas com:a) professor de Libras ou instrutor de Libras;b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portu-

guesa;c) professor para o ensino de Língua Portuguesa

como segunda língua para pessoas surdas; ed) professor regente de classe com conhecimento

acerca da singularidade lingüística manifestadapelos alunos surdos;

IV - garantir o atendimento às necessidades edu-cacionais especiais de alunos surdos, desde a edu-cação infantil, nas salas de aula e, também, em sa-las de recursos, em turno contrário ao da escola-rização;

V - apoiar, na comunidade escolar, o uso e a di-fusão de Libras entre professores, alunos, funcioná-rios, direção da escola e familiares, inclusive pormeio da oferta de cursos;

VI - adotar mecanismos de avaliação coerentescom aprendizado de segunda língua, na correçãodas provas escritas, valorizando o aspecto semânti-co e reconhecendo a singularidade lingüística ma-nifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa;

VII - desenvolver e adotar mecanismos alterna-tivos para a avaliação de conhecimentos expressosem Libras, desde que devidamente registrados emvídeo ou em outros meios eletrônicos e tecno-lógicos;

VIII - disponibilizar equipamentos, acesso àsnovas tecnologias de informação e comunicação,bem como recursos didáticos para apoiar a educa-ção de alunos surdos ou com deficiência auditiva.

§ 2o O professor da educação básica, bilíngüe,aprovado em exame de proficiência em tradução einterpretação de Libras - Língua Portuguesa, podeexercer a função de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta da fun-ção de professor docente.

§ 3o As instituições privadas e as públicas dossistemas de ensino federal, estadual, municipal edo Distrito Federal buscarão implementar as medi-das referidas neste artigo como meio de asseguraratendimento educacional especializado aos alunossurdos ou com deficiência auditiva.

Art. 15. Para complementar o currículo da basenacional comum, o ensino de Libras e o ensino damodalidade escrita da Língua Portuguesa, comosegunda língua para alunos surdos, devem ser mi-nistrados em uma perspectiva dialógica, funcionale instrumental, como:

I - atividades ou complementação curricular es-pecífica na educação infantil e anos iniciais do en-sino fundamental; e

II - áreas de conhecimento, como disciplinascurriculares, nos anos finais do ensino fundamen-tal, no ensino médio e na educação superior.

Art. 16. A modalidade oral da Língua Portugue-sa, na educação básica, deve ser ofertada aos alu-nos surdos ou com deficiência auditiva, preferenci-almente em turno distinto ao da escolarização, pormeio de ações integradas entre as áreas da saúde eda educação, resguardado o direito de opção da fa-mília ou do próprio aluno por essa modalidade.

Parágrafo único. A definição de espaço para odesenvolvimento da modalidade oral da Língua

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Portuguesa e a definição dos profissionais deFonoaudiologia para atuação com alunos da edu-cação básica são de competência dos órgãos quepossuam estas atribuições nas unidades federadas.

CAPÍTULO VDA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E

INTÉRPRETE DE LIBRAS –LÍNGUA PORTUGUESA

Art. 17. A formação do tradutor e intérprete deLibras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meiode curso superior de Tradução e Interpretação, comhabilitação em Libras - Língua Portuguesa.

Art. 18. Nos próximos dez anos, a partir da pu-blicação deste Decreto, a formação de tradutor eintérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nívelmédio, deve ser realizada por meio de:

I - cursos de educação profissional;II - cursos de extensão universitária; eIII - cursos de formação continuada promovidos

por instituições de ensino superior e instituiçõescredenciadas por secretarias de educação.

Parágrafo único. A formação de tradutor e intér-prete de Libras pode ser realizada por organizaçõesda sociedade civil representativas da comunidadesurda, desde que o certificado seja convalidado poruma das instituições referidas no inciso III.

Art. 19. Nos próximos dez anos, a partir da pu-blicação deste Decreto, caso não haja pessoas coma titulação exigida para o exercício da tradução einterpretação de Libras - Língua Portuguesa, as ins-tituições federais de ensino devem incluir, em seusquadros, profissionais com o seguinte perfil:

I - profissional ouvinte, de nível superior, comcompetência e fluência em Libras para realizar ainterpretação das duas línguas, de maneira simul-tânea e consecutiva, e com aprovação em examede proficiência, promovido pelo Ministério da Edu-cação, para atuação em instituições de ensino mé-dio e de educação superior;

II - profissional ouvinte, de nível médio, comcompetência e fluência em Libras para realizar ainterpretação das duas línguas, de maneira simul-tânea e consecutiva, e com aprovação em examede proficiência, promovido pelo Ministério da Edu-cação, para atuação no ensino fundamental;

III - profissional surdo, com competência pararealizar a interpretação de línguas de sinais de ou-tros países para a Libras, para atuação em cursos eeventos.

Parágrafo único. As instituições privadas e as

públicas dos sistemas de ensino federal, estadual,municipal e do Distrito Federal buscarão imple-mentar as medidas referidas neste artigo como meiode assegurar aos alunos surdos ou com deficiênciaauditiva o acesso à comunicação, à informação e àeducação.

Art. 20. Nos próximos dez anos, a partir da pu-blicação deste Decreto, o Ministério da Educaçãoou instituições de ensino superior por ele creden-ciadas para essa finalidade promoverão, anualmen-te, exame nacional de proficiência em tradução einterpretação de Libras - Língua Portuguesa.

Parágrafo único. O exame de proficiência emtradução e interpretação de Libras - Língua Portu-guesa deve ser realizado por banca examinadorade amplo conhecimento dessa função, constituídapor docentes surdos, lingüistas e tradutores e intér-pretes de Libras de instituições de educação supe-rior.

Art. 21. A partir de um ano da publicação desteDecreto, as instituições federais de ensino da edu-cação básica e da educação superior devem incluir,em seus quadros, em todos os níveis, etapas e mo-dalidades, o tradutor e intérprete de Libras - Lín-gua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comuni-cação, à informação e à educação de alunos sur-dos.

§ 1o O profissional a que se refere o caput atuará:I - nos processos seletivos para cursos na insti-

tuição de ensino;II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos

alunos aos conhecimentos e conteúdos curriculares,em todas as atividades didático-pedagógicas; e

III - no apoio à acessibilidade aos serviços e àsatividades-fim da instituição de ensino.

§ 2o As instituições privadas e as públicas dossistemas de ensino federal, estadual, municipal edo Distrito Federal buscarão implementar as medi-das referidas neste artigo como meio de asseguraraos alunos surdos ou com deficiência auditiva oacesso à comunicação, à informação e à educa-ção.

CAPÍTULO VIDA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO

DAS PESSOAS SURDAS OUCOM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Art. 22. As instituições federais de ensino res-ponsáveis pela educação básica devem garantir ainclusão de alunos surdos ou com deficiência au-ditiva, por meio da organização de:

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I - escolas e classes de educação bilíngüe, aber-tas a alunos surdos e ouvintes, com professores bi-língües, na educação infantil e nos anos iniciais doensino fundamental;

II - escolas bilíngües ou escolas comuns da rederegular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvin-tes, para os anos finais do ensino fundamental, en-sino médio ou educação profissional, com docen-tes das diferentes áreas do conhecimento, cientesda singularidade lingüística dos alunos surdos, bemcomo com a presença de tradutores e intérpretesde Libras - Língua Portuguesa.

§ 1o São denominadas escolas ou classes deeducação bilíngüe aquelas em que a Libras e amodalidade escrita da Língua Portuguesa sejam lín-guas de instrução utilizadas no desenvolvimento detodo o processo educativo.

§ 2o Os alunos têm o direito à escolarização emum turno diferenciado ao do atendimento educaci-onal especializado para o desenvolvimento decomplementação curricular, com utilização de equi-pamentos e tecnologias de informação.

§ 3o As mudanças decorrentes da implemen-tação dos incisos I e II implicam a formalização,pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção oupreferência pela educação sem o uso de Libras.

§ 4o O disposto no § 2o deste artigo deve sergarantido também para os alunos não usuários daLibras.

Art. 23. As instituições federais de ensino, deeducação básica e superior, devem proporcionaraos alunos surdos os serviços de tradutor e intér-prete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aulae em outros espaços educacionais, bem como equi-pamentos e tecnologias que viabilizem o acesso àcomunicação, à informação e à educação.

§ 1o Deve ser proporcionado aos professoresacesso à literatura e informações sobre a especifi-cidade lingüística do aluno surdo.

§ 2o As instituições privadas e as públicas dossistemas de ensino federal, estadual, municipal edo Distrito Federal buscarão implementar as medi-das referidas neste artigo como meio de asseguraraos alunos surdos ou com deficiência auditiva oacesso à comunicação, à informação e à educa-ção.

Art. 24. A programação visual dos cursos denível médio e superior, preferencialmente os de for-mação de professores, na modalidade de educaçãoa distância, deve dispor de sistemas de acesso àinformação como janela com tradutor e intérprete

de Libras - Língua Portuguesa e subtitulação pormeio do sistema de legenda oculta, de modo a re-produzir as mensagens veiculadas às pessoas sur-das, conforme prevê o Decreto no 5.296, de 2 dedezembro de 2004.

CAPÍTULO VIIDA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS

PESSOAS SURDAS OUCOM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Art. 25. A partir de um ano da publicação desteDecreto, o Sistema Único de Saúde - SUS e as em-presas que detêm concessão ou permissão de ser-viços públicos de assistência à saúde, na perspecti-va da inclusão plena das pessoas surdas ou comdeficiência auditiva em todas as esferas da vidasocial, devem garantir, prioritariamente aos alunosmatriculados nas redes de ensino da educação bá-sica, a atenção integral à sua saúde, nos diversosníveis de complexidade e especialidades médicas,efetivando:

I - ações de prevenção e desenvolvimento deprogramas de saúde auditiva;

II - tratamento clínico e atendimento especializa-do, respeitando as especificidades de cada caso;

III - realização de diagnóstico, atendimento pre-coce e do encaminhamento para a área de educa-ção;

IV - seleção, adaptação e fornecimento deprótese auditiva ou aparelho de amplificação so-nora, quando indicado;

V - acompanhamento médico e fonoaudiológicoe terapia fonoaudiológica;

VI - atendimento em reabilitação por equipemultiprofissional;

VII - atendimento fonoaudiológico às crianças,adolescentes e jovens matriculados na educaçãobásica, por meio de ações integradas com a áreada educação, de acordo com as necessidades tera-pêuticas do aluno;

VIII - orientações à família sobre as implicaçõesda surdez e sobre a importância para a criança comperda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso àLibras e à Língua Portuguesa;

IX - atendimento às pessoas surdas ou com defi-ciência auditiva na rede de serviços do SUS e dasempresas que detêm concessão ou permissão deserviços públicos de assistência à saúde, por pro-fissionais capacitados para o uso de Libras ou parasua tradução e interpretação; e

X - apoio à capacitação e formação de profissi-

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onais da rede de serviços do SUS para o uso deLibras e sua tradução e interpretação.

§ 1o O disposto neste artigo deve ser garantidotambém para os alunos surdos ou com deficiênciaauditiva não usuários da Libras.

§ 2o O Poder Público, os órgãos da administra-ção pública estadual, municipal, do Distrito Fede-ral e as empresas privadas que detêm autorização,concessão ou permissão de serviços públicos deassistência à saúde buscarão implementar as medi-das referidas no art. 3o da Lei no 10.436, de 2002,como meio de assegurar, prioritariamente, aos alu-nos surdos ou com deficiência auditiva matricula-dos nas redes de ensino da educação básica, a aten-ção integral à sua saúde, nos diversos níveis de com-plexidade e especialidades médicas.

CAPÍTULO VIIIDO PAPEL DO PODER PÚBLICO E DAS

EMPRESAS QUE DETÊM CONCESSÃO OUPERMISSÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS, NOAPOIO AO USO E DIFUSÃO DA LIBRASArt. 26. A partir de um ano da publicação deste

Decreto, o Poder Público, as empresas concessio-nárias de serviços públicos e os órgãos da adminis-tração pública federal, direta e indireta devem ga-rantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado,por meio do uso e difusão de Libras e da tradução einterpretação de Libras - Língua Portuguesa, reali-zados por servidores e empregados capacitados paraessa função, bem como o acesso às tecnologias deinformação, conforme prevê o Decreto no 5.296,de 2004.

§ 1o As instituições de que trata o caput devemdispor de, pelo menos, cinco por cento de servido-res, funcionários e empregados capacitados para ouso e interpretação da Libras.

§ 2o O Poder Público, os órgãos da administra-ção pública estadual, municipal e do Distrito Fede-ral, e as empresas privadas que detêm concessãoou permissão de serviços públicos buscarãoimplementar as medidas referidas neste artigo comomeio de assegurar às pessoas surdas ou com defici-ência auditiva o tratamento diferenciado, previstono caput.

Art. 27. No âmbito da administração públicafederal, direta e indireta, bem como das empresasque detêm concessão e permissão de serviços pú-blicos federais, os serviços prestados por servido-res e empregados capacitados para utilizar a Li-bras e realizar a tradução e interpretação de Li-

bras - Língua Portuguesa estão sujeitos a padrõesde controle de atendimento e a avaliação da satis-fação do usuário dos serviços públicos, sob a co-ordenação da Secretaria de Gestão do Ministériodo Planejamento, Orçamento e Gestão, em con-formidade com o Decreto no 3.507, de 13 de ju-nho de 2000.

Parágrafo único. Caberá à administração públi-ca no âmbito estadual, municipal e do Distrito Fe-deral disciplinar, em regulamento próprio, os pa-drões de controle do atendimento e avaliação dasatisfação do usuário dos serviços públicos, referi-do no caput.

CAPÍTULO IXDAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 28. Os órgãos da administração públicafederal, direta e indireta, devem incluir em seusorçamentos anuais e plurianuais dotações destina-das a viabilizar ações previstas neste Decreto,prioritariamente as relativas à formação, capa-citação e qualificação de professores, servidores eempregados para o uso e difusão da Libras e à rea-lização da tradução e interpretação de Libras - Lín-gua Portuguesa, a partir de um ano da publicaçãodeste Decreto.

Art. 29. O Distrito Federal, os Estados e os Mu-nicípios, no âmbito de suas competências, defini-rão os instrumentos para a efetiva implantação e ocontrole do uso e difusão de Libras e de sua tradu-ção e interpretação, referidos nos dispositivos des-te Decreto.

Art. 30. Os órgãos da administração públicaestadual, municipal e do Distrito Federal, direta eindireta, viabilizarão as ações previstas neste De-creto com dotações específicas em seus orçamen-tos anuais e plurianuais, prioritariamente as relati-vas à formação, capacitação e qualificação de pro-fessores, servidores e empregados para o uso e di-fusão da Libras e à realização da tradução e inter-pretação de Libras - Língua Portuguesa, a partir deum ano da publicação deste Decreto.

Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data desua publicação.

Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184o da In-dependência e 117o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAFernando Haddad

Este texto não substitui o publicado no DOU de23.12.2005

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notícias regionais - TOT

O último trimestre do ano pas-sado foi um período movimenta-do na cidade de Teófilo Otonipara quem estava em busca deconhecimento na área de Educa-ção. Um seminário realizadopela Secretaria Municipal de Edu-cação abordou questões relevan-tes para o desenvolvimento dasações em prol da educação in-clusiva. Realizado de 24 a 28 deoutubro, o evento teve comotema “Educação Inclusiva: direi-to à diversidade” e contou comeducadores, representantes e es-pecialistas de diversos segmentosda área de deficiência.

Para expor sobre “Educaçãoinclusiva e atendimento espe-cializado: deficiência auditiva”esteve presente o presidente daFederação Nacional de Educa-ção e Integração de Surdos(Feneis), Antônio Mário SouzaDuarte.

“A educação inclusiva é ummovimento que compreende aeducação como um direito fun-damental e base para uma soci-edade mais justa e solidária. Essemovimento preocupa-se ematender todas as crianças, jovense adultos, a despeito de suas ca-racterísticas, desvantagens e di-ficuldades, e habilitar todas asescolas para o atendimento nasua comunidade, concentrando-se naqueles que tëm sido maisexcluídos das oportunidadeseducacionais”. Com base nessaafirmação, as Secretarias de Edu-cação Especial, ligadas ao MEC,vem buscando alternativas e cri-ando estratégias para fomentar apolítica de construção de siste-mas educacionais inclusivos.

Direito à diversidadeSeminário capacita gestores e educadores inclusivos

Nesse sentido, de acordo com osorganizadores, o seminário foiuma excelente oportunidade deformar gestores e educadorescapazes de na transformar dossistemas educacionais atuais e

disseminar a política de constru-ção de um sistema educacionalinclusivo.

De 8 a 11 de novembro foirealizado um outro semináriocom a mesma proposta emJequitinhonha (MG).

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permanentes da entidade e têmestimulado esses eventos. Segun-do o presidente da Feneis, a par-tir dos simpósios realizados e deoutras iniciativas, , espera-se ob-ter maior aceitação da LínguaBrasileira de Sinais como Línguanatural do surdo e conscien-tização da sociedade a respeitodo seu papel e da importânciada inclusão social. Na ocasião,Antônio Mário discursou sobreo tema “O que é a Feneis e o seupapel na assistência ao surdo”.

Entendendo melhor acomunicação com surdosFeneis de Teófilo Otoni organiza 5ª Simpósio de Surdos

Para discutir as dificuldadesdo dia-a-dia e questões ligadasà inclusão social e cultura sur-da, a Federação Nacional deEducação e Integração dos Sur-dos (Feneis), por meio do Es-critório Regional de TeófiloOtoni (MG), promoveu nosdias 2 e 3 de dezembro o 5ºSimpósio de Surdos. O eventofoi realizado no Anfiteatro daFenord e contou com a pre-sença do presidente da FeneisAntônio Mário Sousa Duarte.Desta vez, o Simpósio tevecomo base de discussão o se-guinte tema: Entendendo me-lhor a comunicação com sur-dos, teoria e prática.

De acordo com os orga-nizadores a promoção do reco-nhecimento da identidade surdae a eliminação das barreiras decomunicação são preocupações

Ainda estiveram participan-do como palestrantes RodrigoRocha Malta, da Feneis/BH;Luciano de Souza Gomes, di-retor regional da Feneis (TOT),Marianne Stumpf, diretora depolí t icas eduacionais daFeneis; e Shirley Vilhalva, doConselho de Administração daFeneis (surdos), além da lin-güista Tanya Amara Felipe e daintérprete Maria de FátimaSantos Funiel (ouvintes).

O encontro foi marcado poruma programação bastante dinâ-mica, que teve início com asboas-vindas do presidente Antô-nio Mário e o Hino Nacional si-nalizado. Houve dramatizaçõese apresentações artísticas e cul-turais com os surdos de TeófiloOtoni.

Foram expostos temas como“A importância da Associação navida dos surdos”, “Portuguêscomo segunda língua para ossurdos no ensino especial e re-gular”, “Libras em Contexto”,“Formação do Intérprete e Có-digo de Ética” , “O papel dasAssociações na formação do Sur-do” entre outros.

Mariane Stumpf e Tany Filipe Mesa de debate do evento

O presidente da Feneis, Antônio Mário, foi homenageado com um presentepela comunidade surda

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Revista da FENEIS - 29

notícias regionais

O Instituto de Educaçãopara Surdos (SELI) promoveu,no dia 26 de novembro, o IISimpósio “O bilingüismo naprática pedagógica com crian-ças surdas”, na UniversidadeSão Marcos, no bairro doTatuapé (SP).

Foram oito encontros comdiversos temas pedagógicos eprofissionais, envolvendo aLíngua de Sinais. Todos os en-contros foram ministrados porprofissionais da área e pesqui-sadores do assunto.

Os trabalhos foram dividi-dos em duas salas e as mesas-redondas aconteceram simul-taneamente. Assim, os parti-cipantes puderam escolher atemática que desejassem.

Tivemos a participação noperíodo da manhã do diretorregional da Feneis/São Pauloe vice-presidente do ConselhoEstadual para Assuntos da Pes-soa Portadora de Deficiênciade São Paulo, Neivaldo Zovi-co, abordando o tema “Profis-

sionalização de surdos e suainserção no mercado de tra-balho: necessidade de novasatitudes”.

Além do diretor Neivaldo,o evento contou com a parti-cipação da diretora adminis-trativa da Feneis, Neiva Aqui-no Albres, fonoaudióloga,psicopedagoga e mestre emeducação pela UFMS, dividin-do espaço com o professorTarcísio Leite (doutorando emLingüística descritiva- USP),retratando o tema “LínguaBrasileira de Sinais: da curio-sidade ao conhecimento”.

“Existem dois tipos de co-nhecimento: o básico e o ci-entífico. No primeiro, há umaprendizado para comunica-ção em Libras e, no segundo,um aprofundamento na gra-mática e estudos lingüís-ticos”, afirmou Neiva ao nar-rar a história e a realidade daComunidade Surda do Esta-do do Mato Grosso do Sul,onde ministrou aulas na pri-

meira escola de surdos: Cen-tro Estadual de Atendimentoao Deficiente da Audiocomu-nicação (CEADA/SED/MS). Oprofessor e pesquisador Tar-císio, da Universidade de SãoPaulo, explicou que “As va-riações encontradas na línguaoral também são encontradasna Libras”

Em todos os encontros hou-ve a participação de intérpre-tes voluntários da Feneis e desurdos interessados no proces-so educacional. Todos os ins-critos receberam um certifica-do de participação do Sim-pósio e material de divulga-ção do Instituto SELI e da Uni-versidade São Marcos, que ce-deu o local.

Participaram ainda a Feneis/SP, Adefav, Derdic, Ahimsa,Grupo Brasil, Unimep, Usp,Ung, Rotary, Instituto SantaTerezinha, Santa Casa e Seli.

Com apoio de: SELI,UNIVERSIDADE SÃO MARCOS,

FENEIS-SP, MICROSOM-UNITRON.

Evento discuteeducação parasurdos em São PauloBilingüismo na prática pedagógica é tema de encontroe reúne especialistas

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Revista da FENEIS - 31

infantil

Daniel tem 1 ano deidade e gosta muito debrincar. Segundo seuirmão André Luiz, de 8anos, ele também ébastante bagunceiro,mas todos em casaacham lindas as suasperaltices.

Enquanto seus paistrabalham, Daniel ficana creche e serelaciona bem com seuscoleguinhas. Filho desurdos, ele já aprendeualguns sinais para secomunicar.

Daniel de SouzaBarbosa,

um menino cheio de charmeDaniel está bem

fortinho porque comede tudo e se alimentamuito bem. Sua mãediz que ele não deixa acomida no prato e nãodispensa o mingau detodos os dias. Alémdisso, é fã de pizza ede geléia. Esse meninosabe o que é bom!

Daniel esteverisonho durante toda a

entrevista. Noentanto, na hora detirar as fotos para anossa revista fez umpouco de charme eacabou nos revelandotoda a sua graça.

Felicidades paravocê e toda sua famíliaDaniel!

O bebê da surda Maria das Graças

Com o irmão André Luiz

Ao lado da mãe e do irmão

O charme de Daniel

Fotos: Rita Lobato

Colaborou: Rita Lobato

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