Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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REVISTA NPI – NÚCLEO DE PESQUISA INTERDISCIPLINAR
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SUMÁRIO
ALGUNS ASPECTOS ACERCA DO ISSQN - IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE
QUALQUER NATUREZA
Vinícius Bellini Russo
02 - 04
ASPECTOS DO ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO
Ricardo Caroprese, Luis Gustavo Gonçalves, Vanessa Arruda Longano
05 - 12
ALGUNS ASPECTOS DO DIREITO INDIGENA NA ATUALIDADE
Giovana Daniele Sabonaro Segura, Jeremias Augusto de Moraes Sabonaro Segura,
Rosana Pellegrini Hernandes
13 - 19
ASPECTOS GERAIS DA USUCAPIÃO E USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL
Fabiana Ciarrochi
20 - 21
ASPECTOS JURÍDICOS DO DIREITO AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL
POR DANOS AMBIENTAIS
Carlos Roque Dalla Dea
22 - 23
DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS
Amélia Rodrigues Machado
24 - 29
EUTANÁSIA DIREITO DE VIVER E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Natália Domingues Elias Felix Bueno
30 - 33
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ALGUNS ASPECTOS ACERCA DO ISSQN - IMPOSTO SOBRE SERVIÇO
DE QUALQUER NATUREZA
Vinícius Bellini Russo
RESUMO
Tem este trabalho de conclusão de curso a finalidade de demonstrar aspectos gerais a
cerca o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, o qual tem sua
doutrina calcada no Direito Tributário, bem assim, os tipos de serviços desenvolvidos
para que haja a incidência deste tributo. O ISSQN é de competência Municipal e
complementa os recursos próprios da municipalidade, através dos serviços realizados
dentro ou fora de suas limitações territoriais.
Este trabalho possibilitará ao leitor conhecimentos básicos, sobre Tal tributo no que
tange o seu fato gerador, a base de cálculo e alíquota, do referido imposto, pois
mesmo sendo de competência municipal, todos os municípios seguem regras próprias,
contudo com observância das diretrizes impostas pela Constituição Federal.
Palavras-chave: Imposto sobre serviço, direito tributário
REFERÊNCIAS
BALEEIRO, Aliomar de Andrade. Direito Tributário Brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2005.
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Tributário. 24 ed. São Paulo: Editora
Malheiros, 2008
CASTRO, Alexandre Barros. Noções de Direito Tributário. São Paulo: Editora
Saraiva, 2008.
______________________. Procedimento Administrativo Tributário. São Paulo:
Editora Saraiva, 2008.
______________________. Processo Tributário: Teoria e Prática. 3 ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2007.
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Sinopses Jurídicas: Direito Tributário. 11 ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2007.
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DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 20 ed. São Paulo: Editora
Atlas, 2007.
HARADA, Kioshi. ISS Doutrina e Prática. São Paulo: Editora Atlas, 2008.
MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário, tomo II: Previdência
Social. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2003.
MARTINS, Sérgio Pinto. Manual de Imposto Sobre Serviços. 7 ed. São Paulo:
Editora Atlas, 2006.
PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico, 25 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2004.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 22 ed. São
Paulo: Editora Cortez, 2002.
SOUSA, Rubens Gomes de. Compendio de Legislação Tributária. São Paulo. 1975.
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ALGUNS ASPECTOS DO ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE DE
TRABALHO
Ricardo Caroprese, Luis Gustavo Gonçalves, Vanessa Arruda Longano
INTRODUÇÃO
O trabalho exposto acerca do Assédio Moral tem a finalidade de
demonstrar alguns aspectos no âmbito profissional, no que diz respeito ao assédio
moral que vem sendo exposto ultimamente, não somente por nós operadores do
Direito, mas pelos meios de comunicação em geral, como por exemplo, artigos de
revistas, sites, jornais ou meio televisivo etc. Ao enfatizar o tema temos as
denominações que são utilizadas com a mesma finalidade ou mesma função em
diversos países, dando seqüência ao trabalho demonstram se as estatísticas pela
renomada Dra Margarida Barreto. E vem dela também o trecho que diz: “(...) a
exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e
constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no
exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e
assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e a ética
de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s),
desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização,
forçando-o a desistirem do emprego.
Com o tema exposto temos ainda os aspectos ou as estratégias utilizados
pelo agressor ao coagir ou coibir seus subordinados dando ênfase ao próximo tópico
que é a natureza psíquica do empregado e por fim do conteúdo programático temos o
projeto de lei – relação jurídica o qual pretende incluir o art. 146-A. Sendo que a
finalidade é a exclusão da vítima, seja pela pressão deliberada da empresa para que o
empregado se demita.
O objetivo desse trabalho foi o de demonstrar o tema assédio moral no
ambiente de trabalho de maneira para as futuras discussões.
DESENVOLVIMENTO
Contesto social em diferentes países sobre o tema Assédio Moral A
expressões utilizadas pelos outros países segundo Patrícia Martins as denominações
do assédio moral é o harcèlement moral (assédio moral) da França; bullying (tiranizar)
da Inglaterra; mobbing (molestar) dos Estados Unidos e murahachibu (ostracismo
social) do Japão significam aquilo que no Brasil denomina-se de assédio moral, de
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maneira psíquica aterrorizar ou desestabilizar o ambiente de trabalho, denunciado pela
jornalista inglesa Andréa Adams, no livro "Bullying at Work" em 1992. Falecida em
1995 propugnou a tipificação do assédio moral no trabalho como forma delituosa. A
Suécia, Alemanha, Itália, Austrália e Estados Unidos já legislaram em favor das
vítimas dessa forma distorcidas de relacionamento no trabalho. Embora se trate de
ocorrência tão antiga quanto o próprio trabalho, no Brasil, em nível de serviço público
ou privado, o tema surge apreciado de forma tímida, conforme iremos ver no evoluir
deste trabalho (MARTINS, 2005)
Estatística do assédio moral
No Brasil atinge 36% dos brasileiros. O assédio vem ganhando espaços
cada vez maiores na mídia e nas discussões que envolvem os trabalhadores por ser
uma das várias formas de violência que atingem, principalmente, a mulher. Uma
pesquisa realizada pela médica do trabalho Margarida Barreto da PUC de São Paulo.
A pesquisa realizada entre 2001 e 2005, em todos os Estados brasileiros,
mostrou que o assédio moral acontece de Norte a Sul do País. De um universo de
42,4 mil trabalhadores de empresas públicas, privadas, governos e organismos não-
governamentais, dez mil haviam sofrido algum tipo de humilhação no trabalho. Aponta
que 36% da população brasileira economicamente ativa, que está trabalhando, passa
por violência moral. Nos países europeus, segundo a organização internacional do
Trabalho, esse índice cai para 10% e nos Estados Unidos, para 7%.
Define-se por assédio moral toda "exposição prolongada e repetitiva do
profissional a situações humilhantes e vexatórias no ambiente de trabalho". De acordo
com Margarida Barreto, "essas humilhações se caracterizam por relações hierárquicas
desumanas e autoritárias onde a vítima é hostilizadas e ridicularizadas diante dos
colegas e isolada do grupo". O assédio moral se manifesta das mais diferentes formas,
sendo que a principal delas é a pressão para produzir mais e prolongar a jornada de
trabalho.
As humilhações psicológicas exercidas por chefes e colegas são
manifestações cada vez mais comuns (BARRETO, 2006). A pesquisadora afirma que
o assédio moral é uma das consequências do modelo econômico neoliberal, que força
as empresas ao cumprimento rígido de metas, com a diminuição dos postos de
trabalho, sobrecarregando quem permanece no emprego. Observa-se que o
empregador, na ânsia de cada vez mais auferir lucros e benefícios para si próprios,
acaba se esquecendo que o mercado de trabalho é composto por seres humanos
munidos de sentimentos, vontades e direitos a serem respeitados. E é nessa busca
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desenfreada pelo acúmulo de riquezas que o assédio moral ganha espaço e destrói
aqueles cuja importância é cada vez maior dentro do cenário de desenvolvimento
econômico.
Envolvido nessa rotina de aumento da produtividade, o trabalhador nem
sempre percebe o problema – ou para piorar, passa a ser cúmplice do próprio martírio,
aumentando sua jornada, tornando-se um adversário dos colegas para demonstrar
suas capacidades e reduzindo prazos e equipes, para não ser apontado como “peça
discordante do sistema”. De posse desses contrapontos iniciais, deve ser analisada a
atual conjuntura enfrentada pelos trabalhadores ante a ausência de uma proteção
legislativa por parte da CLT, mas com um sopro de esperança frente a novos projetos
de leis em âmbitos territoriais diferentes, embora com objetivos idênticos e resultados
cada vez mais inesperados. Dando enfoque, como prioridade, a formas de prevenção
ao assédio moral no ambiente de trabalho.
Em consequência disso, a busca desenfreada pelo poder influencia o
âmago de algumas pessoas e as faz tornar o ambiente de trabalho um lugar de
conflitos sem escrúpulos. O homem está fragmentado porque não trabalha em um
ambiente adequado e não há valorização do seu trabalho (MAZZNI, 2003). O trabalho,
que a princípio era voltado ao domínio da natureza é deturpado para dominar o
homem. Incidente na base do sistema econômico da atualidade, na condição de
componente fundamental, foi ele subordinado aos interesses do capital, transpondo
suas características para os demais espaços societários, particularmente o político e o
jurídico. Pode-se afirmar que o assédio moral nas relações de trabalho é um dos
problemas mais sérios enfrentados pela sociedade atual.
Conforme visto, ele é fruto de um conjunto de fatores, tais como a
globalização econômica predatória, vislumbra somente da produção e do lucro, e a
atual organização de trabalho, marcada pela competição agressiva e pela opressão
dos trabalhadores através do medo e da ameaça (FERREIRA, 2004, p. 33).
Em que pese o tema em questão seja alvo de atual discussão no âmbito
“jus trabalhista”, no que tange às decisões jurisprudenciais, este fenômeno tem se
expandido notavelmente nos últimos dez anos, influindo no meio ambiente de trabalho
com consequências pós-traumáticas ao trabalhador assediado quando a situação é
habitual e inerente às condições de trabalho e o ambiente em laborar é hostil,
intimidatório e humilhante.
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Conceito de assédio moral
O assédio moral no âmbito “jus trabalhista” é a exposição de trabalhadores
e trabalhadoras a situações que são humilhantes e constrangedoras. O assédio moral,
ou ainda terror psicológico como também é conhecido, destina-se a definir uma
violência pessoal, moral e psicológica. Nada mais é do que uma forma de submissão
do trabalhador a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes, de maneira
reiterada e prolongada, durante a jornada de trabalho ou até mesmo fora dela, em
razão das funções que exerce.
É conceituada também como uma conduta abusiva (gestos, palavras,
comportamentos, atitudes...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a
dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, trazendo como
conseqüências, a degradação do ambiente de trabalho, a vulnerabilidade e
desequilíbrio da vítima, dentre outras. Resultando, dessa forma, sérios riscos à saúde
física e psicológica do trabalhador e às estruturas da empresa e do Estado
(TERRIN,2007). Cada localidade em específico vem, à sua maneira, atribuindo uma
denominação, aliada a uma conceituação, diante da forma como o assédio se realiza
perante seus olhos.
A pesquisa mais completa foi realizada por Hirigoyen, pois ela selecionou
visões diversificadas do fenômeno em vários países. "Por assédio moral em um local
de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se,
sobretudo, por comportamentos, palavras, gestos, escritos, que possam trazer dano à
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em
perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho (HIRIGOYEN, 2002, p. 67)".
Estratégias do agressor (sujeito ativo)
É escolher a vítima e isolar do grupo; impedir a vítima de expressar sem
motivos aparentes; fragilizar, ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em frente ao
grupo; culpabilizar ou responsabilizar publicamente – tendo comentários de sua
capacidade ultrapassar o âmbito profissional atingindo sua família em seu ambiente
domestico; desestabilizar emocionalmente e profissionalmente atingindo sua
autoconfiança e o interesse profissional; atingir sua saúde (doenças preexistentes);
livrar-se da vítima que são forçadas a pedir demissão – geralmente por
insubordinação; se impor para que a produtividade aumente – tendo assim maior
autonomia sobre seus subordinados. (BARROS, 2000).
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Natureza Psicológica
Na formulação atual, o assédio moral é concebido como uma forma de
"terror psicológico" praticado pela empresa ou pelos colegas, que também é definido
como "qualquer conduta imprópria que se manifeste especialmente através de
comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos capazes de causar ofensa à
personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, de
colocar seu emprego em perigo ou de degradar o clima de trabalho", ou mesmo como
"prática persistente de danos, ofensas, intimidações ou insultos, abusos de poder ou
sanções disciplinares injustas que induz naquele a quem se destina sentimentos de
raiva, ameaça, humilhação, vulnerabilidade que minam a confiança em si mesmo".
Um dos elementos essenciais para a caracterização do assédio moral no
ambiente de trabalho é a reiteração da conduta ofensiva ou humilhante, uma vez que,
sendo este fenômeno de natureza psicológica, não há de ser um ato esporádico capaz
de trazer lesões psíquicas à vítima (NASCIMENTO, 2003).
Segundo Nascimento (2003) demonstra como se esclarece o acórdão
proferido no TRT da 17ª Região, "a humilhação repetitiva e de longa duração interfere
na vida do assediado de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e
relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que
podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte,
constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho."
Necessidade do dano psíquico-emocional: Uma das discussões atuais sobre o tema,
que foi, inclusive, levantada durante debate no 18º Congresso Brasileiro de Direito
Coletivo e Individual do Trabalho é a questão da necessidade de existência do dano
psíquico-emocional para que o assédio moral esteja configurado.
De um lado, argumenta-se que se a comprovação da existência do dano
for condição para a configuração do assédio moral, será criada uma situação na qual
as "vítimas" que tivessem uma estrutura psicológica mais preparada estarão
desprotegidas. Desse modo, a conduta assediadora não será condenada ou coibida
pelas autoridades, vez que não haveria a figura do assédio moral a ser punida.
Defendeu-se, portanto, que a efetiva comprovação do dano emocional não poderia ser
requisito para a configuração do assédio, pena de, indiretamente, permitir a ação
assediadora com relação aos empregados emocionalmente mais resistentes. Visto,
pois, o assédio moral é uma das formas de se configurar o dano aos direitos
personalíssimos do indivíduo. Assim, um ato violador de qualquer desses direitos
poderá configurar, dependendo das circunstâncias, o assédio moral, o assédio sexual
ou a lesão ao direito de personalidade propriamente dita.
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A diferença entre eles é o modo como se verifica a lesão, bem como a
gravidade do dano. Dessa forma, teríamos o assédio moral como uma situação de
violação mais grave que a "mera" lesão do direito de personalidade, eis que acarreta
um dano à saúde psicológica da pessoa, à sua higidez mental, o que deve ser mais
severamente repreendido pelo ordenamento. Tal repreensão se revela,
principalmente, no tocante à valoração da indenização advinda do assédio moral, que
deve ser analisada de modo diverso daqueles critérios comumente utilizados para as
demais formas de pleito do dano moral. Nota-se que não é dado ao assediado a
devida atenção valorativa na reparação do dano sofrido, pois, como forma mais grave
de violação da personalidade e da saúde mental do trabalhador, mereceria
indenização superior.
Estudos feitos por médicos e psicólogos do trabalho mostram que o
processo que desencadeia o assédio moral pode levar à total alienação do indivíduo
do mundo social que o cerca, julgando-se inútil e sem forças e levando, muitas vezes,
ao suicídio. Levando isso em conta, a não configuração do assédio moral pela
ausência do dano psíquico não exime o agressor da devida punição, pois a conduta
será considerada como lesão à personalidade do indivíduo, ensejando o dever de
indenizar o dano moral daí advindo.
A pessoa que resiste à doença psicológica, seja por ter boa estrutura
emocional, seja por ter tido o cuidado de procurar ajuda profissional de psicólogos ou
psiquiatras, não será prejudicada, pois sempre restará a reparação pelo dano moral
sofrido, ainda que o mesmo não resulte do assédio moral. Assim, reiteramos nosso
entendimento no sentido de que nem todo dano à personalidade configurada sobre o
assédio moral, como se percebe na maioria dos estudos jurídicos atuais e,
principalmente, nas decisões da Justiça do Trabalho. Para concluir esse ponto, reitero
que: a) a existência do dano psíquico, emocional ou psicológico é requisito para
configuração do assédio moral; b) é necessária a prova técnica do dano, que se daria
por meio de laudo médico afirmando existir a doença advinda do trabalho; c) a vítima
da conduta assediadora que não sofrer esse tipo específico de dano não ficará
desprotegida, pois ainda poderá pleitear danos morais pela ofensa aos seus direitos
de personalidade.(NASCIMENTO,2005).
Principais aspectos do assédio moral no ambiente de trabalho Aspecto
subjetivo: a grande maioria direciona a vedação do assédio moral a todos os
servidores, não fazendo distinção entre superiores hierárquicos ou funcionários entre
si, exceto a lei da cidade de Natal, a qual sujeita tão-somente aqueles nomeados para
cargos de confiança, excluindo os efetivos. Sanção: estabelecem as seguintes
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penalidades: advertência, suspensão, a qual pode ser cumulada com a participação
em curso de aprimoramento profissional e multa, e exoneração/ demissão,
obedecendo a um critério de gradação.
Procedimento: a parte ofendida ou a autoridade que tiver conhecimento da
infração poderá, de ofício, iniciar procedimento administrativo para apuração daquela,
sendo assegurada a ampla defesa. Projeto de Lei Federal Para Sônia Mascaro
NASCIMENTO, temos o PL 4742/2001, o qual pretende incluir o art. 146-A no Código
Penal Brasileiro com a seguinte redação: “Art. 146-A. Depreciar, de qualquer forma e
reiteradamente a imagem ou o desempenho de servidor público ou empregado, em
razão de subordinação hierárquica funcional ou laboral, sem justa causa, ou tratá-lo
com rigor excessivo, colocando em risco ou afetando sua saúde física ou psíquica”.
Pena - detenção de um a dois anos.” O mesmo encontra-se junto à Mesa Diretora da
Câmara dos Deputados desde 01.12.2003.
Finalidade do assédio moral: Como já se ressalvou, o objetivo principal do
assédio moral é a exclusão da vítima, seja pela pressão deliberada da empresa para
que o empregado se demita, aposente-se precocemente ou ainda obtenha licença
para tratamento de saúde, bem como pela construção de um clima de
constrangimento para que ela, por si mesma, julgue estar prejudicando a empresa ou
o próprio ambiente de trabalho, pedindo para ausentar-se ou para sair definitivamente.
Tal finalidade, como já observado, guarda traços discriminatórios, uma vez que,
imotivadamente, cria-se uma situação para furtar-se de despesas com verbas
trabalhistas ou ainda para excluir alguém indesejado simplesmente pela competição
entre colegas, discriminando a vítima com objetivos ilícitos (NASCIMENTO, 2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Assédio Moral consiste na degradação das condições de trabalho,
prevalecendo atitudes e condutas negativas, como por exemplo, as situações
humilhantes e constrangedoras afetando a parte psíquica emocional do indivíduo,
lesando o seu direito de personalidade. Consiste em atos repetitivos de ofensa, ou
constrangimento e geralmente acontece do superior aos seus subordinados e uma
relação de hierarquia. Esta agressão moral influi na perda da auto-estima do
trabalhador, gerando inúmeros problemas nas relações afetivas - sociais e danos à
saúde física e mental, que evoluem para a incapacidade “laborativa”. Se este
problema não for sanado nas empresas, terão uma perspectiva sóbria, pois no
ambiente de trabalho predominará as depressões, angustias e outros danos psíquicos,
envolvendo a globalização, que caracteriza o trabalho desenfreado, a busca pelo
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dinheiro a qualquer custo, esquecendo que o bem maior é a “vida”, a saúde, o bem
estar, viver em harmonia com os outros.
REFERÊNCIAS
BARRETO, M. Uma jornada de Humilhações. FAPESP/ PUC. 2000. Disponível em:
<http//www.ilo.org/public>. Acesso em: 10 fev.. 2009.
FERREIRA, H. D. B.. Assédio Moral nas Relações de Trabalho. 1 ed., São Paulo:
Russel. 2004.
HERINGOYEN, M.. Assédio Moral: A violência preservada no cotidiano. Bertan, Rio
de Janeiro: Bertan, 2002.
MAZZNI, F. Ambiente de Trabalho deve ser Humanizado. Folha de Londrina.
Disponível em: <http://www.bonde.com.br/folhadelondrina> Acesso em: 28 out. 2009.
NASCIMENTO, Sônia A.C. Mascaro. O assédio moral no ambiente do trabalho.
2004. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5433>. Acesso
em 17 de jun. de 2009.
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ALGUNS ASPECTOS DO DIREITO INDIGENA NA ATUALIDADE
Giovana Daniele Sabonaro Segura, Jeremias Augusto de Moraes Sabonaro Segura,
Rosana Pellegrini Hernandes
RESUMO
Pretendeu-se com o presente trabalho tecer algumas linhas gerais sobre o Direito
Indígena mediante uma linha cronológica que remonta os tempos remotos até a
atualidade, sem, contudo exaurir o tema. O Direito Indígena ainda hoje, tem muitos
campos para discussão, pois no decorrer dos séculos, com a “evolução” pouco se
mudou em respeito aos índios. Este trabalho apontou alguns aspectos do Direito
Indígena na atualidade, que muitas vezes não são respeitados, que embora esteja
elencado na carta magna, não são observados com o rigor necessário que o tema
exige. Este trabalho visa à discussão do tema que ora é levado com irrelevância pela
sociedade. Este trabalho visou, também, discorrer sobre a questão indígena, e toda
problemática que a envolve, e vem sendo discutida há tempos sob diferentes prismas.
Palavras-chave: Indígena, Historia Colonização, proteção, dignidade.
INTRODUÇÃO
A identidade de um povo se faz com a participação de todos, inclusive dos
índios. No Brasil, desde a época da colonização, tem-se observado um maior apego
social para com os povos chamados de civilizados, o mesmo ocorrendo na América
Latina em geral. Assim, muito tem se perdido em termos culturais e,
conseqüentemente, na formação da identidade do povo brasileiro. Como resultado
dessa negligência social para com a cultura indígena, as leis brasileiras tem se
moldado criando uma falsa realidade nacional quanto ao que é o povo brasileiro.
Diante dessa realidade, o direito e a sociedade não podem permanecer
inertes, e as leis de proteção ao índio deveriam ir além da proteção da pessoa humana
do índio e da demarcação de terras. Infere-se, portanto, que se trata de preservar a
identidade nacional. O Direito Indígena, ainda hoje, motiva muita discussão, pois ao
decorrer dos séculos pouco se mudou nas tutelas legais ao índio atribuídas. Como
será evidenciado adiante, há pouca tutela na legislação nacional que trata dos
indígenas e da sua proteção em geral e no aspecto cultural. Encontram-se referências
no Código Civil, na Constituição de 1988 e no Estatuto do Índio. Estigmatizados como
selvagens, os índios merecem dignidade, mas, ao invés disso, são assassinados,
explorados, perseguidos e sua cultura tem sido dilacerada.
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Existe preconceito contra o índio no Brasil, um país que nega sua
plurietnicidade. Nesse diapasão, a sociedade brasileira e as nossas leis estão longe
de assegurar aos índios e aos povos ou comunidades indígenas a possibilidade de
livre escolha dos seus meios de vida e de subsistência, assim como de promover o
respeito à organização social, aos usos, costumes, línguas e tradições dos povos e
comunidades indígenas, a todos os seus bens, seus modos de viver, criar e fazer,
seus valores culturais e artísticos e demais formas de expressão, conforme nossas leis
acalentam. O objetivo desse trabalho foi o de analisar o tema direito indígena
buscando oferecer novas ferramentas para discussão na área jurídica ou em áreas
relacionadas.
DESENVOLVIMENTO
São considerados povos indígenas, grupos de pessoas espalhados ao
redor do mundo e que são diferentes entre si tanto no seu modo de viver, quanto por
sua cultura. Segundo a Lei 6001/73 em seu artigo. 3º, I, Índio para efeito legal é: “Índio
é todo indivíduo de origem e ascendência pré- colombiana que se identifica e é
identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o
distinguem da sociedade nacional”. Ou seja, para ser caracterizado índio,
necessariamente o individuo deverá possuir as características e qualidades que a lei
expõe.
Destarte que algumas noções gerais acerca dos direitos e deveres
inerentes aos indígenas, como bem se pode verificar na Lei 6001/73 em seu Capitulo
III art. 12. Art. 12. “Os nascimentos e óbitos, e os casamentos civis dos índios não
integrados, serão registrados de acordo com a legislação comum, atendidas as
peculiaridades de sua condição quanto à qualificação do nome, prenome e filiação”.
Como bem demonstra o artigo acima o indígena tem o direito ao registro de
nascimento e óbito.
O indígena poderá também possuir direito a um registro na comunidade
onde nasceu, configurando, assim, uma identificação étnica. Verifica-se no exercício
do direito a cidadania no que tange ao direito de voto, todo cidadão brasileiro pode
votar, inclusive os índios desde que possua registro eleitoral. Porem se viverem em
aldeia e a maioria decide não votar, prevalece a vontade, pois é garantia constitucional
o direito aos costumes como também é ressaltado na Lei 6001/73, em seu art. 1º
parágrafo único: “Aos índios e às comunidades indígenas se estende a proteção das
leis do País, nos mesmos termos em que se aplicam aos demais brasileiros,
resguardados os usos, costumes e tradições indígenas, bem como as condições
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peculiares reconhecidas nesta Lei”. Destaca-se ainda no Brasil o multilinguismo
indígena que conta com mais de 180 línguas e dialetos.
Tendo em vista o processo de colonização no Brasil, a língua Tupinambá,
foi incorporada por grande parte dos colonos e missionários, sendo ensinada aos
índios nas missões e reconhecida como língua geral. Até hoje, muitas palavras de
origem Tupi fazem parte do vocabulário cotidiano dos brasileiros. Em meio a essa
diversidade, apenas 11 línguas têm acima de cinco mil falantes: Baniwa, Guajajara,
Kaingang, Kayapó, Makuxi, Sateré-Mawé, Terena, Ticuna, Xavante, Yanomami e
Guarani [guarani-nandeva / guarani mbya], sendo esta duas Revista NPI/FMR -
Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Ano V 3 últimas faladas por aproximadamente 30
mil pessoas.
Em contrapartida, cerca de 110 línguas contam com menos de 400
falantes. (INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL ISA, 2008, pag.02). Com o contato com a
nossa sociedade muitas mudanças ocorreram na vida dos indígenas, e sob o prisma
de que a cultura em si não é estática, com a cultura indígena também não é diferente,
mesmo que não sofra influencia da nossa cultura, ela por si só vai sofrendo
transformações. Porem as mudanças ocorridas por intermédio do contato com a nossa
sociedade são visíveis e preocupantes, inúmeras aldeias perderam suas línguas e só
falam hoje o português. No Brasil há pelo menos 46 referências de "índios isolados".
Assim são chamados aqueles cujo contato com o órgão indigenista oficial (Fundação
Nacional do Índio – Funai-1967) não foi estabelecido. Não se sabe ao certo quem são,
onde estão, quantos são e que línguas falam. O pouco que se sabe é que cerca de 26
dessas referências encontram-se em Terras Indígenas já demarcadas ou com algum
grau de reconhecimento pelos órgãos federais. E, do total das 46, 12 já foram
confirmadas pela FUNAI, porem a FUNAI não obteve contato ainda. Desde 1987, a
FUNAI possui uma unidade especifica que tem por finalidade localizar e proteger os
índios isolados, a CGII (Coordenaçao geral dos índios isolados). Em 1967 criou-se a
FUNAI, órgão governamental encarregado de aplicar as políticas indígenas, que
continuam a desempenhar papel central em relação à situação dos direitos humanos
dos povos indígenas. (DHnet Direitos Humanos,2002). Desse modo, o exercício da
tutela jurisdicional fica, inevitavelmente, condicionado a política indigenista do Poder
Federal.
E o mais grave, como lembra-nos Lásaro Moreira da Silva (2003): “Estado-
tutor não tem responsabilidade civil objetiva no exercício dessa tutela, porque somente
responde por prejuízos causados se houver prova da existência de dano ao patrimônio
ou de que o ato foi praticado de forma contrária à lei, não sendo bastante para
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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caracterizar a responsabilidade mera prova de que a conduta se mostrou prejudicial ao
patrimônio ou aos direitos e interesse dos indígenas como vem ocorrendo no caso da
prescrição trabalhista em que tutor, vale dizer, o Estado não age e quando chamado a
assegurar o direito violado simplesmente declara, impunemente, que a ação que
deveria ter sido por ele ajuizada em tempo oportuno e não o foi, encontra-se prescrita.”
Então desde o momento da colonização nada mais se conseguiu se não discriminar os
indígenas, o papel principal que era proteger, não aconteceu de fato necessário se faz,
portanto, que a questão seja revista, inclusive quanto ao órgão tutor para que ele
possa se legitimar perante as aldeias indígenas. Em 1500 Portugal considerou todo o
território brasileiro como parte integrante do seu domínio, por mais de dois séculos, em
razão disso não foram feita quaisquer considerações relativas aos indígenas, por
estarem habitando já as terras antes da chegada dos portugueses, e não se cogitava a
possibilidade de dar nenhum direito aos colonizados. Revista NPI/FMR - Núcleo de
Pesquisa Interdisciplinar Ano V 4
Com o advento do alvará régio de 1680 é que Portugal reconheceu o
direito dos índios, e conseqüentemente o direito da posse sobre suas terras por serem
eles os primeiros ocupantes e donos naturais. Entretanto esse alvará não teve força o
suficiente para acabar com o esbulho por parte dos colonos, continuando assim o
desrespeito em relação aos índios e suas terras. Com o advento da Carta Régia de
1808 as terras que foram conquistadas foram declaradas devolutas, e ainda hoje se
encontram problemas dessas terras. As demais tentativas da coroa português em
ordenar a ocupação territorial indígena serviram para dar um território pequeno para
os índios, e o restante do território para o processo de colonização. Esta política,
associada à praxe de transformar todos os demais espaços em terras devolutas sobre
as quais se permitia a titulação a terceiros, vai gerar o caos fundiário, de fato e de
direito, no qual os índios se viram envolvidos. Basta ver que, no período do Império, a
chamada Lei de Terras, de 1850 – a primeira lei que tratou de regulamentar a
propriedade privada no território brasileiro – assegurou o direito territorial dos índios,
vinte e seis reservando terras para a sua colonização. Isso, segundo Carlos Moraes,
“era na verdade a reafirmação do indigenato”, instituto do período colonial que
reconhecia os índios como os primeiros e naturais senhores da terra. Entretanto, logo
depois, o mesmo Império tratou de criar outra regra que permitisse desviá-lo do
respeito aos direitos que ele pretendia garantir: foram expedidas instruções que
consideravam como devolutas as terras das aldeias que tivessem sido abandonadas
pelos índios.
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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De fato, isso gerou novas práticas nocivas, pois os presidentes de
províncias passaram a simplesmente atestar que terras indígenas haviam sido
abandonadas pelos índios, sem que isso necessariamente correspondesse à
realidade. Tudo com vistas a facilitar o processo de titulação das terras para terceiros,
agravando o quadro de esbulho aos direitos dos índios. Na mesma linha dos atestados
de abandono de terras, surgiram mais tarde as “certidões negativas” expedidas pelo
SPI e, até hoje, pela própria FUNAI, que consistem em atestar a priori, a pedido de um
particular ou quem mais for interessado, que uma dada terra não é terra indígena. É
preciso que se diga que muitos abusos foram cometidos em nome de tais certidões
negativas, gerando para os índios, em alguns casos e ainda hoje, a tarefa descomunal
de ter que provar que existem ou que sempre estiveram lá. ARAÚJO et al .(2006).
Os povos indígenas reivindicam direitos legais sobre 11% do território
nacional e têm obtido importantes reconhecimentos dos mesmos. Em sua grande
maioria, as terras indígenas (aproximadamente 95%) situam-se na Amazônia,
ocupando cerca de 18% da região, e nelas vivem pouco menos de 50% dos indígenas
brasileiros. Em contraste, outros 50% dos indígenas são habitantes de áreas do sul do
Brasil, cuja superfície é inferior a 2% do total dos territórios indígenas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante minha caminhada na Faculdade me deparei com um tema que
ficará marcado em minha vida, o escolhi como tema do TCC (Trabalho de Conclusão
de Curso), justamente por sua significância na historia do Brasil, que foi marcada por
colonizações e conflitos. Dentro do tema, pois é preciso resgatar a dignidade dos
povos indígenas, respeitando e evidenciando seus direitos, sua historia, e
principalmente seus valores culturais que são albergados por norma constitucional e
infraconstitucional dos quais faço menção da convenção 169 da OIT e a lei 6001/73
denominada Estatuto do Índio, e o principal respeitarem o seu direito de ter direito.
Ao garantir os direitos aos índios estaremos demonstrando realmente em
um Estado Democrático de Direito. Estabelecendo as garantias fundamentais às
minorias, que ainda hoje com todo avanço que sofremos nada se mudou em relação a
eles. No decorrer dos anos não se efetivando os direitos os indígenas foram
lesionados, sofreram usurpação de terras, imposições da cultura do homem branco, e
quase perderam sua cultura, o estado ao invés de proibir tais pratica se mantém,
mesmo com a pressão inclusive de órgãos internacionais. Infelizmente um ato
lamentável. Necessário se faz, portanto que o direito dos indígenas seja compreendido
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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por nossa sociedade de forma a angariar uma convivência em torno de uma
democracia justa e verdadeira.
Necessário, ainda, que haja emenda a legislação completando os pontos
lacunosos, albergado pela Constituição Federal de 1988. Necessário se faz sim de
possuirmos leis fundamentais e disposições internacionais, entretanto o essencial é
que na pratica os mesmos sejam efetivados e respeitados. Pois mesmo com a
evolução da sociedade, ainda hoje em pleno Século XXI, nada mudou em relação aos
índios. Pois como bem ressalta o principio da isonomia, elencado Constituição Federal
a igualdade dos Direitos assegurados a pessoa humana. Mesmo o indígena possuindo
legislação especial possui igualdade de direito e deveres.
O Direito Indígena vem demonstrar que a maioria dos problemas
desencadeados é pelo desconhecimento do assunto, pela ignorância e total
desinteresse da sociedade. Pois o que eles se esquecem de sua verdadeira historia,
pois a primeira civilização constituída no Brasil era a dos indígenas. O índio e o
percussor da nossa civilização, e o direito tutelam a sociedade das quais índios e
brancos fazem parte. Portanto como toda obra humana, este trabalho não têm a
pretensão de ser perfeito, nem de esgotar todas as questões temáticas nele tratado,
deixando uma lacuna para quem, por este tema, possa se interessar e desenvolver.
Com o intuito de trazer o tema à tona, para futuros questionamentos, não deixando
que se torne um tema obsoleto, pois possui uma total relevância tanto para o âmbito
Jurídico, quanto para a Sociedade.
BIBLIOGRAFIA
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autodeterminação dos povos indígenas. Florianópolis, 2003. Dissertação (Mestre
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Emancipatória. Porto Alegre: Síntese, 2003.
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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ASPECTOS GERAIS DA USUCAPIÃO E USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL
Fabiana Ciarrochi
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem a finalidade de demonstrar a
usucapião especial rural ou pro labore, que decorre do trabalho produtivo da terra,
visto que o espírito da lei decorre da fixação do homem no campo, prestigiando
aqueles que trabalham na terra. Exigindo a ocupação produtiva do imóvel, devendo
neste morar e trabalhar. Constituindo a consagração do princípio ruralista de que deve
ser dono da terra rural quem tiver frutificado com o suor, tendo nela sua morada e da
sua família. A modificação de alta importância que prevaleceu na Constituição de 1988
foi a incidência sobre bens públicos dominicais, particulares sobre terras devolutivas. A
razão pela qual o tema foi escolhido deve-se pela necessidade de se buscar novas
alternativas para que a situação econômica e social do país seja contornada; por isso
a pesquisa se delimitará a analisar o que vem ser a usucapião e a usucapião especial
rural, com a função de alertar a incoerência do legislador em não aceitar a incidência
de usucapião em terras devolutas, mesmo que este instituto tenha como objetivo a
construção de pequenas propriedades rurais, aumentando a mão de obra no campo.
Palavras chaves: usucapião, rural, direito civil.
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DINIZ, Maria Helena. Curso De Direito Civil Brasileiro. 23 ed. São Paulo: Saraiva
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FUIZA, César. Direito Civil. 10 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.
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VENOSA, Sílvio De Salvo. Direitos Reais. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
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22
ASPECTOS JURÍDICOS DO DIREITO AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE
CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS
Carlos Roque Dalla Dea
RESUMO
O presente tema tem por objeto a análise dos riscos ambientais a que toda sociedade
está sujeita, pelo contínuo progresso e desenvolvimento econômico, além de mostrar
a responsabilidade civil daqueles que causarem degradação ambiental, mostrando as
formas de poluição ao meio ambiente, bem como as formas de prevenção e processos
judiciais que permitem a reparação, encontrando amparo na proteção ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado assegurado pela Constituição Federal de 1988,
bem como no dever por ela imposto ao poder público e à sociedade de cuidar por tal
equilíbrio. A importância do estudo decorre da natureza de direito fundamental ligado
ao meio ambiente, cuja preservação, repita-se, cabe a toda a coletividade e ao Estado,
que deve trabalhar cuidadosamente para prevenir, punir, reparar ou fazer com que se
repare os danos ambientais causados por seus agentes ou por terceiros. Para o
desenvolvimento do tema, faz-se necessário examinar, à luz da Constituição Federal,
os instrumentos de lei que tratam da responsabilidade civil por dano ao meio
ambiente, mostrar as características do meio ambiente e do dano causado a ele para,
daí então, examinar as diversas teorias desenvolvidas para a distribuição da
responsabilidade civil decorrente do dano ao meio ambiente. A responsabilidade civil
em relação ao meio ambiente necessita ainda de muito amadurecimento e
aprofundamento, já que trata-se de um tema relativamente novo. A proteção ao meio
ambiente resguarda os valores mais importantes do ser humano, como a saúde e a
qualidade de vida. Este trabalho terá como meta a análise da responsabilidade civil em
matéria ambiental, principalmente sob o aspecto moral da coletividade, que é
modalidade de reparação civil consagrada em lei, descrevendo sobre a
responsabilidade civil em si e sobre a responsabilidade civil em matéria ambiental.
Palavras chaves: Responsabilidade, civil, danos, meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Tribunais, 2004.
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DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS
Amélia Rodrigues Machado
INTROUÇÃO
“São direitos reais aqueles que recaem diretamente sobre a coisa” (Dower,
2004, p. 18). Os direitos subjetivos, o de possuir o bem, em sua doutrina, Maria
Helena Diniz faz menção desses direitos como: “Os direitos subjetivos concernentes
ao domínio são os direitos reais chamados direito de propriedade.” (Diniz, 2008, p.
369) O artigo 1225 do Código Civil dispõe os Direitos Reais como: “propriedade,
superfície, servidões, usufruto, uso, habitação, direito do promitente comprador do
imóvel, penhor, hipoteca, anticrese”. Em relação a classificação, Fábio Ulhoa Coelho
os classifica da seguinte forma: “direitos sobre a própria coisa e direitos sobre coisas
alheias” (Coelho, 2006, p. 221).
Didaticamente a doutrina em sua maioria, entendeu por bem agrupá-los da
seguinte forma: Direitos sobre Coisas Alheias e, Direitos sobre Coisa Própria, dos
quais, será tomado o primeiro.
O objetivo deste estudo é ter um breve conhecimento dos direitos reais
sobre coisas alheias, sendo este a base dos direitos de: gozo e fruição; reais de
garantia; reais de aquisição.
DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS
Conceito
Direito, um conjunto de normas, leis, destinadas à conduta das pessoas, a
conduzir, a reger uma sociedade, sendo considerado como direito objetivo. Diz-se
também, sistema de normas jurídicas, determinado a reger um país, um grupo social
maior, com seus costumes, culturas, e tudo o que caracteriza um povo. Como nas
relações sociais, o Direito é a ciência que estuda esse sistema de normas, que o
esmiúça, para melhor entendimento e aplicação, o qual rege os seres humanos em
sociedade. Didaticamente, ou seja, para que se entenda o Direito, dividiu-se esse
estudo em diversos ramos, tais como: direito comercial, direito civil, direito penal,
direito administrativo, direito constitucional e outros. Cada um deles tem como objetivo
dar uma clareza maior e melhor naquilo que pertine a área abrangida, nas relações
interpessoais e nos diversos aspectos do quotidiano de uma sociedade. Como sistema
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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de normas, Direito é constituído para dirimir, superar conflitos ou resolvê-los, quando
possível, de comportamentos do ser humano.
Dentre esses conflitos, têm aqueles, sobre bens (animais, vegetais,
minerais, etc.) que a sociedade vive dia-dia. O estudo dos direitos reais e direitos
pessoais faz parte da disciplina do Direito Civil. O homem, desde os tempos
primórdios, sempre viveu o direito de posse, de ter como sua a coisa, ou seja, o direito
das coisas para dispô-las limitadamente, como quisesse, com respeito, ponderação e
aplicação. Com maior clareza, direito real por excelência é a propriedade, a qual, a
princípio, engloba todos os atributos desse poder sobre a coisa. A esse respeito Silvio
Rodrigues diz em sua doutrina: “O direito real mais completo é o domínio, pois confere
ao seu titular a prerrogativa de usar, gozar e dispor da coisa, bem como de reivindicá-
la de quem quer que injustamente a possua” (Rodrigues, 2003, p. 259). No entanto,
pode-se conceber, ou se constituir direito real sobre um bem, cujo exercício tem por
privilégio um dos atributos da propriedade.
Os direitos pessoais são decorrentes, isto é, provindos de lei ou contrato,
os quais vêm conferir a alguém a possibilidade de exigir da outra parte, determinada
prestação de uma obrigação, ou mesmo exigir que outrem se abstenha de fazer algo,
capaz de gerar uma obrigação e, em não a cumprindo (obrigação), o direito a
indenização. Diferentemente de direito na coisa, é direito à coisa, ou, ainda melhor,
direito à determinada coisa. Muito presente nos direitos pessoais, o lado econômico da
obrigação/ prestação, explica o fato da possibilidade de se resolver em indenização, a
fim de que, a parte, vítima da inadimplência da outra, seja compensada dos prejuízos
disto decorrentes. À vista disto, fundamentalmente se estabelece diferença entre os
direitos reais e pessoais, e que, o primeiro é oponível contra todos que não o titular, o
segundo somente contra determinada pessoa. Algumas características dos direitos
reais: Jus in re (direito sobre a coisa); tipicidade, a enumeração trazida pelo Código
Civil como taxativa, inclusive, isto também se constitui em diferença entre os direitos
reais e pessoais, pois não ficam ligados a uma enumeração legal.
Quanto ao sujeito passivo, são todas as pessoas que não o titular do
direito, no entanto, para assim ser, há de se ter dado publicidade através do registro
em caso de imóveis. Tende a ser perpétuo, por serem mais estáveis e duradouros.
Seqüela, o direito real recaindo sobre determinado bem grava-o, ao titular é dado o
poder de perseguir a coisa e reivindicá-la, esta característica, bem como a
imediatamente anterior se mostram muito presas ao chamado caráter absoluto do
direito real, hoje não há como sustentar o caráter absoluto dos direitos reais, com a
concepção que em tempos já idos teve a saber, só como exemplo, a própria função
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social que a propriedade, direito real por excelência deve ter, bem como o Poder de
Polícia exercido pelo Estado que serve justamente para impor limites que esses
direitos absolutos deverão se revestir.
O objeto há de ser coisa certa e determinada, ou seja, certo quanto a
existência e determinado quanto a extensão e limites objetivos. Fábio Ulhoa Coelho,
em sua doutrina classifica direitos reais sobre coisas alheias da seguinte forma: “Os
direitos reais sobre coisas alheias se subdividem em três classes: direitos reais de
gozo (servidão, usufruto, uso, etc.), de garantia (penhor, hipoteca e anticrese) e à
aquisição (titulados pelo promitente comprador)” (COELHO, 2006, p. 221).
Cesar Fiúza traz como direitos reais sobre coisas alheias a análise de um
concreto como exemplo: “A toma empréstimo bancário, oferecendo em garantia de
pagamento sua casa. Neste momento, surge para o banco (credor) direito real a casa
de A (devedor). Este direito recebe o nome de hipoteca. É oponível erga omnes, no
sentido de que apenas o banco é titular de direito de hipoteca sobre o imóvel. Poderá
exigir de todos os “não-titulares” que respeitem seu direito. Se, por acaso, A alienar a
casa e não pagar sua dívida, o banco, por força de seqüela, perseguirá o imóvel,
tomando-a das mãos de quem quer que o tenha adquirido”. (FIUZA, 2007, p. 1999).
Os Direitos reais sobre coisas alheias, são aqueles onde, a pessoa
devedora, independente dela ter ou não a posse do bem, ela terá que ser a
proprietária dele, esses direitos recaem sobre o imóvel e, o credor terá em garantia, a
tradição, a posse desse bem, se a modalidade de direito assim lhe permitir, senão a
posse continua com o proprietário. Esses direitos, por serem sobre coisas alheias,
devem sempre advir de leis específicas.
Espécies
Quanto às espécies, o objetivo é de facilitar os estudos, e em sua doutrina,
Nelson Godoy Bassil Dower faz referências a respeito: “Os direitos reais sobre coisas
alheias podem ser direitos de fruição, que alcança a substância da coisa, ou seja, a
substância da coisa fica a serviço do titular; o direito de garantia, que recai sobre o
valor da coisa, pois o papel econômico desse direito é assegurar o cumprimento da
obrigação pela sua vinculação a determinados bens”. (DOWER, 2004, p. 21- 2).
São espécies dos direitos reais sobre coisa alheia, as quais constituem
esse direito: Direitos reais limitados de gozo ou fruição, Direitos reais de garantia e,
Direitos reais de aquisição. Sendo que, direitos reais de garantia, será estudado mais
detalhadamente, por ser alvo do tema proposto.
Direitos Reais Limitados de Gozo ou Fruição.
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Sobre fruição Caio Mário da Silva Pereira diz: “Pela sua razão de ser, o
usufruto implica a faculdade de fruir as utilidades da coisa, estendendo-se aos
acessórios dela (...)” (PEREIRA, 2008, p. 293). Aqui, os direitos reais de gozo ou
fruição, serão, o ato de usufruir daquilo que o bem traz de benefícios ou serventia da
coisa, além desses direitos serem limitados, a pessoa credora, deverá ter autorização
para esse gozo ou uso da coisa.
Maria Helena Diniz subdivide esse tema da seguinte forma: “enfiteuse,
servidões prediais, usufruto, uso, habitação superfície, concessão de uso especial
para fins de moradia e, concessão de direito real de uso” (DINIZ, 2008, p.361). Já
Silvio de Salvo Venosa trata como direitos reais e os subdivide da seguinte maneira: “a
enfiteuse, as servidões, o usufruto,o uso, a habitação, as rendas expressamente
constituídas sobre imóveis (...)”. (VENOSA, 2008, p. 401). Percebe-se se um consenso
dos doutrinadores, de levar ao leitor ou estudante a melhor maneira de se
compreender a matéria.
Direitos Reais de Garantia.
Como alvo do tema proposto nesse estudo, Direitos Reais de Garantia, a
saber: penhor, anticrese, hipoteca e em garantia, alienação fiduciária que, como
instrumentos concebidos pelo Direito Civil, vêm garantir à pessoa credora seja
cumprida a obrigação, ou, pode-se dizer, seja pago o seu crédito, pelo que, se não
cumprida essa obrigação, que o pagamento recaia sobre determinado bem do
devedor, que, por via de consequência, pode retirar-lhe a propriedade ou apenas
atributo dele, tudo conforme aquilo que o direito propõe, que houve por eleger o
patrimônio como base de satisfação dos interesses humanos de ordem econômica, ou
pelo menos uma parte destes. Arnold Wald, em sua obra, fala dos objetivos que os
direitos de garantia pretendem alcançar: “A garantia real visa a corrigir os
inconvenientes oriundos da instabilidade das situações patrimoniais, prevenindo a
destruição dos móveis e assegurando, nos casos de perecimento ou de destruição dos
móveis ou imóveis, a sub-rogação do credor no direito do devedor, para receber a
indenização oriunda do poder expropriante ou do seguro ou enfim do terceiro causador
do dano”. (WALD, 2002, p. 265).
Visando resolver os conflitos, os direitos reais cercam, o credor de
garantias maiores, como as pessoais ou fidejussórias, sendo esta última provinda do
contrato de fiança.
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Direito Real de Aquisição.
Nos Direitos Reais de Aquisição, é necessário que se tenha o
compromisso ou a promessa de uma das partes interessada na venda da coisa,
satisfazendo e garantindo o direito de aquisição da outra parte. Conforme dispõe a
legislação, no artigo 1417 do Código Civil, “mediante promessa de compra e venda...”,
esse artigo dá garantias à sociedade, na realização de seus negócios, em que, a
pessoa interessada em vender a coisa, se ainda não houve arrependimento de uma
das partes do ato combinado, através de um contrato entre vendedor e comprador,
instrumento este que pode ser público ou particular, registrado no Cartório de Registro
de Imóveis, pelo qual se consuma o negócio e, a partir desse momento, a parte que
comprou a coisa se torna titular de um direito real.
Cesar Fiúza fala dos direitos reais de aquisição como: “São direitos reais
de aquisição, que conferem a seu titular a faculdade de adquirir coisa alheia. Em
nosso direito, encontram-se pelo menos dois: a promessa irretratável de compra e
venda de imóvel e a retrovenda”, (FIUZA, 2007, p. 922). O artigo 1418, do Código
Civil, garante que “a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme
disposto no instrumento preliminar”, essa promessa de venda não pode ter
arrependimento, é um ato feito de própria vontade do vendedor, e conforme esse
mesmo artigo “o disposto no instrumento preliminar”, se isto não acontecer, a parte
que se interessou em realizar o negócio, deve entrar com uma ação judicial e requerer
ao juiz a adjudicação da coisa. Esse tipo de negócio é muito comum nos dias atuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo trata de direitos reais e mais do que isso, sobre coisas alheias.
Toda negociação depende de acordos, da vontade de duas ou mais partes e sobre
coisas alheias. O assunto esclareceu com detalhes o que se aplica nos negócios
quotidianamente, como direito real de aquisição, direito real de garantia, etc. Enfim, o
aprofundamento do tema trouxe maior conhecimento, com possibilidades de melhores
aplicações nos negócios, como profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. São Paulo: Saraiva, 2006.
DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
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DOWER, Nelson Godoy Bassil. Direito civil: Direito das coisas. 2 ed. São Paulo:
Nelpa, 2004.
FIUZA, César. Direito Civil: curso completo. 10 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das coisas. 28 ed. São Paulo: Saraiva,
2003.
WALD, Arnoldo. Direito das coisas. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil. 19 ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2008.
Revista NPI – Núcleo de Pesquisa Interdisciplinar Volume IV Número 4 2009
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EUTANÁSIA DIREITO DE VIVER E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
Natália Domingues Elias Felix Bueno
INTRODUÇÃO
Desde as antigas civilizações a questão da eutanásia já é discutida e
praticada em algumas partes do mundo. Alguns usavam critérios culturais e de
costume, já outras, adotavam critérios filosóficos e religiosos. No sistema jurídico
brasileiro nunca foi aceita a prática da eutanásia, mas a questão paira no pensamento
de vários estudiosos e legisladores, em relação a certos casos de incurabilidade, onde
a distanásia estaria ferindo o princípio da dignidade da pessoa humana e a prática da
eutanásia ou ortotanásia estaria ferindo a constituição dispondo de um bem
indisponível, que é a vida.
OBJETIVO
A finalidade deste trabalho foi de realizar uma breve exposição sobre
alguns aspectos favoráveis e desfavoráveis da prática da eutanásia, ortotanásia e
distanásia, com base nos princípios e direitos constitucionais e legislação penal.
DESENVOLVIMENTO
Segundo Da Silva (2000) a questão do consentimento para realizar a
eutanásia não é clara, pois a pessoa que sofre com dores não está em perfeito estado
psíquico para entender ou querer algo, sendo que pode ser momentâneo e alheio a
sua vontade. Em relação à questão da incurabilidade, se existisse mesmo males
incuráveis a Medicina não estaria no nível que está hoje, e permitir que o ser humano
disponibilize de um direito que é o Direito á vida, seria o mesmo que banalizar tudo,
pois estaria violando totalmente a constituição. Sendo assim se tornasse isento de
penalização aquele que praticasse á Eutanásia, seria o mesmo que concordar com
mais um crime dentre todos os que já existem, e se tornaria também mais um pretexto
para a prática de crimes.
Para Dodge (2000) no Direito brasileiro a Eutanásia sempre foi
considerada um ato ilícito, pois conflita com valores fundamentais e princípios que
regem bens jurídicos de maior relevância, como a vida, e de outro lado, a dignidade da
pessoa humana. O fato de haver ou não consentimento do paciente em relação à
prática, não extingue a ilicitude do ato, sendo a assim considera-se homicídio, conduta
típica, ilícita e punível. Nos tribunais brasileiros, a eutanásia muitas vezes é entendida
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como um homicídio privilegiado, que é nada mais que o homicídio cometido por motivo
de valor moral em decorrência de interesse particular e mediante forte emoção, sendo
que, mediante tais interesses há alteração da pena inicial, aplicando o artigo 121, § 1°
do Código Penal, a questão da Eutanásia é algo muito antigo no mundo, e gera
discussões desde a antiguidade. ”Nascer, viver e morrer” essas são as etapas que
todos irão passar, porém poucos são aqueles que aceitam a forma de como ela
ocorrerá e por isso em certos casos, muitos seriam a favor de tal prática, como
também em outras situações seriam totalmente contra.
Há um grande conflito de Direitos em relação á Eutanásia, tanto da passiva
quanto da ativa, pois o Direito a vida está assegurado na Constituição Federal em seu
artigo 5º caput (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos) e a Dignidade da
Pessoa Humana é assegurada pelo artigo 1º, III (Dos Princípios Fundamentais) da
Constituição Federal, e ambos não podem ser violados. Todavia, fica a questão:
Continuar vivendo em estado vegetativo sem dignidade ou dispor de sua própria vida
para ter um fim digno e sem tanto sofrimento? Muitos países chegaram a uma
conclusão e em certos casos Aprovam a prática da Eutanásia, já o ordenamento
jurídico brasileiro desaprova totalmente e considera a prática ilícita. (PEREIRA
JUNIOR, 2002)
Segundo Toledo (2006) citando Luiz Vicente Cernicchiaro, no ponto de
vista jurídico não há diferenças entre a eutanásia e a ortotanásia. De acordo com tais
informações a exclusão de ilicitude citado no § 4º do artigo 121 do Anteprojeto de
Reforma do Código Penal de 1998 é incoerente, pois se no âmbito jurídico não há
diferenças entre os diversos tipos de prática para ter uma “boa morte”, deverá ser
tratado da mesma forma. No caso da Ortotanásia em que o Médico, por ação e
omissão, deixa de utilizar meios (desliga aparelhos respiratórios, por exemplo) comete
homicídio, pois, ninguém tem o direito de tirar a vida do outro. Sendo assim, essa
prática é um crime comissivo por omissão.
O Anteprojeto do Código Penal de 1998 apresenta a inclusão de dois
novos parágrafos ao art. 121 do Código Penal, estes com objetivo de determinar a
tipicidade da Eutanásia Ativa e a exclusão de ilicitude da ortotanásia (eutanásia
passiva), pois o fato de ministrar de substância (veneno) para acelerar a morte no
pretexto de amenizar o sofrimento nos casos irreversíveis é um homicídio. Quando se
deixa de se esgotar os meios para tentar manter o paciente vivo, ou seja, deixa o
paciente morrer, “morte piedosa”, ou Eutanásia, o ser humano mostra o quanto falível
e comodista é; incapaz de assumir a responsabilidade de cuidar de alguém e fracos
diante de acompanhar e apoiar um ente querido em momento de dor e agonia. A
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eutanásia não está relacionada somente a morte, mas também a dignidade da pessoa
humana e tal questão é inaceitável pelo Estado, não admitindo a impunidade daquele
que pratica a Eutanásia, tanto passiva, quanto ativa, porém relaciona casos de
diminuição de pena, exposto no § 1º do artigo 121 do Código Penal. Muitos são
contra, outros a favor, porém seja justo julgar inocente, isento de pena, quando só
pratica a Eutanásia com um sentimento, piedoso de querer amenizar o sofrimento,
deveria ser entendido pelo legislador como ação piedosa e não como homicídio.
A razão para não se tornar possível a adoção da inexigibilidade de conduta
diversa na prática da eutanásia para exclusão de culpabilidade, para alguns
doutrinadores seria o mesmo que tornar o Código Penal isento de reprovações. (DA
COSTA, 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o que foi relatado a prática de eutanásia é algo discutido
no mundo inteiro desde a antiguidade e até os dias atuais. Há pessoas a favor e
muitos contra, mas para o Direito brasileiro tal prática sempre foi considerada como
ato ilícito. Porém, a questão da eutanásia em certos casos poderia ser entendida como
uma ação piedosa, com a finalidade de amenizar o sofrimento de quem se encontra
em estado terminal e não ser considerada como homicídio. Alguns legisladores
entendem que, se a prática da eutanásia não fosse considerada um ato ilícito, seria o
mesmo que tornar o Código Penal como não contendo reprovações. A questão da
eutanásia gera grandes dúvidas, pois há um conflito de direitos, ambos (Direito a Vida
e a Dignidade da Pessoa Humana) assegurados pela Constituição Federal. Eis uma
questão: Viver em estado vegetativo sem dignidade ou dispor de sua própria vida para
ter um fim digno e sem tanto sofrimento? Optar por qualquer uma dessas alternativas
não solucionaria tal conflito.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 08 de dezembro de 1940.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
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BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível
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em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm>.
Acesso em: 10 fev. 2009.
DA COSTA, Flávio Ribeiro. A questão da eutanásia como causa supra legal de
exclusão da culpabilidade. Busca Legis, 2008. Disponível em:
<http://www.buscalegis.ufsc.br/revistas/files/anexos/13589-13590-1-PB.pdf>. Acesso
em: 23 maio 2009.
PEREIRA JUNIOR, Geraldo. Eutanásia, aspectos éticos e jurídicos. Monografia.
Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2002.60p.
SILVA, Sônia Maria Teixeira da. Eutanásia. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 5,
n. 48, 1 dez. 2000. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/1863>. Acesso em: 12
jul. 2009.
TOLEDO, Luiza Helena Lellis Andrade de Sá Sodero. Eutanásia, ortotanásia e
legislação penal. Jus navigandi, 2006. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11093>. Acesso em: 22 maio 2009.