SEGUNDO DOSSI DE TEXTOS MARXISTAS SOBRE A CRISE
Organizao: Grupo de Pesquisa Polticas para o Desenvolvimento Humano do Programa
de Estudos Ps-graduados em Economia Poltica da Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo.
Junho/2009
2
Sumrio
Istvn Mszros - A crise em desdobramento e a relevncia de Marx....................................... 3
Reinaldo Carcanholo - Situacin mundial: Aspectos tericos de la crisis capitalista ............. 19
Adrin Sotelo Valencia - La crisis me da risa: una mirada desde los Grundrisse del capitalismo contemporneo ...................................................................................................... 32
Michel Husson - Le capitalisme toxique .................................................................................. 44
Alain Bihr - Le triomphe catastrophique du nolibralisme .................................................... 58
Alain Bihr - A la croise des chemins (2)................................................................................. 76
Franois Chesnais - La recession mondiale: moment, interpretations et enjeux de la crise ..... 96
Alain Bihr - A propos dun excs de plus-value................................................................. 114
John Bellamy Foster e Fred Magdoff - Imploso financeira e estagnao: de volta economia
real .......................................................................................................................................... 124
Franois Chesnais - Orgenes comunes de la crisis econmica y la crisis ecolgica ............. 155
3
A crise em desdobramento e a relevncia de Marx
Autor: Istvn Mszros *
Alguns de vocs talvez tenham estado presentes na nossa reunio de Maio deste ano neste
edifcio, quando recordei o que havia dito a Lucien Goldman, em Paris, poucos meses antes
do histrico Maio de 1968 francs. Em contraste com a perspectiva ento prevalecente do
"capitalismo organizado", que se supunha ter deixado para trs com xito o estgio da "crise
do capitalismo" - uma viso fortemente asseverada por Marcuse e nessa poca tambm
partilhada pelo meu querido amigo Lucien Goldman - insisti no facto de que, em comparao
com a crise em que estamos realmente a entrar, "a Grande Crise Econmica Mundial de 1929-
1933" se parecer com "uma festa no salo de ch do vigrio".
Nas ltimas semanas vocs tiveram uma anteviso do que eu tinha em mente. Mas apenas
uma anteviso, porque a crise estrutural do sistema do capital como um todo, a qual estamos a
experimentar na nossa poca numa escala de era, est destinada a ficar consideravelmente
pior. Ela tornar-se- na devida altura muito mais profunda, no sentido de invadir no apenas o
mundo das finanas globais mais ou menos parasitrias como todos os domnios da nossa vida
social, econmica e cultural.
A questo bvia que devemos agora tratar refere-se natureza da crise global em
desdobramento e as condies necessrias para a sua soluo factvel.
A confiana e a falta dela
Se tentarem recordar o que foi infindavelmente repetido nas ltimas duas semanas acerca da
crise actual, h uma palavra que se destaca, ensombrando todos os demais diagnsticos
apregoados e os remdios correspondentes. Essa palavra confiana. Se ganhssemos uma
nota de dez libras por cada vez que esta palavra mgica foi oferecida para consumo pblico
nas ltimas duas semanas em todo o mundo, sem mencionar a sua continuada reafirmao
desde ento, estaramos todos milionrios. O nosso nico problema seria ento o que fazer
com os nossos milhes subitamente adquiridos. Pois nenhum dos nossos bancos, nem mesmo
os nossos bancos nacionalizados recentemente - nacionalizados ao custo considervel de no
menos do que dois teros dos seus activos de capital - poderia fornecer a lendria "confiana"
necessria ao depsito ou ao investimento seguro.
4
At o nosso primeiro-ministro, Gordon Brown, nos apresentou na semana passada a frase
memorvel "Confiana a coisa mais preciosa". Conheo a cantiga - e provavelmente a
maioria de ns tambm a conhece - que nos diz que: "O amor a coisa mais preciosa". Mas a
confiana no sistema bancrio capitalista ser a coisa mais preciosa?! Tal sugesto
absolutamente perversa!
No entanto, a advocacia deste remdio mgico parece agora ser universal. A palavra
repetida com tamanha convico como se a "confiana" pudesse simplesmente chover do cu
ou crescer em grande abundncia em rvores financeiras "capitalistamente" bem adubadas.
H trs dias atrs (a 18 de Outubro) o programa da BBC das manhs de domingo - o
programa Andrew Marr - entrevistou um eminente cavalheiro idoso, Sir Brian Pitman, o qual
foi apresentado como o antigo Chefe do negcio bancrio do Lloyd's. Eles no disseram
quando ele liderou aquela organizao, mas o modo como falou logo o tornou claro. Pois
transpirou atravs das suas respostas respeitosamente recebidas que ele deve ter sido o Chefe
do Lloyd's Bank bem antes da Crise Econmica Mundial de 1929-33. Consequentemente,
para encorajar os telespectadores, ele apresentou uma grande inovao conceptual no discurso
da confiana ao dizer que as nossas perturbaes eram todas elas devidas a alguma "Super-
confiana". E imediatamente demonstrou tambm o significado de "Super-confiana", ao
afirmar, mais de uma vez naquela curta entrevista, que no pode haver problemas srios hoje,
porque o mercado sempre toma conta de tudo, mesmo que por vezes ele v inesperadamente
muito abaixo. Posteriormente ele sempre sobe outra vez. De modo que ele tambm far isso
desta vez, e subir infalivelmente repetidas vezes no futuro. A crise actual no deveria ser
exagerada, disse ele, porque muito menos sria hoje do que a que experimentmos em 1974.
Pois em 1974 tivemos uma semana de trs dias de trabalho na Gr-Bretanha [ainda que em
nenhum outro lugar] e agora no temos isso. Temos? E quem poderia argumentar contra
aquele facto irrefutvel?
A trade pseudo-hegeliana
Assim, temos agora a palavra mgica explicativa para todas as nossas perturbaes no a
apresentar-se como um rfo infeliz, solitrio, mas como parte de algo como uma trade
"fukuyamizada" pseudo-hegelina: confiana - falta de confiana e super-confiana. O nico
constituinte que falta neste discurso mgico explicativo agora o fundamento real do nosso
perigoso sistema de banca e seguros que opera no terreno dos truques de confiana em
proveito prprio que mais cedo ou mais tarde esto destinados a serem (e de tempos em
tempos realmente tm sido) descobertos.
5
De qualquer forma, toda esta conversa acerca das virtudes absolutas da confiana na
administrao econmica capitalista assemelha-se muito explicao oferecida pela mitologia
indiana acerca da base de suporte do universo. Pois naquela antiga viso do mundo dizia-se
que o universo era carregado, muito reconfortantemente, sobre as costas de elefantes. E os
poderosos elefantes?, voc poderia perguntar. Ningum pensaria que isso fosse uma
dificuldade. Pois os elefantes so, ainda mais reconfortantemente, suportados nas costas da
tartaruga csmica. Mas, e quanto prpria tartaruga csmica? No suposto que pergunte tal
questo, para que no sirva de alimento aos tigres de Bengala, antes de eles serem extintos.
Felizmente, talvez (?), The Economist um bocadinho mais realista na sua avaliao da
situao.
No contexto deste nosso assunto penoso, a agora reconhecida pioria da crise econmica, vou
apresentar- lhes citaes exactas, incluindo alguns nmeros malditos de fracassos capitalistas
que j no so negveis, retirados principalmente de publicaes bem estabelecidas e com
uma conscincia de classe desavergonhadamente burguesa como The Economist e The Sunday
Times. Vamos cit- las meticulosamente, palavra por palavra, no s porque elas so
eminentes no seu campo como tambm a fim de evitar que nos acusem de "vis e distoro de
esquerda".
Marx costumava dizer que nas pginas de The Economist a classe dominante estava a
"conversar consigo prpria". As coisas mudaram um pouco desde aquele tempo. Pois agora
at mesmo no campo especializado da "percia econmica" a classe dominante precisa de um
rgo de propaganda de circulao em massa, com o objectivo da mistificao geral. No
tempo em que Marx viveu a classe dominante estava cheia de "confiana", e tambm de um
grande bocado de "super-confiana" incontestada, para necessitar disso. Assim, sob as menos
arrogantes circunstncias actuais, o semanrio de distribuio em massa com sede em
Londres, The Economist, - o farisaico porta-voz do anual "Davos Jamboree" dominado pelos
EUA - cauteloso ao conceder que a crise que estamos a enfrentar hoje refere-se s
dificuldades de "Salvar o sistema", conforme a sua capa do nmero de 11 de Outubro de
2008.
Podemos admitir, naturalmente, que nada menos do que "salvar o sistema" (ou no) o que
est em causa no nosso tempo, mesmo que a discusso de The Economist deste problema seja
um tanto estranha e contraditria. Pois no seu modo habitual de tentar apresentar a sua
posio altamente partidria como uma viso objectivamente "equilibrada", utilizando a
frmula do "por um lado isto e por outro lado aquilo", o The Economist sempre consegue
atingir a sua desejada concluso em favor da ordem estabelecida. Assim, tambm nesta
6
ocasio, The Economist assevera no seu artigo principal de 11 de Outubro que "Esta semana
assistiu-se ao primeiro vislumbre de uma resposta global abrangente para o fosso da confiana
". Agora, felizmente, espera-se que o "fosso da confiana", embora reprovvel em si prprio,
se remedeie graas a uma algo misteriosa "resposta global abrangente".
Ao mesmo tempo, no lado mais realista, o semanrio londrino tambm reconhece no mesmo
editorial que
"O dano para a economia real est a tornar-se aparente. Na Amrica o crdito ao consumidor
est agora a contrair-se, e cerca de 150 mil americanos perderam os seus empregos em
Setembro, o mximo desde 2003. Algumas indstrias esto seriamente prejudicadas: as
vendas de carros esto no seu mais baixo nvel em 16 anos pois os aspirantes a compradores
so incapazes de obter crdito. A General Motors fechou temporariamente algumas das suas
fbricas na Europa. Por todo o globo indicadores prospectivos, como inquritos de compras
junto a administradores, esto horrivelmente sombrios".
Eles no dizem, contudo, que "o fosso da confiana" pode ter algo a ver com tais factos.
Naturalmente, a defesa do sistema deve prevalecer em cada artigo, mesmo se esta tiver de ser
apresentada com a expresso inquestionvel de viso pragmtica. Neste sentido, "salvar o
sistema" para The Economist equivale identificao totalmente acrtica da revista com a
operao de resgate econmico ilimitado, e a advocacia incontestvel dos mesmo, - a ser
cumprida sem quaisquer meios que se afastem dos habitualmente mais dogmaticamente
glorificados "recursos do mercado" - em favor do perturbado sistema capitalista. Assim,
mesmo os mais queridos e bem testados dogmas da propaganda (de um no s no existente
livre mercado, que na realidade nunca existiu) podem agora ser atirados borda fora pela nobre
causa de "Salvar o sistema". Consequentemente, conta-nos The Economist que
"A economia mundial est claramente com um aspecto fraco, mas ela poderia ficar um
bocado pior. Este o momento de colocar dogma e poltica de lado e concentrar em respostas
pragmticas. Isto significa mais interveno governamental e cooperao no curto prazo,
mais do que os contribuintes, polticos ou na verdade os jornais do mercado livre
normalmente gostariam". [1]
Ns fomos presenteados anteriormente com sermes semelhantes do presidente George W.
Bush. Ele disse na sua interveno na televiso h duas semanas que normalmente e
instintivamente ele crente e apoiante apaixonado do mercado livre, mas sob as actuais
circunstncias excepcionais ele deve pensar em outros caminhos. Ele deve comear a pensar
sob estas difceis circunstncias, ponto final. Voc no pode dizer que no foi advertido.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn2#_edn27
As somas envolvidas na recomendada soluo "pragmtica", as quais advogam varrer para o
lado as "preferncias normais" dos "contribuintes e jornais do mercado livre " (isto , da
soluo agora defendida a qual significa, na verdade, a necessria submisso das grandes
massas do povo a fardos fiscais crescentes, mais cedo ou mais tarde) so literalmente
astronmicas. Para citar The Economist mais uma vez: "em pouco mais de trs semanas o
governo da Amrica, como foi dito, expandiu seu passivo bruto em mais de US$1 milho de
milhes - quase o dobro do custo da guerra do Iraque at agora " [2] "Bancos americanos e
europeus perdero cerca de US$10 milhes de milhes". [3] "Mas a histria ensina uma lio
importante: que as grandes crises bancrias so essencialmente resolvidas pelo lanamento de
grandes blocos de dinheiro pblico" [4]
.
Dezenas de milhes de milhes de dinheiro pblico "dado", e justificado em nome da alegada
"importante lio da histria", e naturalmente ao servio da incontestvel boa causa de salvar
o sistema, isto certamente um bloco muito grande. Nenhum vendedor ambulante de gelados
poderia alguma vez sonhar com tais blocos. E se acrescentarmos quela grandeza o facto
citado na mesma pgina da revista de Londres, que s no decorrer do ano passado "o ndice de
preos dos alimentos de The Economist saltou aproximadamente 55%" [5] e "A alta dos
preos dos alimentos no fim de 2007 e princpio de 2008 provocou tumultos em uns 30
pases" [6] , nesse caso o bloco em causa torna-se ainda mais revelador quanto natureza do
sistema que agora se encontra, ele prprio, numa crise sempre a aprofundar-se.
Pode algum pensar numa maior acusao para um sistema de produo econmica e
reproduo social pretensamente inultrapassvel do que esta de que - no mximo do seu poder
produtivo - est a produzir uma crise alimentar global, e o sofrimento dos incontveis
milhes inseparveis disto por todo o mundo? Esta a natureza do sistema que se espera
salvar agora a todo custo, incluindo a actual "repartio" do seu custo astronmico.
Como pode algum ter algum senso tangvel de todos os milhes de milhes desperdiados?
Uma vez que estamos a falar acerca de grandezas astronmicas, pus esta pergunta a um
amigo que professor de Astrofsica na Universidade de Londres. A sua resposta foi que eu
deveria assinalar que um milho de milhes (trillion) apenas aproximadamente uma centena
de vezes a idade do nosso universo. Agora, na escala da mesma grandeza, o nmero oficial
habitualmente subestimado da dvida americana, por si prpria, monta nos nossos dias a mais
de 10 milhes de milhes. Isto , um milhar de vezes a idade do nosso universo.
Mas deixem-me citar-vos um curto trecho de uma publicao japonesa. L-se isto:
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn3#_edn3http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn4#_edn4http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn5#_edn5http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn6#_edn6http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn7#_edn78
"Quanto dinheiro especulativo est a movimentar-se pelo mundo? Segundo uma anlise da
Mitsubishi UFJ Securities, a dimenso da "economia real" global, na qual bens e servios so
produzidos e comercializados, estimada em US$48,1 milhes de milhes... Por outro lado, a
dimenso da 'economia financeira' global, o montante total de aces, ttulos e depsitos,
eleva-se a US$151,8 milhes de milhes. Portanto, a economia financeira inchou mais de trs
vezes relativamente dimenso da economia real, crescendo rapidamente durante as ltimas
duas dcadas. O fosso to grande quanto US$100 milhes de milhes. Um analista
envolvido nesta estimativa disse que cerca da metade deste montante, US$50 milhes de
milhes, mal necessrio para a economia real. Cinquenta milhes de milhes de dlares
valem bem mais de 5000 milhes de milhes de yen, um nmero demasiado grande para eu
realmente compreender." [7]
Na verdade mesmo muito difcil compreender, quanto mais justificar, como fazem os nossos
polticos e banqueiros apologistas do capital, as somas astronmicas de especulao
parasitria acumulada numa grandeza correspondente a 500 mil vezes a idade do nosso
universo. Se quiser uma outra medida sobre a grandeza em causa, imagine apenas um infeliz
contabilista dos tempos romanos, a quem fosse pedido nada mais do que simplesmente
escrever no seu quadro negro o nmero de 5000 milhes de milhes de yen em algarismos
romanos. Ele cairia em desespero total. Simplesmente no poderia fazer isso. E mesmo que
tivesse sua disposio algarismos arbicos, os quais no poderia ter tido, mesmo neste caso
precisaria 17 zeros aps o nmero 5 a fim de registar a cifra em causa.
O perturbante, contudo, que os nossos polticos e banqueiros endinheirados parecem pensar
apenas nos zeros, e no nas suas ligaes substantivas, quando apresentam estes problemas
para consumo pblico. E esta abordagem provavelmente no pode funcionar indefinidamente.
Pois preciso muito mais do que zeros para escapar do buraco sem fundo do endividamento
global a que estamos condenados pelo sistema que eles agora querem salvar a todo custo.
Na realidade, a recente popularidade de Gordon Brown tem uma grande relao com zeros em
mais de uma forma. A sua espantosa nova popularidade - que, bem pensado, pode acabar por
ser um tanto efmera - foi demonstrada na semana passada pela manchete de primeira pgina:
"From Zero to Hero" ("De zero a heri"). O artigo em questo sugeria que o nosso primeiro-
ministro realmente teve xito em "salvar o sistema". Aqui est como ele ganhou a grande
aclamao.
Nacionalizao da bancarrota capitalista
A razo porque ele foi louvado desse modo, como um heri, foi ter inventado uma nova
variedade de nacionalizao da bancarrota capitalista, a ser adoptada com imperturbvel
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn8#_edn89
"conscincia de mercado livre" tambm por outros pases. Aquilo fez at mesmo com que
George W. Bush se sentisse menos culpado por actuar contra o seu auto-proclamado "instinto
apaixonado" quando nacionalizou um enorme "bloco" da bancarrota capitalista estado-
unidenses do qual um nico tem - os passivos das companhias hipotecrias gigantes Fannie
Mae e Freddie Mac - montavam a 5,4 milhes de milhes de dlares (o que quer dizer, a soma
necessria para 54 anos de execuo da guerra do Iraque).
A "novidade pragmtica" - oposta "ao dogma e poltica" nas palavras de The Economist - da
recente nacionalizao da bancarrota capitalista pelo "New Labour" que os contribuintes
obtiveram absolutamente nada (por outras palavras, zero-zero-zero quantas vezes queira
escrever, mesmo dezassete vezes) pelas imensas somas de dinheiro investido em activos
capitalistas fracassados, incluindo nossos bancos britnicos nacionalizados a dois teros. Esta
espcie de nacionalizao da bancarrota capitalista algo diferente das verses anteriores,
institudas aps a Segunda Guerra Mundial quando a "Clusula 4" do Partido Trabalhista - a
advogar o controle pblico dos meios de produo - ainda fazia parte da sua Constituio.
Pois em 1945 os nacionalizados sectores em bancarrota da economia capitalista fora m
transferidos para o controle do Estado, e enquanto durou foram generosamente engordados
outra vez a partir da tributao geral com o objectivo da adequada "privatizao" no devido
momento.
Mesmo a nacionalizao da Rolls Royce Company em 1971, sob o primeiro-ministro
conservador Edward Heath, seguiu o mesmo padro embaraoso de nacionalizao
abertamente admitida e controlada pelo Estado. Nos nossos dias, contudo, a beleza da soluo
de Gordon Brown que remove o embarao enquanto multiplica muitas vezes os milhares de
milhes desperdiados ao investir na bancarrota capitalista. Certamente ele merece
plenamente a sua promoo de "De zero a heri" bem como o mximo louvor de "Salvador do
mundo" que lhe foi conferida por alguns outros jornais, devido sua grande modstia de ficar
satisfeito com o zero absoluto em troca dos nossos - no dos seus - milhares de milhes
generosamente dispensados. Mas poder esta espcie de remdio governamental ser
considerada uma soluo perdurvel para os nossos problemas mesmo em termos de curto
prazo, para no mencionar a sua necessria sustentabilidade a longo prazo? S os loucos
poderiam acreditar nisso.
Na verdade, a recentes medidas adoptadas pelas nossas autoridades polticas e financeiras
apenas atenderam a um nico aspecto da crise actual: a liquidez dos bancos, das companhias
de hipotecas e de seguros. E mesmo isso s numa extenso muito limitada. Na realidade as
enormes "ddivas de blocos" no representam seno o pagamento dos depsitos, por assim
10
dizer. Muito mais ser necessrio tambm quanto a isto no futuro, como as perturbaes ainda
em desdobramento no mundo dos mercados de aces continuam a enfatizar.
Contudo, bem alm do problema da liquidez , uma outra dimenso apenas da crise financeira
refere-se quase catastrfica insolvncia dos bancos e das companhias de seguros. Este facto
torna-se claro quando os seus passivos assumidos especulativamente e irresponsavelmente,
mas nem por isso menos existentes, so realmente levados em conta. Para dar apenas um
exemplo: dois dos nossos grandes bancos na Gr-Bretanha tm passivos que montam a
US$2,4 milhes de milhes cada um, adquiridos sob a suposio aventureira de que eles
nunca tero de ser cumpridos. Pode o estado capitalista salv- los com xito com passivo dessa
dimenso? Onde poderia o estado pedir dinheiro emprestado com essa grandeza para a
operao de resgate necessria para tal finalidade? E o que seriam as necessrias
consequncias inflacionrias de "repartir tais blocos" da operao de resgate verdadeiramente
gigantesca ao simplesmente imprimir o dinheiro requerido na ausncia de outras solues?
Alm disso, os problemas no se esgotam de modo algum no perigoso estado do sector
financeiro. Pois de modo ainda mais intratvel, tambm os sectores produtivos da indstria
capitalista esto com srios problemas, pouco importando quo altamente desenvolvida e
favorecida eles possam parecer estar atravs da sua posio de vantagem competitiva na
hierarquia global do capital transnacional. Devido ao nosso tempo limitado, devo limitar-me a
um exemplo, mas muito significativo. Refere-se indstria automvel dos Estados Unidos,
grandemente humilhada nos ltimos anos, apesar de todos os subsdios recebidos do mais
poderoso estado capitalista no passado, que se contam em muitos milhares de milhes de
dlares.
Deixem-me citar de um artigo publicado sobre a Ford Corporation e suas fantasias
globalizantes em 1994, publicado no The Sunday Times. Foi assim que os nossos distintos
jornalistas financeiros pintaram naqueles tempos a sua rsea pintura:
"A globalizao plena est a ser tentada pelas multinacionais ... 'Isto definitivamente o bb
de Trotman, disse uma fonte americana. 'Ele tem uma viso do futuro, a qual diz que, para ser
um vencedor global, a Ford deve ser uma corporao verdadeiramente global". Segundo
Trotman, que disse a The Sunday Times em Outubro de 1993, "Como a competio
automotiva se torna mais global ao entrarmos no prximo sculo, a presso para descobrir
economias de escala tornar-se- cada vez maior. Se, ao invs de fazer dois motores de 500
mil unidades cada um, pudermos fazer um milho de unidades, ento os custos so muito
mais baixos. Em ltima anlise haver um punhado de actores globais e o resto no estar ali
ou estaro a lutar para sobreviver'. Trotman e seus colegas concluram que a plena
11
globalizao o caminho para bater competidores como os japoneses e, na Europa, o arqui-
rival da Ford, a General Motors, a qual mantm uma vantagem de custo sobre a Ford. A Ford
tambm acredita que precisa da globalizao para capitalizar em mercados emergentes no
Extremo Oriente e na Amrica Latina". [8]
Portanto, a "nica" coisa que Alex Trotman - o britnico que era presidente da Ford
Corporation naquele tempo - se esqueceu de considerar, apesar da sua impecvel qualificao
aritmtica de saber a diferena entre 500 mil e 1 milho, foi isto: o que acontece quando no
podem vender o 1 milho (e muitas vezes mais) motores de carros, apesar da estrategicamente
contemplada e desfrutada vantagem de custo. No caso da Ford Corporation, mesmo a macia
taxa de explorao diferencial que a companhia podia impor escala mundial como enorme
companhia transnacional - isto , pagar por exactamente o mesmo trabalho 25 vezes menos
aos trabalhadores da "Ford Philippines Corporation", por exemplo, do que sua fora de
trabalho nos Estados Unidos da Amrica - mesmo esta vantagem inquestionvel no podia ser
considerada suficiente para assegurar uma sada desta contradio fundamental.
aqui que estamos hoje, no s no caso da gravemente humilhada Ford Corporation como
tambm no da General Motors, independentemente da sua vantagem de custo outrora
profundamente invejada at pela Ford Corporation dos Estados Unidos.
Ao falar acerca de um acordo recentemente estabelecido que proporciona subsdios do estado
americano s companhias gigantes de automveis do pas, eis como a infeliz situao actual
da indstria automobilstica estado-unidense descrita num dos ltimos nmeros de The
Economist: "o acordo significa que as companhias de automveis - abenoadas com a
garantia do governo - deveriam obter emprstimos com uma taxa de juro de cerca de 5% ao
invs dos 15% que enfrentariam no mercado aberto nas condies de hoje". [9]
Contudo, nenhum montante de subsdio de qualquer espcie pode ser considerado
suficientemente satisfatrio, porque as "Trs grandes" - General Motors, Ford e Chrysler -
esto beira da bancarrota, apesar do facto do bb de sonho de Trotsman ser agora um
adolescente plenamente desenvolvido. Portanto The Economist deve admitir que
"A partir do momento em que subsdios industriais como este comeam a fluir, difcil par-
los. Um estudo recente do Cato Institute, um think-tank de extrema direita, descobriu que o
governo federal gastou cerca de US$92 mil milhes a subsidiar negcios s em 2006. Deste
total, apenas US$21 mil milhes foram para agricultores, grande parte do resto foi para
empresas como a Boeing, a IBM e a General Electric na forma de apoio de crdito
exportao e vrios subsdios de investigao.
Os Trs grandes j se queixam de que levar demasiado tempo repartir o dinheiro [do estado],
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn9#_edn9http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn10#_edn1012
e querem acelerar o processo. Tambm querem outros US$25 mil milhes, possivelmente
ligados segunda verso da lei de resgate da Wall Street. A lgica do salvamento da Wall
Street que as finanas servem de base para tudo. Detroit no pode comear a fazer tal
reivindicao. Mas, se o seu lobbying tiver xito, ser que demorar muito para que
companhias de aviao aflitas e retalhistas fracassados se juntem fila?" [10]
A imensa expanso especulativa do aventureirismo financeiro, especialmente nas ltimas trs
ou quatro dcadas, naturalmente inseparvel do aprofundamento da crise dos ramos
produtivos da indstria e as resultantes perturbaes que se levantam com a absolutamente
letrgica acumulao de capital (e na verdade acumulao fracassada) naquele campo
produtivo da atividade econmica. Agora, inevitavelmente, tambm no domnio da produo
industrial a crise est a ficar muito pior.
Naturalmente, a consequncia necessria da crise sempre em aprofundamento nos ramos
produtivos da "economia real", como eles agora comeam a cham-la e a contrastar a
economia produtiva com o aventureirismo especulativo financeiro, o crescimento do
desemprego por toda a parte numa escala assustadora, e a misria humana a ele associada.
Esperar uma soluo feliz para estes problemas vinda das operaes de resgate do estado
capitalista seria uma grande iluso.
Este o contexto em que os nossos polticos deveriam realmente comear a prestar ateno
afirmada "importante lio da histria", ao invs de "distribuir grandes blocos de dinheiro
pblico" sob a pretensa "lio da histria". Pois como resultado do desenvolvimento histrico
sob a regra do capital na sua crise estrutural, na nossa prpria poca atingimos o ponto em que
devemos ser sujeitos ao impacto destrutivo de uma sempre a piorar simbiose entre a estrutura
legislativa do estado da nossa sociedade e o material produtivo bem como da dimenso
financeira da ordem reprodutiva societria estabelecida.
Compreensivelmente, aquele relacionamento simbitico pode ser, e frequentemente tambm
acontece ser, administrado com prticas absolutamente corruptas pelas personificaes
privilegiadas do capital, tanto nos negcios como na poltica. Pois, no importa quo
corruptas possam ser tais prticas, elas esto plenamente em sintonia com os contra-valores
institucionalizados da ordem estabelecida. E - dentro da estrutura da simbiose prevalecente
entre o campo econmico e as prticas polticas dominantes - eles so legalmente bastante
permissveis, graas ao mais dbio e muitas vezes mesmo claramente anti-democrtico papel
facilitador da selva legislativa impenetrvel proporcionada pelo estado tambm no domnio
financeiro.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn11#_edn1113
A fraudulncia, numa grande variedade das suas formas prticas, a normalidade do capital.
As suas manifestaes extremamente destrutivas no esto de modo algum confinadas
operao do complexo militar- industrial. Nesta altura o papel directo do estado capitalista no
mundo parasitrio das finanas no s fundamentalmente importante, em vista da sua
grandeza que tudo permeia, como tivemos de descobrir com chocante clareza durante as
ltimas semanas, mas tambm potencialmente catastrfico.
O facto embaraoso que companhias hipotecrias gigantes dos EUA, como a Fannie Mae e
o Freddie Mac, foram corruptamente apoiadas e generosamente abastecidas com garantias
altamente lucrativas mas totalmente imerecidas pela selva legislativa do Estado americano em
primeiro lugar, bem como atravs de servios pessoais de corrupo poltica no punida. Na
verdade, a cada vez mais densa selva legislativa do estado capitalista passa por ser o
legitimador "democrtico" da fraudulncia institucionalizada nas nossas sociedades. Os
editores e jornalistas de The Economist esto de facto perfeitamente familiarizados com as
prticas corruptas pelas quais, no caso das companhias hipotecrias gigantes americanas,
receberam do seu estado tratamento descaradamente preferencial [aqui cito The Economist ]
"permitiu Fannie e ao Freddie operarem com minsculos montantes de capital. Os dois
grupos tinham ncleos de capital (como definido pelo seu regulador) de US$83,2 mil milhes
no fim de 2007, isto suportava US$5,2 milhes de milhes de dvidas e garantias, um rcio de
alavancagem de 65 para um. [!!!] Segundo a CreditSights, um grupo de investigao, a
Fannie e o Freddie foram contrapartes em valores de US$2,3 milhes de milhes de
transaces com derivativos, relacionadas com as suas actividades de hedging. Nunca seria
permitido a um banco privado ter um balano to altamente alavancado, [11] nem isto o
qualificaria para a mxima classificao de crdito AAA. ... Eles utilizaram o seu
financiamento barato na compra de activos de rendimento mais alto." [12]
[Alm disso,] Com tanto em jogo, no de admirar que as companhias tenham construdo
uma formidvel mquina de lobbying. Foram dados empregos a ex-polticos. Os crticos
podiam esperar uma cavalgada robusta. As companhias no temiam morder as mos que as
alimentavam". [13]
No temer "morder as mos que as alimentavam" refere-se, naturalmente, ao corpo legislativo
do estado americano. Mas por que deveriam elas ter medo? Pois companhias to gigantescas
constituem uma simbiose total com o estado capitalista. Isto um relacionamento que
corruptamente se reafirma tambm em termos do pessoal envolvido, atravs do acto de
contratar polticos que poderiam servi- los preferencialmente, com um impressionante "rcio
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn12#_edn12http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn13#_edn13http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn14#_edn1414
de alavancagem de 65 para um" e a associada classificao de crdito AAA, mesmo de acordo
com a relutante confisso de The Economist.
A gravidade da presente situao sublinhada de um modo caracterstico pela circunstncia
relatada nestas palavras por The Economist: " traders no mercado de credit-default swaps
recentemente comearam a fazer apostas sobre o impensvel: que a Amrica pode incumprir
a sua dvida " [14] . Naturalmente, os referidos traders reagem mesmo a eventos de tal
carcter e gravidade como os que experimentamos hoje da nica maneira possvel: a espremer
lucro disto.
O incumprimento dos EUA no impensvel
O grande problema para o sistema capitalista global , contudo, que o incumprimento da
Amrica no de todo impensvel. Pelo contrrio, ele - e tem sido desde h muito - uma
certeza que se aproxima. Foi por isso que escrevi h muitos anos (em 1995, para ser preciso
que:
"Num mundo de insegurana financeira nada se adequa melhor prtica de jogar com somas
astronmicas e criminosamente no seguradas nas bolsas de valores do mundo - prenunciando
um tremor de terra de magnitude 9 ou 10 na "Escala de Richter" Financeira - do que chamar
as empresas que se dedicam a tais jogos " Securities Management"; ... Quando exactamente e
de que forma - pode haver muitas variedades, mais ou menos brutais - os EUA incumpriro a
sua dvida astronmica no se pode ver neste momento. S pode haver duas certezas a este
respeito. A primeira que a inevitabilidade do incumprimento americano afectar
profundamente toda a gente neste planeta. E a segunda, que a posio de potncia hegemnica
preponderante dos EUA continuar a ser afirmada de todas as formas, de modo a fazer o resto
do mundo pagar pela dvida americana por tanto tempo quanto seja capaz de faz- lo". [15]
Naturalmente, a condio agravada de hoje que o resto do mundo - mesmo com a
historicamente muito irnica macia contribuio chinesa para a balana do Tesouro
americano - cada vez menos capaz de preencher o "buraco negro" produzido numa escala
sempre crescente pelo insacivel apetite da Amrica por financiamento da dvida, como
demonstrado pelas repercusses globais da recente crise hipotecria e bancria dos EUA. Esta
circunstncia traz o necessrio incumprimento da Amrica, numa das "variedades mais ou
menos brutais", para muito mais perto.
A verdade desta matria perturbante que pode no haver caminho de sada para estas
contradies finalmente suicidas, as quais so inseparveis do imperativo da infindvel
expanso do capital, independentemente das consequncias - arbitrria e mistificadoramente
confundido com crescimento como tal - sem mudar radicalmente o nosso modo de reproduo
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn15#_edn15http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn16#_edn1615
social metablico atravs da adopo de prticas responsveis e racionais muito necessrias
da nica economia vivel, [16] orientada pela necessidade humana, ao invs do alienante,
desumanizante e degradante lucro.
aqui que o obstculo esmagador das interdeterminaes em causa prpria do capital devem
ser confrontadas, no importa quo difcil isto deva ser sob as condies prevalecentes. Pois a
absolutamente necessria adopo e o apropriado desenvolvimento futuro da nica economia
vivel inconcebvel sem a transformao radical da prpria ordem socioeconmica e poltica
estabelecida.
Gordon Brown recentemente exprimiu o seu desgosto acerca do "capitalismo sem peias", em
nome da totalmente no especificada "regulao". Voc pode recordar que Gorbachev,
tambm, queria uma espcie de capitalismo regulado, sob o nome de "socialismo de
mercado", e tambm deve saber o que lhe aconteceu e sua grotesca fantasia. Por outro lado,
na expresso do primeiro-ministro conservador britnico Edward Heath, h muito tempo
atrs, o mesmo pecado do "capitalismo sem restries" era "a face inaceitvel do
capitalismo". E apesar disso, o "capitalismo sem peias", apesar da sua "face inaceitvel",
permaneceu todas estas dcadas no s "aceitvel" como - no decorrer do seu novo
desenvolvimento - tornou-se muito pior. Pois o fundamento causal dos nossos problemas cada
vez mais srios no a "face inaceitvel do capitalismo no regulamentado" mas a sua
substncia destrutiva. aquela substncia opressora que deve resistir e anular todos os
esforos destinados a restringir o sistema do capital mesmo minimamente - como, na verdade,
realmente se verificou ao efectuar isso tambm na forma de metamorfose, na Gr-Bretanha,
do [partido] social-democrata "Old Labour" no neoliberal "New Labour". Consequentemente,
a fantasia periodicamente renovada de regular o capitalismo de um modo estruturalmente
significativo s pode resultar numa tentativa de dar ns nos ventos.
Mas a ltima coisa de que hoje precisamos de continuar a dar ns nos ventos, quando temos
de enfrentar a gravidade da crise estrutural do capital, a qual exige a instituio de uma
mudana sistmica radical. revelador do carcter incorrigvel do sistema do capital que
mesmo num momento como este, quando a imensa grandeza da crise em desdobramento j
no pode mais ser negada pelos mais devotos apologistas ex officio do sistema - uma crise
descrita h poucos dias por nada menos que o vice-governador do Banco da Inglaterra como a
maior crise econmica em toda a histria humana - e nada pode ser contemplado, para no
dizer realmente feito, a fim de mudar os defeitos fundamentais de uma ordem reprodutiva
societria cada vez mais destrutiva por parte daqueles que controlam as alavancas econmicas
e polticas da nossa sociedade.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn17#_edn1716
Em contraste com a recente iluminao do seu prprio vice, o governador do Banco da
Inglaterra, Mervyn King, no tinha quaisquer reservas acerca da sade do acarinhado sistema
capitalista, nem teve ele a mnima antecipao de uma crise a chegar quando louvou aos cus
o livro de Martin Wolf, apologtico do capital, com o seu auto-complacente e
peremptoriamente assertivo ttulo: Porque a globalizao funciona. Ele considerou aquele
livro "uma devastadora crtica intelectual dos oponentes da globalizao" e uma "civilizada,
sbia e optimista viso do nosso futuro econmico e poltico". [17] Agora, contudo, todos so
forados a terem pelo menos alguma preocupao acerca da verdadeira natureza e das
necessrias consequncias destrutivas da dogmaticamente saudada globalizao capitalista.
Naturalmente, a minha prpria atitude para com o livro de Wolf foi muito diferente daquela
de Mervyn King e outros que partilhavam os mesmos interesses. Comentei na altura da sua
publicao que
"o autor, que o Comentador Chefe de Cincia Econmica do Financial Times de Londres,
esquece-se de colocar a questo realmente importante: Para quem ele funciona?, se que
funciona. Ele certamente funciona, por enquanto, e de forma alguma to bem, para os
decisores do capital transnacional, mas no para a esmagadora maioria da espcie humana que
deve sofrer as consequncias. E nenhuma quantidade da "integrao jurisdicional" advogada
pelo autor - isto , em bom ingls, o controle directo mais apertado dos "demasiados estados"
deplorados por um punhado de potncias imperialistas, especialmente a maior delas - vai
conseguir remediar a situao. A globalizao capitalista na realidade no funciona e no
pode funcionar. Pois ela no pode ultrapassar as contradies irreconcili veis e os
antagonismos manifestos da crise global estrutural do sistema. A prpria globalizao
capitalista a manifestao contraditria daquela crise, tentando subverter o relacionamento
causa/efeito numa v tentativa de curar alguns efeitos negativos por outros efeitos desejados
que projecta, porque estruturalmente incapaz de tratar das suas causas." [18]
Neste sentido, as recentes tentativas de conter os sintomas da crise que se intensificam, pela
cinicamente camuflada nacionalizao de grandezas astronmicas da bancarrota capitalista,
atravs dos recursos do estado ainda a serem inventados, s poderia sublinhar as
determinaes causais antagnicas profundamente enraizadas da destrutividade do sistema
capitalista. Pois o que est fundamentalmente em causa hoje no simplesmente uma crise
financeira macia mas o potencial de auto-destruio da humanidade neste momento do
desenvolvimento histrico, tanto militarmente como atravs da destruio em curso da
natureza.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn18#_edn18http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_edn19#_edn1917
Apesar da manipulao concertada de taxas de juro e das recentes cimeiras ocas dos pases
capitalistas dominantes, nada foi perduravelmente alcanado com o "lanamento de
gigantescos blocos de dinheiro" no buraco sem fundo do "esmagado" mercado financeiro
global. A "resposta global abrangente para o fosso da confiana", como o desejo projectado
de The Economist e dos seus mestres, pertence ao mundo da (no to pura) fantasia. Pois um
dos maiores fracassos histricos do capital, como o h muito estabelecido modo de controle
social metablico, a contnua predominncia dos estados-nao potencialmente mais
agressivos, e a impossibilidade de instituir o estado do sistema do capital como tal na base
dos antagonismos estruturalmente arraigados do sistema do capital.
Imaginar que dentro da estrutura de tais determinaes causais antagonistas possa ser
encontrada uma soluo harmoniosa permanente para o aprofundamento da crise estrutural de
um sistema de produo e de trocas mais inquo - o qual est agora empenhado activamente
em produzir mesmo uma crise alimentar global, por cima de todas as suas outras contradies
gritantes, incluindo a sempre mais difusa destruio da natureza -, sem mesmo tentar remediar
suas miserveis iniquidades, a pior espcie de pensamento ilusrio, beirando a
irracionalidade total. Pois, auto-contraditoriamente, ele quer reter a ordem existente apesar
das suas necessrias iniquidades explosivas e antagonismos. E a chamada "integrao
jurisdicional dos estados em demasia" sob uns poucos auto- indicados, ou um, como advogado
por alguns apologistas do capital, pode apenas sugerir a - igualmente auto-contraditria -
permanncia da potencialmente suicida dominao imperialista global.
Eis porque Marx mais relevante hoje do que alguma vez j o foi. Pois apenas uma mudana
sistmica radical pode proporcionar a esperana historicamente sustentvel e a soluo para o
futuro.
Notas
[*] Palestra escrita para uma reunio em Conway Hall, Londres, a 21 de Outubro de 2008. Os inter -ttulos so da responsabilidade de resistir.info. Versin en portugues de Resistir (Portugal ), 7/11/08, reproducido por RGE 548/08. O original encontra-se em www.herramienta.com.ar/ e em http://mrzine.monthlyreview.org/meszaros041108.html. Traduo de JF.
[1] Todas estas citaes foram retiradas do mesmo editorial de The Economist, 11/Outubro/2008, p. 13.
[2] The Economist, 11 October 2008, special section, p. 3.
[3] Ibid.
[4] Ibid., p. 4.
[5] Ibid.
[6] Ibid., p. 6.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref1#_ednref1http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&%20name=News&file=article&sid=629&mode=thread&order=0&thold=0http://mrzine.monthlyreview.org/meszaros041108.htmlhttp://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref2#_ednref2http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref3#_ednref3http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref4#_ednref4http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref5#_ednref5http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref6#_ednref6http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref7#_ednref718
[7] Shii Kazuo in Japan Press Weekly, Special Issue, October 2008, p. 20.
[8] "Ford prepares for global revolution", by Andrew Lorenz and Jeff Randall. The Sunday Times, 27 March 1994, Section 3, p. 1.
[9] "A bail-out that passed. In the slipstream of Wall'street's woes, the Big Three land a huge subsidy." The Economist, October 4th, 2008, p. 82.
[10] Ibid., p. 83.
[11] A Lehman Brothers, um dos principais private merchant banks, tem um rcio de alavancagem de 30 para 1. Isso bastante mau.
[12] "Fannie Mae and Freddie Mac: End of illusions" , The Economist, July 19-25, 2008, p. 84.
[13] "A brief family history: Toxic fudge" , The Economist, July 19-25, 2008, p. 84.
[14] "Fannie Mae and Freddie Mac: End of illusions", The Economist, July 19-25, 2008, p. 85.
[15] "The Present Crisis", quoted from Part IV. of Beyond Capital (published in London in 1995), pp.962-3. (In Spanish in Ms all del capital, Vadell Hermanos Editores , Caracas, 2001, pp. 1111-12.)
[16] Ver a este respeito: "Qualitative Growth in Utilization: The Only Viable Economy", Seco 9.5 do meu livro, The Challenge and Burden of Historical Time , Monthly Review Press, New York, 2008, pp. 272-93. (Publicado in Herramienta, Numbers 36 and 37.)
[17] Mervyn King's endorsement, on the back cover of Martin Wolf's book, Why Globalization Works , Yale University Press, 2004.
[18] In "Education - Beyond Capital", Opening Lecture delivered at the Frum Mundial de Educao, Porto Alegre, July 28, 2004. In Spanish reprinted in La educacin ms all del capital , Siglo Veintiuno Editores / Clacso Coediciones, Rio de Janeiro, 2008. Ver tambm o captulo: "Why Capitalist Globalization Cannot Work?" no meu livro, The Challenge and Burden of Historical Time, Monthly Review Press, New York, 2008, pp. 380-398; Spanish edition: El desafo y la carga del tiempo histrico, Vadell Hermanos Editores / Clacso Coedicines, Caracas, 2008, pp. 371-389.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref8#_ednref8http://www.japan-press.co.jp/http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref9#_ednref9http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref10#_ednref10http://www.economist.com/business/displaystory.cfm?story_id=12341970http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref11#_ednref11http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref12#_ednref12http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref13#_ednref13http://www.economist.com/finance/displaystory.cfm?story_id=11751139http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref14#_ednref14http://www.economist.com/finance/displaystory.cfm?story_id=11751146http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref15#_ednref15http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref16#_ednref16http://www.monthlyreview.org/beyondcap.htmhttp://www.vadellhermanos.com/http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref17#_ednref17http://monthlyreview.org/challengeandburden.phphttp://monthlyreview.org/challengeandburden.phphttp://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref18#_ednref18http://www.amazon.fr/gp/redirect.html?ie=UTF8&location=http%3A%2F%2Fwww.amazon.fr%2FWhy-Globalization-Works-Martin-Wolf%2Fdp%2F0300107773%3Fie%3DUTF8%26s%3Denglish-books%26qid%3D1226006062%26sr%3D1-1&tag=resistirinfo-21&linkCode=ur2&camp=1642&creative=6746http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=634#_ednref19#_ednref19http://www.lsf.com.ar/libros/47/EDUCACION-MAS-ALLA-DEL-CAPITAL-LA/19
Situacin mundial: Aspectos tericos de la crisis capitalista
Autor: Reinaldo A. Carcanholo *
La sociedad capitalista vive actualmente una crisis estructural. Esa es una afirmacin que
constituye punto de partida para la interpretacin de algunos autores actuales que se sitan en
el amplio campo del pensamiento crtico. En este momento, por otra parte, desarrollase, en
mbito mundial, una crisis econmico-financiera cuyo elemento detonador fueron los crditos
subprime norteamericanos, en el interior de una situacin de sobreendeudamiento de las
familias consumidoras norteamericanas.
Hay que tener en cuenta, sin embargo, que la actual crisis econmica mundial generada por
los crditos subprime no es, en verdad, la crisis estructural del sistema capitalista. No puede
ser confundida con ella. Constituye simplemente una de sus manifestaciones; la ms notoria
en los ltimos meses debido al destaque dado a ella por la prensa del mundo entero y, adems,
por el hecho de que afecta directamente el conjunto de pases del centro del capitalismo, en
particular su sistema financiero y el mercado de capitales.
Al lado de la crisis financiera actual, cuyo seguimiento en los prximos meses no es
previsible, convivimos con otras manifestaciones de la crisis estructural: la del desempleo, la
energtica, la ecolgica, la de los alimentos y, con esta ltima, el agravamiento de la miseria
de enormes contingentes de la poblacin mundial.
Esas manifestaciones de la crisis estructural del sistema capitalista, incluyendo las de carcter
directamente econmico, no son tan difciles de ser reconocidas como tales, de ser
identificadas. Basta un mnimo de sentido crtico y podemos llegar a un consenso ms o
menos amplio sobre la existencia de ellas. Incluso, en lo que respecta a sus causas ms
inmediatas, no es tan difcil encontrar personas, an con ciertas diferencias de enfoque
cientfico, que lleguen a un mnimo de acuerdo.
Algo mucho ms difcil ocurre con la crisis estructural, en particular, con la crisis econmica
estructural. Su misma existencia, aunque aceptada por algunos, es ampliamente discutida por
aquellos que se sitan en una perspectiva terica o ideolgica distinta. Y es eso lo que ocurre
actualmente. No son tantos los que tienen la osada de sostener su existencia y de
caracterizarla en toda su complejidad. Adems de eso, la verdad es que no son muchos
20
aquellos que, desde un punto rigurosamente cientfico, estn en condiciones de antever las
perspectivas futuras de un sistema que padece de una crisis estructural, como es el sistema
capitalista actual.
Desde un punto de vista en que predomine nuestra emocin y nuestra perspectiva ideolgica,
nuestra formacin y principios humanistas, es fcil hablar de esa crisis y de sus eventuales
consecuencias trgicas; no es difcil pensar en el derrumbe del sistema y de su sustitucin por
una nueva sociedad en la que predomine la justicia, la solidaridad, la igualdad y la verdadera
y no formal democracia, en una sola palabra, no es difcil creer que despus de la tragedia
advendr el socialismo.
Sin embargo, una actitud como esa, aunque adecuada para el trabajo poltico, especialmente el
de divulgacin y agitacin ideolgica, no es lo que ms nos interesa aqu, ni es el especial
propsito que deben tener aquellos que quieran mantenerse en el campo cientfico.
Aqu, queremos una actitud que sin negar la necesaria divulgacin de las ideas para amplias
camadas de la poblacin est basada en una perspectiva realmente rigurosa y en fundamentos
tericos serios.
Siendo as por qu estamos en condiciones de sostener cientficamente que el capitalismo
actual sufre una crisis econmica estructural? Cul es la teora que est por detrs de nuestra
conviccin sobre la existencia de esa crisis? Cules son los elementos esenciales de esa
teora? En que medida hay una cierta homogeneidad entre quienes defienden, en lneas
generales, esa misma teora? Cules son los aspectos sobre los que tericamente tenemos
algunas divergencias y en cules de ellos podemos avanzar en nuestras discusiones para una
mejor comprensin del sistema, de sus contradicciones y de sus perspectivas para el futuro?
De partida hay que decir que no se puede pretender una homogeneidad de pensamiento entre
tantas personas que pueden aportar significativamente para la tarea de explicacin de la actual
etapa capitalista, an cuando se siten en el mismo campo terico. Sin embargo hay una cosa
que es fundamental y es que en cada una de las posiciones que se presente, en cada
manifestacin que ocurra, en cada texto que se escriba, en cada posicin que se defienda, no
se escamotee, no se niegue la teora que est por detrs y que sostiene cada una de esas
expresiones. Cuando la perspectiva terica no est presente de manera explcita, es tarea
nuestra preguntarnos por ella, identificarla y explicitarla.
21
Con la explicitacin de la base terica que sostiene cada una de nuestras interpretaciones o
conclusiones, auque no se pueda pretender encontrar una identidad, una homogeneidad
terica, es posible que logremos una aproximacin a ella, por lo menos entre los que nos
situemos en la misma tradicin cientfica.
Por nuestra parte, hay algunos aspectos tericos que nos parecen fundamentales y que deben
ser explicitados. En primer lugar est nuestra conviccin de que el sistema capitalista es nico
y global. De la misma manera que la economa alemana y la norteamericana son dos de sus
elementos, y en el caso, elementos fundamentales, la realidad econmica de Etiopa y del
Hait, tambin son sus elementos, y elementos indispensables para que se pueda
adecuadamente comprender el sistema como un todo. Las caractersticas econmicas y
sociales de Etiopa y del Hait, en lneas generales, no son el resultado de un no desarrollo
capitalista o de un subdesarrollo. Al contrario, son consecuencias directas e inevitables del
pleno desarrollo del rgimen mundial del capital; esenciales para que la Alemania y los USA
sean lo que son. Desarrollo econmico de unos y subdesarrollo de otros son dos caras de l
mismo proceso global.
En ese sentido nos identificamos totalmente con la perspectiva de la teora de la dependencia,
en su tendencia representada especialmente por los trabajos de Ruy Mauro Marini[1]. Cules
son los aspectos centrales de esa teora? En ella se destaca la cuestin de la transferencia de
riqueza-valor desde los pases dependientes, a travs de varios mecanismos, siendo uno de
ellos el sistema internacional de precios, es decir, el conocido fenmeno del intercambio
desigual y el deterioro de los trminos de ese intercambio. ntimamente relacionado con eso
se encuentra el concepto de superexplotacin, fenmeno caracterstico de la dependencia.
Es importante destacar aqu que la teora de la dependencia no es solamente relevante para la
comprensin del "subdesarrollo" de los pases perifricos, sino que tambin lo es para la
interpretacin del conjunto del sistema capitalista contemporneo y, por lo tanto, de la riqueza
de los estados centrales. La dependencia y el imperialismo son dos caras de la misma moneda;
dos aspectos complementares de una misma teora.
Para muchos de nosotros, aceptar los aspectos centrales de la teora de la dependencia es un
punto de poca o ninguna dificultad, pues no parecen existir mayores diferencias o
divergencias en ese aspecto en nuestras perspectivas.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn3#_edn322
Ahora bien, la perspectiva de la dependencia es slo un aspecto de la teora que establece la
base de nuestra interpretacin sobre el capitalismo, y sobre el capitalismo contemporneo.
Creemos que el aspecto decisivo de nuestra perspectiva terica es la adhesin incondicional a
los principios cientficos de la teora dialctica del valor trabajo. En verdad, la teora de la
dependencia, entendida adecuadamente, presupone esa visin dialctica del valor y de la
riqueza econmica.
Al contrario de lo que muchos pueden pensar, la teora del valor, dentro de esa perspectiva, no
es una teora de los precios, de la determinacin de los precios en condiciones de equilibrio.
Posee una mucho ms grande significacin. La teora dialctica del valor, en primer lugar,
considera el trabajo humano como concepto central en el anlisis del sistema capitalista; dicho
concepto es determinante en lo que se refiere al origen de la riqueza econmica en cualquier
anlisis econmico, ya sea ms coyuntural o estructural. La tecnologa o, mejor, el avance
tecnolgico, no es un aspecto que deba ser desechado, pero se refiere sobre todo al contenido
material de la riqueza capitalista y menos a su forma social, que es el aspecto decisivo. As,
para esa teora, la ganancia solo puede ser el resultado de la explotacin del trabajo[2].
Esa perspectiva terica exige, de partida, la respuesta a dos preguntas fundamentales: quin y
cmo se produce la riqueza? por un lado, y por otro, por quin y cmo es apropiada esa
riqueza producida?. Dichas preguntas, como es obvio, suponen la fundamental distincin
entre los conceptos de produccin y apropiacin de la riqueza econmica producida por el
trabajo y exigen que sean identificados los mecanismos de transferencia desde aquellos q ue
producen hacia los que finalmente se apropian o apropiarn de ella.
En verdad, radicalizar la perspectiva dialctica sobre el valor econmico implica entender que
la riqueza capitalista exige especial atencin tanto en su contenido material cuanto en su
forma de social, es decir, presupone considerarla en su doble determinacin.
En lo que se refiere al contenido material, sera absolutamente fuera de propsito desconocer
el papel del avance tecnolgico en la produccin de la riqueza capitalista contempornea. Sin
duda que el avance tecnolgico es el responsable por el crecimiento desmedido de esa riqueza
material pero, al mismo tiempo, tambin es el responsable por su contrafaz, por la expansin,
profundizacin y exacerbacin de la miseria en muchas partes constitutivas de la estructura
mundial del sistema. Y eso justamente por la desigual distribucin espacial del desarrollo
tecnolgico.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn4#_edn423
Desde el punto de vista del contenido material, el trabajo, en los espacios donde se presenta el
desarrollo tecnolgico, es altamente productivo. Y, por el contrario, en aquellos espacios del
sistema de poco o ningn avance tecnolgico, el trabajo, como creador de riqueza material, es
poco efectivo.
Sin embargo, desde el punto de vista de la forma social, la cosa es muy diferente. Si
radicalizamos la perspectiva dialctica de la teora del valor y, as, reconocemos que la
riqueza econmica es una relacin social entre seres humanos, relacin esa de dominacin,
tendremos forzosamente que sostener que no importa el grado dife renciado de desarrollo
tecnolgico de la regin en que se encuentre o del sector que se trate, el hecho es que
cualquier trabajo subsumido al sistema capitalista produce, en un determinado tiempo, la
misma cantidad de valor y por tanto de riqueza capitalista. Si ese trabajo est o no subsumido
directamente al capital, poco importa; es suficiente que exista alguna forma o tipo de
subsuncin. La nica condicin para que lo anterior sea correcto es que ese tipo de trabajo sea
necesario para el sistema, aporte al mismo, y no sea totalmente marginal.
Marx es muy claro en cuanto a eso, an en el captulo sobre la mercanca, en El Capital:
Por el contrario, los cambios operados en la capacidad productiva no afectan de suyo el
trabajo que el valor representa. Como la capacidad productiva es siempre funcin de la forma
concreta y til de trabajo, es lgico que tan pronto como se hace caso omiso de su forma
concreta, til, no afecte para nada a ste. El mismo trabajo rinde, por tanto, durante el mismo
tiempo, idntica cantidad de valor, por mucho que cambie su capacidad productiva [3].
Es verdad que podemos encontrar en el mismo libro de Marx lo que parece ser una
contradiccin en trminos, eso en el captulo 10 (tomo I), cuando el autor se refiere a la
plusvala extraordinaria:
El trabajo, cuando su fuerza productiva es excepcional, acta como trabajo potenciado,
creando en el mismo espacio de tiempo valores mayores que el trabajo social medio de la
misma clase[4].
Sin embargo, en otra oportunidad tuvimos la posibilidad de esclarecer esa aparente
contradiccin en trminos[5]. Digamos aqu, en resumen, que Marx se siente obligado, en esa
parte de su exposicin, a hacer una breve referencia a algo que slo podr explicar
adecuadamente en un momento posterior. Nos referimos a la plusvala extraordinaria, cuya
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn5#_edn5http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn6#_edn6http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn7#_edn724
comprensin exige la clara diferenciacin entre produccin y apropiacin de valor,
diferenciacin esa que Marx an no haba considerado. Por eso, el autor se vale de una salida
provisoria y, en verdad, inadecuada.
As, la conclusin dialctica sobre la cuestin tiene dos caras y es la siguiente. Por una parte,
del punto de vista del contenido material, el trabajo menos productivo, como consecuencia del
nivel tecnolgico en que opera, produce en determinado tiempo menos riqueza que el trabajo
que opera con tecnologa superior; y eso parece ms o menos obvio. Sin embargo, por otra
parte, del punto de vista de la forma social y dentro de los lmites necesarios para el sistema,
aquel trabajo "menos productivo" en el mismo tiempo produce, lo que puede parecer un
absurdo, la misma magnitud de riqueza que el trabajo "ms productivo". Esa aparente
contradiccin en trminos se explica justamente porque estamos tratando de dos puntos de
vista distintos: produce menos riqueza dsde el punto de vista del contenido material (valores
de uso), pero por otra parte, produce la misma magnitud de riqueza desde el punto de vista de
la forma social (valor).
Destaquemos un aspecto esencial: en el capitalismo actual, ampliamente desarrollado, el polo
dominante es la forma social. As, cuando consideramos la tasa de ganancia o, en particular, la
tendencia a la baja de la tasa de ganancia, por ejemplo, lo que interesa del punto de vista de la
teora dialctica del valor es el punto de vista de la forma y no el del contenido material, pues
este ltimo trata exclusivamente de la dimensin de valores de uso de la riqueza.
En relacin con la tecnologa, es importante decir que aunque ella no tenga significacin
directa desde el punto de vista de la forma social sobre la magnitud de la riqueza producida,
llega a determinar la magnitud de la plusvala por intermedio de la plusvala relativa y,
adems, tiene significativa importancia como instrumento de apropiacin por quien la
detiene; opera, por medio del sistema de precios, como elemento que impone transferencia de
riqueza. La plusvala extraordinaria y la renta de monopolio constituyen los mecanismos
fundamentales de esa apropiacin.
As, dentro de una perspectiva de la teora dialctica del valor, cmo interpretar la actual
etapa capitalista?
El Capitalismo Especulativo
25
Nuestra perspectiva privilegia la contradiccin produccin/apropiacin de valor para
interpretar la actual etapa del capitalismo.
Hay un cierto consenso en el sentido de que el capitalismo desde los aos 70 vive una nueva
etapa, muy distinta de la anterior. Llamamos a ella de capitalismo especulativo.
No pocos autores que se colocan en el terreno del pensamiento crtico sostienen que la
caracterstica principal de esa etapa capitalista es la financiarizacin[6], es decir, un cierto
predominio de las finanzas sobre las actividades realmente sustantivas del capital, sobre las
que realmente producen riqueza. Es el caso, por ejemplo de Franois Chesnais, Gerard
Dumnil y muchos otros.
Consideramos que desde el punto de vista de la teora dialctica del valor esa es una
perspectiva adecuada, aunque es indispensable destacar las diferencias que nos alejan de otras
interpretaciones similares.
Es tambin verdad que algunos autores que sostienen la idea del dominio de las actividades
financieras pasaron a hcer uso, con un grado mayor o menor de profundidad terica, de la
categora marxista de capital ficticio, para entender la naturaleza del llamado capital
financiero. Sin embargo, la dificultad para la utilizacin adecuada de esa categora cientfica
se encuentra en el hecho de que ella supone un satisfactorio conocimiento de la teora de
Marx y, ms especficamente, exige una adecuada interpretacin de la teora dialctica del
valor, raramente presente. Sin eso, la categora de capital ficticio pierde significacin y
capacidad de explicar correctamente la realidad.
Si dicha categora es entendida de manera satisfactoria, la conclusin debe ser, en primer
lugar, que el capital ficticio es a la vez ficticio y real, segn la dimensin observada. Adems,
se debe concluir que ese tipo de capital exige remuneracin y nada contribuye, a diferencia
del capital a inters, para la produccin del excedente econmico, para la extraccin de la
plusvala. As, el capital ficticio es parasitario. De esa manera, y de forma inevitable, caemos
en las mencionadas preguntas fundamentales de la teora dialctica del valor, que parten de la
distincin entre la produccin y la apropiacin de la riqueza capitalista, sta desde el punto de
vista de la forma social.
Entonces, si es cierto que la "financiarizacin" es una de las caractersticas significativas de la
actual etapa capitalista y si la naturaleza del capital dominante es el capital ficticio, plantease
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn8#_edn826
la pregunta fundamental: quin y cmo se produce la plusvala suficiente para atender las
exigencias de remuneracin del capital, incluyndose la del capital ficticio? Esa pregunta
alcanza mayor significacin si consideramos que lo que se conoce como reestructuracin
productiva en el capitalismo contemporneo habra significado una reduccin del papel del
trabajo en la produccin, por lo menos en lo que se refiere al trabajo formal y aquel
relacionado directamente con las actividades productivas industriales del capital.
En verdad, la contradiccin principal y bsica de la actual fase del capitalismo y que se
profundiza cada vez ms, en nuestra opinin, es la contradiccin entre la produccin y la
apropiacin del valor, del excedente mercantil, de la plusvala en sus diferentes formas. Es
justamente por esa razn que la categora de trabajo productivo (entendido como aquel que
produce plusvala o excedente en la forma mercantil y apropiable por el capital) llega a tener
mucha relevancia terica en los das actuales.
Es verdad que algunos autores, aunque consideran la financiarizacin como caracterstica
fundamental de la actual etapa capitalista, identifican como su contradiccin principal la que
existira entre la propiedad y la gestin del capital, y no la que existe entre la produccin y la
apropiacin. Consideran como relevante y an fundamental la contradiccin entre aquellas
fracciones de la sociedad poseedoras de las diversas formas de ttulos de propiedad sobre el
capital y otra que sera la encargada de la gestin profesional de las empresas productivas;
tambin sera mas significativa la contradiccin entre empresas gestoras do capital parasitario
y las empresas realmente productivas.
Sin negar la existencia de contradicciones entre los intereses de sectores propietarios y
gestores del capital, se puede afirmar que es un error considerar que la oposicin entre el
capital sustantivo y el capital ficticio tiene como contraparte la existencia claramente
diferenciada de sectores representantes de esas formas distintas de capital. Sin lugar a dudas,
los gestores son tambin propietarios de capital y de ambas formas de capital. La verdad es
que pensar la existencia de intereses claramente contradictorios y hasta antagnicos entre tales
fracciones sociales propietarias y gerenciales del capital y la considerac in de que se trata de
la contradiccin principal del sistema lleva a la posibilidad de propuestas de salidas
reformistas para las dificultades del capitalismo actual.
27
Aunque la mencionada oposicin entre propiedad y gestin de alguna manera se relacione con
la contradiccin entre produccin y apropiacin de valor, y sea la primera derivada de la
segunda, esta ltima tiene implicaciones mucho ms significativas.
Hagamos ahora un resumen de nuestra interpretacin sobre la actual etapa del capitalismo,
interpretacin que hemos presentado ya en otros trabajos. Podemos decir que la tendencia a la
baja de la tasa de ganancia tuvo una notoria manifestacin en los aos 70 y hasta el comienzo
de los 80, especialmente en los EE.UU. y en Europa. Las nuevas inversiones sustantivas, es
decir en capital industrial (productivo y comercial) se presentaban con una perspectiva de
reducida remuneracin y, por eso, los capitales, en magnitud considerable, buscaron como
salida la especulacin. Esa circunstancia se ha visto favorecida y, ms que eso, ha quedado
sancionada por las polticas neoliberales (polticas esas que expresan directamente los
intereses del capital especulativo) y han tenido como contraparte indispensable la
inestabilidad cambiaria y la deuda pblica creciente de los estados (tanto en el primer mundo,
cuanto en los perifricos). El capital, de esa manera, crey haber encontrado su paraso:
rentabilidad sin necesidad de ensuciar sus manos con la produccin. Y eso, de hecho, fue lo
que ha ocurrido; lamentablemente, para l, por poco tiempo.
Es verdad que las remuneraciones del capital, a partir del inicio de los aos 80 tendieron a
crecer. Y aqu, para esa interpretacin, parece existir una dificultad. Cmo eso ha sido
posible? Si, por un lado, el ritmo de la acumulacin de capital sustantivo se redujo y si, al
mismo tiempo, se ampli asustadoramente la tasa de crecimiento de la masa de capital
ficticio, especulativo y parasitario en el mercado mundial, cmo fue posible el crecimiento
de las tasas de remuneracin de los capitales, tanto la de los capitales sustantivos cuanto la de
los parasitarios? Qu factores llegaron a contrarrestar la tendencia a la baja de la tasa general
de ganancia?
La explicacin de eso, para ser coherente con la teora dialctica del valor, slo puede ser
encontrada, como factor principal, en el aumento de la explotacin de trabajo. Y aqu nos
debemos preocupar especialmente con la explotacin del trabajo productivo, aunque tambin
podemos hablar de la explotacin del trabajo no productivo. Es cierto que el incremento de
este ltimo no implica aumentar la magnitud del excedente o plusvala producidos, sin
embargo al reducirse la parcela de la riqueza apropiada por los trabajadores improductivos, se
ampla el margen disponible para la remuneracin del capital.
28
De esa manera, para nosotros la explicacin estara en la elevacin, a niveles sin precedentes,
de la explotacin del trabajo, sea por medio de la plusvala relativa, sea por de la plusvala
absoluta (extensin de la jornada, mltiples jornadas, intensificacin del trabajo), o mediante
la superexplotacin de los trabajadores, adems de explotacin de los trabajadores no
asalariados.
No hay que olvidar, para la cuestin mencionada, el significativo crecimiento de las
transferencias de valor desde la periferia y tambin el hecho de que, en el perodo, pudo haber
contribuido de manera significativa el incremento de la rotacin del capital. Este ltimo
aspecto es fundamental si tenemos en consideracin el concepto de tasa anual de ganancia.
Sin embargo, todo eso no nos parece que sea suficiente para explicar el significativo
incremento de la tasa general de remuneracin del capital global (incluyendo en l la creciente
parcela especulativa y parasitaria) observado a partir del inicio de los aos 80.
Nuestra explicacin para eso es que, al mismo tiempo que se ampli exageradamente la
explotacin del trabajo en todo el mundo (pases centrales y perifricos) y se increment la
rotacin del capital, surgi de manera considerable algo nuevo, nuevo por lo menos en lo que
se refiere a su magnitud y a su persistencia. Lo nuevo en el capitalismo actual es la magnitud
que las ganancias ficticias adquieren en el total de la remuneracin del capital.
Las ganancias ficticias no son algo sui generis en la lgica capitalista. Surgen naturalmente en
perodos de especulacin exacerbada, pero rpidamente desaparecen con el fin de ellos.
Adems, no logran alcanzar magnitudes muy elevadas. Pero en la etapa actual del
capitalismo, la situacin es diferente. Han persistido por prolongado perodo y han presentado
volmenes nunca antes observados, como consecuencia del dominio del capital especulativo y
de la extensin de esa etapa, garantizada que estaba y sigue estando por la poltica de los
estados ms importantes del planeta. Justamente por eso, porque no han tenido relevancia en
periodos anteriores, las ganancias ficticias no han sido incorporadas, hasta ahora, como
categora en el interior de la teora dialctica del valor[7].
En verdad, ese tipo de remuneracin del capital, con dimensin ficticia, no se diferencia en la
prctica de las ganancias derivadas de la explotacin del trabajo, aunque no tenga ese origen.
Por lo menos eso es cierto desde un punto de vista del acto aislado e individual, es decir,
desde el punto de vista del mercado. No es posible saber cunto de una determinada masa de
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_edn9#_edn929
ganancia de un capital es ficticio o real. Ms que eso, desde ese punto de vista, no hay la ms
mnima diferencia prctica. No tiene sentido preguntarse por la dimensin ficticia. El monto
de ganancia es absolutamente homogneo.
La distincin entre lo que es excedente real apropiado como ganancia por el capital y las
ganancias ficticias slo es comprensible y significativo de un punto de vista global, desde una
perspectiva macro. Eso significa que, del punto de vista individual, todo capital puede dar a
sus ganancias, si quiere, un destino efectivamente real, sea el consumo o la inversin. Pero
eso no es posible para el conjunto del capital. Aquella parte de su remuneracin que tiene
origen ficticio no puede ser convertida en algo sustantivo. Slo puede incrementar la
magnitud total del capital ficticio. Y aqu est el problema.
De esa manera, para nosotros y en resumen, la actual etapa capitalista especulativa se
caracteriza por el hecho del dominio del capital especulativo y parasitario, que crece como
resultado de un perodo de aguda manifestacin de la tendencia a la baja de la tasa de
ganancia. Los capitales, huyendo de las bajas remuneraciones, encuentran salida en la
especulacin, que se fortalece con por las polticas econmicas adoptadas por los diferentes
estados.
Paradjicamente esa salida, que incrementa el capital parasitario a costa del productivo,
favorece los mecanismos que permiten contrarrestar la baja de la tasa general de ganancia.
Eso porque resulta en crecimiento de la explotacin de los trabajadores de todo el mundo, en
incremento de la rotacin del capital productivo y comercial y, especialmente, en el
surgimiento en magnitud muy elevada de las ganancias ficticias.
Sin embargo, en economa no puede haber soluciones milagrosas. El problema est
justamente en el hecho de que las ganancias ficticias resuelven circunstancialmente las
dificultades del capital, ampliando la parcela especulativa del capital global, parcela esa que,
por ser creciente exige cada vez mayor parcela de la remuneracin que se destina al capital y,
como antes mencionado, en nada contribuye para la produccin del excedente, de la plusvala.
As, resuelven el problema en el momento, pero solo logran hacerlo amplificando la
contradiccin principal (produccin/apropiacin) y, por tanto, amplificando el problema para
el futuro, una vez que las ganancias ficticias solo pueden traducirse en ulterior incremento del
capital especulativo y parasitario.
30
Por todo eso, nuestra conclusin es de que la crisis econmica estructural del sistema tiene
como trasfondo la tendencia a la baja de la tasa de ganancia y que la fase especulativa del
capitalismo que vivimos es el intento del capital de darle una respuesta. Dicha respuesta es el
dominio del capital parasitario, el incremento a niveles sorprendentes de la explotacin y el
mantenimiento de magnitudes elevadas y crecientes de ganancias ficticias.
Esa etapa especulativa solo puede tener vida corta. Es verdad que la incorporacin
significativa de nuevos espacios para la explotacin capitalista, como es el caso de China y de
los pases del ex-bloque sovitico, le garantiza, por cierto tiempo, una adicional
supervivencia. Y los niveles de remuneracin del trabajo en esos espacios son suficientemente
bajos para garantizar magnitudes significativas de excedente capitalista producido.
Sin embargo, y a pesar de eso, la vida corta est determinada por el hecho de que en algn
momento el crecimiento desproporcionado del capital ficticio, como consecuencia de la
relevancia ao a ao, de las ganancias ficticias, tiene que detenerse. La actual etapa capitalis ta
especulativa, slo sobrevive y seguir sobreviviendo por ms un tiempo sobre la base de un
adicional incremento de la explotacin de trabajo; pero eso tiene un lmite. Y no estamos lejos
de l.
Obviamente que el fin de esta etapa capitalista especulativa no necesariamente significa el fin
del capitalismo y, como consecuencia, su sustitucin por una forma social nueva. El
capitalismo podr sobrevivir sustituyendo eventualmente esa etapa por una de nuevo tipo,
reconstruyendo la predominancia del capital sustantivo. Pero para lograr eso no sera por
medio de un proceso fcil ni indoloro. Ello supondra niveles insospechables de explotacin
del trabajo, superior en mucho los niveles actuales, no slo como forma de contrarrestar el
bajo nivel de la tasa general de ganancia, pero tambin como resultado de una crisis capaz de
inducir la desaparicin del capital ficticio, por lo menos en gran medida.
Cmo se dara ese proceso? Por medio de una explosiva crisis financiera y econmica, de
amplitud mundial y de magnitud superior, como consecuencia de la crisis estructural? Sera
la actual crisis de los crditos subprime el punto de partida para esa explosiva crisis
financiera? O el proceso podra darse, como est ocurriendo, por un largo proceso de
estancamiento econmico, sembrado de crisis aqu y all, de magnitudes variables? Cualquiera
que sea la respuesta, una cosa es cierta, la tragedia humana que ya vivimos se manifestar con
an ms profundidad en el futuro.
31
Creer en la posibilidad de un retorno a un capita lismo ms humano, si es que eso existi en
algn momento, o por lo menos no tan violento como el actual, es en verdad creer en
ilusiones. La perspectiva reformista nunca ha sido tan enganosa.
Profesor del "Programa de Ps-Graduao em Polticas Sociais" y del Departamento de Economia de la Universidad Federal do Esprito Santo (UFES) -E-mail: [email protected] Pgina web: http://sites.uol.com.br/carcanholo
[1] Vase por ejemplo: Marini, R. M. Dialctica de la dependencia, Ediciones Era, Mxico, decimoprimera reimpresin, 1991.
[2] Ms adelante se har referencia al concepto de ganancias ficticias que, como podremos observar, aun no siendo resultado de la explotacin del trabajo, no violenta la teora dialctica del valor. Es justamente por eso que son ficticias.
[3] Marx, K. El Capital. Tomo I. Mxico, FCE, 1966. p. 13.
[4] Idem, pp. 255-256.
[5] Vase: Carcanholo, R.A. "Sobre o conceito de mais-valia extra em Marx" (verso preliminar). V Encontro Nacional de Economa Poltica. Brasil, Fortaleza, 21 a 23 de junho de 2000.
[6] Es verdad que tambin existen, en ese medio, autores que contestan dicha interpretacin.
[7] Chesnais en e l ltimo trabajo que le conocemos hizo breve mencin a e llas, pero sin la amplitud que le damos.Vase:. Chesnais, F. "El fin de un ciclo. Alcance y rumbo de la crisis financiera", en Herramienta N 37, Buenos A ires, marzo de 2008. pp. 07 a 36.
http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref2#_ednref2mailto:[email protected]://sites.uol.com.br/carcanholohttp://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref3#_ednref3http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref4#_ednref4http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref5#_ednref5http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref6#_ednref6http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref7#_ednref7http://rcarcanholo.sites.uol.com.br/Textos/art0001.pdfhttp://rcarcanholo.sites.uol.com.br/Textos/art0001.pdfhttp://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref8#_ednref8http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=625#_ednref9#_ednref9http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=580http://www.herramienta.com.ar/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=56532
La crisis me da risa: una mirada desde los Grundrisse del capitalismo contemporneo
Autor: Adrin Sotelo Valencia*
Para la mayora de la humanidad, que es la clase trabajadora y el proletariado todo, debe
quedar muy claro que la presente es una crisis estructural, prolongada y derivada de las
profundas contradicciones histricas acumuladas por el sistema en las ltimas tres dcadas y
que son coincidentes con lo que se ha dado en llamar "neoliberalismo", es decir, un patrn de
produccin y reproduccin, intercambio y consumo del capital internacio nal y de Estado,
fundado en la divisin internacional del trabajo y en la dinmica empresarial de las fuerzas del
mercado (oferta-demanda) y que, para ello, cuenta con todos los instrumentos jurdico-
polticos e institucionalesas como de las fuerzas represivas del Estado y de otros
instrumentos del sistema de dominacin, por ejemplo, el poder persuasivo de los medios de
comunicacin, la educacin y los procesos ideolgicos.
Por lo tanto de ninguna manera se trata de una "crisis inmobiliaria" o simplemente
"financiera" como se viene propagando desde los crculos oficiales del poder poltico-
ideolgico de Estados Unidos y de la Unin Europea y en los medios de comunicacin
privados y oficiales. S ha as fuera, sencillamente por sentido comn, se entendera que con
la inyeccin de 700 mil millones de dlares que el Congreso norteamericano aprob con el
objetivo de que el Departamento del Tesoro adquiera la deuda llamada de "mala calidad" de
lo