SEMINÁRIO OS DILEMAS DA ENERGIA E DO DESENVOLVIMENTO:
transições regionais de energia
ENERGIAS RENOVÁVEIS, A EXPERIÊNCIA DO BRASIL: ESTRATÉGIAS DE GESTÕES
ENERGÉTICAS SUSTENTÁVEIS
Engo. FERNANDO ALCOFORADO
O PROPÓSITO DA ENERGIA SUSTENTÁVEL
• A energia sustentável vai além da mera adequação de suprimentos energéticos porque contempla também as dimensões social, econômica e ambiental.
A POLÍTICA DE ENERGIA SUSTENTÁVEL
• A política de energia sustentável deve contribuir para produzir e usar energia de forma que:
1) limite a degradação ambiental;
2) preserve a integridade dos sistemas naturais;
3) elimine os riscos causados pelas mudanças climáticas globais; e,
4) promova o progresso econômico e social em direção a um mundo mais estável, pacífico, justo e humano.
AS ENERGIAS RENOVÁVEIS
• As energias renováveis são aquelas provenientes de ciclos naturais de conversão da radiação solar, fonte primária de quase toda energia disponível na Terra e, por isso, são praticamente inesgotáveis.
• São exemplos de fontes de energia renovável a energia hidroelétrica, solar, eólica, da biomassa, do mar e geotérmica. Como exemplos de energia não renovável temos o petróleo, o carvão e o gás cujos recursos são esgotáveis.
• As energias renováveis podem suprir as necessidades mundiais de energia com emissões nulas ou quase nulas de gases do efeito estufa contribuindo para enfrentar os riscos de mudança climática sem nenhuma redução de consumo de energia.
OFERTA INTERNA DE ENERGIA NO BRASIL
OFERTA INTERNA DE ENERGIA NO BRASIL EM 2009- %
OFERTA INTERNA DE ENERGIA NO BRASIL EM 2030- %
petróleo e derivados
28%
gás natural16%
carvão mineral7%
urânio3%
hidráulica e eletri-cidade14%
lenha e carvão vegetal
6%
produtos da cana19%
outras renováveis9%
38%
9%
5%
1%
15%
10%
18%
4%
FONTES RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS NA MATRIZ
ENERGÉTICA BRASILEIRA- %
2005 2010 2020 20300
10
20
30
40
50
60
Fontes renováveis
Fontes não renováveis
EVOLUÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2
CONSUMO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO POR SETOR EM 2009- %
consumo na transformação3% setor energético
5%
residencial6%
comercial0%
público1%
agropecuário6%
transportes51%
industrial13%
consumo final não energético
14%
ESTRUTURA DA DEMANDA DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS POR SETOR
COMBUSTÍVEL LÍQUIDO DESTINO DO COMBUSTÍVEL LÍQUIDO %
Querosene Transporte (aeronaves) 98
Álcool Transporte (automóveis) 95
Gasolina Transporte (automóveis/ caminhões) 100
Diesel Transporte (automóveis/ caminhões) 78
Setor Agropecuário 14
Geração de energia elétrica 6
Óleo combustível Transporte (navios) 11
Indústria 61
Geração de energia elétrica 10
GLP Residências 80
Serviços 11
Nafta Uso não energético 100
ESTRUTURA DO CONSUMO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO
ESTRUTURA DO CONSUMO DE GÁS NATURAL
OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICA POR FONTE
OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICA POR FONTE EM 2009- %
OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICA POR FONTE EM 2030- %
hidráulica77%
carvão e
derivados1%
nu-clear3%
derivados de petról
eo3%
gás nat-ural3% eólica
0%
biomassa5%importação
8%
hidráulica77%
gás natural9%
nu-cleares5%
carvão3%
cogeração biomassa da cana3%
eólicas1%
resíduos urbanos1%
outras 1%
POTENCIAL HIDRELÉTRICO DO BRASIL1. NORTE• Potencial: 111.396 MW• Explorado: 8,9%2. NORDESTE• Potencial : 26.268 MW• Explorado: 40,4%3. SUDESTE / CENTRO - OESTE• Potencial: 78.716 MW• Explorado: 41,0%4. SUL• Potencial: 42.030 MW• Explorado: 47,8%5. BRASIL• Total: 258.410 MW• Explorado: 28,2%Fonte: Balanço Energético Nacional 2005
POTENCIAL DE ENERGIA EÓLICA NO BRASILAtlas de Energia Eólica – Cepel / Eletrobras
POTENCIAL DE ENERGIA SOLAR NO BRASILFonte: CRESEB/CEPEL
CUSTO DA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
• Biomassa: R$ 102/MWh• PCH: R$ 116/ MWh• Energia hidroelétrica: R$ 118/ MWh• Carvão importado: R$ 128/ MWh• Carvão nacional: R$ 135/ MWh• GNL: R$ 126/ MWh• Nuclear: R$ 139/ MWh• Gás natural: R$ 140,00/ MWh • Energia eólica: R$ 197/MWh• Biogás: R$ 191/ MWh• Óleo combustível: R$ 330/ MWh• Óleo diesel: R$ 491/ MWh
Fonte: ESTUDO DE UTILIZAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA COMO FONTE GERADORA DE ENERGIA NO BRASIL de MURILO VILL MAGALHÃES, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, 2009.
CENÁRIO PARA O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA 2005
CENÁRIO 2005
Geração total: 367 TWh/ano
Hidrelétricas 84%
Biomassa 4%
Gás natural 4%
Diesel e Óleo combustivel 4%
Carvão 1%
Nuclear 3%
CENÁRIO PARA O CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA 2005
Hidrelétricas
Biomassa
Gás natural
Diesel e Óleo combustivel
Carvão
Nuclear
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9
CENÁRIO 2005
Participação na matriz elétrica
Fon
te d
e en
ergi
a
CENÁRIOS DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA 2050
CENÁRIO DE REFERÊNCIA 2050(MME)
CENÁRIO INTERMEDIÁRIO 2050(USP)
CENÁRIO REVOLUÇÃO ENERGÉTICA 2050(GREENPEACE)
Geração total: 1639 TWh/ano Geração total: 1166 TWh/ano Geração total: 1077 TWh/ano
Eficiência energética: 0 TWh/ano Eficiência energética: 413 TWh/ano Eficiência energética: 413 TWh/ano
Hidrelétricas 38% Hidrelétricas 40% Hidrelétricas 38%
Gás natural 34% Gás natural 25% Gás natural 12%
Biomassa e resíduos 15% Biomassa e resíduos 24% Biomassa e resíduos 26%
Eólica 4% Eólica 8% Eólica 20%
Nuclear 6% Nuclear 2% Nuclear 0%
Diesel e Óleo combustivel 3% Diesel e Óleo combustivel 1% Diesel e Óleo combustivel 0%
Carvão 0% Carvão 0% Carvão 0%
Painéis fotovoltaicos 0% Painéis fotovoltaicos 0% Painéis fotovoltaicos 4%
CENÁRIO DE REFERÊNCIA 2050(MME)
Hidrelétricas
Gás natural
Biomassa e resíduos
Eólica
Nuclear
Diesel e Óleo combustivel
Carvão
Painéis fotovoltaicos
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
CENÁRIO DE REFERÊNCIA 2050
Participação na matriz elétrica
Fo
nte
de
ener
gia
CENÁRIOS 2050
CENÁRIO INTERMEDIÁRIO 2050 CENÁRIO REVOLUÇÃO ENERGÉTICA 2050
Hidrelétricas
Gás natural
Biomassa e resíduos
Eólica
Nuclear
Diesel e Óleo combustivel
Carvão
Painéis fo-tovoltaicos
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45Participação na matriz elétrica
Fo
nte
de
ener
gia
Hidrelétricas
Gás natural
Biomassa e resíduos
Eólica
Nuclear
Diesel e Óleo combustivel
Carvão
Painéis fo-tovoltaicos
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4Participação na matriz elétrica
Fo
nte
de
ener
gia
DIRETRIZES DE PROGRAMAS PARA REDUÇÃO DO CONSUMO DE PETRÓLEO COM
A SUBSTITUIÇÃO DE ENERGÉTICOS • Substituição da gasolina pelo etanol e do diesel
pelo biodiesel a curto prazo no setor de transporte.• Substituição da gasolina e do diesel pelo
hidrogênio a médio e longo prazo no setor de transporte.
• Substituição do óleo combustível pelo gás natural e biomassa na indústria.
• Substituição do carvão mineral pelo gás natural na indústria.
• Substituição do diesel pela biomassa e gás natural no setor energético.
• Substituição do GLP pelo gás natural no setor residencial.
DIRETRIZES DE PROGRAMAS PARA REDUÇÃO DO CONSUMO DE
PETRÓLEO E AÇÕES DE ECONOMIA DE ENERGIA
• Produção de vapor e eletricidade na indústria com o uso de sistemas de cogeração.
• Incentivo às montadoras de automóveis e caminhões no sentido de elevar a eficiência dos veículos automotores para economizar energia.
• Expansão dos sistemas ferroviários e hidroviários para o transporte de carga em substituição aos caminhões.
• Expansão do transporte coletivo, sobretudo o transporte de massa de alta capacidade como o metrô ou VLT para reduzir o uso de automóveis nas cidades.
• Restrição ao uso de automóveis nos centros e em outras áreas das cidades.
• Incentivo à fabricação de máquinas e equipamentos de maior eficiência para economizar energia.
PONTOS FRACOS DO PLANEJAMENTO DO SISTEMA ELÉTRICO NO BRASIL
1. Implantação de centrais hidrelétricas na Amazônia de grande porte com sérios impactos ambientais sobre a floresta amazônica e os povos indígenas
2. Implantação de centrais nucleares sujeitas a riscos de acidentes e com problemas de disposição final do lixo atômico
3. Implantação de termelétricas convencionais baseadas em combustíveis fósseis (carvão mineral e gás natural) geradoras da emissão de CO2 para a atmosfera
4. Operação do sistema elétrico interligado de baixa confiabilidade sujeito a “apagões”
A POLÍTICA DE SUPRIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA REQUERIDA PARA O BRASIL
• Implantar PCH´s (pequenas centrais hidrelétricas) ou hidroelétricas de médio porte em várias regiões do Brasil ao invés de hidroelétricas de grande porte.
• As centrais nucleares, por sua vez, deveriam ser abandonadas como alternativa energética por problemas de segurança e disposição final do lixo atômico.
• Adotar a política de economia de energia em todos os setores da atividade do país.
• Incrementar a cogeração na indústria visando a produção de calor e eletricidade com a utilização de resíduos da produção industrial e do gás natural.
• Usar o biogás proveniente dos aterros sanitários na produção de eletricidade.
• Utilizar o hidrogênio como fonte geradora de energia a médio e longo prazo.
• Elevar a confiabilidade na operação do sistema elétrico para minimizar os efeitos dos “apagões”.
COMO EVITAR A IMPLANTAÇÃO DE HIDRELÉTRICAS DE GRANDE PORTE NA
AMAZÔNIA
• Implantar PCH´s (pequenas centrais hidrelétricas) ou hidrelétricas de médio porte em várias regiões do Brasil.
• Implantar usinas eólicas e sistemas híbridos nas localidades mais apropriadas.
• Realizar complementação através de usinas termelétricas convencionais utilizando o gás natural que é a fonte fóssil mais limpa, de turbinas eólicas e sistemas de energia solar fotovoltaica ou termossolar onde justificar sua implantação, se as hidroelétricas de pequena ou média escala não forem suficientes para suprir a demanda.
BARREIRAS À PENETRAÇÃO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
• O setor elétrico e o setor petróleo são dominados por autênticos feudos que impedem a realização de um planejamento energético em bases racionais.
• Falta de financiamentos de longo prazo apropriados.• Falta de uma apropriada estrutura legal para apoiar o
desenvolvimento das fontes renováveis de energia.• As tecnologias renováveis sofrem competição desigual
das tecnologias convencionais também em termos de preços dos usos finais.
• Distorção da não apropriação de custos externos ou das externalidades negativas com o uso de tecnologias convencionais.
BARREIRAS À PENETRAÇÃO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL
• Os obstáculos nas etapas de pesquisa, desenvolvimento e demonstração são numerosos no Brasil.
• Falta de conhecimento e confiança dos governantes e da população no potencial e nas possibilidades de desenvolvimento das energias renováveis.
• As fontes renováveis de energia não podem se desenvolver sem incentivo governamental.
• O financiamento a baixo custo não é suficiente para promover fontes renováveis de energia.
• Não haver a desoneração fiscal ou a depreciação acelerada dos investimentos em energias renováveis.
ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Colocar em prática as ações que contribuam para a viabilização do Cenário Revolução Energética proposto pelo Greenpeace para o setor elétrico, a máxima substituição de derivados de petróleo por energia renovável e a adoção de medidas de economia de energia em geral.
• Superar as barreiras para a penetração das renováveis de natureza política, de cunho legal, financeiro, fiscal, de capacitação tecnológica, de informação, educação e treinamento.
• Adotar um planejamento energético no Brasil em bases racionais e sistêmicas.
• Assegurar a participação dos estados e municípios no planejamento energético do Brasil a fim de que as demandas de desenvolvimento local do setor de energia sejam consideradas.
• Oferecer financiamento aos investidores de energia renovável para eliminar sua aversão ao risco representada pelo alto custo de produção, o mercado ainda não estar bem consolidado, a tecnologia não estar bem difundida e a escala de produção ser reduzida.
ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Promover a desoneração fiscal total ou parcial sobre os biocombustíveis.
• Criar uma apropriada estrutura legal para apoiar o desenvolvimento das fontes renováveis no Brasil.
• Garantir o acesso à rede de transmissão e distribuição de energia elétrica para pequenos produtores independentes.
• Utilizar mecanismos legais de apoio às fontes renováveis de energia tais como: i) Fixação de Preços (Feed-in Arrangements); ii) Leilões de Energia (Tendering Arrangements); iii) Participação Voluntária (Green Pricing Scheme); e, iv) Certificados Verdes (Tradable Renewable Energy Certificate – TREC).
• Apropriar os custos externos ou as externalidades negativas na comparação entre as tecnologias convencionais e as tecnologias renováveis.
ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Impor taxas sobre emissões de carbono e outros poluentes na operação de empreendimentos energéticos.
• Superar os obstáculos existentes em pesquisa, desenvolvimento e demonstração no Brasil reforçando os centros de P&D existentes e criando novos.
• Preparar o aparato industrial para dar suporte aos objetivos traçados para fontes renováveis.
• Conscientizar os governantes e a população dos benefícios não energéticos das energias renováveis, tais como o incremento da renda ou a geração de empregos.
• Incrementar o apoio do governo federal aos programas de energias renováveis.
• Aumentar a contribuição do BNDES aos programas de energias renováveis.
ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Desenvolver um arcabouço legal, regulatório e institucional sólido, de forma a reduzir os riscos para os investidores e financiadores de energias renováveis.
• Articular os bancos de varejo, os bancos de desenvolvimento regionais e as agências de fomento no sentido de promover as energias renováveis.
• Incrementar o aproveitamento do grande potencial de energia eólica da Bahia.
• Superar os problemas de produção agrícola, de infraestrutura, de assistência técnica, de capacitação agrícola, dentre outros que dificultam a implementação do Programa de Biodiesel no estado da Bahia.
• Superar os obstáculos existentes em pesquisa, desenvolvimento e demonstração no Brasil.
ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS DE ENERGIA PARA O BRASIL
• Conscientizar os governantes e a população dos benefícios não energéticos, tais como o incremento da renda ou a geração de empregos locais propiciadas pelas energias renováveis.
• O governo federal deveria apoiar firmemente os programas de energias renováveis existentes e criar novos.
• Aumentar a contribuição do BNDES aos programas de energias renováveis.
• Desenvolver um arcabouço legal, regulatório e institucional sólido, de forma a reduzir os riscos para os financiadores.
• Articular os bancos de varejo, os bancos de desenvolvimento regionais e as agências de fomento no sentido de promover as energias renováveis.
• Incrementar o aproveitamento do grande potencial de energia eólica da Bahia.
• Superar os problemas de produção agrícola, de infraestrutura, de assistência técnica, de capacitação agrícola, dentre outros que dificultam a implementação do Programa de Biodiesel no estado da Bahia.
ALGUNS DESAFIOS A ENFRENTAR• O que fazer com a utilização do potencial hidrelétrico
na Amazônia em razão dos seus impactos socioambientais?
• O que fazer com a exploração do pré-sal por conta do aumento das emissões brasileiras dos gases de efeito estufa, bem como dos seus altos custos financeiros?
• Cabe perguntar se estamos preparados para enfrentar esses desafios e evitar que mais uma vez escolhamos os caminhos tortuosos que nos fazem chegar sempre atrasados ao futuro que outros países já alcançaram.
• Enquanto o mundo assiste a uma corrida tecnológica pela busca dos substitutos do petróleo, celebramos a descoberta do pré-sal como a redenção do Brasil.