Transcript
Page 1: SIGA O PARANAPANEMA / …paranapanema.org/wp-content/uploads/2016/11/paranapanema-em-foco... · principalmente nas áreas de irrigação. A quali-dade das águas super˜ciais varia

2 3 4

PARANAPANEMA

Eleições no CBH-PARANAPANEMA

Novos membros tomam posse e elegem diretoria para o próximo

quadriênio

Mobilização

Processo participativo é um dos diferenciais do PIRH

Paranapanema e irá contribuir para colocá-lo em prática

Entrevista

Presidente da ANA, Vicente Andreu, destaca a importância do PIRH Paranapanema para os destinos da bacia hidrográ�ca

EM FOCOSIGA O PARANAPANEMA / WWW.PARANAPANEMA.ORG

INFORMATIVO DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAPANEMAEd

ição 0

3– N

ovem

bro 2

016

Plano Integrado de Recursos Hídricos – PIRH Paranapanema

Seja parceiro dessa iniciativa. Opine, traga sugestões, participe da sua construção. Ele é fundamental

para o desenvolvimento da nossa região.

EU SOU PARANAPANEMA

/cbhparanapanemawww.paranapanema.org

/ Continua na página 3

PIRH é aprovado; desa�o agora é a sua implementação

Com o estudo concluído, CBH-PARANAPANEMA e ANA se mobilizam para que ele saia do papel

Após pouco mais de três anos de trabalho para sua elaboração, o Plano Integrado de Recursos Hídricos (PIRH) da Bacia Hi-

drográ�ca do Rio Paranapanema foi concluído e teve sua aprovação emitida pelos membros do CBH-PARANAPANEMA durante a 4ª Reunião Ex-traordinária do Comitê de Bacia, realizada no dia 21 de outubro, em Ponta Grossa (PR). O plano será o�cialmente apresentando a autoridades e à so-ciedade no próximo dia 29 de novembro, às 20 horas, em um evento especial no Hotel Sumatra, em Londrina (PR). Caso as ações propostas pelo PIRH sejam implementadas, serão necessários investimentos da ordem de R$ 106 milhões, em boa parte, recursos provenientes dos órgãos ges-tores de recursos hídricos.

Elaborado pelo CBH-PARANAPANEMA com apoio da Agência Nacional de Águas (ANA), o plano teve seus trabalhos iniciados em março de 2013, quando foram elaborados os Termos de Referên-cia para orientar a sua construção. Três etapas principais compuseram a concepção do PIRH Paranapanema: Diagnóstico, Prognóstico e Plano de ações. O estudo congrega diversos conheci-mentos sobre a Bacia do Paranapanema, reunin-do dados e informações de várias fontes – órgãos públicos, empresas, universidades e outras insti-tuições, sem contar as participações diretas, por meio de o�cinas, reuniões e encontros.

Entre as potencialidades identi�cadas pelo PIRH na Bacia do Paranapanema, pode-se destacar: regu-larização do regime �uvial do rio Paranapanema, em razão da cascata de reservatórios das usinas hi-drelétricas; situação confortável quanto ao uso das águas subterrâneas; e a existência de reservatórios junto às captações para irrigação, o que contribui para reduzir a pressão hídrica sobre os mananciais em momentos de escassez. Em termos gerais, são

demandados apenas 16% das disponibilidades hídricas da bacia. Há dé�cits muito localizados, principalmente nas áreas de irrigação. A quali-dade das águas super�ciais varia entre regular e boa na maior parte da bacia, sendo as situações críticas dispersas, e os índices de saneamento são elevados, em especial na vertente paulista. A boa cobertura vegetal é outro exemplo dos ativos am-bientais da bacia.

Bacia do Paranapanema. Raylton Alves / Banco de Imagens ANA

Page 2: SIGA O PARANAPANEMA / …paranapanema.org/wp-content/uploads/2016/11/paranapanema-em-foco... · principalmente nas áreas de irrigação. A quali-dade das águas super˜ciais varia

Eleições no CBH-PARANAPANEMA: nova diretoria será de�nida

Iniciado em janeiro deste ano, o processo eleitoral do CBH-PARANAPANEMA chega ao final. No próximo dia 30 de novembro, às 9

horas, acontece a posse dos novos membros do comitê e a eleição da diretoria que coman-dará a instituição pelos próximos quatros anos. A solenidade de posse e a eleição ocorrerão conjuntamente com a 8ª Reunião Ordinária do comitê, que será realizada no Hotel Sumatra, em Londrina (PR).

Durante a Plenária de Posse, será realizada a elei-ção da nova diretoria − presidente, 1º vice-presi-dente, 2º vice-presidente, secretário e secretário adjunto. Caberá aos presentes se articularem e pleitearem as vagas entre seus pares. Também nessa ocasião serão indicadas as instituições que comporão as Câmaras Técnicas do comitê, via manifestação de interesse dos presentes.

Se um dos principais méritos da atual diretoria foi a construção das alianças necessárias para a pactuação do PIRH Paranapanema, que será en-tregue o�cialmente ao comitê no dia 29 de no-vembro, em Londrina, o maior desa�o da nova diretoria será a implementação do plano.

Nesse sentido, a elaboração de um manual ope-rativo do PIRH, que estabelece o roteiro de imple-mentação para os projetos e ações, elencando procedimentos, estudos de base e arranjos ins-titucionais que permitam que ele saia do papel, será fundamental para dar suporte as ações e agenda do comitê.

Outra ação nessa linha é a continuidade da mobilização de todos os setores que envolvem a gestão de recursos hídricos da Bacia Hidrográ�ca do Rio Paranapanema, bem como a instituição de um grupo de acompanhamento do plano, no âmbito do comitê.

EXPEDIENTEParanapanema em Foco é o informativo do Plano Integrado de Recursos Hídricos (PIRH) da Bacia do Rio Paranapanema

Edição 03 – Novembro de 2016

CBH-PARANAPANEMAwww.paranapanema.orgPresidenteEverton Luiz da Costa Souza

Produção EditorialGeo Brasilis EditorMarcelo de ValécioProjeto grá�coMark Clydesdale

Elaboração: www.geobrasilis.com.br

Arquivo CBH PARANAPANEMA

Mensagem do CBH-PARANAPANEMA

Sensação do dever cumprido. Esse deve ser o sentimento de todos aqueles atores que participaram desta primeira gestão do

CBH-PARANAPANEMA, desenvolvida desde de-zembro de 2012. Eles foram membros titulares e suplentes do comitê, funcionários de institui-ções públicas, de gestão de recursos hídricos, de gestão ambiental, de planejamento urbano, de políticas dos processos produtivos, que se dedicaram a contribuir com os conteúdos dos documentos técnicos.

Foram integrantes de empresas e de represen-tações coletivas, em especial, da geração de energia, saneamento, indústria e agropecuária, que dedicaram seu tempo e conhecimento para também agregar contribuições a todas as ações desenvolvidas pelo CBH-PARANAPA-NEMA. Participaram como representantes das universidades e da sociedade civil, agregando

conhecimento técnico e experiências em ações sociais, e principalmente como ocupantes do território de mais de 106 mil km² da Unidade de Gestão dos Recursos Hídricos (UGRH) Paranapa-nema, assim de�nida pela Resolução CNRH Nº 109, de 13 de abril de 2010.

Diante do desa�o do exercício da importante atribuição de um comitê de bacia hidrográ�ca, que é o de elaborar e aprovar o seu plano de recursos hídricos, esses protagonistas conse-guiram traduzir num documento técnico con-sistente e devidamente pactuado no decorrer dos últimos três anos, o PIRH Paranapanema da UGRH Paranapanema, aprovado na 4ª Reunião Plenária Extraordinária, realizada em 21 de outu-bro, em Ponta Grossa (PR).

O PIRH traz um amplo diagnóstico dos recursos hídricos da bacia, em que balanços, problemas

e potencialidades são mostrados para que, sob diferentes cenários, tais informações se tradu-zam num plano de ações que está sendo devi-damente sistematizado num manual operativo. O manual, que é uma inovação, e a continuida-de do processo participativo de funcionamento do CBH, é a garantia de que o Plano de Ações vai se efetivar e possibilitar intervenções que venham contribuir para a melhoria no processo de gestão das águas do rio Paranapanema.

Parabéns a todos os participantes do processo de construção do PIRH e de funcionamento do CBH-PARANAPANEMA. Que possamos traduzir nossos esforços em produção com o menor im-pacto ambiental e equidade socioeconômica para toda a nossa bacia e para o Brasil.

Everton Luiz da Costa Souza, presidente do CBH-PARANAPANEMA

Page 3: SIGA O PARANAPANEMA / …paranapanema.org/wp-content/uploads/2016/11/paranapanema-em-foco... · principalmente nas áreas de irrigação. A quali-dade das águas super˜ciais varia

Mobilização: processo participativo é destaque do estudo

Uma das principais singularida-des do PIRH Paranapanema é o método interativo que

norteou o estudo desde as prelimi-nares e irá prosseguir ao longo da sua implantação. “O amplo proces-so participativo juntamente com o desenvolvimento de uma ferra-menta de apoio à implementação das principais ações estratégicas (manual operativo), com vistas a garantir maior efetividade ao pro-cesso de gestão das águas da Bacia Paranapanema, podem ser aponta-dos como os grandes diferenciais do PIRH frente a outros estudos do gênero”, revela Márcio Araújo Silva, especialista de recursos hídricos da ANA.

Ao longo de mais de três anos de trabalho para sua concretização, foram realizadas diversas ações vi-sando envolver os mais diferentes segmentos da sociedade em torno do plano. Entre as atividades realiza-das nesse sentido estão os encon-tros ampliados. Dois desses eventos ocorreram neste ano. O primeiro em Londrina (PR), em fevereiro, e outro em Presidente Prudente (SP), em julho. Nos encontros, os inte-ressados, entre eles, membros do CBH-PANAPANEMA e dos comitês

a�uentes, poder público, ONGs, meio acadêmico e a sociedade ci-vil, puderam se informar e opinar sobre o desenvolvimento do PIRH. De acordo com os organizadores, os encontros foram também uma oportunidade de mostrar o papel integrador do comitê interestadu-al nas políticas públicas voltadas à gestão das bacias a�uentes.

Outra ação de mobilização foram as o�cinas do PIRH Paranapanema. Somente neste ano, no mês de abril, foram realizadas seis delas, em cada uma das cidades pertencentes aos comitês a�uentes da bacia − três paulistas (Presidente Prudente, Marília e Piraju) e três paranaenses (Londrina, Maringá e Jacarezinho). Para cada o�cina foram oferecidas até 60 vagas, voltadas a membros dos comitês de bacias a�uentes, representantes de usuários e de en-tidades civis de recursos hídricos e demais interessados. Todos pude-ram se informar sobre o andamen-to das etapas do PIRH e entender como estavam sendo delineadas as prioridades do Plano de Ações.

Um evento de repercussão no âm-bito do PIRH Paranapanema foi o 1º. Encontro de Prefeitos da Bacia

Hidrográfica do Rio Paranapane-ma, realizado em Londrina, em março deste ano. Mais de 50 pre-feitos do Paraná e de São Paulo estiveram presentes ao evento, que teve como um dos objetivos centrais mobilizar e promover a articulação permanente dos pre-feitos que integram a Bacia Hidro-gráfica do Paranapanema, visando destacar o papel estratégico dos municípios na definição de metas e ações prioritárias do PIRH Para-napanema. “A nossa perspectiva com relação ao envolvimento dos municípios é de fortalecimento da articulação política, para que pos-samos buscar recursos para im-plantação do plano, de forma que as soluções possam ser realmente efetivadas”, afirma Everton Luiz da Costa Souza, presidente do CBH-PARANAPANEMA.

As universidades também tiveram oportunidade de aproximação com o PIRH Paranapanema. O Seminário das Instituições de Ensino Superior da Bacia do Rio Paranapanema, re-alizado em abril deste ano em Pre-sidente Prudente, além de colocar em discussão o plano para a comu-nidade acadêmica, propôs que fu-turamente seja criada a Rede UniPa-ranapanema, a ser composta pelas instituições de ensino superior que atuam na Bacia do rio Paranapane-ma. A parceria com as entidades acadêmicas já vem sendo praticada pelo CBH-PARANAPANEMA desde o início do processo de mobilização para sua instalação, mas a ideia da rede é ampliar isso, promovendo a interlocução sobre a gestão das águas e as possibilidades de atu-ação quali�cada na Bacia do Para-napanema.

Continuação da capa / PIRH é aprovado; desa�o agora é a sua implementação

Na economia da região da ba-cia hidrográ�ca − que envolve 247 municípios paranaeneses

e paulistas e população de 4,7 mi-lhões de habitantes −, a presença de bons indicadores socioeconômicos (IDH) e a satisfatória distribuição seto-rial do PIB mostra capacidade produ-tiva e de riquezas, o que contribui na implementação de ações de gestão dos recursos hídricos, na avaliação dos técnicos que trabalharam na ela-boração do PIRH. Outro ponto positi-vo, segundo eles, é o modelo institu-cional. Além do comitê interestadual, há seis comitês a�uentes, todos em pleno funcionamento.

O PIRH está estruturado em dois componentes: 1 – Gestão de Recur-sos Hídricos (GRH) – constituído por seis programas que envolvem ações voltadas para gestão, planejamento, e melhor aproveitamento dos recur-sos hídricos; e 2 – Intervenções e Ar-ticulações com Planejamento Setorial (STR) – composto por seis programas voltados à produção de conheci-mento e melhoria da infraestrutura hídrica nas bacias a�uentes do rio Paranapanema. Entre as ações pro-postas pelo PIRH Paranapanema para aumentar a disponibilidade hídrica e proteger a qualidade das águas da bacia, estão a reservação de água (pequenos barramentos), alternativas locacionais para captação de água para abastecimento urbano e utiliza-ção de mananciais subterrâneos. Os maiores desa�os são regularizar os usos, já que será preciso equacionar as vazões outorgadas com as estima-tivas de usos, e ampliar os pontos de monitoramento hidrometeorológico.

Uma nova e importante fase do PIRH começa agora: a sua implemen-tação. Os atores envolvidos com o uso dos recursos hídricos têm o compromisso de contribuir para co-locá-lo em prática, de forma que se torne uma ferramenta efetiva de ge-renciamento dos recursos hídricos da Bacia do Paranapanema e seja apropriado pelos órgãos gestores da União e dos estados de São Pau-lo e Paraná, bem como dos diversos setores usuários e transversais, ga-rantindo a preservação das águas da bacia hidrográ�ca. “A intenção de todos os envolvidos com o estudo é que ele seja implementado a partir de agora. Para isso, foi desenvolvido o manual operativo do plano (MOP) e será criada uma câmara de arti-culação política, que �cará respon-sável pelas relações institucionais, políticas e setoriais para dar prosse-guimento à sua execução”, anuncia Everton Luiz da Costa Souza, presi-dente do CBH-PARANAPANEMA.

O MOP estabelece roteiro, procedi-mentos, estudos de base e arranjos necessários para efetivamente se re-alizar cada respectiva ação do plano. “Ele tem por objetivo servir como manual para que o CBH-PARANAPA-NEMA e os órgãos gestores de re-cursos hídricos viabilizarem as ações propostas e acordadas no PIRH Pa-ranapanema. Ou seja, promoverá a transformação do que foi estabele-cido no plano em ações concretas”, revela Márcio Araújo Silva, especia-lista de recursos hídricos da ANA. Outro destaque da fase pós-plano é a continuidade da mobilização dos envolvidos com o estudo. De acordo com Antonio Cezar Leal, pro-fessor da Unesp e coordenador do GT Plano do CBH-PARANAPANEMA, será criado um grupo de acompa-nhamento do plano. “Esse grupo irá trabalhar desenvolvendo os trâmites institucionais para que a implemen-tação do PIRH Paranapanema des-lanche”, a�rma.

Arquivo CBH PARANAPANEMA

Rayl

ton

Alve

s /

Banc

o de

Imag

ens

ANA

Page 4: SIGA O PARANAPANEMA / …paranapanema.org/wp-content/uploads/2016/11/paranapanema-em-foco... · principalmente nas áreas de irrigação. A quali-dade das águas super˜ciais varia

ENTREVISTA

A importância do PIRH ParanapanemaEm entrevista ex-clusiva, o presiden-te da ANA, Vicente Andreu, destaca a relevância do PIRH P a r a n a p a n e m a para a Bacia do rio Pa ra n a p a n e m a , explica por que um plano de bacias é importante para garantir o futuro das próximas ge-rações e enfatiza os diferenciais do estudo, como o

amplo processo participativo e o manual operativo. “Conseguir aprovar um plano integrado de recursos hídricos a tempo de programar o desenvolvimento econômico de uma região de forma sustentável é, sem dúvida, motivo de celebração”, salienta o presi-dente da ANA.

Paranapanema em Foco − Qual a importância de um plano de recursos hídricos para a Bacia do Pa-ranapanema?Vicente Andreu − O objetivo de um plano de bacia é compatibilizar oferta e demanda de água tanto em quantidade quanto em qualidade para todos os usu-ários em todos os pontos da bacia hidrográ�ca. Como a base desse tipo de projeto é uma visão integrada dos usos múltiplos da água, os planos são elaborados com o envolvimento de órgãos governamentais, da sociedade civil, dos usuários e das diferentes institui-ções que participam do gerenciamento dos recursos hídricos da bacia. A Bacia do rio Paranapanema não apresenta problemas generalizados quanto aos seus recursos hídricos. Em termos de quantidade, há dé�cits localizados, principalmente nas áreas de irrigação, que é o principal usuário. Já com relação à qualidade das águas super�ciais, as ocorrências de situações críticas são mais dispersas. A elaboração de um plano de bacia é algo positivo para qualquer bacia hidrográ�ca, mas no caso do Paranapanema acho importante destacar que se trata de uma bacia bastante homogênea do ponto de vista econômico e cultural, entre os estados de São Paulo e Paraná. Embora existentes, as pressões ainda estão sob controle. Há dé�cits hídricos, devido à irrigação, no Taquari e no Alto do Paranapanema, mas, de maneira geral, as demandas somam apenas 16% da disponibilidade hídrica da bacia.

Qual o per�l da região da Bacia do Paranapanema?É uma região que tem muito potencial, bastante pre-servada, tanto do ponto de vista hídrico quanto am-biental. A situação confortável das águas subterrâne-as e a boa cobertura vegetal são exemplos de ativos ambientais da bacia. Os maiores desa�os são regula-rizar os usos, já que será preciso equacionar as vazões outorgadas com as estimativas de usos, e ampliar os pontos de monitoramento hidrometeorológico. Todo plano de bacia reúne as diretrizes e os balizadores que de�nem ações estratégicas de recursos hídricos para uma determinada região, incluindo informações sobre ações de gestão, planos, programas, projetos, obras e investimentos prioritários. Por isso, é um importante instrumento para organizar o atendimento às deman-das dos diversos setores produtivos e da sociedade que vive em uma bacia hidrográ�ca. Conseguir apro-var um plano integrado de recursos hídricos a tempo de programar o desenvolvimento econômico de uma região de forma sustentável é, sem dúvida, motivo de celebração.

Outro desa�o é compatibilizar os vários interes-ses em torno da utilização da água. Qual deve ser o papel de cada um − poder público, agricultura, indústria, geração de energia e a sociedade em ge-ral − para que se encontre o equilíbrio do uso dos recursos hídricos disponíveis?Com relação aos setores usuários, seja irrigação, ativida-de industrial, geração de energia ou qualquer outro, o seu papel é promover a utilização racional e sustentá-vel da água. Os usos consuntivos, por exemplo, como irrigação e indústria, devem buscar incorporar a aplica-ção de tecnologias modernas em seus processos para usar cada vez menos água com maior e�ciência, o que implica adotar práticas de irrigação adequadas às res-pectivas culturas e o reúso, no caso das indústrias. Além disso, é preciso um comprometimento com relação ao lançamento de e�uentes nos mananciais, como resí-duos industriais e de agrotóxicos. No caso da geração de energia elétrica, o desa�o onde essas usinas estão instaladas é compatibilizar a geração com outros usos. Um bom exemplo é o esforço que �zemos junto com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, no ano passado, para alcançar um acordo de regras de operação para as usinas do sistema interligado da Bacia do rio Paraíba do Sul. A nova regra de operação, que passará a valer assim que o padrão de chuvas voltar à normalidade, vai compatibilizar os atuais usos da bacia, como saneamento e produção de energia, com usos futuros, como a ampliação da estação de tratamento do Guandu, no Rio de Janeiro, e a interligação entre os reservatórios Jaguari, na Bacia do Paraíba do Sul, e Atibainha, no Sistema Cantareira, em São Paulo. A Bacia do Paranapanema possui 12 usinas hidrelétricas e em algum momento poderá precisar rever suas regras de operação à medida que outros usos forem aumentan-do. O fato de haver um plano de bacia será um instru-mento de planejamento que vai facilitar o diálogo entre os setores usuários, caso isso venha a ocorrer. Com re-lação ao poder público, normas claras e transparentes com uma regulação moderna que faça frente a desa�os, como desenvolvimento econômico e instabilidade cli-mática, são requisitos essenciais, além de uma �scaliza-ção adequada dos usos. A sociedade, em geral, tem um papel muito amplo, que vai desde o consumo racional de água, �scalização e acompanhamento do desempe-nho dos órgãos públicos, até a participação na gestão. O Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, criado pela Política Nacional de Recursos Hí-dricos, facilita essa participação com a presença dos comitês de bacia.

Nos últimos anos tivemos uma crise hídrica que atingiu vários estados. Como um plano como o PIRH Paranapanema pode contribuir para se pre-parar e enfrentar momentos de escassez de água?Os planos de bacia são conjuntos de ações estratégicas para evitar crises e não para resolvê-las, mas, é claro, a depender a situação, um bom planejamento pode aju-dar a mitigar os efeitos de uma crise, mesmo não sendo um instrumento para agir na conjuntura. Por exemplo, a partir do �m de 2013, as vazões a�uentes no Sudeste diminuíram muito, atingindo patamares sem prece-dentes no histórico de vazões da região. Essa mudança no padrão hidrológico resultou em crises hídricas gra-ves na Bacia do Paraíba do Sul, na Bacia do PCJ (Pira-cicaba, Capivari e Jundiaí) e na Região Metropolitana de São Paulo, abastecida em grande parte pelo Sistema Cantareira, localizado na Bacia do PCJ. Essas crises con-junturais são resolvidas por planos de operação, como o exemplo dos reservatórios do rio Paraíba do Sul, e por planos de contingência ou por meio de outros instru-mentos, como a outorga, que é o que estamos fazendo na renovação do Sistema Cantareira, ao introduzir faixas com diferentes níveis de restrição de uso, a depender o

volume armazenado. Mas, se bem planejadas e execu-tadas, as ações do plano podem contribuir para evitar ou arrefecer os efeitos das crises. O plano do Paranapa-nema prevê estudos de dimensionamento, localização e priorização de pequenos barramentos para aumentar a reservação de água. Atualmente, a existência de pe-quenos barramentos junto às captações para irrigação contribui bastante para reduzir a pressão hídrica sobre os mananciais em momentos de escassez. E isso é uma vantagem que a bacia já possui. Outros exemplos de ações previstas no plano são alternativas de locais para captação de água para abastecimento urbano, utiliza-ção de mananciais subterrâneos, transposições, en�m, várias ações que podem aumentar a segurança hídrica. A questão do saneamento é das mais prementes no Brasil. Como o PIRH poderá contribuir para os muni-cípios que fazem parte da Bacia do Paranapanema?No Brasil, o lançamento de carga orgânica é a principal razão da poluição dos rios. Na Bacia do rio Paranapa-nema os índices de saneamento são elevados, embora menores na vertente paranaense, e os corpos hídricos apresentam capacidade de suporte, ou seja, têm boa capacidade de diluição e autodepuração das cargas sa-nitárias. Por isso, em geral, a qualidade das águas super-�ciais varia entre regular e boa, sendo que as situações mais críticas são localizadas em centros urbanos mais populosos. A bacia tem bons indicadores socioeconô-micos (IDH) e distribuição setorial do PIB, o que confere capacidade produtiva e de riquezas, aumentando as chances de uma gestão mais e�ciente. Mas embora a bacia tenha elevados índices de tratamento de esgotos sanitários das áreas urbanas, principalmente na vertente paulista, as cargas remanescentes orgânicas ainda são consideráveis em pontos especí�cos. O plano prevê ações de coleta e tratamento de esgoto, mas um desa-�o é o número de municípios da bacia. São 247, sendo 132 no Paraná e 115 em São Paulo. A boa notícia é que o PIRH prevê uma ação para identi�car, entre aqueles municípios que já têm recursos assegurados para obras de saneamento, qual é a principal di�culdade para exe-cutar essas obras, e apostamos que isso pode ser uma contribuição bastante importante para ajudar a destra-var esses investimentos.

Qual o diferencial do PIRH Paranapanema para ou-tros planos do gênero?Eu acredito que na Bacia do Paranapanema houve um processo participativo mais amplo e o desenvolvimen-to de uma ferramenta de apoio à implementação das principais ações estratégicas com o objetivo de garantir maior efetividade ao processo de gestão das águas do Paranapanema, que é o manual operativo. Trata-se de um roteiro de implementação com cronograma e que prioriza as ações estratégicas.

Um dos grandes desa�os dos planos de gestão é a sua implementação. O que está sendo feito para que o PIRH Paranapanema seja um instrumento efetivo de gerenciamento das águas da bacia, vi-sando sua conservação e aumento da oferta?É preciso ter ações exequíveis e dar ênfase àquelas estratégicas que estão sob a governabilidade dos ór-gãos gestores de recursos hídricos, como, por exem-plo, outorgas e o enquadramento dos corpos d’água por classe de uso. Essas ações estão orçadas em R$ 106 milhões. Claro que não representam o grosso. As obras previstas somam R$ 2 bilhões e a maior parte desse volume são obras de saneamento. Mas as ações sobre a governança do sistema viabilizam as obras, que extrapolam a gestão dos recursos hídricos e envolvem principalmente o setor de saneamento, cuja execução depende da conjuntura econômica, política e da toma-da de decisão.

Rayl

ton

Alve

s / B

anco

de

Imag

ens A

NA


Recommended