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SILVA JARDIM
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DISCUPSO
SALÃo \)n
1'rR~t\DE IES
,eRSãú :olclntrn do Clnll TtradentesE~l HCnIE\A(rE~1 AO I)ATRIOTA JIAR'[YR
na noite de &1 de Ab\:tl de 1890
RIl) DF .1'\" "EIR()Typ. d~ G. Leuztnger li: Filho". Rua do OU\lldor ,I
~cXn.l;t "iUlIl ,0111l\'O Ilu 111(1"1" IIillrndn .1., Umzil'\l~9 • "\!Ulf'Jl~ dn II IJUhh u U'1u:Hritú
TIRADENTES
TIRADENTES
DISCURSOLIDO POR
SILVA JARDIMNA
Sessão solrmne do Club TimdentesEM HOMENAGEM AO PATRIOTA MARTYR
na noite de 21 de Abril de 1890NO
SALÃO DO CASSINO FLUMINENSE
NO CARACTER DE ORADOR OFFICIAL DO :lmSMO CLun
4"
RIO DE JANEIROTyp. de G. Leuzinger & Filhos, Rua do Ouvidor 31
2969 1.890
Scxag ,imo Oit"vo n" Independeucia do U'llzil,e~Segulldo da Repnblica Umzileira.
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Este vOlume af.ha-se registrado
sob numero _!:1__~ ~ :-:t. .do ano de ...:{.....
CIDADÃO PRESIDENTE DA REPUBLICA DOS
ESTADOS UNIDOS DO BRAZIL !
CIDADÃOS MINISTROS!
SENHORAS!
CIDADÃOS!
Entre os dotes da alma humana haeste, mais que todos os outros util, basede todo pensamento e de toda acção:amar; entre as tão variadas maneiras deamar, esta é a mais nobre; - amar, venerando; e d'esse amor com veneração,o mais grato é o que se dedica aos mortosqueridos, - ou do lar, ou da cidade, ou daPatria. Util, nobre e grato, mas sobretudo necessario e fatal, um tal amor origina um verdadeiro culto, uma adoraçãocompleta: o oriental tem a camara ondejazem depostas as cinzas dos antepas-
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sados, O occidental O cemiterio, camposanto do repouso dos finados, e da saudade dos vivos. Sem essa fatalidade nãohaveria mesmo civilisação, nem civismo:porque a civilisação é a continuidade natradição, a solidariedade no presente e acommum aspiração de pOl'vir: e a Patriaresume-se, em fim, no tumulo do antepassado, na casa do conterraneo, e no berçodo filho. Grandeza do Homem! que fazda imperfeição base do mesmo progresso!
Mas esse amor natural que prendeo homem ao homem ido, presente oufuturo, não está indicando que somostodos irmãos, que todos somos membrosde um mesmo corpo, sangue das mesmasveias? Porque o individuo é abstração,necessaria ao estudo social, como o artificio do principio da inercia. ao estudodos corpos: a realidade é a Humanidade;jámais se viu e se verá alguem, tão misero, que d'ella isolado. Que é a Sociedade, pois, sinão um vasto e poderoso
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organismo? Que é a Familia, smao umser tão real, como cousa pelos sentidospercebivel, embora ser collectivo? Que é
a Patria, pela qual tantos têm morrido,no sacrificio da peleja ou do trabalho, daacção ou da theoria, sinão, ente que nasce,filha ~os proprios filhos, que vive da felicidadé dos que a fazem viver, que morrequando a generosidade, a in telligenc\a eo valor morrem tambem?
Mas então, por isso que todos sãoum, e que um a todos resume, de modoa tornar utopia realisavel a fraternidaccuniversal, todo homem é uma força:do concurso do cidadão, por minimo queseja, resulta a grandeza commum : emboraem fracção dimil1uta, a Familia é elle,a Patria é elle proprio, si trabalhador,pensante, e bom. Para nós voltada,esperando o nosso concurso independente, a Patria diz-nos: cc eu '"'te sounecessaria, . e . tu me és u til» ; - cadeiadivina, que faz da liberdade uma justa
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gloria, e da submissão dedicada um titulode honra e de gratidão!
Todo homem é, portanto, capaz d~
tornar-se .digno de incorporação ávidada Patria: ser homem é já ser grande;ser um bom cidadão, deve ser o seu proprio dever, e para realiza-lo, basta-lheamor á propria terra:
(C Homo smTI, et nihil a me alienum puta »
(C Homem sou, e nada humano existe, que alheioa mim repute »
dizia a lotigu idade pela bocca do poetaTere;lcio.
Homens !la, porém, Cidadãos, quesão as montanhas altíssimas d'onue asgerações descortinam os horizontes doporvir. Tal aqui olha o espaço, quandoa quietude do céo e da terra deixa estudara natureza, para a verdade ou para oideal, no ru tilar da estrella, no irradiarda luz, no brotar da f1ôr, no caminhar doanimal e do homem: é o sabia, é o artista;é I ewton, ou Gallileo, ou Buffon, ou Bichat,
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ou Homero, ou Dante; qual trava o combate com a imperfeição latente, corta asnegras urzes do egoismo, ergue as gratasfiorescencias do respeito, da amizade eda abnegação; é o santo, o moralista;Confucio, ou Mahomet, ou S. Paulo, ouA. Comte; tal penetra as entranhas daterra, lapida minerios, sulca os mares,fixa as communicações, abre a casa, instituea fabrica, procura escalar os céos: é onau ta, o commerciante, o industrial: éCook, ou Gu Uemberg, ou Watt, ouGusmão; d'elles, est'outro apieda-se dosfracos, ve-los s~m direcção na tortuosasenda do exercicio dos direitos do homem,e, atravez da injuria, do erro supposto,da imperfeição propria e alheia, do insuccesso, da ingratidão, e por vezes domartyrio, pilota a náo do governo dospovos: - é Moysés, ou Cezar, ou C.Magno, ou Cromwel, ou Danton, ou Washington, ou José Bonifacio. São necessarios: são precisos. De tempo a tempo
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a evoluçãO social de um paiz ou da Humanidade põe em face dos vivos umproblema, imposto pelos antecedentes, ecuja solução urge imperiosa até á realisação. A grande massa, generosa, masinexperiente, jámais o solveria de si:ficaria eterna na mais vã das agi tações,sabendo a sua vontade, mas não o modode faze-Ia f;.lcto. f\ crosta popular alteia-seconvulsa então: eis um outeiro que surge:é agora vulcão: por elle respira o pulmãocommum: é o orgão desejado: a luz desua palavra é o pensamento ardente detodos, a frieza de sua reAexão o bomsenso geral, as chamas de sua ousadia aidealisação commum. Si certo de que asituação condensou-se em si, si certo deque não a multidão só, ma-s um homemtornado [orça social, dará o preciso remedio, si mormente na difficil arte politica,tiver uma vista segura da trilha a seguir,inda que eivada de empirismo)-é grandehomem; seja certo das bençãos da Pos-
teridade. Esta deve, pois, honra-lo. Paraos que dormem o eterno somno, a Posteridade somos nós: é, pois, nosso deverhonrar ao grande homem; honra-lo é
honrar-se: é criar coragem para imita-lo,para tambem ser grande: - o coraçãorej LI bila, o pensamento eleva-se, e a actividade emprehende audaz: triumphantesempre, seja victoria ela idéa, seja victoriaelo facto.
E nós outros, principalmente, C1
dadãos que temos a responsabilidadeda situação republicana, legionarios dagrande idea, devemos recolher ciososas generosas tradições do nosso idealpolitico. Podemos faze-lo hoje com tantomaior prazer, quanto chegamos aos diasda eliminação ela casta privilegiada e aogoverno da Opinião.
Sim, que o exemplo dos martyresnos conforta. Cidadãos, tenhamos o cultodos grandes mortos; tenhamos a ado·rasão dos grandes mortos pela Liberdade!
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É em razão d'esse culto, e por amôrd'essa adoração, que, felizes por sermoscrentes na Patria Republicana, estamosaqui para relembrar a memoria d'umque soube para ella viver, e morrer porella; que nos legou o eterno' exemploda abnegação civica jámais desmentida,e que sobre seu sangue lançou os germens de nossa libertação, no sonho deporvir que o incitou.
Foi um grande, esse homem quese chamou Joaquim José da Silva Xavier, a quem o povo chamou Tiradentes, e a Historia um Precursor, o audazchefe da Conspiração Mineira?
Qual, porém o problema? Ouvide-oa meio mais tarde nos campos do Ypi·ranga, e ainda mais tarde no Campo daProclamação: « Independencia ou morte! ))« Republica ou morte!) Em bem queelle o preparara, postando-o novamenteeterno perante cada geração: Libertasquce se1'a tamen.l Liberdade inda que
tarde! Libertas aut 1zihil! Liberdade ounada!
Desde muito que o regimen antigovira minados seus alicerces, e o novoideal plantara na alma humana sua bandeira : - o levantar-se das communas, aintroducção das sciencias positivas naEuropa, o livre exame, a descoberta doduplo movimento da terra, a da Imprensa, a das leis da physica, a Encyclopedia, haviam preparado a enormeexplosão da Revolução Franceza. Constituido pela tendencia inevitavel dos grandes imperios ao desmembramento, e pelavisinhança do Oceano, Portugal seguiraglorioso a rota do Oriente, e descobrirao Brazil, seu mais vasto, e mais opulento thesouro. Dormira, porém, nos spustriumphos: esqL;ecido de que era humano,e que é dos hu . anos a liberdade. Tinhatambem para a nossa collectividade chegado a comprehensão do proprio ser,donde a aspiração de uma Patria livre.
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Esqueceramos a pouco e pouco a Mãe,em madrasta tornada: e como não olvidaramos « esse :portugal longinquo, quejamais tinhamos visto, e cujas caravellassó nos appareciam para levar-nos omelhor das nossas riquezas»?
Seria, portanto, uma loucura o idealdo valente alferes, ou questão de vidaou morte á face de quem tivesse a coragem necessaria para por uma idéamorrer? Illuminado pela sã observaçãohistorica um seculo havia que o prophetismo scientifico abrira os olhos dos es'adistas, mesmo portuguezes. Eram sabidos os perigos que assaltavam a conservação da colonia; a defesa da terraachava-se nas mãos dos naturaes, su periores em valor bellico, quando não fôraem ardor cívico, aos reinóes. Esse povoaguerrido, esses bravos soldados quehaviam expulso os HoIlandezes, maistarde os Francezes,c que, pacientes,apoz a victoria sempre entregavam os
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trophéos da reconquista ao inerte senhorluzitano; esses, cujo denodo o celebradocabo de guerra italiano Garibaldi invejava mais. tarde a seus ·compatriotas:- « O' italiens, zialiens, le jour ou vousserez unis et sobres, patients à la fatigueet aux privati07ts, comme ces hommes ducontz1zent americain I ... », inspiravam receio aos peninsulares... Seus ministrosanteviam o desfecho fatal,' e o verboeloquente de Vieira predizia á metropolenossa independencia...
Em Coimbra doze escolares concertam os meios de proclamar a liberdade brazileira ... Em Montpellier, outrossuscitam e elaboram a idéa... (17"76).O inclito Jefferson ouve attento e reflectido, que não indifferente, sobre asruinas romanas de Nimes, em contractadaentrevista, os arroubos de José Joaquimde Maia, pensa nos planos do manceboestudante, e mais tarde tenta a franquia dos portos brazileiros ... ; o ministro
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d'Aranda, na sua previdencia politica,segura, embora empirica, tinha que « aAmerica Meridional se iria das mãosibericas e julgava que a natureza dascousas o traria, sendo a differença deannos antes ou depois.» A' penumbrados claustros os religiosos estremecempelos parentes proximos antevendo claroo agitar da idéa... Maia fallece, emviagem á Patria, porém Vidal Barboza,seu collega, e logo após Alvares Maciel,voltam doutorados a Minas Geraes.
Encontrão por toda parte a desolação; a capitania gemia ao peso doarbitrio dos governadores: o clero de·gradado a extorquir ouro pela consagração da fé, a magistratura avara, nãoa distribu ir e sim a vender justiça; asfabricas, inicio da industria, vedadas, oerario real a exigir sommas e sommasdevidas aos soberanos ...
Os injustos soffrimentos popularestinham chegadó ao auge, o calix da amar-
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gura attingira ás fezes, porquanto o novominotauro, fabuloso quinto do ouro quea capitània devera pagar á corôa, substituido pela entrega de cem arrobas annuaes, chegára, pelas difficuldades depagamento dos mineiros e incuria e prevaricação dos servidores publicos, a umadivida de 700 arrobas, que de momentodeveriam ser cobradas! Annunciava-se aderrama, a todos injustiça, a todos mizeria... O desespero foi tal, que a idéaveio-lhes de abandonarem a capitania,deixando aos uzurpadores a terra de seusavós. Era. de ver a possibilidade e ajustiça de uma revolta; faltava-lhe apenasum chefe, um cabeça, um homem!
Foi Joaquim José da Silva Xavier,o Tiradentes.
ão podia dizer, como Cezar, queprovinha dos reis, que eram os senhoresdo mundo, nem dos deuses, que eram ossenhores dos reis.· Nascêra de uma modesta familia de S. José de EI-Rei, em
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Minas Geraes, familia parca em glorias eem fazendas. Seus dois irmãos tinham-sededicado ao altar, e el1e á profissão dedentista, em que era eximio, e d'ondelhe veio a antonomazia. Sentindo 'nessaprofissão campo estreito á sua justa ambição de poder e riqueza, começou demascatear em Minas-Novas, tendo máosresultados, o que fê-lo abraçar a carreiradas armas, sentando praça na caval1eria."Os historiadores dizem-no mui pontualnos seus deveres e sempre lembrado paraas mais arriscadas diligencias, de tal "arteque foi seguindo os postos inferiores, e,como rebentassem as guerras do Sul eo seu corpo chegasse a marchar para oRio de Janeiro, conseguiu ser promovidoa alfere~; mas a injustiça dos poderes,que o preteriu d'ahi avante, não maiselevando-o de posto, sangrou-lhe o rectocoração. Amargurado, entregou-se á mineração, lançando as bases reaes para anova carreira, mas, falho de recursos, não
poupou-lhe o insuccesso, que o coagiu ade novo voltar á ingrata milicia. Desde,porém, que estivera no Rio de Janeiro,deslumbrara-lhe a alma amante a bellezada cidade americana, e assim, obteve docoronel do seu regimento uma licençapara voltar á capital. Abraçou uma filhanatural que tinha, (a existencia duvidosaaté ahi não lhe permittira, certo, famíliaregular) e, pobre e desajudado, partiupar:a o scenario de sua gloria futura.
N o meio dos sonhos de uma posição prospera, uma empreza materialentreteve-lhe o espirito. Pensava de estabelecer nas praias da cidade trapiches,e abastece-la de agua potaveJ, que insufficiente era já a pouca existente parauma população que se multiplicava. Faloude seu projecto ao vice-rei, que já o recebera com indifferença, e com zombariaintima ouviu-lhe a ouzadia emprehendedora ; um rei, mais tarde, realizaria sua tentativa de bem estar da capital do seu paiz.
Foi por tal occasião que da Europachegou um seu conterraneo, o Dr. Alvares Maciel. Solidamente instruido emPhilosophia Natural, viajado pelo, Occidente, applicado ás relações da scienciacom a industria, possuido o espirito dosdogmas revolucionarios,' almejando paraseu paiz os [óros de nação livre, a almade Maciel era chamada a commungarcom a do Tiradentes, porque a ambostomara ardente patriotismo. Praticaramsobre o futuro do Brazil, .lastimosos desua ignorancia, de que não imitasse asnações independentes, e de logo o 'd.ccordotacito na lucta a empenhar pela sua libertação ficou sellado. Tiradentes abrazou-seda magestosa visão; e, diz o judiciosoWarnhagen, « desde que na alma lhecahiu a primeira centelha a favor da idéada indepenc1encia, lavrou o incendio portal fórma que não se poude mais apagar.A esse unico pensam~nto, que o abrazara, subordinava tudo quanto' via e
ouvia ... » e, então, diz outro escriptor,« lastimava que não fosse rico, para comsuas riquezas quebrar os grilhões coloniaes, e de novo os planos de novosaqueductos e annazens a beira-mar assaltavam-lhe a mente»; tal commettimento dar-lhe-ia renda consideravel, e,rico' que fosse, facil lhe fôra mover umarevoluçãO; -"- e a descrença desappareCIa ante o sorriso da esperança!
Che'gado Tiradentes do Rio de Janeiro á Capitania, ao perceber o estadodesesperado dos espiritos, folgou com a'disposição 'favoravel ao levante, e de logocomeçou a propagar suas idéas, com agenerosidade e confiança de uma almafranca, ás claras, a todos e em toda aoccasião procurando transmittir o enthusiasmo que o inAammava. Tal é o poderda convicção, que muitos chamou, alliadoaos revolucionarios, ao lado d'estes, chegando pela audacia a converter Freire
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de Andrade, seu commanc1ante, e tantosou tros, militares e sacerdotes, cidadãos dealta posição social, e simples populares ...
Foram em numero crescendo osadeptos ... Os conjurados reuniam-se, planejavam a revolta ao lançar-se a derrama;dada a senha, pelo orgão de Tiradentesbradariam - Vt'l/{T, (T, lIberdade!,. arvorariam o estandarte da nova Republica coma divisa L/bertas qllce sera tameJl, liberdade inda que tarde, reenviariam ogovernador a seu Paiz, instituiriam fabricas,uma universidad, e redimiriam os captivos!
Para que determo-nos aqui sobre onome de todos esses infelizes, algunsdos quaes podiam grava-lo eternamentenos corações brazileiros e denegriram-nopela covardia e deserção? Para que estudar o proceder do militar que, si ásforças sociaes de que dispunha juntára.em tempo vigor de resolução, realizariaa empreza; o do poeta que, instruido,
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tendo clara a noção do porvir, desceu atanto, e tanto, que diz-se ter arrebatadoá Patria a vida que não lhe pertencia?E o d'aquelle outro, tambem vate daadulação, que, esposo indigno, aCQusavaa fiel companheira que não consentira-lheinfamasse o nome com a delação, e, receioso ele morte gloriosa, beijava deshonrado em infelizes estrophes os pés queo calcavam, e a mão que o tyranizava ? Epara que, o do servil e negro traidor, queauferiu com a paga ela infamia o eterno remorso, c a perseguição interminavel doproprio ser?.. Para que?.. Morrerampara todo o sempre. O dia é de galas,nôres e festa, no Pantheon Universal osgrandes vultos da Humanidade saúdam oaudaz Patriota, e o juizo da Posteridadeé terrivel: seu esquecimento é já umacondemnação. A apologia dos cren tesdeve ser ungida não das vilezas queamarguram, mas elas grandezas que extaziam!
Achavam-se assIm os animos, e á
espera do dia em que á H umani de seapresentaria a nova Patria, quando ogoverno, sciente dos projectos dos conspiradores, fez suspender a derrà11Za. Estavatirado o pretexto para a revolução.Porque difficilmente a massa, mormenteeducada sob o regimen da oppressão,ergue-se a derramar o proprio sanguepelas elevadas aspirações do patriotismo,sem o incitamento dos interesses conspurcados: porquan to,
cc Si longa a escravidão nos corre ás veias,Por fim beija·se humilde as vis cadeias,
Presa·se o ser escravo. )'( L DE OUVE! RA.)
Obtivera antes licença e partira parao Rio de Janeiro o Tiradentes. Em caminho procurava alliciar a massa, ferindoa cada um na chaga propria; nuns, despertando o patriotismo, noutros movendoa ambição. Por vezes não o comprehendiam, e d'elle mofavam, mas seguia im-
perterrito na trilha que se traçara. Asrecommenclaç6es que trazia para militares cl'esta praça, e suas falas perantea tropa revelam que não viera sómente ao encontro de seus projectos deprogresso da capital, mas sim de, perseverantemen te, adquirir partidarios emfavor da independencia. Aqui continuou,com uma coragem inaudita, sua obra depropaganda. o seu ardor proselyticotudo lhe era pretexto para praticar sobreo futuro do Brazil e a independenciade outras nações, maxime dos EstadosUnidos. Lu tando com a carencia deinstrucção, a amigos pedia traduzissemlhe paginas sobre a historia americana,e começou de estudar suas leis. Mas atraição seguira-o na pessoa de Silveriocomo uma sombra; acompanhara-o paripasszt desde Minas Geraes e se instalIárana casa fronteira á sua, donde mizera\ elm.ente communicava ao vice-rei todos osseus actos. A esse tempo, preparavam-se
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segredos nas fortalezas e nos palacios,promptos a recebe-lo, e aos companheiros.Vigiavam-no espias mysteriosos noite edia, escasseavam-lhe os recursos, via-seá porta da penuria, desajudado, e naimpossibilidade de sublevar 3 provincias(Minas, S. Paulo e Rio), pois que acausa determinante desapparecera no seufóco. Condoido collega em emergenciatão difficil deu-lhe aviso da implacavelespionagem que já Xavier percebera...Oh! Essa alma de bronze sentio então aangustia da inquietação, pensou em accommetter os espiões, em lugar ermo, masafinal decidiu-se, em prudente passo, a sondar o Vice-Rei, e a pedir-lhe providencias....N este percebeu o fingimento da ser·pente que espera a preza. Prepara-se afugir, toma seu estojo de dentista e um·bacamarte, faz a mala de viagem, eocculta-se emquanto não effectua a fuga,'numa casa da rua dos Latoeiros, hojede G. Dias, por intermedio de uma
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viuva a quem generosamente servira nasua sem i-profissão de medico ... E, porque se, alarmasse o palacio do gover ocom a falsa noticia de que fugira paraMinas COlll grande copia de armas, puzeram·se em actividade as forças publicas, e 'naquella capitania foram ardilosamente presos a pouco e pouco osrevolucionarias.
A sanha do governo fez com quefosse-lhe revelado o esconderijo, e Tiradentes foi prezo, tornada; impossível aresistencia. ( Infeliz! Não tinha obtidomais que conseguir fazer, livre de algemas, até o sitio de seu mart)'rio, a jornada que os demais companheiros haviamde fazer, pouço depois, acorrentados! »
Effectuam·se as prisões, executam-seos tristes sequestros, arrebatados os bensdos conspiradores, postos suas esposase filhos em desgraça, e Villa-Rica, cabeçada Capitania, em sobresalto pela pro-
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Xlma perda de tantos cidadãos principaes.Começa a tremenda devassa, que deviadurar 3 annos, e em que o odio dosregulos coloniaes a vontade cevar-se-ia.SlIccedem-se interrogatorios a interroga.torios para tais, e quais gemem nofundo das masmorras largo tempo abandonados e incommllnicaveis; e em todosa amargura crescia ás perguntas cavi.losas dos juizes e á incitação a trahirema amisade nas dolorosas acareações. Ne·garam.lhes direito de defeza, e combru talidade foram desprezadas suas palavras em tal fim... E que triste papelrepresentou 'nessa tragedia o theologismodecadente, cujos sacerdotes se aviltavamaos acenos reaes? Frades franciscanospenetravam as masmorras para sorprehenderem-na, no segredo da confissão, oupelo conselho e esperan~a de fallaciosoperdão obterem-na, a declaração em juizoda verdade que tão honrosa lhes era, masem tão negro castigo se lhes converteria!. ..
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Tiradentes esteve á altura de seucoração magnarumo. Profundamente religioso, seguro de que era vontade docéo que tudo se soubesse, attrahiu sobresua cabeça a grave responsabilidade detoda a conspiração, confessando heroicamente o que em verdade fôra, seu maisardente sectario. Sua generosidade fe-lonão comprometter seus amigos e até adefender a um inimigo, Gonzaga, segundoo provou Varnhagen, innocente na conjuração. Igual em grandeza só lhe foi oinfeliz conego Vieira da Silva, que defendeu-se com o ardor da innocencia~
com a consciencia do seu merito, o enthusiasmo de patriota, e vaticinou nassuas respostas a independencia do Brazil...
Pela madrugada de 18 de Abril proferia a alçada o terrivel acordão que condemnava muitos dos inconfidentes á morte,infamava-lhes a geração, confiscava-lhesos bens; e a outros aguardava perpetuodegredo longe da Familia e da Patria...
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Das so:nbras do orato!.!io da cadeia,.após sahidos das frias masmorras, er·gueram-se os mallogrados libertadoresa ouvirem a tremenda sentença. >. OTiradentes seria conduzido com baraçoe pregão ao cadafalso, cortada a cabeçae conduzida a Villa Rica. esquartejadoo corpo, infamados os filhos e netos,confiscados os bens, arrazada e salg daa caza... Algumas horas lhes foram con~
cedidas proprias: momentos ultimos emque podiam irromper os balsamos doconsolo da amizade ou as imprecaçõesferozes do desespero!. .. Novamente agrilhoados, veio o perdão, d'antemão con·cedido mas guardado em segredo,commutar-Ihes a pena, livra-los da morte,transporta-los de prazer, excepto a Tiradentes, cujas cadeias não foram tiradas ...cc Não o tocou a im;eja, diz um escriptor,nem o entristeceu 'neste lance de afflicçãoa sua desgraça ... » Sorria-se tristemente,e como si quizesse dar a conhecer a
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alegria que se mesclava á sua tristeza,transmittiu. do lugar em que estavaparabens aos commuiados, como si nãotivesse de si lembrança alguma. Retiraram-se os companheiros ás prisõesd'onde partiam para as praias do exilio,e elle ali ficou, sem que nenhum dosque iam morrer, vivendo, dirigisse-lheum adeus de despedida, a elle, o martyrque ia morrer, que digo! viver na immortalidade!
Era um homem alto, magro, porémmusculoso, de largas espaduas, cabellosa meio encanecidos a cahirem-Ihe anellados, phisionomia impressionadora, notavel o olhar cheio de estranha vida ...Era eloquente em sua palavra e gesto,e muitas vezes ungia-lh'os o enthusiasmo.O trato insinuante e lhano, de modo aacercar-se de relações, expansivo e rudea ponto de afugentar os timidos e penetrar os masculos. Não era bello.
ão lhe coubera instrucção fóra docommum, porém era sagaz, podendo deum olhar aprehender o valor e a extensãode uma idéa; era um coração bem formado, generozo, cheio de bondade, o queem occasiões provou na sua profisssãode dentista e medico pratico, em que nãoraro fazia amigos gratos... De sua nobreza deu prova innocentando os collegas, a ninguem accusando, e defendendoo proprio inimigo. Sua ambição tinhaos mais nobres fins; seu amor e vene·ração á Patria foi sem limites. Sua franqueza selvagem, sua indignação por todaa vileza; seu anceio pela idéa que opossuira eram tais, que os vulgaresapodavam-no louco, e os bem nascidosestimavam-no heróe.
Quando Maciel, mais conhecedor dasituação, porque mais instruido, mas nãotão capaz do sacrificio, lhe desvendou asgrandezas da Patria livre, seus olhosderramaram lagrimas ardentes. A falta
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de instrucção n[o obstou-lhe, como deverdade é, os altos vôos do patriotismo.Não faltou-lhe o amor, e pois não sentiuabater-se-Ihe a coragem, nem destruirse-lhe o vigor... Crente e sincero, bemviu que sua falta perante os homens seríaperdoavel ror um Deus, e coberta deglorias pela Posteridade... Tão lhe escasseou jámais a coragem: cc aquel1e rapaz,dizia d' elle um confiden te, não se lhedava de morrer na acção, comtanto queella se fizesse >l •••
Cumpriu-se a prophecia. a fé todoinflammado, humilde, contricto, forte, chegou ao patibu10, e de um olhar saudouo unico trophéo que lhe destinavam.Subiu· o firme e rapido como quem vôaao seio da gloria... Parou: esperou ocarrasco... Ouviam-se suas ultimas palavras de oração que echoava no lugubresilencio; seu corpo precipitou-se no espaço; a Historia abriu suas paginas e
deu entrada a mais um glorioso no Pantheon dos immortaes !
Qual, plJrém, o problema?Ouvide-o a meio mais tarde nos
campos do Ypiranga, e ain.da mais tarde,de todo, no Campo da Proclamação:( Independencia ou morte! ») «( Republicaou morte! »
Brazil! Brazil! minha Patria! Terrasagrada, cujo nome exprime o calor e aemoção, o fogo e o enthusiasmo ! Não maispodias dormir socegac1adepois que em seumartyrio Tiradentes acordou-te do fatallethargo, e plantou-te no coração o desejo invencivel de liberdade! Quando em teu sóloo martyr subia ao patibulo, erguia-se láfóra a guilhotina que decapitava a realeza. A Revolução roia as entranhas domundo, da cidade eterna... Pombal desfechava o golpe mortifero ao theologismo,expulsando os jesuitas... A RevoluçãOFranceza triumpha: os despotas sentem-se'provisorios: les 1'ois s'en vont!
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Agora rebenta no orte a revoluçãode ] 8] 7, mallograda ainda embora, masbem claro affimadora de que nossa raçaabria mão de ficções para dirigir-se, dopensamento servil do homem escravo ...e ainda o martyrio veio santificar a generosa aspir8.ção... ão morreras, Tiradentes! redivivias em cada bravo queamava a Patria!
A mesma metropole gera em seuseio a revoluçãO de ]820, que proclamalei a liberdade do pensamento; e, profundos odios cavados en tre colonos ereinoes, nas longas horas da tyrannia oudo soffrimen to, os mares a prolongarema distancia dos corações, a absurda tentativa do irrealisavel commettimento denossa recolonisação, tornaram necessarianossa separação definitiva, rompendo-seentão a unica oppressão existente; e 7de Setembro de ]822, e Indepmdenâa Olt
Morte! palavra de republicano! emboraclamado por um principe, representava asaspirações de um povo inteiro!
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Então, Xavier, José Bonífacío realizaem parte teus sonhos, bem como o dosPernambucanos; teu ·sangue, trinta annosantes derramado, em bem que fecundavao sólo natal: era a meio livre o Brazil!
E si hoje viveras, Patriota, estariasao nosso lado para nos ensinares o governo da Patria, como estiveste ao nossolado nos dias difficeis da propaganda denossa idéa.
Nesses dias lutuosos para o coraçãonacional, tu nos ensinaste a pedir quese harmonisasse a legislação com oscostumes; q ue essa legislação fosseuna; não fosse a lei palavra mendaz,inapplicavel, por absurda, por um ataqueá civilisação; fossem mantidas religiõessómente por seus adeptos, desapparecendo de teus filhos a hypocrisia legal;pudessem elles servir-te publicamente,sem preconceitos, varridos de teu codigopenal tyrannicos artigos ...
Tu nos ensinaste a clamar para que
fosse livre teu ensino, supprimidos vãos estudos de uma falsa philosophia e de umae10quencia não menos falsa, bem comomodificadas institúições academicas, quecomo são, preparam-te uma triste geraçãode proletarios sem pão, sem sciencia e semofficio; fossem civilmente regularisadasas instituições domesticas, ° casamento,o baptismo e o enterro, livres de despotismo clerical; fosse sempre a mulher nolar, emula das dignas romanas, e fossemos compatriotas juvenis instruidos na instrucção primeira, na leitura, na escripta,no calculo, no desenho e no doce canto ...
Ensinaste-nos ~ pedir que nos libe.r·tassemos de uma vez das manchas denunciadoras do medonho crime occidet tal, da escravidão do homem; a pedir quese limitassem a? forças anarchicas doparlame.ltarismo; a realisação da maisplena liherdade de pensamento, de dis..cu :io, na imprensa e na tribuna, e no enSI E quando tu VIsses, como nós,
supprimida a vergonhosa heredit,ariedademonarchica, e instituído o governo republicano, mais ainda nos ensinarias ogoverno da Patria, para a realisação etodos os nossos ideais.
Para que realisassems a rr.oralidadena administração, a economia nas finan·ças; a unidade uas circumscripções territoriaes do paiz, preparadora de l.mafederação das relações commerciaes, dossentimentos e das idéas, de modo queverias, Grande Cidadão, a Patria caminhar de geração em geração, d e tacioem estadio, de progresso em progresso,té os esplendores da sociocracia.
Tal foi o desejo dos compatriotas quehoje em nom"e da Patria te saúdam, E _roe
Martyr! Porque tu estavas em nossas almas, quando pediamos a proclamação elaRepublica! E tu estás em nossas almas,hoje que chegamos á Republica!
Fraquezas, paixões, egoisticas, fugi!
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-Grandezas do coração, acercai-vos denós! Que o dia é da festa da veneração;que nós relembramos hoje o Intelligente,o Trabalhador, o Bom, o Patriota, oSanto!
Cidadão, Chefe da Republica dosEstados-Unidos do Brazil! Como elle, tu,soldado, como elle, tu, patriota!
Grandeza -dos destinos da minha patria! Laço mysterioso atravez das idades!Um alferes sonha a Republica na naçãobrazileira, um general proclama a. Republica dos Estados-Unidos do Brazil!
Homem, Cidadão, Soldado, General,Chefe, Heróe, sabes tu o que isto é?Sabes tu a tremenda responsabilidadeque sobre t'":us hombros pesa? Sabes tu·que são tres seculos de dôr a exigir de
. ti a felicidade da Patria? Sabes tu queesta Patria tudo de ti espera, e este povo·que te acc1ama e que tu resumes, estepovo que te ama, é a tua força, que tudo
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poderás com elle, mas que nada poderássem a força d'elle?
Sabes tu que essa Imagem sagradade Tiradentes, envolta na alva do martyrio, estará ao teu lado para animar-te,para consagrar-te, para escular-te a frontede Patriota, toda a vez que a tua consciencia te affirmar um acto bom pelanossa felicidade? Mas sabes tu tambemque essa imagem tornada então terrivelservirá a condemnar-te para todo o sempre, toda a vez que a fraqueza humanate fizer esquecer e teu dever, que é odireito do povo? Sabes-lo tu ?
Não e sabes. Não precisas sabe-lo.
És homem, e por isso mesmo ésgrande. Triumphador, tu não precisas.do escravo que te relembre de momentoa momento a tua natureza humana.Não o sabes nem o precisas, pqrque nãoposso imaginar um instante o perpassarem tua consciencia de um pensamento
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máu contra a liberdade d'este povo, quete acclama e que tu resumes!
Homem, Cidadão, Soldado, General,Chefe, Patriota, Heróe! O que te fala,fala-te em nome do povo. Tem autoridade bastante para faze-lo. Porque elIeouviu a sua voz, porque elle viajou assuas terras; porque elIe sentiu-lhe as desgraças; e a voz do que te fala foi muitavez coberta das bençãos ~-I esse povo.
ais eIIe, quan o tinha diante de sia morte, mais de um instante sentiu umunico arrimo e consolo, . Jante do seuolhar seguro, porque convic", 'nessaImagem suave, tambem terrivel, sempresagra a e Tiradentes !
P,...,is bem. Eu t'o a firmo 'neste discurso que não é meu, porque este povotomou·o a si com os eus applausos, eut'o affirmo que a imagem bemdicta doalferes martyr estará sempre, não diantede ti, triumphador, curvada, mas a teu
lado, amiga, a tocar-te ao hombro e adizer-te: General, sê forte, isto é, sê go·verno! General, sê bom, isto é, sê povo!General, reconstrue a Patria!
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l"ec vcnentris g4avida saggitisFu.see, pharc:r.1..
(Ho". l.i\TO I, Od. J9.~)
Justllrn, el tenacem oroposili \rirumNon civium ardor pr,lV~l jubentiumNon vultus instnntis t)'TnnniMente quatit solid t, l1eque AU5terDlIx inquieti turbtdu~ AdrireNec fulmin:tntis ma~a manus ]ovis.
Si fractlls illau~tur orbislmpavidum fcrient ruinre.
(HOR., Uno III, Od. 3.0 )
o homem que conduz \tida pura e s_m crimes n10carece de dardos, ncm de arco~, n":.ll d~ c Ir.;azes com fiex3.:ienvenenadas; quer atravesse as nrd.ls IU:;>v.:diça.s d.l l.ybia,Quer os rochedos inaccessiveis do Caucnso, quer 03 clinnsque o 11 yd:\spc f.·lInoso rega.
*o ju to finne em seus p . cipios, está. livre das per
turbações. Nem o gesto da pop~lhç..1. que ordena O mal,nem o 0lb1r irrit..1.do do trranno ameaçador, nem a rai\"3.dos \Tentos que aglt..un o.. mnes, nem a lcrrivel mo d..:um deus fulminante, são caP:\ZC::i d~ ab:lter-Ihe a re.iOluç;10. Que o universo inteiro se abale; as ruina5 111.0 d ..feri-lo sem assusta-lu.
D' este DisCllrso fOl"am impressos 50 exemplares
em papel especial:
Papel pergaminho japonez:
1 Para 5. Ex.- o Sr. Chere do Governo Provisorio.
Papel Hollanda:
9 Pa.ra os membros do Govcmo e para o Secretario Gernl.
t Para o Governador do Est.'ldo de .1\[i1l3S Gemes.
, Para o Presidente da Intendencia da Capital Federal.
t Pnra O Presidente da Inte.ndencia da CnpiLaJ de i\linCls Gemes.
1 Para a Bihliotheca do Club Tiradentes.
r Para a Intendencia da cidade de 5. José d'EI.rey.
1 Para o Pre:;idcnte da ComOlissão da Sess:lo Commemorntiva.
1 Para o Orador.
B Para a Imprensa da Capital Federal.
S Para a Imprensa 1\rineira.
1 Para a 13ibliotbeca Nacional.
1 Para o Preside.nte da Commissao de Constitl1iç~lo.
Ia Para os Chefes de Estados americanos e européos, e
8 Para a Imprensa americao:l e européa.