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Jornada de Inverso de Química – UFMG 2012 CURSO: Síntese Orgânica Verde – Prof Silvio do Desterro Cunha - UFBA
SÍNTESE ORGÂNICA VERDE
Prof. Silvio do Desterro Cunha
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE QUÍMICA
GRUPO DE PESQUISA EM SÍNTESE QUÍMICA E
BIOATIVIDADE MOLECULAR
INCT
ENERGIA AMBIENTE &
TEXTOS E ARTIGOS DO CURSO
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Jornada de Inverso de Química – UFMG 2012 CURSO: Síntese Orgânica Verde – Prof Silvio do Desterro Cunha - UFBA
Síntese Orgânica Verde: Prof Dr. Silvio do Desterro Cunha (UFBA)
OBJETIVOS
APRESENTAÇÃO E EXECUÇÃO DE TÉCNICAS E METODOLOGIAS QUE REDUZAM OU ELIMINEM A GERAÇÃO DE
POLUENTES E UTILIZEM RECURSOS NATURAIS E ENERGÉTICOS DE FORMA MAIS SEGURA E EFICINTE. ABORDA A
IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA VERDE EM TODOS OS SETORES, DA ACADEMIA AO SEU EMPREGO NA INDÚSTRIA
QUÍMICA.
Programa do curso
QUÍMICA VERDE: EXEMPLOS HISTÓRICOS E CONCEPÇÃO.
PRINCÍPIOS DA QUÍMICA VERDE: 1. PREVENÇÃO. 2. ECONOMIA DE ÁTOMOS. 3. SÍNTESE DE PRODUTOS MENOS
PERIGOSOS. 4. DESENHO DE PRODUTOS SEGUROS. 5. SOLVENTES E AUXILIARES MAIS SEGUROS. 6. BUSCA PELA
EFICIÊNCIA DE ENERGIA. 7. USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE MATÉRIA-PRIMA. 8. EVITAR A FORMAÇÃO DE
DERIVADOS. 9. CATÁLISE. 10. DESENHO PARA A DEGRADAÇÃO. 11. ANÁLISE EM TEMPO REAL PARA A
PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO. 12. QUÍMICA INTRINSECAMENTE SEGURA PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES.
FATORES DE AVALIAÇÃO DE PROCEDIMENTO E PROCESSO EM QUÍMICA VERDE: CÁLCULO DO FATOR E.
REMEDIAÇÃO VERSUS PREVENÇÃO. MEDIDAS DE SUSTENTABILIDADE DE PROCESSOS E PROCEDIMENTOS.
ESTUDOS DE CASO: REAÇÕES MULTIOMPONENTES, RAÇÕES DOMINÓ, REAÇÕES DE INTERCONVERSÃO DE
GRUPOS FUNCIONAIS ORGÂNICOS, REAÇÕES DE OXIDAÇÃO E REDUÇÃO, SÍNTESE ORGÂNICA PREPARATIVA
EMPREGANDO MICROONDAS, SOLVENTES RENOVÁVEIS, CATÁLISE, ULTRASSOM E BIOCATÁLISE.
MINIATURIZAÇÃO DE EXPERIMENTOS TRADICIONAIS DE QUÍMICA ORGÂNICA.
QUÍMICA VERDE NAS INDÚSTRIAS: ASPECTOS INDUSTRIAIS DA QUÍMICA VERDE, TENDÊNCIAS RECENTES,
MATÉRIAS PRIMAS RENOVÁVEIS, FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVAS. ESTUDOS DE CASO.
BIBLIOGRAFIA
1. Corrêa, A. G.; Zuin, V. G. Química Verde: Fundamentos e Aplicações, Série de Textos da Escola de Verão
em Química V, EDUFSCAR, São Carlos, 2009.
2. American Chemical Society. Química Verde: Experimentos de Laboratorio para un Curso Universitario de
Química. M. Kirchoff e M.A. Ryan (Eds), 2003.
3. Roesky; H. W.; Kennepohl D. K. (Eds). Experiments in Green and Sustainable Chemistry, Germany: Wiley-
VCH, 2009.
4. Lenardão, E. J.; Freitag, R. A.; Dabdoub, M. J.; Batista, A. C. F.; Silveira, C. C.; Quim. Nova 2003, 26, 123.
5. Artigos científicos da literatura atual.
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Síntese Orgânica: Uma Introdução
A Síntese Orgânica, ou a Química Orgânica Sintética, é a ciência de construir moléculas a partir de átomos e de
outras moléculas, usualmente mais simples. A molécula a ser construída é designada molécula alvo, alvo sintético ou
simplesmente alvo, e é normalmente constituída por átomos dos elementos C, H, O, N, S, P, Cl, Br, I e B.
A primeira substância orgânica obtida em laboratório foi a uréia, por Wöhler na Alemanha, em 1828. Até então, se
acreditava que não era possível preparar substâncias orgânicas em laboratório, pois o termo "orgânico" era reservado para
compostos produzidos por organismos vivos. Dessa forma, uma "força vital" era responsável pela formação das substâncias
orgânicas. Após a Segunda Grande Guerra Mundial, a Síntese Orgânica ganhou impulso espetacular e várias vitórias
sintéticas foram alcançadas. Moléculas de complexidade estrutural sem precedentes foram sendo produzidas, e os avanços
nas táticas de construção, na metodologia e nos reagentes empregados permitiram a criação de sólidas bases para o
desenvolvimento desta arte de se fazer Síntese Orgânica.
Estratégia em Síntese Orgânica
O plano sintético ou estratégia sintética deve atender aos seguintes requerimentos:
Reações químicas eficientes;
Brevidade;
Materiais de partida baratos ou de fácil obtenção;
Condições reacionais práticas e convenientes;
Flexibilidade para permitir modificações em caso de insucesso;
Ser adaptável para a síntese de outros membros da mesma família estrutural, quer seja alvo sintético um produto natural
ou uma molécula não natural;
Novidade, elegância e senso artístico.
Por outro lado, a pessoa que se dedica à ciência e arte da Síntese orgânica deve possuir e cultivar as seguintes
virtudes: engenhosidade, sensibilidade artística, habilidade experimental e caráter.
Análise retrossintética: é a técnica de resolução de problema para transformar a estrutura do alvo sintético em uma
seqüência de estruturas progressivamente mais simples e que leve à materiais de partida simples ou comercialmente
disponíveis. Tipicamente, o químico orgânico sintético, quando confrontado com um novo desafio (molécula a ser sintetizada)
pondera e analisa seu alvo, identificando ligações químicas estratégicas que podem ser vantajosamente desconectadas,
produzindo estruturas menores. Muitas destas desconexões podem transformar uma estrutura complexa em moléculas
menores, simplificando o objetivo de criação e construção. Paralela e mentalmente, o cientista precisa se questionar como
reconstruir, de modo quimicamente viável, cada ligação química rompida, e como, se possível, converter os intermediários
mais simples e gerar as estruturas mais complexas necessárias à construção de sua molécula alvo.
Molécula alvo ou alvo sintético: é a molécula cuja síntese está sob exame por meio da análise retrossintética.
Características ideais de um grupo de proteção:
Quando uma reação química está para ser realizada seletivamente em apenas um grupo funcional de uma molécula
polifuncionalizada, os sítios reativos restantes precisam ser temporariamente bloqueados. Muitas estruturas têm sido e estão
sendo desenvolvidas com este intuito, e são chamadas de grupos protetores ou grupos de proteção. Estes grupos de
proteção precisam preencher vários requisitos:
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Devem ser baratos e facilmente disponíveis;
Devem ser facilmente e eficientemente introduzidos;
Devem ser facilmente caracterizados;
Devem ser estáveis a uma diversidade de reações e de procedimentos de isolamento;
Devem ser estáveis a uma diversidade de procedimentos de separação e purificação;
Devem ser facilmente removidos, de forma seletiva e em condições bem específicas;
Devem ser simples para evitar adição de funcionalidades extras e reações laterais;
O produto resultante de uma desproteção deve ser facilmente separado do produto principal.
Estratégia sintética: síntese linear versus síntese convergente. Empregar o menor número possível de etapas.
A B C D E F G
H
A B
D E F
90%
C
G
90% 90% 90% 90% 90%90%
90%
90%
90%
90%
90%90%
Sequência LinearRendimento Total 48%
Sequência ConvergenteRendimento Total 65,6%
A abordagem convergente tem outras vantagens além do rendimento:
Permite introduzir modificações mais facilmente na rota sintética proposta;
A perda de um intermediário avançado não compromete tanto quanto na síntese linear.
SSíínntteessee OOrrggâânniiccaa
Complexidade e variedade
Desafio beirando a impossibilidade
Exigência por rigor mental e manipulativo
Dedicação, persistência e trabalho duro
Interminável fronteira para descobertas e sofisticações
Trabalho multidisciplinar (Medicina, Biologia, Farmácia)
Relevância, buscando o bem-estar, saúde e educação
Síntese Orgânica: Por que fazê-la?
prova final da estrutura molecular de um produto natural
fonte de compostos úteis e não disponíveis
preparação de novos compostos
Etapas de Construção de uma Síntese
1) considerações iniciais
2) análise retrossintética
3) materiais de partida
4) rendimento total e especificidade
Nas estratégias e reações para construir moléculas orgânicas complexas nós precisamos de métodos que:
realizem a desejada transformação estrutural e nenhuma outra - QUIMIOSSELETIVIDADE
orientem os reagentes e o substrato de modo correto - REGIOSSELETIVIDADE
criem a correta orientação das várias partes da molécula com respeito às outras - DIASTEREOSSELETIVIDADE
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permitam a formação de uma molécula em detrimento de sua imagem especular – ENANTIOSSELETIVIDADE
Reações químicas eficientes
Brevidade
Materiais de partida baratos ou de fácil obtenção
Condições reacionais práticas e convenientes
Flexibilidade para permitir modificações em caso de insucesso
Ser adaptável para a síntese de outros membros da mesma família estrutural, quer seja alvo sintético um produto
natural ou uma molécula não natural
Novidade, elegância e senso artístico
Bibliografia comentada de Síntese Orgânica
Ireland, R. E.; Síntese Orgânica; Editora Edgard Blüchner Ltda; São Paulo: 1971.
É um livro com 140 páginas, disponível na Biblioteca do IQ-UFBA, muito apropriado para o aluno de graduação, apesar de
antigo.
Souza, M. V. N. de; Estudo da Síntese Orgânica Baseado em Substâncias Bioativas; Editora Átomo; Campinas: 2010.
É um livro com 318 páginas apropriado para o aluno de graduação. É o primeiro livro brasileiro dedicado ao tema.
Correia, C. R. D.; Síntese Estereosseletiva de Alcalóides e N-Heterociclos; Editora da UFSCar; São Carlos: 2001.
Disponível para compra (~25,00 reais) no endereço www.ufscar.br/~editora. É um dos raros livros escrito por um professor
brasileiro devotado ao tema da Síntese Orgânica, apresenta uma abordagem moderna da mesma. Leitura obrigatória para
quem quer se aprofundar na área.
Hoffmann, R. W.; Elements of Synthetic Planning; Springer; Berlin: 2009.
É um livro com 226 páginas que dedicado ao ensino da análise retrossintética.
Nicolaou, K. C.; Sorensen, E. J.; Classics in Total Synthesis: Targets, Strategies, Methods; VCH Plublischers; New York:
1996.
Trata-se de um excelente livro com exemplos didáticos de síntese de produtos naturais. Leitura obrigatória para quem quer
se aprofundar na área.
Nicolaou, K. C.; Snyder, S. A.; Classics in Total Synthesis II: More Targets, Strategies, Methods; VCH Plublischers; New York: 2003.
Continuação da primeira obra. Possui mesmo estilo, didática e importância.
Nicolaou, K. C.; Chen, J. S. ; Classics in Total Synthesis III: Further Targets, Strategies, Methods; Wiley-VCH; New York: 2011.
Continuação da primeira obra. Possui mesmo estilo, didádica e importância.
Corey, E. J.; Cheng, X.-M.; The Logic of Chemical Synthesis; John Wiley & Sons; New York: 1998.
Este livro, escrito pelo Nobel EJ Corey, descreve a sua contribuição à Síntese Orgânica, notadamente a filosofia e a prática planejada de síntese de produtos naturais. Disponível na Biblioteca do IQ-UFBA.
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Smith, M. B.; Organic Synthesis; McGraw-Hill; Singapura: 1994.
Excelente livro com mais de 1500 páginas, discute inúmeras reações e aplicações em síntese. Disponível na Biblioteca do
IQ-UFBA.
Smith, M. B.; Organic Synthesis ; 2 ed.; McGraw-Hill; Singapura: 2002
Segunda edição do livro. Permanece como uma Bíblia da área.
Warren, S.; Organic Synthesis: the Disconection Approach; John Wiley & Sons; New York: 1982.
É um livro de auto-estudo; nele o aluno de graduação aprende o emprego da análise retrossintética. Disponível na Biblioteca
do IQ-UFBA.
Warren, S.; Wyatt, P.; Organic Synthesis: the Disconection Approach; 2 ed.; John Wiley & Sons; New York: 2008.
Edição atualizada do livro anterior, muito bom.
Smith, W. A.; Bochkov, A. F.; Caple, R.; Organic Synthesis: the Science behind the Art; The Royal Chemical Society of Chemistry; London: 1998.
É um livro excelente que qualifica a atividade da síntese. Leitura obrigatória para quem quer se aprofundar na área.
Greene, T. W.; Wutz, P. G. M.; Protecting Groups in Organic Synthesis; 3 ed.; John Wiley & Sons; New York, 1999.
Coletânea de grupos protetores para as principais funções químicas. Mostra diferentes metodologias de inserção e remoção
dos grupos de proteção, além de exemplos de proteção seletiva para uma mesma função química.
Costa, P. R. R.; Pilli, R. A.; Pinheiro, S.; Vasconcelos, M. L. A. A.; Substâncias Carboniladas e seus Derivados; Bookman, Porto Alegre, 2003.
Livro da série Química Orgânica, um esforço da Sociedade Brasileira de Química em editar bons livros textos em português.
Este volume dedica-se aos compostos carbonilados, mostrando seus aspectos estruturais e reativos.
Costa, P. R. R.; Ferreira, V. F.; Esteves, P. M.; Vasconcelos, M. L. A. A.; Ácidos e Bases em Química Orgânica; Bookman, 2005.
Mais um livro da série Química Orgânica. Apresenta aspectos químicos e cinéticos da acidez em compostos orgânicos.
Estudo de sínteses orgânicas publicadas em Química Nova e no Journal of Brazilian Chemical Society
Neste curso estudaremos algumas sínteses publicadas nas revistas editadas pela Sociedade Brasileira de Química.
O JBCS, acronismo para o Journal of Brazilian Chemical Society, é a revista científica de maior impacto do hemisfério sul. Os
exemplos selecionados tiveram como critério sínteses realizadas por químicos orgânicos sintéticos brasileiros, bem como
rotas sintéticas que empregassem reações estudadas em cursos de graduação.
Fator de impacto: quantas vezes um artigo científico publicado na revista é citado em outros artigos científicos nos próximos
2 anos.
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• Ultra-som
• Microondas
• Reações dominó
• Reações multicomponentes
• Reações sem solvente
• Líquidos iônicos
• Fase sólida
• Biotransformação
• Fotoquímica
• Biomassa
Reação Dominó:“Reação na qual a formaçãodas ligações químicas para amolécula alvo são obtidas emum único passo, sem queocorra isolamento deintermediários ou adição dereagentes”
Tietze, L. F. Chem. Rev. 1996, 96, 115.
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YPBF = Rendimento por ligações formadas Y = Rendimento globalb = número de ligações formadas