Transcript
Page 1: Soldados Da Pátria - Projeto

UENP – Universidade Estadual do Norte Paranaense

André Cazula - Aniele Cristina - Gustavo Rebeque - Ilton Inácio - Johnny Mendonça -

Rafael Fagundes - Ricardo Francisco - Villen Richard

SOLDADOS DA PÁTRIA

A formação do exército brasileiro na Guerra do Paraguai

Jacarezinho – PR

2006.

Page 2: Soldados Da Pátria - Projeto

UENP – Universidade Estadual do Norte Paranaense

André Cazula - Aniele Cristina - Gustavo Rebeque - Ilton Inácio - Johnny Mendonça -

Rafael Fagundes - Ricardo Francisco - Villen Richard

SOLDADOS DA PÁTRIA

A formação do exército brasileiro na Guerra do Paraguai

Jacarezinho – PR

2006.

“Projeto apresentado para atender as exigências da disciplina de „Metodologia e Didática do Ensino de História‟. Projeto vinculado ao LEPHIS – Laboratório de Ensino e Pesquisa de História da Universidade Estadual do Norte do Paraná” Professora orientadora: Me. Taíse Ferreira da Conceição.

Page 3: Soldados Da Pátria - Projeto

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4

OBJETIVOS ..................................................................................................................... 5

OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................................ 5

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... - 5 -

JUSTIFICATIVA................................................................................................................6

METODOLOGIA.............................................................................................................12

FONTES..........................................................................................................................18

RECURSOS....................................................................................................................21

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................22

CRONOGRAMA..............................................................................................................24

AVALIAÇÃO...................................................................................................................25

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA....................................................................................27

Page 4: Soldados Da Pátria - Projeto

- 4 -

INTRODUÇÃO

O Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai eram, na segunda metade do

século XIX, nações recém-independentes que dividiam interesses fluviais e

territoriais, viviam em constantes choques de interesses nacionais e contavam

com uma participação imperialista britânica, esses acontecimentos propiciaram

uma guerra que durou seis anos. A Guerra do Paraguai foi o evento decisivo na

formação do Estado brasileiro e abalou as estruturas sociais da região platina.

O desenvolvimento de uma discussão sobre a formação do exército

brasileiro, tendo em vista a importância das imagens, através de charges, sobre as

deficiências e peculiaridades desse exército, é deveras importante, visto que as

caricaturas trazem as informações sobre o conflito, sob várias óticas, as quais

podem ser desenvolvidas pelos próprios alunos.

Page 5: Soldados Da Pátria - Projeto

- 5 -

OBJETIVOS

OBJETIVOS GERAIS

Os objetivos desse projeto são: desvincular as imagens de heróis e vilões

de uma história onde a população e os combatentes não sabiam os motivos da

guerra, debater sobre como trabalhar a diferença entre como se pensava o conflito

e as razões do mesmo, ampliar o campo de visão ideológico, político e social do

confronto.

No campo do ensino de história, os objetivos desse projeto é o de ser uma

ferramenta de apoio para auxiliar na construção do conhecimento histórico nas

salas de aula.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Através de charges, o projeto objetiva-se a mostrar como o exército se

organizava aos olhos das pessoas, refletindo sobre como as pessoas se

identificavam com a guerra, evitando o maniqueísmo entre heróis e vilões, e

demonstrando que os países envolvidos tinham cada um seus próprios interesses,

sejam eles de ordem econômica ou social, dada a fragilidade das novas repúblicas

e do Império.

Como conflitos armados trazem sempre um impacto à população, mesmo

em eventos passados, pedagogicamente este projeto tem o objetivo de

desenvolver a criticidade do aluno, dando apoio metodológico para a construção

do ensino escolar na relação professor-aluno. Desta forma, estaremos no caminho

de fomentar um pensamento mais crítico de um processo histórico social, fazendo

uma ponte entre o passado e as reflexões do presente.

Page 6: Soldados Da Pátria - Projeto

- 6 -

JUSTIFICATIVA

O século XIX destaca-se na História dos países integrantes da América do

Sul ao fato de que houve nesta época, diversos movimentos, sejam eles

insurreições ou movimentações sócio-políticas, dos quais transformaram

intensamente a maneira de agir e pensar, e principalmente os rumos tomados

pelos mesmos no decorrer deste século, trazendo marcas até os dias de hoje.

Esses movimentos são responsáveis diretamente pelas visões e realizações das

sociedades sul-americanas desde então. Cada país, a sua maneira, reagiu de

forma diferente a esses movimentos, dando a características sócio-culturais

próprias de cada população1.

A Guerra do Paraguai, que envolveu os países cisplatinos e o Brasil entre

1864 até 1870, foi um desses movimentos. Através de diversas movimentações

populacionais envolvendo decisões políticas de determinados grupos sociais do

Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, fora possível mudanças no patamar da vida

cotidiana dos cidadãos desses países 2.

Dentre essas mudanças, que se refletem no sentimento de nacionalismo

pertence a cada população, que reagiu e assimilou as “causas” e as

“conseqüências” da guerra, principalmente destaca-se a formação do exército

brasileiro. Faço do uso de aspas para estas palavras entre aspas pelo fato de elas

1 GALEANO, Eduardo. ”AS Veias Abertas da América Latina”.Tradução Galeno de Freitas. Rio de Janeiro,

Paz e Terra, 29° ed., 1989. 2 GALEANO, Eduardo, Op. Cit. pp .198-214.

Page 7: Soldados Da Pátria - Projeto

- 7 -

hoje representam um arquétipo totalmente diferente e contrastante a nossa

realidade atual. 3

Existem três correntes de pensamento referentes às causas da Guerra, ou

seja, de suas origens: a primeira, com caráter ameaçador a soberania nacional

brasileira, argentina e uruguaia utilizada como justificativa era a de que o

Paraguai, estando num estágio de desenvolvimento maior que seus vizinhos,

pretendiam assumir territórios dos mesmos, a fim de conseguir uma rota marítima

para suas importações das quais não gerasse tributos a serem desviados para

outros países 4.

A segunda, visão gerada por historiadores revisionistas na década de 60 e

70 de nosso século, refere-se a um possível investimento maciço da Inglaterra à

Tríplice Aliança, para que referida neutralize o Paraguai, fazendo com que a sua

economia freasse e não pusesse em risco os negócios da coroa britânica em solo

sul americano. Esse evento seria justificado pelos motivos citados no parágrafo

anterior 4.

A terceira visão dessa contenda refere-se a um panorama estritamente

político-social: como os países envolvidos na Guerra possuíam rixas políticas ou

concorrências econômicas, e suas hegemonias políticas ainda sendo frágeis,

estavam expostas e corria o risco de ruir por causa dessas lutas diplomáticas ou

disputas econômicas. Levando se em consideração de que os países cisplatinos

3 DORATIOTO,Francisco Fernando Monteoliva,”Maldita Guerra :Nova História da Guerra do Paraguai”São Paulo ,Companhia das Letras ,2002. 4 Essas informações foram retiradas de análises de livros didáticos de várias épocas, os quais citamos aqui:

NADAI, Elza. Neves, Joana. “História da América”. São Paulo, Saraiva, 1987 – 9ª ed.pp. 191-200. FIGUEIRA, Divalte Garcia. “História”. São Paulo, Ática, 2002. Pp. 280-282 HOLLANDA, Sérgio Buarque. QUEIROZ, Carla de. PINTO, Vírgilio Noya. FERRAZ, Sylvia Barboza. “História do Brasil: da independência aos nossos dias atuais”. São Paulo Cia. Ed. Nacional, 1973 – 2ª ed. pp. 31 – 37.

Page 8: Soldados Da Pátria - Projeto

- 8 -

era uma unidade única da colônia espanhola e, cada independência surgiu através

de fissões políticas provincianas, pode se dizer que a guerra deveria tornar-se um

instrumento de cristalização das Repúblicas Cisplatinas e do Império Brasileiro,

sendo que na verdade acabaram acarretando a mudança do controle político dos

novos países, e o fim do Império Brasileiro 4.

A Guerra do Paraguai fora uma contenda que fortaleceu os regimes

uruguaios e argentinos, que dizimou a nação paraguaia, mas abriu alas a

formação dos partidos no Paraguai, e que provocou insurreições, fomentou a

abolição da escravatura, passou para o exército brasileiro o valor de que seu

trabalho deveria estar além de ser uma unidade que apenas apertava pequenos

conflitos internos aumentando sua participação e responsabilidade no país, e

dimensionado o movimento republicano no Brasil.

Como cada classe, seja ela dominante ou dominadora, usa de instrumentos

culturais para a transmissão de valores, um acompanhamento minucioso através

de charges de grande transmissão de idéias de uma camada social mais baixa, e

de telas encomendadas por outra classe, esta sendo dominante, tentando passar

uma outra imagem de um mesmo conflito, ainda sendo pessoas pertencentes ao

mesmo país, ainda que suas visões sejam antagônicas.

No início do conflito, o entusiasmo da população em se alistar gerou o

decreto número 3.371, do dia sete de Janeiro de 1865, criando o corpo dos

Voluntários da Pátria. Entretanto, a desorganização e a falta de estrutura

Page 9: Soldados Da Pátria - Projeto

- 9 -

contribuíram para os resultados da guerra, inclusive as epidemias que assolavam

o campo de batalha, como tifo e o sarampo, por exemplo.5

A própria infra-estrutura do exército pecava e colaborava para a situação

precária dos soldados. Por exemplo, as barracas compradas pelo exército

brasileiro foram compradas na França e foram preparadas para a Guerra da

Criméia; o equipamento dos soldados era composto de apenas de duas camisas,

uma marmita, um cantil um cinturão, um mosquetão e um sabre-baioneta.

Segundo o historiador Victor Izeckson, as deserções do exército imperial

chegavam a trinta por cento6.

O exército imperial foi formado, basicamente, por pessoas recrutadas à

força, principalmente pelo fato de que, com o tempo, o corpo de voluntários da

pátria fora diminuindo, graças à insatisfação da população com o governo imperial.

As pessoas recrutadas a força eram presos, mendigos e negros. Certos

destacamentos tinham destaque, como a Cavalaria Gaúcha, que, nas memórias

de Antonio Garibaldi, era considerada “a melhor do mundo”.7

Longe de nós impormos uma verdade, pois o nosso papel não é o de

guardiões, e sim o de trazer as reflexões do passado com uma aplicação pratica

para o presente, trabalhemos as imagens veiculadas e produzidas nesse período,

trazemos à luz este trabalho com o intuito de trazer novas reflexões, escolhas

axiológicas e dinamismo no ensino de história.

5 NARLOCH, Leandro. ”Guerra do Paraguai” In: Grandes Guerra ,Edição 10,São Paulo,Abril,2006.

6NARLOCH, Leandro. Op. Cit.

7NARLOCH, Leandro. Op. Cit.

Page 10: Soldados Da Pátria - Projeto

- 10 -

Embora os historiadores utilizem vários tipos de material como fonte, seu

treinamento geral levam-nos a ficar mais à vontade com documentos escritos8. O

uso de imagens nos conteúdos do ensino de história tem sido visto pelos

professores como um dos pontos de fuga ao ensino tradicional e positivista,

apesar desses “inimigos” serem empiricamente inexistentes9.

Existem diferenças entre charges e fotografia, mas o cuidado no trabalho de

documentos em sala de aula, como se fossem visões imparciais da verdade,

porém, não visualizado que sua reduzida visão dimensional, aliada ao fato da foto

estar sempre focada e de que há um homem atrás da máquina, que oculta itens

com uma interpretação iconográfica própria para a posteridade desmentem a

afirmação acima10.

A forma da qual esse conhecimento é transmitido peca não por falta de

material, mas sim por falta de uma visão mais ampla sobre o mesmo tema. Tendo

em vista de que os parâmetros curriculares e suas exigências, no quesito tempo,

acabam por atar o papel do professor a conteúdos programáticos e não

problematizados, ou problematizados de forma parcial através de técnicas que

tentam fugir de um inimigo “positivista”, mas que acaba por abandonar o aluno à

sua própria sorte 9.

O professor, ao utilizar-se dessas novas linguagens, incorpora noções,

representações e linguagens do mundo exterior à escola. A formação do aluno

8 GASKELL, Ivan “História das imagens”. In: BURKE, Peter “A escrita da história: novas perspectivas”. São

Paulo, UNESP, 1992. Pp. 237 9 CARDOSO, Oldimar Pontes “Representação dos professores sobre o saber histórico escolar”. In: “História e

Ensino: Revista do laboratório do ensino de História/UEL” Volume X. Londrina-PR, EDUEL, 2004. Pp. 55 10

NISHIKAWA, Reinaldo “História e fotografia: Uma discussão acerca do método pictográfico para a historiografia” In: “Boletim do laboratório do ensino de história”, Londrina-Pr. Uel (Setembro de 2002/Abril de 2003).

Page 11: Soldados Da Pátria - Projeto

- 11 -

enquanto cidadão desenvolve-se nos diversos espaços de vivência, e não

somente no ambiente escolar. Logo, todos os veículos e materiais, frutos de

múltiplas experiências culturais contribuem para a difusão do saber histórico. Na

prática, há também o fator de reconstrução do saber e integração a uma aplicação

prática das ciências sociais no cotidiano, findando numa nova construção da

memória social e coletiva11.

As escolhas de valores a serem transmitidos para os alunos e a

transformação que ocorre nas mentalidades dos alunos e do professor, sejam elas

afetadas pelos seus níveis de acesso culturais ou acadêmicos, sejam por suas

vivencias, acabam por desconstruir um objeto histórico, em busca não de retomá-

lo, mas sim de descobrir em cada fragmento, compreender-se o todo, seja no

âmbito social, político ou econômico da questão12.

11

FONSECA, Selva Guimarães. “Didática e prática do ensino de história”. Campinas-SP, Papirus. 12

FONSECA, Selva Guimarães. Op. Cit.

Page 12: Soldados Da Pátria - Projeto

- 12 -

METODOLOGIA

No decorrer das duas últimas décadas, a utilização de diferentes fontes e

linguagens no ensino de história tem sido tema de destaque na área de

metodologia de ensino de história, graças aos avanços da indústria cultural

brasileira e os espaços vagos do currículo, os espaços os quais não conseguem

serem preenchidos plenamente pelos livros didáticos. Metodologicamente, trata-se

de fontes que ampliam a visão do historiador, flexibilizando o processo de

ensino.13

Porém, o trabalho historiográfico envolvendo o uso de imagens faz uso de

alguns conceitos envolvendo as imagens, dentro de um contexto técnico, artístico

e cultural. São necessárias algumas explanações em torno desses conceitos para

uma melhor compreensão metodológica do trabalho em questão.

Entende-se por “arte” todos os objetos construídos pelas pessoas e que

expressam algum valor, seja decorativo ou social, incluindo-se aí também os

conceitos associados a esses objetos e sua respectiva sociedade14. Por “cultura”,

os valores morais e conhecimentos de uma sociedade, que são transmitidos de

geração a geração, tendo esses valores e conhecimentos algum valor comercial

ou não.15Trata-se por “fonte” ou “imagem” nesse texto aos documentos impressos

13 FONSECA, Selva Guimarães. “Didática e prática do ensino de história”. Campinas-SP. Papirus 14 GASKELL, Ivan “História das imagens”. In: BURKE, Peter “A escrita da história: novas perspectivas”. São Paulo, UNESP, 1992 - pp. 238. 15 Faço uso da explicação obtida em: TOMAZI, Nelson Dácio “Cultura, ideologia e educação”. In: TOMAZI, Nelson Dácio. “Sociologia da Educação”. São Paulo, Atual,

Page 13: Soldados Da Pátria - Projeto

- 13 -

por métodos diversificados e com valores visuais e/ou mentais, mantidos dentro

de uma representação de uma realidade.16

Leva-se em conta que esse trabalho divide-se em duas direções distintas:

uma referente ao ensino e ao campo de investigação, com suas limitações e

possibilidades e outra referente às respostas alcançadas, suas contribuições e

efeitos, as suas conseqüências. Admitamos aqui, que a escolha do objeto de

estudo e aos resultados atingidos pelo mesmo só podem ser atingidos, escolhidos

e alterados por nós, pelos agentes desse conhecimento. Admite-se também, com

essa afirmação, que, ao construirmos esse conhecimento, ao nos expormos a

essa fonte, já estamos inspirados por uma interpretação prévia e por um interesse

próprio, de âmbito pessoal.17

A primeira instância de alcance dessas direções retro citadas aborda

diretamente na maneira a qual o conhecimento é produzido, seja no círculo

acadêmico, seja em sala de aula. Ele se inicia na escolha do tema e nas

investigações acerca da época em que o tema ocorreu, analisando se a

possibilidade de, num primeiro passo, obter o maior número de fontes possíveis,

pois assim o leque de explanações e o máximo de interpretações possíveis podem

ser alcançados, tendo precaução em seriar, organizar e separar as imagens

conforme seus contextos e possíveis utilizações.

Aqui podemos utilizar a classificação conforme Maria Auxiliadora Schimdt

nos indica:

16 ROSA, Ubiratan “Minidicionário Rideel de Língua Portuguesa”. São Paulo, Rideel 2000, pp.

17 STAROBINSKI, Jean “A literatura: o texto e seu intérprete”. In: LE GOFF, Jacques. NORA, Pierre ““ História: Novas abordagens “Tradução de Henrique Mesquita. Rio de Janeiro; Francisco Alves - 1988”.

Page 14: Soldados Da Pátria - Projeto

- 14 -

Quadro síntese da identificação do documento

Determinar a origem do documento

Identificar e registrar as referências de onde e quando o documento foi encontrado: a data de

produção e a forma de reprodução e divulgação

Natureza do documento

Classificação como documento oficial, documento que exprime o ponto de vista ou gosto,

documento que procura descrever a realidade, documento religioso ou outras classificações.

Autor do documento

Classificação da autoria do documento: conhecido ou não, individual ou coletivo

Datação do documento

Enumeração das datas provenientes do próprio documento, da difusão do documento e do

conhecimento do documento.

Pontos-chave do documento

Enumeração dos elementos que identificam a forma e o conteúdo do documento, como principais

idéias, fórmulas e expressões.

Após essa etapa, faz-se necessário uma nova seleção, dessa vez para

buscar dentre todas as fontes as que se adequam melhor ao conhecimento a ser

transmitido. Esse procedimento faz-se necessário em prol de uma objetividade do

conteúdo a ser transmitido, bem como uma melhor problematização das imagens

já selecionadas18. Nessa primeira instância, podem ser observados claramente o

quanto do ponto de vista pessoal pode ser influenciável no projeto. É esse ponto

de vista que vai se expressar em cada escolha, definindo assim uma direção e

uma objetividade, que pode ser diferencial e até mesmo antagônica a do início do

projeto.

18 SCHNAPP, Alain. “A arqueologia”. In: LE GOFF, Jacques. NORA, Pierre ““ História: Novas abordagens “Tradução de Henrique Mesquita. Rio de Janeiro; Francisco Alves – 1988. É interessante notar que, guardada as devidas proporções, os trabalhos envolvendo essa primeira fase de coleta de material são similares ao Croqui de Moberg e as explanações do autor”.

Page 15: Soldados Da Pátria - Projeto

- 15 -

Referente às escolhas das imagens, são necessários alguns cuidados que

serão relevantes às interpretações que serão feitas adiante no projeto. Esses

cuidados referem-se à autoria da imagem, ao cânone e a interpretação visual e

primária que possam estar embutidas as referidas imagens escolhidas.19

A autoria não se resume somente no reconhecimento do valor comercial e

artístico de uma imagem, mas vai além. Ela também denuncia a relação do artista

com arte20. Mas, dentro das possibilidades de interpretação, conhecer o autor de

uma fonte pode lhe dar as possibilidades de uma interpretação, como, por

exemplo, o uso de uma determinada fotografia dentro de um movimento político

e/ou social. A autoria, em si, já pode dar uma idéia de interpretação, visto que

existe um homem por detrás da obra de arte, ou da fotografia, ou da gravura, etc.,

que transmite através de sua obra valores morais e sociais, que condicionam o

observador a visualizar aquilo que ele pretende; sem ignorar, é claro, o fator de

que o observador não é meramente passional, tendo em vista que ele trabalha

sobre uma rede de significações que podem levá-lo a uma interpretação mais livre

da obra.21

Quanto aos cânones, às normas transmitidas por esses documentos e

imagens, no tocante ao conhecimento e a opinião criam circunstâncias de um

redescobrimento ou supervalorização aos quais podem ofuscar ou retirar o mérito

da pesquisa, visto que sua popularização leva a massificação e a criação de uma

19 GASKELL, Ivan Op. Cet. O autor, nesse texto, debate essas três instâncias e suas importâncias separadamente. 20 Idem, Pp 244. 21 NISHIKAWA, Reinaldo “História e fotografia: Uma discussão acerca do método pictográfico para a historiografia” In: “Boletim do laboratório do ensino de história”, Londrina-Pr. Uel (Setembro de 2002/Abril de 2003). Apesar de o autor referir-se apenas a fotografia, é interessante notar que alguns conceitos têm aplicação múltipla sobre o uso da arte no ensino de história.

Page 16: Soldados Da Pátria - Projeto

- 16 -

cultura vendável22 acerca da figura.23 Como “cânones”, entendem-se por imagens

padrão ligadas a conceitos-chave de nossa vida social e intelectual. Tais imagens

constituem pontos de referência inconscientes, sendo, portanto, decisivos em seus

efeitos sobre a identificação coletiva. São imagens de tal forma colocadas em

nosso imaginário coletivo que as identificamos rapidamente, pois a todo o

momento lidamos com essas imagens canônicas.24

Aliando-se os cânones definidos por autoria e pela coleção, a interpretação

e o terceiro tópico a ser relevado na seleção de imagens para um trabalho

historiográfico. Essa interpretação é necessária para que se evite o

ilustracionismo, que seria o uso dessas imagens apenas como um detalhe, e não

como uma fonte que pode revelar algo a mais ao conhecimento histórico, seja ele

escolar ou acadêmico. Outra preocupação no campo de interpretação é a questão

do historicismo. Segundo Caroline Elam, no editorial da Burlington Magazine, “...

se o historicismo prevalecer, a obra de arte individual ficará trancada em seu

período e não sairá para encontrar a sua visão contemporânea”. 25

O significado embutido em cada imagem pode ou não ter uma conotação

ideológica, sendo essa clara ou não. Alias como visto até aqui, a interpretação não

se baseia unicamente nessas concepções ideológicas a significação vai além de

uma conformidade, muitas vezes inconsciente com as ideologias sócio-políticas do

autor e do possível consumidor. Discute-se que a significação cultural pode ser

codificada em material visual e posteriormente decodificada, gerando um

22 Massificação essa aplicada à explicação sobre cultura vendável e cultura de massa de TOMAZI, Nelson Dácio. Op. Cit. 23 GASKELL, Ivan Op. Cit pp 253-258 24

Ver com a Taíse a referência (ou no e-mail da Ani) 25 GASKELL, Ivan Op. Cit pp 258-261

Page 17: Soldados Da Pátria - Projeto

- 17 -

“significado” adequado. Porém, a indicação é indistinguível da conotação, ou seja,

a representação da idéia arquetípica de um objeto, como um cachimbo, pode

diferir da representação visual do referido objeto, gerando novas possibilidades de

interpretações.26

Por último, ainda lidando no campo das interpretações, é importante

salientar o papel das legendas de uma imagem, pois é a mesma que dá uma

orientação no sentido da imagem e sua interpretação, trazendo inteligibilidade à

figura e servindo de justificativa para o uso da imagem para a maior parte do

público, integrando uma linguagem não verbal com uma verbal.27

Já essa segunda instância implica nos debates referentes aos resultados

desse projeto. Tendo em vista toda a transposição didática implícita nesse

processo, que vai desde as escolhas axiológicas impostas ao saber acadêmico, e

das práticas sociais responsáveis pela didatização e assimilação do conhecimento

ensinado, transpondo até mesmo os limites entre os objetivos do projeto e o

alcance a que ele atinge no público alvo, pode-se, através desses debates,

concluir se dentro das metas inicialmente propostas ele fora satisfatório, e se suas

reflexões abriram novas fendas as quais deverão ser exploradas mais adiante

sobre o mesmo tema, conforme abordado na justificativa desse projeto.

26 GASKELL, Ivan Op. Cit pp 261-262

27 NISHIKAWA, Reinaldo Op. Cit.

Page 18: Soldados Da Pátria - Projeto

- 18 -

FONTES

Esta fonte é uma fonte primária, que na época que ocorreu o fato, e é uma

fonte visual, se trata de uma caricatura.

Esta imagem ilustra Solano Lopes e Duque de Caxias, sendo reprimidos

pela doença do Cólera que está representada sob forma de um “anjo das morte”.

O Cólera foi uma das doenças que mais matou durante a guerra, é transmitida por

água contaminada e se agrava pela falta de higiene.

O documento exprime uma opinião do autor, ataca a atitude dos líderes dos

dois exércitos em guerra de não decidirem a guerra em definitivo e continuarem

Page 19: Soldados Da Pátria - Projeto

- 19 -

mantendo seus soldados em péssimas condições. Na charge o próprio Cólera se

mostra indignado e ameaça acabar ele próprio com a guerra.

O autor é desconhecido, e na charge está pedindo fim para a guerra e para

a situação em que os combatentes eram submetidos, o Cólera diz aos dois

líderes: “... e estão há tanto tempo amolando meio mundo...”.

O documento é de provavelmente entre os anos de 1866/1867 que foram

os anos em que o Cólera mais castigou os exércitos, mesmo período (outubro de

1866 a julho de 1867) em que não foram tomadas, quer pelos aliados quer pelos

paraguaios, iniciativas capazes de decidir a guerra, ocorreram apenas

emboscadas entre as vanguardas28.

As condições nas quais os soldados viviam nos front eram muito precárias.

A água para beber era retirada de buracos rasos escavados no areal, era poluída

e amarela, em decorrência dos cadáveres sepultados nas proximidades, uma das

principais causas da presença da doença nos acampamentos.

28

DORATIOTO, Francisco. Op. Cit. Pp. 285.

Page 20: Soldados Da Pátria - Projeto

- 20 -

Esta fonte é uma fonte primária, que na época que ocorreu o fato, e é uma

fonte visual, uma caricatura.

É uma ilustração paraguaia que traz Duque de Caxias à frente se uma

banda de macacos a recepcionar Bartolomé Mitre.

A charge é uma crítica paraguaia ao exército brasileiro que era chamado

por eles de “exército de macacos”, devido à presença de negros.

A ilustração foi publicada no jornal paraguaio Cabichuí, por volta de 1865-

1866.

A dificuldade em preencher vazios nas tropas dos jornais paraguaios e de

Solano Lopes. A presença de escravos nas tropas também se deu pelo envio de

substitutos para cumprir o serviço militar que era prática comum, não só no Brasil.

As sociedades patrióticas, os conventos e o próprio governo nacional também se

encarregou de comprar escravos a fim de enviá-los para o Paraguai. Roberto

Salles diz que o número de escravos combatentes libertos não tenha passado de

10% do conjunto das tropas. As afirmações de que o Exército Imperial era um

exército de escravos resulta de se confundir branco com livre e negro com

escravo. Em 1872, data do primeiro censo oficial, no Brasil havia oito milhões de

homens livres, sendo 3,8 milhões brancos e 4,2 milhões de negros ou mulatos e o

número de escravos era de 1,5 milhão. Soldados negros, ex-escravos ou não

lutaram em pelo menos três quartos dos exércitos envolvidos nos combates: o

brasileiro, o paraguaio e o uruguaio29.

29

DORATIOTO, Francisco. Op. Cit. Pp. 273.

Page 21: Soldados Da Pátria - Projeto

- 21 -

RECURSOS

Para a apresentação da oficina aqui apresentada, fora utilizado um

Datashow, para uma apresentação de slides confeccionada no Micfrosoft Power

Point. Embora não fosse essencial, tal recurso fora utilizado por estar a disposição

e por dar mais agilidade na comunicação. Para a edição das imagens fora

utilizado o Macromedia Fireworks MX e o HP Image Zone.

É claro que, conforme a situação, outros recursos podem ser utilizados de

forma satisfatória, como a confecção de cartazes pelos alunos, por exemplo, tendo

em vista os traços próprios da caricatura.

Também ressaltamos que os programas citados aqui não são a única

saída, podendo ser utilizados outros softwares para a mesma execução com a

mesma qualidade, independente da plataforma utilizada (Windows, Linux ou Mac).

Page 22: Soldados Da Pátria - Projeto

- 22 -

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Francisco Doratioto, autor do livro “Maldita Guerra – Nova história da

Guerra do Paraguai” é mestre e doutor em História das Relações Internacionais

pela UnB, e, numa linguagem objetiva e didática, explicando o início do conflito

através da história regional, negando a interpretação do imperialismo como

principal causa da Guerra do Paraguai. Através de relatos orais, documentos

escritos e museus dos países envolvidos, numa pesquisa de mais de três anos, o

autor desenvolve várias possibilidades, principalmente no tocante as relações do

alto comando do exército brasileiro e paraguaio para o resultado da guerra tal

como conhecemos, visualizando a simpatia da opinião pública pelo lado paraguaio

e o caráter de neutralidade das potências imperialistas, revelando bem mais do

que uma guerra de interesses financeiros, e indo até as relações diplomáticas e de

formação de fronteiras dos paises cisplatinos e do império brasileiro.

Já Eduardo Galeano, escritor uruguaio, autor do livro “As Veias Abertas da

América Latina”, mostra a história de um modo econômico e crítico, sempre

demonstrando sua opinião fortemente influenciada pelo marxismo, com reflexões

pessoais e sem neutralidade. Galeano narra a história da América Latina, sem

usar roupagens acadêmicas, desde seu descobrimento, passando pela Guerra do

Paraguai e além, utilizando documentos históricos, mostra o lado sombrio e a

manipulação imperialista da Inglaterra na Guerra e o massacre que aconteceu no

Paraguai.

Sendo assim, a espinha dorsal desse projeto acabou calcada se em dois

extremos totalmente opostos quanto ao pensamento acerca da história da Guerra

Page 23: Soldados Da Pátria - Projeto

- 23 -

do Paraguai, porém, é importante salientar a necessidade de dar-se a voz as

várias versões e pensamentos sobre o conflito, de maneira mais imparcial

possível, tentando mostrar além de um lado “certo” e outro “errado”, mostrar

aonde cada possibilidade é maior, a fim de uma desconstrução do fato histórico e

compreensão plena de todas as movimentações sobre o teatro da guerra.

Page 24: Soldados Da Pátria - Projeto

- 24 -

CRONOGRAMA

Descriminação das atividades mar-06 abr-06 mai-06 jun-06 jul-06 ago-06 set-06 out-06 nov-06

Estágio X X

Introdução X X X

Objetivos X X X

Justificativa X X X

Metodologia X X

Fontes X X X X

Recursos X X X X

Revisão Bibliográfica X X

Apresentação da Jornada X X

Avaliação X

Referências Bibliográficas X

Page 25: Soldados Da Pátria - Projeto

- 25 -

AVALIAÇÃO

As charges apresentam críticas sociais sob todos os aspectos. Quanto ao

fato da modernização do exército brasileiro na Guerra do Paraguai, temos uma

imagem a seguir que expressa a versão das idéias dos populares da época.

Avalie-a:

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

______________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Page 26: Soldados Da Pátria - Projeto

O objetivo primordial desse projeto, ser uma ferramenta de apoio na questão da

formação do exército nacional, fora alcançado com certas limitações. A questão fora

levantada e junto consigo, levantou também outras questões referentes a construção e

a formação da idéia de fronteira, e a ligação do exército de reserva formado na guerra,

as quais não puderam ser totalmente esclarecidas por esse projeto.

Referente justamente a essas brechas, a bibliografia não se mostrou totalmente

completa, faltando algumas referências a respeito das questões sociais citadas acima.

Também se mostrou um pouco mais afastada da História do Brasil, o que pode gerar

duas interpretações: que esse trabalho fora destinado para a disciplina de História da

América ou que o Brasil ficara a segundo plano.

Devido a vários contratempos, oriundos principalmente de um calendário de ano

eleitoral e ao fato de ser um grupo de trabalho muito grande e muito afastado, houve

grande dificuldade de discussão na orientação, sendo que nossa crítica nesse plano

fosse a de um maior número de apresentações, com um número menor de participantes

em cada grupo.

Quanto ao grupo, a divisão logística de cada pesquisa fora efetuada de modo

racional, embora a distância entre alguns integrantes do grupo dificultou muito a

confecção desse projeto, ou até mesmo os afastou do mesmo. Cremos que, com a

diminuição do número de integrantes esse problema poderia ser sanado, ou tratado de

forma mais rápida e solúvel.

Page 27: Soldados Da Pátria - Projeto

- 2 -

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NADAI, Elza. Neves, Joana. “História da América”. São Paulo, Saraiva, 1987 – 9ª

ed. pp. 191-200.

FIGUEIRA, Divalte Garcia. “História”. São Paulo, Ática, 2002. Pp. 280-282

HOLLANDA, Sérgio Buarque. QUEIROZ, Carla de. PINTO, Vírgilio Noya. FERRAZ,

Sylvia Barboza. “História do Brasil: da independência aos nossos dias atuais”. São

Paulo Cia. Ed. Nacional, 1973 – 2ª ed. pp. 31 – 37

LOBO, Haddock R. “História da América”. São Paulo, Melhoramentos, 1957.

TAPAJÓS, Vicente. “História da América”. Rio de Janeiro; Forense-Universitária,

1974.

GALEANO, Eduardo. “As veias abertas da América Latina”. Tradução de Galeno

Freitas. São Paulo, Paz e Terra, 1989.

DORATIOTTO, Francisco. “Maldita Guerra – Nova história da Guerra do

Paraguai”. São Paulo. Cia. das Letras, 2002.

CARDOSO, Oldimar Pontes “Representação dos professores sobre o saber

histórico escolar”. In: “História e Ensino: Revista do laboratório do ensino de

história/UEL” Volume X. Londrina-PR, EDUEL, 2004.

FONSECA, Selva Guimarães. “Didática e prática do ensino de história”.

Campinas-SP, Papirus.

MONTEIRO, Ana Maria F. C. “A história ensinada: algumas configurações do

saber escolar”. In: “História e Ensino: Revista do laboratório do ensino de

história/UEL” Volume X. Londrina-PR, EDUEL, 2004.

Page 28: Soldados Da Pátria - Projeto

- 3 -

CIANPI, Helenice. “O processo do conhecimento / pesquisa no ensino de

história”. In: “História e Ensino: Revista do laboratório do ensino de história/UEL”

Volume X. Londrina-PR, EDUEL, 2004.

GASKELL, Ivan “História das imagens”. In: BURKE, Peter “A escrita da história:

novas perspectivas”. São Paulo, UNESP, 1992 - pp. 238.

STAROBINSKI, Jean “A literatura: o texto e seu intérprete”. In: LE GOFF, Jacques.

NORA, Pierre “História: Novas abordagens” Tradução de Henrique Mesquita. Rio

de Janeiro; Francisco Alves - 1988.

SCHNAPP, Alain. “A arqueologia”. In: LE GOFF, Jacques. NORA, Pierre “História:

Novas abordagens” Tradução de Henrique Mesquita. Rio de Janeiro; Francisco

Alves – 1988.

NISHIKAWA, Reinaldo “História e fotografia: Uma discussão acerca do método

pictográfico para a historiografia” In: “Boletim do laboratório do ensino de

história”, Londrina-Pr. Uel (Setembro de 2002/Abril de 2003).

TOMAZI, Nelson Dácio “Cultura, ideologia e educação”. In: TOMAZI, Nelson

Dácio. “Sociologia da Educação”. São Paulo, Atual, 1997.

CASTRO, Marcio Sampaio de. “Em nome da ordem” In: “Aventuras na História –

pra viajar no tempo” Edição 38. São Paulo, Abril – Outubro de 2006.

NARLOCH, Leandro. ”Guerra do Paraguai”. In: Grandes Guerras, Edição 10, São

Paulo, Abril, 2006.