Pg. 07
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Pe. Daniel Cunha, sdb.Delegado Inspetorial de Comunicação
Formaçãoequalificaçãosãosinaisdaexigentecompetitividadedomercadoatual,efalardeformaçãoemâmbitoprofissionalremete a competências ehabilidades paraocuparvagasdesejáveisnocenáriomerca-dológico.Foi-seotempoemqueterafor-mação básica escolar era garantia de sus-tento,vivemosagoraaeradosaber,dentrodeumcontextotecnológicoqueincidedire-tamentenacompetitividade.Eagora,essanecessidadedeformaçãoqueantespareciavalerapenasparaoâmbitoprofissional,tor-nou-seumacondiçãonecessáriaparaqual-querâmbito,pondoemxequeavidapessoalesuagarantiaderealizaçãohumana.
A incidência da “formação” foi tam-bémmodificadanocontextoreligioso,paraconsagradoseleigos.Nãocabemaisamen-talidadedesimplestradiçãoevangélicaparaseconsiderarumcristão,énecessáriaumaformaçãopermanenteeintegralondeapes-soaéconvocadaaumaexperiênciaautênti-cadefé,naqualarecebe,aconserva,acele-
SINTONIZANDOEstimadosamigoseestimadosirmãos
braeatransmite,dandoassimtestemunhodela, tornando-se cada vez mais convicta,emseuitinerário,dasmotivaçõesqueale-vamapertenceràfamíliadeDeus(Cf.DAp118).
Qualidade, competência e profis-sionalismo são características do homemmoderno, consciente da seletividade queomercadoexigeparaestaràalturadade-mandaprofissional.Esteapelosefazurgen-tetambémnavivênciadoespíritosalesiano,emqualquer lugardestavastaregiãoama-zônica.Éestadinâmicadequalificaçãoquese faz sentir também,emâmbitopastoral,comoumdesafioparaosdiversosgruposdaFamília Salesiana, empenhados no serviçodamissãoemqualquerlugar.
Experiênciastêmsidofeitaseocon-frontoépermanente,istonosmotivaaca-minharedesenvolverumamentalidadedequeestarapardocenárioatualéprovade“formar-se”ésemprepreciso.
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TAPIRI •ComuNiCAçõESPAStorAiSDA
iNSPEtoriASãoDomiNgoSSávio
ANo1989,N°166•SEtEmBro/outuBroDE2012.
tAPiriéumapublicaçãobimestralegratuita
da inspetoria São Domingos Sávio, iniciada
emjaneirode1989,dirigidaaosSalesianosde
DomBoscoeaoscolaboradoresleigoseedu-
cadoresnasinúmerascasassalesianasperten-
centesàregiãoamazônicabrasileiraquecom-
põema inspetoria,comoobjetivodeserum
instrumentode reflexão sobre temasdiversos
alinhadosàaçãopastoraldocarismasalesiano.
otAPiri reserva-seodireitode condensar/
editar asmatérias enviadas como colabora-
ção.osartigosassinadosnãorefletemneces-
sariamenteaopiniãodoinstrumentopastoral,
sendodetotalresponsabilidadedeseusauto-
res.
organização:CiP/CiC
DelegadodaComissãoinspetorialdeComunicação:
Pe.DanielCunha
Equipeeditorial:Pe.DanielCunha;Pe.Joãomen-
donça;Pe.JoãoBenedito;FelipeCumaru;
AdrianoSantos;JoséLuis(Zeca);Wellingtongon-
çalves,sdb.
Projetográfico:FelipeCumaru
revisão:LeilaFerreiraSatineJoselymoura
Distribuição:Joselymoura
Eu acrEdito, Eu ajudo.
dEus abEnçoa!
seja um promotor vocacional,
colaborando com o fundo para as
vocações salesianas.
Entre em contato: (092) 2101-3400
(Pe. Gennaro)
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capa 2
Dom Bosco: Um projeto de vida atual - - - Pg. 05
A Resignificação da missão Salesiana como rede socioeducativa - - - Pg. 07
Retornar aos Jovens com maior qualificação:Uma atitude Salesiana - - - Pg.10
A experiência pastoral em Iauareté- - - Pg. 13
SUMÁRIO
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Q uandooPe.Sinvalmepediuparafazer um artigo sobre “A identi-dade do Salesiano Cooperador
à luzdonovoPvA1”mevinumgrandede-safio,poispenseinotempoquenãotenhoouquetenhopoucoparafazê-lodevidoàsdiárias ocupações que exerço nas ativida-des, tais comoadministrador, coordenador,palestrante,professor,paie,claro,salesianocooperadoratuandoemminhacomunidadecomoministrodaPalavraeformador.Então,analisandoessarealidadeefazendoumare-flexãononovoPvA,chegueiàconclusãodequenãoseriatãodifícil,poisdeveriadescre-verarealidadequevivoeabuscaconstantedepôrempráticaoqueaprendemosnoses-tudosdonovoPvA. SerSalesianoCooperadornãoéfácil,assimcomonãoéfácilseguirumavidavol-tadaparaareflexãoeamoraDeuseaopró-ximo. mesmo assim, existem pessoas queconseguememesmoerrando,caindoeatémesmopecandoconseguempassaralgodebomparaaspessoasquefazempartedoseucírculodeamizades. AvocaçãodoSalesianoCooperadoréestaratentopreferencialmenteà juventudenecessitada,acolhê-la,servi-la,amá-laepro-movê-la. realizar nas condições ordinárias
Clébio Billiany de Mattos SC | Salesiano Cooperador - Porto Velho / RO
DOM BOSCO: UM PROJETO DE VIDA ATUAL
davidaoidealevangélicodoamoraDeuseaopróximo.inspiradosnaComunidadedosPrimeirosCristãos,praticaracomunhãofra-terna,osmomentosdeoraçãoeapartilha.Começandopelaigrejadoméstica:cônjugeefilhos,nossosprimeirosdestinatários,mani-festaretestemunharosvaloresdaFamíliaedomatrimônio. Desta forma, me apossando da fra-sedeumex-presidente:“Nunca na história deste país”odesejodeDomBosco foi tãonecessáriodeseporempráticacomoagora.Estoufalandodoobjetivomaior:“BonsCris-tãoseHonestosCidadãos”.Pensoqueestarealidadenãosepassasomenteondemoro,masemtodonossoBrasilqueviveumaondadecorrupçãoondeosvaloresmoraiseéticosestãomuitoaquémdeserempostosemprá-ticaeafetamdiretamentenossa juventudeque está crescendo sem referencial de ho-nestidadeemnossasociedade. A pergunta é: onde estão os ensina-mentoscristãosdeamoraopróximo?ondeestáavergonhaecaráterdecertaspessoasqueusameabusamdopoderparacorrom-peroutrosemproldobeneficiopróprio?Eestesquesedeixamcorromperpelosistema,comopodemdormirsossegados? Nãohárespostasparatodasessasper-
1PvAsignifica"ProjetodevidaApostólica",aindaemfase"adexperimentum".istoé,aguardaaprovaçãodefinitiva.
SãoasdiretrizeselinhasgeraisqueregemavidaeaaçãodoSalesianoCooperador.
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guntas. isso talvez por que esteja faltandouma personalidade como Dom Bosco quecomosproblemasdaépocaemqueviveu(eerambemparecidoscomosnossosatual-mente)conseguiumostrarqueoresgatedamoraledosbonscostumes,oamoraopróxi-moeaformaçãodeumserhumanohonestoerapossível. ÀluzdonovoPvA,apósváriosestudosemnossosencontros,vimosqueateoriaseapresentapráticanãosóemgrandesproje-toscomoforamosdeDomBosco(econti-nuam sendo através de seus sucessores) etambémoutrosprojetosmaravilhososedesucesso de Salesianos Cooperadores espa-lhadosnoBrasilenomundo,mastambémeprincipalmentenodiaadiadecadaumquesepõemarefletirsobreestamaravilhaqueéonovoPvA. AformadeatuaçãodosLeigos(as)se-culareséviveramissãodeserigrejabasica-mentenoséculo,istoé,nomundo,ondesãochamadosdemodoespecial.Sejanafamília,notrabalho,naigreja,nassaídasdefinaldesemanaouemqualquerlugardevemosser(salesianos cooperadores) “Bons Cristãos eHonestosCidadãos”,poisomundocarecedepessoasquemostremcomsuasatitudesoamoraopróximosemcontrapartidaoumo-edadetroca. São lugares e circunstâncias onde sópormeiodosLeigos,comsuacompetênciaepreparoespecífico,aigrejapodeserfermen-toesaldaterra.osCooperadoresvivemestamissãocomoportadoresdavocação,Espiri-tualidadeeCarismaSalesiano. Sabemos que isto não é fácil e comcertezanãosouomelhorexemplo,masme
coloco na situação de, mesmo com meusdefeitos,viverdeformacorretaehonestaeagiremproldopróximoseguindooquenosorientanossopaiemestreDomBoscoquesempresobaintercessãodeNossaSenhoraAuxiliadora soube seruma luzemmeioàstrevasdesuaépoca. NofinaldoanoteremosonossoCon-gressomundialqueserárealizadoemroma,de7a11denovembrode2012,ondeseráapresentadaaversãodefinitivaeaprovadadonossoPvA.PeçamosaDeusqueorientetodosos Salesianos Cooperadores à luz donovo PvApara podermos ser testemunhasdo“BonsCristãoseHonestosCidadãos”. Os Salesianos Cooperadores estão com Dom Bosco e com a juventude, para o que der e vier!
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Com a criação da rede Sale-sianaBrasilanossafamíliasetornacadadiamaior,“seam-
pliandoepropagandovaloresparaformarbonscristãosehonestoscidadãos”.tudocomeçou com a CiSBrASiL (ConferênciadasinspetoriasSalesianasdoBrasil)geran-doumesforçodearticulaçãoqueresultounasquatroredesjáexistentes:rSE(redeSalesiana de Escolas - Entusiasmodianteda vida), rESAS (rede Salesiana deAçãoSocial - união pela vida), rESCom (redeSalesianadeComunicação -A serviçodavida)eredeSalesianadeEnsinoSuperior;outrasestãoemgestação. Desde a fundação do escritório daCiSBrASiL (Brasília, 1998), as inspetoriasdosSDBenfatizaramanecessidadedeor-ganizar seusprojetosemredesnacionaisque,estrategicamente,fortaleçaevisibili-zemelhor amissão salesianade “educarevangelizando e evangelizar educando”.Nosprimeirosanosde funcionamento,oescritório tinha, na prática, a preocupa-ção quase que exclusiva com a Pastoraldomenoreprojetosdirecionadosparaadimensãosocial.Aospoucosoconceitoeanecessidadedesetrabalharemredefoiorientandoaconstruçãodasatuaisredes
A RESIGNIFICAÇÃO DA MISSÃO SALESIANA COMO REDE SOCIOEDUCATIVA2
Pe. Humberto Ribeiro da Costa, sdb| CoordenadordaCiAS(ComissãoinspetorialdeAçãoSocial)
existentes. A diretoria executiva do es-critório, contando com a participação deinúmeros profissionais, procura realizaros projetos aprovados pelos inspetoresapoiandoeassessorandoamissãojuvenilsalesiananoBrasil. AredeSalesianadeAçãoSocial foise consolidando com a participação doscoordenadoresinspetoriais(SDBeleigos)nasreuniõesnacionaisenaconstruçãodaarticulação a nível inspetorial.os encon-trosnacionais,realizadosanualmentecomapresençadosdiretores(ourepresentan-tes)detodasasobrassalesianasdosSDB,colaboraram para o crescimento do tra-balhoemredeedanecessidadedestasi-nergianacional.realizamosoviENrESAS(julho 2012) que tratou da ConsolidaçãoeresignificaçãodarESASnaperspectivada: a) missão Salesiana (Pastoral JuvenilSalesiana);b)Sustentabilidadedamissão(EscritóriosdePlanejamentoeDesenvol-vimento); c) Ação Social (AprendizagemProfissional). oCursodePós-graduaçãoparaEdu-cadoresSociaisnamodalidadeEAD(edu-caçãoadistância),realizadopelauCBemconvêniocomaCiSBrASiLéoutraconquis-tadarESAS.Jáestamosnaterceiraturma,
2obs.:Paraummaiorconhecimentodotema,leiaaspublicaçõesdaCiSBrASiL:rESASDoc.01Documentoreferencial;
/rESASDoc.02FormaçãoeCompetênciasdoEducadorSocial;/ConclusõesdoviENrESAS.
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onde participam educadores das obrasSalesianas de todooBrasil.Neste cursooseducadoresparticipantesrealizamumaefetivaredevirtualdediscussãoetrocadeexperiências quemuito enriquece a prá-ticadanossaAçãoSocial.Eagora,comainauguraçãodoPortalFuturum,acomuni-caçãovirtualpossibilitaráatodososnos-soseducadoresos“diálogosdeformação”on-line, com temas que constituirão umitinerário formativo. tudo isso é possíveldevido a interface entre as “redes”, poisestas atividades, nas inspetorias, são ge-renciadaspelospólosdarSEemconjuntocomoscoordenadoresrESASeosEPDs. A prática da rESAS, hoje, apontapara a possibilidade de construir os EPD(escritóriodeplanejamentoedesenvolvi-mento)nas inspetorias; istoé,uma redequesepreocupacomosusuáriosdanossamissão,tendoasmediaçõesarticuladaseorientadasporprincípioscomuns.Apro-postade“pensar”aaçãosocialsalesianaa partir da nossa missão, planejando equalificandoosprojetosquedesenvolve-mos,vemaoencontrodasorientaçõesdonosso Superior geral Pe. Pascual Chávezquenosindica:
M I S S Ã O S A L E S I A N A
1. A formação do ser humano e de seus valores.
2. A necessidade de dar uma formação cultural e profissional aos jovens.
3. A exigência de preparar cidadãos pró-ativos, envolvidos no papel de protagonistas, em tudo o que acontece na sociedade.
›APROFUNDANDO
AredeSalesianadeAçãoSo-cial consolida a oferta de oportuni-dades para a formação socioeduca-tiva dentro da proposta educativa de Dom Bosco, e leva sempre em consideração as características de cada lugar onde se está presente nas obras salesianas. As inspetorias investem em uma participação política e social como forma de construção de uma sociedade mais justa e fraternalmen-te cristã e cidadã. Por meio da efeti-vação de articuladores da RESAS em outras entidades da sociedade civil, se pode estar presente em diversas iniciativas de construção de políticas públicas sociais voltadas para o pú-blico infanto-juvenil, dentre elas a in-clusão do artigo 227 na Constituição Federal de 1988, que assegura os di-reitos fundamentais da criança e do adolescente, além da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescen-te (ECA). Em nível inspetorial, aqui em Manaus, através das ações educa-tivas e sociais que desenvolvemos temos em conta, também, a Lei do Aprendiz ou lei nº 10097, bem como sua implantação e realização. Por-tanto integrar forças para garan-tir e promover os direitos da crian-ça, do adolescente, dos jovens e de
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suas famílias é o papel da articulação das inspetorias salesianas tanto dos SDB como das FMA. A articulação está presente do Centro Inspetorial a todas as unidades Salesianas de Ação Social (USAS) no território amazônico. O “fator rede” é fruto de outros fatores identificados com a complexi-dade dos processos administrativos, em meio à proliferação de inúmeras organizações sociais e o desenvolvi-mento de uma nova consciência cidadã
que reivindica maior participação, en-tendimento e compromisso na gestão da política de governança nas ações de atendimento aos usuários de projetos sociais, tornando-se ainda uma possi-bilidade de aprendizado para as novas gerações, sendo um fator que enrique-ce o conhecimento e um laboratório de preparação para os novos desafios.
Pe. José Maria Barbosa, sdbPró-menor Dom Bosco - Manaus.
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RETORNAR AOS JOVENS COM MAIOR QUALIFICAÇÃO: UMA ATITUDE SALESIANA
oPe. Pascual Chávez é enfático edesafiador em questionar nossaconsagração em prol dos jovens,
aqualmuitasvezesostentamoscomtan-tafacilidade.NotextodaEstreia2013elenos pergunta se conhecemos os jovenspelosquaisconsagramosnossavidaintei-ra:“Quemsãoexatamenteos jovensaosquais‘consagramos’anossavidapessoal-menteeemcomunidade?”.Comopode-mosterconsagradoalgotão importante,como nossa própria vida, a alguém quenemmesmoconhecemos? Nadivisãodostemasparacadaanodo triênio em preparação ao Bicentená-riodonascimentodonossocaropaiDomBosco, a dimensão da História ficou noprimeiroano,aPedagogianosegundoeaEspiritualidade no terceiro. representan-doumclaroitineráriodereflexãoparanóssalesianosepara todososgruposdaFa-míliaSalesiana.Étambémevidenteacen-tralidadedaPedagogiacomorazãodeserdavidadopróprioDomBoscoepor issomesmodecadaseguidordoseucarisma. Pedagogiaquenãoselimitaàinstru-ção“conteúdista”,masofereceumacom-panhamento ao jovem enquanto pessoacompleta;pensandoemtodasasdimen-sõesqueoenriquecem.ousejaumapro-postahumano-cristã (HonestoCidadãoeBomCristão).
oPe.Pascualaoapresentarotemadestesegundoanodepreparaçãosepre-ocupaemmotivaroaprofundamentodasvárias possibilidades reflexivas contidasneste aspecto tipicamente pedagógico.mas, motiva uma atitude de base quedeveserviracadaumdossalesianosnestecaminhodereflexão,confrontoemudan-ça de vida. Poderíamos, assim, falar emProFiSSioNAiS QuALiFiCADoS DA EDu-CAção. Asexpressões“Serviçoqualificado”ou“Profissionalização”começamafazerpartedodiscursoespirituale religioso,écomumsefalardeumserviçoeclesialqua-lificadooudeumaprofissionalizaçãodafé.vivemosumtempoemquenãoseadmi-temaisapresençadomedíocre,ninguémmaisaceitareceberalgoquenãosejadequalidade. umdos reflexosdestaexigênciadaatualidadeéamudançadafilantropiago-vernamental, até pouco tempo atrás asigrejaseasobrasreligiosasnãosepreocu-pavamcomquestõesadministrativas,me-nosaindacomprestaçãodecontaseemter uma transparência pública. Hoje, sãoexigênciasdebasequereformularamtodaa organização da nossa sede inspetorial,quemotivouacriaçãodadivisãoadminis-trativaporsetoresecriouotal“instituto
Pe. Sinval Marques Pereira sdb |PárocodaParóquiaNossaSenhoradeFátima-Portovelho/ro
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religioso”.Nãoexistemaisapossibilidadedo “jeitinho brasileiro” nas nossas admi-nistrações. Na verdade, estamos presen-ciandoumamudançadementalidade:te-mosqueserprofissionaiscompetentesnoquefazemos. oPe.Pascualinsiste,naEstreia,quedevemos“retornaraosjovenscommaiorqualificação”.Senospropusermosapres-tarumserviçoaosjovens,estedeveserdequalidade.SomosProfissionaisdaEduca-ção. Somos chamados a vivermos a nos-sa vocação emmodopleno e a nãodei-xarmosespaçonemparaamediocridadeenemparaoidealismodequemvivenasnuvens. AcreditamosqueDeusnosdeuumdom:nossavocação.mascomopodemoscorresponderaestedom?Comofazercomqueelesemultiplique?Comodesenvolvereste que é um chamado para um servi-ço?oPe.Pascualevidenciaque“estamosdiantededesafiosrealmentegrandesqueexigem seriedade de análise, pertinênciadeobservaçõescríticas,confrontoculturalprofundo, capacidade de compartilhar asituaçãopsicológicaeexistencialmente”. Semestesquestionamentosnãopo-demossaberseestamoscorrespondendoàs expectativas dos jovens e às suas ne-cessidades reais. Por isso a pergunta so-breatéondeconhecemososjovenspelosquaisjuramosconsagrarnossavidaéforteeatual,porquesenosacomodamosdian-te de uma imagem superficial ou carica-turada desta juventude corremos o riscode jogarmos nossa vida fora.Hoje quemassumeodesafiodeviverocarismasale-
sianoprecisaterumabagagemculturaleespiritualqueosuportenestamissão.Pre-cisaterumacoragemdeseatualizarcon-tinuamenteparaqueorostodestajuven-tudequeésemprenovacontinuesendooseufoco.Precisaestarabertoàsquestõesculturaisesociaissempreemmovimentoparacontinuarcomospésemumareali-dade concreta e não imaginária. Precisadar a sua vida inteira em prol de jovensconcretos,comnecessidadesconcretas. PorissooPe.Pascualafirmaque:“afidelidadeàmissãodeveserpostaemcon-tatocomos‘nós’daculturadehoje,comasmatrizesdamentalidadeedoscompor-tamentosatuais”.Essaaberturaesintoniacomaatualidadedanossaexistênciaga-ranteaautenticidadedanossavida,por-queassimsentimosautilidadedenossasações.oPe.Braido ressaltaqueaPEDA-gogiA de Dom Bosco se identifica comtodaasuaação;etodaasuaAçãocomasuaPErSoNALiDADE;eDomBoscointeiri-nhoestáconcentradodefinitivamenteemseuCorAção”.Percebemoscomonãosepodesepararanossaaçãodanossamis-são,somosumapessoa integradaquesecoloca inteiramenteaserviçodos jovens,assim pedagogia, ação, personalidade ecoraçãoésempreomeu“eu”movimenta-dopeloamordeDeus. Somos convidados a voltarmosnossoolharparaoprimeirooratório,oumelhorparaocoraçãodonossopaiDomBoscoqueestápresentenestelugar,paranosaproximar-nosdeDomBoscoeduca-dor. É o coração dele que nos interessa,voltarnahistóriadelepararesgatarhojeo
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capa 2queomovia,pararenovarmosnossocha-madoa sermos santoseducadorescomoele, entregando como ele a nossa vida,trabalhandosegundoasensibilidadeeasexigências do nosso tempo com e pelosjovensconcretosdehoje.Assimseremossalesianos qualificados, especialistas daeducaçãoedafé,eprincipalmenteESPE-CiALiStASDoS JovENS.reconheceremoso nome de cada um pelos quais demosnossavida,comoopastorconheceassuasovelhas. Qualificados na cultura do nos-sotempofalaremoscomosjovenseeles
reconhecerãoanossavoz,comoaovelhaconheceavozdoseupastor.DomBoscoénossomodelo,masdeveserummode-lo desafiador, que nos provoca, que nosdeixaestimuladosaapresentá-lohoje,nalinguagemdehoje,comtodaariquezadeontem.Sejamossalesianosorgulhososdenossa herançaporque ela é tãopreciosaapontodecontinuaratualedepoderservalorizada por muitas gerações. Vamos dar a possibilidade a muitos outros jovens de saborearem a alegria de ter por pai a Dom Bosco, como nós o temos.
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Em julho de 2011 recebi do saudosoamigo e pai Pe. Benjamimmorando,então inspetor, a missão de iniciar a
fasedaassistênciaemiauareté.Comdúvi-dasemedo,oqueénaturaldiantedodes-conhecido,respondiquemeesforçariaparadarbomtestemunhonestamissãoeeleporsuavez,rindo,medissequeeunãodeveriatermedodeenfrentarosdesafiosquesemdúvidaviriam. Depoisdeummêsemiauaretéconse-guiperceberobemquefezaomedestinara esta casa da inspetoria. De formamuitoconcreta,asváriasfrentesdetrabalhoqueaobraoferecetêmmeajudadomuitoacres-cernestafasedoprimeiroensinoqueéoti-rocínio, sobretudono relacionamento comcrianças, jovens, adultos e anciãos, o quetemcontribuídoparaqueeupossavivenciaro carisma e a espiritualidade salesiana deformaprática. Ser salesiano em iauareté tem sidoumganhopastoralecultural.Sentirahos-pitalidade,aempatia,acrençaeaconfiançaqueessespovostêmemnós, meajudaacrer quenosso carismaaindapode contri-buir largamente para o desenvolvimentosocial,culturaleespiritualdeles.outrossim,estoupelagraçadeDeusvivenciandooquedizosalmo:“Deixareisvossospais,maste-reismuitosfilhos”(Sl,44).
A EXPERIÊNCIA PASTORAL EM IAUARETÉ
Leomar Lima, sdb| tirocinante/missãoSalesianadeiauareté
osentimentodepaternidadeespiri-tualéumarealidadequetenhovividonapráticaequeéfrutodoacompanhamentodejovensdosgruposdaparóquia,CentroJuvenil, oratório e também no acompa-nhamentodosaspirantes.todasessasex-periênciaspastoraismelevamaparafrase-arnossopaiDomBosco:comosjovensmesintopai,amigoeirmão. oquemeajudaasentiressapater-nidadeecrerqueelaéreal,enãoumide-al, são os jovens queme procuram paraconversar, partilhar suas angústias, frus-traçõesealegrias.Eaoaconselhá-losindi-candopossíveiscaminhos,estesentimen-todepaternidadedespertanaturalmente. Depoisépossívelperceberqueestesjovens sãomuito abertos ao novo e issoacabafacilitandoapresentarumcaminhocristãoautêntico,tendocomoalicerceosvalores do Evangelho. Não poucas vezesospaisagradecempororientarseusfilhos.tudoissoajudaaentendereperceberqueéprecisoenraizarocarismasalesianonaculturaenarealidadedosjovens.
- Desafios PastoraisAdiversidadepastoralsemdúvidatemsidoumagranderiqueza.todavia,diantedessadiversidadeculturalalgunsdesafiossãomais latentes,etornammaisdifícila
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evangelização, entre eles a desestruturafamiliar. Na maioria das vezes as famíliasnãoconseguemmaisserreferênciaparaosjovens, e essaperdade referência familiarautomaticamentetrazoutrasconsequênciasmaisgraves. Nasconversascomosjovensessasi-tuaçãoénítidaporqueoestilodevidaquemuitasfamíliaslevam,nemsempreapre-sentam valores culturais, morais, éticos,etc.Semapresençadessesvalores,osfi-lhosficamsemorientaçãoeotestemunhodospaissetornavaziodevalores.Ecomissoospaisacabamperdendoautoridadesobreosfilhos,poismuitasvezescobramposturasqueelesmesmosnãoestãodis-postosasuperar.Seafamíliaéoberçodavidaedoamor,comorecuperaressaedu-caçãoquefoinegadapelaprópriafamília?Esteéumgrandedesafio. E muitas vezes os próprios jovenspercebem que o estilo de vida que elesestãohaurindodafamíliaénegativo,po-rémnãotêmforçassuficientesparainver-ter essa realidade, devido a algumas im-posições“culturais”eacabamassumindoomesmoestilodevidaquemuitasvezesnãotrazemumfinalfelizparasuasvidas.um dia conversando com um jovem eleafirmouquebebiaporqueaochegaremcasa encontrava seus pais bêbados, e damesmaformaoobrigavamabeber.
- Desafios Para nós, salesianos Paraquepossamosresponderaessarealidadede formamais autêntica se faznecessário aprender ao menos o básicodacultura,enãosódeouvirdizer.oque
muitasvezesperceboéquenãohá inte-ressedemuitosemaprenderalínguaver-náculadospovos comosquais trabalha-mos.Comoevangelizarecomoconheceraculturadeumpovosenãoentendersuarealidadecultural,socialeespiritual? Nãoépossívelevangelizarouajudarnoprocessodeevangelizaçãodeumpovosenãoseconhecehábitos, ritos,danças,mitos,eoutroselementosdacultura,po-rémnãobastaapenasconhecer,éprecisosaberseussignificadosparaquepossamosfalardeinculturação,defato. Algumas vezes estamos invertendoas coisas. Se vamospara outros países aexigênciaprimeiraéaprenderalínguaver-náculadaquelepaís,masessaexigênciaémuitasvezesdeixadadeladoquandoare-alidadeéevangelizaremnossasprópriasterras.Hápoucosqueprocuramconhecerarealidadedeformamaisaprofundadaesededicamcommaisinteresse. Emterrasdiferentessomossempreestrangeiros,enóssalesianosprecisamostomar cuidado para não exigir somenteque o povo entenda o nosso português(nasreuniões,nashomilias,nosencontrospastorais, nas conversas informais, etc.).Deveráserocontrário,istoé,queeles,osmembrosdaquelepovo,exijamdaquelesquetrabalhamemsuasterrasoaprendi-zadodalíngualocal. Aomesmo tempo, para alguns an-tropólogos a forma cultural de um povoregulasuavidaemtodasascircunstâncias,desdeonascimentoatéseudeclíniofinal,e para entendermos de forma coerenteuma cultura não há outromeio senão a
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linguagem(emtodasassuasexpressões)ealíngua(oidioma).Compreenderareali-dadeculturalondeestamoséoúnicomeiode apresentarmos os valores do Evange-lho.AspalavrasdoantropólogoClydeKlu-ckhohn3podemelucidaraimportânciadeconhecerumacultura:
"A cultura é como um mapa. Tal como um mapa não é um território, mas uma representação abstrata de uma região em particular, assim também uma cultura é uma descri-ção abstrata de tendências para a uniformidade nas palavras, nos fei-tos e nos artefatos de um grupo hu-mano. Quando um mapa é exato e se sabe interpretá-lo, não se ficará perdido; se conhecermos uma cultu-ra saberá o caminho a seguir na vida de uma sociedade."
Diantedosdesafiosquehojeenfren-tamosnocampodaevangelização, talvezummeio para solucionarmos alguns sejajustamente buscar entender a culturaondeestamosatuando,poisdocontrário,nosdesgastaremosmuitoenão seremoscapazesdeinterpretaromapaculturaldeondevivemos. Apesardedesafioscomoestespare-ceremserdesanimadores,procurosemprevê-loscomopossibilidadedecrescimentoefazeroquenospedearationestafasequeéasínteseentreaatividadeeosva-lores da vocação. Esses desafios têmme
ajudadonoprocessodeamadurecimento,levandoemcontaqueasatividadesdeumtirocinante são “as atividades pastoraisprópriasdenossamissão”. Enquanto percebo essa realidademe sinto ainda mais motivado para en-tenderessemapacultural,eacreditoqueessesdesafiossão importantes,poissemeles nossa missão não teria sentido. osquestionamentosquearealidadehojeemiauareténos fazemdevemsermotivado-res,devemseromotordanossaação. oxalá,Deusmeconcedaasfaculda-desnecessáriasparaqueeupossarespon-der as interpelações pastorais que essafasedeformaçãomeexigeeassimconti-nuarrespondendomeusimaDeus.
3KLuCKHoHNClyde,Antropologiaumespelhoparaohomem.trad.Neilr.daSilva.BeloHorizonte:itatiaia,1972.p.39.
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