Tayse Vitkovski
DISTURBIOS E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM:
REPENSANDO CONCEITOS
Monografia apresentada ao Curso de P6s-
Graduac~o em Inclus:io e Educacao Especial, da
Faculdade de CiE!!ncias Humanas, Letras e Artes
da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito
parcial para obten<;:ao do trtulo de Especialista em
Inclusao e Educacao Especial
Orientadora: Prof' Mestre Neyre Correia da Silva
:;'0',.!"" Curitiba
2004
SUMARIO
RESUMO.......... ....04
~ 1~1~~gtfL~~~~S E DlSTi'iRBIOS DE APREND,ZAGEii.i~~2.1 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E SUAS CAUSAS PRINCIPAlS.. ....112.2 DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM... ..192.2.1 Processo de ensino-aprendizagem.. . . 212.2.2 Reprovac;:ao escolar diante dos disturbios de aprendizagem.. . 252.2.30 distlirbio de aprendizagem e de desenvolvimento e a linguagern...... . 343 DISTURBIOS DE LINGUAGEM.. . 363.1 0 DESENVOLVIMENTO DA LlNGUAGEM... . 383.2 PROCESSOS DE AQUISICAo E FUNCOES DA LlNGUAGEM.... ..423.3 OS DISTURBIOS DA FALA .473.4 A LEITURA E A ESCRITA NO PROCESSO DA AQUISICAo DA LlNGUAGEM 534 CONCLusAo... . 58REFERENCIAS.. . 61
RESUMO
o presente trabalho tern como objetivo principal esclarecer, caracterizandoconceitualmente, a diferen«;a entre dificuldades e disturbios de aprendizagem. Situarconceitualmente e na pnMica esses temas e fundamental para a praxis do professorque a cada dia depara-se com novas terminologias e com a questao da inclusao demuitas crianc;as que apresentam necessidades diversas de aprendizagem queprecisam ser atendidas. Opta-se pela pesquisa bibliografica como metodologia parao desenvolvimento deste estudo. Utilizam-se importantes contribui,oes de variosautores que discorrem sabre as dificuldades e disturbios de aprendizagem, entreelas destacam-se as de Smith e Strick (2001). Drouet (1990) e Coelho e Jose(1995), que sao submetidas a analise, mediante algumas reflexoes e considera90este6ricas. Ao final conclui-se que dificuldade de aprendizagem e urn termo maisgenerico. que S8 refere a um ou mais obstaculos a aprendizagem, internos e/ouexternos, que podem ser transitorios ou permanentes, e ° disturbio de aprendizagempode ocorrer em funr;ao de dificuldades, mas e especifico, mais agravado e,normalmente, correlacionado a fatores orgftnicos e aos problemas decorrentes daexpressao e compreensao da fala e da linguagem escrita, que notadamenteacontecem em idade escolar.
1 INTRODUC;AO
o tema disturbios e dificuldades de . J daprendlzagem{epensan 0
conceitos;.s"urgiu como uma necessidade de aprofundar conhecimentos valtados aDs
problemas apresentados hoje na area da educac;ao,seja ela regular ou especial)com
rela\,ao ao que e disturbio e 0 que e dificuldade de aprendizagem.
Ha muito tempo a educaC;8o passui quest6es relacionadas com as
dificuldades de aprendizagem.Entao,um dos objetivos deste trabalho foi no processo
de aprendizagem,refletir sobre alguns aspectos referentes as dificuldades que as
crianc;as possuem e discorrer a respeito delas com base em autores afins e
referencias diversas.
Na idade escolar 0 processo de alfabetizac;ao passa a ser a area de
manifestac;ao de problemas ja existentes acrescidos dos especificos desse periodo.
Sabe-se que as dificuldades de aprendizagem nao significam falta de
inteligencia\lndependentemente de suas fun\,Des cognitivas e das suas acuidades
sensoriais adequadas aos comportamentos motores e s6cio-emocionaislexistemI
crianc;as que naD aprendem a rer~escrever e a contar.
Estas dificuldades surgem sem muitas razoes aparentes.Nao se sabe ° que
as causam e porque as pessoas as tem.'As mesmas podem estar associadas a
fatores extern os que pod em ser transit6rios ou globais envolvendo aspectos
sociais,culturais e emocionais ou a fatores internosl
com dificuldades
visuais,auditivas etc. e disfun~ao cerebral que afeta areas relacionadas a
linguagem,leitura,escrita,calculo,motricidade,raciocinio,memoria,atenyao,entre
outros
Nesse sentido faz-se necessario repensar conceitos e ,assim,refletir diante de
diversas perguntas sobre as razoes e a natureza das dificuldades de
aprendizagem,tais como:quais seriam as causas e aspectos relevantes que tem
ocasionado as dificuldades de aprendizagem,e quais seriam as maneiras corretas
utilizadas para reverter tais aspectos negativ~s?
No que se refere a delimita,ao do problema\~ presente trabalho buseou
investigar como vem se estabelecendo os conceitos de dificuldades e disturbios de
aprendizagem face a estreitamento entre ambos.
Oestaca-se aquiidesta forma:que 0 trabalhar com crianyas em escolas
regulares que apresentam indicadores de necessidades especiais e um fator
importante a ser estudado,poiS sem uma base realmente fundamentada nao se pode
cair no "achismo" e afirmar que uma crianya tem isso ou aquilo,pois e muito
importante conhecer para poder ajudar.
Este trabalho se propoe a ser urn instrumento para auxiliar no trabalho diiuio
e arduo do professor que tem alunos com difieuldades e disturbios de
aprendizagem,porque somente atraves do conhecimento especifico de cada
conceito,quais as teorias a respeito de cada um,quais os auto res que mais se
destacam na area relacionada,e que se pode compreender melhor 0 assunto e
ajudar alunos com tais caracteristicas.
Este trabalho orientou-se de acordo com os moldes de uma pesquisa
bibliografiea (LODKE e ANDRE. 1986), pais buseou em fontes eientifieas
contribuiyoes te6ricas sobre os temas propostos. Foram consultados livros, revistas,
documentos eletronicos como forma de levantar material significativo para responder
a problematica em pauta.
Optou-se por apresentar as informa,oes coletadas de modo descritivo e
detalhado, procurando arrolar com bastante propriedade os temas envolvidos. A
analise foi acontecendo, paulatinamente e concomitantemente no decorrer da
apresentacao do material coletado e descritivo, mediante a colocacao de reflexoes e
de considerac;oesCLcercado que se julgou relevante pontuar em func;aodo principal
objetivo deste trabalho: caracterizar, diferenciar e analisar 0 fenomeno das
dificuldades e 0 dos disturbios da aprendizagem.
Em urn primeiro momento, trataram-se de caracterizar conceitualmente
dificuldades (e suas causas) e disturbios de aprendizagem, buscando assinalar a
relacao estreita entre estes temas com outros correlatos, como 0 do fracasso
escolar.
Na seqOencia, desenvolveu-se uma exaustiva descric;ao dos distUrbios de
linguagem, detalhando aspectos sobre 0 desenvolvimento e sobre os processos de
aquisic;ao e funcoes da linguagem, bern como os problemas que podem ocorrer
relacionados a fala, leitura e escrita, que sao centrais para 0 entendimento dos
disturbios de aprendizagem.
Por fim, fizeram-se consideracoes finais com a finalidade de sintetizar as
principais compreens5es sobre dificuldades e disturbios de aprendizagem, sem a
pretensao de esgotar 0 tema, mas tao somente com 0 objetivo de indicar algumas
possibilidades de categorizac;ao que talvez auxiliem no esclarecimento desses
fenomenos, altamente complexos.
2 DIFICULDADES E DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM
De inicio, qualquer aprendizagem pressup6e processo dinamico que impliea
na modificay£to de comportamentos, envolvendo experiemcias, intera9ao e condic;:6es
pessoais e situacionais, vinculadas a urna realidade abrangente que determina
diferentes formas de pensar, agir e sentir.
Nos ultimos anos, sao muitos as pesquisadores que se dedicam ao estudo
da aprendizagem que direta au indiretamente procuram desvelar como 0 homem
aprende.
Nao existe urna (mica fonte, capaz de englobar as elementos fundamentais
a compreensao da aprendizagem, mas acredita-se nas propostas que ressaltam a
importancia dos processos mentais superiores, sendo resultado da interac;:ao do
organismo com 0 meio. Assim, confonme REGO (1995), a aprendizagem e uma
mudanc;a na capacidade humana, se manifesta atraves de uma mudanc;a de
comportamento, com caniter de relativa permanencia e que nao e atribulvel
simplesmente ao processo de maturac;ao, mas ocorre quando 0 individuo interage
com 0 meio ambiente. Alem disso, REGO (1995, pAS) ainda acrescenta que
as caracterlsticas do funcionamento psicol6gico tipicamente humano naosao transmitidas por hereditariedade, nem sao adquiridas passivamentegra~as a pressao do ambiente externa. Elas sao construldas ao longo davida, atraves de urn processo de intera9ao do homem com seu meio frsicoe social que possibilita a apropriayao da cultura pelas gera9085precedentes. 'Cada indivlduo aprende a ser urn homem'. 0 que a naturezaIhe da quando nasee nao Ihe basta para viver em sociedade.
Entao podemos dizer que aprender e uma atividade inerente a vida humana,
que se concretiza de urn modo extrema mente diversificado, sendo assim, podem
existir diversas formas de aprendizagem e muitos modos de se definir 0 significado
dela. Para CAMPOS (1971), a aprendizagem e urn processo tao importante para 0
sucesso da sobreviv€!nciado homem que foram organizados meios educacionais e
escolas para tomar a aprendizagem mais eficiente,
Outros autores, como DEMO (1998) e FREIRE (1987), no que se refere aaprendizagem, apontam ainda para um fato importante: existem outras
caracteristicas a serem investigadas para que se possa fazer uma avaliac;:aoem uma
crianc;:aque apresenta, por exemplo, atraso, desordem ou imaturidade nurn ou mais
processos que fazem parte da aprendizagem. Como falhas na Iinguagem falada, na
leitura, na ortografia, na caligrafia ou na aritrnetica; porque podem ser resultantes de
uma possivel disfun9aO cerebral e/ou disturbios de comportamento, como tambern
podern ser provenientes de uma deficiemcia mental, privac;:aosensorial (visual ou
auditiva), priva9ao cultural ou de urn conjunto de fatores pedag6gicos que
necessitam ser investigados.
Assim, situar conceitualmente como tem side definidos as dificuldades e os
disturbios relacionados a aprendizagem requer, antes de tude, muita atenc;:aopara
que nao se fac;:aminjustic;:asnem sinteses mal colocadas, por se tratar de urn
assunto que, ate entao, vern sendo dominado pela medicina.
Em principio, recorrende ao dicionario, 0 termo dificuldade e conceituado
como: Wcaraterde dificil; aquila que a e; obstaculo, 6bice; situac;:aocritica", e, quanta
a disturbio: "perturbac;:aoorganica ou social". Somente par estas duas descric;:6esou
concertos, podemos observar que nao e urn assunto fadl de se discorrer, mas que e
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gerador de muitos conflitos e reflexoes que sao importantes de serem lnvestigados.
(FERREIRA, 1993, p.186-191). Aqui ja se vislumbram indica90es de diferencia9ao
entre urn termo e outro. 0 primeiro taz referenda a obstaculos, ja 0 segundo, 0
distUrbio, e considerado uma perturbac;c3o orgfmica.
As dificuldades e as disturbios de aprendizagem referern-se as situac;oes
dificeis enfrentadas pela crianc;a normal e pela crianc;a com desvio do quadro
normal, segundo DROUET (1990). Ao encaminhar crian9as por estarem
apresentando dificuldades e preciso que varios fatores sejam analisados, entre eles:
maturidade/prontidao, inteligencia geral, defeitos sensoriais, prejuizos motores,
problemas emocionais e problemas pedagogicos.
Conforme pesquisa bibliografica, alguns autores, como por exemplo REGO
(1995) e FALCAo (1995), expoem que para 0 aluno poder atingir a sociabilidade e
necessaria que eJe assimile e interiorize algumas func;:oes especificas
adequadamente, ou seja, a integrac;:ao: esquema corporal, orientac;:ao espacial e
temporal, lateralidade, entre outras.
o conceito de dificuldade de aprendizagem, segundo SMITH e STRICK
(2001, p.14-15), e verificado atraves da observa9ao do comportamento de uma
crianc;:a quando esta apresenta "problemas neurologicos que afetam a capacidade
do cerebra para entender, recordar ou comunicar informac;:6es". As autoras tambem
afirmam que 0 termo dificuldades de aprendizagem refere-se nao a um unico
disturbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer area do
desempenho academico.
Os metodos e tecnicas abordados na pesquisa das autoras (SMITH e
STRICK, 2001), apesar de ter diversidade propria, ressaltam a importancia em se
II
utilizar toda e qualquer situac;ao que seja aproveitavel para a treinamento a fim de
conduzir 0 aluno aD sucesso, evitando as experiencias que possam leva-Io a
frustrac;ao e ao fracasso, considerando suas caracteristicas e individualidade, bern
como suas limitac;oes.
Quando urna crianc;a ingressa na eseela, a primeira tarefa que Ihe imputam e
a de saber ler e escrever. Embera se espere que a crianC;8 aprenda muito mais, aS
interesses dos pais e da sociedade e de que ela, nos primeiros anos na eseela,
aprenda a ler e escrever.
No entanto, e sabido que algumas crianC;8s no decorrer do percurso
apresentam dificuldades maiores do que Qutras. Ate certo ponto, conforme alguns
estudiosos do assunto, essas diferenc;as entre as crianc;as sao absolutamente
esperadas, pais nao ha uma relac;:ao clara entre a sucessa da crianc;:a na
aprendizagem e suas habilidades intelectuais avaliadas em testes de inteligencia.
2.1 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E SUAS CAUSAS
PRINCIPAlS
Algumas caracteristicas mais apropriadas para se iniciar 0 conceito do que e
dificuldade podem ser observadas se: 0 aluno nao term ina determinado trabalho;
manifesta preocupa90es e solicita ajuda durante elabora9ao de um trabalho;
reconhece seus erros e pouco a pouco comec;a a retifica-Ios; pede ao professor para
ir mais devagar com a materia etc.
Enfim, quando se tratar de dificuldade de aprendizagem 0 professor nao
precisa mudar de metoda. As dificuldades podem ser transpostas com um
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aprofundamento, um reforyo, do metodo que est'; sendo adotado. Assim, 0 educador
poden3.,beneficiar seu aluno, sem que com isso haja constrangimento do nao
acompanhamento das aulas.
E preciso, no desempenho didatico, que 0 professor seja urn investigador, que
ele invente meios, construindo assim, no seu dia-a-di8, uma fundamentac;:c3o que
ofereg8 apoio aos seus alunos na busca de novos conhecimentos.
Entretanto, em apresentando constantes dificuldades de aprendizagem, uma
crianc;:a pade ter algumas das causas relacionadas abaixD, conforme reflexao feita apartir dos titulos de dificuldades de aprendizagem por COELHO e JOSE (1995):
• Dislexia;
• Problemas de visao e audic;:ao;
• Hiperatividade;
• FracD a/canee da atenc;:ao, au seja, a crianc;:a distrai-se facilmente;
• Dificuldade para seguir instrUf;5es, a crian<;8 nao consegue entender as
instru90es completamente;
• lmaturidade social, a crian9a age e brinca como se tivesse menos idade
do que tern realmente;
• Dificuldade com a conversa9ao, naa possui ainda muito vocabuliuio e tern
dificuldade em compor uma frase para transmitir sua ideia, seu
pensamento;
• lnflexibilidade, a crianc;:a teima em fazer sozinha uma atividade au em
aceitar sugestoes para desenvalver sua atividade;
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• Fraca planejamento e habilidade organizacionais, a criancr8 nao tern a
menor noyae de tempo, ista e, ela naD entende que tern urn determinado
tempo para cumprir urna tareta;
• Falta de destreza, a criany8 deixa cair ou derrama as eaisas, e
considerada inapta para esportes e jog os;
• Falta de controle dos impulsos, a crian<;a interrompe ou mud a rapidamente
de assunto em conversas e/au tern dificuldades para esperar ou revezar·
S8 com Qutras crianyas, ela toea em tude (ou ern todos) que Ihe interessa,
verbaliza suas ideias sem pensar.
Todavia, um dos problemas de aprendizagem mais comuns e a dislexia,
mencionada par NUNES (1997, p.10), onde afirma que,
as crianyas dislexicas pertencem ao grupo de criancas cujas dificuldadesna aprendizagem da leitura e da escrita sAo muito maiores do que saesperaria a partir do seu nlvel intelectual. Essas crian93s embora com asmesmas oportunidades que as outras crian93s t~m para aprender a ler,recebendo motiva~o adequada, pais que as apoiam suficientemente ecapacidades intelectuais normais ou ate mesmo acima do normal, mostramprogresso na alfabetizacao surpreendentemente mais lento do que 0 deseus colegas da mesma idade e do mesma n/vel inte/ectual.
Ainda, segundo a autora (NUNES, 1997), as crian~as podem apresentar
dificuldades porque para que uma pessoa possa aprender a ler e necessaria que ela
estabele9a uma coneX80 entre os sons e as palavras que ouve (informa980 auditiva)
e as palavras escritas que va (informa980 visual),
Assim, e possivel que, no caso de crian9as com problemas relacionados adislexia apare9am, tambem, problemas de audi980 e ViS80, sendo necessaria
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requerer exames especificos no casa de suspeita destas dificuldades para poder,
posteriormente, descartar lais hipoteses.
Muitas crianc;as com dificuldades de aprendizagem, porem, apresentam
Qulras caracteristicas comportamentais, que complicam suas dificuldades na eseela.
Conforme SMITH e STRICK (2001), a rna is saliente dessas e a hiperatividade, uma
inquieta9ao extrema que afeta 15 a 20 par cento das crian9as com dificuldades de
aprendizagem. Com a utiliz8c;80 de recursos, como 0 usa de tecnologia de imagens,
cientistas estudaram a atividade no cortex cerebral, e puderam identifiear Ires
padr6es que ocorrem com particular freqi.iencia em individuos com dificuldades
academicas: 1) 0 hemisferio esquerdo e hipoativol 0 hemisferio direito e hiperativo;
2) 0 hemisferio direito e hipoativol 0 hemisferio esquerdo e hiperativo; 3)
Hipoatividade nos lobos frontais.
Assim, segundo SMITH e STRICK (2001, p.24-25),
a hiperatividade no hemisferio cerebral direito pode produzir atrasos naaprendizagem da Jeitura,ja que 0 lado direito do cerebro esta fracamenteadaptado a tarefa de decodificaCOesde palavras por sua decomposi~o emsons e sllabas individuais. (...) Um hemisferio esquerdo hiperativogeralmente acarreta uma abordagem excessivamente analltica a solU9aOde problemas. Os estudantes que exibem esse padrao lidam bem comdetalhes, mas ~nao conseguem ver a floresta por tras das arvores"; elespodem tornar-se tao presos a detalhes triviais que perdem 0 ponto maisimportante da Ii~o. Esses alunos apresentam risco para problemas commuitas tarefas acadamicas de nlvel superior, incluindo organizayao deprojetos de pesquisas, reda~o de textos coerentes e racioclniomatematico avanyado.
Outras questoes mencionadas pel as autoras (SMITH e STRICK, 2001), diz
respeito as causas que levam as dificuldades de aprendizagem. Entre elas
destacaram-se: causas par lesao cerebral; erros no desenvolvimento cerebral;
desequilibrios neuroquimicos; hereditariedade e influencias ambientais.
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o primeiro mencionado, com rela~ao a lesac cerebral e desenvolvido de
maneira bastante simplificada. De forma que as autoras deixam claro que naD
existem duvidas de que as dificuldades de aprendizagem de algumas crian9as
realmente surgem a partir de les6es ao cerebra.
Os casas de les685 cerebrais aparecem quando acontecem acidentes,
hemorragias cerebrais e tumores, doenC;8s como encefalite e meningite, transtornos
glandulares ni30 tratados na primeira infancia e hipoglicemia na primeira infancia,
desnutri9ao e a exposi~o a substancias quimicas como chumbo e pesticidas. Alem
de ocorrer tambem antes do parto.
Crianc;as que recebem tratamentos com radiac;ao e quimioterapi8, tambem se
enquadram no caso de lesaD cerebral. Eventos que causam a privac;:ao do oxigenio
no cerebra na hora do parto, como 0 caso de 0 cordao umbilical estar enrol ado no
pescoc;o da crianc;a; se houve algum incidente com a crianc;a em que houve
sufocac;ao; afogamento; inalac;ao de fumac;a; envenenamento por monoxido de
carbono etc.
Qutros fatores como diabetes, doenc;a renal, sarampo, contato do feto com
drogas (alcool, nicotina, maconha, cocaina, alguns medicamentos proibidos na
gestac;ao etc.), tambem podem contribuir para ocasionar a lesac cerebral. Estes
ultimos fatores, pon3m, estao claramente associ ados a uma variedade de
dificuldades de aprendizagem, incluindo atrasos cognitivos, deficits da aten9ao,
hiperatividade e problemas de memoria.
Quanto a segunda causa, as eITOS no desenvolvimento cerebral, conforme
SMITH e STRICK (2001), apontam para 0 fato de que direcionam as altera90es que
um individuo pode ter dependendo das regioes do cerebra afetadas, isto e, apos
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fazer urn mapeamento do cerebra, as especialistas acreditam que alterac;:oes
desenvolvimentais, com base no processo continuo de "ativac;:ao" neural, for
perturbado, em qualquer ponto, partes do cerebra poderao naD se desenvolver
normalmente, ocasionando uma mudanc;:a de "pianos" no cerebra e, fazendo com
que a cerebra se adapte as novas exigencias, coisa que nem sempre surtira 0
mesmo efeito.
As causas para que iS50 acontec;:a estao ligadas, principalmente, do 50 ao yo
mes de ge5ta98.0, quando as celulas movem-se para suas posic;:6es apropriadas no
cortex cerebral, pois, ele e a estrutura de multiplas camadas que forma a carapac;:a
externa do cerebra, e esta envolvido em praticamente todos as aspectos da
atividade consciente, sendo a camada essen cia I para 0 pensamento e a
aprendizagem.
Os desequilibrios quimicos aparecem. segundo as autoras (SMITH e
STRICK. 2001). em terceiro lugar nas causas relacionadas as dificuldades na
aprendizagem. Suas principais evidencias aparecem quando uma crianr;a apresenta
inquietac;ao, impulsividade, desorganizac;ao, fala demais e e pouco coordenada, ou
seja, presta atenc;ao a tudo, mas nao possui a capacidade para planejar com
antecedemcia as coisas que tem a fazer. Um dos fatores que contribui para este
quadro e 0 baixo nivel de catecolamina, ocasionando a hipoativaC;ao, isto 13, 0
individuo fica impossibilitado de moderar sua atenc;ao, seus niveis de atividade, seus
impulsos emocionais ou suas respostas a estimulos no ambiente tao efetivamente
quanto as pessoas com sistemas nervosos normais.
Apos as desequilibrios quimicos, as pesquisas conduzidas em meados dos
anos 80, segundo as autoras, indicam que a hereditariedade exerce um papel bem
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maior na determina9ao do desenvolvimento de dificuldades de aprendizagem do que
S8 supunha anteriormente, identificado aqui como 0 quarto lugar nas causas que
repercutem nas dificuldades de aprendizagem.
Nas pesquisas leilas pelas auloras (SMITH e STRICK, 2001), conslalou-se
tambem que entre parentes e comum haver este tipo de problema, e mais, que S8 ha
casa de hiperatividade na familia a indice deste tipo de transtorno ser compartilhado
entre urn au mais parentes aumenta. A dislexia aparece tarnbam dentro do quadro
de uma mesma familia, isto e, reconhecimento de alguem da familia como urn dos
pais, irmaos, av6s, tias e tias que apresentam a mesmo problema.
Os casas mais curiosos de hereditariedade ocorreram, segundo as autoras
(SMITH e STRICK, 2001, p.2B-30), com gemeos. Assim,
enquanto que os gameos fraternos tam problemas similares deaprendizagem em cerca de metade das vezes, gameos idanticos - quecompartilham 0 mesmo ~mapa~genetico - t~m deficiencias similares em70% ou mats das vezes. Como ambos os tipos de gameos compartilham 0mesmo ambiente, a maior incidancia de similaridade entre gameosidenticos tende a ser causada por fatores geneticos.
Em quinto lugar aparecem as influencias ambientais, mesmo nao sendo
problemas de ordem fisiol6gica, ocupam importante papel no que se refere as
causas de dificuldades de aprendizagem, pais interferem indiretamente na vida
domestica e escolar da criam;a, afetando seu desenvolvimento intelectual e seu
potencial para a aprendizagem.
Se a crian~a esta inserida num ambiente estimulador e encorajador, esta
crian,a sera adaplavel e propensa a aprender. SMITH e STRICK (2001) alirmam,
que uma pessoa pede acumular evidemcias fisiol6gicas que, mais tarde, fa~am com
que e cerebra responda ao "exercicio mental"
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Os aspectos negativQs de urn ambiente domestico podem ser encontrados
atraves de urna crian~a desnutrida, que tern muito so no (sinal de que nao dorme 0
necessario), sofre algum Ii po de agressao (fisica ou moral), que sempre aparece
com alguma doencr8, que apresenta falta de higiene, que em casa presencia a
discordia familiar etc.
Enfim, a verdade e que em um ambiente ande hit estimulo, hi! res posta
positiva, seja em casa, na escola, na casa de parentes, na tala de urn amigo,
professor etc.
Retomando um poueD do que ja foi citado e apos analise e reflexao em
DROUET (1990), podemos enumerar os lipos Msicos mais comuns no que se refere
as dificuldades de aprendizagem, ja que a idenlifica,ao precisa dos problemas de
aprendizagem de urna crianc;a requer urna avaliac;ao mais abrangente, podemos,
entaD, colocar assim as seguintes situ8y6es para analise, quando:
1} Uma crianC;8 apresenta frequentemente mais de um problema, au seja, ela
tem problemas em mais de uma area.
2) Uma crian':(a com dificuldades de aprendizagem retorna para casa com as
mesmos problemas que apresenta na escala, ista a, as dificuldades naa
desaparecem.
3) Uma crian~a que se apresenta com dificuldades de aprendizagem pode
desenvolver, pasteriormente, problemas emocionais. Com a pressao diaria
e cobran~a constantes a crian~a, que nao consegue fazer algo que Ihe acobrado, desenvolve sua revolta de varias maneiras, seja atraves de
ansiedade, irrita~ao, au, ate mesmo, depressao.
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Alem destes tipos basicos de crian9as que apresentam dificuldades de
aprendizagem, podemos citar ainda mais urn, 0 Transtorno de Deficit de
Aten9ao/Hiperatividade - TDAH. Na 6tica de SMITH e STRICK (2001, p.38),
as crianryas que sofrem de Transtorno de Deficit de aten9ao/hiperatividadeformam, aproximadamente, 3 a 5% da popula~o escolar, mas geram umapreocupac;ao desproporcionaL Oificeis de cuidar em casa e de ensinar naescola, elas estao entre as crianyas mais propensas a seremencaminhadas para auxilio pedag6gico, ac;ao disciplinar e servit;;os desauda mental. (... ) A rejeic;ao social, juntamente com 0 baixo desempenhoescolar. e uma boa receita para a perda da auto-estima. Muitas dessascrianc;as comec;am a ver a 5i mesmas como perdedoras em uma idadeprecoce.
A partir dai, pode-se ter ideia de que nao e facil identificar qualquer urn das
casas rnencianadas como "sintomas" de dificuldades de aprendizagern, pais naa sao
sintornas fisiologicos como no caso dos disturbios, dai decorre grande confusaa,
entendendo~se como se dificuldade e disturbios de aprendizagem fassem a mesma
caisa.
2.2 DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM
Segundo COELHO (1995, p.44), "todos os problemas que ocorrem na area da
linguagem e da fala apresentam dais aspectos irnportantes, que se relacianarn,
tornanda-se ora causa, ora conseqUencia: a pSicalogica (au emacional) e a
organice". E, ainda, afirma que nessa area existem varies tipas de disturbias.
o dislurbio, conforme MORAIS (1959), pode ser considerado como um termo
gene rico referente a urn grupa heterogeneo de disturbias que se manifestam atraves
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de dificuldades significativas na aquisiyao e no emprego das capacidades para ouvir,
talar, ler, escrever, raciocinar ou computar.
Assim, "as disturbios de aprendizagem dependem de causas multiplas,
cabendo ao profissional que realiza 0 diagnostico, 0 evidenciamento da area mais
comprometida e, conseqOentemente, a recomenda98o da abordagem terap€wtica
mais indicada para a SUperayaOdas dificuldades". (MORAIS, 1959, p.24)
Conforme DROUET (1990), os disturbios de aprendizagem sao intrinsecos
ao individuo e, presumivelmente, S8 deve it disfun980 do Sistema Nervoso Central.
o autor afirma ainda que "0 sistema nervoso comanda todes as outros sistemas do
nossa carpo", e que, "par esse motivD, ele interfere em varias atividades humanas,
especialmente no campo da aprendizagem". (DROUET, 1990, p.125)
Pode-s8 observar, conforme a 8utera aeirna citada, que pessoas com
disturbios de aprendizagem podem apresentar ainda, deficiencia de percep9ilo
social, de compreensao de seu mundo e de relacionamento com as pessoas,
mesma tendo boa capacidade verbal e nao tendo problemas emocionais. Ha
evidencia de disturbios conceituais e do pensamento, entre eles podem ser
destacados a hiperatividade, a distraibilidade, a persevera980 e a desinibi980.
Apresentam tambem pequena descoordena<;80 motora ou outra deficiemcia
qualquer.
Ainda conforme DROUET (1990), os disturbios de aprendizagem podem
ocorrer no processo de aprendizagem, de acordo com varios aspectos, ou seja, se
apresentam de formas diversas de acordo com a fase em que a crian9a esta
inserida. Apes analise e reflexao, podemos enumerar da seguinte maneira, como os
disturbios de aprendizagem podem aparecer:
21
1. Oisturbios de aprendizagem condicionados pela escola:
a} as condicionados pelo professor.
b) os condicionados pela rela9ao professor-aluno.
c) os condicionados pelos metodos didaticos.
2. Disturbios de aprendizagem condicionados pela situ8'Y80 familiar.
3. Disturbios de aprendizagem condicionados par caracteristicas da
personalidade da crian9a.
4. Oisturbios de aprendizagem condicionados per dificuldades de
Conforme afirma9iio anterior, OROUET (1990) refere-se aos disturbios de
aprendizagem como algo que safre interfer€mcia do meio em que a crianc;a esta
inserida, ou seja, varios fatores podem contribuir para sua evoluc;ao ou para a
resolu9ao do problema.
Como pudemos observar, e dificil fazer uma ciassificac;ao ou mesmo uma
conceituac;ao do que e disturbio, uma vez que a nome e abrangente. Podemos
refletir em cima do que ja foi mencionado, ista 9, de que nao ha uma definiC;8o
precisa do que seja disturbio.
2.2.1 Processo de ensino-aprendizagem
As crianc;as possuem uma natureza singular que as caracterizam como seres
que sentem e pensam a mundo de um jeito muito rapido. No processo de construyao
do conhecimento, segundo CAMPOS (1993), as crian9as se
22
diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e
hip6teses originais sabre aquila que buscam desvendar. Nessa perspectiva, elas
constr6em a conhecimento a partir das interac;oes que estabelecem com as Qutras e
com a meio em que vivern.
CAMPOS (1993. p.30). revela que 0 conceito de aprendizagem pode ser
reduzido a duas caracteristicas processuais: "modificaC;8o sistematica do
comportamento e efeito da pratica, entendida esta como reitera<;ao dos esforc;os de
quem aprende, no sentido da progress iva adaptac;ao ou ajustamento a urna situac;ao
nova que se Ihe apresenta".
Cabe aqui a menC;8o de que 0 estabelecimento de urn clima de seguranC;a,
confianc;a, afetividade, incentivD, elogios e limites colocados de forma sincera, clara
e afetiva dao 0 tom de qualidade da intera9ao entre adultos e crian9a.
Assim, conforme USANEO (1990). 0 professor consciente de que vinculo epara 0 aluno, fonte continua de significa96es, reconhece e valoriza a rela9c3o
interpessoaL Nessa perspectiva, 0 professor deve refletir e discutir com seus colegas
os criterios utilizados na organiza9ao dos agrupamentos e das situa96es de
intera9c3a e visanda sempre que possivel auxiliar as trocas entre as crianc;as e ao
mesma tempo garantir-Ihes 0 espa90 da individualidade.
A aprendizagem escolar. conforme 0 autor (USANEO. 1990). e um processo
intencianal e dirigido pela atividade "en sino". A atividade cagniscitiva do aluno e a
base e fundamento do ensino. a processo de assimila9ao e constru9aO de
conhecimentos e resultado da retlexao proporcionada pela perCeP9ao pratico-
sensorial e pelas a90es mentais que caracterizam 0 pensamento.
23
Ainda, conforme LlsANEO (1990), na aprendizagem hi! fatores de influi'mcia
como as afetivos e as fatores sociais, tais como as que afetam professor-atun~, as
que interferem nas disposi90es emocionais dos alunos para enfrentar as tarefas
escalares, as que contribuem au dificultam a formac;ao de atitudes positivas dos
alunos frente as suas capacidades e frente aos problemas e situac;6es da realidade
e do processo de ensina e aprendizagem.
Ah~m disso, 0 referido autor, afirma que a aprendizagem escolar e gradativa e
implica que se de uma organiza"ao 16gica e psicol6gica a cada conteudo do ensino.
Ou seja, organizat;ao 16gica: seqOencia progressiva de conceitos, ideias e
habilidades; organiza"ao psicol6gica: adequa9ao ao nivel de desenvolvimento fisico
e mental que, por sua vez, e condicionado pelas caracteristicas s6cio-culturais dos
alunos.
° autor (LiSANEO, 1990), ainda complementa que a aprendizagem escolar
tern urn vinculo direto com a meio social que circunscreve nao s6 as condi~6es de
vida das crian~as, mas tambem a sua relayao com a escola e ° estudo. A
experiencia social das crianyas interfere na consolidayao dos conhecimentos
escolares. Considerar, p~r exemplo, a linguagem do aluno em confronto com a
linguagem do professor.
Assim, em determinadas situa~5es e aconselhavel que crianyas com niveis
de desenvolvimento diferenciados interajam com outras, deve-se garantir uma
proximidade de crian~as com interesses e niveis de desenvolvimento semelhantes.
Propiciar a interayao, quer dizer, porlanto, considerar que as diferentes formas de
sentir, expressar e comunicar a realidade pelas crian~s resultam em respostas
24
diversas que sao trocadas entre elas e que garantem parte significativa de suas
aprendizagens.
Urna das formas de propiciar essa troca e a socializayao de suas
descobertas, 0 professor organiza as situ890es para que as alunos compartilhem
seus percursos individuais na elabora9-8o dos diferentes trabalhos realizados.
Portanto, e importante frisar que as alunos se desenvolvem em situ890es de
interayao social, nas quais conflitos e negociayoes de sentimentos, ideias e solUl;6es
sao elementos indispens8veis.
Para DEMO (1998, p.19-20),
Na escoia, por exemplo, educar e dar aula. 0 professor imagina·seespecialista em dar aula. Todavia, pode apenas estar treinando os alunos,escamoteando os desafios propriamente educativos e formativos. Perde devista que seu papal correto n~o e 0 de dar aulas, mas 0 de lazer 0 alunoaprender... Onde 0 aluno e objeto, n~o ha educa~o ... Tomamos educayaocomo processo de constituiyao hist6rica do sujeito, atraves do qual se tornacapaz de projeto pr6prio de vida e de sociedade, em sentido individual ecoletivo.
Entao, segundo 0 autor (DEMO, 1998), qualquer crian<;a com dotes herdados
e urn arnbiente fisica e social apropriado, recanstruira progressivarnente a seu
mundo e a sua propria realidade dentro das linhas da realidade objetiva. Hi! urn
incentiva inerente que a encorajara a isso. A maiaria das crianc;as, se tiver
oportunidade, desenvolvera a capacidade de pensar com 16gica e fonnara conceitos
fundamentais de tempo, espayo, moralidade, causalidade e assim par diante.
2.2.2 Reprovayao escolar diante dos disturbios de aprendizagem
25
Outro ponto importante para entendermos 0 que e dificuldade de
aprendizagem, diferentemente de disturbio de aprendizagem, refere-se a reprovac;ao
escolar. Pratica esta que necessita ser repensada no ambito da busea de urna
educa9lio de qualidade.
Urn dos graves problemas da educa~o escolar e a desproporcional enfase
atribuida a avalia~o: 0 atuno fica preocupado em estudar para tirar nota, para
passar e naD para aprender.
Quando urna crianya fracassa na apreensao de conhecimentos, a escola the
oferece uma "segunda oportunidade": recomeyar 0 processo de aprendizagem; 0
que nao e a methor solucy8o, pois reiterar urna experiencia de fracasso em condi<;oes
identicas, e, antes de tudo, obrigar a crianya a "respeitar seu fracasso" (VARGAS,
2002).
Na 6tica de VARGAS (2002, p.192), "0 comportamento dos pais medeia 0
comportamento social das crianyas com as pares. As crianyas que nao recebem
apaio familiar podem apresentar problemas de agressividade". Oai a ideia de que
sem incentivo e estimulo 0 atuno pede fracassar na escola.
o autor (VARGAS, 2002, p.192-196), ainda continua, "murras vezes podem
ocorrer conflitos entre valores mora is edificados em casa ou na escola e os valores
da rua. Estes conflitos axiol6gicos geralmente surgem, quando 0 individuo se adapta
a novos valores, associando-se intimamente com a violl!ncia, a fome, 0 odio e 0
desespero passando a interpretar a realidade de outra forma podendo gerar
comportamento marginaln• Assim, "as dificuldades consideradas mais comuns num
relacionamento interpessoal, como problemas pessoais, escolares e socia is" ,
precisam "desenvolver urn processo educativo e de estimula98o" no qual, "requer
26
estimular as capacidades pessoais e relacionais atraves da aquisiyao de estrategias
explicitas de generalizac;ao das competencias adquiridas no contexto relacional do
individua"
Para tanto, superar 0 problema de reprova<;a0, mantendo a qualidade do
ensina e preciso urna proposta que tenha compromisso com a aprendizagem. Para
tanto, deve-se trabalhar na conscientizayao dos professores, escolas e dirigentes
para que se organizem, de forma a garantir as adequadas condic;:6esde
aprendizagem.
Este compromisso se traduz, por exemplo, na revisao da proposta de trabalho
do professor, visando adequa-Ias as necessidades dos alunos; na recupera<;ao
instantanea; nas atividades de compiementayao de experiencias pedag6gicas etc.
Para poder identificar urn aluno que safre com urn disturbio de aprendizagem
e necessario em primeiro lugar, conforme DROUEl (1990), diferencia-Io de deficit e
de dificuldade de aprendizagem.
Segundo DROUEl (1990),0 deficit, como 0 proprio nome sugere, pressup6e
falta e apoucamento, sendo esta a principal caracteristica dos retardos menta is.
Para 0 referido autor, a dificuJdade de aprendizagem, refere-se a obstaculos
que as vezes nos deparamos na vida; sao as momentos dificeis e, como tal, sao
transit6rios. Caracterizam-se par problemas de ordem atetiva e cultural, que afelam
sobremaneira 0 percurso escolar do sujeito.
Como exemplos causadores das dificuldades de aprendizagem podem ser
citados: 0 abandono, 0 abuso sexual (encontrados tambern nas classes media e
alta, porem mais declarados nas camadas mais pobres), a depressao infantil,
27
problemas como marte em familia, separayclo dos pais, exce$SO de compromissos,
lalta de limites, despreparo de prolessores e outros problemas pedag6gicos.
o disturbio de aprendizagem refere-se a perturbay2lo au alteray2lo no
processo de aquisiyao dos conteudos academicos.
Conlorme Drouet (1990, p.91-92),
o terma disturbio, que signifiea perturhat;a,o ou a1tera9~10 nocomportamento habitual de uma pessoa. (...) Para alguns medicos,psic61ogos ou educadores, disturbios sao problemas ou dificuldades noprocessa de ensino-aprendizagem. Isse parque, para esse grupe,distDrbios sao perturbac;;oes de origem biol6gica, neurol6gica, inteteclual,psicol6gica, s6cio-econOmica ou educacional, encontradas em escalares,que podem tornar-5e problemas para a aprendizagem dessas crianr,;as. ( ... )Urn segundo grupo, por sugestao de Kirk e Bateman, em 1962, preferereservar a expressao disturbios de aprendizagem apenas para aquelescasos de crianc;as com dificuldade de aprendizagem de causasdesconhecidas, uma vez que essas crianc;as nao apresentam defeitasfisicos, sensoriais, emocianais au intelectuais de especie alguma.
Oisturbio de aprendizagem de maneira especifica significa uma desordem em
um ou mais processos, podendo se manifestar em uma habilidade mal desenvolvida,
ou ainda defeiluosa no que se refere a escutar, falar, ler, escrever, solelrar ou fazer
calculos matematicos. a termo inclui ainda uma condic;ao como resultado de
inaptidao perceptual, dana no cerebra, deficiencia cerebral minima, dislexia e afasia
do desenvolvimento.
Conlorme a relerida autora, "todos os disturbios - da lala, da audi9ao,
emocionais, do comportamento etc. - tem sua origem em causas diversas, porem
todos eles se constituem em obstaculo a aprendizagem, prejudicando-a ou mesmo
impedindo-a. Sao, portanto, problemas dentro do processo de ensino-aprendizagem"
(DROUET, 1990, p.93).
28
Outros autores apud DROUET (1990, p.91-92), preferem "reservar a
expressao dislurbios de aprendizagem apenas para aqueles cases de crianc;as com
dificuldade de aprendizagem de causas desconhecidas, uma vez que essas crianyas
naO apresentam defeitos fisicos, sensoria is. emocionais ou intelectuais de especie
alguma".
Assim, como e possivel observar, fica dificil fazer uma ciassifica9aD do que edisturbio e do que e dificuldade tao estreita fica a linha que separa as dais.
Entretanto, na 6tica de DROUET (1990, p.97-98), e possivel agrupar de acordo com
suas principais causas as disturbios de aprendizagem:
Causas fisicas - sao aquelas representadas pelas perturbacyOes somciticastransit6rias au permanentes. Sao provenientes de qualquer perturbac30 doestado fisico geral da crianca, como por exemplo: febre, dor de cabeca, dorde ouvido, c6licas intestinais, anemia, 85ma, verminoses e lodos os malesque atinjam 0 flsico de uma pessoa, levando·a a um estado anormal desaude.Causas sensoriais - Sao lodos os dislurbios que atingem os 6rg~os dossentidos, que sao os responsaveis pela perce!J\:ao que 0 indiv[duo lem domeio exterior. ( ... ) Qualquer problema que afete os 6rgaos responsaveis pelavisao, audit;ao, guslayao, olfato, tato, equilfbrio, reflexo postural, au osrespeclivos sislemas de condu~o entre esses 6rgaos e 0 sistema nervoso,causara problemas no modo de a pessoa captar as mensagens do mundoexterior e, portanto, dificuldade para ela compreender 0 que se passa ao seuredor.Causas neurol6glcas - Sao as perturbat;Oes do sistema nervoso, tanto nocerebro, como no cerebelo, da medula e dos nervos. ( ... ) 0 sistema nervosocomanda todas as ayOes fisicas e mentais do ser humano. Qualquer disturbioem uma dessas partes se constituira em urn problema de maior ou menorgrau, de acordo com a area lesada.Causas emocionais - Sao dislurbios psicol6gicos, ligados as emo90es eaos sentimenlos dos individuos e a sua personalidade. Esses problemasgeralmente nao aparecem sozinhos, eles estao associados a problemas deoutras areas, como por exemplo da area motora, sensorial etc.Causas intelectuais ou cognitivas - Sao aquelas que dizem respeito ainteliglmcia do indivlduo, isla 13, a sua capacidade de conhecer ecompreender 0 mundo em que vive, de raciocinar sabre os seres animadosou inanimados que 0 cercam e de estabelecer reJacOes entre eles. ( ... ).Causas educacionais - 0 !ipo de educaCao que a pessoa recebe nainfancia ira condicionar disturbios de origem educacional, que a prejudicaraona adolescencia e na idade adulla, tanto no estudo quanto no trabalho.Portanto, as falhas de seu processo educativo terao repercussOes futuras.Causas s6cio-economicas - Nao sao disturbios que se revelam ao aluno.sao problemas que se originam no meio social e econ6mico do indivlduo.Assim como para os animais, 0 Mbitat natural pode ser proplcio OU hostil a
29
eles, condicionando seu desenvolvimento, sua maior au menor capacidadede adaptacao e sua melhor au pier condiyao de saude, tambem 0 habitat dosseres humanos - 0 meio f1sico e social em que vivem - exerce sabre eles amesma influancia, podendo ser fal/orave! au desfavoravel a sua subsist~mciae tambem as suas aprendizagens.
Nesta parte, 0 fatar principal e tentar identificar atraves de tais caracteristicas
uma erian,a que apresente algum disturbio de aprendizagem, e importante destaear
tambem quais sao as pontcs mais faceis para que esta etapa de identificay80 possa
acontecer. Entre as itens destacados voltamos as olhos para uma crianr;a que
apresenta as aspectos abaixo relacionados, visando que sera necessaria uma
investigar;ao mais aprofundada com esta crianr;a, pois sao aspectos relativos e
precisam de profissional especialista. Assim, podemos refletir a cerca do que podem
ser caracteristicas suspeitas de disturbio de aprendizagem, conforme DROUET
(1990):
1. Difieuldade durante 0 proeesso de alfabetiza,ao (falha na identifiea,ao
das letras e seus sons);
2. Dificuldades para memorizar datas, dias da semana, meses do ano,
numeros de telefones;
3. Dificuldades para decorar tabuadas, f6rmulas e musicas;
4. Dificuldade para conhecer ritmos diferentes;
5. Pouea objetividade na resolu,ao de problemas simples;
6. Dispersao e desaten,ao;
7. Dificuldade para generalizar as aprendizagens;
8. Desorganiza9ao com 0 material escolar;
9. Lentidao para realizar as deveres de casa.
30
Em relac:;ao ao aspecto emocional/comportamental podem ser observados,
conforme a autora (DROUET, 1990), alguns sintomas mais comuns nas crian9as
com disturbios de aprendizagem. Podemos destacar alguns ap6s analise e reflexao
a respeite dos muitos citados pela autora:
a) Baixa auto-e5tima.
b) Elevado nivel de ansiedade.
c) Nao S8 percebem como capazes de aprender, po is estao sempre
solicitando ajuda do professor au da familia.
d) Desvalorizam-se e desvalorizam suas produc;oes.
e) Nao tern persistencia nern autonomia.
f) Frustram-se com facilidade.
g) Sao inquietas e as vezes hiperativas, costumando perturbar a claSS8.
h) Tendem aD isolamento, naD tern a SenS8((c30 de pertencer a urn grupe.
Possuem pouca competencia social, com urn atraso de dais a quatro
anos em relac:;ao aos seus pares.
Tambem podemos verificar urn quadro-resumo de quais sao os
comportamentos perturbados que se apresentam num quadro clinico destacado
como referencia de disturbio de aprendizagem, conforme DROUET (1990, p.181):
COMPORTAMENTOS PERTURBADOS
COMPORTAMENTOS DEFICIENTES OU COMPORTAMENTOS EXCESSIVOS (PARA
DEFICITS MAIS OU PARA MENOSI
1 - Autismo infantil precoce.
2 - Fracasso escolar.
3 - Oificuldades de aprendizagem {ansiedade 1 - Comportamentos agressivos (excessivos
de separa9tio de casa; recusa em ir a escola}. para mais) - {agress6es}.
31
mental; defic;~ncia mental; dem~ncia ou menos) {ansiedade; comportamentos
4 - Disturbios de aprendizagem {dificuldades
de leitura e escrita}.
5 - Subnormalidade mental {retardamento 2 - Comportamentos retraidos {excessivos para
debilidade mental}.
6 - OelinqO~ncia juven;!.
Disturbios psicofisiol6gicos ou
psicossomaticos {asma; transtornas do
aparelho digestivo; obesidade; anorexia;
enurese; encoprese; tiques; gagueira;
masturbar;:8o em publico}.
perturbados (medos e fobias); comportamentos
psic6licos (esquizofrenia infantil)}.
DROUET (1990), ainda menciona que as crianl'as com disturbios de
aprendizagem comec;am a S8 convencer de que sao menes inteligentes, deixando
claro sua insatisfayao, seu desanimo em aprender. A cronicidade dos fracassos
tende a provocaratitudesde rejeil'ao em relal'ao a escola e tudo 0 que diz respeitoa
ela, sendo os disturbios uma das maiores caUS8S da evasao escolar na rede publica
de ensino.
A evasao escolar e outro problema complexo que se relaciona cam autros
importantes temas (formas de avaliac;:aa, reprovac;:ao escolar, curricula e disciplinas
escolares). Assim, segundo VARGAS (2002), para combater a evasao escolar epreciso atacar em duas frentes: uma de a<;ao imediata que busca resgatar 0 aluno
"evadida", e outra de reestrutura<;ao interna, que implica na discussao e avaliac;:ao
das dlversas quest6es acima.
Alguns pontos que, segundo DROUET (1990, p.212-217), podem ser
rediscutidos com relac;:ao a postura da escola com relac;:ao ao aluno e comunidade,
diminuinda, assim, as barreiras e os obstaculos par que passa a crianc;:as, padem ser
analisados perante as seguintes situa<;oes:
32
- Verificar se a escola e seus educadores vern oferecendo respostas parc~as ansiedades e duvidas de seus educandos.
- Sempre que passIvel, !razer a escola as pais e/ou responsaveis pelosalunos.
- Fomentar a conscientizacao dos pais e/ou responsaveis e alunos quantaa importancia dos estudos formais.
- Melivar lodos as educadores ao redor de urn objetivo (mico: cambater aevasao escolar.
- Fazer contata com as pais e/ou responsaveis pelos alunos que estejamcom mais de dez faltas, consecutivas au nao.
- Informar aos pais e/ou responsaveis 0 numero maximo de fallaspermitidas durante 0 ano lelivc .
• Alertar as pais e/ou responsaveis quanta as penalidades previstas em Leipela nao perman~ncia de seus filhos na escola.
- Realizar, registrando-se em ata, ate tr~s tentativas de conversa9ao comos pais e/ou responsaveis pelos alunos em vias de evasao escolar.
- Ap6s se esgotarem os recursos acima, comunicar 0 caso a supervisaodos 6rgaos competentes.
E interessante ressaltar a fato da autora (DROUET, 1990) mencionar que a
maioria dos alunos em processo de evasao escolar e de baixa renda e precisa
ajudar na complementayao do oryamento familiar, ou esta em familias
desestruturadas, ou ainda, tais familias estao envolvidas com prostitui,ao infantil,
drogas e alcoolismo.
a Conselho Tutelar e responsavel par encaminhar diversos casas ern que a
menor esta em situayao de risco, como apoio psicol6gico a menores usuarios de
drogas. Nem sempre as pais recebem a notificayao ou a visita de urn superior com
bans olhos, principalmente no caso de familias carentes, tornando a evasao escolar
um problema ainda mais grave.
Outro assunto que podemos referendar e a inibiyao significativa ou bloqueio
para a aprendizagem da leitura, escrita, soletrayao au computayclo aritmetica. Esses
dish:'rbios sao observados em nivel de idade escolar. De modo geral, uma crianya e
considerada com incapacidade de aprendizagem quando ha uma discrepzmcia entre
a seu potencial e sua realiza,ao academica. Nesse periodo, conforme DROUET
33
(1990), quando a crian9a vai ser alfabetizada, ela apresenta tais dificuldades na
aprendizagem da leitura, escrita, soletra<;ao ou atividade de aritmetica.
Quando uma crian<;a va; a escola espera-se dela que esta consiga ler
entendendo 0 que significam as palavras e escreva, posteriormente falando
corretamente cad a palavra. Este e 0 principia basico do que S8 espera dela. Assim,
S8 no decorrer do percurso nota-s8 algo de errado na aquisic;ao da linguagem e born
verificar mais detalhadamente, porque a crianc;a pode ter dislexia. Urn dos sintomas
que sera citado posteriormente.
Assim, na 6tica de DROUET (1990, p.127),
as dificuldades de leitura e escrita podem resultar de dificuldades nosprocessos cognitivos basicos. sao dificuldades de desenvolvimento doindivlduo. Quando a crianca tem um retardo mental e por isso e atrasadana leitura, considera-se um caso de atraso garal da laitura. Quando ela einteligente, boa aluna em oulras disciplinas, porem atrasada na leltura, seucaso e considerado um atraso especifico de laitura, que muilos preferemchamar de disfexia e outros de distUrbios especificos de aprendizagem. Poresse motivo e que podemos dizer que as aprendizagens da leitura e daescrita nao sao atividades isoladas, fazem parte de urn processo dedesenvolvimento da 1inguagem, e suas dificuldades se devem a umadefici~ncia qualquer na estruturacao e na organiza~o da linguagem comoum todo.
Podemos nessa reflexao incorporar tambem a interpreta9ao de COELHO e
JOSE (1995, p.84), ressaltando 0 por que da crian9a dis lexica demonstrar serias
dificuldades com a identifica9ao dos simbolos graficos no inicio da sua alfabetiza9ao,
acarretando fracasso em outras areas que dependem da leitura e da escrita, uma
vez que esta dificuldade destaca-se justamente pelo "deficit na capacidade de
simbolizar", e que esta "comeya a se definir a partir da necessidade que tem a
crianya de lidar receptivamente ou expressivamente com a representayBo da
34
realidade, au antes, com a simbolizat;ao da realidade, au poderiamos tambem dizer,
com a nomeac;:ao do mundo",
2.2.30 disturbio de aprendizagem e de desenvolvimento e a linguagem
Ap6s pesquisa e reflexao nos auto res referenciados, podemos mencionar que
a distlirbio de aprendizagem e de desenvolvimento referem-se aos desvios no
desenvolvimento de uma serie de func;:oes psicol6gicas e IingOisticas que
normalmente desenvolvem-se a medida que a crianc;:a cresee. As vezes estes
disturbios podem estar relacionados com as deficiemcias na realiz8C;c30 escolar. A
liga~ao entre as dois fatores, segundo DROUET (1990), nem sempre e clara, pais
algumas dificuldades na leitura tem sido associada a falhas motoras e perceptivas,
mas algumas crian~as, contudo aprendem a lee.
Os distUrbios de aprendizagem nem sempre esta.o ligados a deficiencia na
realiz8c;:8.0 escolar de maneira direta. Muitas vezes a criam;a vern para a escola com
falta de habilidades, de pre-requisitos e isto vai dificultar sua aprendizagem, havendo
entaD dificuldades relativas ao desenvolvimento academico.
Para que haja a aprendizagem, conforme SMITH e STRICK (2001), sao
necessarias condir;oes minimas que constituem a estrutura da Educac;ao
Psicomotora. Para que a crianya aprenda a ler e necessaria que ela tenha
desenvolvido algumas habilidades como a coordena9ao dos movimentos dos olhos
e das maos, memoria e capacidade de seqOencia, precisa ter capacidade e memoria
para a discriminac;ao visual e auditiva, ter concentra<;ao e capacidade para aprender
a partir das experiencias.
35
A linguagem e a tala sao significados fundamentais para 0 ser humano tanto
em seu relacionamento social quanta na sua atividade intelectual privada. as term os
fala e linguagem, referem-se a algumas das atividades integradoras mais complexas
e menes compreendidas do cerebra. Os termos naD sao sin6nimos. A tala envolve a
execuc;ao de habilidades adquiridas atraves dos quais sintomas vocais, manuais,
auditivos e visuais, sao utilizados para permitir a adequac;ao dos esforc;os de
comunicac;ao.
Por esse motiv~, DROUET (1990, p.127), afirma que "as aprendizagens da
leitura e da escrita naD sao atividades isolactas, fazem parte de urn processo de
desenvolvimento da linguagem, e suas dificuldades S8 devem a uma deficiemcia
qualquer na estrutural'ao e na organizal'ao da linguagem como um todo".
Entao, prosseguindo a reflexao da referida autora, podemos afirmar que a
linguagem e a elemento fundamental na construc;ao daquilo que chamamos de
civilizayao, sem a qual seria impossivel alcanc;ar 0 estagio de elaborac;ao e
organizac;ao simb61ica que 0 homem atingiu em nossos tempos, permitindo um
avanc;o infinito no campo de todas as ciencias.
Estas habilidades, conforme DROUET (1990), incluem pronuncias de
palavras, variac;oes na intensidade, entonacao e melodia, a produc;ao de
autograficos e orientac;ao espacial aceita a discriminac;ao da forma falada e sua
classificac;ao para 0 interlocutor, a discriminac;ao da fala, escrita ou impressa, a
procura de pad roes visuais evoluidos em um tanto, e 0 uso de outros
comportamentos menos especificos.
36
3 DISTURBIOS DE L1NGUAGEM
A literatura existente sobre distlnbios de linguagem 13,sem duvida, riquissima
sob 0 ponto de vista em que cada autor S8 apoia. Muito S8 tern estudado sobre os
disturbios de linguagem, com eficiencia, mas a questao e, justamente, a objetividade
no plano concreto, de como caracterizar adequadamente as disturbios de
linguagem, t8is como: afasia, dislexia, mutism 0, etc. Assim, a presente pesquisa
tenta identificar, perante as varios autores, alguma conceituayao que seja clara e de
fadl entendimento a cerca dos disturbios de linguagem.
ConseqOentemente, tarnau-se difie;1 defin;r, classificar e apresentar esses
disturbios de forma superficial, pais seria necessaria uma analise muito mais
profunda que s6 cabera, em efeito, num livro ou em palestras especificas para
determinadas patologias, onde se e possivel colocar claramente uma postura
mediante tantos r6tulos, teorias e metod os.
Ha autores, como MORAIS (1988), que definem disturbios de linguagem
como sendo problemas na articula~ao da fala, constituindo omissao ou substituie;ao
de sons na linguagem.
Para COELHO e JOSE (1995, p.76), a conceito de disturbio de linguagem e a
udificuldade para adquirir 0 significado das palavras e para transformar a experiencia
em simbolos verbais, como e 0 caso da crian~a com afasia global".
A deficiencia auditiva envolve as dificuldades em discriminar as sons,
sobretudo aqueles que estao acusticamente muito pr6ximos uns dos outros. Pode
ser classificada como urn dislurbio de comunica~ao quando impede 0
desenvolvimento na voz au sua fluencia. Para MORAIS (1995, p.89), as dificuldades
37
de discriminac;ao auditiva na leitura, que foram constatadas e que aparecem com
frequemcia sao:
"):> Troca de consoante $urda por sonora: flv; p/b; ch/j: Vd: s/z: clg. ExemOt""cama- gama.
). Troca de vagal oral por nasal: an/a; en/e: inti: on/o: un/u. Exemplo:acendeu - acedeu.
)- Pontuac;ao ausente ou inadequada.)- Elocuyao hesitante ou inexpressiva.»-Incapacidade para ouvir sons iniciais ou finais das palavras. Exemplo: a
palavra e dia e a crian9a cuve "deuH
•
). Analise e sintese auditiva deficientes: a crianya nao e capaz de separaruma palavra em silabas ou em sons individuais e junta-los na formacaode outras palavras.
Parece ser dificil trayar uma linha divisoria entre a area da comunicayao,
assim como na defici€mcia mental, disturbios de aprendizagem e problemas
comportamentais, pois e dificil estipular urn limite entre os problemas leves, dig nos
de certa aten<;ao pela escola e os suficientemente serios a ponto de justificarem
gastos com educa<;8o especial e servi<;os profissionais.
E necessaria compreender as exigencias fisicas da tala, que sao utilizados na
torma98o do som: respira<;8o, fona<;80, ressonancia e ar1icula9ao.
A respira9aa e a fante da energia para a produ9aa do sam, pais a respira9aa
ativa as card as vocais, fazendo-as vibrar e produzir 0 som, au a fonia. Entao, 0 som
e transmitido para as cavidades e ossos da cabe9a e pesco90, onde ressoa de
modo conservado e concentrado dando a qualidade caracteristica de cada voz. Par
tim, 0 som e moldado na boca, atraves dos fonemas que sao mold ados par
movimentos variados da lingua.
Segundo a fanaaudi61aga Pavan apud DROUET (1990, p.148), "as disturbias
da fala e da audi9aO devem ser detectados a mais cedo possivel para que nao
38
interfiram na aprendizagem da crian<;a", Assim, conforme a referida especialista,
dentre as problemas rna is frequentes encontrados poctemos destacar:
a) A articula9ao, onde as crian9as substituem urn fonema (som da fala) par
Dutro, 0 ornttem au 0 distorcem;
b) Problemas relacionados a voz, porque a voz humana pode variar quanto aintensidade, altura e qualidade;
c) Problemas com rela9ao a gagueira, par ser considerado 0 disturbio da fala
identificado como problema de fluencia. Eo urn problema perturbador tanto
para a pessoa que tala quanta para a que auve. Georre quando 0 f1uxo da
palavra e interrompido de modo normal por repetiyoes au prolongamento
de urn sam ou silaba e e marcado por comportamento de evasao.
Alem destes casos, a autora apud DROUET (1990) destaca tambem:
transtornos da linguagem por deficiencia de audi9ao; transtornos da fala por lesoes
cerebrais evidentes; atrasos da fala; disfasia; mutismo nas crianyas.
3.1 0 DESENVOLVIMENTO DA LlNGUAGEM
as procedimentos de apropriayao da linguagem podem ser des;gnados como
urn processo criativQ governado par regTas em que a crianya desenvolve atraves de
ensaios, exitos, erros, feedback corretivo e acumulo de experiencias. Tal processo
criativo a crianc;a desenvolve captando informac;6es, imitando, memorizando e
correlacionando.
39
Para SMITH e STRICK (2001, p.4S), "de longe, 0 maior numero de estudantes
identificados com problemas de aprendizagem sao aquetes com problemas de
processamento da linguagem". Portanto, crian,as que tern problemas em ouvir,
entender, recordar materiais verbals e comunicar-se claramente, sao crianyas com
dificuldades na linguagem tambem.
Apes pesquisa e renexao sabre 0 que as autores envolvidos afirmam,
podemos mencionar que multiples fenomenos atu8m em conjunto na formay8.o da
linguagem, tais como a percep9ao, a compreensao e a produyao.
Entao, 0 primeiro passe na evolw;ao lingOistica diz respeito a fen6menos da
pre-linguagem, na qual devem ser destacadas duas ordens de fatos. Uma erelacionada a prepara,ao da linguagem, atraves do desenvolvimento da percep,ao,
da motricidade, da imitayao e da materia, ou seja, a preparayao de pre-requisitos
relacionados com a maturidade neurofisiol6gica e psicol6gica; Qutra, diz respeito acomunicayao que se desenvolve antes da forma convencional, atraves de esquemas
interacionais pre-verbais (como e 0 caso da fala dos bebes).
Segundo COELHO e JOSE (1995, p.46), "a partir dos 14 meses a crian,a
torna-se capaz de pronunciar palavras com significado, e esperado que ela tenha
sua linguagem estruturada par volta dos 3 anos".
Entretanto, alem da comunicat;ao t6nica, os primeiros gritos de diferentes
tipos, podem ser decodificados pela mae, que os diferencia em dor, apelo, exigencia
etc .. Os gritos diminuem quando aparece 0 balbucio, 0 que aconteee, de inicio, ae
aeaso dos movimentos dos 6rgaos da fenat;ao na expirayao. 0 balbueio se fortaleee
quando os movimentos dos 6rgaos da fonayao se aeresee a imitayao, que pode ser
tanto auto-imita,ao, quanto heteroimita,ao, isto e, 0 refor,o que 0 adulto faz
40
daqueles sons que se enquadram no contexto da lingua e que, paulatinamente, se
transformam em treino de esquemas percetivo-motores.
o balbucio selvagem do inicio vai S8 organizando e 0 repert6rio fonatica
conforma-se com as modelos IingOisticos do ambiente. Sob a influencia desses
modelos, a imitayao, a repetiyao e 0 refon;:o formam urn circuita, cuja conseqOemcia
e a selec;ao de sons. As imagens sonoras percebidas auditivamente daD origem a
reproduy6es com novos esquemas motores; essas novas produy6es, por sua vez,
VaG possibilitar novas percepc;oes e, assim, sucessivamente. Dessa forma, 0
balbucio, que originalmente era urn prazer de funcionar, torna-S8 urn prazer de
funcionar a deis.
Na 6tica de COELHO e JOSE (1995), na pre-linguagem, a comunicagao
precede a produc;ao, pais ate as 6 ou 7 meses as elementos verba;s nao sao as
mais importantes, num conjunto de informac;6es multisensoriais, nas quais as
elementos verbais sao decodificados juntamente com elementos nao verba is, como
gestos e express6es faciais. Por exemplo, quando uma mae toea a crian9a e diz:
"sua calga est" molhada", 0 que a crianga compreende est" ligado a situagoes
concretas, nas quais as palavras sao continua mente repetidas.
Nessa medida, as autoras (COELHO e JOSE, 1995), afirmam que as palavras
decorrem dos sistemas funcionais e interacionais que foram desenvolvidos na pre-
linguagem. As primeiras formas estaveis sao, em geral, repeti90es de uma mesma
silaba, formada par consoantes labiais. Essas primeiras formas sao marcadas pela
expectativa e interven9aO do adulto que descobre um "papa" ou "mama" no continuo
emitido pela crianga. "Mama", "mamama", "mam" ultrapassam a designagao da
personagem materna para designar alimento, desejo de companhia ..
41
Alem de "papa" e "mama", as primeiras palavras designam uma rela,ao entre
urn fuida (0 significado) e 0 significante. como "au-au" para designar cachorro e tche-
tche para designar trem.
Quando surge uma ligac;ao fixa entre uma forma sonora (significante) e urn
significado estavel, esta descoberto 0 sistema basico da linguagem; a partir dai a
produc;:aose generaliza, po is quando hit urn sistema de prodw;:ao 0 acrescimo do
lexico e rapido. As autoras (COELHO e JOSE, 1995) ainda referem-se as primeiras
palavras, como uma linguagem que evolui para uma palavra-frase au hol6fras8, que
tern as seguintes caracteristicas basicas:
• A forma e reduzida a urn minima expressivo, mas hit urn nitida sentido;
•0 recorte em unidades nao e evidente;
• as meies de comunica98o naD lingClfsticos auxiliam a interpreta980 do
adulto.
Tais enunciados de uma 56 palavra podem requerer uma au mais frases
inteiras para serem traduzidas. A palavra "dodoi" pode significar "vejam, tenho um
machucado", "alhem para mim".
As eta pas que se sucedem mostram que 0 vocabulario compreensivo
continua mais amplo que 0 vocabulario ativo. Nessas etapas, verifica-se uma
gradativa passagem da denominayao em situayao para a evocayao, decorrente das
possibilidades de memorizayao dos signos. Tambem e gradativa a passagem da
produ,ao desencadeada pela imita,ao para a produ,ao de enunciados
espontaneas, caracteristicos dos 18 meses.
Tais avanyos dependem tanto dos progressos percetivo-motores, cognitivos e
mnem6nicos, quanta do comportamento facilitador do adulto.
42
A partir dos 18 a 20 meses, conforme COELHO e JOSE (1995), come9am a
surgir enunciados mais lon905 de duas au diversas palavras, relacionadas entre si.
Dos 2 a 4 anos de idade a crian-;:a tende a ter uma linguagem estruturada e, a partir
dos 5 anos, ja e capaz de dialogar, reconhecer muitas palavras, cantar historias,
domina algumas regras como plural e futuro de alguns verbos etc.
3,2 PROCESSOS DE AQUISI<;:AO E FUN<;:OES DA LlNGUAGEM
Considerar as processos gerais que regem a lingua, bern como as func;oes
que a linguagem desempenha no desenvolvimento da crian9a, sao aspectos
importantes para esta pesquisa que se preocupa em definir 0 que sao dificuldades e
disturbios de aprendizagem.
Dessa forma, OS processos de aquisiC;c10 de aprendizagem que permitem acrianc;a estabelecer regras. padronizar, assimilar semelhanC;8s e diferenC;8s,
identificar a regular e a variavel, se dao, conforme COELHO e JOSE (1995), atraves
de imita9ao, repeti9ao, compreensao e prodU9aO.
Na otica das autoras (COELHO e JOSE, 1995), a processo mais utilizado e a
simplificayao, uma vez que assegura a comunicayao essencial, numa etapa em que
a crianc;a apresenta uma incapacidade transit6ria para produzir formas tao
complexas quanto as modelos que ouve e compreende.
Ha, contudo, outros processos tambem empregados, entre as crianc;:as e ate
numa mesma crian9a. Par exemplo, segundo COELHO e JOSE (1995), uma s6
crian9a pode se valer de diferentes tecnicas de imita9ao, tais como:
• Dar atenC;Boao inicio e abandonar 0 final da palavra.
43
• Dar atenC;c30 ao final e abandonar 0 inicio da palavra.
• Produzir urn inicio correto e depois dizer qualquer caisa.
• Repetir uma mesma silaba, como "Ialalate", par "chocolate".
Da mesma forma, sao diversificadas as variilveis que intervem nos processos,
tais como as dificuldades da Hngua, as circunsta.ncias, as caracteristicas dos adultos
interlocutores e as fatores constitucionais da crianya.
As caracteristicas dos adultos sao variaveis fundamentais na aquisic;ao, jei
que para a crian9a adquirir linguagem nao e suficiente que se fale a volta dela, mas
que S8 fale com ela, que S8 aprenda a ouvi-Ia e a considera-Ia urn verdadeiro
interlocutor.
Conforme COELHO e JOSE (1995, p.44), "todos as problemas que ocorrem
na area da linguagem e da fala apresentam dais aspectos importantes, que S8
relacionam, tamanda-s9 ora causa, ora conseqOencia: a psicol6gico (au emocional)
e 0 organico".
Entao, os fatores constitucionais determinantes das caracteristicas psiquicas
e comportamentais da crian9a definirao a prefer€mcia par atividades IingUisticas ou
por atividades corporais e manipulat6rias, assim como 0 ritmo do desenvolvimento
da linguagem.
Na 6tica das autoras ,crian9as instaveis, por exemplo, tern mais dificuldade
em memorizar formas complexas, uma vez que a escuta e menos sutil, menos
~~ll'liy~,I' rl'presentam tambem, maior dificuldade em assinalar oposi90es e aplicar
regras de funcionamento sintatico. De forma semelhante, crian9as oponentes
revoltam-se contra 0 sistema convencional de regras da linguagem e, mais tarde,
lutam contra as regras de ortografia, da gramatica e da narrativa.
44
Os procedimentos de que a crianga se utiliza para a apropriagao da
linguagem sao descritos por MORAIS (1988), em termos de estrategias, dentre as
quais considera as estrategias do adulto falando a criant;;:a, as de compreensao, as
de imitayao, as de imitac;ao-reproduyc3o e as de produyao. Nesse sentido, 0 autor
menciona que as etapas inter-dependentes e sequencializadas, podem ser divididas
em cinco. Assim, a primeira etapa do funcionamento verbal e a aquisi9ao do
significado. Na segunda etapa a compreensao da palavra falada aparece. Num
terceiro momento nota-se a expressao da palavra falada. A quarta e a quinta etapas
compreendem, respectivamente, a compreensao da palavra impressa (Ieitura) e a
expressao da palavra impressa (escrita).
Quando 0 adulto fala a crianga, ele simplifica 0 discurso, isola palavras,
caricatura a entonagao e os gestos. Para MORAIS (1988), 0 adulto usa frases
curtas, vocabulario simples e relacionamento com situac;:oes concretas da vida da
crian9a (alimentos, brinquedos, anima is, partes do corpo, roupas). Diz ° que epercebido pela crianga no quadro de agao em curso, comentando a situagao.
No seu discurso, 0 adulto, conforme 0 autor (MORAIS, 1988), apresenta acrian9a 0 mundo que a cerca, atrav8s de enunciados performativos (olha, bum, ele
'Gaiu, vamos ajudar). No discurso do adulto, os elementos extralingOisticos (mimica,
gestos, entonagao) veiculam parte do sentido. A entonagao acentuada, cantante,
poe em relevo certas partes do enunciado e da uma totalidade geral terna. A forma
como 0 adulto corrige a crianc;:a vai ser determinante para que essa correC;:8o tenha
urn carider mais ludica au mais constrangedar.
Na otica de MORAIS (1988), uma atitude do adulto que mais favoreee essa
marcha pedagogica e a sua aprovag~o, nao apenas em relagao a linguagem da
4S
crian9a, mas de um modo gera!. Outra atitude favoravel diz respeito as repeti90es do
que a criant;a diz, que podem conter expans6es gramaticais, traduzindo a emissao
da crianC;:8em linguagem adulta correta, e expans6es semanticas, completando a
enunciado. Nos dais casas, e oferecido a criam;:aurn feedback corretor informal.
o adulto, entretanto, pode bloquear 0 caminho pedag6gico, ao nao se
interessar pelo que a crianC;8 diz, ao pedir que S8 eale, aD corrigir sistematicamente,
exigindo a forma correta, ou aD apresentar a pergunta e a res posta ao mesmo
tempo. Dessa forma, a qualidade e a dinamica da comunic8C;:BoVaD determinar a
impacto da linguagem do adulto sobre a crian9a.
No entender de DROUET (1990). os processos de aquisi9ao tem papel
fundamental, alem da linguagem do adulto. as estrategias que a crian9a emprega
para compreender, em geral, parte do sentido das palavras que desconhece pela
entonac;:ao, pela pros6dia, para entaD tazer a comparaC;:BO com as que conhece. A
8utera, ainda men cion a que a area do desenvolvimento da linguagem e muito
importante, pais "8 0 inicio da comunicaC;80 e express80 oral infantil. Pode ser
desenvolvida tanto na classe como em qualquer outro local escolhido pelas crian9as:
em um parque, no patio etc" (DROUET, 1990, p.65).
Boa parte da compreensao depende mais da carga global que do contexto
lingUistico. Algumas crian9as apresentam-se incapazes de tratar globalmente a
informa~ao,e de sintetizar a discrimina<;ao dos fonemas, 0 enquadramento da
cadeia falada, 0 sentido das palavras-chave e a ordem das palavras. Isso pode
ocorrer por incapacidade de memorizar, em curto tempo, um enunciado
razoavelmente longo.
46
DROUET (1990, p.66), faz men9ao ao vocabulario, enfatizando que a
capacidade de entender 0 sentido das palavras e de emprega-Ias corretamente faz-
S8 necessario. Todavia, afirma que 0 emprego correto do vocabuliuio S8 da "como
resultado da experiemcia e da integrary030 neuroI6gica". Firmando assim, 0 que
pretende-s8 na educaC;03o, ista e, fornecer subsidios para que a crian((a possa
desenvolver plenamente sua linguagem.
As estrategias de imita980-repeti980 cumprem um papel fundamental na
aquisi9ao da linguagem. A repeti980 e um processo de aprendizagem mais au
menes ativD, empregado nas culturas de tradiC;03o oral. As crianyas de um modo
geral gostam de jogos de repetiyao de palavras, silabas e, assim, aperfeic;oam suas
habilidades, pelo simples prazer de brincar com as formas de linguagem. E em torno
de 1 a 2 anos que a crianya mais S8 utiliza das repetic;6es.
Para DROUET (1990, p.67), a fluencia na comunica980 (na classe), pode
estar ligada a atividades diversificadas e estimulantes. Por exemplo:
- As criancas devera.omontar uma casinha. uma aldeia de ina lOS ou urn"fazenda utilizando brinquedos e descrever todos as elementosemoregados na montagem.
- Colocar discos infantis para os alunos escutarem e depois cantarem ascam;Oes.
- Dizer versinhos simples para os alunos repetirem.- Cantar cantigas de roda e canr;Oes populares simples para os alunosouvirem e repetirem.
- Promover passeios de Onibus ou de trem, ao parque, ao zool6gico etc.Os alunos deverao contar 0 que viram no passeio.
• Hora da novidade: cada aluno conta 0 que quiser (0 que fez em casa,nas ferias, urna historinha etc)
- Usando um terefone de brinquedo as alunos. dois a dois. mantem urnaconversat;ao.
Assirn, dessa rnaneira, as crianyas poderao se desenvolver nurn arnbiente
saudavel e estimulante, podendo a professor detectar falhas na comunica9ao de
cada crian9a e tambem observar quais as atividades que serao mais necessarias
47
quanto a sua repeti,ao, fazendo com que 0 processo de desenvolvimento da
linguagem seja prazeroso atraves de atividades ludicas.
3.3 OS DISTURB lOS DA FALA
Existem na area de problemas relacionados a linguagem e a tala varios
aspectos importantes, porem, dois se destacam: 0 psicol6gico (ou emocional) e 0
orgiinico. Outros, segundo DROUET (1990), sao raros porque suas caracterlsticas
geralmente impedem que a crianc;a portadora freqOente escolas de classes norma is.
Alguns deles, segundo COELHO e JOSE (1995, p.44-58) podem aparecer nessa
ordem:
- Mudez: e a incapacidade de articular palavras, geralmente decorrente detranstornos do sistema nervoso central, atingindo a formula9ao e acoordenayao das ideias e impedindo a sua transmissao em forma decomunicatrao verbal.
- Atraso na linguagem: algumas pessoas acham que a crianya quecomeya a falar depois da epoca considerada normal sera poucointeligente. Essa afirmacao, no enlanto, pede nao ser verdadeira porquecertas crianc;:as tAm sua fala atrasada por motivos diversos, as vezestransit6rios.
- Problemas de articulayao: dislalia, disartria, linguagem tatibitate, rinolalia.- Problemas de fonayao: a voz e um instrumento que a homem maneja avontade. Pequenas mudanyas em suas caracterfsticas (cad~ncia,inflexao, intensidade, timbre ou tom) sao suficientes para exprimirdesejos, sentimentos e necessidades.
- Disturbios de ritmo (au disfluancias): as disflu~ncias patologicasacontecem par dificuldades perceptivomotoras orais au par falhaslingu[sticas, presentes em casas de disfun9Ao cerebral minima, paralisiacerebral e deficit:lncia mental. Aparecem em determinada elapa dodesenvolvimento da linguagem, quando a extensao das emissOes seamplia. A gagueira If! apenas um tipo de alterayao de fluencia.
- Afasia: problema de Hnguagem diferente dos anteriores, porque 0portador (0 afasico) nao apresenta nada de errado com seus orgaossensoriais e muito menos com 0 desenvolvimento motor au osmecanismos da fala.
A afasia, conforme DROUET (1990), e um disttlrbio de aprendizagem que se
verifica atraves da modalidade visual onde freqlientemente interfere com a
capacidade de ler. Assim, conforme a autora, a afasia e um sintoma comum na
neurologia clinica, muitas vezes como conseqUencia de urn acidente vascular
cerebral cuja localiza9iio geralmente se da junto a arteria cerebral media esquerda
ou nos ramos junto a regiiio do cerebra responsavel pela linguagem. Outras podem
ser causadas par infecc;oes e manifestar;oes degenerativas locais comprometendo a
area especificada.
A principal preocupa9ao e com as crian<;as que conseguem ver, mas nao
podem diferenciar, interpretar au recordar as palavras devido a uma disfunc;ao do
Sistema Nervoso Central. Todavia, nem todas as deficie!ncias visuais afetam a
leitura; Qutras interferem no comportamento quanta a aritmetica e a musica.
Na 6tica de DROUET (1990, p.59-60), podem ser destacados alguns tipos de
afasia:
- Sensorial ou receptiva: a pessoa ouve e ve mas nao compreende alinguagem falada au a linguagem escrita
- Matora au expressiva: €I incapaz de falar au escrever adequadamente,mas a aparelho fanador nao esta paralisado.
- Conceitual: nao consegue "encontrar" as palavras nem formularconceitos.
- Global ou mista: apresenta todas as formas de linguagem afetadas.- Nao-fluente: tem dificuldade para iniciar a fala e para produzir as
seqOencias articulat6rias e gramaticais.- Fluente: articula e produz seqOencias grandes de palavras em
constrw;:Oes gramaticais variadas, mas tern dificuldades para encontraras vocabulos.
A crianJ;a raramente e capaz de aprender atraves de uma abordagem
individual, po is nao con segue associar palavras aos seus significados.
49
A instru<;aopara a leitura come<;acom a apresenta<;ao de unidades curtas
que podem ser combinadas para formar palavras. a objeto de instruc;ao e oferecer-
Ihe urn modo sistematico de trabalhar com palavras, mas tambEim para ajuda-Ia a
compreender com vocabuhirio visual.
Enfim, 0 ideal e proporcionar a criam;a, meiDs de identificayao as palavras
que ve. A criang8 em seu aprendizado normal usa muitas pistas, incluindo a forma, a
contexto, a analise estrutural e fonatica da palavra, 0 que deve ser observado neste
caso e a incapacidade para soltar ou libertar significados.
A abordagem terapeutica e aqueta que envolve basicamente 0 ens ina dos
sons ou fonogramas isolados e sua combinagao em palavras com sentido. Como
essa abordagem, requer urn grau elevado de integridade auditiva, 0 professor
precisa avaliar a capacidade da criang8 para combinar sons.
Segundo COELHO e JOSE (1995, p.75), "atraves de experi{mcias cientificas
constatou-se que 0 sucesso da crianya na aprendizagem da leitura e da escrita
depende do seu amadurecimento fisiol6gico, emocional, neurol6gico, intelectual e
social". Dessa forma, a crianc;a aprendera naturalmente a falar a linguagem em que
vive.
Entao, conforme as autoras (COELHO e JOSE, 1995, p.62), "estudos sobre
as disturbios da linguagem tem conformado a exisb§ncia de areas no cerebra
responsaveis pelo controle da linguagem". Percebe-se ai a codificay80 de sons em
sinais, au seja, a cerebra nao apenas recebe um detenninado som, mas seleciona
tambem. Desse modo, sons, cheires, objetos que na~ nos interessam sao
eliminados.
50
Algumas atitudes positivas do professor perante dificuldades e disturbios
reconhecidos no dia-a·dia em sala de aula podem ser urna proposta para que S8
amenizem as problemas. Assim, poctemos enumerar, conforme as autoras
(COELHO e JOSE, 1995), apes analise e reflexao em cima das afirma90es, algumas
que se destacam:
1. Lembrar que todas as crian9as, embora diferentes, tern as mesmas
necessidades de amor, compreensao e aceitac;ao.
2. Evitar que 0 aluno S8 sinta inferior pelo seu problema especifico.
3. Considerar 0 problema de maneira serena e objetiva.
4. Exigir de cada aluno 0 seu met her, nao 0 me thor em nivel de classe,
afinat, nao e par vontade propria que a aluno fala defeituosamente.
5. Avaliar 0 desempenho do aluno pel a qualidade de seu trabalho, com 0
mesma criteria que adeta para com as Qutros da turma.
6. Estimuiar sempre 0 aluno, ajudando-o a superar barreiras.
7. Despertar no aluno sua autoconfian9a, demonstrando que nao sente
desagrado por ele.
e professor ainda pode fazer alguns exercicios que servirao para a classe
toda, como par exemplo exercicios para as litbios, para a mandibula, exercicios de
palato, para a lingua etc., alem de poder brincar com sons e palavras.
Assim, estarit ajudando seu aluno com disturbios da fala fazendo dinamicas
que envolvam todos na sala e, ao mesmo tempo, mostrar aos outros que todos nos
podemos ter problemas com a fala, temos, antes de tudo, que respeitar ° outro. E
preciso uma sensibilizac;ao para, depois, termos uma conscientizac;ao coletiva na
sala. Este trabalho deve-se ao professor. Um professor bem preparado dara conta
51
de tazer a inclusao deste aluno sem que isso gere algum motivQ constrangedor para
seu aluno com problemas de fala.
Quanta aos transtomos da tala, estes pod em estar destacados, conforme
DROUET (1990, p.150-151), da seguinte fonna:
a)Transtornos da articufay8o, sendo eles: anat6micos, sensoriais. moiore:-e funcioliais;
b)Transtornos da linguagem por defici~ncjade audir;ao;c)Transtornos da fala por lesOes cerebrais evidentes;d)Atraso da fala:e)Disfasia;f)Mutismo nas crian9as: mutismo total (deficiencia nos 6rgaos da fonar;ao
ou por lesao de nervos ou do proprio centro da fala) e mutismo por opcAo(origem emocional).
No caso da disfasia, segundo DROUET (1990), a crianga possui intelig€mciae
audiC;c30 normal, porem sua tala miD evolui. Isto S8 deve a urn transtorno na
recepg8.0 e na analise do material audioverbal.
Outros sintomas que poderao estar associados aos disturbios da fala, na
categoria da disfasia, confonne COELHO e JOSE (1995, p.46-63) sao:
a) Agrafia - Jncapacidade para escrever que, geralmente, como ja citado,costuma ser parte integrante da afasia de Broca. No entante, egrafia naoraramente pade ser encontrada em individuos sem qualquer disturbio defala.b) Acalculia - Incapacidade para realizar calculos basicos. Pade serencontrada como parte de uma slndrome de afasia receptiva (Wernicl<.s).c) Alexia - Impossibilidade de leitura; surge em condi90es semelhantesaquelas descritas para acalculia.d) Desorientayao direita-esquerda - Individuos afetados nao conseguemmais discernir as lados do corpo. Surge em situa<;Oessimilares as descritasaelma.
Por outro lado, podemos tambi'>m,segundo as autoras (COELHO e JOSE,
1995, p.46-63), destacar os disturbios de linguagem nao disfasicos:
52
a) Ecolalia - Repetigao tal qual papagaio do que as pessoas dizem, comeJiminagao de qualquer evidtlncia de entendimento do que tai mencionadoe com perda da fala espontanea.b) Dislalia - OistUrbio benigno da linguagem caracterizado por omissoes ausubstituigoes err6neas de consoantes. E a tipica conversa do personagemCebolinha. Bons resultados com fonoterapia.c) Disartria - ArticulagEIQ inapropriada das palavras. Vista em uma amplavariedade de condig6es neurologicas distintas. Doenyas que afetam 0cerebelo e parkinsonianos em fase mais avangada costumam exibir essetranstorno.
Entretanto, para fins didaticos, 0 exemplo mais marcante, que 5e deve ter em
mente para uma pronta identitica<;ao desse disttirbio da tala, e 0 do "bebum em final
de noitada". Alias, intoxicar;:ao aguda pelo alcool e a causa mais freqGente de
disartria.
Apesar disso, outras etiologias devem ser ponderadas, principalmente quando
a hist6ria clinica negar esta possibilidade.
Em nosso meio, pessoas com a "doenr;:a dos ar;:orianos" (Ooenr;:a de
Machado-Joseph), que apresentam marcantes sintomas cerebelares, costumam ser
chamados de bebados ate que a diagnostico seja estabelecido. Pacientes com
outras formas de heredo-ataxias nao raramente sofrem os mesmos percah;os
sociais. Conforme COELHO e JOSE (1995), tais pacientes podem apresentar:
a) Afonia - Perda completa da voz, sem qualquer outro sintoma associado.
Oisturbios nos 6r9aos responsaveis pela fonar;:ao devem ser pesquisados. Na falta
de evidencia sugestiva de organicidade, uma origem psicogenica deveria ser
question ada.
b) Anartria - Total incapacidade para pronunciar as palavras devido a urn
defeito no comando nervoso da musculatura envolvida na fonar;:ao. Apesar de nao
emitir sons, demonstra ter sob controle consciente todos as demais complexos
componentes da linguagem.
53
As autoras ainda mencionam a sind rome do encarcerado em si proprio (the
"locked-in syndrome"), Neta, os pacientes estao totalmente paralisados e os
movimentos oculares sao a (mica forma de expressar plena consciemcia dos fatos:
a) Mutismo acinetico - Pacientes nesse estado encontram-se em completa
irresponsividade, apesar de estar alertas. Nenhuma forma racional de comunica~ao
e passive!. Atividade mental consciente nunca e manifestada.
Finalmente, devemos ter em mente que alguns cases devem ser
inverstigados rna is a lundo, pois, segundo SMITH e STRICK (2001, p.21), "nao
existem duvidas, entretanto, de que as dificuldades de aprendizagem de algumas
criangas real mente surgem a partir de les6es ao cerebra". Portanto, deve-S8 ter uma
postura muito criteriosa e meticulosa ao se investigar um caso de suspeita de
dificuldade, porque 0 caso pode ser mais complicado do que 0 esperado.
Afinal, pesquisar, investigar e aprofundar-se no assunto de dificuldades e
disturbios de aprendizagem nao e tarefa simples e isenta de problemas.
3.4 A LEITURA E A ESCRITA NO PROCESSO DA AQUISI<;;Ao DA
LlNGUAGEM
Urn outro assunto, conlorrne DROUET (1990, p.126), que trata do processo
de aquisil):ao da linguagem, sao a leltura e a escrita, porque representam as etapas
superiores. Assim, como "os primeiros estimulos da linguagem que a crianl):a recebe
sao auditivos, vi sua is, tateis, olfativos e gustativos, portanto, estimulos sensoria is.
Estes estimulos se associam e formam a linguagem intema do individuo".
54
As dificuldades de leitura e escrita podem resultar, conforme DROUET (1990.
p.127), nos processos cognitivos basicos. Assim:
quando a crianca tern um retardamento mental e por iS50 e atrasaoa m:leitura, considera-se um caso de atraso geral da leitura. Quando ela einteligente, boa aluna em outras disciplinas, porem atrasada na leitura, seucaso e oonsiderado urn atraso especifico de leitura, que muitos preferemchamar de dis/axia e outros de disll1rbios especfficos de aprandizagem.
Par esse motivD, a autora afirma que as aprendizagens de leitura e escrita
naa sao atividades isoladas, porque fazem parte de urn processo de
desenvolvimento, como jil citado anteriormente na seqOencia, e suas dificuldades se
devem a uma deficiencia qualquer na estruturac;:aoe na organizac;:cloda linguagem
como um todo.
FERREIRO (1988), afirma que as criangas nao aprendem simplesmente
porque veem as outros ler e escrever e sim porque tentam compreender que classe
de atividade e essa. A autora tambem afirma que as crian'Yas nao aprendem
simplesmente porque veem letras escritas e sim porque se prop6em a compreender
essas marcas graficas que sao diferentes de outras.
Assim, para a referida autora, as crianyas nao aprendem apenas par terem
lapis ou papel a disposiyao, e sim porque buscam compreender 0 que e que se pode
obter com esses instrumentos. Em resumo, para ela as crianyas nao aprendem
simplesmente porque veem e escutam, mas porque elaboram a que recebem,
porque trabalham cognitivamente com 0 que a meio Ihes oferece.
Assim, podemos afirmar que uma crianc;aque nao sofre de nenhum obstaculo
com referenda a aprendizagem consegue desenvolver-se com urn minimo de
esfor90.
55
Par Dutro lado, com referenda aos disturbios essencialmente neurol6gicos d.e
aprendizagem, que podem contribuir para 0 atraso no desenvolvimento das crianyas,
podemos citar, conforme DROUET (1990, p.154):
PROBLEMAS DE LEITURA E ESCRITA E DE APRENDIZAGEM GERAL
retardamento mentalleSaD cerebralaus~nciasou disritmias (focos)
disfunQ80 cerebral minima (DeM)
dislexia
distUrbios da motricidade
incapacidade geral de aprender (quociente
de intelig~ncia muito baixo)imaturidade para aprender, ligada aimaturidade do sistema nervoso
alterayoes sensoriais ou tisieas: perdas
graves de visao e da audir;ao; doenr;8S edesnutrir;ao crOnieadisturbios da faladistUrbios emocionaiscarencia culturaldevidos a escola: metodos e tecnicas de
ensina deficientes; falta de motiva<;:Zloambiental; falta de motivayao dos alunosfatores sociais e econ6micos gerais
Urn desses aspectos merece nossa aten~ao, tamanha a necessidade de
informa<;oes com rela<;ao a este assunto: dislexia. Atualmente, qualquer disturbio de
Problemas devidos a disturbios
neurol6gicos
Problemas devidos a outras causas (oao
56 neurol6gicas)
linguagem, apresentado pela crian<;a, e tachado como dislexia, pelos professores e
tambem pelos pais. 0 problema, entretanto, na 6tica de DROUET (1990, p.154),
"nem sernpre esta na crianya e sim nos processos educacionais - sob a
56
responsabilidade paterna - au nos processos de aprendizagem sob 0 encargo da
escola".
Assim, ainda na visao da autora, "a dislexia e urn conjunto de disturbio$
neuropsicol6gicos apresentados no processo de aprendizagem, revelando-se par
dificuldades em ieitura e escrita, ista e, em extrair urn significado dos sinais graficos
(tetras, numeros, notas musicais), sem que haja urn deficit intelectual grave".
(DROUET 1990, p.154)
Para tanto vale salientar que, par S8 tratar a dislexia de urn conjunto de
disturbios, faz-s8 necessaria apenas destacar as caracteristicas principais que S8
destacam, conforme DROUET (1990, p.137-156), as pessoas com dislexia
apresentam:
}> Orientac;:aoespacial confusa.};> Dificutdade de leitura e escrita};> Atraso na maturacao neurologica.> Problemas de diferencia~o dos dedos (esquema corporal).);> Disfunt;:aoneurologiea de um modo geral.}- Falta de memoria.>- Ansiedade e indefinigao da dominancia lateral (uso de uma das maos);os canhotos que sao obrigados a escrever com a mao direita podemeonfundir-se e demonstrar difieuldades na escrita.
>- Difieuldades de diseriminayces visuals e confundem as letras ou aspalavras que pareeem semelhantes.
>- A velocidade de percepyao e baixa, embora corretas nas discrimina¢es,algumas examinam as palavras lentamente e nao conseguemreconhece-las eom rapidez, como sendo a mesma ou diferente.
);> Muitas mostram tendencias de reversao, tanto em leitura, quanto emescrits.
>- Algumas tem tendencias para a inversao, tanto e leem "uM em lugar de "n"ou Om"em lugar de "w".
};> Tem dificuldades para seguir e reter seqOeneiasvisuais>- Ha muitas desordens de memoria visual. Algumas nao conseguem selembrar de experiencias nao-verbais nem verbais.
>- Os desenhos das eriant;:ascom dislexla visual tendem a ser inferiores ecarentes de detalhes.
)-Muitos tem problemas de analise e sintese visual.};> Nos testes de prontidao e de diagnostico de leitura as criant;:as comdislexia visual revelam uma acentuada deteriorizac;:aode habilidadesvisuais.
)- Elas preferem atividades auditivBS.~ Certos tipos de jogos ou esportes causam problemas.
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Para DROUET (1990, p.155), com rela~ao a dislexia podemos observar"
seguinte refiexao:
Para ensinar crianyBS com disturbios de aprendizagem, e preciso conheceras processes educacionais. Oai rasulta a importancia da pre-escola, que ea epoca propicia para desenvolver a capacidade cognitiva da criancanormal au mesmo dislexica, atraves de metodos alivQs e baseados napsicologia de Jean Piaget. e preciso entao atender aos estagios dedesenvolvimento mental da crianca, sem pressa de alfabetizar antes queela esteja matura.
58
CONCLUSAO
Ap6s verificar mais detalhadamente as conceitos e abrangencias de
dificuldades e disturbios de aprendizagem, nota-s8 urn dado muno importante, S8 as
pessoas nao puderem ter acesso aos conhecimentos especificos dos termos
conceituais, continuarao, sim, pensando e conceituando 05 dais como sendo a
mesma ceisa.
Entender os fatores que associam disturbios e dificuldades de aprendizagem
deve ser urna das raz5es para a qual 0 professor, que queT trabalhar com mais
propriedade em sala de aula, deve busear,
A partir do momento em que pais e professores identificarem 0 por que das
atitudes da criam~a, poderao assumir urna postura de compreensao, unindo-se na
busea de solUl;:6es que amenizem as problemas apresentados pelo aluno,
juntamente com 0 acompanhamento de profissionais especializados no ass unto.
Interagir com sucesso determina 0 bom andamento de qualquer tratamento
que uma crianc,;:a precise, entretanto, e fundamental identificar os indicios dos
problemas apresentados pelos alunos em sala de aula, para isso, conforme ja
citado, e necessaria que 0 professor busque pesquisar e estudar os disturbios e
dificuldades de aprendizagem para poder identifica-Ios quando precisar.
Finalmente, ap6s pesquisa e reflexao, as dificuldades de aprendizagem
podem ser consideradas como todas as problematicas que urn aluno enfrenta numa
sala de aula, desde a falta de aten9ao ate a hiperatividade que precisa ser sondada
59
e abordada, S8 preciso for, para urna acompanhamento medico. Assim, S8 urn ah.mQ
apresenta muitas dificuldades elas podem se transformar em disturbio de
aprendizagem, gerando urn problema ainda maior.
Jtl as disturbios de aprendizagem, geralmente, sao considerados problemas
fisiol6gicos que requerem sempre urn acompanhamento medico. Sao sintomas e
sindromes que requerem atent;ao e esfoTyo par parte da familia, da equipe
pedagogica, dos professores envolvidos e, da ajuda da propria cnanga.
Aos professores cabe urna serie de atribui'toes importantes, inclusive 0 de
observar a ficha do aluno contendo as varios pontos importantes a seu respeito e
complementar, S8 passivel for, com suas anotayoes, pois quando for solicitado pela
supervisao au pedagogia escolaT, au mesmo nos dias de Canselha de Classe, seu
curricula escolar (sua ficha), paden§: contribuir muito para uma avaliayao previa do
que 0 atuno necessita, como por exemplo 0 encaminhamento especializado.
Penso que e necessario atualizar-se sempre que possivel para poder
melhorar a cada dia, melhorando paraleiamente tam bern 0 desempenho em sala de
aula, pois urn professor munido do conhecimento basico necessario para os
imprevistos diarios pod era obter mais exito perante a equipe escolar e perante ele
pr6prio, pois sua visao e conhecimentos serao reconhecidos.
o que a presente pesquisa intencionou foi servir de reflexao com relagao as
dificuldades e disturbios de aprendizagem, pois nao ha solugao pronta diante dos
conceitos e ObSelVayOeS, somente 0 estudo de cada caso e que ten~sua
recomendayao apropriadamente coiocada. Este e apenas 0 come«.;:o para uma
posterior verificay2lo e analise de mais complementos para a pratica docente.
60
Enfim, avaliar as necessidades e buscar respostas educativas para solocjO"fl'~r
problemas de desempenho escolar dos alunos e de aperfei90amento da forma9ao
dos profissionais de educa9ao e mais do que uma revisao dos limites que separam
as modalidades regular e especial de ensina escolar. Envolve novos valores e
atitudes pessoais e profissionais, que se chocam com a cultura tradicional das
escolas, inclusive com a nossa maneira de conceber as pessoas exc\uidas.
61
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