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Unidade: Estudos Culturais

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Unidade: Estudos Culturais

INTRODUÇÃO

Tem sido tarefa hercúlea conceituar os Estudos Culturais. Por quê?

Como diria Milton Santos, eles são como um grande chapéu no qual cabem

várias cabeças. Isso porque essa disciplina se ocupa do estudo da cultura sob

diferentes aspectos que envolvem várias outras disciplinas como a

comunicação, a história, a geografia, filosofia, a sociologia, a teoria literária etc.

Como você pode ver, ela vem sendo mudada de forma generalizada por

correntes de pensamentos que se dizem pós-modernas.

No entanto, ela é mais do que um modernismo acadêmico, apesar de

ver os aspectos da cultura por prismas diferentes e de acordo com a temática e

disciplina que aborda. Ela é, pois, interdisciplinar. E sob esse ângulo, a

apropriação do conteúdo cultural pelas diferentes disciplinas é muito adequada.

Johnson (1999) levanta questões-chave para os Estudos Culturais,

algumas perguntas de cunho metodológico: qual é o objeto característico dos

Estudos Culturais e sobre o que eles dizem? Segundo Johnson (1999, p.25),

[...] os Estudos Culturais dizem respeito ao lado subjetivo das

relações sociais. Essas definições adotam algumas das abstrações

simples de Marx, mas também as utilizam de acordo com sua

ressonância contemporânea.

Nesse conceito de subjetividade, duas coisas são focalizadas: o eu

individual e o eu coletivo, ou nós, ou quem somos culturalmente; dessa

maneira, podemos entender que subjetividade é produzida.

Então o objeto de análise é a subjetividade produzida.

Vamos diferenciar? Estudos Culturais de Teoria da Cultura.

Os teóricos da cultura se ocupam de vários temas que podem ser sobre

estudos pós-coloniais, assim como podem abarcar estudos sobre as questões

de gênero, feminismo, homossexualidade, estudos críticos sobre o marxismo

social e de política, antropologia, cultura e culturas populares etc. Enfim, existe

uma gama de temas que são abordados pela Teoria da Cultura, mas que

também são campos dos Estudos Culturais.

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O campo da Teoria da Cultura compreende vários estudos

interdisciplinares nesse campo de trabalho. O aprendizado dos Estudos

Culturais é realizado por meio das várias disciplinas que ele estuda enquanto

que, na Teoria da Cultura, o aprendizado é realizado por meio da leitura crítica

de textos significativos dessa área.

HISTÓRICO DOS ESTUDOS CULTURAIS e SEUS PRINCIPAIS

REPRESENTANTES

É consenso entre os pesquisadores que os Estudos Culturais tiveram

seu nascedouro na Universidade de Birmigham na Inglaterra com o Centro de

Estudos Culturais Contemporâneos (Centre for Contemporary Cultural Studies),

e que introduziu em seu currículo os Estudos Culturais. Esses estudos

rapidamente foram disseminados pelo mundo.

Schulman (1999) historiciza sobre o Center for Contemporany Cultural

Studies da Universidade de Birmigham e relata que na Inglaterra surgiram

outros centros interdisciplinares como : The Centre for Televison Research da

Universidade de Leicester, o programa da Open University sobre cultura

popular, o extinto Glasgow Media Group da Universidade de Glasgow e o

Media Studies Program da Politécnica de Londres Central.

Segundo as palavras de Schulman (1999, p. 169), “Os Estudos Culturais

foram concebidos, desde o início, como um empreendimento interdisciplinar”.

Os primeiros estudiosos dos Estudos Culturais eram pesquisadores da Língua

Inglesa como Hoggart que foi o primeiro diretor da Escola em Birmingham.

Vamos aos principais representantes?

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1. RAYMOND WILLIAMS

Fonte:

http://3.bp.blogspot.com/_mNV4VSz1JdY/St9LPxAeanI/AAAAAAAACEs/7zJzpzxzrSY/s400/williams.jpg

Raymond Williams (1921-1988), nascido no país de Gales, é

considerado um dos mais influentes pensadores e críticos da Nova

Esquerda inglesa. Foi especialista em história da cultura do pós-

guerra e inspirador, juntamente com E.P. Thompson e R. Hoggart,

dos chamados "estudos culturais". A partir de 1961, lecionou Arte e

Literatura Dramáticas, na Universidade de Cambridge. Publicou

inúmeras obras, entre elas, Drama from Ibsen to Eliot (1952), The

English Novel from Dickens to Lawrence (1970), Television:

Technology and Cultural Form (1974) e Problems in Materialism and

Culture (1980). No Brasil, já foram traduzidos Cultura e Sociedade,

1780-1950, Marxismo e Literatura, O campo e a Cidade: na história e

na literatura e Cultura.

http://editora.cosacnaify.com.br/Autor/463/Raymond-Williams.aspx

Sobre os Estudos Culturais, é pensamento recorrente entre os

pesquisadores entenderem que a designação de Estudos Culturais é anterior à

Universidade de Birmigham e surgiu dos estudos do professor inglês Raymond

Wiliams depois do lançamento de seu livro Culture and Society: 1780-1950

(1958), no qual ele pesquisa os diferentes usos históricos do termo cultura.

Nesse estudo, Williams diz que há necessidade de se debater sobre o termo

cultura e entender o que ele significou para as sociedades. Para Williams, “...é

impossível abstrair a cultura das relações de poder e das estratégias de

mudanças sociais.” (MATTELART,A & NEVEU, 2004, p.45)

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Raymond Williams tem como modelo teórico Antonio Gramsci, que

defendeu a ideia da existência de uma cultura popular. Para Gramsci, a cultura

popular é fragmentada, não tem prestígio e ainda é subordinada a uma cultura

da elite. Gramsci reconhecia, no entanto, que essa cultura popular é capaz de

reação e de resistência. Em palavras mais simples, a cultura popular adere, a

sua maneira, as mudanças históricas e adapta-se às condições materiais

impostas pela sociedade.(POLISTCHUCK,I &TRINTA, A, 2003).

Raymond Williams entendia que a cultura não é apenas uma “caixinha”

na qual se guardam as tradições, mas é, antes, um processo pelo qual se

constroem as significações e seus significados a partir das práticas sociais

cotidianas partilhadas entre seus iguais. Nesse sentido, a mídia atua como

articuladora na sociedade e age simbolicamente entre os receptores das

mensagens.

2. RICHARD HOGGART

Fonte: http://homepages.luc.edu/~cwachal/hoggart.jpg

Richard Hoggart nasceu em 1918, passando sua infância em seu meio

de origem, o meio operário, é o fundador do Centro Contemporâneo de

Estudos Culturais (CCCS - Centre for Contemporary Cultural Studies), centro

de pesquisas da Universidade de Birmingham

Da inquietação e do debate, proposto por Raymond Williams, Hoggart

escreve o livro Uses of Literacy (1958). Esse livro estuda a influência da cultura

das classes trabalhadoras pelos meios de comunicação e, posteriormente,

analisa as publicações que se destinam a este tema.

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Para Richard Hoggart, a existência de uma cultura dominante que se dá

por meio de atitudes, usos e tradições não é passiva. A cultura subordinada ou

a cultura popular, ou a das minorias resiste porque é a “cultura do outro”, do

diferente, do desviante que não assimila completamente a cultura da elite, ou

superior. A cultura popular descobre entre seus iguais aquilo que faça sentido

para ela e no qual ela pode se sentir pertencendo, é o sentimento da pertença.

3. EDWARD P. THOMPSON

http://www.history.ac.uk/makinghistory/historians/thompson_edward.html

Edward Palmer Thompson nasceu em Oxford em 3 de fevereiro de 1924

e faleceu em Worcester, em 28 de agosto de 1993. Foi historiador de linha

teórica marxista e é considerado por muitos como o melhor historiador inglês

do século XX.

Em 1946, formou um grupo de estudos históricos marxistas junto com

outros historiadores de importância inquestionável como Christopher Hill, Eric

Hobsbawm, Rodney Hilton, Dona Torr.

Boa parte de sua obra foi vinculada a questões e discursos dos próprios

trabalhadores. Thompson mostrou que essa classe não é construída somente

em termos econômicos, pois se baseia na construção histórica de experiência.

Quando se faz uma releitura do passado, busca-se a multiplicidade de

experiência, tenta-se revalorizar as perdas e os ganhos desses subordinados,

que tiveram uma grande importância histórica, pois só assim se compreendem

os conflitos e os processos de transformação.

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Thompson descreve a consciência de classe e as experiências

manipuladas dentro dos termos culturais, vendo que grande parte

dessa experiência da classe determinou as relações produtivas

dentro das quais os homens nascem e são inseridos a ela de modo

involuntário.

Seus estudos atenderam às diversas partes da história,

principalmente da história social. Da história do trabalho à história da

cultura inspirou pesquisas originais sobre sindicalismo, partidos,

movimentos sociais, escravidão, campesinato, crimes, motins, entre

outros.

Thompson interroga o neoliberalismo, os estudos feministas e o

marxismo ortodoxo. Esteve empenhado em recuperar a experiência

empírica, fazendo uma experimentação ligada à análise do contexto.

Procurou substituir a base superestrutural pela análise da consciência

da classe operária. Acaba usando do culturalismo relacionado com as

estruturas, no qual discordou dos estruturalistas, como Lévi-Strauss,

Louis Althusser e com os funcionalistas, fincando suas raízes no que

podemos chamar de marxismo culturalista.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_Palmer_Thompson

consulta em 01/03/2010 às 10:52h

Thompson foi um dos fundadores da New Left Review revista de matriz

marxista. Com Williams, ele desenvolve o desejo de ultrapassar as fronteiras

das análises culturais submetidas à economia. Seu trabalho vai além e pode

ser entendido como uma escolha situada nas práticas cotidianas e de

resistência dos trabalhadores ingleses. (MATTELART,A&NEVEU,E, 2004.p.47)

Segundo Mattelart&Neveu, 2004, os trabalhos Thompson assim como o

trabalho de Raymond Williams é a história construída a partir das lutas sociais

e da interação entre cultura e economia.

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4. STUART HALL

www.sagarana.net/.../images/stuart_hall.jpg

Sobre Stuart Hall também há muito que se referir. Ele é jamaicano de

origem e filho de classe média. Estudou em Oxford e graduou-se em Letras.

Em 1964 Hoggart o chamou para trabalhar no Centro de Estudos Culturais de

Birmigham desenvolvendo pesquisas e se tornando um empreendedor

científico, segundo as palavras de André Mattelart e Érik Neveu.

Stuart Hall tem se dedicado aos estudos engajado na área de raça,

cultura e comunicações e acrescenta a eles a importância da história.

“Havia pouco da preocupação que Richard Hoggart e eu tínhamos

sobre questões de cultura. Nossas indagações sobre cultura – e eu

não tentarei oferecer nenhum tipo de definição compreensiva do

termo – tinham a ver com as mudanças no modo de vida de

sociedades e grupos, e com as redes de significado que indivíduos e

grupos usam para dar sentido e para comunicar-se uns com os

outros: o que Raymond Williams chamou de modos totais de

comunicação – que sempre são modos totais de vida, a obscura

encruzilhada onde a cultura popular se cruza com a cultura erudita,

aquele lugar onde o poder atravessa o conhecimento ou onde os

processos culturais antecipam a mudança social.” (HALL,S.

http://www.pucsp.br/projetohistoria/downloads/volume31/traducao.pdf

consulta em 28/02/2010 às 22:56h)

Stuart Hall entende, por meio de seus estudos, a existência do papel

ideológico realizado pela mídia. Ele diz que há o público receptor e que provém

de diferentes segmentos da sociedade. Esse público é que dá maior ou menor

importância ao que vê de acordo com o seu repertório cultural.

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Assim, a recepção como a interpretação do que se vê terão

significações, sentidos e significados diferentes em seus lugares de cultura.

Então, o mesmo tema veiculado pela mídia pode ser aceito ou rechaçado pelo

grupo.

MÉTODO DE TRABALHO

Sobre o método de trabalho dos Estudos Culturais, nas questões

relacionadas à área de comunicação, é fácil entender que, nos estudos

recortados dos problemas levantados por eles, seja utilizado o trabalho

etnográfico do campo da antropologia, entre outros. Por esse método, são

utilizados: entrevistas, análise dos discursos entre outros métodos históricos

tradicionais de pesquisa. SCHULMAN,N, 1999, p.180) .

OS ESTUDOS DE RECEPÇÂO: ENTENDENDO OS ESTUDOS CULTURAIS

Os „pais fundadores‟ dos Estudos Culturais têm pontos de vista

compartilhados.

Segundo citação de Escoteguy (2008, p.155):

O que os une é uma abordagem que insiste em afirmar que através

da análise da cultura de uma sociedade- as formas textuais e as

práticas documentadas de uma cultura- é possível reconstituir o

comportamento padronizado e as constelações de ideais

compartilhadas pelos homens e mulheres que produzem e

consomem os textos e as práticas culturais daquela sociedade. É

uma perspectiva que enfatiza a atividade humana, a produção ativa

da cultura, ao invés do consumo passivo

(Apud Escoteguy, A.C STOREY, 1997, p. 46)

Um pouco mais além, no artigo sobre Estudos Culturais, a mesma

Escoteguy ressalta que a “perspectiva marxista contribuiu para os Estudos

Culturais no sentido de compreender sua „autonomia relativa‟” (2008,p.156).

Neste artigo, a autora oferece um conceito de cultura diferente do

conceito clássico a saber:

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A operacionalização de um conceito expandido de cultura, isto é, que

inclui as formas nas quais os rituais da vida cotidiana, instituições e

prática, ao lado das artes, são constitutivos de uma formação cultural,

rompeu com o passado em que se identificava cultura apenas com

artefatos. A extensão do significado de cultura – de textos e

representações para práticas vividas e suas implicações na rígida

divisão entre níveis culturais distintos- propiciou considerar em foco

toda a produção de sentido. E, ao enfatizar a noção de cultura com

pratica, se dá relevo ao sentido de ação, de agência na cultura. (grifo

nosso)

(ESCOTEGUY.A.C,2008, p.157)

Então, em outras palavras, os Estudos Culturais não são apenas

estudos sobre cultura, assim como não desejam estudar a cultura de forma

independente. Isto é, eles são estudados a partir de uma realidade histórica.

Para os Estudos Culturais, é impossível abstrair a análise da cultura das

relações de poder e das mudanças sociais, como já foi dito anteriormente.

Os estudos das culturas populares pelos Estudos Culturais nos indicam

a existência de sentidos plurais; discute o problema de autonomia e também

como eles constroem uma identidade coletiva articulada como características

de resistência. Quanto aos meios de comunicação, os estudos se debruçam

em torno da questão ideológica que podem ser percebidos na análise dos

textos construídos por eles. Chamamos essa análise de análise textual.

Os Estudos culturais preocuparam em estudar e entender como as

camadas mais populares consumiam os produtos culturais que invadiam a

sociedade, produzidos pela publicidade e divulgados pelos meios de

comunicação de massa como os romances ditos “água com açúcar”, ou

produtos de consumo básico como sabonetes, margarinas entre outros.

O casal Mattelart (1999) denomina esses estudos de “cultura do pobre”,

isto porque eles entendem que há uma hierarquização das formas culturais, por

exemplo, cultura alta e baixa ou cultura superior e cultura inferior.

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Em 1977 com “Codage/décodage”, Stuart Hall propõe o quadro teórico

no qual afirma que não se pode entender a comunicação de forma mecânica,

baseada na relação emissor-receptor. Para ele, existe um discurso que é

formado por ação discursiva, imagens e relatos. Esse discurso deve ser

entendido a partir dos dados técnicos, da produção e também com os modelos

cognitivos dos receptores.

Então, de um lado, existe o aparato tecnológico, as intenções do

produtor e, de outro lado, existem receptores com códigos culturais que são as

referências para a compreensão da comunicação.

Stuart Hall diz sobre o início dos Estudos Culturais e como ele e

Hoggart pensavam a cultura:

Nossas indagações sobre cultura – e eu não tentarei oferecer

nenhum tipo de definição compreensiva do termo – tinham a ver com

as mudanças no modo de vida de sociedades e grupos, e com as

redes de significado que indivíduos e grupos usam para dar sentido e

para comunicar-se uns com os outros: o que Raymond Williams

chamou de modos totais de comunicação – que sempre são modos

totais de vida, a obscura encruzilhada onde a cultura popular se cruza

com a cultura erudita, aquele lugar onde o poder atravessa o

conhecimento ou onde os processos culturais antecipam a mudança

social. HALL, S –

http://www.pucsp.br/projetohistoria/downloads/volume31/traducao.pdf

consulta em 28/02/2010 às 22:56h)

Você deve estar pensando: Puxa quanta informação! Mas para onde

essa informação se encaminha?

Nós diríamos para você que agora chegou a hora da síntese embora

pudéssemos ir muito além...

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SÍNTESE

Escoteguy (2004) nos ensina que os princípios que norteiam os Estudos

Culturais são:

Os Estudos Culturais sustentam uma linha de trabalho na qual os

movimentos sociais e políticos apóiam suas ações na e se revelam através da

mídia.

Existe uma prática jornalística que tem como modelo os estudos

etnográficos para explicar os conflitos humanos das grandes metrópoles (inner

city problems). Sobre elas Polistcichuck e Trinta (2003) dizem:

Entrou em vigor a “cobertura (tele) jornalística do cotidiano imediato”,

que se define por uma reticência a análises mais aprofundadas (e

psicologicamente mais caras), pela busca de representações fortes (a

”adrenalina”), pela ênfase dada ao que se tem como „human

interest”(a “vida como ela é”) e pela curiosidade dos fait divers ( a

notícia de variedades, que não vem disposta em rubricas ou secções

jornalísticas). Essa lógica da (dos índices) audiência, do furo

jornalístico, da referência ao aqui e agora da vida privilegia fontes

oficiais (sejam quais forem) e torna irrisório o jornalismo investigativo

ou mesmo um enfoque compreensivo e de feitio analítico das

“mazelas sociais” Até porque seriam ambos considerados “chatos” e

sem “apelo emocional” e “perfeitamente inadequados para produzir a

“espetacularização da vida”

(POLISTCHUCK,I&TRINTA,A, 2003 p133)

1. A identificação com a vida vivida ou a cultura

vivida como um plano de estudo.

2. A importância da autonomia e complexidade

das formas simbólicas em si mesmas;

3. A crença de que as classes populares

possuíam suas próprias formas culturais;

4. O ensino da cultura é plural.

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E como toda teoria tem uma crítica, os Estudos Culturais não escaparam

dela. Há os que a acusam de ser tendenciosa e levar a levantar “bandeiras”

sejam políticas ou sociais dos grupos marginalizados ou da cultura popular. Há

os que dizem que seus argumentos são frágeis quando se debruçam sob o

olhar da resistência. Enfim, impossível agradar a todos...

FINALIZANDO

Os Estudos Culturais iniciaram uma prática de pesquisa que se

interessou em compreender a existência de uma cultura superior ou de

dominação sobre outra - a cultura popular e a importância da mídia sobre elas

levando em conta o entendimento das mensagens de acordo com o repertório

cultural dos locais de cultura. Faz parte dos Estudos Culturais pensarem que a

mensagem midiática está vinculada a significação, significado, sentidos e

apropriação deles através do pertencimento (a ideia de se pertencer a um

local).

Enfim, esperamos que você tenha gostado e entendido a proposta desse

estudo.

Se quiser conhecer mais sobre os Estudos Culturais, a bibliografia que

fornecemos no final do texto é bem específica.

Bom estudo!

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Referências

ESCOTEGUY, C. Estudos Culturais uma introdução- In: O que é, afinal,

Estudos Culturais? Organização e tradução de Tomás Tadeu da Silva- Belo

Horizonte: Autentica,1999.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade, tradução Tomás Tadeu

da Silva, Guaracira Lopes Louro. 3 ed. Rio de Janeiro: DP&A,1999.

HOHLFEDT, A. ; Martino, L. C.; França, V. V (orgs.). Teorias da

Comunicação-conceitos, escolas e tendências. 8 Ed. Petrópolis:Vozes,

2008.

MATTELART, A; NEVEU, E. Introdução aos Estudos Culturais. São Paulo:

Parábola Editorial. 2004.

MATTELART, A & MATTELART.M- História das Teorias da Comunicação.

São Paulo: Loyola, 1999.

POLISTCHUCK, I. &TRINTA, A. Teorias da Comunicação- O pensamento e a

pratica da Comunicação Social. RJ-UERJ. Editora Campus, 2003.

SCHULMAN, N. Centre for Contemporany Cultural Studies da Universidade de

Birmingham: uma história intelectual) In: O que é, afinal, Estudos Culturais?

Organização e tradução de Tomás Tadeu da Silva. Belo Horizonte:

Autentica,1999.

SILVA, T.T. da (Org e Trad.). O que é, afinal, Estudos Culturais? Belo

Horizonte: Autentica,1999.

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