Escola Secundria Homem CristoTeste de Portugus 12 ano
Leia, com ateno, o enunciado do teste. Responda, com clareza e correco, s questes que lhe so apresentadas. No se esquea de que, num teste de Portugus, no h lugar para esquemas nem para abreviaturas. Use a palavra!
Grupo I
Leia atentamente o seguinte texto:
Grupo II
Leia, atentamente, o texto a seguir transcrito.
5
10
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25() poesia e lirismo no se confundem: a poesia uma forma (que se ope prosa), o lirismo uma atitude de criao literria, um gnero literrio existente a par de outros como a narrativa e o drama. E, no entanto, apesar de no se confundirem, poesia e lirismo adequam-se. A atitude lrica encontra forma privilegiada na forma potica. Porqu?
O texto lrico no avana: esttico. Ao contrrio da narrativa que nos conta uma histria e dinmica, o poema lrico exprime emoes. Por ser dinmica, a narrativa adequa-se forma da prosa, que discursiva, sintagmtica. A lrica, por sua vez, encontra expresso preferencial na forma potica, que, por natureza, repetitiva, paradigmtica.
Segundo nos diz um artigo clssico de Jean Cohen, (...) o discurso potico um discurso emotivo (...) e por isso tendencialmente redundante, pois a redundncia no acrescenta informao, mas intensifica a emoo. Ao contrrio do que sucede na linguagem comum, onde a repetio produz um efeito desagradvel da agramaticalidade, no discurso potico lrico a redundncia um factor de intensidade afectiva (...).
Assim, a linguagem potica uma linguagem de intensidade e no de informao.
A emoo um elemento essencial da poesia lrica e relaciona-se com o estatismo lrico. Os recursos estilsticos que manifestam a sua presena so geralmente o tom exclamativo (...), as reticncias e o discurso pessoal (...).
E como a poesia lrica reenvia a uma ideologia e afectividade individuais, a subjectividade outra sua componente fundamental. comum dizer-se que o lirismo pressupe a interiorizao do real, e essa interiorizao implica que na apreenso lrica do real predomina o factor intuitivo sobre o lgico.
Mesmo nos poemas aparentemente votados descrio objectiva duma realidade exterior e no expresso duma vivncia interior, essa subjectividade est presente. (...)
Clara Crabb Rocha, "Didctica do texto potico", in Cadernos de Literatura n 10,
Instituto Nacional de Investigao Cientfica, 1981 (texto com supresses)
1. Para cada um dos quatro itens que se seguem (1.1., 1.2., 1.3. e 1.4.), escreva, na sua folha de respostas, a letra correspondente alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto.
1.1. Os vocbulos poesia e lirismoA. so os dois elementos essenciais para a expresso intensa da emoo e para a descrio objectiva da realidade.
B. reenviam, respectivamente, para o aspecto formal e para a atitude emotiva presentes num texto.
C. so palavras que possuem significados idnticos.D. so os vocbulos utilizados para distinguir o carcter esttico do carcter dinmico dos textos.
1.2. Os elementos que melhor distinguem o texto lrico soA. o estatismo, a redundncia e a descrio.B. o estatismo, o tom exclamativo e a objectividade.C. o estatismo, a subjectividade e a emotividade.D. o estatismo, a redundncia e a objectividade.1.3. Na frase Ao contrrio da narrativa que nos conta uma histria e dinmica, o poema lrico exprime emoes (linhas 6/7), o vocbulo que A. um pronome relativo.B. uma conjuno subordinativa temporal.C. uma conjuno subordinativa integrante.D. uma conjuno coordenativa adversativa.1.4. Analisando sintacticamente as frases O texto lrico () esttico (linha 6) e essa subjectividade est presente (linha 26), verificamos que o atributo:A. existe nas duas.B. no existe em nenhuma.C. existe apenas na primeira.D. existe apenas na segunda.2. Neste item, faa corresponder a cada um dos quatro elementos da coluna A um elemento da coluna B, de modo a obter afirmaes verdadeiras. Escreva, na sua folha de respostas, ao lado do nmero da frase, a alnea correspondente.B
a) a autora evidencia o contraste existente entre dois elementos.
Ab) a autora separa a orao subordinante da orao subordinada.
1) Com o recurso aos dois pontos [:] (linha 1),c) a autora introduz uma concluso do raciocnio at a exposto.
2) Ao usar a expresso Por ser dinmica (linha 7),d) a autora admite um facto contrrio ideia que expe, mas no suficiente para a invalidar.
3) Com a expresso por sua vez (linha 8),
e) a autora introduz uma explicao da ideia anteriormente apresentada.
4) Com o uso da conjuno Assim (linha 17),f) a autora apresenta a causa da ideia posteriormente expressa.
g) a autora apresenta aspectos acessrios relativamente ao tpico que se encontra a tratar.
Grupo III
Escolha um dos dois temas sugeridos:A. A partir das consideraes que se seguem sobre a poesia de Ricardo Reis, escritas pelo seu irmo Frederico Reis, e evocando a sua experincia de leitura, elabore um texto expositivo-argumentativo bem estruturado, de cento e cinquenta a duzentas palavras.
Resume-se a um epicurismo triste toda a filosofia da obra de Ricardo Reis. () A obra de Ricardo Reis, profundamente triste, um esforo lcido e disciplinado para obter uma calma qualquer.
in Fernando Pessoa Pginas ntimas e de Auto-interpretao
B. A entrevista, sendo uma tcnica de comunicao que pode apresentar vrias modalidades em funo dos domnios e das finalidades visadas, tem como principal objectivo a recolha de dados de informao e opinio sobre temas especficos.
Redija o guio de uma entrevista a realizar a Alberto Caeiro, com pelo menos seis perguntas, no esquecendo a necessidade de, numa breve introduo, expor as razes que motivaram a referida entrevista e fazer uma apresentao do entrevistado.
DOBRADA MODA DO PORTO
Um dia, num restaurante, fora do espao e do tempo,Serviram-me o amor como dobrada fria.Disse delicadamente ao missionrio da cozinhaQue a preferia quente,Que a dobrada ( e era moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.Nunca se pode ter razo, nem num restaurante.No comi, no pedi outra coisa, paguei a conta,E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?Eu no sei, e foi comigo...
( Sei muito bem que na infncia de toda a gente houve um jardim,Particular ou pblico, ou do vizinho.Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.E que a tristeza de hoje).
Sei isso muitas vezes,Mas, se eu pedi amor, porque que me trouxeramDobrada modo do Porto fria?No prato que se possa comer frio,Mas trouxeram-me frio.No me queixei, mas estava frio,Nunca se pode comer frio, mas veio frio.lvaro de Campos
GRUPO IA
1. O poema encerra uma narrativa alegrica e uma reflexo sobre a infncia. Delimita-as no poema e sintetiza o seu contedo.
2. Explicite as atitudes/ reaces do sujeito lrico face dobrada fria/ amor que lhe foi servida(o).
3. A oposio dobrada fria e dobrada quente diferencia dois tipos de infncias. Compare-as, servindo-se de expresses textuais.
4. Identifique a figura de estilo presente na ltima estrofe e explique a sua expressividade.
B
Contrariamente a Campos e ao Ortnimo, Ricardo Reis no vive a nostalgia da infncia, at porque ela seria contrria filosofia de vida que defende.
Fazendo apelo sua experincia de leitura, exponha, num texto de oitenta a cem palavras, fundamentado em referncias concretas poesia de Ricardo Reis, comente a afirmao acima apresentada.
GRUPO II
Leia o texto com ateno, antes de responder s questes de anlise lingustica que lhe so colocadas.
ABERTURA DO IV FORUM DA CRIANA
As crianas so o melhor que h no Mundo. Mas, para elas, infelizmente, no sempre assim.Ao longo da Histria, as crianas tm percorrido um caminho difcil e longo, exploradas tantas vezes sob as mais diversas formas, so frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.Hoje, e apesar de reconhecidas como sujeitos de direitos, muitas continuam a encontrar no mundo um lugar cruel, onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferncias que afectam o seu potencial de realizao, muitas vezes de forma irreversvel.Sabemos que estes processos dinmicos de crescimento e desenvolvimento, to prprios da criana, dependem de diversos factores, para que se faam de forma saudvel e harmoniosa. Entre eles, reconhecemos hoje, de forma unnime, a importncia da famlia enquanto espao de investimento afectivo e educacional.Assim, o direito da criana a ser educada pelos pais e a no ser deles separada, contra a vontade destes, salvo quando essa separao resulte necessria face ao superior interesse da criana, est consagrado quer a nvel do nosso direito interno, quer ao nvel do direito internacional, em importantes instrumentos como, por exemplo, a Conveno dos Direitos das Crianas. A famlia, como lugar frequente do exerccio da violncia sobre as crianas uma realidade ainda hoje. Ao mau trato fsico junta-se o mau trato emocional, a negligncia nos cuidados e, por vezes, o abuso sexual.A abordagem desta problemtica e a reorganizao e recuperao da clula familiar, ou, quando tal no possvel, o encaminhamento da criana para um projecto de promoo e proteco que assegure o seu superior interesse, uma tarefa de primordial importncia que envolve profissionais de diversas reas e que requer, por parte da comunidade, uma resposta clere e tempestiva.Nesse sentido, fundamental que cada um de ns, enquanto cidado e enquanto profissional, conhea o papel que lhe cabe na promoo dos direitos da criana e na sua defesa e proteco.Interveno do presidente do Governo Regional dos Aores, Carlos Csar
Vila Franca do Campo, 5 de Junho de 2003
1. Identifique se as afirmaes so verdadeiras ou falsas, registando na sua folha de prova a alnea, sguida de (V) ou (F).
Afirmaesa) A frase: As crianas so o melhor que h no Mundo ( l. 1) apresenta uma situao com valor aspectual habitual.
b) A frase: so frequentemente incompreendidas e desvalorizadas. ( l. 3) apresenta uma situao com valor aspectual iterativo.
c) A frase: ... continuam a encontrar no mundo um lugar cruel.... ( l. 4-5) apresenta uma actividade em fase de desenvolvimento inceptivo.
d) A frase: ... o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferncias....( l.5) exprime um aspecto lexical de evento.
e) A frase: ... o direito da criana a ser educada pelos pai ... ( l.10-12) est consagrado quer a nvel do nosso direito interno...exprime um aspecto lexical de processo/ actividade.
f) A frase: ... requer, por parte da comunidade, uma resposta clere e tempestiva. ( l. 18-19) exprime um aspecto gramatical imperfectivo.
2. Escreva na sua folha de teste o nmero da coluna A e a alnea correspondente da coluna B, de modo a obter afirmaes verdadeiras.A B
1. Na expresso ...como sujeitos de direitos... ( l. 4)
a) verifica-se um mecanismo de coeso lexical atravs de uma anfora pronominal que tem como antecedente processos dinmicos.
2. Na expresso ...Entre eles, reconhecemos hoje...( l. 8)
b) verifica-se um mecanismo de coeso interfrsica atravs de uma orao subordinada temporal.3. A frase ...onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferncias ... ( l. 5)c) verifica-se um mecanismo de coeso lexical atravs de uma anfora pronominal que tem como antecedente diversos factores.
4. A frase ... que estes processos dinmicos de crescimento e desenvolvimento, to prprios da criana, dependem de diversos factores, ... ( l. 7-8)d) verifica-se um mecanismo de coeso interfrsica atravs de uma orao subordinada completiva.e) verifica-se um mecanismo de coeso lexical atravs de uma anfora nominal que tem como antecente crianas.f) verifica-se um mecanismo de coeso interfrsica atravs de uma orao subordinada relativa.
GRUPO III
Leia atentamente o perodo do texto seguinte:
Ao longo da Histria, as crianas tm percorrido um caminho difcil e longo, exploradas tantas vezes sob as mais diversas formas, so frequentemente incompreendidas e desvalorizadas.Hoje, e apesar de reconhecidas como sujeitos de direitos, muitas continuam a encontrar no mundo um lugar cruel, onde o seu crescimento e o seu desenvolvimento ocorrem cheios de interferncias que afectam o seu potencial de realizao, muitas vezes de forma irreversvel.Interveno do presidente do Governo Regional dos Aores, Carlos CsarVila Franca do Campo, 5 de Junho de 2003
Num texto expositivo-argumentativo, de duzentas e cinquenta (250) a trezentas (300) palavras, posicione-se sobre a tese apresentada na citao que acabou de ler. Para fundamentar o seu ponto de vista, recorra, no mnimo, a dois argumentos, ilustrando cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.
GRUPO I
1. A alegoria que enforma o poema Dobrada Moda do Porto delineia-se narrativamente na seguinte realidade concreta, presente nas duas primeiras estrofes: o sujeito potico vai a um restaurante e servem-lhe dobrada fria, recusa-a e pede-a quente. Contudo, no atendido o seu pedido impacientaram-se comigo, no a come, paga a conta e sai do restaurante.A realidade abstracta est desde logo no segundo verso na comparao, a dobrada um simbolo artstico e literrio para se referir a amor serviram-me o amor..., mas tambm na contextualizao espacio temporal Um dia.... fora do espao e do tempo, logo uma realidade vivida interiormente, num tempo e espao psicolgico, os da criatividade artstica.
2. Atitude do sujeito lrico: a recusa delicada, sem protesto (v.3), (v.21), revolta silenciosa, resignao (v.8)
3. Dobrada fria associa-se infncia do sujeito potico. Foi servida no restaurante, que metfora alegrica da sua casa natal, um espao de transao comercial, o missionrio da cozinha e todos os que se impacientaram todos os que lhe deveriam ter dado afectos, sobretudo familiares. no fundo a infncia que, na dimenso valorativa do conceito, no teve, ou, caso a tenha tido, a v agora, perturbado pela angstia existencial e pelo tdio, como negativa E que a tristeza de hoje.A Dobrada quente, a que preferia, porque assim deve ser servida, o amor sincero, altrusta, sem espera de trocas, recompensas.Esta ltima Dobrada a que sabe ter existido na infncia de toda a gente , marcada pela alegria do jardim onde as crianas brincam.
4. Anfora, repetio ( do advrbio de negao, do adjectivo frio/fria ).Refora a negatividade da infncia rejeitada, insistncia, obsesso do sujeito potico, tom irnico.
A
Reis prope uma filosofia de vida, baseada no equilbrio, na moderao, que totalmente contrria expresso da nostalgia de um passado, incluindo o da infncia.Numa das suas odes faz mesmo o confronto entre aqueles que com olhos postos no passado, vem o que no vem e aqueles que obcecados pelo futuro vem o que no pode ver-se. Assim sendo, incentiva-nos a viver o presente, a colher o dia, Carpe diem, mas evitando, amores, paixes, odios, alerta bem notrio no poema vem sentar-te comigo ,Ldia, beira do rio. a conscicia da inevitabilidade da morte, decidida pelo Fado, que est mais longe que os prprios Deues e o sentimento da fugacidade da vida, que o levam a persuadir-nos da apatia, e da ataraxia que a vida nos exige, aceit-la de mos abertas, pagos e tristes e com flores no regao , norteados pelos ensinamentos do Epicurismo e do Estoicismo.As flores, os rios, a natureza em geral, so os melhores exemplos onde podemos aprender a aceitar felizes o nosso destino.
GRUPO II
1.
a) Fb) Vc) Fd) Ve) Ff) V2.
1. e2. c3. f4. dPAGE 1