Pg
1
TÍTULO: MAPEAMENTO DO SISTEMA DE LOGÍSTICA
REVERSA DAS EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS UTILIZADAS NO
MUNICÍPIO DE CAMBORIÚ - SC
Aline Pereira Gomes – [email protected]
Universidade do Vale do Itajaí
Rua Uruguai, 458
88302-202 – Itajaí - SC
Rafaela Picolotto, Esp. – [email protected]
Universidade do Vale do Itajaí
Resumo: A preocupação com o destino das embalagens de agrotóxicos é crescente em decorrência da
grande utilização e das consequências danosas que esses produtos podem causar. O objetivo deste
trabalho é mapear o sistema de logística reversa das embalagens de agrotóxicos utilizadas no
Município de Camboriú – SC. Para isso foram definidos grupos amostrais de usuários de agrotóxico
do Município e a partir deles identificados os outros componentes do sistema de logística reversa das
embalagens de agrotóxicos. Para cada elo do sistema de logística reversa encontrado, foi elaborado e
aplicado um questionário referente à gestão das embalagens. Todas as perguntas foram baseadas nas
legislações anteriormente levantadas que apresentam as obrigações de cada elo do sistema de
logística reversa. A partir da análise dos questionários foi elaborado um breve diagnóstico da
logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos e seu mapeamento.
Palavras-chave: Política Nacional de Resíduos Sólidos, Pesticidas, Logística Reversa.
MAPPING SYSTEM OF THE REVERSE LOGISTICS OF PESTICIDE
CONTAINERS IN THE MUNICIPALITY OF CAMBORIÚ - SC
Abstract: Concern for the fate of pesticide containers is increasing due to extensive use and the
harmful consequences that these products can cause. The objective of this study is to map the system
of the reverse logistics of these used pesticide containers in the city of Camboriu - SC. Sample groups
of users of pesticide containers were defined and they identified components of the life cycle of
pesticide containers to be analyzed. For each aspect of the reverse logistics, we developed and
executed a questionnaire concerning the management and oversight of the packaging. All the
questions were based on laws that have previously included the obligations of stakeholders involved in
the life cycle of these pesticide products. From the analysis of the questionnaire, a brief mapped-out
diagnosis of the reverse logistics of the pesticide containers was prepared.
Keywords: National Solid Waste Program, Pesticides, Reverse Logistics.
Pg
2
1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional mundial, associado ao desenvolvimento desenfreado da
economia, faz com que o meio ambiente seja afetado drasticamente de várias formas. Neste contexto,
um dos muitos problemas que surgiram foram aqueles relacionados aos resíduos sólidos e resíduos
perigosos (BARTHOLOMEU et al., 2011).
Os impactos negativos associados ao uso de agrotóxicos e manuseio incorreto de suas
embalagens são muitos e estudos confirmam que baixos níveis de exposição podem causar sérias
doenças e desordens na saúde, incluindo câncer, dano no sistema nervoso, sistema reprodutivo e
outros órgãos, também anormalidades no desenvolvimento e comportamento, disfunção hormonal e
disfunção do sistema imunológico. (SILVA; FAY, 2004).
No do Paraná foram cadastrados 512 hospitais com informantes diretos, de agosto de
1982 a março de 1983 e nesse período foram comunicados 1.504 casos de intoxicação, com 49 óbitos
por acidentes e 24 óbitos por suicídio (SIQUEIRA et al., 1983 apud RÜEGG et al., 1986).
As embalagens de agrotóxicos também são descartadas incorretamente no meio ambiente
e tendo resíduos do produto provocam problemas de contaminação do solo e rios. Atualmente o Brasil
produz cerca de 115 milhões de embalagens para 250 mil toneladas de agrotóxicos, em função deste
volume e os riscos associados ao descarte incorreto das embalagens, é necessário que haja uma
preocupação comeste descarte aleatório no meio ambiente (MACÊDO, 2002).
Para evitar impactos ao meio ambiente e na saúde da população é necessário que algumas
medidas sejam tomadas, sendo a destinação final das embalagens de agrotóxicos uma alternativa para
minimizar os riscos de contaminação nas propriedades e no meio ambiente.
Para orientar todos os envolvidos na logística reversa das embalagens de agrotóxicos e
garantir sua correta destinação, é necessário seguir algumas leis, sendo a mais recente delas e de
grande relevância a Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010 que institui a Política Nacional dos Resíduos
Sólidos (PNRS), altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, e dá outras providências. A PNRS
delega responsabilidades entre os elos do sistema de logística reversa e um dos seus instrumentos é o
sistema de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. De acordo com a Lei, os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de agrotóxicos, seus resíduo e embalagens são obrigados a implementar
sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.( BRASIL,
2010). Existem ainda legislações mais antigas de âmbito federal e estadual que foram instituídas
exclusivamente para a questão dos agrotóxicos.
O objetivo deste trabalho é realizar o mapeamento do sistema de logística reversa das
embalagens de agrotóxicos utilizadas no Município de Camboriú – SC.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Requisitos legais
Na evolução da legislação ambiental brasileira, a PNRS é muito recente, instituída
somente em 2 de agosto de 2010 pela Lei nº 12.305. Esta reúne um conjunto de princípios, objetivos,
instrumentos, diretrizes, responsabilizando os geradores e o poder público e abrangendo sobre resíduos
perigosos.
Os objetivos da PNRS mais específicos à questão das embalagens de agrotóxicos são:
redução do volume e da periculosidade os resíduos perigosos; estímulo à implementação da avaliação
do ciclo de vida do produto; incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos
sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético.
É importante ressaltar seu Art. 33. onde “São obrigados a estruturar e implementar
sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
Pg
3
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de:
I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos
cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as
regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou
regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA (Sistema
Nacional de Meio Ambiente), do SNVS (Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária) e do SUASA, (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade
Agropecuária) ou em normas técnicas.”
É estabelecido ainda que caiba aos fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de agrotóxicos e outros resíduos específicos, tomar todas as medidas necessárias para
assegurar a implementação e operacionalização do sistema de logística reversa sob seu encargo,
através de normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA e do SNVS, ou em acordos setoriais e
termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial, podendo, entre outras
medidas: implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados; disponibilizar posto
de entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis e atuar em parcerias com cooperativas ou outras
formas de associação.
O Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010 regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de
agosto de 2010, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial
da Política Nacional dos Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a implantação dos Sistemas de
Logística Reversa, e dá outras providências.
Existe ainda a Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989, exclusiva para agrotóxicos,
que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o
armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação,
o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Esta Lei teve
alterações importantes em seus artigos e parágrafos incluídos sobre embalagens de agrotóxicos pela
Lei nº 9.974, de 6 de junho de 2000.
O Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002, regulamenta a Lei nº 7.802, de 11 de julho
de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o
transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.
2.2. Embalagens de agrotóxicos
Neste item serão abordados: os tipos de embalagens comercializadas, sua classificação em
laváveis e não laváveis e sua segregação.
Tipos de embalagens comercializadas De acordo com Macêdo (2002), as embalagens de agrotóxicos podem ser classificadas em
embalagens rígidas, embalagens flexíveis e embalagens coletivas.
As embalagens rígidas podem ser classificadas quanto a matéria-prima, como mostrado
no Quadro 1 a seguir:
Quadro 1 - Tipo de embalagem rígida quanto à matéria prima e seu destino
Tipo Composição Destino
Metal
Aço
Folha de flandres
Alumínio
Tarugos de aço
Vergalhões
Alumínio reciclado
Plástico
PEAD – Polietileno de alta densidade
COEX – Polietileno co-extrudado multicamada
PET – Polietileno tereftalato
Condúites
Condúites
Fios para escovas e carpetes
Pg
4
Vidro Vidro Vidro
Fibrolata Aparas de madeira Queima
Fonte: ANDEF (2002) apud MACÊDO (2002).
As embalagens flexíveis também podem ser classificadas quanto a matéria prima, como
apresenta o Quadro 2:
Quadro 2 - Tipo de embalagem flexível quanto à matéria prima e seu destino.
Tipo Composição Destino
Papelão Celulose Queima
Papel Multifolhado Celulose Incineração
Cartolina Celulose Queima
Plástico PEBD – Polietileno de baixa densidade Incineração
Mista
Papel + plástico metalizado
Papel + alumínio plastificado
Papel plastificado
Incineração
Alumínio reciclado / Incineração
Incineração
Fonte: ANDEF (2002) apud MACÊDO (2002).
A embalagem hidrossolúvel é feita de um tipo especial de plástico hidrossolúvel e possui
dosagem determinada a ser depositada diretamente dentro do recipiente. Ao ter contato com a água, a
embalagem dissolve-se completamente em 1 ou 2 minutos, evitando a exposição do operador ao
produto. O saco hidrossolúvel ainda apresenta dispositivo externo de proteção que evita problemas
durante o transporte ou estocagem dos produtos e representa o principal avanço tecnológico no campo
das embalagens para produtos fitossanitários (ALENCAR et al., 1998 apud VERAS, 2004).
As embalagens coletivas são para acondicionar os demais tipos de embalagens,
geralmente compostas por papelão e não possuem contato direto com a formulação do produto, sendo
consideradas apenas para o transporte.
Classificação das embalagens de agrotóxicos As embalagens de agrotóxicos podem ser classificadas em embalagens laváveis e
embalagens não laváveis.
As embalagens de agrotóxicos que podem ser lavadas são as embalagens rígidas
(metálicas, plásticas, de vidro, fibrolatas, de fibra aglomerada ou de outro material rígido) vazias não
perigosas, que contiveram formulações de agrotóxicos diluídas em água e quando submetidas aos
adequados procedimentos de lavagem interna, apresentem na água de lavagem final uma concentração
em ingrediente ativo do produto originalmente acondicionado, menor que100 ppm (NBR 13698,
1997).
De acordo com a NBR 13968:1997, a classificação das embalagens vazias lavadas de
agrotóxicos como não perigosas tem por objetivos principais agilizar o transporte e
a armazenagem destas até o usuário final da embalagem, responsável pela sua destinação correta e
segura.
As embalagens não laváveis, segundo a NBR 14935 de 2003, são aquelas que
acondicionam formulações de agrotóxicos não miscíveis nem dispersíveis em água, ou não a utilizam
como veículo de pulverização, e que não podem ser lavadas conforme estabelecido na NBR 13968. É
incluído nessa definição as embalagens flexíveis contaminadas e as embalagens secundárias não
contaminadas, rígidas ou flexíveis.
As embalagens rígidas que não utilizam água como veículo de pulverização são de
produtos para tratamento de sementes, Ultra Baixo Volume (UBV) e formulações oleosas. As
embalagens flexíveis segundo a mesma Norma são sacos ou saquinhos plásticos, de papel,
metalizadas, mistas ou de outro material flexível. As embalagens secundárias podem ser rígidas ou
flexíveis que acondicionam as embalagens primárias (aquelas que entram em contato direto com as
formulações de agrotóxicos), elas não entram em contato direto com o agrotóxico sendo consideradas
Pg
5
não contaminadas e não perigosas, podendo ser enquadradas nos procedimentos de destinação final de
embalagens lavadas, estabelecidos na NBR 14719.
Segregação das embalagens A segregação das embalagens deve ocorrer nas unidades de recebimento do sistema de
logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos, sendo inicialmente inspecionadas e separadas
em lavadas e não lavadas.
Segundo INPEV (2012), após esta classificação, as embalagens não lavadas são
segregadas das demais e as lavadas são separadas quanto ao tipo, podendo ser divididas em quatro
materiais diferentes: PET, Pead Mono, PP, Coex e Embalagem Metálica.
A separação das embalagens pelo tipo é norteada por siglas e uma numeração específica
que é reconhecida mundialmente.
De acordo com o tipo de substância plástica ou metálica empregada na composição das
embalagens será determinado o material que pode ser produzido após a reciclagem (INPEV, 2012).
2.3. Logística reversa das embalagens de agrotóxicos
A logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos é de pós-consumo e são
realizadas por imposição legal, através da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.
Segundo levantamento realizado pelo INPEV, do início do ano até setembro de 2012,
foram retirados do meio ambiente mais de 28 mil toneladas do material em todo o país. Resultado 5%
maior do que o índice obtido no ano anterior.
Elos do sistema de logística reversa Os atores envolvidos na logística reversa das embalagens de agrotóxicos são o agricultor,
os canais de distribuição, a indústria e o poder público, serão descritas as suas responsabilidades a
seguir.
O primeiro responsável pela logística reversa das embalagens de agrotóxicos é o usuário
que, após o uso do produto deve lavar a embalagem, inutilizá-la através de furos feitos na base da
mesma, armazená-la temporariamente na propriedade em local arejado e longe do alcance de crianças
ou animais, entregar na unidade de recebimento indicada na nota fiscal até um ano após a compra e
guardar os comprovantes da entrega das embalagens por pelo menos um ano (INPEV, 2012).
Segundo INPEV (2012), a lavagem das embalagens deverá ser feita através da tríplice
lavagem ou lavagem sob pressão, sendo indispensável o uso de Equipamentos de Proteção Individual
(EPI) nos dois procedimentos.
A tríplice lavagem consiste em, após esvaziar totalmente a embalagem no tanque do
pulverizador, encher ¼ da embalagem com água e agitar por 30 segundos, revertendo esse conteúdo
no tanque pulverizador, repetindo esse processo mais duas vezes.
A lavagem sob pressão é aquela que, após o esvaziamento da embalagem, deve-se
encaixar o recipiente no local apropriado do funil instalado no pulverizador, acionar o mecanismo para
liberar o jato de água limpa, direcionando o mesmo para todas as paredes internas da embalagem por
30 segundos e, finalmente, transferindo essa água da embalagem para dentro do tanque pulverizador.
Os canais de distribuição ou de comercialização são compostos pelos estabelecimentos
agropecuários que podem também ser cooperativas e as unidades de recebimento, que podem ser
postos ou centrais de recebimento.
A responsabilidade dos estabelecimentos agropecuários é baseada no Decreto nº 3.657 de
2005, que devem dispor de instalações adequadas para o recebimento das embalagens, fazer constar na
nota fiscal o local de devolução das embalagens e no receituário, emitir um comprovante de devolução
de embalagem aos usuários e junto com o poder público realizar campanhas de conscientização com
os usuários.
Os postos de recebimento, segundo INPEV (2012) terão que realizar a inspeção e
classificação das embalagens entre lavadas e não lavadas e emitir ordem de coleta quando necessário
Pg
6
para que o INPEV providencie o transporte das embalagens vazias para as centrais de recebimento ou
para incineração.
De acordo com uma lista do INPEV atualizada em novembro de 2012 de postos de
recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos, o Estado de Santa Catarina possui cinco postos de
recebimento, localizados nos Municípios de Campo Erê, Curitibanos, Santo Amaro da Imperatriz, São
Joaquim e Xanxerê.
As centrais de recebimento são responsáveis pela inspeção e classificação das embalagens
por tipo de matéria prima (Pet, Coex, Pead Mono, Metálica, papelão), compactação das embalagens
por tipo de material e emissão de ordem de coleta para que o INPEV providencie o transporte para o
destino final (INPEV, 2012).
De acordo com uma lista atualizada em novembro de 2008 pelo INPEV, o Estado de
Santa Catarina possui um total de 6 centrais de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos,
localizadas nos Municípios de Araranguá, Aurora, Campos Novos, Chapecó, Mafra e Tangará.
As indústrias têm a responsabilidade de recolher as embalagens vazias que foram
devolvidas às unidades de recebimento e dar correta destinação final a elas, também é de sua
responsabilidade orientar e conscientizar o agricultor para que tome consciência da importância do
retorno da embalagem (INPEV, 2012).
De acordo com o Decreto nº 3.657 de 2005 a reutilização das embalagens de agrotóxicos,
seus componentes e afins, é exclusiva dos fabricantes, quando aprovada pelos órgãos federais
competentes no processo de registro. Sendo assim, é vetada aos usuários, comerciantes, distribuidores,
cooperativas ou prestadoras de serviços qualquer utilização desses componentes.
O INPEV representa a indústria fabricante, retirando as embalagens vazias que foram
devolvidas nas unidades de recebimento e as enviando para a correta destinação – reciclagem ou
incineração.
Atualmente só existem instaladas empresas de reciclagem nos Estados do Mato Grosso,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo e empresas incineradoras nos Estados de São Paulo,
Rio de Janeiro e Bahia.
2. METODOLOGIA
3.1. Área de estudo
O Município de Camboriú – SC fica situado a leste do Estado de Santa Catarina e
encontra-se localizado entre as latitude 27º01’31” sul e a uma longitude 48º39’16” oeste (IBGE,
2010),com localização mostrada na Erro! Fonte de referência não encontrada.1.
Figura 1 – Localização do Município de Camboriú – SC.
Pg
7
O Município de Camboriú – SC possui uma área de 214,5 [km²] e possui seu zoneamento
definido a partir da Lei Complementar nº 16 de 2008 que divide o território em 12 unidades
territoriais. A área de estudo da pesquisa se limitou a ZMR – Zona Multifuncional Rural, ZTUR -
Zona de Transição Urbano-Rural e ZEE2 - Zona de Expansão Especial 2.
3.2. Definição dos grupos amostrais
Os grupos amostrais foram definidos de acordo com cada elo do sistema de logística
reversa das embalagens de agrotóxicos, sendo eles: usuários, canais de distribuição, compostos por
estabelecimentos agropecuários e unidades de recebimento de embalagens vazias (postos e centrais de
recebimento). Existe ainda a indústria que compõe o último elo dessa cadeia, que não foi contatado
por considerar que conhecendo e analisando todos os caminhos até a embalagem chegar a ela já seria
suficiente para propor melhorias na cadeia de logística reversa como um todo.
O universo amostral dos usuários foi determinado pelas atividades agrícolas que utilizam
agrotóxicos no Município. Ficou definido que dos agricultores, os abrangidos na pesquisa são os
produtores de arroz (rizicultores) e de hortaliças (olericultores), que englobam culturas folhosas,
raízes, bulbos, tubérculos, frutos diversos, pois são os que mais utilizam agrotóxicos e possuem maior
representatividade no Município. A princípio o objetivo era realizar as entrevistas apenas aqueles que
usavam agrotóxicos para algum tipo de cultivo, como arroz e hortaliças, mas em conversa com alguns
agricultores no decorrer da pesquisa, foi percebido que há grandes problemas nos moradores da área
rural que utilizavam herbicidas apenas pra uso domiciliar e na manutenção de pastagem, esses dois
usos são chamados de capina química, houve o relato de que é frequente após chuvas fortes descerem
embalagens de Roundup e Tordon pelo rio. Devido a isso, foram entrevistados alguns usuários de
agrotóxicos que não são agricultores, mas que fazem a capina química no domicílio, como em volta da
casa, no caminho entre as pedras e no pasto para controlar a quantidade de plantas competidoras que
não servem de alimento para o gado.
A amostragem dos usuários foi feita de forma aleatória onde todos os indivíduos da
população possuíram a mesma probabilidade de serem selecionados.
A partir dos locais de compra dos usuários foi definido o universo amostral dos canais de
distribuição representados pelas agropecuárias e da mesma forma que das agropecuárias se chegou às
unidades de recebimento (postos e centrais de recebimento) totalizando.
3.3. Levantamento de dados
O levantamento de dados foi feito através de entrevistas realizadas in loco, o período que
se estendeu a análise documental e registro fotográfico foi de 21 de março a 14 de maio de 2013 entre
todos os envolvidos.
Aos agricultores/usuários foram feitas as entrevistas (Tabela 1), com o objetivo de
conhecer o seu perfil, caracterizar a propriedade, analisar a conformidade da gestão das embalagens no
campo com a legislação levantada e conhecer a sua percepção com relação ao assunto.
Tabela 1 - Questionário realizado com os usuários de agrotóxicos da área rural de Camboriú – SC.
QUESTIONÁRIO REALIZADO COM OS USUÁRIOS DE AGROTÓXICOS DAS
PROPRIEDADES RURAIS DE CAMBORIÚ – SC
Data
Local da entrevista
CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS AGROTÓXICOS
7 - Onde é realizada a compra de agrotóxicos?
8 - A compra é feita com receituário agronômico?
9 - No momento da compra é recebida uma nota fiscal com a indicação de onde
devolver a embalagem? Esta indicação está também no receituário?
10 - Quais os tipos de agrotóxicos usados na propriedade?
11 - É utilizada a dose recomendada no receituário?
Pg
8
12 - É utilizado EPI na aplicação? Que tipo de EPI é usado?
13 - Em que época é realizada a aplicação?
MANEJO DAS EMBALAGENS VAZIAS
14 - São utilizadas embalagens laváveis na propriedade?
15 - Após o uso dos agrotóxicos, as embalagens laváveis são lavadas? Como é feita
essa lavagem?
16 - São utilizadas embalagens não laváveis na propriedade? De que tipo?
17 - Após serem lavadas ou não, onde são armazenadas essas embalagens?
18 - Por quanto tempo ficam armazenadas na propriedade?
19 - São destinadas corretamente de acordo com a indicação na nota fiscal ou
receituário?
20 - Como é realizado o transporte das embalagens até o local de devolução?
21 - Existe algum tipo de assistência técnica a respeito dos procedimentos que devem
ser realizados com as embalagens após o uso?
PERCEPÇÃO DO AGRICULTOR
22 - Você acha importante que haja a logística reversa das embalagens de agrotóxicos?
Por quê?
23 - O que poderia ser feito para incentivá-los a devolver as embalagens vazias, se não
é realizado?
24 - Há planos de diminuir ou cessar o uso do agrotóxico e começar a produzir
alimentos orgânicos, visto que o mercado está cada dia mais receptivo a essa prática?
Os canais de distribuição representados pelas agropecuárias que no total foram 7, foram
feitas as entrevistas (Tabela 2) in loco em cinco delas e duas, de Massaranduba e Brusque foi via
telefone. Esta entrevista teve o objetivo de analisar se está ocorrendo o retorno das embalagens aos
estabelecimentos, como essas embalagens são gerenciadas no estabelecimento, qual o percentual de
retorno e para onde são levadas.
Tabela 2 - Questionário realizado com os canais de distribuição (agropecuárias).
QUESTIONÁRIO REALIZADO COM OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO – Estabelecimentos
Agropecuários
Data
Local da entrevista
CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
1 - Há quanto tempo funciona esse estabelecimento?
2 - Possuem licença ambiental e registro nos órgãos competentes?
3 - É disponibilizado um local de recebimento das embalagens vazias?
4 - Na venda do produto é informado ao agricultor o local onde a embalagem deverá
ser devolvida?
5 - É indicado na nota fiscal ou receituário esse local?
6 - Na devolução da embalagem é emitido um comprovante de devolução para o
agricultor?
7 - É dada orientação ao agricultor para que o mesmo se torne consciente da
importância de se devolver as embalagens vazias?
CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ARMAZENAMENTO
8 - As embalagens vazias ficam armazenadas por quanto tempo nesse local?
9 - Esse local de armazenamento das embalagens vazias é gerenciado corretamente?
CONTROLE DAS AMBALAGENS
10 - As embalagens são encaminhadas a algum tipo de unidade de recebimento? Qual?
11 - Em média, qual o percentual de retorno de embalagens vazias com relação ao que
é vendido?
12 - É implementado em colaboração com o Poder Público e empresas fabricantes,
Pg
9
programas educativos e mecanismos de controle e estímulo à lavagem e devolução das
embalagens vazias pelos usuários?
Os canais de distribuição representados pelas unidades de recebimento foram
identificados através de perguntas feitas aos estabelecimentos agropecuários, compostos por um posto
de recebimento e três centrais de recebimento de embalagens vazias sendo feitas as entrevistas (Tabela
3) no local, apenas no posto de recebimento, que fica localizado em Santo Amaro da Imperatriz, toas
as centrais de recebimento foram contatadas e feitas as entrevistas via telefone ou e-mail. Este
questionário teve o objetivo de analisar os procedimentos realizados em cada unidade de recebimento.
Tabela 3 - Questionário realizado com os canais de distribuição (unidades de recebimento).
QUESTIONÁRIO REALIZADO COM OS CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO – Postos e Centrais
de Recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos
Data
Local da entrevista
CARACTERIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
1 - Há quanto tempo funciona a Associação?
2 - Possuem as licenças ambientais e registros no órgão competentes?
3 - Qual a área de abrangência do recebimento das embalagens?
4 - Na devolução da embalagem é emitido um comprovante de entrega?
CARACTERIZAÇÃO DO GERENCIAMENTO DAS EMBALAGENS E LOCAL DE
ARMAZENAMENTO
5 - Ao chegar, as embalagens são inspecionadas?
6 - Como é feita a segregação das embalagens que chegam?
7 - O que é feito com cada tipo de embalagem?
8 - Como as embalagens são armazenadas? Esse local de armazenamento das
embalagens vazias é gerenciado corretamente?
9 - Para realização desses procedimentos é utilizado EPI?
10 - As embalagens vazias ficam armazenadas por quanto tempo nesse local?
CONTROLE DAS AMBALAGENS
Em média, quais as quantidades de embalagens (por tipo) recebidas pela associação
por mês ou ano?
Quais são os destinos dessas embalagens (por tipo)?
É implementado em colaboração com o Poder Público e empresas fabricantes,
programas educativos de estímulo à devolução das embalagens pelos agricultores? De
quanto em quanto tempo?
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Usuários de agrotóxicos
Ao todo foram entrevistados 56 usuários de agrotóxicos no Município de Camboriú – SC,
agrupados por finalidade de uso como mostra a Tabela 4.
Tabela 4 - Número de usuários para cada finalidade de uso de agrotóxicos do Município de Camboriú
– SC.
Finalidade de uso do agrotóxico Número de usuários
Rizicultura 22
Olericultura 10
Domiciliar 18
Domiciliar + pasto 6
Total de usuários entrevistados 56
Pg
10
Locais de abrangência da pesquisa Os questionários foram aplicados em seis localidades do Município de Camboriú - SC,
sendo estes: Macacos, Cerro, Morretes, Rio Pequeno, Rio do Meio e Braço. As localidades Macacos,
Cerro, Rio do Meio e Braço ficam localizadas na ZMR – Zona Multifuncional Rural, a localidade
Morretes na ZTUR - Zona de Transição Urbano-Rural e o Rio Pequeno fica na ZEE2 - Zona de
Expansão Especial 2.
A ZMR é onde há o predomínio do cultivo de arroz pela baixa altitude e proximidade dos
rios que favorecem os alagamentos e o desenvolvimento da cultura.
Destino das embalagens O perfil de destino das embalagens não é traçado pelo tipo de usuário de acordo com a
finalidade de uso, mas de acordo com o local de compra do produto, pois dentro do mesmo uso,
domiciliar ou domiciliar mais pasto, foi encontrado um maior descarte incorreto das embalagens
somente naqueles que realizaram a compra em um estabelecimento em específico.
A Figura 2 apresenta o destino das embalagens vazias de agrotóxicos divididas em
correto ou incorreto.
Figura 2 - Destino das embalagens vazias
De acordo com a Figura 2 os rizicultores são o grupo amostral que possui a maior
quantidade e diversidade de embalagens utilizadas, e 100% delas de alguma forma retornam até a
agropecuária. Em seguida os olericultores representam o segundo grupo amostral onde mais se utiliza
embalagens por ano dentro dos que foram pesquisados e cerca de 10% dos usuários desse grupo
descartam as embalagens no lixo comum. Esse alto índice de retorno desses dois grupos se deve à uma
maior cobrança das agropecuárias com os usuários, já que eles vão gerar uma quantidade maior de
embalagens vazias de agrotóxicos que os outros grupos amostrais. No uso domiciliar, a maior parte
dos entrevistados realiza a destinação incorreta de suas embalagens de agrotóxicos, 55,6% e no uso
domiciliar mais pasto apenas 16,7% apresentaram destinação incorreta das embalagens. O grupo
amostral de uso domiciliar e uso domiciliar mais pastagens geram em média por ano uma pequena
quantidade de embalagens vazias, porém a quantidade de usuários que se enquadram nesses grupos é
bastante grande dentro do Município, devendo haver um olhar especial para esses usuários.
Locais de compra de agrotóxicos A compra de agrotóxicos aconteceu em sete estabelecimentos diferentes, porém um deles
no momento da pesquisa já não vendia mais agrotóxicos, em função disso ele não foi incluído nos
dados da pesquisa, pois não faz mais parte de um dos elos da logística reversa das embalagens.Foram
feitas ainda visitas a outras agropecuárias de Camboriú que não foram identificadas a partir do relato
de compra pelos usuários, mas por estarem localizadas no Município e haver a necessidade de saber se
elas realizavam vendas desses produtos. Foram visitados mais quatro estabelecimentos no Município,
fora os dois que realizam vendas para alguns usuários e verificado que um desses quatro vendia um
100,0 90,0
44,4
83,3
10,0
55,6
16,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Rizicultura Olericultura Domiciliar Domiciliar + Pasto
Pe
rce
ntu
al (
%)
Grupos amostrais
Correto Incorreto
Pg
11
tipo de agrotóxico (Roundup), neste estabelecimento também foi aplicado o questionário. As
agropecuárias foram nomeadas por letras para evitar exposição, sendo elas: A – Tijucas; B – Tijucas;
C – Camboriú; D – Itajaí; E – Camboriú (sem compra dos usuários pesquisados); F – Massaranduba e
G – Brusque. Os estabelecimentos D e F são cooperativas.
A Figura 1 apresenta os locais de compra de agrotóxicos relacionados aos usuários de
Camboriú – SC.
Figura 1 - Locais de compra dos agrotóxicos pelos usuários do Município de Camboriú, SC.
Como pode se observar na Figura 1, a agropecuária que mais realiza vendas no Município
é a D, localizada em Itajaí, é a única que vende para todos os grupos de usuários. Nela ocorrem um
percentual de 56,8% de vendas para os rizicultores e de 83,3% para o uso domiciliar mais pasto. A
segunda agropecuária que realiza mais vendas no Município é a B de Tijucas, seguida da agropecuária
C, de Camboriú. O estabelecimento de Tijucas (A) só realiza vendas para a rizicultura, cerca de 18,2%
de vendas, sendo o segundo maior percentual para o grupo dos rizicultores.
Incentivo de devolução
A Figura 4 apresenta a opinião dos agricultores que não realizam a devolução das
embalagens a respeito do que poderia ser feito para que eles comecem a devolver. Os usuários da
rizicultura não responderam a esse item, pois todas as embalagens que usam são retornadas para a
agropecuária.
Figura 4 - Incentivo de devolução para os usuários de agrotóxicos que não devolvem as embalagens do
Município de Camboriú, SC.
18,2 13,6
56,8
9,1 2,3
65,0
5,0
30,0
2,8
50,0 41,7
5,6
16,7
83,3
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
Tijucas (A) Tijucas (B) Camboriú (C) Itajaí (D) Massaranduba(F)
Brusque (G)
Pe
rce
ntu
al (
%)
Agropecuárias
Rizicultura Olericultura Domiciliar Domiciliar + Pasto
Pg
12
De acordo com a Figura 4 é possível observar que a maior parte dos usuários,100% dos
olericultores, 90% do uso domiciliar e 50% do uso domiciliar mais pasto, acreditam que se a
agropecuária exigir, a devolução será realizada. Foi mencionado também por cerca de 50% do uso
domiciliar mais pasto que a devolução deve ocorrer em qualquer estabelecimento, independente do
local da compra para facilitar a devolução do usuário. Apenas 5% do uso domiciliar sugeriram
campanhas de recolhimento nas casas e outros 5% de uso domiciliar de aumento da fiscalização das
propriedades. Ficou nítido pela opinião dos usuários eles só irão devolver as embalagens quando se
sentirem obrigados a isso e perceberem que é algo de extrema importância para a agropecuária.
4.2. Canais de distribuição (agropecuárias)
As agropecuárias estão distribuídas em cinco Municípios, onde duas são do Município de
Tijucas – SC (A,B), duas do Município de Camboriú – SC (C,E), uma de Itajaí – SC (D), uma de
Massaranduba – SC (F) e uma de Brusque – SC (G).
Destino das embalagens vazias de agrotóxicos A Figura 5 apresenta os locais de destino das embalagens vazias de agrotóxicos feitos
pelos estabelecimentos pesquisados. (dá pra fazer a figura por agropecuária e destino)
Figura 5 - Locais de destino das embalagens vazias de agrotóxicos pelos estabelecimentos
agropecuários pesquisados.
De acordo com a Figura 5 pode-se observar que 42,9% das agropecuárias,(A, B) que
ficam em Tijucas, possuem local de destino para as embalagens a central de recebimento de
embalagens vazias de agrotóxicos de Araranguá, na Associação dos Revendedores de Agroquímicos
do Sul–ARASUL, porém, esses estabelecimentos levam as embalagens até Santo Amaro da
Imperatriz, na Associação das Agropecuárias para Recolhimento das Embalagens de Agrotóxicos da
Grande Florianópolis, que é um posto de recebimento onde é realizada a segregação das embalagens
100 90
5 5
50 50
0
20
40
60
80
100
A agropecuáriaorientar e exigir
Campanhas derecolhimento nas
casas
Fiscalização Devoluçãoindependente do local
da compra
Pe
rce
ntu
al (
%)
Sugestões dos usuários que não devolvem
Olericultura Domiciliar Domiciliar + Pasto
42,9 42,9
14,3
0,0
50,0
100,0
A - B - E C - D - G F
Pe
rce
ntu
al (
%)
Agropecuárias
Arasul - Ararangua Aabri - Aurora Acodeplan - Mafra
Pg
13
para que sejam levadas até ARASUL. O estabelecimento E localizado em Camboriú também possui
local de destino a ARASUL, porém não diretamente, pois suas embalagens são retornadas até seu
fornecedor, que é a Agropecuária B de Tijucas e ela dá o destino final adequado. Outros 42 %, que
seriam os estabelecimentos C de Camboriú, D de Itajaí e G de Brusque levam suas embalagens vazias
até Aurora, na Associação das Agropecuárias da Bacia do Rio Itajaí– AABRI e apenas o
estabelecimento F que fica em Massaranduba, leva suas embalagens vazias até Mafra, na Associação
dos Comerciantes de Defensivos Agrícolas do Planalto Norte – ACODEPLAN.Podem-se observar os
diferentes destinos que as embalagens de agrotóxicos que são utilizadas por usuários de um mesmo
Município podem ter.
4.3. Posto de recebimento e centrais de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos
A partir dos locais de destino informados pelas agropecuárias foi possível se chegar à um
posto de recebimento e três centrais de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. Foi
realizada visita in loco apenas no posto de recebimento, que fica localizado em Santo Amaro da
Imperatriz, as centrais de recebimento de Mafra e Aurora foram contatadas por telefone e a central
Araranguá foi via e-mail. O posto de recebimento de Santo Amaro da Imperatriz possui área de
abrangência a mesorregião da grande Florianópolis, a central de recebimento de Aurora a mesorregião
do Vale do Itajaí, a de Mafra a mesorregião do norte catarinense e Araranguá que possui área de
abrangência a mesorregião do sul catarinense.
4.3. Mapeamento do sistema de logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos
identificado a partir dos usuários de Camboriú, SC.
A partir de todo o estudo sobre a logística reversa das embalagens de agrotóxicos
utilizadas no Município de Camboriú, foi possível elaborar o mapeamento do caminho de retorno da
embalagem vazia (Figura 6).
Figura 6 - Logística Reversa das embalagens vazias de agrotóxicos
Pg
14
Como pode ser observado na Figura 6, de um único Município existem três caminhos do
retorno das embalagens vazias de agrotóxicos bem diferenciados e isso apresenta um problema de
logística entre os elos do sistema da logística reversa.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos da pesquisa foram todos alcançados, o levantamento dos aspectos legais
relacionados à logística reversa de embalagens de agrotóxicos foi realizado através de pesquisas
principalmente bibliográficas e serviu de base para o desenvolvimento de todo o projeto.
A definição dos grupos amostrais dos atores envolvidos foi feita de acordo com a
identificação das principais atividades agrícolas do Município que utilizavam agrotóxicos, que foram
arroz e hortaliças, e após o início da coleta de dados foram definidos mais dois grupos amostrais de
usuários que possivelmente faziam o descarte incorreto das embalagens, que utilizavam o produto
apenas para capina química no uso domiciliar e domiciliar mais pasto.
A elaboração e aplicação das ferramentas de coleta de dados referentes à gestão
ambiental das embalagens de agrotóxicos das propriedades rurais, nos canais de distribuição foram
feitas baseadas nas legislações e foram aplicadas através de visitas in loco, contato via telefone e e-
mail.
Existe adequação à Política Nacional dos Resíduos Sólidos no que diz respeito à logística
reversa das embalagens vazias de agrotóxicos em Camboriú – SC para a rizicultura e de um modo
geral para os usuários que compram os produtos em agropecuárias que cobram o retorno das
embalagens e orientam nos procedimentos de lavagem após o uso. A assistência técnica também teve
influência sobre o retorno das embalagens assim como as campanhas de conscientização realizadas
pelas agropecuárias em parceria com órgãos públicos.
As agropecuárias que não orientam e nem cobram dos clientes o retorno das embalagens
no momento da venda tiveram um percentual muito baixo de retorno das mesmas, que demonstra uma
falta de fiscalização adequada nesses estabelecimentos que não estão agindo de acordo com a
Logística Reversa das embalagens vazias de agrotóxicos de Camboriú - SC
Pg
15
legislação, para que se adequem ou se não possuírem estrutura física e técnica suficiente, que deixem
de vender esse tipo de produto.
Os acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor
empresarial, como determinada na Lei nº 12.305 de 10 de agosto de 2010, são alternativas para
implantar procedimentos de compra de produtos ou embalagens usados, disponibilizar posto de
entrega de resíduos reutilizáveis e recicláveis e atuar em parcerias com cooperativas ou outras formas
de associação, aprimorando todo o sistema de logística reversa das embalagens vazias de agrotóxicos.
Os resultados encontrados nessa pesquisa mostraram que ainda há muito a ser feito na
área de logística reversa de embalagens vazias em todos os elos da cadeia e seguindo os Planos de
Ação elaborados pela mesma, será possível aperfeiçoar todo o caminho de retorno das embalagens
vazias até o destino ambientalmente correto.
O cenário que foi encontrado no Município de Camboriú provavelmente não é diferente
de outros Municípios com características semelhantes da região e do Estado, que possui base na
agricultura familiar, sendo interessante a repetição desta pesquisa em outros Municípios.
REFERÊNCIAS
BARTHOLOMEU, Daniela Bacchi; CAIXETA-FILHO, José Augusto Vicente;
GAMEIRO, Augusto Hauber (Org.). Logística Ambiental de Resíduos Sólidos. São Paulo: Atlas,
2011. 250 p.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de 2002.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4074.htm>. Acesso em: 28 ago.
2012.
BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/Decreto/D7404.htm>.
Acesso em: 28 ago. 2012.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 28 ago.
2012.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. Disponível
em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=316>. Acesso em: 28 ago. 2012.
INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS
(INPEV). Responsabilidades. Disponível em:
<http://www.INPEV.org.br/institucional/INPEV/INPEV.asp>. Acesso em: 23 out. 2012.
MACÊDO, Jorge Antonio B. de. Introdução a química ambiental: química & meio
ambiente & sociedade. Juiz de Fora: Ed. do Autor, 2002. ix, 487 p.
RÜEGG, Elza Flores,et al. O impacto dos agrotóxicos sobre o ambiente, a saúde e a
sociedade. São Paulo: ICONE, 1986. 94 p.
SILVA, Célia Maria Maganhotto de Souza; FAY, Elisabeth Francisconi (Ed.).
Agrotóxicos e ambiente. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 400 p.
VERAS, Eduardo Carlos Siqueira. Destino das embalagens de agrotóxicos e seu
impacto à saúde do trabalhador rural na comunidade agrícola de Camocim de São Félix. Pernambuco, 2004.