8/8/2019 Tortura Sujeio e Flagelo Nos Relevos Assrios - (Torture, Subjugation and Scourge in Assyrian Reliefs)
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Tortura, Sujeio e Flagelo nos Relevos Assrios
Leandro Barbosa dos Santos1
Resumo
Este artigo tem como objetivo abordar algumas das prticas assrias de tortura,
sujeio e flagelo, atravs da anlise dos relevos e fontes textuais assrias datadas do I
milnio a.C. Estas fontes nos fornecem informaes sobre prticas de tortura, sujeio e
flagelo, e concepes polticas que baseavam a constituio do imprio Assrio. No
presente trabalho abordaremos o tratamento dado s naes dominadas, percebendo
caractersticas que buscam a legitimao, e a normatizao de poder e declarao de
guerra e violncia, acompanhada de concepes ideolgicas implcitas na composio
dos relevos que narram s batalhas que foram amplamente representadas e
documentadas, em diferentes locais nos palcios assrios.
Palavras-Chave: Assria, tortura, flagelo, representao, iconografia, Mesopotmia.
Torture, Subjugation and Scourge in Assyrian Reliefs
Abstract
This article have to purpose to address some Assyrian practices of subjugation,
torture and scourge, by the Assyrian reliefs and textual sources dating from the first
millennium BC. These sources provide us with information about torture, subjugation
and scourge, and policies concepts who based the constitution of the Assyrian
empire. In this paper we discuss the treatment of dominated nations, realizing features
that seek legitimacy, and the normalization of power and declaration of war and
violence, followed by ideological concepts implicit in the composition of the reliefs that
narrate the battles that were largely represented and documented at different locations in
Assyrian palaces.
Key Words: Assyria, torture, scourge, representation, iconography, Mesopotamia.
1 Telogo e acadmico do curso de Histria da Universidade Luterana do Brasil ULBRA e-mail:[email protected]
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A metodologia utilizada para anlise destas imagens est baseada nos estudos de
Erwin Panofsky2 que prope o estudo iconolgico dividido em trs etapas. Na primeira
etapa realizou-se a anlise iconogrfica, mtodo que descreve e classifica as imagens,
conforme o tema representado. Posteriormente, realizamos uma interpretao
iconolgica, identificando cones e smbolos desta representao visual, onde
consideramos estes relevos como obra produzida em um contexto histrico-cultural
determinado por caractersticas tipolgicas dos personagens e dos elementos.
A guerra tem sido ao longo dos tempos uma temtica muito pertinente dentro da
historiografia. Ela se caracteriza conforme a conjuntura ideolgica e a herana cultural
de cada sociedade em determinado tempo. O exrcito neoassrio ficou conhecido no I
milnio a.C. como um referencial de poder e fora militar. Batalhas, cercos e tticas deguerra, e o tratamento violento dado aos opositores do imprio se fazem presentes em
vrios documentos histricos deste imprio, fato que os destacou por constituir um
exrcito de exmios guerreiros no Antigo Oriente Prximo.
A arte assria de esculpir relevos parietais, que eram dispostos nas salas dos
palcios, servia muito mais do que a mera atividade artstica de decorao. Eles
funcionavam como um instrumento propagandstico da ideologia assria de terror. As
cenas de guerra, de soldados empunhando armas, cercando uma cidade inimiga,mutilando, prendendo, deportando, empalando ou cortando as cabeas dos inimigos,
serviam como uma recomendao queles que circulavam pelo palcio, fossem nativos
ou estrangeiros, do poder de guerra e punio que poderia ocorrer a todo aquele que
desafiasse a ordem estabelecida (BACHELOT, 1991, p. 109-128).
A histria da Assria se desenvolveu ao norte do atual Iraque, nos textos em
cuneiforme identificamos a expresso mt Aur, que significa pas do deus Aur3.
Sua Histria emerge em um estado territorial no sculo XIV a.C. tendo seu territriocobrindo aproximadamente todo o norte do Iraque moderno. A primeira capital da
Assria era Aur, localizada cerca de 150 quilmetros ao norte da capital do Iraque,
Bagd, prxima a na margem oeste do rio Tigre. A cidade foi nomeada como Aurpor
motivos de homenagem ao deus nacional, nome da qual a cognominao Assria
tambm derivada.
2 Erwin Panofsky foi um crtico e historiador da arte alemo, um dos principais representantes dochamado mtodo iconolgico, relacionado a estudos acadmicos em iconografia.3 Aur o deus da nao assria, uma divindade guerreira que amplamente registrada nos relevosassrios quase sempre ligada imagem do rei. Ver: (BLACK / GREEN, 2008, p. 37-39).
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FIGURA 2RELEVO 1FONTE: (LAYARD, 1853, p. 30.)
A figura acima de Aurnazirpal II (883 859 a.C). Na laje trs carros de
guerra assrios, cada um puxado por trs cavalos, avanam para a direita da cena. Os
ocupantes dos carros portam arcos, flechas e sobre a cabea carregam o estandarte da
divindade Adad4. Cada carro de batalha ocupado por dois guerreiros, um que conduz e
outro que ataca os adversrios com flechas.
O guerreiro do carro da frente est ferido por uma flecha, e tem o torso e a
cabea virada para trs na direo dos carros que o seguem, seu brao direito est
estendido para cima e os cavalos de seu carro esto caindo. frente, trs arqueiros do
exrcito assrio avanam. No plano superior, v-se um abutre e trs corpos dos
guerreiros adversrios esto decapitados e estendidos no cho. V-se tambm partes de
rvores que foram cortadas.
Na Mesopotmia a mutilao dos corpos dos inimigos uma prtica bem
conhecida. Podemos perceber a preocupao dos escribas e artesos em, incisivamente,
registrar grande nmero de inimigos mortos e mutilados, como tambm suas
identidades e grupos tnicos ao qual pertencem. Entre os diferentes tipos de mutilaopraticados, a decapitao de cabeas bastante comum, j que a cabea a expresso da
personalidade nica e individual e, uma vez exposta, no se teria dvida da morte dos
mutilados.
4 Adad divindade mitolgica sumrio-babilnica assimilada pelos assrios. Uma divindade guerreira conede virilidade e fertilidade (JOANNS, 2001, p. 4-6).
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FIGURA 3RELEVO 2FONTE: (COLLINS, 2008, p. 136 - 137.)
O Relevo acima de Aurbanipal (668 631 a.C). O rei Aurbanipal esta
sentado em uma esteira longa, ele veste uma tnica adornada de smbolos e est coberto
por uma capa um pouco abaixo de sua cintura, na cabea usa uma tiara com fitas e tem
seu brao direito levantado e na mo segura um clice que leva na altura da boca, seu
outro brao est encostado sobre o mvel e em sua mo esquerda segura uma flor de
ltus, descansando no jardim. Ele est acompanhado da rainha Aurarrati, sentada em
seu trono, na cabea ela usa uma coroa adornada e veste uma longa tnica adornada
com rosetas, em uma das mos tem um clice. Ali bebem e escutam msica. E , a poucos
passos do rei, que estava sentado embaixo de uma parreira, podia ser observada, na
esquerda da cena, a cabea de Teumman5 rei do Elam6 pendurada em uma rvore.
O destaque desta imagem a cabea de Teumman exposta no canto esquerdo
superior, e a celebrao de Aurbanipal demonstrando escrnio e prazer sobre a
representao da evidncia de morte de seu inimigo. Segundo Bahrani (2008. p.23-55) a
cabea a parte do corpo que funciona como smbolo da evidncia da vitria em todo
tempo da narrativa, a guerra um retrato real histrico, mas a cabea o ponto fixo na
batalha expressa no relevo.
5 Khumma-Khaldash III o ltimo rei Elamita, foi capturado em 640 BC por Aurbanipal.6 Elam ou Elo (em persa: ) foi uma civilizao da Antiguidade localizada no territrio quecorresponde ao atual sudoeste do Ir.
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FIGURA 4RELEVO 3FONTE: (COLLINS, 2008, p.47)
No relevo acima se v soldados assrios celebrando a vitria com as cabeas
decapitadas de seus inimigos, juntamente com msicos celebrando a vitria. Na
primeira linha vemos dois soldados assrios vestidos com tnicas, os ps esto
descalos, tendo sobre a cabea esta um elmo cnico arredondado pontiagudo. Em cada
uma das mos esta cabea de um inimigo decapitada. Adiante deles esto trs msicos
vestindo vestes compridas. Os dois primeiros possuem barba comprida, esto descalos
e carregam sobre as mos um instrumento musical. O terceiro a direita imberbe,
carrega um pandeiro e tambm esta descalo.
A mutilao de partes do corpo um smbolo de fora muito utilizado como
instrumento de propaganda e terror poltico, demonstrando aos inimigos o que poderia
suceder aos opositores do poder real. Alm da decapitao encontramos a amputao de
mos e ps, empalamento7 e esfolamento8, prticasconhecidas no Oriente Prximo, que
tambm facilitavam questes administrativas, como a contagem de partes paracontabilizar o numero de inimigos mortos (VILLARD, 1991, p.247-251).
Junto com as representaes iconogrficas nos relevos, tambm encontramos
inscries, que nos fornecem informaes detalhadas sobre o tratamento da Assria aos
povos conquistados, os seus exrcitos e aos seus governantes.
Nos registros de Aurnazirpal II encontramos relatos que nos trazem uma
percepo do tratamento dos conflitos e rebelies contra o imprio:
7Empalao: Uma lana pontiaguda penetra pelo orifcio anal do condenado, at a boca, peito ou costas.
8Esfolamento: Mata-se a vtima tirando-lhe a pele.
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Eu esfolei muitos dos nobres que haviam se rebelado contra mim [e]dependurei suas peles, e fiz uma pilha [de corpos], e alguns corposespalhados da pilha, eu ergui em estacas sobre a pilha ... Eu esfolei muitosda minha terra [e] dependurei suas peles sobre as paredes (GRAYSON, 2002,p. 199).
Neste relato percebemos a punio severa aos rebeldes com o esfolamento,
acompanhado de uma propaganda do terror, expressa no ato de expor as peles dos
esfolados nas paredes da cidade. Esta propaganda tinha o intuito de servir de exemplo
para os possveis rebeldes, uma demonstrao da severidade da punio para com os
rebelados contra o imprio.
Em outro relato de Aurnazirpal II h outra descrio onde encontramos a
amputao de mos e ps dos soldados inimigos. Este tipo de flagelo demonstra uma
punio severa que transcendia o simples assassinato, mas sim, uma nfase no flagelo e
humilhao do inimigo:
Em lutas e conflitos cerquei [e] conquistei a cidade. Eu abati 3.000 de seushomens a lutando com a espada... Eu capturei suas tropas ainda vivas: Desteseu cortei de alguns seus braos [e] as mos, eu cortei de outros os seusnarizes e orelhas, [e] nas extremidades. Eu arranquei os olhos de muitastropas. Eu fiz uma pilha da vida [e] uma de cabeas. Eu pendurei as suascabeas nas rvores ao redor da cidade (GRAYSON, 2002, p. 201).
No relato acima encontramos, tambm, a amputao de narizes e orelhas, um ato
com intuito de deformar o inimigo na inteno de impossibilitar o retorno ao convvio
social. Tambm a ideia de tornar incapacitado o oponente arrancando-lhe os olhos e
partes do corpo (BOUZON, 2003, p.181).
A violncia no tratamento dos inimigos algo que, frequentemente,
acompanhava alguns registros assrios. Em uma srie de relevos de Senaqueribe (704-
681 a.C) encontrados em Nnive, alguns registram as faanhas de sua invaso em Jud
em 701 aC. Laki9, uma das quarenta e seis cidades que ele conquistou. No relevo
abaixo podemos observar a representao de um esfolamento.
9Laki considerada como a segunda mais importante a cidade ao sul do antigo reino de Jud.
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FIGURA 5RELEVO 4FONTE: (COLLINS, 2008, p.94)
No relevo acima na parte superior esquerda se v dois soldados assrios
estendendo um soldado inimigo nu ao cho, pelas pernas. Os dois soldados assrios
vestidos com tnicas, os ps esto descalos, tendo sobre a cabea esta um elmo cnico
arredondado pontiagudo, o da direita carrega uma aljava com um arco nas costas. Logo
abaixo na parte inferior esquerda se v tambm dois soldados assrios estendendo um
soldado inimigo nu ao cho, pelas pernas. Os dois soldados assrios vestidos com
tnicas, os ps esto descalos, um tem sobre a cabea um elmo cnico arredondado
pontiagudo, e carrega uma aljava com um arco nas costas. O da esquerda no se podeidentificar os detalhes do rosto devido ao relevo estar danificado. Na parte direita do
relevo encontramos um soldado assrio vestido com uma tnica, os ps esto descalos,
tem sobre a cabea um elmo cnico arredondado pontiagudo, nas costas uma aljava com
um arco. Na mo direita carrega uma lana, e na esquerda uma maa. Adiante dele
segue di soldados inimigos vestidos com tnicas longas, ambos esto descalos.
Na mesma srie de relevos de Senaqueribe encontramos outra representao de
empalamento, onde esto dois soldados assrios erguendo uma estaca com um homemempalado nu ao lado de outros dois.
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FIGURA 6RELEVO 5FONTE:www.britishmuseum.org
No relevo acima na parte superior esquerda se v dois soldados assrios
levantando um soldado inimigo nu, sobre uma lana. Os dois soldados assrios vestidos
com tnicas, os ps esto descalos, tendo sobre a cabea esta um elmo arredondadocom penacho, ambos carregam sobre as costas um escudo e uma lana. Na esquerda se
observa outros dois soldados inimigos, ambos esto nus e cada um est levantado sobre
uma lana.
Nos relatos das campanhas militares de Senaqueribe encontramos descries que
do detalhes mais precisos dos flagelos e torturas a que eram submetidos os inimigos do
imprio.
Eu cortei as suas gargantas, como a de cordeiros. Cortei suas vidas preciosas
como se corta uma corda. Assim como as muitas guas de uma tempestade,eu fiz (o contedo) das suas gargantas e entranhas correrem por sobre toda aterra. Empinei meus corcis aproveitando para atrel-los, e mergulh-los nascorrentes de seu sangue como (em) um rio. As rodas do meu carro de guerraque derruba os perversos foram salpicadas de sangue e imundcie. Com oscorpos dos guerreiros Eu enchi a plancie, como a erva. Cortei seus falos, eespalhei as suas partes ntimas, como as sementes do pepino(LUCKENBILL, 1926, p. 117-123)
Outra questo importante de destacar era a pratica da deportao dos inimigos. A
deportao era de suma importncia para o imprio devido mo-de-obra especializada
para as suas construes monumentais, e tambm para lidar com a agricultura e pecuria
que eram exercidas nessa regio. Na srie de relevos que retratam a batalha de Laki
http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/http://www.britishmuseum.org/8/8/2019 Tortura Sujeio e Flagelo Nos Relevos Assrios - (Torture, Subjugation and Scourge in Assyrian Reliefs)
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encontramos um grande nmero de judeus sendo deportados, junto com mulheres e
crianas.
FIGURA 7RELEVO 6FONTE: (LAYARD, 1853, p.50)
No relevo acima encontramos nove soldados, quatro portando saques, trs
soldados conduzindo trs deportados dentre eles trs homens, um deles carrega umacriana, os outros carregam seus pertences, uma mulher leva seus pertences, trs esto
conduzindo o carro de boi com butins de guerra, atrs da carroa conduzida por dois
bois ao lado uma mulher carregando seus bens. Na quinta linha, trs homens
possivelmente deportados, carregam seus pertences e conduzindo um camelo com seus
pertences com tocas e saiotes, aps, uma carroa. Acima provavelmente duas crianas
sendo conduzidas por dois bois, ao lado um deportado, seguido de duas crianas, e duas
mulheres uma ao lado da outra, a sua frente encontra-se um soldado visto apenas dacintura para baixo.
A deportao servia como forma de dissolver a identidade das naes
conquistadas, tambm como forma de prevenir futuras possveis revoltas. Os deportados
passavam a pertencer de corpo e alma a nao vencedora. A vontade do rei decisiva
quanto ao destino dos deportados, eles podem ser mortos, oferecidos no templo,
vendidos, atribudos em trabalhos agrcolas ou de construo, utilizados como arteses,
e at integrados no exrcito (BACHELOT, 1991, p.109-128).
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Concluses preliminares
Assim sendo, a mutilao dos corpos inimigos constitui-se em uma prtica
comum no I milnio a.C. Em particular no Antigo Oriente Prximo, encontramos
evidncias de valor ideolgico que unem recursos de propaganda destruio do corpo
do inimigo. A questo do flagelo e tortura no foi, portanto, um fenmeno acidental e
nem uma prtica exclusiva dos assrios, mas um aspecto da integrao dos sistemas
culturais. Quanto questo dos registros assrios de tortura e flagelo, legtimo
considerar que os termos da produo que representam o conjunto de relevos Assrios
possuem determinados fatores que lhes classificam como instrumentos de propaganda.
Ao utilizarmos o termo propaganda em sua concepo geral, percebe-se atentativa de exercer influncia e opinio nos indivduos para fazer-se aderir poltica de
um dirigente ou de um regime, neste caso os relevos assrios exprimem uma relevante
propaganda. Nos relevos o poder se constitui na atividade simblica como fonte de
outros tipos de relao inter individuais que definem a estruturao do espao social,
sobre a mediao do simblico nas organizaes da sociedade.
Nesta anlise encontramos evidncias que superam questes hegemnicas,
percebendo uma forte tendncia da utilizao destas prticas como forma de propagandado terror com finalidade poltica. O poder absoluto, a violncia e a produo simblica
aparecem como produto nos relevos assrios e como consequncia da ordem poltica,
bem como reflexo das violncias geradas pelo exerccio do poder.
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