TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
RUBRICA FL.
GCSASM117/122
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PLENÁRIO GABINETE DA CONSELHEIRA SUBSTITUTA ANDREA SIQUEIRA MARTINS
PROCESSO ELETRÔNICO VOTO GCS-2
PROCESSO: TCE-RJ Nº 220.299-4/19
ORIGEM: PREFEITURA MUNICIPAL DE CARMO
ASSUNTO: RELATÓRIO DE AUDITORIA GOVERNAMENTAL –CONFORMIDADE –
ORDINÁRIA
RELATÓRIO DE AUDITORIA GOVERNAMENTAL.
CONFORMIDADE. ORDINÁRIA. VERIFICAÇÃO DA
REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO RELATIVA AOS
SERVIÇOS DE MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS. ACHADOS DE AUDITORIA QUE
EVIDENCIAM SOBREPREÇO E SUPERFATURAMENTO.
PROJETO BÁSICO E ORÇAMENTO INSUFICIENTES
PARA CARACTERIZAÇÃO E DETALHAMENTO DO
OBJETO CONTRATADO. FALHAS NA FISCALIZAÇÃO.
CONVERSÃO PARCIAL DOS AUTOS EM TOMADA DE
CONTAS EX-OFFICIO, VISANDO À APURAÇÃO DO
DANO EM AUTOS APARTADOS. NOTIFICAÇÃO DOS
RESPONSÁVEIS. COMUNICAÇÃO AO ATUAL
PREFEITO. CIÊNCIA À CEE, À EMPRESA
CONTRATADA E AO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL.
Versam os autos sobre o relatório da auditoria governamental de
conformidade realizada na Prefeitura Municipal de Carmo, entre os dias 30.07 e
27.12.2019, sob a forma ordinária, com o objetivo de verificar a regularidade das
despesas realizadas em contratações relacionadas ao manejo de resíduos sólidos
urbanos, especificamente as derivadas do Contrato n.º 050/2017, celebrado entre a
municipalidade e a empresa Limpeza Urbana Serviços Ltda.–ME1.
O referido contrato, firmado em 01.08.2017, foi decorrente da licitação
levada a efeito através do Edital Pregão Presencial n.º 035/2017 e, como
mencionado acima, teve por objeto a prestação de serviços de coleta, transporte e
destinação final de resíduos, limpeza pública, conservação e manutenção de
logradouros públicos, para atender às demandas da Secretaria Municipal de Meio
1 Auditoria incluída no PAAG-2019, aprovado no processo TCE-RJ n.º 303.683-7/18, em virtude de análise de
risco realizada no processo TCE-RJ n.º 216.013-4/17, que trata de Representação acerca de possíveis
irregularidades ocorridas no Pregão Presencial n.º 035/2017, que originou a contratação sub examine.
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Ambiente e Defesa Civil da Prefeitura Municipal de Carmo.
O prazo inicial de execução dos serviços foi estipulado em 12 meses,
sendo o valor global pactuado de R$ 6.155.000,00.
O Contrato n.º 050/2017 foi alvo de duas alterações, mediante a
celebração dos Termos Aditivos nos 01 e 02, que prorrogaram o prazo de vigência
em 24 (vinte e quatro) meses e, por via de consequência, importaram em despesas
que alcançaram R$ 12.310.000,00, passando o valor global da contratação a
R$18.465.000,00.
Neste contexto, o corpo instrutivo informou que o período abrangido pela
presente auditoria compreendeu os 24 meses relativos ao prazo original da
contratação e ao primeiro termo aditivo de prorrogação, o que importa dizer que o
volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 12.310.000,00,
correspondente ao valor atualizado da contratação até o fim da vigência do 1º
Termo Aditivo (02/08/2019).
Delineados, assim, os marcos essenciais relativos ao escopo dos
trabalhos de auditoria, vale aqui registrar que a avaliação da boa aplicação dos
recursos públicos relacionados à contratação sub examine ensejou a formulação
das seguintes questões de auditoria:
• Questão 1: O preço dos serviços/insumos contratados/executados
está compatível com o preço paradigma?
• Questão 2: A quantidade de insumos utilizados/disponibilizados está
compatível com a quantidade medida durante a execução do
contrato?
• Questão 3: Os projetos básico e/ou executivo são suficientes para
caracterização e detalhamento do objeto contratado?
• Questão 4: Em termos qualitativos, a fiscalização do contrato pode
ser considerada adequada?
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Os trabalhos foram executados seguindo a metodologia concebida na
etapa de planejamento, abrangendo técnicas de exame documental, pesquisas em
sistemas informatizados, correlação das informações obtidas, conferência de
cálculos e exames físicos (inspeções in loco).
Após a efetivação dos trabalhos fiscalizatórios restaram evidenciados 04
(quatro) achados de auditoria, quais sejam:
Achado 01: Sobrepreço decorrente de contratação de serviços com
preços acima do valor de mercado;
Achado 02: Superfaturamento decorrente de atestação de insumos em
quantidades superiores às utilizadas/disponibilizadas;
Achado 03: Projeto Básico e orçamento insuficientes para a
caracterização e detalhamento do objeto contratado;
Achado 04: Fiscalização deficiente.
Como decorrência desses achados de auditoria, em especial, daqueles
que reuniram evidências de malversação de recursos públicos (Achados 1 e 2),
foram contabilizados prejuízos ao erário municipal no montante equivalente a
1.661.653,35 UFIR-RJ.
À vista do exposto, a equipe de auditoria informou que a
responsabilização pelo dano ao erário apurado no âmbito desta fiscalização será
objeto de processamento nos autos do processo TCE-RJ nº 244.808-3/19, razão por
que sugeriu o seguinte encaminhamento:
8. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Considerando que a responsabilização do dano ao erário apurado no
âmbito da inspeção realizada no Contrato nº 050/2017, durante
fiscalização 255/2019, será objeto de processamento nos autos do
Proc. TCE-RJ nº 244.808-3/19;
Considerando que as demais providências não relacionadas ao dano
apurado na inspeção realizada no Contrato nº 050/2017, quando da
fiscalização 255/2019, serão processadas nos presentes autos;
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Ante o exposto, considerando as matrizes de achado e
responsabilização anexas (Anexos 31 e 32), sugere-se ao Egrégio
Plenário desta Corte de Contas, independentemente de outras
providências julgadas convenientes, a adoção das seguintes
propostas:
I. NOTIFICAÇÃO dos responsáveis para que apresentem razões de
defesa em função das seguintes irregularidades:
i. Irregularidade:
Achado 3: Elaborar Projeto Básico e planilha orçamentária
insuficientes para a caracterização e detalhamento do objeto
contratado, conforme descrito no item 7.1.3. do presente Relatório,
considerando o art. 6º, Inc. IX, da Lei nº 8.666/93.
Responsável:
a. Sr. Renato da Silva Amarante, CPF 709.002.726-00, Secretário
de Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época
dos fatos, por elaborar Projeto Básico e planilha orçamentária
insuficientes para a caracterização e detalhamento do objeto
contratado.
ii. Irregularidade:
Achado 4: Descumprir o estabelecido em cláusula contratual
(CLAÚSULA DÉCIMA PRIMEIRA-DAS OBRIGAÇÕES DA
CONTRATANTE), conforme descrito no item 7.1.4. do presente
Relatório, considerando o art. 37, Caput, da CF/88 e com os arts. 58,
Inc. III, 66, 67 e 76, da Lei nº 8.666/93.
Responsável:
a. Sr. Renato da Silva Amarante, CPF 709.002.726-00, Secretário
de Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época
dos fatos, por atuar de forma desidiosa, atestando nota fiscal sem a
devida conferência dos insumos/serviços medidos, descumprindo o
estabelecido em cláusula contratual (CLAÚSULA DÉCIMA
PRIMEIRA-DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE);
b. Sra. Ester da Matta Faria, CPF 067.287.966-22, Subsecretária de
Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época dos
fatos, por atuar de forma desidiosa, atestando nota fiscal sem a
devida conferência dos insumos/serviços medidos, descumprindo o
estabelecido em cláusula contratual (CLAÚSULA DÉCIMA
PRIMEIRA-DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE);
c. Sr. Ronaldo Rocha Ribeiro Junior, CPF 115.198.807-31,
Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, à época dos fatos, por
atuar de forma desidiosa, atestando nota fiscal sem a devida
conferência dos insumos/serviços medidos, descumprindo o
estabelecido em cláusula contratual (CLAÚSULA DÉCIMA
PRIMEIRADAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE);
d. Sr. Lindemberg de Mello Costa, CPF 138.355.537-60, Fiscal do
Contrato nº 050/2019, à época dos fatos, por atuar de forma
desidiosa, atestando nota fiscal sem a devida conferência dos
insumos/serviços medidos, descumprindo o estabelecido em cláusula
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contratual (CLAÚSULA DÉCIMA PRIMEIRA-DAS OBRIGAÇÕES DA
CONTRATANTE)
II. COMUNICAÇÃO para que se cumpram as determinações a
seguir:
a. Atual Prefeito do Município de Carmo.
1. DETERMINAÇÃO para adotar medidas administrativas para
caracterizar ou elidir a irregularidade apontada no ACHADOS 1 e 2,
uma vez que a empresa contratada para a execução dos serviços
previstos no Contrato nº 050/2017 continua a prestar seus serviços
após fim do período abrangido por esta auditoria (julho/2019), por
meio do 2º Termo Aditivo ao Contrato nº 050/2017(Anexo 05). E, caso
esgotadas essas medidas administrativas sem a elisão do dano, que
providencie a imediata instauração de tomada de contas especial,
mediante a autuação de processo específico, sob pena de
responsabilidade solidária, nos termos do art. 10 da Lei
Complementar nº 63/90;
2. DETERMINAÇÃO para adotar providências, ao se elaborar
Projeto Básico, que ele contenha, entre outros elementos, orçamento
detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados, discriminando,
inclusive, os custos e índices de produtividade/rendimento de
máquinas, equipamentos, materiais, mão de obra e demais insumos
que compõe os serviços, utilizando preferencialmente os dados
históricos do município, e, na ausência desses, critérios técnicos e
fontes reconhecidas;
3. DETERMINAÇÃO para Indicar objetivamente o nome,
matrícula, CPF, cargo/função do fiscal e o número do contrato objeto
de fiscalização, ao nomear fiscais de contrato nas próximas
contratações;
4. DETERMINAÇÃO para adotar medidas de aprimoramento dos
processos de controle e fiscalização dos contratos, com vistas a
cessar as irregularidades apontadas nos ACHADOS 2 e 4;
III. CIÊNCIA à CEE do inteiro teor deste relatório, para que adote
as medidas que julgar cabíveis nos futuros editais para contratação
de serviços de limpeza urbana no Município de Carmo;
IV. DESAPENSAÇÃO do processo TCE-RJ nº 244.808-3/19 dos
presentes autos.
O Parquet de Contas, representado pela Procuradora Aline Pires
Carvalho Assuf, concordou com as proposições formuladas pelo corpo instrutivo
(arquivo digital de 03.02.2020, “Informação da GP3”).
É o Relatório.
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Como consta do relatório deste voto e ora reitero, a presente auditoria
cumpriu o escopo de verificar a regularidade das despesas com contratações
relacionadas ao manejo de resíduos sólidos urbanos - RSU, notadamente as
despesas derivadas do Contrato nº 050/2017, celebrado entre a Prefeitura do
Município de Carmo e a empresa Limpeza Urbana Serviços Ltda. – ME.
O referido pacto foi decorrente do Pregão Presencial no 035/2017, cujo
objeto consistiu na contratação de empresa especializada para a realização dos
serviços de coleta, transporte e destinação final de resíduos, limpeza pública,
conservação e manutenção de logradouros públicos.
O aludido procedimento licitatório foi alvo de Representação oferecida a
este Tribunal de Contas, cadastrada como processo TCE-RJ nº 216.013-4/17, que
mereceu decisão de procedência parcial no mérito, fruto das irregularidades
atinentes à intempestiva e restrita publicação do aviso do certame licitatório e à
insuficiência dos critérios de habilitação previstos no instrumento convocatório,
no que se refere ao atendimento à legislação ambiental.
Ademais, a análise realizada pelo corpo instrutivo no supracitado
processo de representação revelou riscos de malversação de recursos públicos no
âmbito da contratação, em razão dos seguintes motivos:
• possível sobrepreço de 148% do serviço de coleta de RSU;
• aumento em cerca de 400%, não justificado, no valor total dos
serviços de limpeza pública, entre dois contratos consecutivos; e,
• gasto per capita com limpeza pública (cerca de R$330/hab/ano - ano
base 2017) muito superior à média nacional em 2016 segundo o
SNIS (R$124,41/hab/ano).
Em virtude dos potenciais riscos revelados em sede de exame sumário, a
contratação em questão foi devidamente incluída no Plano de Auditorias
Governamentais do exercício de 2019, estabelecendo-se, à época da elaboração do
PAAG-2019, que o escopo dos trabalhos de auditoria abrangeria os 24 meses
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relativos ao prazo original da contratação e ao primeiro termo aditivo de
prorrogação, o que importa dizer que o volume de recursos fiscalizados alcançou o
montante de R$ 12.310.000,00, correspondente ao valor atualizado da contratação
até o fim da vigência do 1º Termo Aditivo (02/08/2019).
O Contrato nº 050/2017 possui um alto grau de complexidade, vez que
engloba, além do serviço de coleta domiciliar, outros tipos de serviços, como a
coleta de resíduos de saúde e serviços de limpeza, conservação e manutenção de
logradouros públicos.
Os achados de auditoria encontram-se sustentados por extensa lista de
evidências juntadas aos autos, tendo sido apontadas pelo corpo instrutivo as
seguintes irregularidades: (i) sobrepreço decorrente de contratação com preço
superior ao preço paradigma; (ii) superfaturamento decorrente de medição de
insumos não utilizados na execução contratual; (iii) erros no projeto básico; e (iv)
deficiência no controle e fiscalização dos serviços contratados.
A documentação coletada em auditoria aponta que os aspectos
relacionados ao projeto básico e orçamentação foram determinantes para a
malversação de recursos públicos no âmbito da presente contratação,
primeiramente, visto que a metodologia adotada para a elaboração do orçamento
estimativo não se perfez em função dos serviços e suas respectivas unidades de
medida – v.g., R$/tonelada para RSD e m2 para varrição e capina/roçada –, mas sim
em função de previsão de itens de equipamentos e mão de obra com unidades de
medição temporal, ou seja, medição e pagamento por horas de insumos.
Nos dizeres do corpo técnico, “esta forma de orçamentação,
discriminando os itens contratados em insumos (mão de obra, equipamentos e
materiais), além de estar discordante com o objeto do certame e com a lei2,
prejudica sobremaneira a transparência da contratação. Este prejuízo deve-se à
dificuldade de apropriar a quantidade de insumos necessária para a realização de
2 A Lei Federal nº 8.666/93 em seu artigo 6º, inciso IX, alínea “f”, aplicada subsidiariamente a modalidade de
pregão, determina que o Projeto Básico deva conter, entre outros elementos, orçamento detalhado do custo
global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
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uma unidade de serviços de limpeza contratada, além de dificultar a fiscalização”.
Neste sentido, é oportuno destacar que a aludida crítica vai ao encontro
do entendimento do egrégio Tribunal de Contas da União sobre o tema, conforme
se observa do relatório do Acórdão 786/2006-TCU-Plenário, referente às disfunções
com reflexos negativos sobre a economicidade decorrentes da previsão de
pagamento com base em horas trabalhadas:
75. Além disso, ao prever o pagamento da contratada com base
quase exclusivamente na hora-trabalhada, o modelo anterior poderia
causar disfunções com reflexos negativos sobre a economicidade da
contratação.
76. A primeira dessas disfunções correspondia ao que denomino
paradoxo do lucro-incompetência. Isso significa que, quanto menor a
qualificação dos profissionais alocados na prestação de serviço,
maior o número de horas necessário para executá-lo, maior o lucro da
empresa contratada e maior o custo para a Administração.
77. Outra disfunção consistia na tendência de se remunerar todas as
horas de disponibilidade dos empregados da empresa, ainda que não
produtivas, em razão da dificuldade da Administração em controlar a
efetiva atividade dos profissionais terceirizados. Com isso, havia a
possibilidade de que a empresa viesse a ser remunerada sem que
houvesse a contraprestação em serviços efetivamente realizados.
As inconsistências metodológicas em tela se agravam, no mais, ante à
constatação de que “a cada medição foram juntadas aos processos de pagamento
Notas Fiscais para cada um dos seguintes serviços: coleta de lixo urbano, coleta de
lixo hospitalar, serviços de varrição, serviços de poda, serviços de capina e serviços
de remoção de entulho, sem a correspondente memória de cálculo correlacionando
esses serviços com os itens da planilha de medição inserida no mesmo processo de
pagamento”.
Outra irregularidade identificada se refere ao regime de execução
escolhido para a prestação dos serviços, haja vista que o regime de empreitada por
preço global não se adequa à natureza dos serviços contratados, os quais não
permitem definir claramente os aspectos quantitativos do objeto a ser executado.
Além disso, a equipe de auditoria constatou inconsistências entre o
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projeto básico e o orçamento estimativo, conforme excerto que transcrevo abaixo:
Outra inconsistência observada no Projeto básico é a inexistência de
descrição e metodologia de execução dos seguintes serviços:
- Coleta, transporte, tratamento e destinação final de entulhos/outros;
- Capina e roçada de logradouros públicos;
- Poda de árvores.
Foi observada também, durante a análise do Pregão Presencial nº
035/2017, uma grande divergência entre o Projeto Básico e a planilha
orçamentária, em relação ao serviço de RSS. No Projeto Básico há a
previsão de realização desse serviço uma vez por semana e, na
planilha orçamentária, foram previstas 240 (duzentas e quarenta)
horas de pick-up no mês. Isso corresponde dizer que, nos dias em
que o serviço é executado, a pick-up roda 60 (sessenta) horas sem
interrupção, o que, como se observa, é impossível.
Além da mão de obra prevista para a coleta, verificou-se, ainda, no
Projeto Básico, que houve previsão expressa desse insumo apenas
para o serviço de varrição.
Dessa forma, não foi constatada a previsão expressa de mão de obra
para os serviços de capina e roçada, remoção de entulho e poda.
Assim dispõe o Projeto Básico, à fl. 23 do PA 04837/17 (Anexo 04):
“2.12. VARRIÇÃO:
1. A varrição será feita com a utilização de 40 (quarenta)
serventes, contudo havendo a necessidade de deslocamento
de alguns funcionários para cobrir outra função ou demanda
com as características das funções previstas, os mesmos
serão instruídos pela própria Secretaria responsável para
desenvolver a função desejada.”
Por fim, foi verificada divergência entre o número de
retroescavadeiras estabelecidas no Projeto Básico e na planilha
orçamentária. No Projeto Básico houve previsão de apenas 01(uma)
retroescavadeira e na planilha orçamentária foram previstas 02
(duas).
Todas essas dissonâncias, por si só, comprometem a perfeita execução
do contrato, com reflexos, evidentemente, na boa aplicação dos recursos públicos
municipais, haja vista que, minimamente, os pagamentos foram realizados com um
grau de subjetividade incompatível com o rito e a finalidade que se impõem à
despesa pública.
Nada obstante, a equipe de auditoria identificou uma série de outras
inconsistências, relacionadas aos preços e quantitativos estimados, que também
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vulneraram a economicidade da contratação, cuja complexidade técnica admite a
transcrição da abordagem conferida ao tema, ipsis verbis:
5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ECONOMICIDADE
5.1. Coleta de resíduos sólidos domiciliares (RSD)
De forma a calcular o preço unitário do serviço de coleta, remoção e
transporte de resíduos domiciliares se faz necessário o cálculo das
quantidades dos insumos utilizados na sua prestação e da aferição de
seus preços unitários, conforme descrito abaixo:
a) Quantidades dos insumos que compõem o serviço
Inicialmente, destaca-se que o PA 04837/2017 (Anexo 04), que trata
do Contrato nº 050/2017 e do Pregão Presencial 035/2017 que lhe
deu origem, trouxe, às fls. 49/53, planilha estimativa de quantitativos e
custos dos insumos que compõem a execução do serviço de coleta
de resíduos sólidos domiciliares (RSD), entre outros.
Analisando essa planilha, verifica-se que a estimativa orçamentária foi
apresentada em termos de horas de insumos.
Ao elaborar a estimativa orçamentária, o orçamentista estimou, para a
execução do referido serviço, 5.760 (cinco mil setecentas e sessenta)
horas de caminhão compactador de 15 m3 pelo prazo de 12 (doze)
meses, que equivalem a 2 (dois) caminhões compactadores de igual
volume trabalhando 240 (duzentos e quarenta) horas por mês.
Para cada hora trabalhada de caminhão compactador, ficou
estabelecido um custo unitário estimado de R$ 164,29, acrescendo-se
a ele um BDI de 16%, chegando ao preço unitário estimado de R$
190,58, perfazendo um total de R$ 1.097.720,06 (5.760 x R$ 164,29 =
R$ 946.310,40 x 1,16 = R$1.097.720,06) para o período contratual
inicial (12 meses). Na composição desse preço já está incluso o valor
o motorista.
Esse custo unitário de R$ 164,29, segundo o Jurisdicionado, foi obtido
por uma pesquisa realizada em três prefeituras: Itaboraí, Italva e
Itaocara (Fls. 031/037 do PA 04837/2017 - Anexo 04), onde se pegou
a média dos preços (R$ 190,58) praticados nessas localidades e, de
forma inversa do demonstrado acima, se extraiu um BDI de 16%.
É de se estranhar a pesquisa de preço de locação de caminhão
compactador ser realizada tomando por base a contratação feita por
outros municípios, em vez de realizada diretamente em empresas que
ofertam no mercado esse tipo de serviço.
A própria contratada (Limpeza Urbana Serviços Ltda ME) apresenta,
para comprovação dos equipamentos utilizados na execução dos
serviços do Contrato nº 050/2017, um contrato de locação de
equipamento entre ela, figurando como Locatária, e a empresa Mega
Rio Empreendimentos Eireli, CNPJ 15.115.541/000-32, como
Locadora, em que se estabeleceu um valor mensal de R$ 38.000,00
para o aluguel dos seguintes caminhões: M. Benz ATEGO, Placa
LTF8403; VW-17280 18/19 com Caçamba Compactadora de 15 m3,
Placa PRI5615 e VW-17280 18/19 com Caçamba Compactadora de
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15 m3, Placa PRI5645 (Anexo 06).
Ao se comparar o custo mensal estimado pelo Pregão Presencial nº
035/2017 de apenas (01) um caminhão compactador (R$ 164,29 x
240 = R$ 39.429,60), incluindo motorista, verifica-se que esse valor já
ultrapassa o valor de R$ 38.000,00 estabelecido no contrato de
locação citado acima referente à locação de (03) três caminhões,
dentre eles (02) dois compactadores de 15 m3, com indicativo de
sobrepreço da estimativa orçamentária apresentada pela Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e defesa Civil, às fls. 49/53 do PA
04837/2017 (Anexo 04).
Apesar de mencionado o contrato de locação firmado entre a
empresa Limpeza Urbana Serviços Ltda ME e a empresa Mega Rio
Empreendimentos Eireli, verificaram-se nele as seguintes
inconsistências:
(i) Inclusão de veículos (VW-17280, placas PRI5615 e PRI5645) cujo
ano de fabricação (2018/2019) é posterior à data de sua assinatura
(01/08/2017);
(ii) Inclusão de veículo (M. Benz ATEGO, Placa LTF8403) já
contemplado em outro contrato de locação firmado, na mesma data
(01/08/2017), pela empresa Limpeza Urbana Serviços Ltda ME, como
locatária, e a empresa Vaga Certa Estacionamento Rotativo Eireli,
CNPJ 17.133.195/000-40, como locadora. (Atendimento ao Contrato
nº 050/2017)
Em relação à mão de obra de coletor de RSD, foram estimadas
15.552 (quinze mil quinhentas e cinquenta e duas) horas para todo o
período inicial do contrato (12 meses), equivalentes a 6 (seis)
coletores trabalhando 216 (duzentas e dezesseis) horas por mês,
cada.
Como já mencionado, esse modelo de orçamentação, medição e
pagamento (horas de insumos) pode causar algumas disfunções com
reflexos negativos sobre a economicidade da contratação, conforme
se observa no Voto condutor do Acórdão 786/2006-TCU-Plenário.
Esse voto aponta como uma das disfunções o paradoxo do lucro-
incompetência. Isto é, quanto menor a qualificação dos profissionais
alocados na prestação de serviço, maior o número de horas
necessário para executá-lo, maior o lucro da empresa contratada e
maior o custo para a Administração.
Além do paradoxo do lucro-incompetência, outra disfunção decorrente
desse modelo de medição e pagamento é a remuneração de todas as
horas de disponibilidade dos empregados da empresa, ainda que não
produtivas, em razão da dificuldade da Administração em controlar a
efetiva atividade dos profissionais terceirizados, possibilitando a
remuneração da empresa sem a efetiva contraprestação de serviços
realizados.
Ponto digno de comentário é a evolução dos gastos com limpeza
urbana no Município de Carmo. O valor da contratação dos serviços
de limpeza urbana, realizada por meio do Contrato nº 059/2014
(Anexo 05), saltou de R$ 129.000,00/mês para R$ 512.916,67/mês,
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com a contratação realizada por intermédio do Contrato nº 050/2017,
tendo, portanto, um acréscimo de 298%, apesar da variação da
inflação no período entre as contratações (MAR/2014 a JUL/2017)
ficar em torno de 18,50%.
Cabe esclarecer que houve acréscimo de alguns insumos na nova
contratação, tais como: 01 (um) guindauto acoplado a um caminhão
com carroceria fixa, no toco, capacidade de 7,5 t (utilizado na poda);
02 (dois) Caminhões basculantes, no toco, de 5,00m³, exclusive
depreciação, seguro e motorista; 02 (duas)
Retroescavadeiras/Carregadeiras, além da inclusão de 10 (dez)
funcionários. Houve, no entanto, a exclusão de 01 (um) caminhão
caçamba de 30,00m3.
Essas alterações verificadas nos quantitativos de insumos por si sós
não seriam capazes de acarretar uma evolução tão grande nos
gastos com limpeza urbana no município, como aquela que se
observa quando se compara os valores dos Contratos nos 059/2014
(R$ 129.000,00/mês) e 050/2017 (R$ 512.916,67/mês).
Só o somatório do valor mensal do aluguel dos compactadores (R$
84.293,95) com valor mensal dos coletores (R$ 25.323,84) do novo
contrato (Contrato nº 050/2017), insumos estes utilizados apenas no
serviço de coleta domiciliar, já corresponde a 88,00% do valor mensal
(R$ 129.000,00) de todos os serviços abarcados pelo contrato
anterior (Contrato nº 059/2014). Como informação adicional, observa-
se que não houve incremento na média de RSD (toneladas coletadas
por mês), considerando a comparação entre o período contratual
anterior e o atual, conforme informações dos Anexos 12 e 13.
Para avaliar se o preço contratado está compatível com o de
mercado, fez-se necessária a quantificação do número médio de
caminhões compactadores disponibilizados na coleta de resíduos
sólidos domiciliares e da respectiva mão de obra inerente ao serviço.
A análise dos serviços de coleta de RSD e demais itens associados à
limpeza pública urbana é extremamente complexa, uma vez que não
deixam registros de longo prazo que permitam verificações in loco
relacionadas às metodologias de execução dos trabalhos,
possibilitando, somente, a análise documental dos registros de
acompanhamento de serviços em processo administrativo, quando
disponível, e a depender da qualidade das informações elencadas
aos autos.
Devido a isto, a efetividade de auditoria neste tipo de objeto está
relacionada à oportunidade de inspeção em momento próximo, ou até
concomitante, à execução dos serviços prestados, o que não significa
que seja impossível alguma fiscalização posterior a este momento,
todavia a efetividade desta é substancialmente reduzida com o
decurso do tempo.
Para a análise dos equipamentos, a equipe de auditoria solicitou, por
meio do TSID 01 (Anexo 03), os boletins diários de operação (BDO) e
os relatórios de pesagens dos caminhões. Requisitou também
planilha com informações sobre os equipamentos utilizados em cada
um dos serviços previstos no referido contrato: tipo, placa,
marca/modelo, etc.
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
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Apesar de solicitado nos termos acima, não foram apresentados à
equipe de auditoria, de forma individualizada, os boletins diários de
operação (BDO) dos equipamentos utilizados na execução dos
serviços. Ressalta-se que esses boletins são essenciais à
fiscalização, pois neles são informados a placa, o nome do
operador/motorista, o horário e a quilometragem de saída da
garagem, o horário e a quilometragem de chegada no setor, o horário
e a quilometragem de saída do setor, o horário e a quilometragem de
chegada no aterro, o horário e a quilometragem de saída do aterro, o
horário e a quilometragem de retorno ao setor ou à garagem,
conforme o caso, etc.
Também não houve encaminhamento por parte do Jurisdicionado da
planilha das pesagens realizadas no CTR, elaborada pela empresa
responsável pelo próprio CTR.
A planilha encaminhada pelo Jurisdicionado com informações sobre
pesagens no CTR foi elaborada pela empresa que realizada o serviço
de coleta de RSD, e não pela empresa que opera o CTR, conforme
solicitado pelos auditores.
Registre-se que na aferição dos insumos, a equipe de auditoria
constatou tanto pela análise documental quanto pela verificação em
campo, grande deficiência de controle por parte da fiscalização e
da própria contratada.
Dando continuidade, analisando as informações do Centro de
Tratamento de Resíduos de Além Paraíba (Anexo 12), obtidas
diretamente no escritório do CTR-Além Paraíba, e, ainda, por meio da
observação in loco, verificou-se que para a execução do serviço de
coleta domiciliar (RSD) são disponibilizados 3 (três) caminhões
compactadores, sendo 2 (dois) efetivos, conforme demonstrado na
consolidação das pesagens diárias apresentada na planilha do Anexo
09, e 1 (um) para compor a reserva técnica.
Cumpre registrar que no primeiro ano do Contrato nº 050/2017 a
empresa LIMPEZA URBANA SERVIÇOS LTDA-ME utilizou
caminhões com vários anos de uso, conforme levantamento das
medições/pesagens ocorridas no CTR-Além Paraíba, onde foram
verificadas durante esse primeiro ano de execução do contrato as
seguintes placas de caminhões compactadores: LKV4958 (ano
fabricação: 2009); LKY9093 (ano fabricação: 2009); LQE9200 (ano
fabricação: 2011/2012); LUL2756 (ano fabricação: 2009); MWK0193
(ano fabricação: 2011); PZT9759 (ano fabricação: 2016/2017);
LTF8403 (ano fabricação: 2014); LQE9231 (ano fabricação: 2012).
Isso contraria o estabelecido no Projeto Básico (fls. 012/028 do Anexo
04), em especial o subitem 2.6.1-ESPECIFICAÇÃO BÁSICA DA
FROTA que dispõe o seguinte: “Os caminhões e os compactadores
deverão ter no máximo 05 (cinco) anos de uso”.
Quanto à mão de obra, foram solicitados por meio do TSID 01 (Anexo
03) o nome de cada funcionário, o respectivo cargo ou função e o tipo
de serviço prestado, dentre os serviços previstos na contratação.
Além da análise das informações encaminhadas pelo Jurisdicionado,
houve consulta, por meio do Núcleo de Informações Estratégicas para
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o Controle Externo-NICE, à Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS), ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) e, ainda, às Guias de Recolhimento do FGTS e de
Informações à Previdência Social (GFIPs), juntadas aos processos de
pagamento.
Foram observadas algumas divergências entre as informações
prestadas pelo Jurisdicionado e aquelas disponíveis em órgãos
oficiais, especialmente quando as informações prestadas são
comparadas com a RAIS e a GFIP (Anexo 10).
A título de exemplo, observou-se a existência de alguns funcionários
declarados pela contratada como vinculados a ela em determinado
período, quando, pela consulta a registros oficiais (RAIS - Anexo
10A), estavam vinculados a outras empresas (Anexo 10B), conforme
tabela abaixo:
Tabela 5 – Vinculação de Funcionários a outras empresas
A B C D E F G H
Ano
Inicial
Ano
FinalCPF
Nome Completo
(na RAIS)
Razão Social
(Nome na RAIS)
Data
Admissão
Data
Desligamento
2017 2018 102.293.037-06ALCINEY ROSA DE
OLIVEIRA
R 2 DESIGN E ARQUITETURA
CARMO LTDA ME13/04/2017 07/08/2018 01/09/2017
2017 2018 108.638.737-66BRUNA PECANHA DE
ALMEIDA
FIEL CONSTRUCOES E
SERVICOS EIRELI EPP01/09/2017 01/09/2018 01/12/2017
2017 2018 058.606.487-74MARCIO DE MEDEIROS
SILVA
FIEL PADUA
ADMINISTRADORA
CONSORCIOS LTDA
01/06/2017 04/04/2018 01/12/2017
DADOS OBTIDOS NA RAIS COMPETÊNCIA 2017 E 2018 Data Admissão
informada -
Limpeza Urbana
Serv. Ltda
Além das indicadas acima, as informações prestadas pelo
Jurisdicionado apresentaram outras inconsistências, tanto aquelas
juntadas aos processos de pagamento quanto aquelas fornecidas
pela empresa contratada e encaminhadas ao TCE-RJ pela
Controladoria Geral do Município de Carmo, dificultando
sobremaneira a sua análise.
Essas inconsistências, acompanhadas de alguns exemplos para
facilitar a sua compreensão/visualização, quando cabíveis, são
descritas a seguir:
(i) Foram juntadas aos processos de pagamento (Anexos 14/19), em
vários períodos de medição, GFIP’s sem a indicação do tomador do
serviço e, ainda, GFIP’s de outros municípios que sequer pertencem
ao Estado do Rio de Janeiro, como por exemplo: Presidente
Kennedy/ES, Piúma/ES, Jaguaré/ES e Marataízes/ES;
TCE-RJ
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(ii) Não há registro na GFIP e na RAIS dos funcionários que,
segundo a contratada, foram admitidos por prazo determinado,
conforme se observa pelo confronto das informações do Anexo 10A
com as do Anexo 10B;
(iii) Contratos de trabalho por tempo determinado fundamentados
em legislação que rege os empregados domésticos (Lei nº 5859/72);
(iv) Demonstrativos de pagamento/recibos (Anexo 10B) com data
final do período de competência e data de assinatura posteriores à
data de encaminhamento de sua cópia ao TCE-RJ (30/10/2019);
(v) Divergência de assinaturas de funcionário contratado em
períodos distintos (Anexo 10B);
TCE-RJ
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Quanto ao registro oficial de funcionários, o Manual de Orientação
RAIS (Anexo 23) dispõe sobre as informações que devem ser
declaradas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e quem
é obrigado a realizar essa declaração, de acordo com o Decreto nº
76.900, de 23 de dezembro de1975.
Dentre as informações que devem ser declaradas na RAIS, encontra-
se a relativa a trabalhadores admitidos por Contrato de Trabalho por
Prazo Determinado, conforme se extrai do fragmento do Manual de
Orientação RAIS (Anexo 23), transcrito abaixo:
“3. Quem deve ser relacionado
[...]
f) trabalhadores com Contrato de Trabalho por Prazo Determinado,
regido pela Lei nº 9.601, de 21 de janeiro de 1998;”
O Manual GFIP (Anexo 22) também dispõe sobre a obrigatoriedade
de declaração de empregado sob contrato de trabalho por prazo
determinado, conforme se observa no trecho a seguir, retirado do
referido manual:
“4.3 - CATEGORIA
Informar os seguintes códigos, de acordo com a categoria de
trabalhador:
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Cód. Categoria
01 Empregado;
02 Trabalhador avulso;
03 Trabalhador não vinculado ao RGPS, mas com direito ao
FGTS;
04
Empregado sob contrato de trabalho por prazo
determinado (Lei n 9.601/98),
com as alterações da Medida Provisória n° 2.164-41, de
24/08/2001;
(ver nota 4)
(...)“
Observa-se que, apesar de informado pela contratada que houve no
contrato a prestação de serviço por empregados sob Contrato de
Trabalho por Prazo Determinado, não há nos autos dos processos de
pagamento qualquer evidência dessa prestação (como por exemplo,
documentação referente às obrigações previdenciárias), reforçando a
necessidade de exclusão desses empregados da contabilização de
mão de obra efetiva do contrato.
Assim, considerando as incessantes solicitações de comprovação dos
empregados que efetivamente prestaram serviço no contrato
050/2017, conforme os diversos TSID`s encaminhados (Anexo 03);
Considerando a última resposta da empresa às solicitações desta
equipe de auditoria em relação à mão de obra
utilizada/disponibilizada, em que comunica não possuir mais
nenhuma informação a acrescentar as já enviadas (Anexo 31);
Desta forma, face às inconsistências apontadas acima, a equipe de
auditoria tomou como base apenas as informações oficiais (RAIS e
GFIP) para a determinação da mão de obra utilizada/disponibilizada
para a execução dos serviços contratados.
Consultando a GFIP e a RAIS (Anexo 10A), e por meio de
observações de campo, verificou-se que para a coleta de RSD são
disponibilizados 2 (dois) motoristas e 4 (quatro) coletores, sendo,
quanto a estes, 2 (dois) por caminhão efetivamente utilizado na
coleta.
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Conforme citado anteriormente, a aferição posterior da execução
desses serviços é de difícil realização. Mas, ainda que pudesse ser
comprovada de forma inequívoca a execução pretérita dos serviços, a
apresentação pela Administração de orçamento básico com
sobrepreço, com reflexo no equilíbrio econômico-financeiro do
contrato, não afasta a responsabilidade do agente privado que se
beneficia do superfaturamento dele decorrente.
Nessa perspectiva, o Acórdão 454/2014-Plenário (TC 010.305/2009-
0) traz (grifo nosso):
Voto:
(...)
14. Cabe ressaltar, ainda, no que tange ao argumento da empresa
citada solidariamente, segundo o qual os preços de sua proposta
estavam em consonância com o limite máximo do valor global fixado
no orçamento elaborado por técnicos do Deracre, que, se por um
lado o valor global máximo serve de parâmetro para apreciação das
propostas da licitação, por outro, torna-se necessário, para que haja
atendimento ao critério legal previsto no art. 43, inciso IV, da Lei
8.666/1993, que os preços praticados na licitação e no referido orçamento reflitam os preços praticados no mercado, sob pena de não isentar de responsabilidade por eventual sobrepreço ou superfaturamento tanto o agente público que pratica o ato
irregular como o privado que dele se beneficia.
15. Ainda que o preço orçado pela administração esteja acima dos
preços passíveis de serem praticados no mercado, têm as empresas
liberdade para oferecerem propostas que sabem estar de acordo com
os preços de mercado. Não devem as empresas tirar proveito de orçamentos superestimados, elaborados por órgãos públicos contratantes, haja vista incidir, no regime de contratação pública, regras próprias de Direito Público, mais rígidas, sujeitas a aferição de legalidade, legitimidade e economicidade por
órgãos de controle interno ou externo da Administração Pública.
Sem embargo, sua responsabilização solidária pelo dano resta
sempre evidenciada quando, recebedora de pagamentos por serviços
superfaturados, contribui de qualquer forma para o cometimento do
dano, nos termos do § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992. Logo, não há
como acolher as alegações de defesa da empresa beneficiária dos
pagamentos reputados superfaturados.
Com as motivações apontadas acima, a equipe de auditoria deu
continuidade à apuração do custo efetivo da execução dos serviços.
b) Custos unitários dos insumos que compõem o serviço
Novamente, destaca-se que o preço estimado da contratação advém
da planilha juntada às fls. 49/53 do PA 04837/2017 (Anexo 04) que
trata do Contrato nº 050/2017 e do Pregão Presencial 035/2017 que
lhe deu origem. Essa planilha traz a estimativa de insumos fixados em
horas sem o estabelecimento de quantitativo e preços de serviços
propriamente ditos.
Tendo como limite o valor de R$ 6.395.337,26 da planilha de
estimativa orçamentária, a Administração contratou a Empresa
Limpeza Urbana Serviços Ltda ME, que se propôs a executar o
Contrato nº 050/2017 por um preço global de R$ 6.155.000,00.
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No dever de avaliar a economicidade da contratação, considerando a
metodologia utilizada na orçamentação e as possíveis disfunções que
dela podem decorrer, conforme disposto no Acórdão 786/2006-TCU-
Plenário, a equipe de auditoria refez os cálculos para determinar o
preço real para execução dos serviços, com base nas informações
prestadas pelo Jurisdicionado e naquelas apuradas pelo TCE-RJ, de
acordo com a metodologia demonstrada a seguir, corroborada nos
procedimentos de auditoria relacionados a Resíduos Sólidos Urbano
(RSU) emitidos pelo Instituto Brasileiro de Obras Públicas-IBRAOP
(PROC-IBR-RSU 001/2017, 002/2017, 003/2017, 004/2017, 005/2017,
006/2017, 007/2017, 008/2017, 009/2017, 010/2017, 011/2018,
012/2018, 013/2018, 014/2018, 015/2018, 016/2018 e 017/2018).
Ressalta-se que os procedimentos de auditorias referentes ao RSU
emitidos pelo IBRAOP se aproximam da metodologia que já vem
sendo utilizada por esta Coordenadoria, quando da realização de
inspeções em objeto de mesma natureza.
Mas, antes de passar-se à análise em si, cumpre destacar alguns
aspectos inerentes à economicidade das contratações que envolvem
a execução de serviços de limpeza urbana.
A ausência de sistemas de custos próprios para limpeza urbana faz
com que não haja preços unitários disponíveis para alguns insumos
básicos que compõem os orçamentos dos serviços de coleta e
transporte de RSU. Como exemplo, podemos citar o caso dos
caminhões compactadores, cujos custos unitários não constam dos
sistemas de custos disponíveis no TCE-RJ.
Outra questão primordial no entendimento do problema é
heterogeneidade intrínseca aos serviços de limpeza urbana. O
planejamento, dimensionamento e execução da coleta de RSU é
função de diversos aspectos geográficos e socioeconômicos da
cidade, como: população; área do município; topografia; taxa de
urbanização; malha viária e condições de pavimentação, etc. Isto faz
com que não existam dois municípios idênticos. Essa característica
dificulta sobremaneira a produção e aplicação de indicadores de
produtividade/desempenho, fazendo com que seu uso tenha que ser
avaliado corretamente, conforme o caso.
Desta maneira, para comparar os preços contratados com os valores
de mercado, foi realizada uma análise dos insumos utilizados na
execução do serviço de coleta de resíduos domiciliares para a
composição do seu preço, conforme descrito a seguir.
Assim, foi elaborada planilha de cálculo, para a apuração do preço
unitário (R$/t) do serviço de coleta domiciliar, com os quantitativos e
custos dos equipamentos e da mão de obra necessários à operação.
Para tanto, a equipe de auditoria se dedicou à aferição da quantidade
de caminhões compactadores (Tabela 6), da quantidade de mão de
obra disponibilizada (Tabela 7), da distância percorrida, dos turnos de
trabalho e do número de viagens realizadas por cada caminhão
compactador, dados esses, essenciais para determinação da
economicidade desse serviço.
A quantidade de caminhões compactadores foi obtida por meio da
análise das informações do CTR-Além Paraíba (Anexo 12), em que
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foram extraídas a quantidade diária desses caminhões, a fim de se
obter a média mensal do referido equipamento, dando origem a
planilha do Anexo 09, cujo resumo é demonstrado na tabela a seguir:
Tabela 6 - Quantidade Média de Caminhões Compactadores
MÊS QUANTIDADE MÉDIA DIÁRIA
AGOSTO/2017 1,92
SETEMBRO/2017 1,96
OUTUBRO/2017 1,84
NOVEMBRO/2017 1,88
DEZEMBRO/2017 1,91
JANEIRO/2018 1,68
FEVEREIRO/2018 2,04
MARÇO/2018 1,92
ABRIL/2018 1,96
MAIO/2018 1,60
JUNHO/2018 2,04
JULHO/2018 1,88
AGOSTO/2018 1,73
SETEMBRO/2018 1,96
OUTUBRO/2018 1,92
NOVEMBRO/2018 1,89
DEZEMBRO/2018 2,00
JANEIRO/2019 1,88
FEVEREIRO/2019 1,83
MARÇO/2019 1,80
ABRIL/2019 1,88
MAIO/2019 1,81
JUNHO/2019 1,88
JULHO/2019 1,85
MÉDIA MENSAL
APURADA1,88
RESUMO
QUANTIADE DE CAMINHÕES COMPACTADORES
O quantitativo de mão de obra foi obtido por meio de consulta a
registros oficiais (GFIP e RAIS) e de observações feitas em campo,
dando origem a tabela 7 abaixo:
Tabela 7 - Mão de Obra Apurada (Coleta de RSD)
TURNO MÃO DE OBRA QUANTIDADE
DIURNO Motorista 2
Coletor 4
Por meio da análise das tabelas 6 e 7, observa-se que a quantidade
de mão de obra é coerente com a quantidade de caminhões
compactadores utilizados na execução do serviço de coleta de RSD.
Já a distância mensal percorrida (km/mês) foi obtida da planilha de
estimativa orçamentária que acompanha o Edital nº 027/2019 (Anexo
30), referente ao Pregão Presencial nº 022/2019, face à ausência de
BDO, GPS ou outra forma de controle por parte da empresa
contratada em que se pudesse obter essa informação.
Cumpre informar que Edital nº 027/2019 trata-se de procedimento
licitatório em curso, a fim de nova contratação de serviços de limpeza
urbana, em substituição ao Contrato nº 050/2017, tratado na presente
auditoria.
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Informamos, ainda, que o Edital nº 027/2019 e o Pregão Presencial nº
022/2019 foram conseguidos por meio de consulta à página oficial do
Município de Carmo na internet.
Na composição do custo mensal do caminhão compactador a equipe
de auditoria adotou o modelo de chassi VW-17280, considerando que
este modelo vem sendo utilizado atualmente pela contratada na
execução do serviço de coleta de RSD, conforme documentação
encaminhada pelo Jurisdicionado e observação de campo feita pela
equipe de auditoria.
Consultando a Tabela FIPE, foi verificado o valor de R$ 216.054,00
(Anexo 11) para o referido modelo, considerando o veículo zero km,
na data base JAN/2017.
Em relação à caçamba compactadora, considerando a inexistência de
sistema de custos, a equipe de auditoria realizou consulta à empresa
Usimeca - Indústria Mecânica S.A., obtendo o valor de R$ 138.200,00
para o modelo ALPHA 15 (coletor traseiro) de 15m3 (Anexo 11).
Para a composição do custo mensal do veículo, composto de chassi e
da caçamba compactadora, apuraram-se os custos fixos
(depreciação; remuneração de capital; licenciamento e seguro) e os
custos variáveis (custos com combustível; custos com óleo, filtros e
lubrificantes; custos com pneus e recauchutagem; e custos com
manutenção), com base nos procedimentos de auditoria relacionados
a Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) emitidos pelo Instituto Brasileiro
de Obras Públicas-IBRAOP.
A Tabela 8, a seguir, apresenta a memória de cálculo de apuração
dos custos dos caminhões compactadores utilizados na coleta
domiciliar (referência JAN/2017), nos termos descritos na análise
acima.
Tabela 8 – Custo dos Insumos de Equipamentos Utilizados na Coleta Domiciliar
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DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE PREÇO UNITÁRIO
CUSTO DE AQUISIÇÃO DOS CHASSIS ¹ unidade 2 R$ 216.054,00
CUSTO DE AQUISIÇÃO DOS COMPACTADORES ² unidade 2 R$ 138.200,00
R$ 354.254,00
TRAJETO Km/mês ³ Litro/Km ⁴ Consumo Mensal (Litros)Valor do litro do
Diesel ⁵Rotas de coleta
(159,49 km/dia x 26 dias no mês = 4.146,74 Km/mês) 4.146,74 0,6 2.488,04 R$ 3,138
Deslocamento Aterro/Transbordo
(75,72 km/dia x 26 dias no mês = 1.968,72 Km/mês) 1.968,72 0,2 393,74 R$ 3,138
CUSTO MENSAL
VALOR DE AQUISIÇÃO QUANTIDADE TOTAL CUSTO DE MANUTENÇÃO VIDA ÚTIL EM
MESES
R$ 354.254,00 2 R$ 708.508,00 0,90 60,00
VALOR/QUANTIDADE
R$ 5.346,00
1
R$ 444,46
6
30.000
20.000
1,2
0,1816
6.115,46
R$ 1.110,81
R$ 1.110,81
DESCRIÇÃOCUSTO
COMPACTADOR PERCENTUAL CUSTO ANUAL QTDE VEÍCULOS QTDE MESES CUSTO MENSAL
IPVA ⁶ R$ 354.254,00 1,0% R$ 3.542,54 2 12 R$ 590,42
LICENCIAMENTO ANUAL ⁷ R$ 354.254,00 - R$ 189,45 2 12 R$ 31,58
DPVAT - SEGURO OBRIGATÓRIO ⁸ R$ 354.254,00 - R$ 29,54 2 12 R$ 4,92
SEGURO ⁹ R$ 354.254,00 4,00% R$ 14.170,16 2 12 R$ 2.361,69
R$ 2.988,62
CUSTO COMPACTADOR VALOR A SER
DEPRECIADO (80%)
VIDA ÚTIL EM
MESESCUSTO MENSAL POR VEÍCULO CUSTO MENSAL
R$ 354.254,00 R$ 283.403,20 60 R$ 4.723,39 R$ 9.446,77
VALOR/QUANTIDADE
R$ 354.254,00
R$ 70.850,80
5
R$ 240.892,72
R$ 2.589,60
R$ 2.589,60
2
R$ 5.179,19
CUSTO MENSAL
R$ 9.043,05
R$ 10.627,62
R$ 1.110,81
R$ 904,31
R$ 2.988,62
R$ 9.446,77
R$ 5.179,19
R$ 2.824,22
R$ 42.124,59
R$ 42.124,59
CUSTO MENSAL
LUBRIFICAÇÃ0 (10% DO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL)
CUSTO MENSAL COM COMBUSTÍVEL PERCENTUAL DE GASTO COM LUBRIFICAÇÃO CUSTO MENSAL
R$ 9.043,05 10% R$ 904,31
RESUMO DO CUSTO MENSAL DE EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DOMICILIAR
DEPRECIAÇÃO
CUSTO MENSAL (PARA CADA VEÍCULO)
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL
¹ Considerado para o chassis o modelo VOLKSWAGEN CONSTELLATION 17.280 - ANO 2018 - Valor Tabela FIPE - https://veiculos.fipe.org.br?caminhao/volkswagen/1-2017/515136-8/32000/d/lhm7n06fjtcd
R = Preço da recauchutagem por pneu (R$); Valor obtido através da página oficial da Prefeitura de Carmo-RJ - Anexo A c/c Anexo 3 do Projeto Básico do Edital nº 0027/2019
(Pregão Presencial nº 0022/2019 - PA nº 03472/2019)
QRM = Quilometragem rodada no mês (Km);
Coeficiente para computar as perdas de carcaças antes da recauchutagem (20%).
CR= Preço de pneus e recauchutagem por quilômetro rodado (R$/Km) - CR={(1,2.P.CJ) + (R.NP)}/(VUN+VUR)
⁴ CONSUMO MÉDIO: informação obtida conforme diretrizes PROC-IBR-RSU 005/2017 - IBRAOP/IRB
⁵ PREÇO DO DIESEL: Ref. Item elementar código 00218 - EMOP - base janeiro/2017 - R$/litro
P = Preço do conjunto 6 pneus novos (pneu/câmara/protetor) - Ref. item elementar código 00823 - EMOP base janeiro 2017 - R$;
CJ = Conjunto de 6 pneus novos (pneu/câmara/protetor);
NP = Número total de pneus do veículo e do equipamento;
VUR= Vida útil do pneu com recauchutagem (Km);
APURAÇÃO DOS CUSTOS COM EQUIPAMENTO UTILIZADO NA COLETA DOMICILIAR
COMAPCTADOR (CONBUSTÍVEL, MANUTENÇÃO, PNEUS E LUBRIFICAÇÃO, DEPRECIAÇÃO, LICENCIAMENTO E SEGUROS)
TOTAL
R$ 432.108,00
R$ 276.400,00
R$ 708.508,00
² Considerado cotação de mercado para o modelo ALPHA 15 (15 m³) - fabricação USIMECA - Anexo 07
DESCRIÇÃO
Custo Mensal
R$ 7.807,48
R$ 1.235,57
PNEUS
MANUTENÇÃO
CUSTO MENSAL
R$ 10.627,62
R$ 9.043,05
³ QUILOMETRAGEM MENSAL PERCORRIDA: informação obtida na página oficial da Prefeitura de Carmo-RJ - Planilhas do Projeto Básico do Edital nº 0027/2019 (Pregão Presencial nº 0022/2019 - PA nº 03472/2019) - Anexo 30 do
Relatório de Auditoria
TOTAL
QTDE VEÍCULOS
2
REMUNERAÇÃO DO CAPITAL
Jm = remuneração de capital mensal (R$) - Jm = Im . i / 12 (i = 12,90% - taxa SELIC jan/2017)
DEPRECIAÇÃO
REMUNERAÇÃO DO CAPITAL
V0 = valor inicial do bem (R$);
VR = valor residual do bem - 20% (R$);
t = tempo restante de vida útil (em anos);
Im = investimento médio (R$) - Im = [(Vo – VR) . (t + 1) / 2t] + VR
DESCRIÇÃO
DESCRIÇÃO
COMBUSTÍVEL
MANUTENÇÃO
PNEUS
LUBRIFICAÇÃO
QUANTIDADE DE VEÍCULOS
CUSTO MENSAL TOTAL
CPR= Preço mensal de pneus e recauchutagem (R$/mês) - CPR = QRM.CR
VUN = Vida útil do pneu novo (Km);
LICENCIAMENTO E SEGUROS
CUSTO TOTAL MENSAL DOS CAMINHÕES COMPACTADORES
RESERVA TÉCNICA (Conforme diretrizes PROC-IBR-RSU 002/2017 - IBRAOP/IRB)
RESERVA TÉCNICA (Conforme diretrizes PROC-IBR-RSU 002/2017 - IBRAOP/IRB)
CUSTO TOTAL DOS VEÍCULOS, EXCLUINDO GASTOS COM COMBUSTÍVEL,
LUBRIFICANTE E PNEUS
REMUNERAÇÃO DE 10 % DO CUSTO TOTAL DOS VEÍCULOS,
EXCLUINDO GASTOS COM COMBUSTÍVEL, LUBRIFICANTE E
PNEUS
CUSTO MENSAL
R$ 28.242,20 10% R$ 2.824,22
LICENCIAMENTO E SEGUROS
CUSTO MENSAL
⁶ Percentual conforme inciso V do art. 10 da Lei nº 2.877/1997
⁷ http://www.detran.rj.gov.br/_monta_aplicacoes.asp?doc=10652&cod=14&tipo=exibe_noticias&pag_noticias=true
⁸ Valor conforme https://www.seguradoralider.com.br/Seguro-DPVAT/Sobre-o-Seguro-DPVAT - Anexo 07
⁹ Percentual obtido por consulta ao MANUAL PARA ANÁLISE DE SERVIÇOS DE LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS - Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás - Pág. 118
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No que tange à mão de obra de coletor e de motorista de caminhão,
os custos unitários, na data base de JAN/2017, foram apurados
conforme demonstrado na tabela abaixo:
Tabela 9 – Custo da Mão de Obra Utilizada na Coleta Domiciliar
RUBRICAS RUBRICAS
Salário, inclusive encargos sociais
(EMOP - Jan/2017 - cód. 05.105.0148-0)
Salário, inclusive encargos sociais
(EMOP - Jan/2017 - cód. 05.105.0114-0)
Insalubridade (20%) Insalubridade (40%)
SUBTOTAL SUBTOTAL
Custo Mensal Custo Mensal
FUNÇÃO TURNO QUANTIDADE CUSTO MENSAL
MOTORISTA DIURNO 2 R$ 3.985,34
COLETOR DIURNO 4 R$ 3.363,36
TOTAL
RESUMO DOS CUSTOS DE MÃO DE OBRA UTILIZADA NA COLETA DOMICILIAR
TOTAL MENSAL
R$ 7.970,69
R$ 13.453,44
R$ 21.424,13
APURAÇÃO DOS CUSTOS COM MÃO DE OBRA UTILIZADA NA COLETA DOMICILIAR
MOTORISTA COLETOR
DIURNO DIURNO
R$ 3.321,12
R$ 664,22
R$ 3.985,34
R$ 3.985,34
R$ 2.402,40
R$ 960,96
R$ 3.363,36
R$ 3.363,36
Cumpre esclarecer que o salário base utilizado na apuração dos
custos da mão de obra da tabela acima foi extraído do sistema
EMOP, referência JAN/2017.
c) Consolidação do preço unitário do serviço de Coleta e Transporte de RSD
Para determinar o preço unitário paradigma para o serviço de coleta e
transporte de RSD, a equipe de auditoria elaborou planilha de
cálculos, em que os quantitativos de equipamentos e mão de obra
correspondem àqueles indicados nas Tabelas 6 e 7, respectivamente.
Quanto ao custo desses insumos, foram utilizados aqueles apurados
na Tabela 8, para os equipamentos, e, para a mão de obra, aqueles
apurados na Tabela 9.
Por fim, para determinar um preço por quantidade (R$/t), calculou-se
a razão entre o montante dos valores dos insumos utilizados,
apurados nos termos do parágrafo anterior, e a média das
quantidades de RSD apuradas durante a execução do contrato.
Acrescente-se que ao valor dos insumos foi adicionado BDI,
correspondente a 16%, em conformidade com que foi apresentado na
estimativa orçamentária.
A determinação do preço paradigma, utilizando-se os parâmetros
descritos acima, encontra-se na Tabela 10.
Tabela 10 - Preço Paradigma RSD-JAN/2017
R$ 21.424,13
R$ 42.124,59
R$ 63.548,71
R$ 10.167,79
R$ 73.716,51
278,71
R$ 264,49
CUSTO MENSAL DOS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA COLETA DOMICILIAR
APURAÇÃO DO PREÇO UNITÁRIO POR TONELADA
CUSTO MENSAL DA MÃO DE OBRA UTILIZADA NA COLETA DOMICILIAR
CUSTO MENSAL DOS INSUMOS (MÃO DE OBRA + EQUIPAMENTOS)
BDI (16%)
TOTAL
MÉDIA OBTIDA DA CENTRAL DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS (Compromisso Ambiental Ltda, por meio de registro de entradas no Aterro Sanitário - Agosto/2017 a Julho/2019). (t)
PREÇO UNITÁRIO (R$/t)
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Feita a comparação entre os valores mensais medidos em termos de
horas de insumos e os valores apurados pela equipe de auditoria,
obtidos pela multiplicação do preço paradigma de R$ 264,49 pelas
quantidades mensais coletadas, chega-se a um superfaturamento que
está demonstrado na planilha de apuração do dano (Anexo 28).
Por meio da análise da planilha do Anexo 28, evidencia-se que houve
sobrepreço na orçamentação e contratação do serviço em questão,
visto que, caso a estimativa fosse elaborada em termos de
remuneração por quantidade coletada (R$/t), haveria um custo menor
para os cofres do município, quando comparado com a remuneração
de insumos por unidade temporal (R$/h).
Além da obrigatoriedade de apropriação por serviço, a remuneração
por peso de resíduos coletados (R$/tonelada) estabelece uma lógica
que permite ao município reduzir os esforços de fiscalização relativos
à área de cobertura do serviço, uma vez que a empresa contratada
tem todo interesse em coletar a maior quantidade possível de
resíduos. Esta modalidade de remuneração possibilita à fiscalização
se concentrar nas exigências operacionais e quantitativas.
Como observação final, fica comprovada a ocorrência de
irregularidades na elaboração do Projeto Básico e orçamentação.
5.2. Coleta de resíduos de saúde (RSS)
Analisando o Projeto Básico, verificou-se que foi previsto que a
execução da coleta, transporte e disposição final dos Resíduos de
Saúde (RSS) em instalações licenciadas pelos órgãos ambientais
competentes com sistema de autoclave ou incineração será realizada
uma vez por semana, conforme fl. 24 do PA 04837/17 (Anexo 04).
Ficou estabelecido na planilha orçamentária (fls. 049/053 do PA
04837/17 - Anexo 04) que, para a execução desse serviço, seria
necessária a utilização de uma camionete tipo pick-up adaptada,
trabalhando 2880 (duas mil oitocentas e oitenta) durante o prazo
contratual inicial (12 meses), que equivalem a 240 horas por mês.
Além da pick-up adaptada, houve previsão na planilha orçamentária
de 5760 (cinco mil setecentas e sessenta) horas de mão de obra de
coletor. Esse quantitativo previsto corresponde a 2 (dois) coletores
trabalhando 240 (duzentas e quarenta) horas por mês, cada.
Comparando-se as informações do Projeto Básico e da planilha
orçamentária, verifica-se uma grande divergência entre elas. No
Projeto Básico há a previsão de realização desse serviço uma vez por
semana e, na planilha orçamentária, foram previstas 240 (duzentas e
quarenta) horas de pick-up no mês. Isso corresponde dizer que, nos
dias em que o serviço é executado, a pick-up roda 60 (sessenta)
horas sem interrupção, o que, como se observa, é impossível.
Na aferição do preço, a equipe de auditoria constatou, em análise
documental e observações feitas in loco, a utilização de uma pick-up
adaptada e apenas um coletor para a realização do serviço ora
analisado. Corrobora o fato de que não há espaço físico neste tipo de
veículo para dois coletores e um motorista.
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Então, na apuração do dano (Anexo 28), a equipe de auditoria
compôs para a realização do serviço de RSS uma guarnição formada
por uma pick-up adaptada, em cujo valor já está incluso o custo com
o motorista, e um coletor, utilizando-se como unidade de medida
“equipe/mês”.
5.3 Outros Serviços
Além dos serviços de coleta de RSD e RSS, o Contrato nº 050/2017
prevê a realização de limpeza pública, conservação e manutenção de
logradouros públicos. Após análise do Projeto Básico e observações
feitas em campo, verificaram-se, dentro da limpeza pública,
conservação e manutenção de logradouros públicos, os seguintes
serviços:
1. Varrição;
2. Capina e Roçada;
3. Remoção de Entulho;
4. Poda;
Em relação a esses serviços, considerando a mobilidade de mão de
obra entre eles, a equipe de auditoria decidiu analisa-los em conjunto.
Analisando a planilha orçamentária, a equipe de auditoria verificou
que as quantidades estimadas para a realização dos serviços de
varrição, capina e roçada, remoção de entulho e poda foram
estabelecidas em termos de horas de insumos conforme descrito
abaixo.
Equipamentos:
a) 5760 (cinco mil setecentas e sessenta) horas de caminhão
basculante, no toco, de 5m3, durante o período inicial do contrato, que
equivalem a 2 (dois) caminhões trabalhando 240 (duzentas e
quarenta) horas por mês (subitem 1.4 da planilha orçamentária);
b) 2880 (duas mil oitocentas e oitenta) horas de caminhão
carroceria equipado com guindauto, durante o período inicial do
contrato, que correspondem ao equipamento trabalhando
240 (duzentas e quarenta) horas por mês (subitem 2.1 c/c subitem 2.3
da planilha orçamentária);
c) 5760 (cinco mil setecentas e sessenta) horas de
retroescavadeira, durante o período inicial do contrato, que equivalem
a 2 (duas) retroescavadeiras trabalhando 240 (duzentas e quarenta)
horas por mês (subitem 2.2 da planilha orçamentária);
d) 2880 (duas mil oitocentas e oitenta) horas de caminhonete tipo
pick-up, com cabine simples e caçamba, tipo leve, motor
bicombustível (gasolina e álcool) de 1.6 litros, inclusive motorista,
durante o período inicial do contrato, que correspondem ao veículo
trabalhando 240 (duzentas e quarenta) horas por mês (subitem 2.4 da
planilha orçamentária);
e) 2880 (duas mil oitocentas e oitenta) horas de roçadeira costal à
gasolina, exclusive operador, durante o período inicial do contrato,
que correspondem à roçadeira operando 240 (duzentas e quarenta)
horas por mês (subitem 2.6 da planilha orçamentária).
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Mão de obra:
a) 03 (três) motoristas trabalhando 216 (duzentas e dezesseis)
horas por mês, totalizando 7776 (sete mil setecentas e setenta e seis)
horas pelo prazo de 12 meses (subitem 3.1 da planilha orçamentária);
b) 40 (quarenta) serventes trabalhando 216 (duzentas e dezesseis)
horas por mês, perfazendo 103.680 (cento e três mil seiscentas e
oitenta horas) pelo prazo de 12 meses (subitem 3.6 da planilha
orçamentária);
c) 04 (quatro) operadores de motosserra por cada mês de duração
do contrato (subitem 3.14 da planilha orçamentária).
Dando continuidade à análise, verificou-se no Projeto Básico que,
dentre os serviços ora analisados, houve previsão expressa de mão
de obra apenas para o serviço de varrição.
Assim dispõe o Projeto Básico, à fl. 23 do PA 04837/17 (Anexo 04):
“2.12. VARRIÇÃO:
1. A varrição será feita com a utilização de 40 (quarenta) serventes,
contudo havendo a necessidade de deslocamento de alguns
funcionários para cobrir outra função ou demanda com as
características das funções previstas, os mesmos serão instruídos
pela própria Secretaria responsável para desenvolver a função
desejada.”
Outra verificação foi a divergência entre o número de
retroescavadeiras estabelecidas no Projeto Básico e na planilha
orçamentária. No Projeto Básico houve previsão de apenas 01(uma)
retroescavadeira e na planilha orçamentária foram previstas 02
(duas).
Na aferição do preço dos serviços enquadrados pela limpeza pública,
conservação e manutenção de logradouros públicos, levantou-se a
quantidade de insumos disponibilizados para a sua execução.
A quantidade de mão de obra foi estabelecida com base em registros
oficiais (GFIP, RAIS), dando origem à planilha do Anexo 21, haja vista
as diversas inconsistências observadas nas informações fornecidas
pelo Jurisdicionado.
Observando essa planilha (Anexo 21), verifica-se que a quantidade de
mão de obra apurada pela auditoria está aquém da quantidade
prevista/contratada, sendo essa diferença significativamente
acentuada no primeiro ano de execução do contrato.
Só a título de exemplo, no primeiro ano de contrato, a quantidade
mensal de serventes, incluindo operador de roçadeira, variou de 18
(dezoito) a 24 (vinte e quatro) serventes, tendo como média nesse
período 21 (vinte e um) serventes. Apesar de significativamente
menor que o orçado/contratado (40 serventes), a empresa mediu, no
primeiro ano de contrato, todas as horas previstas/contratadas para a
mão de obra de servente.
Comparando-se a média mensal de 21 (vinte e um) serventes,
apurada no primeiro ano de contrato, e a quantidade total de horas
(103.680 horas) medidas para esse insumo, chega-se à conclusão de
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que cada servente trabalhou, em média, 411 (quatrocentas e onze)
horas por mês, o que, além de constitucionalmente vedado, é
extremamente improvável.
A quantidade de equipamentos foi estabelecida por meio da análise
conjunta dos documentos encaminhados pelo Jurisdicionado e das
observações realizadas em campo.
Após essa análise, a equipe de auditoria constatou os seguintes
equipamentos para a realização dos serviços de limpeza pública,
conservação e manutenção de logradouros públicos: 02 (dois)
Caminhões Basculante (remoção); 02 (duas)
Retroescavadeiras/Carregadeiras (remoção); 01 (uma) Camioneta
tipo pick-up e 01 (um) Guindauto (poda), além de roçadeiras costais e
motosserras, calculadas de acordo com o número de operadores.
Na apuração do dano decorrente da execução do Contrato nº
050/2017, a equipe de auditoria adotou metodologia diversa daquela
utilizada pelo Jurisdicionado na orçamentação e medição dos
serviços executados, que levam em consideração horas de utilização
de insumos.
A metodologia utilizada pela equipe de auditoria considerou a
apropriação por serviços, conforme definido em lei (art. 6º, IX, f, da
Lei Federal nº 8.666/93), tendo como unidade de medida equipe
mensal disponibilizada para executa-los.
Esta metodologia, além de atender o que dispõe a legislação, evita as
disfunções (lucro-incompetência, pagamento de horas improdutivas)
que podem ocorrer na orçamentação que levam em consideração
horas de utilização de insumos.
Para isso, a equipe de auditoria utilizou na apuração dos custos
mensais o sistema de custo EMOP. Por meio desse sistema foram
obtidos os custos mensais dos insumos (equipamentos e mão de
obra) utilizando-se, para tanto, a codificação em que os eles são
apresentados pelo seu custo mensal. Para os itens em que não há
código de custo mensal, a equipe de auditoria utilizou o valor unitário
do código do custo por hora multiplicado por 176 (cento e setenta e
seis) horas, conforme metodologia utilizada pela própria EMOP.
5.4 Administração Local
Os insumos da planilha orçamentária identificados pela equipe de
auditoria como integrantes da composição deste item são:
encarregado, engenheiro sanitarista, escriturário, técnico de
segurança do trabalho, almoxarife, apontador, vigia diurno e noturno,
além de um veículo de passeio.
Os insumos mencionados acima só devem ser considerados na
administração local se forem aplicados exclusivamente na
contratação, caso contrário deve fazer parte da administração central,
entrando na composição do BDI.
Para a verificação do valor pago a título de administração local,
levantou-se a quantidade de insumos disponibilizados para a sua
realização.
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A quantidade de mão de obra foi estabelecida com base em registros
oficiais (GIFIP, RAIS), dando origem à planilha do Anexo 21, haja
vista as diversas inconsistências observadas nas informações
fornecidas pelo Jurisdicionado.
Observando essa planilha, verifica-se que a quantidade apurada pela
auditoria é menor que quantidade prevista/contratada/paga.
Dando continuidade, após uma análise conjunta dos documentos
encaminhados pelo Jurisdicionado e das observações realizadas em
campo, a equipe de auditoria constatou a existência de um veículo de
passeio que foi considerado como utilizado na administração local.
Na apuração do dano decorrente da execução do Contrato nº
050/2017, a equipe de auditoria adotou metodologia diversa daquela
utilizada pelo Jurisdicionado na orçamentação e medição do serviço
executado, que levam em consideração horas de utilização de
insumos, e adotou metodologia de apropriação mensal dos insumos
utilizados/disponibilizados na administração local.
5.5 EPI`s e Demais Insumos (ferramentas e materiais de consumo)
Considerando a dificuldade de análise e a baixa materialidade desses
insumos a equipe de auditoria decidiu repetir, na planilha de apuração
do dano (Anexo 28), os valores medidos pela empresa e atestados
pela fiscalização do contrato.
Por todo o exposto, tem-se que as inconsistências apuradas no âmbito da
presente auditoria concorreram para a configuração dos três primeiros achados, a
saber:
– ACHADO 1 –
Sobrepreço decorrente de preço superior ao paradigma de mercado
a) Critérios
• Art. 43, inciso IV, da Lei nº 8.666/93;
b) Evidências
• Projeto Básico, planilha orçamentária e planilha contratada, fls.
012/028, 049/053 e 342/344, respectivamente, do PA 04837-2017
(Anexo 04 - Processo Adm 04837-2017.pdf);
• Consolidação da média diária de caminhões compactadores
utilizados na coleta domiciliar (Anexo 09 - Média diária Qt Cam
Comp.pdf);
• Comprovantes de valores do chassis e caçamba compactadora
(Anexo 11 - Documentação Veículos.pdf);
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• Documentação de comprovação de mão de obra
utilizada/disponibilizada – GFIP e RAIS (Anexo 10A - Documentação
Mão de Obra.pdf);
• Planilhas de pesagens no Aterro de Além Paraíba (Anexo 12 -
Pesagem Aterro _ 2017 _ 2018 _ 2019.pdf) c/c consolidação da
média mensal de resíduos depositados no Aterro de Além Paraíba
(Anexo 13 - Média Mensal Resíduos Aterro.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 45/45v e 103/103v do PA 0920/2017;
210/210v do PA 0919/2017; 44/44v e 176/176v do PA 0921/2017
(Anexo 14 - Processos Pagto 0919-0920-0921 _ 2017.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 111/111v do PA 1131/2017; 32/32v
do PA 1132/2017; 31/31v do PA 1250/2017; 32/32v e 188/188v do PA
1251/2017; 45/45v do 1422/2017; 31/31v do PA 1505/2017 (Anexo
15 - Processos Pagto 1131-1132-1250-1251-1422-1505 _ 2017.pdf)
• Notas fiscais juntadas às fls. 93/93v e 231/231v do PA 0001/2018;
39/39v e 111/111v do PA 0002/2018; 39/39v, 195/195v, 266/266v,
351/351v, 363/363v, 504/504v, 613/613v, 668/668v, 774/774v e
798/798v do PA 0003/2018 (Anexo 16 - Processos Pagto 0001-0002-
0003 _ 2018.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 39/39v e 67/67v do PA 0785/2018;
8/8v do PA 0875/2018; 18/18v, 54/54v, 164/164v, 239/239v,
264/264v, 359/359v, 373/373v e 440/440v do PA 0981/2018 (Anexo
17 – Processos Pagto 0784-0785-0875-0981-1636 _ 2018.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 34/34v, 135/135v, 213/213v e
475/475v do PA 0010/2019; 11/11v, 403/403v e 849/849v do PA
0011/2019 (Anexo 18 - Processos Pagto 0010-0011 _ 2019.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 49/49v e 148/148v do PA 0012/2019;
12/12v e 155/155v do PA 1077/2019 (Anexo 19 - Processos Pagto
0012-1077 _ 2019.pdf);
• Consolidação das notas fiscais e processos de pagamento
(Anexo 20 - Relação de NF’s e Proc Pagto.pdf);
• Consolidação da mão de obra por mês de competência (Anexo 21
- Planilha de Mão de Obra por mês de competência.pdf);
• Consolidação das planilhas de medições juntadas aos processos
de pagamento (Anexo 24 - Planilha de Medições Contrato.pdf);
• Demonstração de apuração do dano na coleta de RSD (Anexo 28
- Planilha de Apuração do Dano.pdf);
• Demonstração da apropriação do dano apurado na coleta de RSD
por responsáveis (Anexo 29 - Planilha Dano x Responsáveis.pdf);
c) Situação Encontrada
Superfaturamento decorrente de sobrepreço na orçamentação do
serviço de coleta domiciliar, em virtude da superestimação de preço e
quantidade de insumos para a execução do referido serviço,
constatado no Contrato nº 050/2017, da ordem de R$ 1.817.190,09
(R$ 946.982,00 + R$ 870.208,08), atualizados para 2019,
equivalentes a 531.171,29 UFIR-RJ, como demonstrado nas tabelas
11 e 12 abaixo, considerando os valores medidos e aqueles apurados
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
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em auditoria, conforme planilhas do Anexo 28 (Planilha de Apuração
do Dano) e do Anexo 29 (Planilha Dano x Responsáveis), em
desacordo com o art. 43, Inc. IV, da Lei nº 8.666/93:
Tabela 11 – Atualização do Dano – Achado 1
ACHADO 1
RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS:
Sr. Renato da Silva Amarante, CPF 709.002.726-00, Secretário de Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época dos fatos.
LIMPEZA URBANA SERVIÇOS LTDA-ME CNPJ nº 32.461.170/0001-60.
Sr. Paulo César Gonçalves Ladeira, CPF 010.792.847-70, Prefeito do Município de Carmo, à época dos fatos.
NÚMERO DA MEDIÇÃO PERÍODO DA MEDIÇÃO
DIFERENÇA APURADA
R$
(Anexo xx c/c Anexo yyy)
VALOR DA
UFIR-RJQUANT. UFIR-RJ
VALOR DA
UFIR-RJ
2019
VALOR
ATUALIZADO
2019
1ª (CT 050/2017) 07/08/2017 A 31/08/2017 R$ 66.279,85 3,1999 20.713,10 3,4211 R$ 70.861,59
2ª (CT 050/2017) 01/09/2017 A 15/09/2017 R$ 46.782,92 3,1999 14.620,12 3,4211 R$ 50.016,89
3ª (CT 050/2017) 16/09/2017 A 30/09/2017 R$ 40.589,27 3,1999 12.684,54 3,4211 R$ 43.395,09
4ª e 5ª (CT 050/2017) 01/10/2017 A 31/10/2017 R$ 97.177,62 3,1999 30.368,96 3,4211 R$ 103.895,23
6ª e 7ª (CT 050/2017) 01/11/2017 A 30/11/2017 R$ 62.992,75 3,1999 19.685,85 3,4211 R$ 67.347,26
8ª e 9ª (CT 050/2017) 01/12/2017 A 31/12/2017 R$ 72.384,27 3,1999 22.620,79 3,4211 R$ 77.387,99
10ª e 11ª (CT 050/2017) 01/01/2018 A 31/01/2018 R$ 65.734,50 3,2939 19.956,43 3,4211 R$ 68.272,96
12ª e 13ª (CT 050/2017) 01/02/2018 A 28/02/2018 R$ 87.834,54 3,2939 26.665,82 3,4211 R$ 91.226,43
14ª e 15ª (CT 050/2017) 01/03/2018 A 31/03/2018 R$ 72.286,11 3,2939 21.945,45 3,4211 R$ 75.077,57
16ª e 17ª (CT 050/2017) 01/04/2018 A 30/04/2018 R$ 78.721,23 3,2939 23.899,09 3,4211 R$ 81.761,19
18ª e 19ª (CT 050/2017) 01/05/2018 A 31/05/2018 R$ 76.807,28 3,2939 23.318,04 3,4211 R$ 79.773,34
20ª e 21ª (CT 050/2017) 01/06/2018 A 30/06/2018 R$ 68.189,07 3,2939 20.701,62 3,4211 R$ 70.822,31
22ª e 23ª (CT 050/2017) 01/07/2018 A 31/07/2018 R$ 64.647,66 3,2939 19.626,48 3,4211 R$ 67.144,15
TOTAL R$ 900.427,07 276.806,29 R$ 946.982,00
Tabela 12 – Atualização do Dano – Achado 1
ACHADO 1
RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS:
Sr. Ronaldo Rocha Ribeiro Junior,CPF 115.198.807-31, Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, à época dos fatos.
LIMPEZA URBANA SERVIÇOS LTDA-ME CNPJ nº 32.461.170/0001-60.
Sr. Paulo César Gonçalves Ladeira, CPF 010.792.847-70, Prefeito do Município de Carmo, à época dos fatos.
NÚMERO DA MEDIÇÃO PERÍODO DA MEDIÇÃO
DIFERENÇA APURADA
R$
(Anexo xx c/c Anexo yyy)
VALOR DA
UFIR-RJQUANT. UFIR-RJ
VALOR DA
UFIR-RJ
2019
VALOR
ATUALIZADO
2019
24ª e 25ª (CT 050/2017) 01/08/2018 A 31/08/2018 R$ 59.244,87 3,2939 17.986,24 3,4211 R$ 61.532,72
26ª e 27ª (CT 050/2017) 01/09/2018 A 30/09/2018 R$ 76.448,09 3,2939 23.208,99 3,4211 R$ 79.400,27
28ª e 29ª (CT 050/2017) 01/10/2018 A 31/10/2018 R$ 72.056,32 3,2939 21.875,69 3,4211 R$ 74.838,91
30ª, 31ª e 32ª (CT 050/2017) 01/11/2018 A 30/11/2018 R$ 81.921,52 3,2939 24.870,68 3,4211 R$ 85.085,07
33ª e 34ª (CT 050/2017) 01/12/2018 A 31/12/2018 R$ 61.052,73 3,2939 18.535,09 3,4211 R$ 63.410,39
35ª (CT 050/2017) 01/01/2019 A 31/01/2019 R$ 64.585,48 3,4211 18.878,57 3,4211 R$ 64.585,48
34ª (CT 050/2017) 01/02/2019 A 28/02/2019 R$ 96.516,40 3,4211 28.212,10 3,4211 R$ 96.516,40
36ª (CT 050/2017) 01/03/2019 A 31/03/2019 R$ 60.239,89 3,4211 17.608,34 3,4211 R$ 60.239,89
37ª (CT 050/2017) 01/04/2019 A 30/04/2019 R$ 69.296,55 3,4211 20.255,63 3,4211 R$ 69.296,55
38ª e 40ª (CT 050/2017) 01/05/2019 A 31/05/2019 R$ 63.037,28 3,4211 18.426,03 3,4211 R$ 63.037,28
40ª e 41ª (CT 050/2017) 01/06/2019 A 30/06/2019 R$ 81.780,56 3,4211 23.904,76 3,4211 R$ 81.780,56
41ª e 43ª (CT 050/2017) 01/07/2019 A 31/07/2019 R$ 70.484,57 3,4211 20.602,90 3,4211 R$ 70.484,57
TOTAL R$ 856.664,25 254.364,99 R$ 870.208,08
A constatação acima se deu confrontando as quantidades e preços
dos insumos medidos e pagos na execução do serviço de coleta
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
RUBRICA FL.
GCSASM117/122
domiciliar com os valores apurados pela equipe de auditoria para a
execução do referido serviço. Essa confrontação ocorreu mês a mês,
apesar de várias medições terem ocorridas quinzenalmente, sendo
tais medições consolidadas dentro do mês correspondente para efeito
de comparação com os valores obtidos pela equipe de auditoria.
Os valores mensais apurados pela equipe de auditoria foram obtidos
pela multiplicação do preço unitário, na respectiva unidade de medida
(R$/t), calculado nos termos do subitem 4.1 do presente relatório,
pelas quantidades mensais coletas no CTR-Além Paraíba.
Na apuração do preço unitário (R$/t), não obstante a empresa utilizar,
no primeiro ano do Contrato nº 050/2017, caminhões compactadores
com vários anos de uso, a equipe de auditoria utilizou em seus
cálculos, de forma conservadora, chassis e caçambas compactadoras
novas (zero km).
Ainda, na apuração do preço unitário (R$/t), foi constatado que a
empresa utilizou apenas 2 (dois) coletores por caminhão compactador
e não 3 (três) como indicado na estimativa orçamentária, sendo,
portanto, o quantitativo constatado pela equipe (2 coletores) o
utilizado na elaboração de seus cálculos.
Já a quantidade coletada foi obtida da planilha encaminhada pelo
CTR-Além Paraíba (Anexo 12) e consolidada na planilha do Anexo
13.
Após a apuração do preço unitário e da quantidade coletada, foi
elaborada a planilha de apuração do dano (Anexo 28), onde houve o
confronto dos valores apurados de TCE-RJ com os valores medidos e
pagos à empresa contratada.
d) Causas
• Deficiência na elaboração do orçamento estimado.
e) Efeitos
• Real dano ao erário, oriundo de pagamento efetuado com
superfaturamento, em virtude de contratação com sobrepreço.
– ACHADO 2 –
Superfaturamento decorrente de atestação de insumos em quantidades
superiores às utilizadas/disponibilizadas
a) Critérios
• Arts. 62 e 63, da Lei nº 4.320/64;
b) Evidências
• Projeto Básico, planilha orçamentária e planilha contratada, fls.
012/028, 049/053 e 342/344, respectivamente, do PA 04837-2017
(Anexo 04 - Processo Adm 04837-2017.pdf);
• Documentação de comprovação de mão de obra
utilizada/disponibilizada – GFIP e RAIS (Anexo 10A - Documentação
Mão de Obra.pdf);
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
RUBRICA FL.
GCSASM117/122
• Notas fiscais juntadas às fls. 38/38v, 42/42v, 50/50v, 55/55v,
60/60v, 108/108v, 113/113v, 117/117v e 122/122v do PA 0920/2017;
31/31v, 36/36v, 99/99v e 155/155v do PA 0919/2017; 35/35v, 40/40v,
49/49v e 120/120v do PA 0921/2017 (Anexo 14 - Processos Pagto
0919-0920-0921 _ 2017.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 33/33v, 37/37v, 40/40v e 115/115v
do PA 1131/2017; 36/36v, 40/40v e 122/12v do PA 1250/2017;
94/94v, 100/100v, 105/105v, 111/111v e 117/117v do PA 1251/2017;
35/35v, 40/40v, 51/51v, 55/55v, 134/1354v, 139/139v, 143/143v,
215/215v e 219/219v do 1422/2017; 35/35v do PA 1505/2017 (Anexo
15 - Processos Pagto 1131-1132-1250-1251-1422-1505 _ 2017.pdf)
• Notas fiscais juntadas às fls. 32/32v, 37/37v, 42/42v, 47/47v,
96/96v, 168/168v, 165/165v, 207/207v, 204/204v, 278/278v,
305/305v, 309/309v, 313/313v, 364/34v e 372/372v do PA 0001/2018;
34/34v, 44/44v, 169/169/v, 173/173v, 177/177v, 238/238v, 246/246v,
250/250v, 273/273v, 277/277v, 281/281v, 368/368v e 372/372v do PA
0002/2018; 31/31v, 35/35v, 43/43v, 47/47v, 51/51v, 117/117v,
121/121v, 125/125v, 129/129v, 133/133v, 191/191v, 199/199v, 258-
A/258-Av, 262/262v, 270/270v, 274/274v, 278/278v, 343/343v,
347/347v, 355/355v, 359/359v, 472/472v, 492/492v, 498/498v,
509/509v, 513/53v, 517/517v, 561/561v, 565/565v, 609/609v,
617/617v, 715/715v, 753/753v, 770/770v, 778/778v, 782/782v,
786/786v, 761/761v, 794/794v, 802/802v e 858/858v do PA
0003/2018 (Anexo 16 - Processos Pagto 0001-0002-0003 _
2018.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 35/35v, 39/39v, 88/88v, 92/92v,
102/102v, 158/158v e 162/162v do PA 0784/2018; 35/35v, 45/45v,
49/49v, 59/59v, 63/63v, 71/71v, 75/75v e 79/79v do PA 0785/2018;
13/13v do PA 0875/2018; 08/08/v, 13/13v, 23/23v, 28/28v, 33/33v,
44/44v, 49/49v, 59/59v, 63/63v, 68/68v, 122/122v, 128/128v,
133/133v, 138/138v, 143/143v, 153/153v, 159/159v, 169/169v,
174/174v, 179/179v, 231/231v, 235/235v, 243/243v, 247/247v,
251/251v, 257/257v, 261/261v, 268/268v, 272/272v, 276/276v,
357/357v, 361/361v, 363/363v, 365/365v, 371/371v, 375/375v,
377/377v, 379/379v, 435/435v e 442/442v do PA 0981/2018 (Anexo
17 – Processos Pagto 0784-0785-0875-0981-1636 _ 2018.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 007/007v, 036/036v, 075/075v,
081/081v, 077/077v, 079/079v, 133/133v, 211/211v, 215/215v,
217/217v, 372/372v, 374/374v, 376/376v, 378/378v, 380/380v,
473/473v, 477/477v, 479/479v e 481/481v do PA 0010/2019; 08/08v,
12/12v, 14/14v, 16/16v, 22/22v, 24/24v, 57/57v, 101/101v, 135/135v,
137/137v, 253/253v, 255/255v, 483/483v, 485/485v, 487/487v,
558/558v, 556/556v, 622/622v, 624/624v, 626/626v, 628/628v,
687/687v, 689/689v, 691/691v, 692/692v, 694/694v, 847/847v e
851/851v do PA 0011/2019 (Anexo 18 - Processos Pagto 0010-0011
_ 2019.pdf);
• Notas fiscais juntadas às fls. 07/07v, 09/09v, 11/11v, 86/86v,
88/88v, 150/150v, 152/152v, 223/223v do PA 0012/2019; 14/14v,
153/153v, 305/305v, 307/307v e 309/309v do PA 1077/2019 (Anexo
19 - Processos Pagto 0012-1077 _ 2019.pdf);
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
RUBRICA FL.
GCSASM117/122
• Consolidação das notas fiscais e processos de pagamento
(Anexo 20 - Relação de NF’s e Proc Pagto.pdf);
• Consolidação da mão de obra por mês de competência (Anexo 21
- Planilha de Mão de Obra por mês de competência.pdf);
• Consolidação das planilhas de medições juntadas aos processos
de pagamento (Anexo 24 - Planilha de Medições Contrato.pdf);
• Demonstração de apuração do dano nos serviços de coleta de
RSS, varrição, capina e roçada, remoção de entulho e poda (Anexo
28 - Planilha de Apuração do Dano.pdf);
• Demonstração da apropriação do dano apurado nos serviços de
coleta de RSS, varrição, capina e roçada, remoção de entulho e poda
por responsáveis (Anexo 29 - Planilha Dano x Responsáveis.pdf);
c) Situação Encontrada
Superfaturamento decorrente de atestação de insumos em
quantidades superiores às utilizadas/disponibilizadas, constatado no
Contrato nº 050/2017, da ordem de R$ 3.867.492,19 (R$ 86.555,77 +
R$ 3.780.936,41), atualizados para 2019, equivalentes a 1.130.482,06
UFIR-RJ, como demonstrado nas tabelas 13 e 14 abaixo,
considerando os valores medidos e aqueles apurados em auditoria,
conforme planilhas do Anexo 28 (Planilha de Apuração do Dano) e do
Anexo 29 (Planilha Dano x Responsáveis), em desacordo com o arts.
62 e 63, da Lei nº 4.320/64:
Tabela 13 – Atualização do Dano – Achado 2 (Período de 07/08/2017 a
15/09/2017)
ACHADO 2
RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS:
Sr. Renato da Silva Amarante, CPF 709.002.726-00, Secretário de Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época dos fatos.
Sra. Ester da Matta Faria, CPF 126.316.457-90, Subsecretária de Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo , à época dos fatos.
LIMPEZA URBANA SERVIÇOS LTDA-ME CNPJ nº 32.461.170/0001-60.
Sr. Paulo César Gonçalves Ladeira, CPF 010.792.847-70, Prefeito do Município de Carmo, à época dos fatos.
NÚMERO DA MEDIÇÃO PERÍODO DA MEDIÇÃO
DIFERENÇA APURADA
R$
(Anexo xx c/c Anexo yyy)
VALOR DA
UFIR-RJQUANT. UFIR-RJ
VALOR DA
UFIR-RJ
2019
VALOR
ATUALIZADO
2019
1ª (CT 050/2017) 07/08/2017 A 31/08/2017 R$ 7.446,41 3,1999 2.327,07 3,4211 R$ 7.961,15
2ª (CT 050/2017) 01/09/2017 A 15/09/2017 R$ 73.512,88 3,1999 22.973,49 3,4211 R$ 78.594,62
TOTAL R$ 80.959,29 25.300,57 R$ 86.555,77
Tabela 14 – Atualização do Dano – Achado 2 (Período de 16/09/2017 a
31/07//2019)
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
RUBRICA FL.
GCSASM117/122
ACHADO 2
RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS:
Sr. Ronaldo Rocha Ribeiro Junior,CPF 115.198.807-31, Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, à época dos fatos.
Sr. Lindemberg de Mello Costa, CPF 138.355.537-60, Fiscal do Contrato nº 050/2019, à época dos fatos.
LIMPEZA URBANA SERVIÇOS LTDA-ME CNPJ nº 32.461.170/0001-60.
Sr. Paulo César Gonçalves Ladeira, CPF 010.792.847-70, Prefeito do Município de Carmo, à época dos fatos.
NÚMERO DA MEDIÇÃO PERÍODO DA MEDIÇÃO
DIFERENÇA APURADA
R$
(Anexo xx c/c Anexo yyy)
VALOR DA
UFIR-RJQUANT. UFIR-RJ
VALOR DA
UFIR-RJ
2019
VALOR
ATUALIZADO
2019
3ª (CT 050/2017) 16/09/2017 A 30/09/2017 R$ 66.307,61 3,1999 20.721,77 3,4211 R$ 70.891,26
4ª e 5ª (CT 050/2017) 01/10/2017 A 31/10/2017 R$ 165.827,25 3,1999 51.822,64 3,4211 R$ 177.290,42
6ª e 7ª (CT 050/2017) 01/11/2017 A 30/11/2017 R$ 197.567,70 3,1999 61.741,83 3,4211 R$ 211.224,99
8ª e 9ª (CT 050/2017) 01/12/2017 A 31/12/2017 R$ 167.422,52 3,1999 52.321,17 3,4211 R$ 178.995,96
10ª e 11ª (CT 050/2017) 01/01/2018 A 31/01/2018 R$ 186.254,42 3,2939 56.545,25 3,4211 R$ 193.446,97
12ª e 13ª (CT 050/2017) 01/02/2018 A 28/02/2018 R$ 151.004,12 3,2939 45.843,56 3,4211 R$ 156.835,42
14ª e 15ª (CT 050/2017) 01/03/2018 A 31/03/2018 R$ 187.798,12 3,2939 57.013,91 3,4211 R$ 195.050,29
16ª e 17ª (CT 050/2017) 01/04/2018 A 30/04/2018 R$ 186.819,51 3,2939 56.716,81 3,4211 R$ 194.033,89
18ª e 19ª (CT 050/2017) 01/05/2018 A 31/05/2018 R$ 197.953,28 3,2939 60.096,93 3,4211 R$ 205.597,61
20ª e 21ª (CT 050/2017) 01/06/2018 A 30/06/2018 R$ 179.583,50 3,2939 54.520,02 3,4211 R$ 186.518,44
22ª e 23ª (CT 050/2017) 01/07/2018 A 31/07/2018 R$ 163.218,42 3,2939 49.551,72 3,4211 R$ 169.521,40
24ª e 25ª (CT 050/2017) 01/08/2018 A 31/08/2018 R$ 164.955,08 3,2939 50.078,96 3,4211 R$ 171.325,13
26ª e 27ª (CT 050/2017) 01/09/2018 A 30/09/2018 R$ 144.997,82 3,2939 44.020,10 3,4211 R$ 150.597,17
28ª e 29ª (CT 050/2017) 01/10/2018 A 31/10/2018 R$ 165.302,12 3,2939 50.184,32 3,4211 R$ 171.685,56
30ª, 31ª e 32ª (CT 050/2017) 01/11/2018 A 30/11/2018 R$ 140.999,63 3,2939 42.806,29 3,4211 R$ 146.444,59
33ª e 34ª (CT 050/2017) 01/12/2018 A 31/12/2018 R$ 168.898,00 3,2939 51.275,99 3,4211 R$ 175.420,31
35ª (CT 050/2017) 01/01/2019 A 31/01/2019 R$ 161.455,98 3,4211 47.194,17 3,4211 R$ 161.455,98
34ª (CT 050/2017) 01/02/2019 A 28/02/2019 R$ 146.107,56 3,4211 42.707,77 3,4211 R$ 146.107,56
36ª (CT 050/2017) 01/03/2019 A 31/03/2019 R$ 158.121,21 3,4211 46.219,41 3,4211 R$ 158.121,21
37ª (CT 050/2017) 01/04/2019 A 30/04/2019 R$ 142.853,03 3,4211 41.756,46 3,4211 R$ 142.853,03
38ª e 40ª (CT 050/2017) 01/05/2019 A 31/05/2019 R$ 133.215,52 3,4211 38.939,38 3,4211 R$ 133.215,52
40ª e 41ª (CT 050/2017) 01/06/2019 A 30/06/2019 R$ 134.497,55 3,4211 39.314,13 3,4211 R$ 134.497,55
41ª e 43ª (CT 050/2017) 01/07/2019 A 31/07/2019 R$ 149.806,13 3,4211 43.788,88 3,4211 R$ 149.806,13
TOTAL R$ 3.660.966,08 1.105.181,49 R$ 3.780.936,41
Além do sobrepreço indicado no Achado 1, houve a medição de
insumos (mão de obra), para a realização dos demais serviços (RSS,
varrição, capina e roçada, remoção de entulhos e poda) do Contrato
nº 050/2017, sem a devida comprovação, em desacordo com os arts.
62 e 63, §2º, Inc. III, da Lei nº 4.320/64.
Essa constatação se deu confrontando a quantidade de mão de obra
medida para a execução desses serviços com aquelas obtidas por
meio da GFIP e da RAIS.
Para a determinação da quantidade de mão de obra mensal medida,
foi necessária a conversão do total de horas mensais medidas em
número de funcionários utilizados/disponibilizados para a execução
dos serviços. Isso se deu por meio da divisão do total de horas
medidas dentro de cada mês por 216 (duzentas e dezesseis) horas,
número este, correspondente ao utilizado na estimativa orçamentária
na apuração das horas mensais trabalhadas por cada funcionário.
De posse do quantitativo apurado nos termos do parágrafo anterior, a
equipe de auditoria confrontou-os com os quantitativos registrados na
GFIP e na RAIS, verificando que houve um excedente do quantitativo
de funcionários medidos e pagos em relação aos informados em
registros oficiais (GFIP e RAIS).
Na apuração mensal dos valores devidos a título de mão de obra,
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multiplicou-se o quantitativo de funcionários por função, registrados
na GFIF e na RAIS, pela remuneração de cada um deles. Essa
remuneração foi obtida por meio do valor mensal correspondente no
sistema de custos EMOP, com a aplicação de 16% de BDI (o mesmo
utilizado pelo Jurisdicionado).
Por fim, foi elaborada a planilha de apuração do dano (Anexo 28),
onde houve o confronto dos valores apurados de TCE-RJ com os
valores medidos e pagos à empresa contratada.
d) Causas
• Deficiência na Fiscalização do Contrato nº 050/2017.
e) Efeitos
• Real dano ao erário, oriundo de pagamento efetuado com
superfaturamento, em virtude de atestação indevida.
– ACHADO 3 –
Projeto Básico e orçamento insuficientes para a caracterização e detalhamento
do objeto contratado
a) Critérios
• Art. 6º, Inc. IX, da Lei nº 8.666/93;
b) Evidências
• Projeto Básico, planilha orçamentária e planilha contratada, fls.
012/028, 049/053 e 342/344, respectivamente, do PA 04837-2017
(Anexo 04 - Processo Adm 04837-2017.pdf);
• Contrato nº 050/2017 e 1º Termo Aditivo (Anexo 05 Contrato 059-
2014 _ Contrato 050-2017 e Aditivos 01 e 02.pdf);
• Contratos de sublocação de veículos (Anexo 06 - Contratos de
Sublocação de Veículos.pdf);
• Consolidação da média diária de caminhões compactadores
utilizados na coleta domiciliar (Anexo 09 - Média diária Qt Cam
Comp.pdf);
• Comprovantes de valores do chassis e caçamba compactadora
(Anexo 11 - Documentação Veículos.pdf);
• Documentação de comprovação de mão de obra
utilizada/disponibilizada – GFIP e RAIS (Anexo 10A - Documentação
Mão de Obra.pdf);
• Planilhas de pesagens no Aterro de Além Paraíba (Anexo 12 -
Pesagem Aterro_ 2017_ 2018_ 2019.pdf) c/c consolidação da média
mensal de resíduos depositados no Aterro de Além Paraíba (Anexo
13 - Média Mensal Resíduos Aterro.pdf);
• Consolidação da mão de obra por mês de competência (Anexo 21
- Planilha de Mão de Obra por mês de competência.pdf);
• Consolidação das planilhas de medições juntadas aos processos
de pagamento (Anexo 24 - Planilha de Medições Contrato.pdf);
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• Demonstração de apuração do dano na coleta de RSD (Anexo 28
- Planilha de Apuração do Dano.pdf);
• Demonstração da apropriação do dano apurado na coleta de RSD
por responsáveis (Anexo 29 - Planilha Dano x Responsáveis.pdf);
c) Situação Encontrada
Conforme demonstrado ao longo do Item 4 deste relatório, foram
encontradas diversas inconsistências no Projeto Básico e orçamento
estimado do Pregão Presencial nº 035/2017, PA 04837/2017 (Anexo
4), que serviu de base ao Contrato nº 050/2017, ora em análise, em
desacordo com o art. 6º, Inc. IX, da Lei nº 8.666/93.
Nesse viés, o primeiro elemento a ser destacado pela auditoria é a
forma como foi elaborada a estimativa orçamentária, baseada em
horas de insumos.
Destaca-se que, apesar dos serviços serem medidos em termos de
horas de insumos, não consta no Projeto Básico como se dará a
comprovação da respectiva medição desses serviços.
Além disso, esse modelo de medição e pagamento (horas de
insumos), conforme citado no Voto condutor do Acórdão 786/2006-
TCU-Plenário, pode causar algumas disfunções com reflexos
negativos sobre a economicidade da contratação.
Uma das disfunções é o denominado paradoxo do lucro-
incompetência. Segundo essa disfunção, quanto menor a qualificação
dos profissionais alocados na prestação de serviço, maior o número
de horas necessário para executá-lo, maior o lucro da empresa
contratada e maior o custo para a Administração.
Outra disfunção é a remuneração de todas as horas de
disponibilidade dos empregados da empresa, ainda que não
produtivas, em razão da dificuldade da Administração em controlar a
efetiva atividade dos profissionais terceirizados, possibilitando a
remuneração da empresa sem a efetiva contraprestação de serviços
realizados.
Foram observadas também, pela equipe de auditoria, algumas
discrepâncias entre o Projeto Básico e a planilha orçamentária com
relação ao quantitativo de insumos, como se verifica, por exemplo,
em relação à quantidade de retroescavadeiras, em que se
estabeleceu 1 (uma) no Projeto Básico, no entanto, foram previstas 2
(duas) na planilha orçamentária.
Outra observação feita foi a ausência de correlação entre a descrição
de determinado item na planilha orçamentária com o correspondente
no Projeto Básico, conforme se verifica em relação o caminhão
basculante, no toco, de 5m3 descrito na planilha orçamentária, sem
correspondência no Projeto Básico.
Também observou-se no Projeto básico a inexistência de descrição e
metodologia de execução dos seguintes serviços:
- Coleta, transporte, tratamento e destinação final de entulhos/outros;
- Capina e roçada de logradouros públicos;
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- Poda de árvores.
Durante a análise do Pregão Presencial nº 035/2017, foi observada,
ainda, uma grande divergência entre o Projeto Básico e a planilha
orçamentária, em relação ao serviço de RSS. No Projeto Básico há a
previsão de realização desse serviço uma vez por semana e, na
planilha orçamentária, foram previstas 240 (duzentas e quarenta)
horas de pick-up no mês. Isso corresponde dizer que, nos dias em
que o serviço é executado, a pick-up roda 60 (sessenta) horas sem
interrupção, o que, como se observa, é impossível.
Outra constatação foi a inexistência, no Projeto Básico, de previsão
expressa de mão de obra para os serviços de capina e roçada,
remoção de entulho e poda.
Ademais, o responsável pela elaboração do Projeto Básico e da
planilha orçamentária deve se valer do histórico da prestação dos
serviços de limpeza urbana ao Município.
Esse histórico que lhe dará informações como: quantidade diária de
equipamentos e mão de obra utilizada/disponibilizada para a
realização dos serviços; turnos de trabalho; rotas de coleta por turnos;
distância mensal percorrida pelos veículos.
Essas informações podem ser obtidas junto à fiscalização do contrato
em curso e dos que lhe antecederam; junto à empresa que prestou ou
vem prestando o serviço de coleta de resíduos; por meio da análise
dos boletins diários de operação dos equipamentos vinculados ao
serviço de coleta de resíduos e demais serviços de limpeza urbana;
junto ao CTR responsável pela destinação final ou à estação de
transbordo, caso haja, etc.
Com essas informações, a margem de erro na elaboração do Projeto
Básico e da estimativa orçamentária, será significativamente
reduzida.
d) Causas
• Não identificada.
e) Efeitos
• Superfaturamento na contratação;
• Prejuízo ao julgamento objetivo das propostas, impossibilitando
também que os interessados apresentem propostas mais adequadas
ao interesse público;
• Prejuízo à obtenção de propostas mais vantajosas para a
Administração Municipal;
• Dificuldade no acompanhamento e levantamento dos serviços
efetivamente executados;
• Embaraço ao trabalho de fiscalização dos órgãos de controle
interno e externo, como este TCE-RJ.
Por último – e consequência direta das deficiências de projeto e
orçamentação acima mencionadas –, tem-se a fiscalização deficiente da execução
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contratual (Achado 4), consubstanciada na ausência de controle de mão de obra e
equipamentos utilizados na prestação dos serviços, além da atestação de notas
fiscais desacompanhas das respectivas memórias de cálculos, tudo a contribuir para
um ambiente de descontrole propício para a malversação dos recursos públicos,
com bem ressaltou o corpo instrutivo na seguinte passagem que se extrai do
relatório de auditoria, in verbis:
Quanto ao controle da mão de obra, verificou-se que foram juntadas
aos processos de pagamento (Anexos 14 a 19), em vários períodos
de medição, GFIP’s sem a indicação do tomador do serviço e, ainda,
GFIP’s de outros municípios que sequer pertencem ao Estado do Rio
de Janeiro, como por exemplo: Presidente Kennedy/ES, Piúma/ES,
Jaguaré/ES e Marataízes/ES.
Analisando as GFIP’s que têm como tomador o Município de Carmo,
verifica-se que o quantitativo de funcionários nelas registrados está
bem aquém dos quantitativos medidos e pagos, principalmente no
primeiro ano de execução do contrato.
Além disso, quando da comparação das informações de mão de obra
fornecidas pelo Jurisdicionado (Anexo 10B) com as observações
feitas in loco, constataram-se, no mínimo, as seguintes
inconsistências:
(i) Os funcionários Welington dos Santos Carvalho, Weskeciley
Azevedo da Silva e Wanderley Rodrigues Costa constavam na
planilha fornecida pelo jurisdicionado como coletor de RSD e na
observação in loco verificou-se que estavam executando os serviços
de poda (servente), varrição (servente) e remoção (motorista de
caminhão), respectivamente.
(ii) Observou-se, também, que os funcionários Rafael Arruda
(remoção), Odair José Verly (remoção), Alexandre Medeiros Diniz
(varrição), Jucelino Jesus de Souza Rabelo (roçada), Aparecido
Gomes Carrilho (pintura de meio fio) e João Pedro Souza Leão Silva
(pintura de meio fio) haviam sido contratados em 03/09/2019,
segundo informações por eles fornecidas, isto é, um dia após a
chegada da equipe de auditoria ao Município de Carmo (02/09/2019),
com indicativo de que a empresa contratada não tinha a quantidade
de mão de obra informada nas medições.
Em relação ao controle dos equipamentos, apesar de solicitados, não
foram apresentados à equipe de auditoria, de forma individualizada,
os boletins diários de operação (BDO) dos equipamentos utilizados na
execução dos serviços.
O que foi apresentado pelo jurisdicionado foi um documento intitulado
“DIÁRIO DE OPERAÇÃO” (Anexo 27), onde são descritos apenas os
quantitativos de equipamentos por tipo, sem qualquer informação
adicional que os identifiquem, e de mão de obra por função, sem
nenhuma identificação individualizada dos funcionários.
Isso mostra que a empresa não adota boletim diário de operação de
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equipamentos que contenha as seguintes informações, essenciais à
fiscalização: placa ou outra identificação individualizada do
equipamento, os nomes do operador/motorista e demais integrantes
da equipe (indicando a função de cada um deles), o horário e a
quilometragem de saída da garagem, o horário e a quilometragem de
chegada no setor, o horário e a quilometragem de saída do setor, o
horário e a quilometragem de chegada no aterro, o horário e a
quilometragem de saída do aterro, o horário e a quilometragem de
retorno ao setor ou à garagem, conforme o caso, etc.
Com relação à atestação de notas fiscais juntadas aos processos de
pagamentos, diferentemente da planilha orçamentária/contratada, que
estipulou a medição em horas, a equipe de auditoria verificou que
essas notas foram emitidas por serviços (coleta de lixo urbano,
coleta de lixo hospitalar, varrição, poda, capina e remoção de
entulho), porém estavam desacompanhadas de memória de cálculo
de demonstração dos insumos utilizados em cada um desses
serviços, ou seja, não houve demonstração da correlação desses
serviços com os itens da planilha de medição inserida no mesmo
processo de pagamento, dificultando a conferência do valor dos
serviços executados.
Isso mostra a fragilidade da fiscalização e do controle interno na
aferição do quantitativo da mão de obra e dos equipamentos
utilizados/disponibilizados pela contratada para a execução dos
serviços acordados, com reflexo na própria aferição do valor desses
serviços.
A essa altura, não será dado negar que a contratação aqui examinada se
perfez à revelia das normas de regência das contratações no âmbito da
Administração Pública, razão por que me posiciono favoravelmente às conclusões
alcançadas pela equipe de auditoria, cabendo-me, contudo, consignar no dispositivo
do voto que a persecução ressarcitória desta Corte de Contas se dará em autos
apartados, fruto da conversão parcial deste processo em tomada de contas ex-
officio, consubstanciada no processo nº 244.808-3/19, que tramita em apenso ao
presente, nos termos da orientação contida na Portaria SGE nº 07, de 28/08/2019,
permitindo o adequado rito processual para fins de recolhimento dos valores
identificados como dano ao erário municipal.
Um segundo acréscimo que me parece importante consiste na inclusão
de item com vista à cientificação da empresa contratada, para que se manifeste, se
assim desejar, apresentando as informações e elementos que entender cabíveis,
tendo em vista que poderá ter seus direitos afetados; e, bem assim, de outro item
para ciência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, de modo a que o
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Parquet adote as medidas que porventura entender cabíveis no âmbito de suas
competências.
Assim, por tudo o quanto foi até aqui exposto e examinado, posiciono-me
parcialmente de acordo com a manifestação do corpo instrutivo e o parecer do
Parquet de Contas, destacando que a minha parcial discordância com as instâncias
instrutivas reside na inclusão dos seguintes itens no dispositivo do voto: (i) a
conversão parcial deste processo em tomada de contas ex-officio; e, (ii) a
cientificação da empresa contratada e do Parquet Estadual;, motivos que me levam
a proferir o seguinte,
VOTO:
I- Pela CONVERSÃO PARCIAL DESTES AUTOS EM TOMADA DE
CONTAS EX-OFFICIO, consubstanciada no Processo TCE-RJ nº 244.808-3/19, que
se encontra em apenso, nos termos do parágrafo único do artigo 12 c/c o artigo 52,
ambos da Lei Complementar nº 63/1990, onde serão procedidas as necessárias
citações para ressarcimento do erário municipal, em face das irregularidades
apontadas no presente Relatório de Auditoria e sua posterior DESAPENSAÇÃO,
para que siga seu trâmite de forma independente do presente;
II- Pela NOTIFICAÇÃO do Sr. Renato da Silva Amarante, Secretário de
Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época dos fatos, com
fundamento no §2º do artigo 26 do Regimento Interno desta Corte de Contas, para
que apresente razões de defesa, no prazo de 15 (quinze) dias, para as
irregularidades a seguir elencadas:
II.1- por elaborar Projeto Básico e Orçamento Estimado do Pregão
Presencial n.º 035/2017, base para a celebração do Contrato n.º 050/2017,
insuficientes para a caracterização e detalhamento do objeto contratado, conforme
descrito no item 7.1.3 do presente Relatório, considerando o art. 6º, inc. IX, da Lei
Federal nº 8.666/93 (Achado 03);
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II.2- por atuar de forma desidiosa, atestando notas fiscais sem a devida
conferência dos insumos/serviços medidos, descumprindo o estabelecido na
CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE,
conforme descrito no item 7.1.4 do presente Relatório, considerando o art. 37,
caput, da CF/88 e os arts. 58, inc. III, 66, 67 e 76, da Lei Federal nº 8.666/93.
(Achado 04);
III- Pela NOTIFICAÇÃO da Sra. Ester da Matta Faria, Subsecretária de
Obras, Habitação e Infraestrura do Município de Carmo, à época dos fatos, com
fundamento no §2º do artigo 26 do Regimento Interno desta Corte de Contas, para
que apresente razões de defesa, no prazo de 15 (quinze) dias, por atuar de forma
desidiosa, atestando notas fiscais sem a devida conferência dos insumos/serviços
medidos, descumprindo o estabelecido na CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DAS
OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE, conforme descrito no item 7.1.4 do presente
Relatório, considerando o art. 37, caput, da CF/88 e os arts. 58, inc. III, 66, 67 e 76,
da Lei Federal nº 8.666/93. (Achado 04);
IV- Pela NOTIFICAÇÃO do Sr. Ronaldo Rocha Ribeiro Junior,
Secretário de Meio Ambiente e Defesa Civil, à época dos fatos, com fundamento no
§2º do artigo 26 do Regimento Interno desta Corte de Contas, para que apresente
razões de defesa, no prazo de 15 (quinze) dias, por atuar de forma desidiosa,
atestando notas fiscais sem a devida conferência dos insumos/serviços medidos,
descumprindo o estabelecido na CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DAS
OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE, conforme descrito no item 7.1.4 do presente
Relatório, considerando o art. 37, caput, da CF/88 e os arts. 58, inc. III, 66, 67 e 76,
da Lei Federal nº 8.666/93. (Achado 04);
V- Pela NOTIFICAÇÃO do Sr. Lindemberg de Mello Costa, Fiscal do
Contrato nº 050/2017, com fundamento no §2º do artigo 26 do Regimento Interno
desta Corte de Contas, para que apresente razões de defesa, no prazo de 15
(quinze) dias, por atuar de forma desidiosa, atestando notas fiscais sem a devida
conferência dos insumos/serviços medidos, descumprindo o estabelecido na
CLAÚSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DAS OBRIGAÇÕES DA CONTRATANTE,
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conforme descrito no item 7.1.4. do presente Relatório, considerando o art. 37,
caput, da CF/88 e c/c os arts. 58, inc. III, 66, 67 e 76, da Lei Federal nº 8.666/93.
(Achado 04);
VI- Pela COMUNICAÇÃO ao atual Prefeito do Município de Carmo, com
fundamento no §1º do artigo 26 do Regimento Interno desta Corte de Contas, para
que cumpra as determinações abaixo indicadas, alertando-o de que o não
cumprimento injustificado à decisão deste Tribunal de Contas o sujeita a sanção
prevista no inciso IV do artigo 63 da Lei Complementar Estadual nº 63/90:
VI.1 adote medidas administrativas para caracterizar ou elidir a
irregularidade apontada no ACHADOS 1 e 2, fazendo prova a este Tribunal de
Contas no prazo de 30 (trinta) dias, uma vez que a empresa contratada para a
execução dos serviços previstos no Contrato nº 050/2017 continuou a prestar seus
serviços após fim do período abrangido por esta auditoria (julho/2019), por meio do
2º Termo Aditivo ao Contrato nº 050/2017(Anexo 05). Caso esgotadas essas
medidas administrativas sem a elisão do dano, providencie a imediata instauração
de tomada de contas especial, mediante a autuação de processo específico, sob
pena de responsabilidade solidária, nos termos do art. 10 da Lei Complementar
Estadual nº 63/90;
VI.2- em futuras contratações:
a) elabore Projeto Básico que contenha, dentre outros elementos,
orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados, discriminando, inclusive, os custos
e índices de produtividade/rendimento de máquinas, equipamentos, materiais, mão
de obra e demais insumos que compõe os serviços, utilizando preferencialmente os
dados históricos do município, e, na ausência desses, critérios técnicos e fontes
reconhecidas;
b) indique objetivamente o nome, matrícula, CPF, cargo/função do fiscal e
o número do contrato objeto de fiscalização, ao nomear fiscais de contrato nas
próximas contratações;
c) adote medidas de aprimoramento dos processos de controle e
TCE-RJ
PROCESSO N.º 220.299-4/19
RUBRICA FL.
GCSASM117/122
fiscalização dos contratos, com vistas a cessar as irregularidades apontadas na
presente auditoria;
VII- Pela CIÊNCIA à Coordenadoria de Exame de Editais – CEE, do
inteiro teor deste relatório, para que adote as medidas que julgar cabíveis nos
futuros editais para contratação de serviços de limpeza urbana no Município de
Carmo;
VIII- Pela CIÊNCIA do conteúdo do Relatório de Auditoria e desta decisão
à empresa Limpeza Urbana Serviços Ltda.–ME, na pessoa de seu representante
legal, na forma estabelecida no § 1º do artigo 26 do Regimento Interno desta Corte
de Contas, para que se manifeste, se assim desejar, apresentando as informações
e elementos que entender cabíveis, tendo em vista que poderá ter seus direitos
afetados;
IX- Pela EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO ao Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro, para CIÊNCIA quanto ao teor do presente Relatório de Auditoria, a fim
de que adote as medidas que considerar pertinentes no âmbito de sua competência
constitucional.
GCS-2
ANDREA SIQUEIRA MARTINS
CONSELHEIRA SUBSTITUTA